Revista Artefacto B&C Beach & Country 13ª

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13 CAPA MOSTRA ARTEFACTO B&C

30 PERSONALIDADES HOMENAGEADAS POR 30 PROFISSIONAIS DE DECORAÇÃO

UNIVERSO B&C WEEKEND

PERFIL

ALEX ATALA

LEITURA

CADERNOS DE VIAGEM – J.R. DURAN


ALEX ATALA POR GILBERTO ELKIS J.R. DURAN POR DEBORA AGUIAR ISABELLA FIORENTINO POR TRIPLEX ARQUITETURA ADRIANA BITTENCOURT POR BETO GALVEZ E NÓREA DE VITTO MYLLA CHRISTIE POR BRUNETE FRACCAROLI ALESSANDRA NEGRINI POR FERNANDO PIVA TUCA REINÉS POR DAVID BASTOS MÔNICA BARBOSA POR BIANKA MUGNATTO JANINE BORBA POR BEATRIZ DUTRA CARMO DALLA VECCHIA POR ROSELI MÜLLER DAVID DALMAU E SEBASTIAN POR LIDIA DAMY SITA VALÉRIA BARACCAT GYY POR MARÍLIA VEIGA VALDEMAR IÓDICE POR LEONARDO JUNQUEIRA LILLY SARTI POR CARMEN MANSOR, FERNANDO AZEVEDO E TIZA KANN FELIPE MOROZINI POR FABIO MOROZINI GERMANO PEREIRA POR ROBERTO CIMINO E NELSON AMORIM CARLOS CASAGRANDE POR FRANCISCO CÁLIO GISELE FRAGA POR ROBERTO RISCALA GUSTAVO ROSA POR MARTA SÁ OLIVEIRA CARLOS BERTOLAZZI POR PAULO CARVALHO RICARDO ALMEIDA POR KIKO SOBRINO ROSE BENEDETTI POR FERNANDA ABS E FRED BENEDETTI PATRICIA SALVADOR E LÁSARO DO CARMO JUNIOR POR MARÍLIA CAETANO LARS GRAEL POR ALESSANDRA CASTRO SUZANA GULLO POR CAMILA KLEIN CLAUDIO TOZZI POR SELMA TAMMARO LUCIANO SZAFIR POR CONSUELO JORGE FRANCESCA MONFRINATTI POR PATRÍCIA PENNA ARQUITETURA E LUIZ CAZARINI PAISAGISMO


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editorial DESTINOS

Brazilian style Esta edição da B&C nasceu com uma vontade de celebrar o lado bom da vida. De conquistas pessoais e profissionais ao descanso nos finais de semana, vivemos buscando momentos de alegria e bem-estar. Entre uma pauta e outra, imaginamos matérias que levariam você, leitor, a um passeio por momentos como esse e chegamos ao nosso Brasil. Afinal, que outro lugar do mundo reúne de formas tão diversas o lado bom da vida quanto o nosso país? Essa multiplicidade brasileira encanta os quatro cantos do mundo, e o nosso estilo de vida atrai olhares curiosos de pessoas que buscam incorporar às suas vidas um pouco do nosso brazilian style. Isso explica o porquê do sucesso da Artefacto em Miami, que em 2013 já completa 10 anos. Nessa década, o país brilhou ainda mais, também pelo profissionalismo de grandes nomes como o chef Alex Atala, o artista Tunga e Bernardo Paz, o fundador de Inhotim. Ao lado deles, nas próximas páginas, também conversamos com o catalão radicado brasileiro JR Duran, que através de sua câmera registra o que o Brasil tem de mais bonito. E por falar em beleza, uma homenagem a Claudio Bernardes que nos faz matar a saudade de um dos maiores arquitetos que já tivemos. São profissionais como esses e tantos outros que constroem e construíram o nosso Brasil atual. Um Brasil que trabalha, e muito, antes de descansar, mas que não deixa de celebrar o melhor que a vida tem a nos oferecer. Boa leitura, Paulo Bacchi

14 | AGOSTO 2013



expediente Paulo Bacchi Artefacto Internacional Bráulio Bacchi Carlos Frade José Luis Fabrício Pedro Torres Conselho Gestão Projeto Editorial

design & comunicação

Lemon Design e Comunicação Al. dos Maracatins, 780 25º andar, cj. 2503, Tel.: (11) 4314-7052 São Paulo-SP Cesar Rodrigues Diretor de Criação cesar@studiolemon.com.br Chico Volponi Diretor Executivo cvolponi@studiolemon.com.br Eduardo Barletta Arte e finalização Ana Luisa Novato Luciana Fagundes Revisão Jornalistas Felipe Filizola Léa Maria Aarão Luiz Claudio Rodrigues Sergio Zobaran Fotos Edison Garcia Paulo Brenta Renato Elkis Coordenadora de Publicidade Meire Silva Produção Gráfica Edison Garcia Executivas de conta Cindy Vega Clarice Mattiello Elisangela Lara Colaboradores Ailton Alves, Alexandre Lemes, Karina Dale, Tânia Rodrigues

18 | AGOSTO 2013


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ÍNDICE

24

MOSTRA ARTEFACTO 2013

Os ambientes idealizados pelos mais badalados profissionais do mercado de arquitetura e decoração

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UNIVERSO B&C

Weekend – para celebrar os dois dias mais esperados da semana

88 LEITURA

Entrevista com J.R. Duran, o talentoso fotógrafo e também escritor

98 ARTE

Tunga – O brasileiro que transforma filosofia e psicanálise em obras de arte

108 DNA

Alma Brasileira – Homenagem a Claudio Bernardes 20 | AGOSTO 2013


116 À MESA

Feijoada – As versões e variações do prato preferido do brasileiro

122 BÚSSOLA

As maravilhas e encantamento de Angra dos Reis

132 PERFIL

Alex Atala – As experiências caseiras do mago da cozinha brasileira

138 ARCHITECTURE

A Beleza de fora pra dentro – os museus do Brasil ganham destaque também pela sua arquitetura

148 REFÚGIO

Na praia ou no campo – o bom gosto e sofisticação dos condomínios de luxo AGOSTO 2013 | 21


FOTOS EDISON GARCIA E RENATO ELKIS

apoio exclusivo


Térreo Mostra Piso 1 Showroom

18 WC

Piso 1 Mostra

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Piso 2 Mostra

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Recepção e Showroom

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Gilberto Elkis Debora Aguiar Triplex Arquitetura Beto Galvez/

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Nórea De Vitto

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Brunete Fraccaroli Fernando Piva David Bastos Bianka Mugnatto Beatriz Dutra Roseli Müller

Lidia Damy Sita Marília Veiga Leonardo Junqueira Carmem Mansor/ Fernando Azevedo/Tiza Kann

15 16 17 18 19 20 -

Fabio Morozini Roberto Cimino/Nelson Amorim Francisco Cálio Roberto Riscala Marta Sá Oliveira Paulo Carvalho

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Gilberto Elkis Kiko Sobrino Gilberto Elkis Fernanda Abs e Fred Benedetti Marília Caetano Alessandra Castro Camila Klein Selma Tammaro Consuelo Jorge Patrícia Penna Arquitetura/ Luiz Cazarini Paisagismo


Alex Atala POR Gilberto Elkis terraço do show room e café |

Tel.: (11) 3815-9537 | gilberto@elkispaisagismo.com.br




J.R. DURAN POR DEBORA AGUIAR Vitrine |

Tel.: (11) 3889- 5888 | debora@deboraaguiar.com.br


ISABELLA FIORENTINO POR TRIPLEX ARQUITETURA Living Urbano |

Tel.: (11) 3078-0607 | contato@triplexarquitetura.com.br




ADRIANA BITTENCOURT POR BETO GALVEZ E NÓREA DE VITTO ChaLÉ EM Aspen |

Tel.: (11) 3062-1913 | contato@bninteriores.com.br



MYLLA CHRISTIE POR BRUNETE FRACCAROLI Terraรงo da Paixรฃo |

Tel.: (11) 3885-8309 | www.brunetefraccaroli.com.br



ALESSANDRA NEGRINI POR FERNANDO PIVA Living do Campo |

Tel.: (11) 3168-1711 | fernandopiva@fernandopiva.com.br



TUCA REINÉS POR DAVID BASTOS Sala de Estar |

Tel.: (11) 3088-5500 | www.dbarquitetos.com



Mテ年ICA BARBOSA POR BIANKA MUGNATTO Sala de Jantar |

Tel.: (11) 5055-2358 | bianka@biankamugnatto.com.br


JANINE BORBA POR BEATRIZ DUTRA Galeria com escrit贸rio |

Tel.: (11) 3061-2826 | beatriz.dutra@uol.com.br



CARMO DALLA VECCHIA POR ROSELI MÜLLER Sala de um fotógrafo na praia |

Tel.: (21) 2132-8128 | contato@roselimuller.arq.br




DAVID DALMAU E SEBASTIAN POR LIDIA DAMY SITA Sala de Almoรงo com Estar |

Tel.: (11) 3078-9629 | lidiasita@uol.com.br


VALÉRIA BARACCAT GYY POR MARÍLIA VEIGA quarto de praia |

Tel.: (11) 3021-1717 | www.mariliaveiga.com.br




VALDEMAR IĂ“DICE POR LEONARDO JUNQUEIRA Living com jantar praia |

Tel.: (11) 3088-7578 | contato@leonardojunqueira.com.br


LILLY SARTI POR

CARMEM MANSOR, FERNANDO AZEVEDO e tiza kann Loft Miami |

Tel.: (11) 3845-2145 | www.makinteriores.com.br




Felipe Morozini POR Fabio Morozini Casa de Praia Laranjeiras |

Tel.: (11) 2537-2996 | www.fabiomorozini.com.br



GERMANO PEREIRA POR ROBERTO CIMINO E NELSON AMORIM Loft de Praia |

Tel.: (11) 3294-8399 / (14) 3422-4078 | www.robertociminoearquitetos.com.br



CARLOS CASAGRANDE POR FRANCISCO CÁLIO Home Theater |

Tel.: (11) 3031-4139 | www.calio.com.br


Gisele Fraga POR Roberto Riscala Loft Praia |

Tel.: (11) 3044-4049 | roberto@robertoriscala.com.br



GUSTAVO ROSA POR MARTA SÁ OLIVEIRA Varanda São Paulo |

Tel.: (11) 3887-1172 | www.martasaoliveira.com




Carlos Bertolazzi POR Paulo Carvalho Espaรงo Gourmet e Terraรงo de Praia |

Tel.: (11) 3061-2149 | www.paulocarvalho.com.br



RICARDO ALMEIDA POR KIKO SOBRINO Spa Boutique |

Tel.: (11) 9 9309-7813 | sobrino@kikosobrino.com



Rose Benedetti POR Fernanda Abs e Fred Benedetti Tenda |

Tel.: (11) 2366-2300 | www.absbenedetti.com.br


PATRICIA SALVADOR E LASARO DO CARMO JUNIOR POR MARÍLIA CAETANO Varanda da Família |

Tel.: (11) 3081-5495 | www.mariliacaetano.com.br




Lars Grael POR Alessandra Castro MEU Living NO MAR |

Tel.: (11) 5093-8801 | alessandrakastro@uol.com.br



SUZANA GULLO POR CAMILA KLEIN Living com Jantar Externo |

Tel.: (11) 5041-4529 | atendimento@cklein.com.br


Claudio Tozzi POR Selma Tammaro Spa Lounge |

Tel.: (11) 3078-0603 | www.tammaroarquitetura.com.br




Luciano Szafir POR Consuelo Jorge Sala de leitura |

Tel.: (11) 3848-0005 | contato@consuelojorge.com.br


Francesca Monfrinatti POR PatrĂ­cia Penna e Luiz Cazarini Varanda Toscana |

Tel.: (12) 3621-5940 | atendimento@patriciapenna.arq.br



UNIVERSO B&C

Fim de Semana Os dias de carregar (ou descarregar) a energia.


POR FELIPE FILIZOLA

O

sorriso na mente ao acordarmos às sextas-feiras entrega: a proximidade do fim de semana faz com que o último dia útil da semana seja normalmente encarado com melhor humor do que os outros dias. Essa expectativa pelos dias que separam uma semana da outra é explicada pelo que o sábado e o domingo representam: lazer, descanso, convívio com família e amigos, viagens... Até para os workaholics de plantão, que passarão dois dias trabalhando com mais sossego no escritório vazio que usualmente, sem telefones tocando e pessoas interrompendo. Enfim, 48 horas que expressam o lado bom da vida. As sensações sentidas apenas aos finais de semana já foram cantadas e interpretadas por uma infinidade de artistas que escreveram sobre as expectativas de uma sexta-feira à noite, sobre tudo que pode acontecer em um sábado ou sobre o dolce far niente de um domingo preguiçoso. Do rock de John Bon Jovi e U2, passando pelo pop do Black Eyed Peas e Cidade Negra às baladas de Maria Rita, Elton John e Cranberries, sexta, sábado e domingo ganharam trilhas sonoras para qualquer que seja o estado de espírito. Em uma das músicas mais tocada nas rádios dos últimos 20 anos, a banda inglesa The Cure celebrou a chegada da sexta-feira em sua canção Friday I’m In Love, com versos que diziam em tradução livre: “Eu não me importo se Segunda é triste / Terça é cinza e Quarta também / Quinta, eu não me importo com você / Hoje é Sexta e estou amando”. Em português, Seu Jorge cantou em dueto com Bena Lobo que lembranças de músicas e olhares são “pra ser feliz no sábado”. Foi no cinema que sábado foi melhor representado pelas artes, com o filme americano Os Embalos de Sábado à Noite (Saturday Night Fever), de 1977, e estrelado pelo então jovem John Travolta. Na pele de Tony Manero, Travolta viveu um dançarino de disco music que só ficava feliz nos fins de semana, depois de passar a semana trabalhando em uma loja de tintas. O sentimento de Manero pelo fim de semana significava que naqueles dois dias a realidade da vida dele era a que ele escolhia para si próprio, e com isso se enchia de motivação para aguentar os outros dias até o próximo sábado. >> AGOSTO 2013 | 83


UNIVERSO B&C

Seu Jorge cantou em dueto com Bena Lobo que lembranças de músicas e olhares são “pra ser feliz no sábado”.

Claro que a busca pela felicidade deve contemplar também uma rotina agradável durante os “dias úteis”, mas poucos discordarão que somos mais felizes, ou pelo menos mais alegres, aos finais de semana. São nesses dias que escolhemos usar nossas roupas preferidas, ficamos mais livres para almoçar ou jantar em horários menos definidos e temos liberdade de colocar o despertador bem cedo para o dia render bastante ou desligar de vez o alarme e levantar na hora em que não existir mais sono nenhum. Longos almoços, viagens curtas, passeios em parques (ou shoppings, para os paulistas), rodadas intermináveis em bares ou o sossego aconchegante do lar. Que tal tirar o dia para experimentar o restaurante daquele chef bem recomendado fora do circuito gastronômico oficial da cidade? Ou juntar a turma para uma feijoada sem hora para levantar da mesa? Ou ainda colocar o cinema em dia, acompanhado de pipoca e de alguém especial? Se estiver na dúvida entre jogar tênis ou ir para a balada, por que não fazer os dois?

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O final de semana nos aproxima daquelas pessoas com quem convivemos por livre e espontânea vontade – e de nós mesmos. Essa pausa da rotina também nos permite pegar o carro sentido interior ou litoral, fugir da cidade e entrar em contato com a natureza e a paz que ela carrega. E então, num cochilo em uma rede ou na espreguiçadeira à beira da piscina, percebemos que a vida é mais gostosa. O escapismo da rotina é necessário para que possamos parar e avaliar nossas vidas, dar atenção às coisas que realmente importam, fazer novos planos e rever quão perto estamos de concretizar planos antigos. E essa pausa se faz perfeita principalmente aos domingos, o dia naturalmente mais preguiçoso da semana. O dia informalmente oficializado de se almoçar em família, passar tempo com pais ou filhos e colocar a leitura e conversa em dia. Longe da correria diária e perto de pessoas queridas, os domingos trazem consigo uma calma e paz interior, como canta Paul McCartney: “Peaceful, like heaven on a Sunday. Wishful, not thinking what to do...”. >>


Essa pausa da rotina também nos permite pegar o carro sentido interior ou litoral, fugir da cidade e entrar em contato com a natureza e a paz que ela carrega. E então, num cochilo em uma rede ou na espreguiçadeira à beira da piscina, percebemos que a vida é mais gostosa. AGOSTO 2013 | 85


UNIVERSO B&C

A Criação de Adão, pintado por Michelangelo

Primeiro e Último Seguindo o calendário gregoriano, o Sábado é o último dia da semana. A origem da palavra vem do Shabat hebraico, e representa para os judeus e cristãos o dia em que Deus descansou após fazer o mundo em seis dias. No judaísmo, o Shabat é o dia sagrado e perdura do anoitecer de sexta-feira ao pôr-do-sol no Sábado. O termo Shabat significa simplesmente “cessar de trabalhar”, porém não é somente um dia de descanso: é um dia de santidade, quando as pessoas podem, por um curto período de tempo, deixar de lado suas preocupações e objetivos materiais da vida, e devotar-se para a renovação espiritual e para a atividade religiosa. Durante o Império Romano, Sábado era o dia do deus Saturno, o deus da agricultura, e por isso celebrava-se com o descanso a boa colheita da semana. A expressão “sabático” se apropria do descanso do Sábado para significar uma pausa

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na vida, um período para parar e refletir, pensar, descansar, curtir, olhar as coisas sob outra perspectiva e dimensão. O Domingo também tem origem religiosa tanto na palavra como no significado de dia de celebração. A origem latina da palavra Domingo vem da palavra dies Dominicus e significa Dia do Senhor. No catolicismo, foi adotado como o dia sagrado, pois sendo o primeiro dia da semana, é quando se deve rezar pelos dias que virão. Além disso, é tido pelos católicos como o dia da ressurreição de Cristo, e por isso um dia sagrado. Nas línguas anglo-saxônicas como o inglês e alemão, o dia remete ao dia do Sol. No Egito antigo, este era o dia da semana reservado para a adoração do deus Rá, o Sol. Esse significado se espalhou também pela Ásia, e hoje os idiomas chineses e japoneses também traduzem a palavra Domingo como o dia do astro-rei.


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LEITURA

O MUNDO VISTO DE

PERTO POR J.R.DURAN

Ilustrado com as aquarelas do fotógrafo catalão, o livro Cadernos de Viagem, de sua autoria, é um delicioso passeio por mais de cinquenta cidades do planeta.

POR LÉA MARIA AARÃO REIS FOTOS ACERVO PESSOAL

88 | AGOSTO 2013



LEITURA

J.R.Duran Quando alguém escrever a história da fotografia no país, o brasileiro nascido na Catalunha Josep Ruaix Duran, 61 anos e radicado em São Paulo há cerca de meio século, será inscrito em posição de destaque. Autor de um trabalho original e caleidoscópico, às vezes, as suas fotos são quase barrocas: as de moda e as das mais belas mulheres do país. Ágil, pragmático e culto, J. R. Duran é um imigrante duplo. “Desembarquei no porto de Santos ainda garoto; e nos 90 decidi voltar ao Brasil depois de longa temporada fora.” Duran ajudou a construir a nossa indústria da moda com o seu trabalho de editoriais. Ficou célebre fotografando belas nacionais em poses eróticas – Adriane Galisteu depilando o púbis é uma das suas fotos emblemáticas. Trabalha para campanhas de publicidade das mais poderosas empresas, e, este ano, descobrimos duas séries suas, marcantes: as deliciosas fotos falsamente ingênuas da série Blogueiras e um portrait do jogador de futebol Pato, elegantíssimo, vestido de sobretudo longo de lã. Como autor, Duran é um excelente companheiro de weekend do leitor de B&C. Ler o seu Cadernos de Viagem (Ed. Benvirá/Saraiva) é um deleite. São pequenas e agudas observações sobre 54 cidades visitadas por ele – de Trancoso e Calafate a Hong Kong; de Delhi e Los Angeles a Valeta e Asmara. Todas elas ilustradas com bonitas aquarelas de sua autoria, mostrando os quartos de hotel em que se hospeda. Quem quiser ir além, no universo literário de Duran, sugerimos também o seu Sevilla e Cadernos Etíopes e os romances noir: Lisboa e Santos. Haja fôlego! Porque este ano ainda vem aí o terceiro livro de ficção, um outro thriller. 90 | AGOSTO 2013

O catalão Duran se radicou no Brasil e enxerga como poucos as belezas do nosso país.

“Homem do renascimento”, de mil e uma atividades, Duran é desenhista, ilustrador, romancista, frasista (adora as frases de efeito), cronista e colunista. Fez inúmeras exposições em São Paulo e é conhecido e respeitado lá fora. Leitor voraz e grande viajante, é sobretudo um fino observador da espécie humana. Aqui estão desenhados, para B&C, depois de um papo de uma hora em ligação internacional precária, alguns traços menos conhecidos do catalão que não se cansa de ver o mundo em grande close.


FOTO: BETO BARATA

B&C: E tem a sua Revista Nacional. Este ano, quando for publicada, em outubro/novembro, será o quarto número. Como é o projeto deste catálogo no qual você passa a limpo o ano que está terminando? Duran: Publico minhas fotos do período, textos meus e de outros colaboradores, entrevistas que fiz, edito tudo, supervisiono a diagramação, o design, e a Gráfica Burti imprime dois mil exemplares numerados para serem distribuídos. Metade fica com ela, a outra metade comigo. Uma boa ideia sempre precisa de um mecenas. B&C: Há algum tempo você escreve e publica. Um romance, Lisboa, e mais os volumes Santos, Sevilla e Cadernos Etíopes. Duran: Fotografar me fascina. Mas a literatura, os livros têm uma magia. Leio e escrevo nos momentos livres. Lisboa é um “noir existencial”, como diz um amigo meu. A cidade sem sombras (ou Cidade sem sombra – ainda estamos decidindo o título) é outro noir que sai este ano pela Editora Saraiva. Vem completar uma trilogia iniciada com Santos: histórias que se passam em cidades próximas das águas.

B&C: E os famosos Cadernos de Viagem? Além de grande leitor você é um grande viajante. A crítica literária Luiza Furia, do jornal Valor Econômico, elogiou vivamente este trabalho. Duran: As anotações sobre as cidades são ilustradas com aquarelas de 54 quartos de hotel pelos quais fui passando em 35 países, além do Brasil, entre janeiro de 2008 e janeiro de 2011. É o registro da minha passagem em viagens que fiz da cidade de Itu, por exemplo, em São Paulo, a Paris. De Luís Correia, no Piauí, à República da Eritreia. Do Rio a minha cidade natal, Barcelona. >> AGOSTO 2013 | 91


LEITURA

“Homem do renascimento”, de mil e uma atividades, Duran, é desenhista, ilustrador, romancista, frasista (adora as frases de efeito), cronista e colunista. Fez inúmeras exposições em São Paulo e é conhecido e respeitado lá fora.

B&C: E como se consegue isto? Duran: Também lendo bons livros, boa literatura, ouvindo boa música e vendo filmes bons. Saindo nas ruas, encontrando pessoas, algumas conhecidas, outras anônimas, estrelas, astros, gente desconhecida, pessoas da moda, políticos, e fazendo os seus retratos. B&C: E no trabalho de fotos de publicidade? Duran: Também é necessário entender as pessoas que estão posando e o ambiente do momento. A nossa bagagem deve ser sempre renovada. Precisamos ir sobrepondo camadas de conhecimento do mundo. Não, quando comecei a fotografar eu não pensava em comercializar isto.

B&C: Qual foi sua primeira câmera? Duran: Não lembro. Faz tanto tempo. Lembro que quando decidi ser fotógrafo não era para comercializar a atividade. Era um impulso prazeroso. Queria ver de perto as pessoas, a vida. Se era para ser ou não uma profissão no futuro eu não tinha ideia. Assim como lemos nos livros as histórias das pessoas e da vida, eu queria ver isto com a câmera. Não havia o sentido de me organizar para a atividade ser rentável. Eu não pensava em criar uma empresa, por exemplo. Eu queria fazer o que gostava de fazer e queria aprender.

B&C: Mas quando a pessoa se profissionaliza é diferente. Duran: Claro. Ela precisa ter a disciplina profissional. Em qualquer atividade é assim. Precisa-se encarar o trabalho disciplinadamente. Às vezes, as pessoas pensam, romanticamente, que um fotógrafo só precisa “correr o mundo em liberdade”. Elas não lembram que há uma coisa chamada responsabilidade. Certas vezes, no estúdio, tenho me esperando cerca de 40 pessoas envolvidas numa determinada produção fotográfica. Olhe quanto de recursos foram gastos ali, quanto dinheiro!

B&C: Esta é a sua receita profissional? Duran: Todo fotógrafo, todo profissional, tem uma receita. A minha sempre esteve baseada na minha curiosidade e na vontade de entender as pessoas e o mundo.

B&C: E o fotojornalismo? Duran: Tenho a maior admiração. Cartier-Bresson, os correspondentes de guerra... Um dia perguntei ao (Sebastião) Salgado: ‘como é que você faz para chegar naqueles lugares incríveis que fotografa?’. >>

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Na página ao lado, ilustrações de Cadernos de Viagem retratam, em aquarelas, os apartamentos dos hotéis onde duran se hospeda. acima, na ilha de páscoa: duran ao lado dos moais, as enigmáticas estátuas de pedras vulcânicas.


LEITURA

B&C: Mas observando o seu trabalho pode-se dizer que você também é um romântico. Duran: Vejo a minha profissão numa perspectiva romântica. Mas estou sempre alerta, sempre ligado. Eu não desenvolvo o meu trabalho de uma forma hedonista. De qualquer modo, a chave do bem-estar do indivíduo é fazer o que ele gosta. B&C: No mundo de hoje, mais complexo, isto é possível? Duran: Trabalhar no que se gosta não depende de o mundo atual ser mais ou menos complicado. Isto depende de cada pessoa. O mundo é um mercado. Hoje, este mercado está mais agressivo? Pode ser, mas por outro lado é um mercado que cada vez mais busca ações novas, originais e consistentes. B&C: Há alguma personalidade cujo retrato você gostaria de fazer? Duran: Não. Eu vou aceitando as pessoas que encontro. Eu fotografo as coisas do modo como eu gostaria que elas fossem. E isto não é manipulação. Assim, eu vejo o mundo mais bonito e as pessoas mais interessantes. Posso dizer que sou um multiplicador de predicados... B&C: É possível captar, além da beleza, a inteligência do indivíduo? Duran: Quando faço um retrato, a minha intenção é mostrar a pessoa inteira e capturar um pedaço dela. Procuro sempre captar algum detalhe, alguma coisa, por pequena que seja, daquela pessoa. Até um relance de brilho no olhar dela. Para isso é preciso haver cumplicidade. B&C: Suas fotos de moda e de belas mulheres nuas são célebres. Entraram para a história fotográfica do país. A série um e dois de Adriane Galisteu depilando o púbis, primeiro em Santorini, na Grécia, em 95; anos depois, em Positano, na Itália, causaram grande furor. Nas duas séries ela usa apenas uma camisa azul de seda. A camisa era um fetiche? Duran: Zero fetiche, 100% acaso. Mas quando a lenda é maior do que a realidade, imprima-se a lenda.

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B&C: E qual é a viagem dos seus sonhos? Duran: A viagem não é o lugar de chegada. É tudo que se relaciona com ela: o projeto da viagem, as pesquisas sobre o lugar que vamos conhecer, a viagem em si, o aeroporto, tudo é a viagem. B&C: É como no budismo que diz que o caminho é que importa, não é chegar ao fim do caminho? Duran: Com uma diferença: eu quero chegar lá, no destino da viagem. B&C: Alguma cidade é eleita por você como a mais fascinante? Duran: Todas as cidades têm uma alma e têm seus fantasmas. Duas me impressionaram. Uma é Asmara, capital da Eritreia, ex-colônia italiana na primeira metade do século XX. Cidade incrível, toda em estilo art decó, construída por dezenas de arquitetos italianos futuristas que trabalharam lá, na época, contratados pelo governo de Roma. É fantástico admirar naquela região do Chifre da África a arquitetura europeia dos anos 30. A segunda, capital da Ilha de Malta, é a cidade de Valeta. É outra que fascina. O quadrinista italiano Hugo Pratt, autor de Corto Maltese, foi seu habitante. Caravaggio, Napoleão, muitos outros personagens históricos e lendários passaram por lá. Valeta foi cenário das grandes batalhas dos célebres Cavaleiros da Ordem de Malta (de São João) que enfrentaram ali, certa vez, um exército de 30 mil turcos e levaram a melhor. B&C: Em qual cidade você viveria bem? Duran: Em qualquer cidade, desde que ela tenha um aeroporto internacional, uma porta de entrada e de saída para que eu entrar e sair quando me der vontade. B&C: Quais são as suas referências literárias? Duran: Se eu fosse para uma ilha deserta e só pudesse levar um livro, ele seria La Invención de Morel, de Adolfo Bioy Casares. B&C: Em qual idioma prefere ler? E falar? Duran: Gosto de ler em português, francês e espanhol. Falar, falo qualquer um, mesmo os que não sei falar... >>


FOTO: JONNE RORIZ


LEITURA

“Todas as cidades têm uma alma e têm seus fantasmas. Duas me impressionaram: Uma é Asmara, capital da Eritreia - A segunda, a capital da Ilha de Malta, a cidade de Valeta”. B&C: E o que está lendo atualmente? Duran: Flaubert, de Michel Winock, publicado pela Gallimard este ano. B&C: Referências cinematográficas? Duran: François Truffaut, porque ele sabia ver a vida de perto. E levaria para a ilha deserta, junto com o Casares, o filme de Wong Kar-Wai, In the mood for Love, que no Brasil se chamou Amor à flor da pele. B&C: Você é um cinéfilo? Duran: Há um livro, Os 100 melhores filmes do século XX, que eu abri e constatei que deles já vi 97. Só três ficaram de fora. Então, posso me considerar um cinéfilo! B&C: Sua observação sobre o silêncio é curiosa. Você adora o silêncio. “Só o silêncio salva”, costuma dizer. “É amigo e conselheiro.” No entanto, os espanhóis e os brasileiros são tão ruidosos... Não incomoda viver no meio dessa algazarra? Duran: Não... (ri) Tenho janelas com vidros antirruído no meu escritório e em casa. Quando quero silêncio, fecho as janelas e pronto. Há um amigo que decidiu vender plaquinhas com a frase “é melhor ficar quieto e parecer uma anta do que abrir a boca e deixar os outros terem certeza disso”. Se cada um a colasse ao lado do computador, acho que o mundo seria melhor.

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A caixa de recordações guarda fotos, recados e tantas outras memórias vivas.

B&C: Eu soube que você é piloto de helicóptero. Fotografa, escreve, desenha, pilota helicóptero... Só falta a árvore. Duran: (Rápido) A árvore, eu já plantei. Fiz os cursos para pilotar, tirei brevê, voei em vários países, me dediquei e cheguei num ponto em que ou comprava um helicóptero ou... (Modesto e tímido) Não posso declarar que sou um piloto de helicóptero... B&C: Diga rápido: qual é o weekend dos seus sonhos? Qual é o melhor lugar do mundo? Duran: Sábados à tarde vêm os amigos, há as leituras... Olha, o melhor lugar do mundo é o sofá da minha casa. B&C: Nada de trabalho? Duran: Não é isto! Gosto de trabalhar nos fins de semana. Quando não tenho o sofá da sala e não há amigos, trabalho. “Quero sempre mais encrenca!” Os ingleses costumam dizer “one apple a day keeps the doctor away”. Eu adaptei para “one picture a day keeps de doctor away”.* *(Comer) Uma maçã por dia mantém o médico distante. / Fazer uma foto por dia mantém o médico longe.


Gyrofocus © dominique imbert 1968

As mais belas coisas do mundo têm curvas...

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Esta Lareira é uma ‘Gyrofocus’, criada em 1968 por Dominique Imbert e eleita o ‘mais belo objeto do mundo’ em 2009. Esteve em exibição em alguns dos mais conceituados museus do planeta (Guggenheim de New York, Museu de Arte Contemporânea de Bordeaux, etc.) e ganhou inúmeros prêmios de arte ao longo dos anos, transformando-se num ícone do design moderno. Esta e outras criações da marca Francesa ‘Focus’ chegaram ao Brasil, e poderão ser vistas e sentidas nas lojas Artefacto de São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. As Lareiras ‘Focus’ são objetos de arte, produzidas por encomenda e sob medida no Sul de França. Cerca de 60 modelos estão disponíveis.

Focus Brasil : T1 +55 (11) 997-288-199 T2 +55 (21) 8841-4020 focus@focus-creation.com.br MADE IN FRANCE


ARTE

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O

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FOTO: DANIELA PAOLIELLO

ARTE

1.

1. A Galeria Tunga, aberta em 2012, possui 2.400 metros quadrados, divididos em três níveis. Essa galeria permanente abriga obras de sua importante trajetória artística. 2. No entorno da galeria, o próprio Tunga fez instalações com redes, de onde é possível avistar a bela paisagem do entorno. Essa conversa entre obra de arte e objeto de uso faz parte do trabalho do artista. 3. A obra True Rouge foi a primeira obra de Inhotim e antes da inauguração do instituto já pertencia à coleção de Bernardo Paz.

Tunga é um dos poucos artistas brasilei-

ros que alcançaram espaço e respeito nas mais prestigiadas galerias do mundo. Registrado em cartório como Antonio José de Barros Carvalho e Mello Mourão, o artista nasceu em Pernambuco, mas morou no Rio de Janeiro desde a idade em que consegue se lembrar. Filho do escritor Gerardo de Mello Mourão, Tunga conheceu o modernismo brasileiro muito cedo. Iniciou sua carreira após cursar Arquitetura e viver por algum tempo na efervescente Paris, onde conviveu com artistas e filósofos, como François Wahl, que o orientou na leitura do Hegel. Segundo ele, “foram dois anos de intensa produtividade, não em termos de obras, mas de elaboração de obras”. Seu trabalho busca ressaltar as relações de tempo, espaço e matéria, discutindo a efeme-

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ridade de um instante em peças permanentes. Certa vez, declarou que não produz arte, é, sim, uma experiência para aguçar o olhar das pessoas sobre o mundo. O universo reflexivo de Tunga em suas esculturas, desenhos e performances, é impregnado de poesia, psicanálise e diversas ciências (arqueologia, paleontologia, zoologia), em que a transformação da matéria corresponde a do espírito. Como escreveu o crítico Paul Sztulman, “frequentemente lidando com o excesso – muitas de suas obras foram realizadas através do acúmulo de materiais pesados –, Tunga apresenta objetos comuns que passaram por uma estranha transformação: dedais, agulhas gigantes ou pentes”. Considerado artista fundamental de Inhotim, segundo Jochen Volz, um dos curadores do instituto, Tunga foi essencial na formação da coleção de Bernardo Paz. >>


FOTO: EDUARDO ECKENFEIS

2.

3.

AGOSTO 2013 | 101 FOTO: DANIELA PAOLIELLO


Na página ao lado Além de museu, Inhotim é um deslumbrante jardim botânico projetado por Burle Marx, usando espécies pouco frequentes em paisagismos.

Ao lado de Cildo Meireles e Miguel Rio Branco, foi um dos incentivadores da criação do parque, hoje o quarto museu em visitação no Brasil, com mais de 700 mil ingressos vendidos em 2011. “True Rouge” foi a primeira obra do principal centro de arte contemporânea do país e, antes mesmo da inauguração do instituto, em 2002, já pertencia à coleção de Bernardo Paz, dono do empreendimento no interior de Minas Gerais. Paz comprou a instalação de Tunga em 1994, dois anos depois de sua criação. Em setembro de 2012, o artista pernambucano Tunga ganhou, no Inhotim, um prédio permanente para abrigar obras de sua importante trajetória artística. A Galeria Tunga, possui 2.400 metros quadrados, divididos em três níveis. Cada espaço abriga uma obra de arte do artista, sendo que a última e mais alta delas possui uma visão 360 graus para a mata nativa do Jardim Botânico Inhotim. Uma sala totalmente subterrânea abriga projeções de vídeos e imagens. A construção da nova galeria começou em junho de 2011 e foi concluída em maio de 2012, com arquitetura do escritório Rizoma, de Belo Horizonte, também responsável pelos projetos do restaurante Oiticica e pela Galeria Lygia Pape em Inhotim. 102 | AGOSTO 2013

FOTO: DANIELA PAOLIELLO

Nesta página O universo reflexivo de Tunga em suas esculturas, desenhos e performances é impregnado de poesia, psicanálise e diversas ciências.

FOTO: DANIELA PAOLIELLO

ARTE


FOTO: RICARDO MALLACO

INHOTIM – Um universo paralelo

A 60 quilômetros de Belo Horizonte, dentro do município de Brumadinho, Inhotim tornou-se nos últimos anos, segundo seus visitantes, um dos melhores lugares do mundo onde se pode estar. O Instituto Inhotim, que contempla o maior museu a céu aberto do mundo e um jardim botânico, é difícil de ser definido em alguma frase pontual. Ao invés de ser definido, deve ser contemplado. Pelos 786 hectares estão espalhadas mais de 500 obras de 100 artistas contemporâneos mundiais, muitas delas feitas especialmente para o local. Nas últimas duas décadas, as obras foram garimpadas por um time de experts financiados por um sonhador, que tinha, além de dinheiro, algo muito importante em mãos na hora da compra: espaço para manter todas as obras em exposição permanente. Ao contrário de outros museus que fazem mostras temporárias com os seus acervos, Inhotim cresce a cada dia conforme a aquisição incessante de

novas peças, muitas delas que ocupariam salas inteiras do Tate Modern em Londres ou do Palais de Tokyo em Paris. Poucas instituições tiveram o luxo de dedicar milhares de acres de jardins, encostas e campos a nada além de arte, e instalar a arte ali, para sempre. Entre as inúmeras galerias, destacam-se as obras de Cildo Meireles, Vik Muniz, Adriana Varejão, Hélio Oiticica, Matthew Barney, Doug Aitken, Chris Burden, Yayoi Kusama, Zhang Huan, Valeska Soares e Rivane Neuenschwander. A curadoria feita atualmente pela coreana Eungie Joo, com a ajuda da equipe composta por Rodrigo Moura, Allan Schwartzman e Júlia Rebouças busca obras que causem impacto também no público leigo. Nada passa batido ou despercebido. Andar de um lado para o outro nas visitas chamadas de panorâmicas em busca das obras é por si só uma descoberta. As galerias surgem por meio de trilhas na mata e podem ser descobertas com ou sem os guias. >> AGOSTO 2013 | 103


FOTO: TIBÉRIO FRANÇA

ARTE

Desde 2010, o instituto conquistou o registro de jardim botânico e hoje faz parte das 46 instituições da Rede Brasileira de Jardins Botânicos. São mais de quatro mil espécies de plantas espalhadas por uma área de 100 hectares de visitação. Ao lado, um dos bancos espalhados pelo instituto, que foram feitos de espécies que morreram de forma natural.

FOTO: RICARDO MALLACO

Por entre lagos, campos e árvores, Inhotim acolhe obras expostas também em seus jardins, fora de galerias.



A celebrada galeria da artista brasileira Adriana Varejão, que produziu obras site-specific especialmente para Inhotim.

FOTO: PAULO BRENTA

Os jardins de ambiente semitropical projetados no estilo vagamente surrealista do paisagista brasileiro Roberto Burle Marx contam com o uso de espécies pouco frequentes em paisagismos e a forte associação de cores à escala monumental do jardim como um todo. O “artista de jardim” projetou, aproximadamente, 18 mil m2. Tornou-se referência para os outros tantos mil metros que prosseguiram nas mãos de Pedro Nehring, Luiz Carlos Orsini e Eduardo Gonçalves. Desde 2010, o instituto conquistou o registro de jardim botânico e hoje faz parte das 46 instituições da Rede Brasileira de Jardins Botânicos. São mais de quatro mil espécies de plantas espalhadas por uma área de 100 hectares de visitação. O local abriga vários trabalhos baseados na sustentabilidade. A bióloga Letícia Aguiar explica que cerca de 100 bancos espalhados pelo instituto foram feitos de espécies que morreram de forma natural. O artista plástico Hugo França faz um trabalho de design para produzir os bancos. “Não precisamos extrair as espécies naturais, podemos esperar que a natureza se encarregue do seu ciclo de vida e a gente faz o aproveitamento da madeira.”

FOTO: RICARDO MALLACO

ARTE


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ALMA BRASILEIRA Autodidata como Zanine Caldas, Claudio Bernardes deixou um legado acima de qualquer suspeita quando o assunto é arquitetura brasileira de alto nível.

POR LUIZ CLAUDIO RODRIGUES FOTOS LEONARDO FINOTTI

A

integração à natureza foi a marca registrada nos projetos de arquitetura de Claudio Bernardes (1949-2001), que se notabilizou por criar casas para os ricos e famosos brasileiros em Angra dos Reis. Seu trabalho está ligado às boas coisas da vida, às horas de lazer, ao dolce far niente… Características secundárias, é claro, mas que proporcionavam a atmosfera perfeita para quem estava à beira-mar para curtir as horas de descanso. Associado a Paulo Jacobsen até sua prematura morte em 2001, Bernardes assinou com Cecedo (apelido de Jacobsen) cerca de 500 projetos em vida. Segundo os críticos de arquitetura, seus projetos possuem a mesma lógica das casas de Zanine: uma gaiola através de uma retícula de madeira. Filho do prestigiado Sérgio Bernardes, vivia e respirava arquitetura desde o berço. Nasceu em 1949 e aos onze anos de idade mudou-se com o pai para a casa da Avenida Niemeyer, que ficava

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bem próxima ao escritório do pai. Daí foi um pulo passar a frequentá-lo todos os dias. E assim, meio por acaso, nas suas horas livres, fora da escola, começou a desenhar seus primeiros trabalhos. Seu projeto da Casa da Ilha das Palmeiras (1973), desenhado quando tinha apenas 24 anos, marcou o início de sua independência como projetista. Um ano depois, Paulo Jacobsen abre seu escritório e a partir de 1979 associa-se a Bernardes. No começo, a produção da dupla foi de difícil compreensão para a mídia especializada que ignorava o conceito e as inovações de brasilidade impregnadas em cada uma delas. Agora, depois de dois livros (Claudio Bernardes - Arquitetura, de Nirlando Beirão, da editora DBA e Claudio Bernardes e Paulo Jacobsen: Percurso de uma parceria na arquitetura, dos autores Lauro Cavalcante e André Corrêa do Lago, publicada pela editora Capivara) que analisam a produção da dupla, os dois ganharam status e referência nacionais. >>


FOTO: NANA MORAES

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Acima – Casa das Palmeiras, em Angra dos Reis.

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Acima – Casa da Asa, em Laranjeiras: arquitetura bossa nova assinada por Claudio Bernardes.

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"Erguidas em lugares paradisĂ­acos, as casas de Claudio estĂŁo em praias, ilhas, montanhas ou bairros chiques da zona sul do Rio de Janeiro".


Casa das Curvas na Ilha do Cavaco em Angra dos Reis: arquitetura sinuosa planejada para se integrar às curvas da topografia.

De acordo com o artigo publicado na revista Projeto Design (bíblia dos arquitetos brasileiros), “no conjunto da obra de Claudio e Paulo há uma certa unidade. A grosso modo (sic), as casas possuem partidos palladianos. Ou seja, são implantadas tais como objetos, muitas vezes simétricos e regulares”. Com todo respeito ao grande arquiteto italiano do século 16, Palladio (Andrea di Pietro della Gondola, autor de obras-primas do século 16, admirado pelo contemporâneo Jorge Elias) não tem nada a ver com as construções de Claudio Bernardes. Este pode ser considerado um sucessor de Zanine Caldas pelo uso de vigas, pilares, grandes vãos e aberturas para a natureza. E Bernardes tem uma característica fundamental em suas obras: o uso desmesurado da madeira natural. Os espaços internos também têm suas particularidades. Há grande generosidade na circulação dos espaços internos, principalmente nas áreas de acesso e nas escadas. As salas de estar geralmente têm pé-direito duplo. “O cuidadoso detalhamento é típico de quem trabalhou muitos anos fazendo design de interiores”, afirmam os especialistas. Isso é verdade, pois Claudio e Paulo fizeram muitas reformas de apartamentos e tinham know-how de sobra para usar essa técnica em seus projetos, que eram cobiçados por todos que desejavam uma casa de praia arejada e com amplos espaços. Casas, em sua maioria, erguidas em lugares paradisíacos, seja de frente para a praia, ilhas, montanhas ou bairros chiques da zona sul da cidade do Rio de Janeiro. >> AGOSTO 2013 | 113


FOTO: TUCA REINÉS

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Três gerações de arquitetos brasileiros com a mesma linhagem. Ao centro, Claudio Bernardes com o pai Sérgio e o filho Thiago.

Um de seus últimos projetos o arquiteto não pode ver pronto: quatro ricos empresários cariocas compraram um terreno no extremo sul da Bahia, entre Trancoso e Caraíva, onde a eletricidade não chegava e as estradas cortavam pastagens de búfalos. A ideia de Claudio Bernardes era adequar as casas à fila de coqueiros à beira-mar. Quem passasse pelas casas iria achar estar diante de uma pequena vila de pescadores. Não teria ideia que os veranistas teriam ali, no meio do nada, o máximo de conforto encontrado nas melhores metrópoles do mundo. Depois de finalizados, os telhados cobertos de sapé, colhidos na própria região, disfarçavam os painéis de energia solar. A integração à natureza era uma obsessão de Bernardes. “Ele sempre tinha problemas com a Marinha. Sua vida foi uma constante luta contra regulamentos”,

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lembra o jornalista Nirlando Beirão. Apesar do vasto portfólio, Bernardes jamais assinou um projeto sequer. Todos levaram a assinatura de Paulo Jacobsen. Ele não tinha diploma de arquitetura. Desistiu da faculdade após o quarto ano de aulas, mas isso não fez a menor diferença no seu poder criativo. Bernardes alternava o trabalho no escritório com jantares na casa de amigos e da família. “Ele tinha uma qualidade para quem planeja onde e como as pessoas vão morar: sabia viver”, afirmou José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, um de seus grandes amigos, logo após sua inesperada partida. Sua carreira de sucesso acabou num acidente de carro, a caminho de Campo Grande (Mato Grosso do Sul), aos 52 anos. Uma vida breve, mas que ficou para a história da arquitetura brasileira.



À MESA

PORQUE HOJE É

SÁBADO (Vinícius de Moraes)

Ao contrário do que se aprende nas escolas, a feijoada nasceu em Portugal. Mas é no Brasil que ela brilha e é um dos nossos pratos mais conhecidos no exterior.


POR PEDRO CONTRERA FOTOS DIVULGAÇÃO

I

ngrediente fundamental da cozinha brasileira, o feijão nem sempre teve essa importância à mesa. A planta já era conhecida por índios, portugueses e africanos quando o Brasil começou a ser colonizado, no século 16, mas só começou a ganhar importância a partir do século 17, conforme explica o historiador Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), em História da alimentação brasileira, livro seminal para entender a nossa relação com a comida e a mesa. O feijão passou a ser um alimento essencial só no século 19, quando já havia sido amplamente adotado nos cardápios brasileiros, tanto em casas pobres como ricas. O explorador alemão Karl von den Steinen, em sua viagem subindo o rio Xingu, em 1884, destaca que “o prato predileto dos brasileiros é o famoso feijão-preto com carne seca”. A importância do feijão na alimentação nacional é tão grande que hoje o país é o segundo maior produtor do grão no mundo: foram 3,2 milhões de toneladas em 2010. Só ficou atrás da Índia, onde a produção foi de aproximadamente 5 milhões de toneladas, no mesmo ano. Às mesas brasileiras, a leguminosa é encontrada no onipresente feijão com arroz, nos caldinhos de botecos do Sudeste, na sopa de feijão com macarrão que dá as caras quando o frio chega e, claro, na emblemática feijoada, prato que, para muitos (especialmente para os estrangeiros), simboliza a culinária brasileira. A feijoada, porém, é um prato controverso. Os livros de história nos contaram que essa comida surgiu nas senzalas, com pedaços de porco que

os senhores portugueses descartavam, como orelhas, pés e rabos suínos. Nada mais equivocado. “Existem várias teorias sobre a origem da feijoada, mas eu acredito mesmo que a feijoada tem sua origem na culinária portuguesa. A carne de porco é muito utilizada em Portugal, assim como o feijão”, explica Ana Luiza Trajano, chef do restaurante Brasil a Gosto, em São Paulo, e pesquisadora da cozinha nacional. “Não tem nada a ver essa história, a feijoada é uma coisa portuguesa e já existia em Portugal bem antes de se tornar popular no Brasil”, critica o sociólogo Carlos Alberto Dória, autor de A formação da culinária brasileira. Esse hábito português de cozinhar feijão com carne de porco aparece em receitas que surgiram bem antes da feijoada brasileira. Nas regiões do Minho e no Douro, por exemplo, o prato é cozido com feijão branco (feijoada à poveira), enquanto em Trás-os-Montes se usa a variedade vermelha para preparar a feijoada à transmontana. Além de pedaços nobres de porco (lombo e costela), usa-se diferentes tipos de linguiça e outros vegetais como couve, cenoura e tomate. E miúdos como orelhas, pés e rabos suínos são muito apreciados pelos patrícios, ao contrário do que acontece no Brasil. “Os portugueses valorizam muito estas partes, ao contrário da antiga versão que sempre ouvimos, a que os escravos utilizavam as carnes desprezados pelos seus patrões”, acrescenta Ana Luiza. Vale lembrar, ainda, que receitas com feijão, carnes e embutidos aparecem em outros países da Europa, como o cassoulet, na França. >> AGOSTO 2013 | 117


À MESA


O prato mais típico da cozinha brasileira só existe quando acompanhado: de arroz, farofa, couve, laranja e pessoas queridas.

Se a feijoada é de origem portuguesa, então de onde saiu essa história de que ela foi inventada por escravos? Para Dória, essa é uma invenção criada para promover um suposto “prato nacional” no exterior. “Nas décadas de 1930 e 1940, intelectuais brasileiros divulgaram essa história para vender o Brasil lá fora. Mas é uma caricatura feita pela indústria do turismo, que tenta enquadrar um prato como se ele fosse um ícone da culinária nacional. Essa é uma mitologia que não ajuda em nada a entender essa questão”, afirma. O que é importante, sim, ressaltar é que a feijoada que comemos aos sábados (ou aos domingos) é diferente das outras e tem uma cara brasileira. “Ela começou a ser formatada no Rio de Janeiro, por volta do século 18, quando os soldados passaram a incluir o feijão gordo na boia”, diz Dória. Com o tempo, os acompanhamentos – em especial o arroz e a couve – foram sendo acrescentados. O sociólogo, aliás, destaca que essas mudanças são espontâneas e partem mais do lado de quem come do que de uma receita única criada por algum chef ou ditada por alguma “autoridade”. “A laranja, por exemplo, era uma fruta popular já no século 19, mas levou algumas décadas até que ela fosse considerada acompanhamento da feijoada. Isso só vai acontecer entre as décadas de 1920 e 1940”, diz. E, como quem dita as mudanças são as pessoas que cozinham e comem, o chamado “gosto popular”, o prato está em constante evolução. “Couve, laranja, farofa e arroz são os acompanhamentos tradicionais da feijoada”, diz Ana Luiza. “Mas cada um quer dar seu toque especial à feijoada, por isso o surgimento de outros itens, como a bisteca, a banana frita e o vinagrete”, acrescenta a chef. O que dá espaço também para coisas como a feijoada light, que não tem os miúdos suínos – mas não tem nada de “light”. “Isso é o marketing da baixa caloria. A orelha é só cartilagem e não tem gordura”, ironiza Dória. >> AGOSTO 2013 | 119


À MESA

Outra evolução é o fato de a feijoada ser servida em cumbucas, para dar um ar mais chique ou para facilitar o serviço nos restaurantes. “O prato nasceu como um cozido único, como a moqueca”, diz Ana Luiza. As pessoas se serviam direto do caldeirão – como ainda acontece hoje quando se preparara feijoada em casa. E também nas escolas de samba, especialmente no Rio de Janeiro, onde o prato é quase uma instituição. O casamento entre o ritmo musical e o prato é tão forte por lá que recentemente foi publicado um guia que indica quais os lugares mais tradicionais para provar a receita, como Mangueira, Portela, Unidos do Porto da Pedra, Viradouro e outras sete escolas ou agremiações de samba da cidade. Geralmente o prato é servido às quartas e aos finais de semana. Mas são os sábados e domingos os dias reservados para se fartar com a iguaria. “Em São Paulo, a feijoada é um prato de sábado. Mas em muitos outros lugares ela é um prato de domingo”, continua Ana Luiza. “Imagino que o motivo seja a dificuldade de voltar ao trabalho depois de almoçar”, brinca. Aliás, não é à toa que a chef destaca que esse é um prato de almoço.

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Pesada, não é uma receita que se prepara para um jantar. Marketing ou não, não dá para negar que a feijoada é um ícone da nossa cozinha. “Ela não sintetiza a culinária brasileira, mas representa o Brasil mundo afora”, afirma a chef Mara Salles, proprietária do restaurante Tordesilhas, em São Paulo. E, seja de sábado ou domingo, com ou sem laranja ou bisteca, lugares não faltam para quem quer provar uma boa feijoada. A seguir, você confere alguns lugares renomados pelo preparo do prato.

A feijoada enobreceu e hoje é mais comum encontrar carnes mais leves entre as diversas receitas existentes.

SERVIÇO Rubaiyat

Tordesilhas

Na tradicional churrascaria paulistana, a feijoada também é uma das estrelas. É servida às quartas e aos sábados em sistema de bufê.

Somente aos sábados, serve uma das melhores feijoadas de São Paulo, feita com ingredientes de primeira.

Alameda Santos, 86 – Cerqueira César – São Paulo – SP Tel.: (11) 3170-5100

Bolinha Sem dúvida, o restaurante mais tradicional para quem quer provar esse prato. Vem em cumbucas, em versões normal e “light” e é servida todos os dias. Avenida Cidade Jardim, 53 – Itaim Bibi – São Paulo – SP Tel.: (11) 3061-2010

Feijoada da Lana Servida com os pertences separados, o bufê também dá direito à batida, cachaça e doces aos fins de semana. Rua Aspicuelta, 421 – Vila Madalena – São Paulo – SP Tel.: (11) 3814-9191

Alameda Tietê, 489 – Jardins – São Paulo – SP Tel.: (11) 3107-7444

Antiquarius Considerada a melhor feijoada do Rio de Janeiro. É servida de quinta a sábado. Rua Aristides Espínola, 19 – Leblon – Rio de Janeiro – RJ Tel.: (21) 2294-1049


Araquém Alcântara • Mata Atlântica

Especializada em fotografia desde 1999.

Galeria de Babel - Latin America Rua Paes de Araujo 77 / SL 5 Itaim Bibi CEP 04531-090 São Paulo - SP - Brasil + 55 11 3825 0507 facebook.com/galeriadebabel galeriadebabel.com

by appointment only AGOSTO 2013 | 121


bússola

Angra 365 Weekends no Paraíso

dos Reis por Léa Maria Aarão Reis FOTOs divulgação

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e Búzios é toda azul, Angra dos Reis tem nuances inimagináveis dos verdes da Mata Atlântica, que abraça as 365 ilhas do arquipélago descoberto pelos portugueses num dia seis de janeiro, o Dia dos Reis Magos. Para quem gosta de fazer contas, dá para explorar uma ilha por dia durante um ano. Ou, pelo mesmo período, sete ilhas a cada weekend. Nada mal visitá-las a cada fim de semana, incluindo a parada obrigatória da embarcação no Saco do Céu, na Ilha Grande. Destino turístico superexclusivo situado a quatro horas de carro de São Paulo e distante duas horas do Rio de Janeiro, é um dos locais preferidos dos paulistas e cariocas de bom gosto que querem água, sombra fresca e relaxamento. E dos estrangeiros bem-sucedidos que aportam no Brasil. No continente, os condomínios são reservados. Discretos e familiares. Hotel do Frade, o primeiro, é um deles.

Foi criado nos anos 60 pela família do empresário Carlos Borges e é o mais sofisticado. Outros: o lendário Clube Mediterranée, o Portogalo e o Portobelo, onde o famoso médico nutrólogo João Curvo, há 18 anos, organiza spas de uma semana recheados de celebridades. Já as ilhas guardam histórias que as colunas sociais nunca contaram – e nem podiam contar! – e fornecem dicas que os manuais de viagem não registram. Hoje, Angra dos Reis é um vasto mundo de luaus – alguns particulares, até privadíssimos, e outros para 200 pessoas. Um mundo da pesca submarina e dos mergulhos em águas cor de esmeralda, povoado de barcos, escunas, veleiros, saveiros, catamarãs, luxuosos iates e lanchas; em certos fins de semana de verão há até engarrafamento marítimo. Angra é também o universo que abriga três ícones do alto luxo contemporâneo, grandes objetos de desejo de todos: total privacidade, espaço e silêncio. >>



bĂşssola


A origem da lenda de Angra

No arquipélago de Angra dos Reis, é possível visitar uma ilha por dia, durante um ano, sem repetir a mesma. O mar cristalino deixa saudades antes mesmo de ir embora do paradisíaco lugar.

"A Costa do Verde se divide em antes – até começo dos anos 70 – e depois da Estrada Rio-Santos", lembra um ex-colunista social, observador privilegiado das duas fases da região. Na primeira, chegava-se a Angra exclusivamente de barco ou viajando por terra descendo a Serra do Mar pela via Dutra, Cunha e Paraty. “Só Deus sabe como era complicada essa expedição”, ele lembra. Era o tempo do jornalista Roberto Marinho, do cirurgião plástico Ivo Pitanguy – que comprou e se instalou na hoje célebre “ilha do Pitanguy”, a Ilha dos Porcos – e do empresário Fernando Delamare, todos cariocas e amantes da pesca submarina, “desbravadores angrenses daquele período em que o chic – mas menos requintado – era Cabo Frio e, depois, Búzios”. A proteção da integridade de Paraty, nessa época, ficava por conta do príncipe D. João de Orleans e Bragança e de paulistas iniciados. Américo Marques da Costa, Flavio Villaboim de Carvalho, o ator Paulo Autran, a atriz Maria Della Costa, a artista plástica Djanira. Depois vieram Glorinha Kalil, Carlos Niemeyer. Estavam ainda bem distantes os jatinhos, os helicópteros e os grandes iates. Com a BR-101 asfaltada, chegaram outros personagens lendários fazendo o mesmo que Brigitte Bardot fez com Búzios. Confirmaram Angra no mapa dos destinos turísticos mais desejados pelos ricos do planeta: o dentista Olympio Faissol, autor dos primeiros sorrisos de dentes brancos/ leite, dos astros e estrelas globais – a “sua” praia hoje é badalada e foi batizada de Praia do Dentista –; João Bonifácio, o Boni da TV Globo, que construiu a casa na Ilha da Gipoia; o banqueiro Almeida Braga – o Braguinha –, então dono do Banco Nacional. Ayrton Senna. O político Miro Teixeira, o cineasta Ruy Solberg, o empresário João Batista do Amaral. >> AGOSTO 2013 | 125


BÚSSOLA

As casas semiescondidas pela vegetação atlântica, nas ilhas, são algumas das maiores atrações turísticas da Angra de hoje. Construídas por arquitetos consagrados, elas já foram apontadas pelas mais conceituadas revistas internacionais especializadas como autênticas obras de arte.

Casas obras de arte As casas semi-escondidas pela vegetação atlântica, nas ilhas, são algumas das maiores atrações turísticas da Angra de hoje. Construídas por arquitetos consagrados, elas já foram apontadas pelas mais conceituadas revistas internacionais especializadas como autênticas obras de arte. Navegar até cada uma das ilhas onde estão localizadas essas construções é um roteiro novo e obrigatório para os visitantes. Algumas têm a grife do escritório dos arquitetos Thiago Bernardes e Paulo Jacobsen, como as 30 casas do condomínio da Ponta da Mombaça. A CF House e a Casa das Três Irmãs, em Portogalo. A Casa das Curvas, na Ilha do Cavalo, com cerâmica azul de Brennand – uma das mais espetaculares. A célebre CB House, transparente e leve, concebida em madeira (o cumaru é a madeira mais usada nas construções de Angra), pedras, bambu, aço, vidro e cerâmica, com o belo telhado de palha. Muitas dessas belezas arquitetônicas mostram a influência da fluidez das linhas japo-

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nesas que o jovem arquiteto Bernardes, neto de Sergio Bernardes, tanto admira. Mas nenhuma delas tem o nome de seu proprietário divulgado. Como dissemos, discrição e privacidade são duas marcas da Costa Esmeralda, como também é chamada a Costa Verde. Já a ilha da mansão dos Pitanguy continua sendo uma preciosa reserva ambiental onde reinam, livres, socós, atobás, fragatas, cisnes e antas, e onde foi elaborado um criadouro de aves silvestres. Nos mares que rodeiam a Ilha dos Porcos há garoupas, baiacus e polvos em quantidade. Este cenário de paraíso hospedou, por exemplo, o ator Tom Cruise (onde ele provou, pela primeira vez, a famosa moqueca local e a nossa farofa – e ficou louco pela farofa), além de muitos outros astros e estrelas do cinema que lá se recuperaram das cirurgias plásticas realizadas no Rio pelo anfitrião. Além, naturalmente, de dezenas de políticos destacados e ministros de estado em vias de rejuvenescer. >>



BÚSSOLA

As águas translúcidas são ideais para mergulhos e pesca submarina. Fãs dessas modalidades se encantarão com a beleza submersa.

Um roteiro marítimo Informações importantes para quem vai singrar as águas de Angra num fim de semana prêt-à-porter: a Ilha da Gipoia é a mais badalada e a mais procurada do arquipélago. É um must. Está distante do Iate Clube da cidade, que se situa no continente, a 30 minutos de navegação. Nela, algumas praias são obrigatórias: a Praia das Flechas, a de Jurubaíba (aquela que acabou sendo apelidada de "Praia do Dentista" e onde acontecem baladas e luaus animados), a Praia do Vitorino – uma das mais bonitas do local – e a Praia da Igrejinha (a igreja é a de Nossa Senhora da Piedade). Na Ilha Grande, que dá nome à vasta baía onde está Angra dos Reis e Paraty, a sugestão é ir co128 | AGOSTO 2013

nhecendo, aos poucos, as mais de cem praias deslumbrantes – especialmente as de mar alto, chamadas de “praias de fora” da sua costa. Com destaque para a de Lopes Mendes, catalogada como uma das cinco mais belas do Brasil, com fantásticos tons de azul turquesa das águas e uma areia branca que “canta” quando caminhamos. E na Ilha de Itanhangá, não deixe de lançar âncora caso esteja em veleiro, ou de desligar os motores, se estiver embarcado numa lancha. Dê um bom mergulho de tarde e vá ficando para admirar o pôr-do-sol, que é espetacular. O crepúsculo visto dessa ilha é uma das grandes atrações dos fins de semana de verão, em Angra. Não perca.


As baladas Os luaus, as baladas, as festas e a gastronomia se confundem nos bares das ilhas de Angra dos Reis. O Luiz Rosa, na Gipoia, por exemplo, é um clássico. Lançou o peixe com banana, uma especialidade da região (ver receita). Seu cardápio é simples, mas irrepreensível. No Saco do Céu, parada de praticamente todas as embarcações que navegam por aqueles mares verdes, há o restaurante Reis Magos. Lá, a moqueca é honesta e a manjubinha frita, uma delícia. É o centro gastronômico da Ilha Grande, assim como o Saco do Céu é um dos pontos imperdíveis da região. (Atenção: não deixe de carregar na bagagem repelente; lá os mosquitos não aliviam.)

O Coqueiro Verde, localizado também no Saco do Céu, oferece um serviço de delivery aquático, em weekends concorridos. Os garçons levam até o barco a pedida feita pelos navegantes. Entre os peixes fresquinhos, figurinhas fáceis de Angra, o mais comum é o badejo mira. Também tem robalo com frequência e, na piscina da usina atômica encontra-se até xaréu – mas lá a pesca não é permitida. Do lado de fora da Ilha Grande, em Lopes Mendes, tem anchova, pampo, olho de boi, cação, garoupa, bijupirá, mais badejos, bicudas, salteiras, sororocas, cavalas e olho de cão, cioba (delicioso) e cherne. Na Ilha Grande há criação de ostras, mexilhões, vieiras e similares para as coquilles Saint-Jacques. >> AGOSTO 2013 | 129


BÚSSOLA

Em Angra não há camarão; ele vem de Sepetiba. Em compensação, bem escondidos e descobertos com muita paciência em algumas costas de pedras das ilhas são encontrados ouriços – que os franceses adoram comer com um limãozinho. Resumindo: os fãs que se garantam. Se o destino é Angra dos Reis, é aconselhável levar binóculo. Na proa de alguma escuna ou na lancha de última geração pode estar, pegando sol e à vontade, alguma celebridade da TV. E num dos spas de João Curvo, no Portobelo, pode-se esbarrar com Claudia Abreu, Danielle Winits, Thiago Fragoso ou com a bela Cléo Pires tomando café da manhã na mesa ao lado. Mas atenção. Nos dois casos é expressamente proibido abordar o ídolo por mais que ele seja adorado. Muito menos pedir autógrafo. A regra número um do convívio civilizado em Angra dos Reis é a discrição e o respeito à privacidade. Por isto, o arquipélago mais famoso do Brasil é pulverizado em 365 ilhas. Deslumbrantes.

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Informaçþes e Reservas | Nascimento Jardins - Telefone: (11) 3882 1000


PERFIL

A Redescobrindo

Alex Atala


Alex Atala O mago da cozinha brasileira revelou suas experiências gastronômicas caseiras no mercadinho do restaurante Dalva e Dito num final de tarde de uma sexta-feira, já com espírito de fim de semana.

POR SERGIO ZOBARAN FOTOS PAULO BRENTA

E

nquanto lança em outubro, na Inglaterra, seu primeiro livro fora do Brasil – ‘Redescobrindo ingredientes brasileiros’, pela editora Phaidon, com edições em português, inglês, alemão e holandês, o paulistano Alex Atala mantém em São Paulo uma rotina típica de profissional da cozinha e dono de restaurante ao mesmo tempo. Passa mais de doze horas por dia em seus quatro postos de trabalho, os dois restaurantes, o mercadinho e a padaria no bairro dos Jardins. Ali vai à feira, onde faz pessoalmente as compras. Também faz as contas, cozinha, comanda, se reúne, dá entrevistas quase todos os dias e ainda confere, à mesa, se os clientes estão satisfeitos. Em geral, estão, e muito. Tiram fotos com o Alex-celebridade, à frente do D.O.M., um dos restaurantes top ten do mundo, e conhecem um pouco mais do Alex-gente boa, ruivo e risonho, e com um orgulho maior: “o de ser brasileiro”, frase que repete como um mantra incorporado, e que não é puro marketing. Trabalhador em tempo integral durante a semana, ele elege todos os fins de semana para... cozinhar! “No fim de semana não quero trabalhar”,

diz Alex Atala diante de um dia cheio, como sempre. Em sua rotina de segunda a sábado, ele chega às 11h da manhã à ‘sua’ rua (a sofisticada Barão de Capanema, incrustada nos Jardins, em São Paulo), onde cumprimenta todo o mundo e mantém quatro negócios: seus restaurantes D.O.M. e Dalva e Dito, além do Mercadinho instalado neste último, com o mesmo nome, e da padaria Em Nome do Pão, que atende exclusivamente aos seus restaurantes. De lá só sai quando o último freguês deixa a mesa, ali pela 1h ou 2h da manhã. A vida dele é assim há 14 anos, e Alex, aos 45 anos, paulistano da Mooca, não demonstra qualquer sinal de cansaço. Praticante de jiu-jitsu, atividade que compartilha com os filhos Pedro, de 18 anos, e Tomás (que tem uma irmã gêmea, a Joana, de 10 anos), ainda faz ginástica funcional e luta mais uma vez contra o cigarro. Já parou de fumar – e voltou – um monte de vezes, mas agora, com o auxílio de um remédio, parece que é definitivo... Afinal, para quem usa como principal instrumento de trabalho a própria boca, e é adepto de uma vida saudável, o vício não combina absolutamente. >> AGOSTO 2013 | 133


PERFIL

O mercadinho ĂŠ uma espĂŠcie de mercearia localizado na lateral do Dalva e Dito.


Um dos chefs de cozinha mais conhecidos e respeitados do mundo, Alex é uma celebridade simpática e acessível, sempre que pode, além de orgulhoso e modesto na mesma medida. Ele não hesita em enumerar seus dotes e títulos – uma das 100 pessoas mais influentes do mundo segundo a revista americana Time; estrela mais cintilante da gastronomia na América Latina (onde hoje brilham Brasil, México e Peru); e primeiro chef brasileiro reconhecido por valorizar os produtos da própria terra, sem misturas em excesso ou excentricidades descabidas. Mas, com tantos predicados internacionais, ele encara com humildade sincera as vantagens de ser um ‘cook star’: “O lado incrível de ser celebridade é as pessoas saberem quem você é”. E a frase soa absolutamente verdadeira, ainda que possa parecer óbvia. Atala curte muito a capacidade de alguém, ainda mais importante que ele, reconhecê-lo e a seu trabalho, que tanto preza. E foi seu trabalho que elevou seu D.O.M. à ca-

tegoria de uma das mais celebradas cozinhas atuais – no momento em que o Brasil anda com autoestima elevada –, figurando entre os dez melhores do mundo e possivelmente o melhor da América Latina. No restaurante-ícone brasileiro, ele trabalha “de uma outra maneira” os ingredientes nacionais, pensando inclusive nas pessoas que o visitam e que não conhecem a nossa comida. Detalhe: tanto nele quanto no Dalva e Dito, o tradicional arroz e feijão faz parte do menu nobre da casa. E no seu mercadinho, ingredientes lançados por sua marca Retratos do Gosto traduzem este amor pela riqueza natural do Brasil. Portanto, de sua lavra já saem hoje o mini arroz, granolas, o feijão Guandu, canjica e fubá de milho branco e até um vinagre local, sempre desenvolvidos por pequenos produtores rurais, com muita qualidade: “A Retratos do Gosto é uma marca com compromisso social e tem 25% de seu lucro revertido em favor das causas que possam aprimorar sua produção”. >> AGOSTO 2013 | 135


PERFIL


REDESCOBRIR O ‘FINDE’

Defensor da culinária regional, Alex Atala tem a culinária paraense como base de alguns dos seus melhores pratos.

“Estou reencontrando, não descobri nada”. Assim Alex justifica o título de seu livro “Redescobrindo ingredientes brasileiros”, que está sendo lançado na Europa antes do Brasil. O livro corrobora, pelo caráter ‘jet setter’ de Atala e o respaldo de uma grande editora, a importância dele no cenário mundial. E aí pergunto: qual ou quais as razões de tanto sucesso, além do trabalho. E este cozinheiro simpático que, aliás, come muito bem (“Comer bem não é se empanturrar”), mas não bebe álcool (“Só bebo profissionalmente, como um vinho que harmonize com uma comida, ou até uma cachacinha”), responde com tranquilidade sobre seu caso: “Usar ingredientes nossos e ter um restaurante coerente, original, mas profundamente brasileiro (‘somos 99% diferentes dos latino-americanos’, ele relembra, ao reforçar que somos o único país da América Latina a falar Português), com uma cozinha de autor com personalidade, e uma atenção especial a tudo, da música às cadeiras, tudo bem brasileiro. Trata-se de uma experiência em que a comida é o ponto alto”. Redescobrindo a comida do seu próprio dia a dia, e baseando-se em seus preceitos bem arraigados e muito naturais, Alex, quando trata dele mesmo, só come o que gosta. “Vegetal é 90% do que como”. E enumera: batata, mandioca, cará, pelo menos. “Gosto muito de tubérculos e de volumosas quantidades de saladas”. E enumera, além dos tomates, as folhas verdes, a pedidos: rúcula, almeirão, alface iceberg (crocante). Tem diminuído seu consumo de carne, o que é fácil para ele, até porque adora peixe, como a garoupa, o namorado e uma anchova na grelha. Às vezes, come apenas arroz, feijão e couve (“mas tem bacon na couve!”). E é em casa, no bairro do Sumaré, onde mora há 11 anos com a mulher, Marcia Lagos, estilista, que ele se realiza. E realiza todos os desejos dos filhos. “Em casa, no fim de semana, faço um peixinho, uma moqueca, um churrasco e uma salada.

Faço experiências na grelha, com fogo baixo, e na brasa. Uso até as labaredas e curto determinadas partes do boi, que dificilmente se come nos restaurantes, como um acém de alta qualidade, que é excepcional”. Como não é fã de camarão, prepara só para as crianças, em moquecas ou grelhados. Para Alex, isso tudo não é trabalho: “Trabalhar e cozinhar é muito diferente!”, diz ele, que tem uma atenção de radar atentíssimo, mas só nos restaurantes dele, não em casa. No domingo, especialmente, tem muito arroz, com o qual faz uns ‘refogadões’, até de restos de comida do dia anterior, da lula à moela de frango. Daí nasceu a sua famosa galinhada, que institucionalizou há três anos para o público, depois de servi-la durante anos para os colegas de profissão da noite, que ‘baixavam’ em seu restaurante. Como dorme pouco, cerca de cinco horas por dia, acorda cedo e faz um belo café da manhã para a família. Faz cuscuz de milho ou tapioca ou coco. Ovos de todo jeito, já que Pedro gosta do ‘brouillade’, mas Joana e Tomás preferem os fritos ou mexidos. O suco é de laranja lima. E aí ele pergunta se está gostoso. As respostas nem sempre são unânimes a seu favor. “Mas filho é filho, é assim!” O fim de semana também permite umas saídas noturnas. E, apesar de ser um grande apreciador dos menus do Maní, que adora, e do Epice, é nas churrascarias e nos restaurantes japoneses que ele se farta. Frequenta a Fogo de Chão, Vento Haragano e Varanda, e os japas do Jun Sakamoto e o Kan – está louco para conhecer o Kan. Comilão moderado, se é que esta equação é possível, Alex Atala anda controlando o peso, e não quer voltar a ter barriga. Mas, afinal, é da comida que ele vive, e não vai deixar de dar prazer às crianças e à mulher (e a ele mesmo). Parece que Alex, recém-empossado presidente da APC – Associação de Profissionais de Cozinha, nunca mais vai parar. Assim seja. AGOSTO 2013 | 137


ARCHITECTURE

A BELEZA

DE FORA Os museus do Brasil ganham destaque pela sua arquitetura.

POR FELIPE FILIZOLA

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m museu sem acervo fixo parece quase uma ironia. A proposta inovadora do Museu Brasileiro de Escultura – MuBE –, quando foi criado em 1995, passou quase despercebida uma vez que o prédio ficou pronto. Obra projetada pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, erguida em concreto aparente, abaixo do nível da rua, o prédio conta com o silêncio como parte do ambiente. Um jardim projetado por Burle Marx complementa o espaço, e é mais uma das atrações da instituição. Incrustado no meio do bairro paulistano Jardim Europa, a sede do museu tornou-se um dos edifícios mais significativos da carreira do arquiteto. Mendes da Rocha, nascido em Vitória e vencedor do Prêmio Pritzker, o mais importante 138 | AGOSTO 2013

FOTOS DIVULGAÇÃO

da arquitetura mundial, também assina outro museu paulistano, o da Língua Portuguesa. Diferentemente do MuBE, em que tinha uma área livre para ser construída, o museu que homenageia a nossa língua contava com uma dificuldade extra: o local escolhido foi um prédio histórico tombado e que ainda mantinha seu uso como estação de trem. Foi necessário realizar o projeto sem interromper o fluxo de pedestres e passageiros pelas três passarelas sobre o trem, na cota da rua; não interferir na arquitetura do saguão central, espaço articulador desse fluxo; e, ao menos em princípio, não mudar qualquer registro material, independentemente da escala, da ala que ficou a salvo do incêndio de 1946. Junto com seu irmão Pedro,


chegaram à solução de um dos espaços mais interessantes para se visitar em São Paulo, tanto pela proposta do museu interativo como pelas soluções arquitetônicas realizadas. Sobre os pátios foi implantada uma cobertura de metal e vidro (quadriculada), sustentada por quatro pilares que foram apoiados sobre as paredes do subsolo. O desenho lembra o da Pinacoteca. O projeto conseguiu transformar espaços labirínticos e isolados em uma extensa sala que percorre todo o comprimento da edificação. Esta grande galeria é um túnel escuro, onde são projetadas imagens, localizada junto à fachada posterior. Segundo Paulo, a galeria não é grande nem pequena, tendo o exato tamanho da estação. >>

Projetado por Paulo Mendes da Rocha, o MuBE está abaixo do nível da rua. Por isso, o prédio conta com o silêncio como parte do ambiente, mesmo estando incrustado no coração da cidade.

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ARCHITECTURE

Enquanto isso, o Rio de Janeiro fica ainda mais lindo O desafio de modificar um prédio histórico para abrigar um museu apareceu mais recentemente também no projeto do MAR – Museu de Arte do Rio – , inaugurado este ano. O MAR é a primeira obra do plano de revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro. Requalificado pelos arquitetos do escritório Bernardes & Jacobsen, está instalado no Palacete Dom João VI, construído em 1916 e tombado no ano 2000 pelo Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural, e no prédio de estilo modernista ao lado, onde funcionavam o Hospital da Polícia Civil e o terminal rodoviário Mariano Procópio. De acordo com os arquitetos Paulo Jacobsen e Thiago Bernardes, o maior desafio foi unir construções de características distintas que já existiam. "Para cada construção, analisamos diferentes níveis de tombamento e preservação", afirmam. 140 | AGOSTO 2013

A solução encontrada para unir os dois prédios foi a construção de duas passarelas translúcidas, cobertas, e uma cobertura suspensa, que é a marca do projeto. A estrutura fluída e leve da cobertura simula a ondulação da superfície da água. Com curvas desenhadas de maneira aleatória, a estrutura em concreto armado tem 66 m de comprimento e 25 m de largura, com espessura média de 15 centímetros. Apoiada em 37 pilares, a laje feita em concreto pintado de branco representou um grande desafio à equipe técnica, já que fôrmas de madeira inviabilizariam sua execução. "Uma de nossas maiores dificuldades era obter uma fôrma que permitisse o formato almejado", explica a engenheira Carla Pinheiro, supervisora das obras do MAR. Também no Porto Maravilha, projeto de revitalização do porto ca-


O recém-inaugurado Museu de Arte do Rio é a primeira obra do plano de revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro. Para unir os dois prédios, Pedro Bernardes e Paulo Jacobsen criaram uma estrutura fluida que simula a ondulação da superfície da água.

rioca, um novo museu promete brilhar os olhos mesmo de quem não entrar para visitar. Trata-se do Museu do Amanhã, projetado pelo espanhol Santiago Calatrava. O museu será erguido no Píer Mauá, em meio a uma grande área verde. Serão cerca de 30 mil m2, com jardins, espelhos-d'água, ciclovia e área de lazer. O prédio terá 15 mil m2 e arquitetura sustentável. O projeto arquitetônico, concebido por Calatrava, prevê a utilização de recursos naturais do local – como, por exemplo, a água da Baía de Guanabara, que será utilizada na climatização do interior do Museu e reutilizada no espelho-d'água. No telhado da construção, grandes estruturas de aço, que se movimentam como asas, servirão de base para placas de captação de energia solar. “Queremos que o museu se transforme em um verdadeiro >> AGOSTO 2013 | 141


ARCHITECTURE

1. 3.

2. 1. O incrível projeto do MAC-Niterói, desenhado por Oscar Niemeyer, com o Pão de Açucar ao fundo. 2. Rampa de acesso ao Mac-Nitéroi. 3. O Museu do Amanhã do celebrado Santiago Calatrava terá grandes estruturas de aço, que se movimentarão como asas e servirão de base para placas de captação de energia solar.

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Os museus do grande arquiteto brasileiro passeio arquitetônico. Nossa meta é poder fazer com que uma visita ao redor do museu seja uma lição de sustentabilidade, de botânica, de relação com o entorno e do que significa energia solar”, explicou Calatrava ao apresentar o projeto detalhado do museu. O projeto do arquiteto busca ressaltar a importância urbana deste edifício que, segundo ele, não só viverá dos aspectos do museu, mas de sua capacidade de transformar a degradada zona portuária em um dos locais mais belos da cidade.

Do outro lado da ponte Rio-Niterói, o Museu de Arte Contemporânea carioca completa, em 2013, dezessete anos de história. Projetado por ninguém menos que Oscar Niemeyer, suas formas lembram um disco espacial, ainda que o arquiteto tenha declarado algumas vezes que sua inspiração tenha sido pétalas de tulipa. A grande rampa externa de concreto vermelho conduz o visitante através de 98 metros de curvas livres no espaço às entradas dos pavimentos superiores. Uma curiosidade interessante é >> AGOSTO 2013 | 143


ARCHITECTURE

Fundado na década de 1970, o MIS de São Paulo está instalado em uma antiga residência construída nos anos 60. Foi recentemente renovado para se adaptar às obras contemporâneas que abriga.

que a sua cúpula recebeu tratamento térmico e impermeabilizante com material altamente resistente, utilizado para proteção dos foguetes da NASA, capaz de sofrer uma variação térmica de 300 graus centígrados; tudo elaborado para preservar com cuidado o acervo em uma região quente por natureza. Com a mudança de endereço do MAC paulistano para um novo prédio, agora os dois principais museus de arte contemporânea brasileiros estão abrigados em prédios construídos pelo nosso mais famoso arquiteto. Niemeyer havia desenhado na década de 1950 um prédio para receber o MAC-SP em frente ao Parque do Ibirapuera. Por vários motivos, o prédio tornou-se sede do Departamento de Trânsito da cidade até recentemente ser devolvido 144 | AGOSTO 2013

ao museu. O prédio passou por uma reforma onde foram recuperadas partes degradadas, além de instaladas rampas de acesso e equipamentos que adaptam o local para receber exposições de arte: iluminação, sistema de climatização, segurança e controle de umidade, por exemplo. Outro museu de São Paulo também passou por reformas recentes para receber seu acervo da melhor forma possível: o MIS – Museu da Imagem e do Som. Fundado na década de 1970, o MIS percorreu regiões como Campos Elíseos, Avenida Paulista e Itaim. Porém, para garantir a estabilidade do espaço físico do museu, a Secretaria de Estado da Cultura encontrou o imóvel residencial pertencente - desde os anos 1960 - ao industrial Affonso Giaffone, construído para >>


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ARCHITECTURE

O MASP e o seu enorme vão livre de 74 metros foi projetado pela italiana Lina Bo Bardi com arquitetura modernista. Tornou-se, obviamente, um dos maiores símbolos da capital paulista.

moradia dele e de sua família. Seguindo o desenvolvimento da arte contemporânea e preocupado com uma visão crítica sobre essa nova produção, o MIS adequou seu conceito institucional e sua estrutura física, buscando integrar memória e contemporaneidade. Assim, reabriu, em agosto de 2008, inteiramente renovado para ser um museu público pronto para dialogar com a arte do século 21, sem deixar de lado a rica história acumulada nas últimas décadas. Impossível acabar o texto sem falar do Museu de Arte de São Paulo e o seu vão livre de 74 metros, que por anos foi o mais extenso do mundo. Projetado pela italiana Lina Bo Bardi, sua arquitetura é um atrativo por si só e se tornou símbolo da capital paulista. O museu foi inaugurado em 1947 por Assis Chate146 | AGOSTO 2013

aubriand e Pietro Maria Bardi, marido de Lina Bo Bardi, e transferido para o prédio atual em 1968, depois de 12 anos de construção, com a presença da Rainha Elizabeth II, da Inglaterra. A arquitetura modernista do prédio de concreto armado remete à arquitetura de Mies Van Der Rohe, e segundo a arquiteta, a construção do edifício sustentado por quatro pilares foi idealizada para preservar a vista exigida para o centro da cidade. Assim como os outros arquitetos mencionados no texto, Lina Bo Bardi estava mais preocupada com que os visitantes dos museus apreciassem a sua obra, e não a dos artistas expostos. Sorte das cidades, que contam hoje com belíssimos prédios, que se transformaram em pontos turísticos pela sua arquitetura.



REFÚGIO

O LUXO TERRA ( E MAR) da paz À VISTA e do silêncio Far Niente fica muito mais Dolce a quilômetros dos centros urbanos.

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O Quinta da Baronesa traz as comodidades da vida moderna em combinação perfeita com a natureza e a vida no campo.

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inal de semana combina com estrada, ar puro e poucas obrigações sociais. Longe da agitação das grandes capitais, tirar o sapato e entrar em contato com a natureza recarrega as energias e acalma a alma. Para a sorte dos paulistanos, destinos próximos a São Paulo não faltam como opções de se refugiar por poucos dias. Pensando no nível de exigência em conforto e serviços encontrados na capital paulista, condomínios e hotéis no interior e litoral se multiplicam com arquitetura renomada e opções de lazer infinitas. A começar pelo Haras Larissa, inaugurado em 2009 na antiga fazenda de uma tradicional família paulistana. Há apenas 100 km da capital paulista no município de Monte Mor, o haras se transformou em um luxuoso condomínio de casas voltado para a prática de equitação e cuidado com cavalos. Para quem não possui uma residência fixa, o diferencial está no hotel locali-

zado dentro dele, o único no Brasil com o selo do Small Luxury Hotels of the World, um luxuoso grupo de hotéis boutique com critérios rigorosos de seleção. Aberto somente aos finais de semana, o hotel Haras Larissa lembra uma elegante casa de campo com serviços que atendem ao hóspede mais exigente. Suas 17 suítes contam com decoração que remetem ao countryside inglês, com móveis criteriosamente escolhidos nos melhores antiquários do Brasil, da Europa e da Argentina. A intimista cozinha fica a cargo de dona Romilda, cozinheira da fazenda há 30 anos e que prepara as três refeições diárias a pedido dos hóspedes. Os seguidores de Baco podem se deliciar com a enorme oferta de vinhos da adega no subsolo da sede da fazenda, enquanto os esportistas têm opções de campos de polo, golf, hipismo, quadras de tênis e trilhas de caminhada. >>

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REFÚGIO

Também a noroeste de São Paulo está a surpreendente Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz. O empreendimento da construtora JHSF reúne em 12 milhões de metros quadrados nomes estrelados da arquitetura, gastronomia e saúde no mesmo lugar. A começar pelos dois campos de golf no mesmo local, com 18 buracos cada um e assinados por ninguém menos que Randall Thompson e Arnold Palmer, um dos maiores golfistas de todos os tempos. Integrando o dream team do Boa Vista está Isay Weinfeld, escolhido para projetar as obras das áreas comuns, proporcionando harmonia entre a arquitetura e o paisagismo. Weinfeld é responsável pelo Centro Equestre, o Kids Club, SPA e o Club House do golfe. O arquiteto também assina o Hotel Fasano Boa Vista, a primeira unidade campestre com a grife Fasano, que estabeleceu uma nova referência de hotel de campo no país. O projeto do hotel conta com uma estrutura envidraçada que permite usufruir a vista para as matas do entorno e para a paisagem suave da região. Todos os 39 apartamentos têm varanda com vista 150 | AGOSTO 2013

panorâmica da fazenda e voltada para o lago, um convite para um mergulho refrescante. Restaurantes e bares, lounges e sala de jogos completam os ambientes. A piscina com 75 m de comprimento, situada num deck também com vista infinita, é um dos pontos preferidos dos frequentadores. O SPA Fasano inaugurado no início deste ano possui piscinas internas, sauna seca e a vapor, ducha escocesa, academia de ginástica, salão de cabeleireiro e salas de massagem. Outro ponto de destaque no Boa Vista é a arquitetura das casas e vilas. Projetadas seguindo uma linha-mestre, elas se integram com o paisagismo local e foram projetadas pelos principais arquitetos contemporâneos como Marcio Kogan, Marcos Tomanik, Thiago Bernardes e Paulo Jacobsen, Sig Bergamin, Carolina Maluhy e Isis Chaulon. Os proprietários têm dentro do condomínio, à sua disposição, um dos melhores centros equestres do país, com destaque para a pista de areia e para a enorme pista de grama externa. O Centro foi inaugurado com a realização da Copa Hermès, o primeiro evento equestre da grife fora da França. >>


Fasano Boa Vista, projetado por Isay Weinfeld. O projeto do hotel conta com uma estrutura envidraçada que permite usufruir a vista para as matas do entorno e para a paisagem suave da região.

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REFÚGIO

Você não vai querer ir embora no domingo O slogan acima, do condomínio Quinta da Baronesa, resume bem o sentimento de seus frequentadores. O empreendimento traz as comodidades da vida moderna em combinação perfeita com a natureza e a vida no campo, e foi pensado principalmente para famílias que buscam sossego e liberdades que não conseguem dentro de uma metrópole. A segurança do condomínio permite casas sem muros, crianças brincando pelas ruas e caminhadas despreocupadas por trilhas ecológicas e ao redor do lago. Na questão de infraestrutura, o empreendimento conta com um lindo campo de golfe de 18 buracos assinado por Dan Blankenship, driving range e putting green, além de vila hípica, piscinas aquecidas, quadras de tênis, restaurantes, heliponto, área de recreação infantil com monitores e centro de conveniência. >> 154 | AGOSTO 2013


Assim como na Fazenda Boa Vista e no Frad.e, o Quinta da Baronesa conta com campo de golfe – garantia permanente de enormes gramados sempre bem cuidados.


REFÚGIO

Pensando no futuro dos pequenos, a concepção do condomínio levou em consideração itens de sustentabilidade e de respeito à natureza. Programas de reaproveitamento de materiais, de reciclagem de lixo e de tratamento de água/efluentes, somam-se a obras de infraestrutura sustentável, como, por exemplo, cabeamento subterrâneo e calçadas 100% gramadas para permitir maior permeabilidade do solo. Essa preocupação se dá pela preservação da Reserva da Baronesa, uma área superior a 2 milhões de metros quadrados com vegetação nativa da Mata Atlântica. Para admirar a beleza verde do local, o arquiteto Gui Mattos projetou residências térreas de quatro ou cinco suítes com varandas de janelas amplas e muito vidro, o que permite a entrada da luz natural no ambiente e ressalta a beleza da mata nativa. Os ambientes são organizados de forma linear, criando jardins planos e áreas íntimas e sociais que não se confrontam. As laterais das casas, sem portas e janelas, garantem total privacidade. 156 | AGOSTO 2013


Pé na areia O Frad.e Hotel Marina Golf & Vilas contará com um hotel boutique, um SPA, quadras de tênis, campo de golfe e heliporto, além de apartamentos de alto padrão projetados pelo escritório Bernardes & Jacobsen.

Dizer que Angra dos Reis é o destino de praia mais cobiçado do litoral paulista-carioca é pouco, perto do que o local representa quando se fala de turismo de luxo na costa oceânica da região sudeste. Com inúmeras ilhas à frente do continente, o município é recheado de casas de sonhos para os amantes do mar, a maioria delas dentro do condomínio Frade, existente há mais de 40 anos e tradicional endereço de donos de barcos. Pois o que já era ótimo ficará ainda melhor. Com um projeto de renovação tido como um dos maiores investimentos imobiliários dos últimos dois anos no país, o Frade será rebatizado de Frad.e Hotel Marina Golf & Vilas. Com as reformas, ganhará um hotel boutique, um spa, quadras de tênis, campo de golfe, heliporto e, claro, mais espaço na marina. Apartamentos de alto padrão projetados pelo escritório Bernardes & Jacobsen darão vista para a praia e para um lago artificial que será construído no local. Os moradores contarão ainda com amenidades e serviços. >> AGOSTO 2013 | 157


REFÚGIO

A vista aérea do futuro Frad.e mostra o crescimento de área da atual marina e o lindo projeto arquitetônico do local.

Na parte central, diante do hotel, as lojas também passarão por uma reestruturação junto com os quatro estaleiros. Um deles é o Princess, que oferece customização e design de interior assinados pela Fendi. O espaço, que também inclui restaurantes, cafés e lojas, tem inauguração prevista para o final de 2013. O histórico hotel será reerguido em um padrão para competir com hotéis classe A do Rio e de São Paulo – e já pensando em Copa do Mundo e Jogos Olímpicos de 2016. Serão 56 quartos para hóspedes, com serviço de concierge. Além disso, a reforma do campo de golfe vai sedimentar o perfil do cliente que deve procurar o hotel. “Va-

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mos organizar campeonatos para trazer o Frade de volta ao cenário mundial”, diz Edison Kara, da incorporadora Kara José e um dos idealizadores do projeto. O plano é reeditar o Campeonato de Golfe Rio-São Paulo. “No final, a ideia é tornar o Frad.e um condomínio completo.” Como parte da infraestrutura de apoio, o aeroporto mais próximo, que fica a 20 km do empreendimento, está sendo ampliado para comportar mais jatos executivos. Até o staff entrou na conta, com um hotel especialmente para pilotos. Com todas essas mudanças, passar alguns dias no novo Frad.e será motivo de um final de semana inesquecível para o resto da vida.


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