Revista Brilia Insight 2ª Edição

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Uma Publicação Brilia - Luz Muda Tudo

FOTOGRAFIA

DAVID LACHAPELLE

CENOGRAFIA

ANDREA MOSTACHETTI

ART

GARRY FABIAN MILLER


EXPLORE O MÁXIMO DO LED COM A SOFISTICAÇÃO DAS ARTES

Quer saber mais sobre esta história? Acesse www.brilia.com /brilia.led




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LUZ E COR Ao pensarmos em um nome para a nossa revista, a expressão Insight caiu como uma luva por conta das nuances de seu significado: uma ideia singular, um esclarecimento, um lampejo, uma luz... Palavras que traduzem o sopro de criação e inteligência que cerca artistas, intelectuais, cientistas, líderes mundiais, etc. Pessoas que se destacam por sair do lugar-comum, sem medo de seguir novos caminhos e explorar novas possibilidades. Todo esse arsenal de palavras-chave faz parte do DNA da Brilia. Ao investirmos na inovadora e revolucionária tecnologia do LED, acreditamos na sua força incrível de inventar novas maneiras de explorar a luz. Possibilidades que transcendem a tecnologia e permeiam nossa cultura e nossas relações no dia a dia. Com esse espírito de inovação, a segunda edição da Brilia Insight fez um esforço de reportagem para trazer um time de gente criativa que aposta na cor – e, por tabela, na luz – como uma ferramenta diferenciada de energia, vibração, senso estético e, porque não, pelo seu lado lúdico, funny e instigador. Em síntese, a luz e a cor como celebração da vida. Como faz a arte abstrata capturada pelo artista plástico inglês Garry Fabian Miller; as cores saturadas na fotografia irreverente e bem-humorada de David LaChapelle; a luz cenográfica dos espetáculos de dança da companhia Katakló, assinada pelo iluminador Andrea Mostachetti, a direção de fotografia no cinema do francês Bruno Delbonell e a coleção de luminárias icônicas do designer italiano Ferruccio Laviani. Ao lado desse time de estrelas, destacamos o projeto de iluminação da Bienal Internacional de Arte de São Paulo; a primeira intervenção luminosa do Lighting Detectives na América Latina, realizada na fachada do edifício Copan, no centro de São Paulo e o bate-papo descontraído com um dos mestres brasileiros em luminotécnica, o paulista Carlos Fortes, na seção Talk. Também fizemos uma viagem pelo espaço para mostrar como a luz serve de guia para encontrar novos planetas longe do nosso sistema solar. E, aqui bem perto, no dia a dia, a iluminação que transforma a vida de gente criativa, cheia de estilo e boas ideias. Boa leitura! Vinicius Marchini e Leandro Neves Co-Fundadores da Brilia

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* Sugestões e comentários:

briliainsight@brilia.com

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FOTOGRAFIA

A movimentada iluminação cênica do italiano Andrea Mostachetti

As imagens saturadas de cor do enfant terrible David LaChapelle

044 Capa: Maidenform por David LaChapelle

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FIAT LUX

Arte e luz na Bienal de São Paulo

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LUMINOTÉCNICA

Em casa ou no trabalho, quatro maneiras de experimentar as boas vibrações do LED

TALK

Uma conversa descontraída com o lighting designer Carlos Fortes

ART

A técnica singular do ilusionista Garry Fabian Miller

EMAIL

A expertise da lighting designer Fernanda Carvalho, autora do projeto de iluminação da Bienal

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SPOT

Design, estilo e criação dos lançamentos do mercado

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A fábrica de ideias do arquiteto e designer italiano Ferruccio Laviani

ESPECIAL

O brilho das estrelas na exploração do espaço e descoberta de novos planetas

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CINEMA

A sensibilidade estética do diretor de fotografia Bruno Delbonnel

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CIDADE

A intervenção luminosa do Lighting Detectives no edifício Copan

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PrOJeTO eDiTOriaL

www.studiolemon.com.br Rua Harmonia, 293 CEP 05435-000 Tel (11) 2893 - 0199 São Paulo - SP DIRETOR DE CRIAÇÃO Cesar Rodrigues cesar@studiolemon.com.br DIRETOR EXECUTIVO Chico Volponi cvolponi@studiolemon.com.br PROjETO GRáFICO Lemon Design & Comunicação

PERFIL

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eqUiPe BriLia Vinicius Marchini Leandro Neves Pamela Gerard Edilson Mateus

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DESIGN Adriana Cesar Eduardo Barletta EDITOR Luiz Claudio Rodrigues jORNALISTAS Caique Lima Claudio Gues DIAGRAMAÇÃO Adriana Cesar ARTE FINAL Ana Luiza Vaccarin REVISÃO Ana Luisa Novato Faleiros Claudio Eduardo Nogueira Ramos


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LumiNoTÉCNiCA | POR: CLAUDIO GUES • FOTOS: LUFE

ALTo AsTrAL Luz não se toca, apenas sentimos o seu efeito. Ora quente, ora fria. Vibrante ou tranquilizante. Em movimento ou estática. Seja qual for o seu uso, a luminosidade tem a capacidade de mudar nosso estado de espírito. Para melhor, sempre!

Conciliar conhecimento técnico, gosto pessoal e aspectos emocionais: esse é o grande segredo de um bom projeto luminotécnico. Na hora de “desenhar” a luz, o lighting designer leva em consideração o tipo de ambiente, a linguagem arquitetônica e a composição de luz artificial com luz natural. Mas para o projeto completo, o mais importante é o resultado subjetivo, ou seja, a percepção de quem irá viver ou trabalhar naquele espaço. “Como cada pessoa tem uma sensibilidade diferente da outra para as cores e quantidade de luz, a sensação psicológica transmitida será diferente para cada indivíduo”, afirma o lighting designer alemão Aksel Karcher, autor do livro “Light Perspectives Between Culture and Technology”. Pensando nesse conforto emocional e na sensibilidade individual, a Brilia convidou quatro profissionais de diferentes áreas – a make-up artist Omar Bergea, o artista plástico Sang Won Sung, a estilista Raquel Ferraz e o shaper Gregório Motta – para fazer uma experimentação com as diferentes linhas de sua coleção. A ideia foi a de aproxi-

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mar, cada vez mais, as pessoas e o universo LED. E também registrar como a luz pode influenciar e servir de inspiração no trabalho e na casa.

Bom humor Nascida em joão Pessoa, mas radicada na capital paulista há mais de 10 anos; a make-up artist Omar Bergea tem verdadeira paixão pela luz natural. “Sempre morei na praia, sou extremamente solar. Quando abre um sol em São Paulo para mim é motivo de festa, fico muito feliz”, conta a maquiadora. Essa mesma emoção é transferida para o trabalho. “A luz está diretamente ligada ao que faço, na hora de executá-lo e de apresentá -lo, seja no vídeo, na lente ou a olho nu. Sempre busco luminosidade num make-up.” Nesse clima de celebração, Omar preferiu posar num almoço com a família na varanda de sua casa. O espaço ganhou iluminação com a linha Smart da Brilia. “O projeto ficou belíssimo. Foi tudo muito prático e rápido. Amei a luz indireta feita com fitas de LED”, festeja a bem-humorada Omar.

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Artsy Conhecido por suas esculturas feitas de objetos, sucata e brinquedos, o artista sul-coreano Sang Won Sung estudou artes plásticas na Faap, em São Paulo; e na Hong Ik University, em Seul. “Sou bastante influenciado pela arte contemporânea e por alguns artistas do século 20, como, por exemplo, Roy Lichtenstein, que trabalha com bastante cor e formas simples. No meu trabalho, objetos do cotidiano me ajudam a criar formas e esculturas.” Por trabalhar com peças coloridas, Sung prefere luzes que não alterem a cor no ambiente. Em sua galeria de arte em Pinheiros, a ambientação ganhou iluminação especial de LED da linha Expert, da Brilia. “As obras ganharam mais destaque com a luz, que certamente muda o ambiente, seja para trabalho ou não”, afirma o artista plástico.

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Fashionista A estilista Raquel Ferraz vive e respira moda há dez anos. Especializada em jeans, ela já trabalhou para a Calvin Klein, VR, Mandi e Reserva, antes de abrir sua própria confecção, a YESIAM. “Para quem trabalha com moda a luz é uma ferramenta importante, tanto que as marcas que seguem as cores de Pantone utilizam caixas de luz com filtro especial para testar e aprovar as cores de uma coleção”. Para ela, a luz é um elemento que transforma o ambiente. “Na minha casa gosto usar luz indireta, que me dá uma sensação de conforto”. Nesse clima de sombra e luz, o seu ateliê ganhou uma luminosidade suave com lâmpadas da linha Intelligent da Brilia. “Eu sou meio bicho das cavernas. Mesmo de dia trabalho com janelas fechadas e sempre tenho duas luminárias ligadas ao meu lado”, revela Raquel.

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Handmade Quando não está em Camburi (no litoral de São Paulo), o shaper e designer Gregório Motta está em sua oficina, na Vila Madalena, moldando pranchas de surfe que parecem ter saído do túnel do tempo. Suas criações artesanais fazem tanto sucesso, que a Audi o convidou para desenvolver a primeira prancha de surfe da montadora alemã. Mesmo com essa súbita fama, Gregório não para de explorar novas formas e procura inovar no design e na técnica. Com esse background, Gregório não abre mão de ter a luz como aliada em sua oficina. “Com ela vejo melhor todos os relevos e ondulações da prancha a fim de equilibrar os concaves e curvas acentuadas de alguns modelos.” Sua oficina ganhou peças da linha Intelligent, da Brilia. “Com a iluminação de LED consegui um ótimo resultado final em meu trabalho. Gostei muito”, diz o descolado shaper paulistano.

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TALK | POR: LUIZ CLAUDIO RODRIGUES • FOTOS: ANDRÉS OTERO

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Foto: Leka Mendes

Um dos mais renomados lighting designers brasileiros da atualidade, Carlos Fortes tem um portfólio invejável. De seu estúdio na capital paulista foram planejados os projetos luminotécnicos do Museu de Arte do Rio (MAR), Inhotim e Museu da Língua Portuguesa, além de uma série de exposições temporárias e instalações cenográficas, trabalhos comerciais e corporativos. Para ele, a iluminação é um complemento da arquitetura, aliando parâmetros estéticos, funcionais e econômicos. Aqui, um rápido bate-papo exclusivo para a Brilia Insight.

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A instalação “Luzombra” no showroom da La Lampe, em São Paulo

O que significa iluminação para você? Carlos Fortes: Iluminação é vida. A luz é fundamental para a vida, assim como para o bem-estar das pessoas. Também contribui para o equilíbrio emocional, reforça sensações, excita, acalma, traz aconchego. A luz revela e esconde. Trabalhar com a luz é um privilégio. Apesar da imaterialidade da luz, o domínio de suas particularidades ajuda na percepção do intangível, muitas vezes do que é apenas sugerido, e não revelado. Brilia Insight:

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Qual é o ponto de equilíbrio entre luz e sombra? Carlos Fortes: O grande segredo da iluminação é justamente saber trabalhar com a sombra tanto quanto com a luz. O equilíbrio é subjetivo, pode estar em uma sombra bem projetada, sutil, como pode ser percebido por meio de uma abordagem mais dramática, teatral. Em vários projetos exploro justamente essa dicotomia, como trabalhar com a luz a partir da sua relação com a sombra. A luminária Muxarabi, que acabei de desenhar para a Tok&Stok, ilustra bem esse conceito, essa maneira de se procurar o equilíbrio, e também o mistério que a relação entre a luz e a sombra pode revelar. Também a instalação cenográfica que desenvolvi há alguns anos para a La Lampe, que chamamos de “Luzombra”, explorou essas nuances.

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01. A instalação “Luzombra” no showroom da La Lampe, em São Paulo 02. Luminária pendente Muxarabi 03 e 04 Museu de arte do Rio, o MAR

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Tem alguma ideia inusitada de lighting design que te daria muito prazer em fazer? Carlos Fortes: A minha atividade me dá muito prazer – trabalhar com arquitetura, com excelentes profissionais e artistas é muito gratificante. E, principalmente, poder contribuir para o bem-estar, para a qualidade de vida das pessoas e para a preservação do meio ambiente justificam o meu ofício. Brilia Insight: A arte faz parte do seu dia a dia. De que forma ela te toca? Carlos Fortes: A arte me toca profundamente, em suas diferentes manifestações. O cinema, por Brilia Insight:

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exemplo, uma de minhas principais inspirações, me toca pelo equilíbrio entre diferentes linguagens, e principalmente por explorar a arte da fotografia e da iluminação em sua essência. As artes, de um modo geral, me tocam pela capacidade de expor os sentimentos e as ideias dos artistas em manifestações tão distintas como a dança, a fotografia, a escultura. E as surpresas que nos proporcionam muitas vezes nos arrebatam – recentemente me peguei em prantos ao visitar no museu de arte contemporânea Dia Beacon, em Nova York, o trabalho de Richard Serra – a leveza de suas esculturas em ferro, com proporções gigantescas, é desconcertante!

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ArT | POR: CLAUDIO GUES • FOTOS: DUVULGAÇÃO

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PAISAGEM IMAGINáRIA Com uma técnica sui generis, o artista plástico Garry Fabian Miller explora a luz a fim de criar imagens abstratas. Um de seus mais recentes trabalhos, a série azul Petworth Windows é um bom exemplo de sua incansável imaginação

Captar o movimento da luz em diferentes momentos do dia e registrar as variáveis de cor, forma e atmosfera a partir de sua incidência no ambiente parece ser a mais recente diversão do artista britânico Garry Fabian Miller. Desde a década passada, o artista-fotógrafo se dedica a registrar imagens surpreendentes a partir de um único ponto de observação. “As fotos que faço são algo invisível que só podem existir na superfície do papel. No meu trabalho procuro um estado de espírito que eleve, traga força e proporcione um momento de clareza. É como se estivéssemos vendo o funcionamento da mente em vez de uma interpretação da mente sobre o mundo exterior. Uma viagem dentro desse limite exige entrega, concentração e silêncio”, analisa o artista. Mesmo que pareça confusa a explicação, a impressão que temos, ao nos depararmos com suas obras de arte, não é muito diferente do que Miller tenta argumentar. São imagens que revelam um universo onírico e intangível, mesmo que tenham sido registradas a partir da realidade banal de uma simples janela numa parede pintada de azul, como a série “Petworth

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Windows” (apresentada nesta reportagem). Um jogo onde o real vira irreal tal qual o movimento das peças no tabuleiro imaginado por Lewis Carroll em seu livro “Alice no País do Espelho”. Para os críticos de arte que acompanham suas criações é como se Miller desse um show de ilusionismo através de suas lentes. “Um show que requer criatividade e conhecimentos técnicos. Ele usa essas qualidades para apresentar ao público o sublime, algo que exala ambivalência, o claro-escuro transitório e uma vastidão de mundos imaginários em miniaturas”, avalia o escritor inglês Adam Nicolson. Conceituado no circuito internacional de arte e com obras que fazem parte da coleção de importantes museus, como o Metropolitan Museum, em Nova York; e o Victoria & Albert Museum, em Londres; Miller trabalha com fotografia desde a década de 1970, quando era adolescente. Com forte influência dos fotógrafos-documentaristas do pós-guerra, seu primeiro trabalho profissional foi o registro das condições de vida dos sem-teto em sua cidade natal, Bristol, no sudoeste da Inglaterra.

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Logo depois empreendeu uma viagem a pé pelas Ilhas Shetland a fim de fazer uma série de fotos sobre as comunidades isoladas que viviam uma mudança radical com a chegada da indústria do petróleo no Mar do Norte. A partir daí a importância do lugar tornou-se um tema recorrente em seu trabalho. Nos anos 1980, Miller mudou-se para Lowfield Farm e iniciou a fase que persiste até os dias de hoje: o uso da câmara escura (utilizando as técnicas de exploração fotográfica do início do século 19) e a experimentação com a natureza e as possibilidades da luz como meio e sujeito de suas obras.

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Suas primeiras fotografias com essa técnica foram feitas através da inserção de objetos translúcidos (como folhas e vagens) em um ampliador e usá-los como transparência, com o uso direto da luz para revelar imagens diretamente sobre papel sensível à luz, dispensando o filme fotográfico. Nos últimos anos, Miller passou a explorar as formas abstratas ao captar a luz através de vidro colorido e papel gelatinoso. Paralelamente, tem feito estudos de tempos variados de exposição com diferentes quantidades de luz que tornam o objeto fotografado ora visível, ora invisível. Um trabalho em nítido contraste com as normas fotográficas das exposições de luz que duram fragmentos de segundo. O que interessa para Miller são as longas exposições que duram até 20 horas contínuas em um mesmo registro visual. Com esse método incomum, o artista cria realidades luminosas de pura abstração ou paisagens imaginárias. Entre as mais notáveis dessa série de longas exposições estão a Petworth Windows, Rumo a um Eclipse Solar e Sons & Angels. Obras com uma nova dimensão e complexidade, compostas por quadros definidos e avulsos que, ao mesmo tempo, formam grandes redes compostas por vários elementos que os ligam. Numa época que a fotografia digital tornou-se avassaladora, seu trabalho é relevante pelos desafios físicos e técnicos, principalmente com o quase desaparecimento do papel cibachrome. Feito de poliéster, esse papel permite um processo químico de destruição da cor: um sistema contrário do papel fotográfico, que materializa imagens a partir de seus negativos. Graças a essa engenhosidade, Garry Fabian Miller imprime um trabalho autoral digno dos grandes mestres da história da arte.

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NA págiNA 020 Petworth Window, July 20th, 1999. 01. Tungsten (August), 2007. 02. i Saw My Darkness. 03. The Crimson Ocean’s Edge. 04. Elembiuos 80 harvest, 2006.

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CiNEmA | POR: LUIZ CLAUDIO RODRIGUES • FOTOS: DIVULGACÃO

À FLor DA PELE À FLor DA PELE

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Sensível ao uso da luz no cinema, o diretor de fotografia francês Bruno Delbonnel acredita que o sentimento é mais importante que a estética e busca inspiração na arte abstrata antes de entrar no set

Em seu mais recente trabalho no cinema – o filme “Balada de um Homem Comum” (2013) dos irmãos Coen – o diretor de fotografia Bruno Delbonnel foi novamente lembrado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Los Angeles. Era sua quarta indicação à estatueta do Oscar de Melhor Fotografia. Antes já havia sido indicado por “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” (2002), “Eterno Amor” (2005) e “Harry Potter e o Enigma do Príncipe” (2010). Perdeu para “Gravidade”, mas era considerado um dos favoritos nessa categoria pela crítica especializada. Talvez um de seus segredos para ser um dos melhores diretores de fotografia da atualidade seja sua colaboração autoral com os diretores. Com joel e Ethan Coen, Delbonnel teve carta branca após receber uma velha edição “suja e lamacenta” do jornal New York Times como ponto de partida. “Essa foi a única referência que me deram, então fiz a minha própria investigação e trouxe algumas ideias”, lembra o fotógrafo. Sua concepção para o filme incluía a capa do segundo disco de Bob Dylan, The Freewheelin, lançado em 1963, e sua pesquisa sobre pintura abstrata. Mas foi a arte figurativa que lhe deu um insight. No caso, os retratos do pintor inglês Mark Roscoe. “Levei algumas pinturas para discutirmos sobre a paleta de cores e densidade. O sentimento nas telas de Mark Roscoe é absolutamente brilhante e bonito. Eu perguntei o que eles achavam dessas composições de cores e que tipo de enquadramento estavam planejando para o filme. Então minhas ideias foram aprovadas e começamos a trabalhar”, lembra Delbonnel.

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A marca registrada do fotógrafo é o uso da cor e a incidência de sombras em momentos cruciais na narrativa cinematográfica idealizada pelos diretores com os quais trabalha. “Tento criar um estado de espírito. Um estado de espírito pode ser triste, feliz, de perplexidade ou o que for. Em todos os filmes que fiz tentei encontrar um conceito. Por exemplo, no sexto filme da série Harry Potter tentei imaginar o que poderia ser feito para torná-lo diferente dos anteriores. Pensei que poderia ser uma partitura, uma variação de alguma coisa e, em seguida, adicionei cores muito vivas para que-

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brar a monotonia de tudo. Procuro contar a história através da luz.” Nos últimos 20 anos fez a direção de fotografia de 12 filmes. Delbonnel não faz parte de nenhuma “panelinha” no mundo do cinema. Na maioria das vezes é chamado, mas só escolhe trabalhos que não o façam sofrer. “Tento fazer algo num ambiente em que eu esteja feliz. Não quero trabalhar com alguém que fique me dizendo: coloque a câmera aqui e faça a luz dessa maneira. Isso é chato. Seria como trabalhar em uma fábrica. A fotografia para mim é uma arte. BriLia

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Cenas do filme “ A Balada de um Homem Comum” , dos irmãos Coen


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QUANDO LEIO UM ROTEIRO, TENTO ENCONTRAR ALGO QUE NÃO SEjA MUITO EVIDENTE à PRIMEIRA VISTA, ALGO QUE NÃO É PERCEPTíVEL. Bruno Delbonnel

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Quando leio um roteiro, tento encontrar algo que não seja muito evidente à primeira vista, algo que não é perceptível. Meu objetivo não é ser notado, mas contribuir para dar alguma coisa diferente para o filme, como uma pintura.” A sua maneira de fazer a fotografia no cinema não é a de imprimir um olhar, mas um sentimento. “Qual é a sensação que o filme nos traz? Que sentimento pessoal ele transmite? A estética para mim vem depois que consigo responder essas questões.” O fotógrafo francês já trabalhou com Tim Burton (Dark Shadows), Aleksandr Sokurov (Fausto) e jean-Pierre jeunet (Amélie Poulain). Todos com uma linguagem particular e diferenciada do que usualmente é visto no circuito

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A paleta de cores esmaecidas é um dos trunfos de Delbonnel na direção de fotografia do filme “Balada de Um Homem Comum”


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comercial. “Eles são únicos. São pessoas que usam o cinema como uma linguagem, um modo de fazer excepcional. São mestres e tenho muita sorte de ter trabalhado com eles.” Na direção de fotografia, Delbonnel não tenta recriar nada. Se vai fazer algum filme de época não fica hesitante em usar uma Ektachrome, Kodachrome ou uma câmera vintage para reproduzir a estética de uma era. Ele dispensa essa fidelidade. O que importa para Delbonnel é “criar um clima”. Uma interpretação subjetiva. Uma observação particular que faz toda a diferença em seu trabalho. Talvez seja por isso que seus filmes nunca são despercebidos. Quem sabe ele ainda não ganha um Oscar honorário pelo conjunto da obra.

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Por trás das câmeras A beleza na fotografia de Bruno Delbonnel tem como fonte de inspiração a pintura abstrata e a incidência do tempo que altera a luz a cada segundo no relógio. Entre os pintores que admira estão Mark Rothko, Cy Twombly e Robert Rauschenberg. Graduado em Filosofia pela Universidade Sorbonne e em Cinema pela École Supérieure Libre d’Études Cinématographiques, o fotógrafo iniciou sua carreira em Paris trabalhando como assistente de direção, na década de 1980, em cinema publicitário. Nessa época, chegou a fazer mais de 200 comerciais ao lado de jean-Pierre jeunet, Tom Carty, Elias Merhige, Chris Palmer, Scott Hicks e Chee-Whan Chung, entre outros. De 1980 para cá, Delbonnel já levou sua arte para 28 filmes.

Cenas dos filmes “ Harry Potter e o Enigma do Príncipe” e “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”

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MEU OBjETIVO NÃO É SER NOTADO, MAS CONTRIBUIR PARA DAR ALGUMA COISA DIFERENTE PARA O FILME Bruno Delbonnel

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CENoGrAFiA | POR: LAURO LINS • FOTOS: DIVULGAÇÃO

ACroBACiA DA LuZ Ao realçar o movimento dos bailarinos da companhia de dança Kataklò, o iluminador italiano Andrea Mostachetti desenvolveu diferentes densidades de luz a fim de acompanhar a coreografia e a música no palco

Primeiro vem a luz. Depois os bailarinos. E entra a música. O passo a passo de um espetáculo de dança pode ser embaralhado e mudar de ordem a cada nova coreografia que surge no palco, mas o tripé luz, dança e música é indissociável. Que o diga a companhia de dança italiana Kataklò Athletic Dance Theatre, famosa por fazer um mix de balé, ginástica rítmica e artística. Suas apresentações também são lembradas pela impecável iluminação cênica. O responsável por essa sofisticação é o milanês Andrea Mostachetti. O iluminador sabe acompanhar cada compas-

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so da trilha sonora e da marcação do corpo de baile com a mesma energia dos bailarinos. Ora leve, ora dramática, a luz pontual de Mostachetti deixa em evidência cada gesto e movimento dos bailarinos, seja nas evoluções, destrezas acrobáticas e proezas atléticas. Criador dos principais espetáculos da companhia Kataklò entre 2007 e 2012, o iluminador esteve por trás de grandes sucessos do grupo, como Play, Light e Puzzle, entre outros. Desde a década de 1990 atua no circuito cênico italiano. Sobre o seu trabalho, Andrea diz que realiza pin-

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para o iluminador Andrea Mostachetti o palco é uma tela onde se brinca com os efeitos de luz e sombra

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turas cênicas no palco. “A volatilidade é o que faz o espectador mergulhar numa dimensão mágica ao assistir um espetáculo, seja no teatro ou na dança. O palco costuma ser uma tela onde se brinca com os efeitos de luz e sombra para criar uma narrativa. Mesmo que por si só a luz seja um show à parte, é preciso acompanhar cada ato ou coreografia, como no caso da companhia Kataklò, para que haja veracidade no que os performers estão desenvolvendo em cena. A música também é muito importante para definir o caminho que iremos tomar quando se trata de iluminar um espetáculo de

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dança”, afirma o iluminador. Para Mostachetti não há distinção entre luz para teatro, drama, dança ou shows de música. O domínio técnico, segundo ele, é mais importante quando se trata de iluminação cênica. “A técnica e nível de conhecimento é que vai tornar apto o profissional para esse tipo de trabalho, uma vez que há muitas facetas e possibilidades a serem desenvolvidas de acordo com a ideia do diretor ou do cenógrafo. É um trabalho coletivo.” Ao falar de sua experiência nas artes cênicas, o iluminador destaca a “ideia” que se deve transmitir ao público a cada projeto novo.

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“Apesar de a luz ser o elemento que vai dar visibilidade a tudo o que se faz no palco, é uma matéria intangível, não se consegue pegá-la. A iluminação atua como um complemento da linguagem requisitada para cada tipo de cena, que requer sutilezas e sensibilidade. A luz atua diretamente no psicológico do público e provoca reações diferentes em cada um, portanto, é preciso ter uma ideia bem definida do que é visto no palco”, avalia o lighting designer.

Corpo e dança O Brasil já faz parte do roteiro internacional de apresentações da companhia Kataklò há quase dez anos, incluindo a estreia mundial do espetáculo Light, em 2011, no Teatro Municipal do Rio de janeiro. Os brasileiros também tiveram o privilégio de assistir as coreografias de Play e Puzzle.

A LUz ATUA DIRETAMENTE NO PSICOLóGICO DO PúBLICO E PROVOCA REAÇõES DIFERENTES EM CADA UM Andrea Mostachetti

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O nome Kataklò, em grego antigo, significa “dança dobrando e contorcendo meu corpo” e caiu como uma luva para batizar o grupo de bailarinos liderados por Giulia Staccioli, coreógrafa e diretora artística da companhia desde 1995, quando a ex-atleta olímpica decidiu que iria criar um corpo de baile para dançar. E não somente isso, mas também inserir no balé movimentos de atletismo acrobático e mímica, acompanhados de toques de humor, com som e luzes diferenciados. “Kataklò é uma obra em progresso, um projeto dinâmico e contínuo. Uma filosofia de vida”, afirma Giulia.

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muLhEr DE FErro Campeã de ginástica rítmica nas Olimpíadas de Los Angeles (1984) e Seul (1998), Giulia Staccioli foi estudar dança em Nova York, no Alvin Alley Studio, após abandonar a vida de ginasta. Tornase bailarina profissional ao ingressar no prestigiado Momix, onde realiza experimentos e evolui sua técnica por três anos sob a tutela de Moses Pendleton. A partir dessas experiências começa a delinear o projeto Kataklò (fundada em 1995) estabelecendo, desde o início, uma linha coreográfica peculiar, baseada no estudo aprofundado do gesto e da linguagem corporal em todas as suas formas. Em síntese, uma nova abordagem daquilo que é internacionalmente definido como teatro físico, obtendo amplo reconhecimento de público e crítica. Para acompanhá-la na criação dos espetáculos, Giulia Staccioli conta com o auxílio de jessica Gandini e Paolo Benedetti.

A luz acentua o movimento e os gestos de cada bailarino

O estilo Kataklò tem como base a formação atlética de seus bailarinos aliada à técnica de dança. A apresentação de um espetáculo da companhia exige uma rigorosa disciplina, com preparação física e psicológica obrigatórias. A rotina do grupo inclui treinamento, estudo e ensaios diários de seis a oito horas na sede da companhia em Milão. Por lá, os bailarinos são orientados por coreógrafos, atores, treinadores de atletismo, osteopatas e até instrutores de shaolin e tai-chi-chuan.

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FoToGrAFiA | POR: LUIZ CLAUDIO RODRIGUES • FOTOS: DIVULGAÇÃO*

PRO VOCA ÇõES Com humor e ironia, a fotografia de David LaChapelle flerta com o subversivo e o inusitado em imagens hiper-realistas e saturadas de cor

VISU AIS Um misto de surpresa, ousadia e irreverência. Tudo com doses generosas de nonsense. Seja bem-vindo ao universo do fotógrafo David LaChapelle. Desde a década de 1990, quando se tornou famoso ao retratar artistas pop como Michael jackson e Madonna, o fotógrafo norte-americano é considerado o enfant terrible da fotografia contemporânea. Seu trabalho é uma unanimidade internacional. “É um dos melhores fotógrafos do nosso tempo. Sua influência na cultura popular é inegável”, diz George Annin, diretor da Annin Arts Gallery e co-curador da exposição pública Transport for (TfL), que exi-

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be fotos de LaChapelle no topo das paradas de ônibus em Londres, desde setembro passado. As imagens – feitas a partir de lugares públicos e objetos do cotidiano, como rolos de cabelo e latas – podem ser observadas somente pelos passageiros que estão acomodados no deque superior da famosa frota vermelha dos ônibus de dois andares da capital inglesa. Essa é apenas uma das mais recentes mostras do fotógrafo exibidas neste ano nas principais cidades do mundo.

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O New York Magazine uma vez o chamou de o “Fellini da Fotografia” e estava completamente certo. Suas fotos de cores saturadas e cenas milimetricamente produzidas em arranjos excêntricos e grandiosos, tratam de mitos religiosos, universo pop, crítica social, cultura de massa, tabus e, claro, sexo. Imagens que ocasionalmente causam polêmica em certos círculos conservadores. A mais recente aconteceu em Viena, na áustria.

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A fotografia que serviu de cartaz, em grande dimensão, para o NSFW Life Ball mostrava uma mulher loira com seios e pênis à mostra. Um escândalo! Tanto que o Partido da Liberdade (FPO), de extrema direita, protestou e pediu a retirada dos outdoors da cidade. O Life Ball é um evento anual de caridade de apoio à pesquisa para a cura da AIDS. De acordo com LaChapelle, o cartaz foi inspirado no tema Baile da Vida, mais especificamente em “O jardim das Delícias Terrenas”, do pintor holandês Hieronymus Bosch. A foto mostra a visão do fotógrafo sobre a expulsão de Adão e Eva do Paraíso. Para o papel de Eva, David recrutou uma de suas modelos preferidas, a

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transexual Carmen Carrera, que aparece desnuda em um clique de inspiração pré-rafaelita. “Para mim, o corpo deve ser visto como algo além de um objeto de satisfação sexual. O corpo é uma bela habitação para a alma e é isso que estamos celebrando nessa foto. Minha mensagem é que a beleza não tem gênero”, defendeu-se o fotógrafo. A exposição pública do trabalho de David LaChapelle pode causar um certo desconforto entre os círculos mais conservadores, mas a qualidade estética de suas imagens é incontestável. “Elas seduzem com glamour, cores neon, iluminação quase alucinógena e adereços surrealistas em composições elaboradas”, afirmam

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02. Björk, Visibal vituers 03. An image Of Some Bright Eternity


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ELE VAI ALÉM DA NUDEz GRATUITA E TEM UM SENSO DE HUMOR INACREDITáVEL. LACHAPELLE É UM FOTóGRAFO QUE ME FAz RIR. ACHO SEU TRABALHO BRILHANTE Helmut Newton

os editores da revista digital Dazed&Confused, que vão além da análise superficial. No mesmo artigo afirmam que se olharmos com mais atenção, suas fotos revelam mensagens culturais sobre espiritualidade, sexualidade, religião e política. Uma fórmula provocante que deu certo e atraiu a mídia, seja em campanhas publicitárias globais, editoriais em revistas internacionais de moda ou retratos de personalidades poderosas, como Elizabeth Taylor, jeff Koons e Muhammad Ali. O pensador por trás do fotógrafo revela-se bem mais ácido que suas fotografias. “A ganância e a violência como entretenimento são brutais nos Estados Unidos de hoje. Se olhar-

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mos para os filmes mais populares na América iremos ver algo que tem conceitos repugnantes, como a série jogos Mortais e jogos Vorazes. São produções que me enojam e não sei como iremos escapar disso. É uma civilização futura degradada. Estamos na idade das trevas”, lamenta David. Para fugir desse “circo de horrores”, o fotógrafo decidiu refugiar-se na ilha de Mauí, no Havaí, no fim de 2013, após um período cansativo de trabalho. “Eu senti que precisava parar e longe da superficialidade de Nova York e retornar à natureza. Vivo numa fazenda que costumava ser uma colônia nudista. A solidão e a natureza me inspiram.


Foto: James Taylor Wood

* Agradecimento à editora Taschen pela cessão das imagens do livro “Heaven to Hell”

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03. Kanye West, protest

04. The House at the End of The World

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Estar perto de coisas reais é reconfortante, fora das distrações e ruídos da cidade grande”, afirmou o agitado fotógrafo ao falar de seu paraíso temporário. Certamente, uma pausa de ócio criativo, um período de idílio sabático enquanto recarrega as baterias para nos surpreender com seu próximo trabalho. Certamente, precisamos de mais escândalos assinados por LaChapelle. Sua inteligência e espírito crítico – inspirados na história da arte ou na cultura das ruas – revelam e registram nossa época sob uma ótica brilhante e genial.

Por trás da fama A fama de David LaChapelle surgiu como consequência de seu trabalho. Isso não quer dizer que ele não tenha corrido atrás, mas a consistência de sua obra falou mais forte e chamou a atenção dos críticos e da mídia. Na década de 1980, Andy

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Warhol lhe deu uma coluna regular na revista Interview. A coluna chamava-se London Calling e David fazia retratos de pessoas “interessantes” que despontavam no cenário artístico e social na Grã-Bretanha. Foi a porta de entrada para ser convidado a colaborar com a British Vogue e a The Face. A cultura clubber atraía o fotógrafo que gostava de dançar nos clubs Fashion Victim, Taboo e Body Map. Desde o seu surgimento artístico, LaChapelle tornou-se conhecido por combinar uma estética hiper-realista com uma linguagem única e mensagens sociais importantes. Ao retornar para Nova York, tornou-se o “queridinho” de quem dava as cartas no mercado editorial e publicitário. Estampou capas para a Vogue, Vanity Fair, GQ e Rolling Stone, entre outras. Uma constelação de estrelas se rendeu ao seu talento. Fez retratos de Madonna, Michael jackson, Elizabeth Taylor, Uma Thurman, Andy Warhol, David Beckham, Leonardo DiCaprio, Katy Perry, Lady Gaga e muitos outros. Sem abandonar a fotografia, decidiu expandir seu trabalho criativo para o teatro e o cinema. Dirigiu clipes para Christina Aguilera, Moby, jennifer Lopez, Amy Winehouse, Britney Spears e No Doubt. Como documentarista, fez os filmes Krumped – premiado no Sundance Festival – e Rize. Nesse último, focado na cultura hip-hop, conquistou alguma projeção ao ser exibido nos cinemas dos Estados Unidos e em 17 países. A partir de 2006, LaChapelle decidiu reduzir sua participação na fotografia comercial e concentrou-se na fotografia de arte, com exposições regulares em galerias e museus, como a National Portrait Gallery, em Washington, o Kestner-Gesellschaft, em Hannover; e o Kunsthaus Wien, em Viena.


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FiAT LuX | POR: LAURO LINS • FOTOS: PEDRO IVO E LEO ELOY

POESIA ConCrETA Com apoio luminotécnico da Brilia, a 31ª Bienal de São Paulo tira partido da luz para exibir o melhor da arte contemporânea internacional 1

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01. Vista geral da 31a Bienal Internacional de Arte de São Paulo 02. Obra sem título do artista Éder Oliveira 03. “Histórias de Aprendizagem” de Voluspa Jarpa 04. Ao fundo, do artista Asger Jorn, a obra 10.000 års nordisk folkekunst. Em primeiro plano, Agoramaquia Asier Mendizabal 05. De Chto Delat a obra The Excluded.

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Intitulada “A iminência das Poéticas”, a 31ª Bienal Internacional de São Paulo (em cartaz até o dia 7 de dezembro) conta com mais de cem artistas de mais de 20 países que apresentam a habilidade da arte em refletir e influenciar a vida. Ao todo cerca de 250 trabalhos tentam, sob diferentes óticas, revelar como a arte se manifesta em lugares e comunidades que vivem em situações especiais e diferenciadas. Vendo um elo de ligação com o conceito da mostra, a Brilia tornou-se apoiadora luminotécnica do evento e marca presença em espaços de artistas como Mark Lewis e Yochai Avrahami, assim como a iluminação da livraria e do café. Ao relacionar-se com uma das mais importantes mostras de arte do mundo (no mesmo nível da Documenta de Kassel e da Bienal de Veneza), a Brilia explora a excelência de suas linhas de produtos com a chancela da Bienal, além de reforçar junto ao público o seu conceito de apresentar a luz sob novas perspectivas, ideias e conceitos. E o mais importante: o LED não emite radiação infravermelha e UV no facho de luz, eliminando o risco de danos às obras de arte “Com a entrada no evento, nosso objetivo é destacar o poder de transformação que a luz pode gerar.

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Participar de uma das maiores exposições de arte do mundo reforça nosso posicionamento de que “Luz Muda Tudo” e indica que estamos no caminho certo para atrair novos públicos e buscar um olhar diferenciado para o dia a dia”, afirma Pamela Gerard, gerente de Marketing da Brilia. As exposições de arte exigem iluminação muito específica para garantir a valorização das obras e garantir uma experiência visual perfeita aos visitantes. Muito diferente da iluminação de uma casa ou de um espaço corporativo, o projeto luminotécnico de um espaço de arte requer cuidados especiais, principalmente quando a maioria das obras são bastante sensíveis.

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Há uma normatização técnica internacional estabelecida por organizações atentas à conservação e exposição de obras de arte, como o International Council of Monuments and Sites (mais conhecido como Icomos), o International Council of Museum e o International Institute for Conservation, entre outros. De acordo com os critérios dessas instituições, a iluminação deve levar em consideração os materiais usados, a idade das obras e as condições climáticas do espaço onde estarão expostas.

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06. De Basel Abbas e Ruanne Abou-Rahme, a instalação The Incidental Insurgents - Part 2 07. Dos artistas Jakob Jakobsen e María Berríos, a obra The Revolution Must Be a School of Unfettered Thought

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Além disso, um estudo específico do melhor formato a ser utilizado em cada obra garante uma iluminação perfeita, com ângulos mais favoráveis a fim de produzir a menor sombra, sem a distorção das formas e cores de telas, instalações, tecidos e todo o tipo de material utilizado nas obras.

Tudo ao mesmo tempo, agora Sob a curadoria de Luis Pérez-Oramas, a 31ª Bienal

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Internacional de São Paulo – A iminência das poéticas não possui um tema, mas um motivo. Esse motivo é o ponto de partida do qual se deduz uma série de perguntas sobre o tempo presente. Entre elas, como a arte contemporânea funciona em situação de iminência, em um mundo imprevisível, marcado por acontecimentos que estão por vir e que nossos sistemas de pensamento não são capazes de assimilar plenamente.

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De acordo com Pérez-Oramas, nessa esfera de discussão ligam-se duas ideias: a de iminência – entendida como aquilo que está a ponto de acontecer, como que o que está suspenso, em vias de efetivação – e a poética – entendida como discurso, como aquilo que se expressa, que se cala, que se transforma e que ganha potência comunicativa por meio da linguagem das artes. “A Bienal aspira contribuir com o estado da discussão sobre o rol das práticas artísticas de hoje, e não pretende, portanto, afirmar-se com respostas definitivas, ortodoxas ou messiânicas. Deseja colaborar para a construção do presente, a partir das articulações que propõe entre as obras, da consistência de sua expografia, da claridade de sua identidade visual e do diálogo a travar com o público”, afirma o curador.

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08.“ Casa de caboclo”, de Arthur Scovino

09. Detalhe da instalação The Incidental Insurgents Part 2, da dupla Basel Abbas e Ruanne Abou-Rahme 10. De Bruno pacheco, a obra Meeting Point

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11. Obra Sem título de Vivian Suter 12. De Tiago Borges e Yonamine, a obra AfroUFO


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jovem, mas com uma experiência invejável em iluminação de exposições de arte, a lighting designer paulista Fernanda Carvalho costuma superar-se a cada novo trabalho. Graças a sua incrível capacidade de mudar a luz, tornou-se uma das mais respeitadas profissionais de sua geração. Seu portfólio inclui algumas das mais importantes mostras exibidas recentemente no Brasil. Entre elas, “Os Mayas: revelação de um tempo sem fim”, na OCA do Parque do Ibirapuera; “Mestres do Renascimento”, no CCBB de São Paulo e do Rio de janeiro; “Rubem Braga, o fazendeiro do ar”, no Museu da Língua Portuguesa; “Roma – A vida e os imperadores”, no Masp; e “MAM 60 e Frans Krajcberg”, na OCA. Convidada para criar o projeto luminotécnico da 31ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo, Fernanda planejou uma luz em parceria com artistas e curadores. Nesta entrevista exclusiva para a Brilia Insight, ela nos revela sua experiência na mais importante mostra de arte contemporânea das Américas. Qual foi o conceito para o projeto de iluminação da Bienal? Fernanda Carvalho: A partir do título bastante aberto e provocativo, “Como falar de coisas que não existem”, trabalhamos conceitualmente o verbo falar trocado por outras ações: como viver com, usar, lutar por e aprender com. A temática aberta foi proposta por um coletivo de curadores de diversas nacionalidades e foi trabalhada pelo curador-arquiteto, o israelense Oren Sagiv. A arquitetura do prédio da Bienal veio ao encontro dessa proposta, pois é bastante permeável, ou seja, há poucas paredes e as obras estão dispostas coletivamente, podendo ser apreciadas simultaneamente. Em vez de salas para cada artista, o pavilhão está aberto para as obras. Brilia Insight:

A grande incidência de luz natural no prédio da Bienal foi boa ou má para o projeto de iluminação? Fernanda Carvalho: Com a ausência de paredes, a luz natural invade o prédio em abundância, criando uma percepção dinâmica do espaço ao longo do dia. Graças a isso, foi agregada ao projeto. O edifício foi dividido arquitetonicamente em três áreas: área parque, o térreo integrado ao parque, a área rampa com três pavimentos adjacentes e a área das colunas, com salas para projeções e vídeos. Brilia Insight:

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A luz da 31ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo, assinada pela lighting designer Fernanda Carvalho, envolveu curadores e artistas para apresentar com a maior fidelidade possível as cores e nuances de cada obra de arte em exposição

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Qual foi a solução técnica para apresentar diversos trabalhos num espaço contínuo? Fernanda Carvalho: A luz foi trabalhada em camadas: a luz natural, a luz das obras e uma luz de preenchimento, quando necessário. As camadas se desdobram a partir da luz natural que entra pelos caixilhos ao longo de todo o pavilhão, por suas faces sudeste e noroeste. Na área parque, onde a luz natural tem maior presença devido ao pé-direito alto, a luz artificial foi pontual nas obras e na ilha, estruturada com forma orgânica pensada para abrigar encontros. Os equipamentos são de luz teatral, devido ao pé-direito alto e à necessidade de altas potências. Brilia Insight:

Como foi trabalhada a luz artificial? Fernanda Carvalho: O partido foi criar uma luz artificial em direção oposta ao dégradé da luz natural, fazendo com que o miolo do prédio fosse iluminado com maior intensidade e as bordas em menor gradação. O efeito foi acentuar a diferença de leitura do espaço durante o dia e à noite. Brilia Insight:

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Como foi feito o diálogo entre luz e arte? A interação foi feita em uma escala gigantesca como tudo na Bienal. Tivemos que entender e dialogar com cada artista. O primeiro momento foi conhecer o projeto de arquitetura e suas intenções, tentando captar uma visão macro da exposição. Num segundo momento atuamos junto aos produtores, que nos passam todas as informações que têm sobre os artistas e seus trabalhos. Para finalizar, a terceira etapa foi durante a montagem com os artistas. Conversamos com todos para saber se a luz atendeu ao projeto. Alguns deles pediram mudanças, outros não.

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Fernanda Carvalho:

Os artistas foram receptivos às suas ideias? Fernanda Carvalho: Conversar com os artistas é sempre instigante e um desafio, pois as pessoas têm muita dificuldade em se expressar sobre a luz. Os artistas têm algo na cabeça deles, mas não conseguem explicar de forma compreensível. Em algum momento eu percebo que entendi o que se quis dizer e faço uma sugestão, chamo uma equipe de técnicos e faço um teste na hora. Quase sempre dá certo e todos ficam felizes. Brilia Insight:

Brilia Insight:

Os curadores também palpitaram em seu trabalho?

Fernanda Carvalho: A equipe de curadores também trabalhou muito perto. Em várias situações

de impasse chegávamos às soluções em conjunto, discutindo sempre como a luz poderia aproximar ou distanciar uma obra da outra e evitar interferências indesejáveis. Tudo estava muito fundido. Foi uma parceria muito feliz nesse sentido.

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UMA SELEÇÃO DO QUE HÁ DE MELHOR EM ILUMINAÇÃO CONTEMPORÂNEA MOLÉCULAS Inspirada nas partículas de minúsculos átomos, a luminária pendente Cosmo – da FAS – é uma criação do designer Constantin Wortmann. Feita de polipropileno, sua forma orgânica ganha diferentes visualizações a partir da perspectiva de onde está sendo vista. A peça mede 88 cm x 160 cm e é indicada para ambientes com pé-direito alto, como lobbies de hotéis, galerias, shoppings, bares e restaurantes. Exclusividade da FAS (Functional Art Systems), www.fastrade.com.br

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DISCO DANCE Fabricada em metacrilato colorido transparente, a luminária pendente Fly – desenhada pelo italiano Ferruccio Laviani para a Kartell – nos faz lembrar uma bolha de sabão com sua cúpula semiesférica. Seu efeito colorido pode ser ampliado em diferentes composições a fim de destacar suas variações cromáticas. Mais informações em www.lojakartell.com.br

LUMINOSA Com facho aberto e temperatura de cor neutra (4000K), a luminária LED Downlight Quadrada Recuada garante uma excelente iluminação em ambientes de trabalho, cozinhas e áreas de circulação. Novidade da Brilia, www.brilia.com

ARABESCO Vista de longe, a luminária Can Can pode parecer simples com seu design essencial, mas é de perto que revela sua dupla personalidade: a decoração floral que filtra a luz no seu difusor tem efeito hipnótico. Delicada e imprevisível como tudo o que sai do estúdio de Marcel Wanders, a luminária que é um dos sucessos internacionais da Flos, www.flos.com

LUZ AMBIENTE Da Brilia, a Dicroica LED GU10 Dimerizável esbanja luminosidade e permite a criação de cenários em temperatura aconchegante branco quente de 2700K. Dispensa ainda o uso de fonte externa e inclui soquete GU10 para facilitar ainda mais a instalação.Veja mais detalhes em www.brilia.com

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MODERNA Tal qual uma escultura moderna, a luminária de mesa TK1 impressiona por suas formas e precisão geométrica. Feita de acrílico, a peça – 20 cm (largura) x 31 cm (profundidade) x 31 cm (altura) faz parte do portfólio da Wonderlland, www.wonderlland.com

íCONE Para comemorar os 50 anos da luminária Arco e atenta aos novos tempos, a fabricante italiana Flos lançou sua versão com lâmpada LED. Seu desenho original – com arco de aço inox, base de mármore e refletor esférico de alumínio polido – continua atual. Prova que os irmãos Pier e Giacomo Castiglioni sabiam fazer peças com design atemporal. No Brasil pode ser encontrada na Obravip, www.obravip.com.br

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FLEX Considerada a primeira AR com ótica 100% refletora e livre de ofuscamento, a AR 70 Refletora é uma das exclusividades da Brilia no Brasil. Sua luz torna possível a criação de diferentes cenários. Mais informações em www.brilia.com

REVIVAL Clássico dos anos 1970 e fabricada pela italiana Fontana Arte, a luminária de mesa Globo di Luce (desenhada por Roberto Menghi) tem cúpula de vidro soprado metalizado, base de metal cromado e refletor interno de alumínio anodizado. Mais informações em www.fontanaarte.com

GARDEN FLOWER Com foco de luz direcionável, o abajur Octa – da Lustres Yamamura – tem fixação por ímãs em sua haste, o que a torna perfeito para mesas de leitura. Produzido em alumínio pintado e aço galvanizado, a peça é encontrada nas cores amarelo, azul, branco, prata, preto e vermelho. Mais informações em www.yamamura.com.br

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Aos 54 anos de vida, e talvez o mais ativo designer da atualidade, Ferruccio Laviani parece ser tão incansável quanto criativo. De curador de museu a designer de produto, iluminação, mobiliário, interiores e gráfico, esse italiano não brinca em serviço. Algumas das marcas globais mais prestigiadas já requisitaram seu múltiplo talento nos últimos anos. Entre elas, Dolce&Gabbana, Kartell, Swatch, Moroso, Cassina, Veuve Clicquot, MisuraEmme, Henessy & Co, Barovier & Toso, Panasonic, Remy Cointreau, Missoni, Swarovski, Tods, Kenzo, Ermenegildo zegna, Pucci, zara e Armani, incluindo as brasileiras Forum, Triton e Arezzo. Uma lista e tanto! E não termina por aí. No segmento de iluminação, ainda encontra tempo para colaborar com a Flos, Artemide, Fontana Arte e Foscarini, a nata do lighting design italiano.

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O ecletismo é a marca registrada do italiano Ferruccio Laviani, criador de ícones contemporâneos em todas as esferas do design

Cindy Lamp

Seja com carta branca para criar ou pautado para desenvolver produtos de acordo com o briefing dos fabricantes, Ferruccio sempre dá um jeito de imprimir sua marca registrada: a inovação e a engenhosidade associadas à estética clássica e ao handmade. Com essas “armas” cria peças com formas inusitadas e cores surpreendentes que já fazem parte da história das artes decorativas. Como lighting designer, criou luminárias que se tornaram ícones contemporâneos, como os abajures Bourgie Table Lamp, Take e Cindy; o pendente Fly e a Taj Lamp da marca Kartell (onde é diretor criativo desde o fim da década de 1990) e para o acervo de design da Foscarini fez as luminárias de chão Orbital, Tuareg e Teorema. São criações que revelam a natureza experimental de Laviani lado a lado com seu lado de esteta. Para ver sua genialidade basta olhar com atenção o estilo barroco clássico construído em policarbonato na luminária Bourgie Lamp. “Sempre espero que as pessoas fiquem satisfeitas com meus projetos. Não importa se é uma loja ou um objeto. Para mim o mais importante é transmitir emoção com meu trabalho”, afirma o designer.

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A emoção (com um toque de sutil irreverência) em seu design certamente deve ser uma herança dos seus anos de formação nos anos 1980, quando colaborou com o estúdio Memphis, que fazia o antidesign na época sob a batuta de mestres como Ettore Sotsass. Mas o modernismo também fez escola e influenciou o jovem designer, que chegou a colaborar com Achile Castiglioni assim que saiu da escola de Arquitetura no Politécnino de Milão. A energia criativa desse tempo, o uso experimental da forma e função, o uso das cores e materiais o influenciaram e forjaram o seu estilo na atualidade.

01. Taj 02. Tuareg

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Com seu trabalho de curador e diretor de criação na Kartell desenvolve coleções anuais, projeta seus estandes no Salão Internacional do Móvel de Milão, cria todos os interiores das lojas Kartell em todo mundo, além de catálogos, imagens publicitárias, vitrines, lojas e roupas. Em paralelo, até 2005, fez o mesmo para a Flos, onde criou um sistema expositivo para suas luminárias. No começo do século 21 sua carreira deu um salto e passou a colaborar para marcas premium de moda, bebidas, mobiliário e interiores, além de se tornar professor da prestigiada Domus Academy e do Politécnico, dois dos mais importantes criadouros de designers na Itália. Certamente um designer que veio ao mundo para contribuir com seu legado.

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01. Taj Mini 02. Toobe 03. Bourgie

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EsPECiAL | POR: CLAUDIO GUES • FOTOS: DIVULGAÇÃO

POEIRA DAS ESTRELAS

Cada vez mais a luz se torna uma ferramenta dos cientistas para descobrir novos planetas na imensidão do Universo Qual é a importância da luz para a descoberta de outros planetas no Universo? A dúvida pode surgir na cabeça de qualquer um, mas os astrônomos já sabem que as emissões de luz servem para detectar planetas distantes fora do sistema solar. A luz é a matéria-prima entre os diversos métodos aplicados pela ciência com esse propósito. Um dos mais eficientes está na medição do comprimento das radiações que fluem das estrelas pulsar, como são chamadas as estrelas mortas que giram rapidamente disparando rajadas de radiação em intervalos assustadoramente precisos. Como diversos planetas orbitam um pulsar e alteram suas gravidades com o movimento das explosões de radiação, os astrônomos foram capazes de medir essas mudanças e calcular as órbitas de vários planetas. Com esse método (chamado de Velocidade Radial), sabemos que quase mil planetas orbitam outras estrelas, com ampla variedade de tamanhos. “A primeira descoberta de um planeta extrassolar aconteceu em 1995, quando uma equipe da Universidade de Genebra descobriu um planeta na órbita da estrela 51 Pegasi”, afirma Fraser Cain, jornalista canadense especializado em astronomia e editor do website

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Universe Today. Na ocasião, os astrônomos usaram espectroscopia para medir o comprimento da onda de luz e captaram variações que pareciam “puxar” a estrela. Ao analisar com atenção o que causava esse refluxo da estrela descobriram que se tratava de um planeta, o 51 Pegasi, que orbitava muito próximo da estrela, superando a distância entre Mercúrio e o Sol. Até essa descoberta, os cientistas acreditavam que não era possível essa proximidade e tiveram que rever suas teorias sobre formação planetária. Não é só através das explosões de radiações de um pulsar que se pode descobrir novos planetas. O brilho das estrelas também serve como método eficaz. Chamado de Microlente Gravitacional, ele funciona medindo o brilho de uma estrela que passa em frente de outra. A estrela em primeiro plano funciona como uma lente, focalizando a luz com a sua gravidade, criando um “pico” de tempo que serve como um marcador na localização de planetas. Mas a forma mais eficiente de encontrar planetas é o Método de Trânsito. Com ele, os telescópios conseguem medir a quantidade total de luz que vem de uma estrela e, assim, detectar uma ligeira variação na luminosidade quando um planeta passa em sua frente.

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Usando essa técnica, a Missão Kepler, da Nasa, descobriu mais de mil planetas fora do sistema solar. Uma dessas identificações foi feita por cientistas voluntários usando o site Planet Hunters. O site foi criado para permitir que voluntários tivessem acesso a dados públicos enviados pelo telescópio Kepler. Para analisar com maior precisão as inúmeras curvas de luz (deixadas por um planeta quando esse passa em frente à sua estrela hospedeira), um grupo de astrônomos desenvolveu programas de computador para aprimorar o detalhamento e a precisão de possíveis descobertas. “Com o programa foi descoberto o primeiro sistema de sete planetas registrado pelo Kepler. Uma identificação segura”, afirma o astrônomo Chris Lintott, da Universidade de Oxford, coautor do artigo publicado no Planet Hunters.

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A equipe de Lintott submeteu a pesquisa ao Astronomical journal para que a prestigiada publicação científica pudesse avaliar a descoberta, que sugere ser bastante idêntica ao nosso sistema solar. Será que depois dessa fase a ciência irá descobrir vida fora da Terra? Tudo parece ser uma questão de tempo. “Dado que nos últimos dez anos centenas de planetas foram descobertos girando em torno de outras estrelas, que encontramos água em Marte e ricos compostos de carbono em Titã, a lua de Saturno, é muito provável que a vida não seja exclusivamente nossa. Acredito que seja apenas uma questão de tempo até descobrirmos algum sinal de vida em outro planeta. Não sei se serão anos, décadas ou séculos”, afirma o físico brasileiro Marcelo Gleiser, professor titular no Dartmouth College, em Hannover, nos Estados Unidos. Quem viver, verá!

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VOCÊ SABIA? • Os cientistas estimam que existem de 200 a 400 bilhões de estrelas, como o nosso Sol, na Via Láctea. • A estrela mais perto do Sistema Solar é a Próxima Centauri. Os astrônomos calculam que ela fica a 4 anosluz de distância da Terra. • A viagem mais rápida feita por um artefato humano no espaço foi realizada pela sonda espacial Helios B que atingiu o recorde oficial de 252.792 Km/h.

• Segundo a União Astronômica Internacional, a medida comprimento de ano-luz tem o valor aproximado de 10 trilhões de quilômetros. A medida ano-luz é usada para mensurar a distância das estrelas. • De acordo com o Sistema Internacional de Unidades (SI), a velocidade da luz no vácuo, simbolizada pela letra c, é igual a 299.792.458 metros por segundo. • Levaria cerca de 19 mil anos para chegarmos até Proxima Centauri, viajando a velocidade mais rápida que uma nave sonda feita já viajou até hoje.

• Estima-se que cada galáxia tenha 100 bilhões de estrelas. • O telescópio espacial Hubble consegue captar luz visível até a distância estratosférica de 130 bilhões de trilhões de quilômetros. O equivalente a 13 bilhões de anos-luz.

• Para chegarmos a Andromeda, galáxia vizinha a Via Láctea, levariamos 2 milhões de anos viajando a velocidade da luz.

Fontes: Revista Super Interessante, NASA e União Astronômica Internacional

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CiDADE | POR: CLAUDIO GUES • FOTOS: GARAGE

Ver a cidade de uma forma diferente. A partir desse conceito, São Paulo foi palco da primeira intervenção pública de iluminação na América Latina feita pelo Lighting Detectives

Uma intervenção luminosa no edifício Copan, no Centro de São Paulo, chamou a atenção para a iluminação, com tecnologia LED, em uma metrópole. O happening foi promovido pela AsBAI (Associação Brasileira dos Arquitetos de Iluminação) e a revista L+D. “A ideia surgiu da curadoria do LEDforum que havia acertado a participação do renomado lighting designer japonês Kaoru Mende para um workshop dentro da série de palestras do evento. Nós abraçamos imediatamente a ideia, pois queríamos que em 2014 o workshop culminasse em uma instalação efêmera de luz na cidade”, explica a arquiteta e lighting designer Fernanda Carvalho, diretora cultural da AsBAI. O lighting designer Kaoru Mende é o funda-

dor e presidente da Lighting Detectives, organização sediada em Tóquio criada para “compartilhar a inspiração e o conhecimento das culturas locais sobre a importância da iluminação dentro do espaço urbano”. A organização costuma promover ações e seminários sobre iluminação nas principais cidades do mundo. Em São Paulo, a escolha do Copan não foi apenas por ser um ícone da arquitetura da cidade – o edifício tem a assinatura de Oscar Niemeyer – mas também pelo seu entorno. “A região central da cidade é ocupada por uma população com enorme diversidade. São moradores, comerciantes, artistas e arquitetos com escritórios nas redondezas”, destaca Fernanda Carvalho.

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Acima, Fachada do edifício Copan com a instalação do lighting detectives


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01 e 02 Fachada do edifício Copan com a instalação do lighting detectives, que destaca a importância da iluminação no espaço urbano.

A instalação foi executada seguindo a metodologia do Lighting Detectives, apoiada na observação e olhar crítico para se criar uma nova solução de iluminação em edifícios, ruas, praças ou parques de um centro urbano. Divididos em grupos, os participantes do LEDforum trabalharam com diferentes propostas de intervenção. Após uma votação democrática foi eleita a melhor proposta e cada grupo se tornou responsável por uma parte da instalação. “Foi uma incrível experiência de trabalho em equipe graças à colaboração inestimável de nossos patrocinadores, que emprestaram equipamentos de altíssima qualidade para a intervenção”, comemora a diretora cultural da AsBAI.

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A organização Lighting Detectives é dedicada ao estudo da cultura de iluminação através de métodos práticos, principalmente com o trabalho em campo, como a intervenção feita no edifício Copan em São Paulo. Com essas observações e instalações públicas, a organização japonesa avalia o estado atual da iluminação no ambiente urbano em vez de se basear em teorias. “Vamos para lugares onde a luz pode ser observada a fim de detectar e recolher experiências com o propósito de compreender a iluminação em um nível mais profundo”, afirma o arquiteto Kaoru Mende no website da organização. O principal objetivo do Lighting Detectives é falar e pensar sobre o futuro da luz. O arquiteto é reconhecido internacionalmente por ser um dos pensadores contemporâneos em iluminação. Autor de livros especializados no assunto, Mende já recebeu diversos prêmios por sua contribuição ao segmento como International Illuminating Design Award, promovido pela Illuminating Engineering Society (IES) e o japan Lighting Award, entre outros.


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A LUMINOSIDADE DO LED Grande parte do material utilizado na intervenção urbana, fruto do workshop Lighting Detectives, era de luzes de LED cedidas pela Brilia, empresa pioneira no desenvolvimento e comercialização de produtos do segmento no Brasil. O apoio para a instalação faz parte da estratégia de marcar seu conceito junto ao público de que a luz muda tudo e pode promover novos olhares e sensações para as pessoas. A instalação, que surgiu após um estudo sobre os heróis e os vilões da iluminação de São Paulo, foi criada por um dos grupos participantes do evento e escolhida por meio de votação. Rogério Garcia Parra, arquiteto da luz da Spazyo, foi um dos responsáveis pelo projeto, cujo objetivo era o de resgatar a identidade local, com um jogo de luz, sombra e cores. “Nossa

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ideia era trabalhar com toda a fachada, incluindo também as árvores do entorno, com muito vermelho e azul, para dar o contraste entre o calor humano do paulistano e a frieza da metrópole. A escolha do LED como nossa principal fonte de luz veio pela qualidade, intensidade e flexibilidade na temperatura das cores que lâmpadas convencionais jamais permitiriam. Também pensamos no viés sustentável e da economia de energia, tanto que pudemos utilizar extensões caseiras, mesmo numa instalação elaborada como essa. O resultado foi incrível e aproveitamos a interação dos transeuntes para criar efeitos de sombra com essa interatividade natural”, explica. A lista de materiais utilizados na instalação incluiu a Fita LED Brilia Ultra 1300 da Linha Expert, além de refletores da Linha Smart.

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