REVISTA DA REDE ADVENTISTA DE HOSPITAIS #01

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Revista da Rede Maio/2015 | Edição 1 | Ano 1

Benefícios da alimentação vegetariana

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Veja como os hábitos alimentares influenciam na saúde da comunidade adventista | pág. 8


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Rede Adventista

de Hospitais

Referência Mundial em Saúde, Qualidade de Vida e Responsabilidade Social Seja bem vindo à Rede Adventista de Hospitais.

C

om mais de 100 anos de atuação, desde a fundação do primeiro hospital em Batlle Creek, Michigan (EUA). A Rede, de números superlativos, é uma referência mundial em promoção de saúde, qualidade de vida e responsabilidade social. Desde o século XIX até hoje, conta com mais de 700 unidades de saúde espalhadas pelo mundo, mais de 35.000 colaboradores, médicos e enfermeiros, 32 cursos superiores de saúde incluindo medicina, enfermagem, odontologia, fisioterapia, nutrição, psicologia, mais de 500 projetos de assistência humanitária distribuídos por mais de 200 países ao redor do mundo. Fazem parte da Rede, conglomerados hospitalares como o Florida Hospital com 32 unidades. É um dos hospitais com melhor avaliação por pacientes nos Estados Unidos, importante índice para acreditação governamental.

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O Loma Linda University Hospital, um dos mais conceituados centros de pesquisa médica do mundo, pioneiro em transplante de coração no mundo. Também unidades como o Sanatório Adventista de Lima, mais respeitado hospital do Peru ou o Sanatório Adventista Del Plata, um dos mais tradicionais e seguros hospitais da Argentina. No Brasil, são 9 unidades hospitalares, 4 clínicas ambulatoriais de especialidades e 2 centros de vida saudável distribuídos por 7 estados. Alguns tão tradicionais como Hospital Adventista Silvestre, no Rio de Janeiro, um dos primeiros hospitais a realizar um transplante no Brasil e até hoje um dos líderes na quantidade de transplantes realizadas por ano. Outros tão inovadores como a Clíni-

ca Adventista de Curitiba, com uma unidade construída especialmente para realizar check ups completos em tempo reduzido. Outros ainda tão bem reputados quanto o Hospital Adventista de Manaus, hospital credenciado FIFA como hospital referência na Copa do Mundo de 2014. O que uma rede tão grande, com tantas características distintas, pode ter em comum? O mesmo senso de missão, não importa o porte, idade ou perfil da unidade. Para a Rede, o cuidado integral do ser humano, como exemplificado por Jesus Cristo, é a justificativa para o desenvolvimento e manutenção de toda uma rede. Pode ser difícil, no mundo de hoje, acreditar que um sistema tão grande e complexo seja sustentando sem objetivos comerciais. Para nós, da Rede, não. Certamente é importante ter unidades bem geridas, que tragam resultados financeiros que permitam sua sustentabilidade a longo prazo, mas que permitam, acima de tudo, que

mais investimentos sejam feitos para o cuidado de mais pessoas. É possível que você não conheça pessoalmente um de nossos Hospitais ou Clínicas. Mas certamente conhece alguém que já teve contato com nossa maneira de fazer negócios, nosso ambiente sereno, com nossas equipes que trabalham com outro espírito ou com algum paciente que teve sua vida transformada após ser cuidado em uma de nossas unidades. Se for o caso, você é nosso convidado para começar a conhecer a Rede através da leitura dessa revista. Se você, por outro lado, já nos conhece, é a chance de se aprofundar no que fazemos em nosso dia a dia como instituições de saúde. Em ambos os casos, é a oportunidade de mostrarmos o que acreditamos e pelo que nos esforçamos: SALVAR É A NOSSA NATUREZA. Boa leitura!

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EXPEDIENTE

A Revista Hospitais Adventistas é uma publicação corporativa de divulgação científica e institucional da Rede Adventista de Hospitais Ano I - Edição 1 - Junho de 2015

Publisher: Sérgio Reis Responsável Técnico-Médico pela Publicação: Dr. Dorival Duarte – CRM/SP 105977 Jornalista Responsável: Eliara Alves Clemente - MTB 0057787/SP Editor Chefe: Sérgio Reis Editor Associado: Luís Henrique Dos Santos

Conselho Editorial: Silvânio Zahn; Ranieri Carvalho Leitão (CRM/RJ 52649619); Rafael Almeida; Dorival Duarte (CRM/SP 105977); Altiery Kumpel; Helnio Judson Nogueira (CRM/PR 3377); João Kiefer Filho (CREMERS 16217); Jackson Freire; Markus Barcellos (CRM/PA 4572); Murilo Bezerra; Luiz Fernando Sella (CRM/SP 139.853); Pierre Damásio; William Joubert dos Santos (CRM/MS 007120); Gideon Basílio; Antônio Guilherme Lopes de Macedo (CRM/AM 4841) Colaboradores: Kimberly Jubanski de Santana Ludugério; Jhonatas Coelho; Talita Farinon; Taccyana Teixeira; Greicy Barros; Jairo Borda; Allyson Santos; Alinic Carmo; Daniel Rebouças; Johann Richter Neto; Lílian Becerra

Reportagens: Eliara Alves Clemente; Bruna Genaro Leite Projeto Gráfico: Romulo Luiz Correa Santos; Luís Henrique Dos Santos Diagramação: Romulo Luiz Correa Santos; Rafael Casañas Rigoli Revisão: Jacqueline Alves Palheiro Fotos: Divulgação; Shutterstock Concepção e Edição: Synergic Comunicação Corporativa (synergic.com.br) Impressão: Elbergráfica, Americana - SP Tiragem: 10.000 exemplares Realização: Confederação das Uniões da Igreja Adventista do Sétimo Dia - Divisão Sul Americana Rede Adventista de Hospitais, Igreja Adventista do Sétimo Dia, ADRA, Hospital Adventista de São Paulo, Hospital Adventista Silvestre, Hospital Adventista do Pênfigo, Hospital Adventista de Belém, Hospital Adventista de Manaus, Clínica Adventista de Curitiba, Clínica Adventista de Porto Alegre, Centro de Vida Saudável - CEVISA e Centro de Vida Saudável - CVS são marcas registradas. Loma Linda University Hospital, Florida Hospital, Sanatório Adventista del Plata, Sanatório Adventista de Lima são trademarkes. Usadas com permissão. 2015 - Todos os Direitos Reservados A Revista Hospitais Adventistas é uma publicação corporativa de divulgação científica e institucional da Rede Adventista de Hospitais, editada e distribuída direcionada e gratuitamente para entidades médicas, instituições de saúde, operadoras de planos de saúde, imprensa especializada e profissionais relacionados à área de saúde. Os pareceres e opiniões expressas na publicação não necessariamente refletem a opinião dos editores ou da Rede Adventista de Hospitais, sendo expressões de livre opinião dos entrevistados. A Revista Hospitais Adventistas não é uma publicação de caráter terapêutico bem como suas matérias e editoriais não têm por objetivo prescrição ou indicação médica. A Revista Hospitais Adventistas não promove as unidades de saúde da Rede Adventista de Hospitais como prestadoras exclusivas de nenhum tipo de serviço de saúde ou apregoa garantia de resultados de tratamentos. A Revista Hospitais Adventistas segue as diretrizes da resolução CFM 1.974/11. Deliberadamente a Revista Hospitais Adventistas, por perfil editorial, não cita as especialidades dos profissionais médicos entrevistados por princípio de normatização e a fim de evitar inconformidades com a resolução CFM 1.974/11. Quando citadas as especialidades a responsabilidade pela veracidade das informações é do profissional entrevistado que forneceu os dados usados de boa fé pela publicação.

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ÍNDICE

4. EDITORIAL

10.

ENTREVISTA

14.

ESTILO DE VIDA

10. ENTREVISTA 14. ESTILO DE VIDA 20. TENDÊNCIAS 24. PRÁTICA MÉDICA 28. VOLUNTARIADO 38. BEM-ESTAR 41. INSTITUCIONAL

Matéria de capa.

Confira os detalhes sobre a importância do descanso na rotina de trabalho dos profissionais de saúde.

28.

VOLUNTARIADO A Amazônia está entre as áreas mais afetadas pela escassez de profissionais da saúde, realidade que é combatida pelo trabalho de entidades que reúnem voluntários.

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20.

TENDÊNCIAS

A medicina preventiva é uma tendência. Saiba qual é o papel do check-up na prevenção de doenças.

24.

PRÁTICA MÉDICA

Fique por dentro dos desafios e inovações que garantiram avanços significativos na área de transplantes.

34.

PRIORIZANDO O PRÓXIMO

Conheça projetos que visam o atendimento da demanda de saúde da população da Amazônia.

38.

BEM-ESTAR CEVISA está entre as opções de relaxamento com foco em qualidade de vida que chamam a atenção de famosos, como é o caso do jornalista Cid Moreira.

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Com ou sem carne?

Eis a questão

Pesquisa inédita no Brasil investiga como a dieta vegetariana inibe o surgimento de doenças crônicas

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A

culinária faz parte da cultura das civilizações desde o início dos tempos e recebe a influência de fatores como clima, localização geográfica e também da religião, que representa um dos principais pilares da sociedade. Esses reflexos culturais podem ser constatados tanto na escolha dos ingredientes como na forma do preparo dos alimentos, nos hábitos alimentares e também na saúde dos indivíduos de uma cultura. A opção pelo vegetarianismo que exclui da alimentação todos os produtos de origem animal ou pelo ovo-lacto-vegetarianismo (que exclui carnes, mas não leite, ovos e derivados), é, de fato, uma tendência comportamental relacionada à qualidade de vida. Mas há mais tempo, está relacionada aos hábitos de saúde de grupos religiosos. Um exemplo são os adventistas do sétimo dia. Ainda que não seja uma questão doutrinária (não há indicações bíblicas que proíbam que seus membros comam carne bovina, por exemplo), as recomendações para um estilo de vida mais saudável promovidos pela igreja passam pela dieta vegetariana. Assim, é possível delimitar claramente um relevante grupo populacional, facilmente identificável, que possui um comportamento alimentar semelhante. Há indicações científicas, independentes da prática filosófica, que apontem para níveis mais elevados de saúde associados à alimentação vegetariana? Após um processo de pesquisa desenvolvido ao longo de uma década por pesquisadores do Loma Linda University Hospital, da Califórnia,

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O estudo envolve a análise dos hábitos de saúde da comunidade adventista e possui atualmente cerca de 900 voluntários que são assistidos de forma contínua pelo projeto

os resultados finais apontaram uma relação direta entre vegetarianismo e longevidade. Loma Linda, inclusive, foi alvo de outro extenso e renomado estudo, Blue Zones, que atribuiu à localidade a indicação de ser um dos lugares mais saudáveis do mundo. No Brasil, com o objetivo de avaliar o comportamento alimentar em si, existe uma importante pesquisa desenvolvida por iniciativa do cardiologista Everton Padilha Gomes*, chefe da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Adventista de São Paulo (HASP). O estudo envolve o Hospital Universitário da Universidade de São Paulo e o Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor), além do apoio

da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O médico esclareceu que os participantes estão divididos de acordo com o seu regime dietético e passam por exames e avaliações que validam cientificamente o experimento. O objetivo é amplo e a investigação deve alcançar, até o ano de 2016, 1.500 adventistas dos estados de São Paulo e Espírito Santo, com idade entre 35 e 74 anos, de ambos os sexos. “Desta forma, pretendemos ter uma visão clara sobre a relação entre o estilo de vida adventista e o predomínio de fatores que resultam do aparecimento

Doutorando em cardiologia pela Universidade de São Paulo (USP) - CRM 102634 Revista da Rede Adventista de Hospitais 11


de doenças crônicas, principalmente as cardiovasculares. Os resultados constatados na população adventista também serão comparados com grupos da população em geral”. Trata-se da Análise de Dieta e Hábitos de Vida na Prevenção de Eventos Cardiovasculares em Adventistas do Sétimo Dia, mais conhecida como Estudo Advento. O idealizador do projeto explica os detalhes da pesquisa, iniciada em 2013, em entrevista concedida à Revista da Rede:

negros e ameríndios. Temos os pardos que são as pessoas miscigenadas, situação que não é comum lá fora, por isso o estudo também checa o quanto as pessoas têm de genética africana, ameríndia e europeia. É preciso lembrar ainda que será possível determinar os parâmetros sociais nutricionais e o perfil laboratorial e cardiovascular das populações. Como resultado adicional, o estudo irá permitir a comparação dos dados brasileiros com as pesquisas já realizadas no Estados Unidos.

Como ocorreu a preparação e qual é o atual estágio da pesquisa? Dr. Padilha Gomes: A preparação para a pesquisa começou em 2010 com a elaboração de técnicas e exames validados cientificamente para a conferência dos dados que serão obtidos durante a pesquisa. Ao mesmo tempo, o estudo foi enviado para aprovação em comitês científicos na USP e também na Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). O estudo envolve a análise dos hábitos de saúde da comunidade adventista e possui atualmente cerca de 900 voluntários que são assistidos de forma contínua pelo projeto. A pesquisa conta com o financiamento da USP, Fapesp e Natura. Nós ainda estamos recrutando pacientes dentro da faixa etária e expandimos a pesquisa para o Espírito Santo. A expectativa é finalizar as análises de pacientes de São Paulo até outubro. Já a etapa com pacientes do Espírito Santo deve ser finalizada no início de 2016.

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Quais são os fatores analisados com relação ao regime dietético?

Quais são os exames e técnicas aplicados durante a fase inicial da pesquisa? Dr. Padilha Gomes: Exames laboratoriais, cardiológicos, tomografia de coronárias, retinografia, calorimetria basal, estudo gástrico calórico, avaliação de micronutrientes e metabólicos na urina e no plasma, body scanner para a análise em 3D, análise de microbiota intestinal e a observação do score de cálcio coronário. Esses testes são realizados nos participantes da pesquisa para que, em um primeiro momento, seja possível comparar a incidência de doenças cardíacas subclínicas em adventistas e não adventistas. Além disso, também avaliamos a ancestralidade genética, por conta da composição da população brasileira, que é formada por brancos,

Dr. Padilha Gomes: A dieta vegetariana é um dos fatores que está sendo analisado. Existem basicamente três tipos de dieta: a vegetariana estrita (em que a pessoa não consome nenhum tipo de alimento de origem animal), a ovolacteovegetariana (em que o indivíduo se alimenta de vegetais, leite e ovos), e também a dieta não vegetariana. A comparação que está sendo feita envolve esses três regimes dietéticos e a proposta é identificar quais estão associados a menores fatores de risco à doenças cardiovasculares. Os dados preliminares indicam os seguintes resultados com relação às dietas vegetarianas: uma menor taxa de colesterol total (LDL), que é o colesterol ruim, maior taxa do colesterol bom (HDL), menor índice de glicemia e de creatinina, além de um Índice de Massa Corpórea (IMC) reduzido.


O consumo de carne vermelha está associado a uma maior incidência de cânceres e de infarto agudo do miocárdio Com os dados preliminares o que é possível afirmar com relação aos benefícios das dietas vegetarianas? Dr. Padilha Gomes: Provavelmente as dietas vegetarianas tenham melhor influência para o desenvolvimento de uma boa saúde cardiovascular. Existem dados mundiais que mostram, por exemplo, que o consumo de carne vermelha está associado a uma maior incidência de cânceres e de infarto agudo do miocárdio. Existem vários estudos dessa natureza que foram realizados pela universidade de Loma Linda, na Califórnia. Qual é a importância do estudo para a população em geral?

Nessa última área, foram feitas pesquisas epidemiológicas em comunidades adventistas, coordenadas pela Universidade de Loma Linda. No entanto, não existia nenhum estudo brasileiro. O que nós estamos fazendo é uma análise com a comunidade adventista no Brasil. Estes outros estudos constataram que, ao longo do tempo, a população adventista acaba tendo uma menor taxa de mortalidade, incluindo uma longevidade de até 7 anos a mais se comparados com a população em geral. A que se devem estas constatações? Dr. Padilha Gomes: Todos os estudos são de longo prazo e incluem observações sobre a dieta e o modo de vida dos adventistas. O destaque se dá porque esse nicho da população é interessada em saúde a partir do ponto de vista teológico e se preocupa com a parte psicológica, comportamental, utilização de água, ar puro, luz solar, repouso, exercício e alimentação adequada. Por conta do que vivem e acreditam a respeito da saúde e bem-estar, os adventistas tendem ao vegetarianismo. Mesmo quem seja adventista e não vegetariano, costuma comer mais verduras e legumes do que a população geral.

Existe uma visão de mundo relacionada a esta questão e são poucos os subgrupos na sociedade que estão expostos uniformemente a uma dieta parecida. Isso permite a análise apurada com relação ao efeito de outras exposições. Qual é a base científica do Estudo Advento? Dr. Padilha Gomes: Ele é baseado na tecnologia que envolve o estudo conhecido como ELSA (Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto), que é feito pela Secretaria de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde com o apoio do Hospital Universitário da USP. Essa é uma pesquisa essencial pois compara dados de um país em desenvolvimento, como o Brasil com os EUA. O nosso objetivo é analisar os hábitos alimentares de 1.500 adventistas, sendo mil vegetarianos e 500 não vegetarianos, que serão comparados com dados de pacientes do estudo ELSA São Paulo. Estima-se que dentro da comunidade adventista da grande São Paulo (cerca de 100 mil pessoas) a maioria não seja vegetariana. A média de adeptos desse tipo de dieta estaria entre 10 e 15% da população adventista.

Dr. Padilha Gomes: Há uma preocupação cada vez maior em fazer com que as pessoas tenham conhecimento sobre os hábitos de saúde que promovem a vida e diminuem a probabilidade de doenças. Existem as chamadas Blue Zones, áreas com um número significativo de pessoas que ultrapassam os cem anos. Entre elas estão a Sardenha (Itália), Okinawa (Japão) e Loma Linda, a única área nos Estados Unidos.

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Quando a cama

tem que esperar O desafio de conciliar o ritmo da vida profissional e a necessidade de repouso regular

Pouco descanso faz parte do dia a dia dos profissionais da saúde

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A

cordar antes do sol nascer e chegar do trabalho quando ele já se pôs há muito tempo: essa é a rotina de muitos profissionais da saúde todos os dias. Isso sem falar no caso oposto, quando o trabalho começa no meio da noite e só termina quando o sol já está quente. Essa é uma condição compreendida como natural por profissionais de área médica, sobretudo plantonistas e especialistas que atendem em mais de uma instituição, consultório e universidade. E em meio a uma rotina desregulada sem horários para dormir, acordar, comer, relaxar ou passar tempo de qualidade com a família, muitos médicos mudam de função nos hospitais: eles se tornam os pacientes.


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Estudo realizado pela Universidade de Chicago (EUA) selecionou 11 pessoas com 18 a 27 anos para dormir menos que quatro horas durante seis dias. No fim do período, os marcadores básicos de saúde dos participantes foi comparável aos marcadores de uma pessoa de 60 anos de idade. Além disso, os níveis de insulina no sangue eram semelhantes aos dos portadores de diabetes. Complementarmente em testes de laboratório, ratos não Não dormir o suportaram mais suficiente por noite de dez dias sem acarreta problemas dormir, tendo a da mortanto físicos quanto causa te sido indicada mentais como por infecção generalizada. O sono também está ligado à imunidade. Um estudo feito pela Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh (EUA) , mostrou que o sono influencia diretamente o sistema imunológico. Na pesquisa, 153 pessoas entre 21 e 55 anos foram monitoradas por duas semanas enquanto dormiam. Depois disso, todos foram expostos ao vírus da gripe por cinco dias. Os voluntários que dormiam menos que sete horas por noite estavam três vezes mais suscetíveis à doença do que aqueles que dormiam pelo menos oito horas. Ellen White, escritora americana do século XXI que publicou diversas obras sobre princípios de educação e saúde, sugeriu uma compilação de

Quando

tem que “oito remédios da natureza” na qual o descanso ocupa lugar de destaque: sono, alimentação saudável, exercício físico, luz solar, ar puro, água, temperança e equilíbrio emocional e espiritual. “O sono perdido não tem como ser reposto. Não adianta eu não dormir hoje e amanhã dormir o dia todo, eu perdi esse sono desse dia e o corpo vai apresentar problemas”, informa o gerente médico do Hospital Adventista de Belém, Edgar Sobrinho. Não importa a profissão ou ritmo de vida, em cada fase da vida é necessário uma quantidade adequada de descanso diário: 7 e 9 horas por dia para adultos, 14 a 17 horas para um recém-nascido e tempos intermediários para as fases da infância. “Todas as informações adquiridas durante o dia são formatadas e guardadas enquanto dormimos. É um período de descanso para o corpo, mas de intensa atividade cerebral”, destaca Sobrinho.

Descanso insubstituível Não dormir o suficiente por noite acarreta problemas tanto físicos quanto mentais. “Em curto prazo, pode causar mais instabilidade, alteração de humor e raciocínio, diminuição da memória de curto prazo e dificuldade de concentração. A longo prazo pode causar fadiga, envelhecimento precoce, diminui-

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ção do tônus muscular, comprometimento do sistema imunológico, tendência à obesidade, diabetes tipo II, pressão alta e alteração da produção do composto ácido estomacal”, aponta a médica de estilo de vida do CEVISA - Centro de Vida Saudável, Daniela Kanno. Nenhuma outra atividade consegue suprir a necessidade do corpo em descansar. A falta de uma boa noite de sono pode levar a outro problema: a ingestão de bebidas energéticas. Para se manter acordado em meio às horas de trabalho pela frente, muitos profissionais de saúde optam pelos chamados “energéticos”. “Esses estimulantes, por conterem excesso de cafeína, aumentam a produção de adrenalina, elevam a pressão, o estômago produz mais ácido, o fígado produz mais açúcares e a pessoa fica com mais vontade de comer carboidrato para equilibrar o que o organismo produziu”, relata Kanno. “O uso do energético é opção que o profissional lança mão para ir ao limite máximo do corpo, esforçando excessivamente o organismo que, no futuro, mostrará os sinais de fadiga, podendo ser o combustível para a síndrome de burnout”, acrescenta Sobrinho.


a cama

esperar

Descanso diário recomendado para cada faixa etária Recém-nascidos (0-3 meses): de 14 a 17 horas por dia Bebês (4-11 meses): de 12 a 15 horas por dia Crianças (1-2 anos): de 11 a 14 horas por dia Crianças (3-5 anos): de 10 a 13 horas por dia Crianças a pré-adolescentes (6-13 anos): de 9 a 11 horas por dia Adolescentes (14-17 anos): de 8 a 10 horas por dia Jovens (18-25 anos): de 7 a 9 horas por dia Adultos (26-64 anos): de 7 a 9 horas por dia Idosos (mais de 65 anos): de 7 a 8 horas por dia

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O

problema tratado na raiz Exames de check-up cada vez mais relacionados à qualidade de vida

P

rogramas de vacinação, exames periódicos, projetos de atividade física e promoção de vida saudável fazem parte da medicina preventiva. Essa abordagem médica vem ganhando cada vez mais espaço na saúde pública e privada com o intuito de promover um bom estilo de vida e prevenir doenças. "A medicina preventiva é mais barata que a curativa e traz mais benefícios para as pessoas proporcionando Check-up deve ser um novo estilo de vida", explica a vice-diretora médica do Hosrealizado ao menos pital Adventista do Pênfigo, de Campos Grande, Karin Maruma vez por ano tins. “Também é um objetivo da medicina preventiva evitar que as doenças se tornem uma epidemia, trabalhando em conjunto com os órgãos de Saúde Pública”, acrescenta o médico coordenador do check-up da Clínica Adventista de Curitiba, Gustavo Letsch.

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De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 16 milhões de pessoas morrem por ano por causa de doenças evitáveis. Entre elas, 6 milhões morrem por causa do tabaco; 3,3 milhões pelo álcool; 3,2 milhões por falta de exercício físico e 1,7 milhão por excesso de sal na comida. “Segundo a organização não-governamental Aliança do Controle do Tabagismo (ACT), os gastos com o tratamento das doenças relacionadas ao fumo no Brasil somaram quase R$ 21 bilhões, no ano de 2011. Se considerarmos outras causas de doenças que poderiam ser minimizadas ou evitadas como alguns tipos de câncer, hipertensão arterial e diabetes tipo II, a economia de sofrimento e de dinheiro seria astronômica”, observa Letsch. Para o diretor médico do Hospital Adventista do Pênfigo, William dos Santos, são necessários três eixos para que a medicina preventiva seja colocada efetivamente em prática: as instituições de saúde, o profissional e o paciente. As instituições devem estimular os profissionais de todas as áreas da saúde para utilizar a medicina preventiva no dia a dia, por meio de implantação de programas e medidas específicas. Já o profissional deve entender a importância da prevenção em todos os aspectos e níveis, incorporando-a em sua prática diária e solicitando exames pertinentes para cada paciente. “Ao paciente, cabe adesão às medidas orientadas pelo profissional, seja ele médico, dentista, nutricionista ou de qualquer outra categoria profissional da área de saúde”, orienta Santos. A evolução da abordagem preventiva trouxe uma nova importância para técnicas até então restritas a outros objetivos. Uma das técnicas integradas são os check-ups regulares. A prática associa exame clínico geral e complementares como glicemia, colesterol total e fracionado, triglicérides, hemograma, creatinina, ácido úrico, urina, fezes, eletrocardiograma, ergométrico e outros. "Para os pacientes, que estão saudáveis, os exames de check-ups devem ser realizados anualmente", aponta Karin. Santos lembra que os resultados dos check-ups podem servir como marcadores para intervenções preventivas. “Exames como esse (glicemia, Revista da Rede Adventista de Hospitais 21


colesterol, etc) são solicitados diariamente em nossos ambulatórios, evitando, assim, desfechos terríveis como o acidente vascular cerebral (AVC) ou o infarto agudo do miocárdio”, avalia. O check-up também pode detectar doenças graves como o câncer de pulmão, que pode ter cura caso seja diagnosticado no início da patologia. Fazer check-ups regulares garante uma história clínica de exames essenciais para uma análise pessoal da saúde do paciente. “A principal vantagem da medicina preventiva é o fato de aumentar significativamente a qualidade de vida das pessoas. Para o paciente, o benefício é inegável, trazendo um ganho significativo na qualidade de vida, evitando sofrimento futuro através de medidas no presente”, aponta o diretor médico do Hospital Adventista do Pênfigo. Além das intervenções clínicas ou cirúrgicas disparadas a partir do check up, a técnica tem um papel importante na mudança do estilo de vida dos pacientes. Por meio dos resultados dos exames o médico pode recomendar ações como diminuição da ingesta de comidas industrializadas, maior tempo de atividade física semanal, orientações sobre tabagismo, obesidade, sedentarismo ou a necessidade de exames adicionais. “É importante ressaltar que Medicina Preventiva é uma parceria. Quando a pessoa adota um estilo de vida mais saudável, come melhor, dorme melhor, faz exercício físico e cuida para gerenciar melhor a saúde mental e estresse, por exemplo, ela está praticando medicina da melhor qualidade”, pondera Letsch.

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O objetivo é impactar positivamente a saúde dos pacientes com uma alimentação balanceada, terapias naturais, exercícios físicos supervisionados e ambiente rico em flora e fauna locais

Filosofia necessária Exemplo de cultura de prevenção, os hospitais adventistas têm sua conduta médica pautada em uma filosofia de saúde que exalta o equilíbrio, a temperança e um estilo de vida saudável. “Em conformidade com a OMS (Organização Mundial de Saúde), essa filosofia entende que saúde é mais que a ausência de uma doença, é um completo bem estar desses diferentes aspectos que formam o ser humano. Esse bem estar é conseguido plenamente com hábitos saudáveis e um acompanhamento para corrigir e tratar o que seja possível”, relata o médico coordenador do check-up da Clínica Adventista de Curitiba. É interessante notar a consolidação de uma tendência importante no mercado de saúde: a integração entre unidades hospitalares, unidades especializadas em ckeck up e unidades especializadas em wellness e qualidade de vida. No Centro de Vida Saudável (CVS), fundado em Campo Grande há quase 30 anos, integrado ao Hospital Adventista do Pênfigo, há um programa específico para check-ups.

Quatro etapas da Medicina Preventiva Primária: visa evitar que a pessoa fique doente. O melhor exemplo desse tipo são as vacinas que podem minimizar ou prevenir totalmente doenças como a paralisia infantil, tuberculose, meningite e outras. Secundária: busca detectar de forma precoce uma pessoa que já esta doente. Um grande exemplo é o exame conhecido como "Papanicolau", que visa verificar mudanças no colo do útero que podem indicar o início de

Durante um dia, o paciente é avaliado e acompanhado por uma equipe multiprofissional e passa por exames preventivos”, destaca o diretor médico do Hospital Adventista do Pênfigo, William dos Santos. A ideia central é que o cuidado com a saúde pode ser cultivado de forma preventiva e um ambiente mais agradável que um hospital, mas sem precisar abrir mão dos recursos técnicos de uma unidade hospitalar completa. O resultado tem sido pacientes com melhores índices de saúde geral mantidos longe das internações hospitalares por mais tempo. O Centro também conta com um programa completo de check-up que tem a duração de cinco dias. "Durante esses dias, o paciente pratica atividades físicas, passa por massoterapia e sauna, além de receber orientação alimentar. Entre domingo e segunda todos os exames de check-up são realizados e ficam prontos na quinta, quando o médico avalia e recomenda as melhores atitudes a serem tomadas pelo paciente", finaliza a vice-diretora médica do Hospital Adventista do Pênfigo, Karin Martins, dando mais um exemplo de integração completa.

uma lesão maligna, como o câncer. Também nesse ponto estão os programas de check-up, nos quais o paciente é examinado clinicamente e muitas patologias podem ser detectadas no início. Terciária: tenta evitar que uma doença instalada deixe sequelas permanentes, como uma reabilitação após um infarto. Clínicas especializadas e Centros de Vida Saudável têm um importante papel nessa fase. Quaternária: busca diminuir os resultados de muitas intervenções e métodos muito agressivos que podem debilitar mais os pacientes. Clínicas especializadas e Centros de Vida Saudável também podem ter um importante papel nessa fase. Fonte: Gustavo Letsch, médico coordenador do check-up da Clínica Adventista de Curitiba

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A evolução

dos transplantes

O que mudou no cenário nacional desde o primeiro transplante realizado no País

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Equipe multidisciplinar é fundamental para um hospital de transplantes

T

udo começou no final da década de 1960, quando os primeiros transplantes de órgãos foram realizados em São Paulo e no Rio de Janeiro. Na época, vigorava a Lei nº 5.479 que tratava da retirada e o transplante de tecidos e órgãos para finalidade terapêutica e científica. Porém, não havia uma regulamentação para a realização dessa atividade, o que ainda inibia as instituições médicas, pacientes e doadores. Ainda assim, desbravando a técnica e a cultura do transplante, foi realizada a primeira transplantação de pâncreas no Hospital Adventista Silvestre, no Rio de Janeiro, em 1968.

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“Somente no final da década de 90, após a criação da legislação específica para transplante e com forte incentivo do governo federal, é que os transplantes decolaram no Brasil, sendo o segundo maior país no mundo em número de transplantes realizados por ano”, destaca o coordenador de transplante renal do Hospital Adventista Silvestre, Pedro Tulio Rocha. Pedro Tulio refere-se à “Lei dos Transplantes” que foi publicada em 1997 (Lei nº 9.434) com o intuito de regular a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante. Já o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) foi regulamentado e instituído, no domínio do Ministério da Saúde, pelo Decreto nº 2.268, de 30 de junho de 1997. Além da falta de legislação específica, as barreiras técnicas da época eram enormes, desde rejeição do órgão transplantado até pouca experiência da equipe médica. “Os profissionais não conheciam a anatomia completa dos órgãos e as opções das drogas antirrejeições eram pequenas”, explica o chefe da equipe de transplantes de fígado do Hospital Adventista Silvestre, Eduardo Fernandes. Nos últimos 50 anos, no entanto, a técnica, a farmacopéia e a cultura dos transplantes evolui exponencialmente. “Houve grande mudança nos remédios utilizados para evitar a rejeição do órgão resultando em conteúdos mais potentes e seguros, por exemplo”, destaca Pedro Tulio. O médico esclarece que hoje, o doador pode passar pela cirurgia de retirada do rim, por exemplo, por vídeolaparoscopia, oferecendo uma recuperação muito melhor do que antes com a cirurgia convencional. “Tenho muito orgulho em dizer que nossa equipe no Hospital Silvestre é quem mais faz cirurgias deste tipo no Brasil, e a única do Rio de Janeiro que utiliza essa técnica rotineiramente”, observa Pedro Tulio. Outra conquista para o ramo foi a criação do CNCDO (Central de Notificação, Captação e Distribui26 Revista da Rede Adventista de Hospitais

ção de Órgãos): “Cada Central estadual tem seu poder de gerenciamento dos doadores daquele estado e de distribuição de órgãos para cada centro de transplante. A equipe de transplante não faz gerenciamento dessa fila e não tem poder algum sob a lista, o que garante segurança para a equipe e para sociedade”, explica o cirurgião chefe da equipe de transplante de fígado no Silvestre.

Desafios O maior desafio no cenário atual para os centros de transplantes é aumentar o número de doadores no país. De acordo com os especialistas, há oito mil pessoas na fila de espera por órgãos, enquanto apenas 1.800 transplantes foram realizados no ano passado no Brasil. “O doador falecido está em aproximadamente 15 por milhão de pessoas, quando o objetivo é chegar a 20, uma necessidade de cres-

cimento de 35% no número total de doadores. Ao mesmo tempo, a taxa de transplante com doador vivo está em torno de 8 por milhão e deve chegar a 10”, aponta Pedro Tulio Rocha. Outro aspecto considerado, dessa vez por Fernandes, além da melhora no número de doadores, é que a remuneração aos profissionais deve ser repensada. “Transplantar um órgão é uma atividade de alto risco para o médico. Além de ter que trabalhar à noite, a remuneração é desistimulante, o que faz com que muitos profissionais não se interessem em ingressar nesse ramo”.


A sobrevida após o transplante também é um desafio enfrentado pelos profissionais de saúde. “Levando em conta que a mortalidade na década de 1980 era de quase 100% semanas após o transplante, é fantástico imaginar que, hoje, o nosso hospital tem uma sobrevida acima de 80% nos transplantes de fígado. No geral, o Brasil apresenta índices bons de sobrevida, por conta de médicos bem treinados e procedimentos cada vez mais seguros”, assinala Fernandes. Para que a expectativa de sobrevida continue crescendo, os centros de transplantes precisam de um suporte adequado para as cirurgias. Fernandes acrescenta: “Nenhum hospital pode ser apenas específico para transplantes. O hospital deve ter uma equipe multidisciplinar para que, em caso de alguma complicação na cirurgia, o centro esteja preparado para atender o paciente com outras especialidades”.

Transplantes Com 80 transplantes de fígado e 43 de rim feitos em 2014, o Hospital Adventista Silvestre é uma referência em desenvolvimento das técnicas. “No Silvestre, 20% dos doadores de fígado são pessoas vivas e nosso hospital é o que mais faz esse tipo de transplante no Brasil. É uma cirurgia de altíssima responsabilidade, pois temos que retirar mais da metade do fígado de uma pessoa viva para transplantá-lo”, explica Eduardo Fernandes. No caso dos doadores falecidos, a família é quem deve autorizar o uso dos órgãos para a transplantação, mas o aceite brasileiro ainda está longe do ideal. “A aceitação familiar está em torno de 50% no Brasil. Países como a Noruega e Suécia têm taxas próximas a 90%”, aponta Pedro Tulio Rocha. “A família não acredita no sistema público de saúde e se ela for mal atendida ela não vai ser soli-

dária. A doação de órgãos terá mais adeptos quando o sistema público melhorar”, enfatiza.

Mais preparados Com mais de 40 anos de experiência em diversas residências, o Hospital Adventista Silvestre tem, há sete anos, um diferencial no programa de residência em cirurgia geral. Os médicos, que participam por três anos do projeto, também aprendem sobre os transplantes abdominais. “Nós conseguimos que nossos residentes sejam expostos ao treinamento em transplantes. Hoje, o Silvestre é uma escola de cirurgia e um dos principais centros de transplantes do país”, destaca Fernandes. Com o intuito de formar cirurgiões mais preparados para o mercado de trabalho, o hospital conta com cinco cirurgiões, sendo que quatro deles fizeram residência no próprio Silvestre. Além disso, o hospital possui interação com outros centros cirúrgicos espalhados pelo globo, como Noruega, China, Estados Unidos e Chile. Durante os três anos de residência, os médicos passam alguns meses alocados em cada um desses centros.

O hospital também é referência em produções científicas e está presente em diversos congressos internacionais apresentando aspectos científicos da experiência conquistada. “O hospital tem um papel importante na sociedade, porque coloca no mercado profissionais mais capacitados. Esse projeto de formação de pessoas vem ao encontro do objetivo do hospital que é ajudar a melhorar a vida da população”, finaliza Fernandes.

Pioneirismo mundial Em abril de 2014, o Hospital Adventista Silvestre fez o primeiro transplante intervivos de fígado e desobstrução dupla de artérias em uma mesma cirurgia. Devido a obstrução coronariana que o paciente apresentava, era impossível o transplante de fígado sem o risco extremo ao coração. Uma equipe médica composta por 14 profissionais e 17 horas resultaram em uma cirurgia de sucesso. Após a desobstrução das artérias, foi feita a retirada de 65% do fígado da doadora viva (uma parente próxima do paciente) e implantado no transplantado que teve o fígado inteiro eliminado.

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Voluntariado

Tropical

Profissionais de saúde fazem a diferença na Amazônia

P

esquisas de opinião divulgadas em 2014, a propósito das eleições gerais, indicam claramente que a saúde permanece entre os principais problemas do país. Pesquisa realizada pelo Datafolha, solicitada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), por exemplo, mostra que a insatisfação sobre o tema gira em torno de 87% entre os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Naturalmente, as regiões sul e sudeste, apresentam índices mais moderados de insatisfação, já que há oferta de estruturas e profissionais de saúde. Já as regiões nordeste e norte, ressentemse, não apenas pela qualidade do serviço prestado, mas pela falta de infraestrutura e de pessoal qualificado. Programas governamentais têm sido paliativos para a situação, mas regiões como a Amazônia apresentam desafios muito mais extensos do que aqueles que podem ser enfrentados com novos concursos públicos. Essa realidade é confirmada por dados da pes-

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quisa A presença do Estado no Brasil, elaborada pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA), divulgada em 2012, que identificou a média de médicos em relação à população. Enquanto a média nacional é de 3,1 médicos para cada mil habitantes, a região norte tem média de 1,9 profissionais para cada mil habitantes e com o agravante da concentração maior nas capitais. É nesse cenário que entidades filantrópicas e organizações não governamentais (ONG’s) possuem um papel de extrema relevância: atendem a uma demanda reprimida, levando tratamento, ações de conscientização e prevenção, além de uma nova perspectiva às regiões onde o estado não consegue promover o acesso aos serviços básicos. Por sua essência filantrópica, a Rede Adventista de Hospitais está sempre ligada às ações que visam a promoção da saúde e do bem-estar do ser humano, independentemente de sua condição de cliente da Rede. Presença forte nos estados do Pará e


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Amazonas, por meio dos hospitais de referência localizados nas capitais, Belém e Manaus, a instituição organiza e apoia projetos de saúde para as comunidades ribeirinhas. Profissionais de saúde destas unidades estão envolvidos nas atividades assistenciais organizadas pela Rede ao longo dos cursos dos rios Negro, Solimões e Amazonas. Além de terem sua carga profissional orientada às iniciativas dos hospitais, médicos da Rede atuam como voluntários nos projetos organizados pelas agências humanitárias ADRA (Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais) e ASVAM (Ação Social Voluntária Amazônia). Especificamente estas entidades dão continuidade ao trabalho iniciado em 1931, pelo casal americano Jessie e Leo Halliwell. Jessie era enfermeira e Leo engenheiro e eles vieram para a Amazônia iniciar um

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projeto assistencial aos ribeirinhos em uma lancha médica, conhecida como Luzeiro I. Na época, o projeto contava com recursos da Sociedade de Missionários Voluntários, ligada à Igreja Adventista do Sétimo Dia. O desenho e a produção deste primeiro barco fo-

ram feitos por Halliwell, que pilotou a embarcação por mais de 30 anos, percorrendo incontáveis vezes os 1.600 quilômetros que separam Belém e Manaus, numa média superior a 20 mil quilômetros por ano. Ao longo dos últimos 80 anos, outras lanchas Luzeiro foram construídas e seguiram com o atendimento da população carente que vive ao longo dos rios Amazonas, Negro, Solimões e seus afluentes.


O projeto Luzeiro foi expandido e hoje é administrado com o apoio de diferentes entidades que, juntas, representam uma grande força-tarefa em favor da saúde nas regiões carentes da Amazônia. Com o crescimentos dos Hospitais Adventistas de Belém e Manaus, grande parte dos atendimentos filantrópicos passou a ser direcionado às instituições, mas o projeto Luzeiro ainda conta com duas lanchas equipadas com consultório odontológico móvel, cada um com capacidade para atender, em média, 30 pacientes por dia. “Contamos também com o apoio da lancha voadeira Jessie Halliwell, que tem capacida-

A Rede Adventista de Hospitais está sempre ligada às ações que visam a promoção da saúde e do bem-estar do ser humano, independentemente de sua condição de cliente da Rede

de para 12 pessoas e o Expresso Luzeiro, com capacidade para 16 pessoas, para deslocamentos das equipes médicas até núcleos populacionais e também dos pacientes até centros de atendimento. Todo o programa Luzeiro conta com enfermeiros e comandantes em tempo integral, além do trabalho de profissionais médicos voluntários”, detalha o diretor da regional da ADRA no Amazonas, Herber Magdiel Silveira Kalbermatter. Faz parte do programa Luzeiro, também, o “Mutirão de Saúde”, com a participação de médicos voluntários, que duas vezes ao mês atende cerca de 200 pessoas em uma vila específica. Os medicamentos utilizados são doados por laboratórios, hospitais e muitas vezes pelos próprios médicos.

Os profissionais de saúde interessados em conhecer um pouco mais sobre o trabalho dessas entidades e em dedicar parte do seu tempo ao atendimento assistencial voltado à comunidades ribeirinhas da Amazônia, podem entrar em contato nos sites: www.salvavidasamazonia.org e www.adra.org.br. Revista da Rede Adventista de Hospitais 31


ASVAM

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m 2007 um grupo de voluntários, profissionais de saúde que participavam do atendimento às comunidades que eram beneficiadas pelo projeto Luzeiro, decidiram ampliar o trabalho a partir da criação da ONG ASVAM, gestora do Projeto Salva-Vidas Amazônia. “Nosso objetivo é dar continuidade as atividades que chamamos de obra médico-missionária. Trabalhamos em lugares distantes e desafiadores”, afirmou o presidente da entidade, Bradley Robert Mills. Ele explica que os profissionais da saúde que têm interesse em fazer parte dessa história são capacitados e geralmente atuam durante um ano como voluntários em comunidades ribeirinhas ou indígenas. “Temos, atualmente, 34 voluntários em tempo integral. Geralmente, esses voluntários doam um ano de serviço, mas hoje existem 10 profissionais que já estão entre o segundo e terceiro ano de atuação voluntária”. O projeto Salva Vidas Amazônia presta o atendimento fixo a quatro municípios, sendo que há outros cinco que recebem ações rotativas. Um

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grande parceiro dessa importante ação social é o Hospital Adventista de Manaus, que disponibiliza estrutura e profissionais de sua unidade para dar suporte aos atendimentos. “Nossa parceria é bem ampla e um ponto muito importante é que eles aceitam pacientes do interior que precisam de atendimento especializado, o que nos permite ajudar muitas pessoas e garantir um serviço de qualidade para a população”, destacou. Renato Araújo, médico responsável pelo departamento de Diagnóstico por Imagem do Hospital Adventista de Manaus, ajuda a coordenar a parceria que resulta em missões de um ou dois dias. “Nós fazemos esta ação na comunidade Bela Vista, que fica às margens do Rio Negro. Este ano começamos a fazer as missões

incluindo pessoas de outros departamentos do Hospital, envolvendo cada vez mais funcionários”. As visitas periódicas são feitas em um barco que leva cerca de 40 pessoas. “Durante as nossas missões, levamos atendimento médico, odontológico, serviços de assistência social, lazer e recreação, em que são estimuladas brincadeiras e a prática de atividades esportivas”, exemplificou o médico. A comunidade Bela Vista possui cerca de 120 famílias e recebe o projeto a cada 45 dias, sempre aos domingos. A equipe do Hospital Adventista de Manaus chega a realizar cerca de 300 atendimentos em cada visita. “O acesso à saúde é a principal carência dessas pessoas, pois não há infraestrutura nas proximidades. São constantes, entre os ribeirinhos, doenças como a diabetes e hipertensão, além de uma grande incidência de doenças ligadas à má alimentação, como a desnutrição e inúmeros problemas de pele”. Na visão de Araújo, o trabalho voluntário representa a sua segunda família. “Poder ajudar o próximo é muito especial. No hospital atendo pessoas que têm condição de pagar um plano de saúde, mas tenho a consciência de que tenho a missão pessoal de levar a saúde às pessoas. Contribuir com o bem-estar dessas famílias é uma fonte de inspiração que renova as minhas energias e me faz voltar diferente de cada missão”, compartilhou.


Projeto Luzeiro XXVI (ADRA)

A

tualmente cerca de 500 famílias são beneficiadas diretamente pelo projeto Luzeiro XXVI em suas três bases: Barreirinha, Coari e Rosa de Saron (Manacapuru), onde são atendidas mais de 60 comunidades. O projeto é mantido por doações de diferentes financiadores. Entre eles está o Hospital Adventista de Manaus. Segundo Kalbermatter, somente conhecendo a vida de um ribeirinho, suas dificuldades e necessidades é possível compreender o quão importante é esse projeto para a melhoria da saúde nesta região. Ele pontua que a maioria dos ribeirinhos vivem da lavoura, pesca diária e da complementação de renda, nos casos de famílias com filhos em idade escolar, feita pelo programa Bolsa Família. A renda é geralmente baixa e o que plantam e colhem é destinado à sua própria alimentação. “Muitos dos ribeirinhos encontram dificuldades e barreiras para serem atendidos pela rede pública.

Faltam recursos para a gasolina dos barcos ou os riscos aos quais estão expostos durante as tempestades que enfrentam em seus pequenos barcos inibem a busca por atendimento médico. Na verdade, muitas vezes as dificuldades são tantas, que eles desistem e convivem com a dor.” Kalbermatter relata que não são raras as que vezes um ribeirinho viaja de seis a oito horas, de canoa com motores minúsculos, de dia ou de noite, enfrentando sol, escuridão, tempestades, frio e vento, para chegar ao local de atendimento apenas para pegar a senha e marcar uma consulta para 30 dias depois. “Então ele tem que retornar para sua casa e enfrentar uma nova aventura no dia da consulta. O maior problema é que as vezes ele chega lá e a noticia é que o médico não veio”, exemplificou o diretor da ADRA.

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Dedicação

além da medicina Diretor de agência humanitária fala sobre a possibilidades de trabalho voluntário no segmento da saúde

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m 2011, uma pesquisa realizada pela universidade John Hopkins, nos Estados Unidos, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e o Programa de Voluntários das Nações Unidas, revelou que até aquele ano, existiam cerca de 140 milhões de voluntários em todo o mundo. Para o diretor regional da ADRA, agência humanitária internacional

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presente em mais de 200 países, Helber Kalbermatter, os projetos de voluntariado voltados ao atendimento de populações que vivem em regiões onde existe carência por assistência à saúde, ajudam a equilibrar a balança existente entre a alta demanda e


baixa oferta de atendimento médico. Para Kalbermatter, que gerencia os projetos da entidade dirigidos à região da Amazônia, ainda existe uma grande carência por serviços médicos tanto de baixa, quanto de média e alta complexidade no Brasil, principalmente nos locais mais afastados dos grandes centros. “Os projetos de voluntariado que levam serviços médicos a essas áreas estimulam e mobilizam pessoas a serem agentes de esperança e transformação de vidas, que vivem por uma causa e fazem com que ela mude o seu jeito de atender e ver as necessidades dos outros”. Uma das barreiras a serem transpostas para a ampliação do trabalho é o desconhecimento, por parte dos profissionais da área médica, que é possível trabalhar em projetos de voluntariado em tempo parcial ou em períodos específicos, sem a necessidade de mudança do rumo da carreira. Parte dos projetos da ADRA na Amazônia, por exemplo, é realizada com o apoio de médicos que investem parcialmente seu tempo de trabalho nesses atendimentos.

De acordo com Kalbermatter, a ADRA e seus beneficiários não teriam condições de pagar por tantos plantões, consultas e exames realizados. “Alguns médicos dedicam um ou dois finais de semana por mês e vão até os locais onde mais se necessita da presença de um profissional da saúde”. Essa parceria entre uma entidade com presença permanente e profissionais com presença limitada, permitiu o atendimento em regiões onde nem o poder público planeja criar estruturas de saúde, já que não há oferta de profissionais. Além do projeto Luzeiro, citado na matéria anterior, a ADRA possui outros dois projetos que são desenvolvidos no Amazonas, o “Saúde de Bairro em Bairro” e “Feira de Saúde” e que envolvem voluntários da área médica. Ao todo, estes três projetos atendem cerca 10 mil pessoas por ano na região do Amazonas, excluindo os atendimentos efetuados

pelo setor de filantropia do Hospital Adventista de Manaus, em parceria com a entidade. Kalbermatter afirma que é impossível mensurar o valor de cada voluntário, pois não trata-se simplesmente do que fazem, mas de como fazem. “A motivação está simplesmente em compreender o valor de servir, e no prazer de ver o quanto seu atendimento muda a visão de uma pessoa, que outrora não enxergava bem, mas que agora, através do exame clínico e da doação dos óculos, passa a enxergar o mundo, as cores, e o quadro negro de uma sala de aula com perfeição e atenção”, detalhou. Num mundo de carreiras intensivas, horários múltiplos e demandas por educação continuada que limitam os projetos pessoais, voluntariado é uma forma de dar sentido mais amplo e relevante a todo o esforço pelo sucesso profissional.

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Projeto - Feira de Saúde Esse programa tem como objetivo promover um estilo de vida saudável por meio da disseminação da informação e de atividades educativas, ancoradas nos benefícios de recursos que estão gratuitamente à disposição de todos: água, luz solar, exercício físico, ar puro, alimentação natural, repouso, equilíbrio emocional e espiritual.

Projeto - Saúde de Bairro em Bairro O objetivo do projeto é levar atendimento médico de qualidade para os bairros de Manaus por profissionais voluntários de diversas áreas que se revezam prestando atendimento à população de baixa renda. “Essas pessoas, que estão em uma situação de vulnerabilidade social, teriam que esperar de um a dois meses pela oportunidade de uma consulta. Por meio dos médicos e cirurgiões dentistas voluntários cadastrados, o atendimento é imediato”, conta Kalbermatter. Além disso, a ADRA conta com uma base de apoio no bairro do Aleixo, que tem duas salas equipadas onde são realizados atendimentos odontológicos gratuitos aos sábados.

A ADRA possui projetos assistenciais em 13 estados brasileiros, parte deles ligados à saúde. Para conhecer as ações e as possibilidades de voluntariado, acesse www.adra.org.br, visite a área “Projetos” e selecione o estado para conhecer os programas desenvolvidos.

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Estilo de vida

que dรก certo

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Cid Moreira fala sobre equilíbrio, qualidade de vida e sua experiência no Centro de Vida Saudável

S

ua voz está entre as mais conhecidas do Brasil. Em seu currículo há uma das maiores emissoras de televisão e a bancada do programa jornalístico de maior credibilidade do país. Hoje, seu estilo de vida é bem diferente do início dos seus 70 anos de carreira. "Eu acordo por volta das oito horas e faço minha oração agradecendo a Deus pela noite tranquila e em paz que passei e peço calma e e discernimento para o dia que viverei", diz o jornalista e locutor Cid Moreira. Com 88 anos, Cid mantém uma vida saudável comendo frutas pela manhã e comprando aquelas que não nascem em seu quintal. Além disso, o hábito da leitura faz parte de sua rotina. "Tenho livros distribuídos pela casa. Onde paro para descansar um pouquinho, leio alguma coisa. Atualmente, estou lendo a biografia de Einstein e um livro de um médico pernambucano: 'Quem ama não adoece'. Sem contar a Bíblia que consulto várias vezes ao dia para gravar minhas mensagens e tirar dúvidas", conta Cid.

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Após tanto tempo de carreira, atualmente Cid Moreira, trabalha em casa em seu próprio estúdio. Dentro do seu escopo de trabalho estão seus serviços prestados à Atualmente, estou Globo, gravações lendo a biografia de vídeos institucionais e textos de Einstein e um bíblicos. "Estou livro de um médico envolvido em um projeto para grapernambucano: var poesias dos ‘Quem ama não grandes poetas adoece’. Sem contar brasileiros. O oba Bíblia que consulto jetivo é incentivar a garotada ao várias vezes ao dia prazer da leitura e para gravar minhas aos mais adultos a recordar a beleza mensagens e tirar dos textos poétidúvidas cos", relata. Nas horas vagas, além de ler, Cid gosta de jogar baralho com os amigos “sem valer dinheiro, apenas por distração e para exercitar o cérebro”, ressalta. Para ele, todos os sábados são sagrados porque têm uma programação especial: tomar o desjejum com seu irmão. Cid perdeu sua única filha, seu neto e sua primeira esposa há muitos anos. "Gosto de ficar quietinho em casa com a minha esposa. Meu único irmão mora relativamente perto de casa e a gente sê vê muitas vezes durante a semana", observa. Quando perguntado sobre o que é mais importante em sua vida, Cid Moreira responde sem demora: "O meu relacionamento com Deus. A minha conduta. Se ando de acordo com a vontade de Deus, me sinto em paz. E viver em paz é o bem mais precioso que alguém pode ter nesse mundo".

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CEVISA Há 12 anos, Cid Moreira conheceu o Centro de Vida Saudável (CEVISA), em Engenheiro Coelho, interior de São Paulo. "Fui convidado a conhecer o local quando comprei alguns terrenos bem próximos, no condomínio Lago Azul. Daí voltei mais tarde para ficar e usufruir dos benefícios do Centro de Vida Saudável", recorda-se. O Centro veio para confirmar o estilo de vida que Cid preserva por muitos anos: o vegetarianismo. "Eu sou muito determinado nas coisas que acredito e alimentação e prática saudáveis são muito importantes para mim. Já adoto a alimentação vegetariana há mais de 50 anos. No CEVISA, minha esposa também aprendeu a fazer pães e alimentos saudáveis", diz Cid. Cid, que já esteve três vezes no CEVISA, realiza muitas atividades durante a semana quando se hospeda no Centro. "Tem muita coisa boa lá. Eu faço caminhada, assisto boas palestras que variam muito de acordo com a época. Participo de cursos e palestras sobre alimentação saudável. Aproveito para fazer um pequeno check-up com os profissionais da saúde que trabalham por lá. Também faço atividades de fisio-

Tem muita coisa boa lá. Eu faço caminhada, assisto à boas palestras que variam muito de acordo com a época. Participo de cursos e palestras sobre alimentação saudável terapia para fortalecer e revigorar a musculatura", explica Cid Moreira. Apaixonado por acústica, Cid elogiou a estrutura do auditório do CEVISA. "Eu gosto muito daquele pequeno auditório, foi muito bem montado com aparelhagem de som de última geração. Como curto muito acústica, parabenizo o local por se preocupar com a qualidade desse nível", destaca. O CEVISA e o Cid Moreira mostram que é possível ser saudável em qualquer idade. "Vou fazer 89 anos em setembro deste ano, se Deus quiser, e me sinto ótimo. Não tenho problema de colesterol, diabetes, hipertensão, nenhum dos males que afetam tantos da minha geração. Peço a Deus para deixar esse mundo quando minhas forças, dadas por Ele naturalmente, chegarem ao fim. Como uma vela que se apaga; em paz, tranquilo, dormindo. E creio muito que Deus vai me abençoar", finaliza Cid Moreira.


Apresentação

Corporativa

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Hospital O Adventista de Manaus Dr. Antônio Guilherme Lopes de Macedo diretor médico CRM/AM 4841 Av. Gov. Danilo Areosa, 139, Distrito Industrial - Manaus / AM Telefone: (92) 2123-1311

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Hospital Adventista de Manaus nasceu com a evolução do trabalho de atendimento à população ribeirinha, iniciado pelo casal de missionários Jessie e Leo Halliwell. Fundado em 1940, ele é referência em saúde na região norte do país. A unidade passou por um processo de ampliação entre os anos de 1980 e 1990, que a colocou entre as melhores instituições de saúde do país. Hoje, considerado o principal hospital do Amazonas, ele dispõe de 130 leitos e possui cerca de mil funcionários entre equipes médicas, de enfermagem, departamento administrativo e serviços gerais, que dão suporte ao atendimento dos mais de 10.000 pacientes que passam por suas instalações todos os meses. A qualidade dos procedimentos fez com que a unidade ganhasse destaque nacional ao ser credenciada como hospital de referência da FIFA durante a Copa do Mundo de 2014. Outra importante conquista da unidade foi o Certificado de Acreditação Plena da Organização Nacional de Acreditação (ONA), que inseriu a instituição no topo da lista dos melhores hospitais do país.


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Hospital Adventista de Belém Dr. Markus Barcellos diretor médico CRM/PA 4572 Av Almirante Barroso, 1758 - Marco, Belém, PA Telefone: (91) 3084-8686

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Hospital Adventista de Belém é referência em saúde na região da Amazônia e atende demandas locais e de cidades vizinhas. A unidade tem cerca de 1.200 colaboradores e realiza cerca de sete mil atendimentos mensais somente em seu Pronto Atendimento, chegando a fazer uma média de 50 mil exames por mês em seu laboratório de análises clínicas. O hospital é fruto do trabalho missionário de Jessie e Leo Halliwell que vieram para a região em 1931, juntamente com outros americanos para atender à população ribeirinha. Após 10 anos de experiências com a lancha médica, o casal fundou a Clínica Médica “O Bom Samaritano”, em 1941. No dia 10 de abril de 1953 foi inaugurado o Hospital Adventista de Belém, no bairro do Marco, na época com 18 leitos. Atualmente, a unidade possui 198 leitos, sendo 32 de observação e 166 de internação. Conta com Laboratório, Centro de Diagnósticos, Pronto Atendimento Adulto e Infantil, Centro de Reabilitação e toda assistência de consultórios e salas de cirurgia necessários para o atendimento da população.


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Hospital L Adventista do Pênfigo Dr. William Joubert dos Santos diretor médico CRM/MS 007120 Av. Gunter Hans 5885 - Jardim Pênfigo – Campo Grande/MS Telefone (67) 3323-2000

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ocalizado em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, o Hospital Adventista do Pênfigo é a principal referência de saúde da região. Fundado em 1949, é composto por duas unidades hospitalares mais um Centro de Vida Saudável que atua com a promoção da saúde por meio da orientação sobre o desenvolvimento de um estilo de vida equilibrado. É o único hospital em todo o estado equipado com um Centro de Infusão Oncológica e Pronto Atendimento de Ortopedia. Possui todas as subespecialidades e centro de diagnóstico. Sua matriz possui o único Pronto Atendimento Geral próximo aos bairros e atende pacientes particulares, convênio e também ao SUS. O Hospital realiza uma média de 4 mil atendimentos ambulatoriais e cerca de 700 cirurgias ao mês. A excelência do atendimento e a qualidade dos seus procedimentos renderam à unidade o Prêmio Quality Brasil em 2014, premiação que homenageia empresas e instituições que contribuem com o desenvolvimento socioeconômico do país.


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Hospital Adventista Silvestre Dr. Ranieri Carvalho Leitão diretor médico CRM/RJ 52649619 Ladeira do Ascurra, 274 - Cosme Velho, Rio de Janeiro - RJ Telefone: (21) 3034-3000

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udo teve início em 1942, no bairro Cosme Velho, no Rio de Janeiro, quando o Hospital Adventista Silvestre foi fundado. Com 49 mil metros quadrados de área, hoje a Rede Adventista Silvestre de Saúde conta com mais de 1.200 colaboradores nos dois hospitais (um no Rio de Janeiro e outro em Itaboraí) e nos três centros médicos (dois no Rio de Janeiro e um em Itaboraí). Com 145 leitos, 380 cirurgias e 97 mil atendimentos por mês, o hospital conquistou o título de 1º Lugar em Transplantes Intervivos no Estado do Rio de Janeiro, em 2013 e 2014. Também ocupa o 1º Lugar em Transplantes de Fígado com doador vivo e o 3º Lugar em Transplantes de Rim, ambos a nível Brasil. Com a comunidade do Rio, o hospital atua com o Centro Médico Solidário no Cosme Velho, além da Escola de Evangelismo em Saúde e Feiras de Saúde.


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Hospital Adventista de São Paulo Dr. Dorival Duarte diretor médico CRM/SP 105977 Rua Rocha Pombo, 49 - Aclimação - São Paulo, SP Telefone: (11) 2838-7000

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undado em 1942, o Hospital Adventista de São Paulo (HASP) está localizado no bairro da Aclimação. Com 53 leitos, o hospital faz 280 cirurgias, 12 mil atendimentos por mês e conta com cerca de 500 colaboradores. O hospital também conta com Centros Médicos e Diagnósticos próprios.


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Centro de Vida Saudável (CEVISA) Dr. Luiz Fernando Sella diretor médico CRM/SP 139.853 Estrada Municipal Walter Boger, km 1,5 – Engenheiro Coelho/SP Telefone (19) 3858-5900

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om 87 mil metros quadrados de natureza, a história do CEVISA teve início em 2005 como Centro Médico de Vida Saudável, quando funcionava como clínica ambulatorial. Há sete anos, o CEVISA passou a funcionar como Centro de Vida Saudável renovando o estilo de vida por meio dos remédios naturais. Com o objetivo de reeducar hábitos e promover o bem estar, o CEVISA conta com 40 apartamentos, 80 colaboradores e atende 150 pacientes por mês. Por meio da promoção de saúde, o CEVISA oferece a cura física, mental e espiritual aos pacientes.


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Clínica Adventista de Curitiba Dr. Helnio Judson Nogueira diretor médico CRM/PR 3377 Alameda Júlia da Costa, 1447, Bigorrilho Curitiba, PR. Telefone: (41) 3240-2900

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om 40 colaboradores, 200 pequenos procedimentos cirúrgicos e 5 mil atendimentos por mês, a clínica é referência em atendimento ambulatorial de especialidades no sul do Brasil, desde 1994. Com o intuito de levar saúde física, mental e espiritual, a clínica promove a prevenção de doenças e a saúde dos pacientes. A clínica destaca-se em feiras de saúde, cursos de culinária saudável, palestras em escolas e programas que incentivam a prática regular de exercícios físicos.


Clínica Adventista de Porto Alegre Dr. João Kiefer Filho diretor médico CREMERS 16217 Rua Matias José Bins, 581 - Três Figueiras, Porto Alegre - RS Fone: (51) 3382-1200

A

Clínica Adventista de Porto Alegre faz parte do Sistema Adventista de Saúde desde 1989. Está localizada no bairro Três Figueiras, na capital gaúcha. Com o objetivo de promover o conforto aos pacientes, a clínica está em uma rua residencial e arborizada. A clínica atende várias especialidades médicas incluindo fonoaudiologia, nutrição, psicologia e fisioterapia. A principal marca da clínica é sua credibilidade e nome de confiança que construiu.

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