(In) verosimilhanças de Liberdade
Cantautores de abril
Comemorar abril
Palestra
BECRE—Leituras
Abril em vídeos
Cantar abril
Liberdade
Testemunhos de ex-alunos
Ficha técnica
(In) verosimilhanças de Liberdade
Cantautores de abril
Comemorar abril
Palestra
BECRE—Leituras
Abril em vídeos
Cantar abril
Liberdade
Testemunhos de ex-alunos
Ficha técnica
Revisitando a obra de Júlio Dinis, o nosso Patrono, procuramos na obra da Morgadinha dos Canaviais vivências, situações sociais e políticas que nos permitem fazer analogias, tecer considerações e constatar por um lado, as significativas diferenças e por outro lado, as verosimilhanças do século XIX para a contemporaneidade.
O romantismo em Portugal patenteando o ideal de liberdade e causas sociais, com inspiração no lema da revolução francesa “Liberdade, igualdade e fraternidade” surge num contexto de instabilidade política e naturalmente, inspira Júlio Dinis na criação de personagens e de situações retiradas, na sua maioria, de pessoas com quem convivia ou contactava na vida quotidiana.
Júlio Dinis é contemporâneo de uma política e liberdade de emancipação e libertação (ainda que equívocas e formais), quiçá hibernadas até o despontar da primavera de um longínquo de abril de 1974…
Volvidos os anos, ultrapassada a revolução, chegada a democracia e apregoada a liberdade a história teima em avanços e recuos. Ousamos afirmar que “A Morgadinha dos Canaviais” bem que poderia ter sido escrita em 2023!
Repete-se a história do caciquismo* português, que teima em manter-se tão atual!
Falemos de vivências político-sociais. Centremo-nos numa das figuras genuínas, o conselheiro Manuel Berardo Mesquita, pai de Madalena, que pretende salvar a aldeia através do primado de muito prometer, de mobilizar esquemas e influências em nome de uma presumida liberdade de bem viver. Reconhece-se o Conselheiro (já) corrompido pela política, que afasta a capacidade de agir sem constrangimento, sob aparente apanágio de bem comum.
Promete melhoramentos para a localidade, tal como a estrada, o cemitério, mas encontra a oposição dos seus adversários políticos. Consegue ganhar as eleições, mas com a ajuda e combinação de votos, nomeadamente do tio Vicente, o ervanário, cuja casa, porém será destruída pelo traçado da estrada.
Joãozinho das Perdizes, personagem igualmente carismática, que procura a todo o custo a notoriedade nos meandros da vida política. Almeja o poder, sem pudor em convencer os aldeões nas tabernas, esperando o êxito na hora de irem votar. O
senhor Joãozinho das Perdizes, figura, que pela sua influência social é um voto requisitado por uns e por outros como garantia e trunfo político decisivo para a vitória.
O Tapadas é partidário e mandatário do Conselheiro, procura também com a sua influência persuadir os menos conhecedores. (…) “mas o conselheiro promete muito e falta melhor, sobretudo a um homem que não tenha influência em eleições” “… hoje os homens são medidos pelos votos que podem lançar na urna eleitoral!” (…) “O Brasileiro, cônscio do valor do voto eleitoral do Sr. Joãozinho, não se cansava de o catequizar, usando para isso de todas as armas e atacando-o por todos os pontos vulneráveis que lhe conhecia”. (…) “Vinha também a alma política do partido do conselheiro, o Tapadas, que nestas épocas não comia, não dormia, não respirava, por assim dizer, senão eleições, e desenvolvia uma miraculosa atividade, correndo a todos os pontos perigosos, conquistando votos, um a um, e lidando por desenredar as meadas políticas dos adversários e enredar as suas”. (…) E continuou-se fervorosamente na edificante obra de combinar tramas políticos. Discutiram-se os diversos processos de angariar as potências eleitorais do círculo. Estudaram-se as ambições de cada uma; ponderaram-se as exigências feitas por uns, os desejos adivinhados em outros; para este o emprego de um afilhado, àquele o bom êxito de uma demanda, a outro o pagamento de uma dívida, ou o resgate de uma hipoteca e a alguns até nua e descaradamente o dinheiro. Nesta empresa de subornar consciências e sofismar a urna entreteve-se o conciliábulo, sem que nenhum dos membros dele sentisse remorsos por o que estava fazendo ali”.
Se, como afirma Luís de Camões que “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, urge fazer “Pontes para a Liberdade”. Ousemos então falar de liberdade e a vivermos não apenas de modo formal.
As citações do livro “A Morgadinha dos Canaviais, Júlio Dinis publicado em 1868.
(*) Caciquismo influência ou prepotência de cacique. Sistema baseado no domínio ou na influência de caciques, de manda-chuvas. "caciquismo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https:// dicionario.priberam.org/caciquismo.
Matilde Oliveira 8ºC CAPAPainéis alusivos ao 25 de abril criados pelos alunos do clube de Fotografia e expostos todos os anos nas vitrines do átrio da nossa escola.
Por ocasião da comemoração dos 25 anos do 25 de Abril realizouse na escola uma exposição alusiva ao evento com um diaporama.
Tivemos a colaboração do Quartel General do Porto com um veículo militar da época.
A exposição decorreu a um domingo, aberta a toda a comunidade.
Desde então todos os anos a Escola assinala esta data tão
Em abril de 2022 os alunos do 9º ano assistiram a uma palestra com a Drª Ilda Figueiredo. A iniciativa, dinamizada pelo grupo de História do 3º ciclo, decorreu no Auditório Maestro José Gomes no Espaço Mais Grijó.
Cantautores de Abril
Clique no cravo para ouvir poemas de abril ditos por alunos e professores
Clique no cravo para aceder à página da BECRE Júlio Dinis
Abril está, desde sempre, no coração do nosso Agrupamento Júlio Dinis, seja pelas suas práticas e valores, seja pelas inúmeras atividades que assinalam esta efeméride.
Abril 1999
Alguns testemunhos da nossa comunidade educativa sobre o 25 de abril 1974
Clique na imagem para aceder ao catálogo da exposição
A comunidade escolar do Agrupamento canta abril.
Ontem.
Hoje.
Sempre.
Abril 2019 Abril 2020
Ilustração: Ana Carolina Soares, 9ºD
Cantautores de Abril
No dia 26 de abril o grupo Coral “Os Corveirinhos”, da Escola Básica de Corveiros assinalaram a data com uma apresentação musical intitulada “Abril a Cantar”.
A iniciativa decorreu na sede do Agrupamento com a participação entusiástica de toda
No 47º aniversário do 25 de Abril o Clube de Fotografia recolheu depoimentos dos alunos do 9º Ano sobre a Revolução dos Cravos.
No 49º aniversário do 25 de Abril os alunos do 9ºB dão o seu testemunho sobre a importância da Revolução do 25 de abril de 1974.
Cantautores de Abril
A Liberdade é única.
Faz-nos viver, sorrir e ...sonhar.
Não é Poder, mas Escolha.
É Paz.
A Liberdade é a nossa melhor Amiga.
Sem ela não teríamos dignidade, nem poder de Escolha.
É o Respeito que tanto precisamos no nosso mundo e no nosso dia a dia.
A Liberdade é o nosso refúgio.
Festejem, sorriam e expressem o quanto o 25 de abril é importante nas nossas vidas.
Ilustração: Lara Castro, 8ºC
Em minha casa já falamos muitas vezes do 25 de abril de 1974.
O meu pai contou-me que naquele dia estava na escola e a sua professora mandou os alunos para casa, pois o irmão dela era militar e ia participar no golpe de estado. Ela estava a chorar preocupada com o seu irmão quando soube do 25 de Abril.
Quando o meu pai chegou a casa, a minha avó estava muito feliz, pois tinha a certeza de que se iria pôr finalmente fim à ditadura. Souberam pela rádio que a revolução tinha corrido bem.
Também me contou que o meu bisavô tinha um tasco no Porto e os presos políticos, quando eram libertados pela PIDE, iam ao tasco do meu bisavô "matar" a fome, e ele dava -lhes dinheiro para poderem regressar às suas casas. O meu bisavô foi levado várias vezes pela PIDE para ser interrogado, mas nunca ficou preso.
A minha avó também me contou que andou a distribuir boletins de voto para a presidência da república, de noite, para não ser presa pela Policia Internacional De Defesa do Estado também conhecida por PIDE. Os boletins de voto eram para eleger Humberto Delgado, um homem bastante valente que, embora sabendo o perigo que corria, não desistiu da sua candidatura a Presidente da República, em junho de 1958. Por isso é que ainda é conhecido como o “General sem Medo”. A sua vitória era importante, pois, se ganhasse, Portugal tinha a possibilidade de sair finalmente da ditadura. Perdeu as eleições, num processo fraudulento. Infelizmente foi morto, numa cilada, no dia 13 de fevereiro de 1965.
A minha avó materna também me contou que no 25 de abril ou revolução dos cravos só houve 4 mortos e que antes do 25 de abril muitos presos políticos eram enterrados mortos na areia da praia do Guincho, situada em Lisboa.
Sei também que antes do 25 de abril nenhum jornal ou revista podia dizer mal dos seus governantes, pois eram censurados e quem falasse mal dos governantes era preso pela PIDE. Felizmente hoje isso acabou e as pessoas podem falar à vontade. Aliás, muitas das coisas que nós sabemos, hoje, são os jornalistas que investigam e divulgam. Por isso, agora há mais liberdade.
Pelo que me contaram, sei que a revolução de 25 de Abril de 1974, também conhecida por revolução dos cravos, nos tirou de uma profunda ditadura de 43 anos, de um regime autoritário, conservador e nacionalista: o Estado Novo, sob os comandos de António de Oliveira Salazar. O regime criou a sua própria estrutura de Estado e um aparelho repressivo, nomeadamente a PIDE, que controlava as opiniões das pessoas, bem como dos jornais, revistas, e de tudo o que pudesse contrariar a ideologia do próprio estado. A população estava descontente com o regime de Salazar e queria a todo o custo a liberdade. Foi um período em que havia perseguições pela PIDE e em que os opositores do estado eram torturados, por vezes até à morte, presos ou até exilados, conforme a gravidade dos seus atos.
Os meus pais contaram-me que os militares, principais protagonistas do 25 de Abril, resolveram então fazer o golpe militar de 25 de Abril de 1974. Este movimento das forças armadas era composto na sua maior parte por capitães que tinham participado na Guerra Colonial e que tiveram o apoio de outros oficiais. Tudo começou com reuniões secretas devido à opressão das forças policiais do regime.
Às primeiras horas da manhã do dia 25 de Abril de 1974, os militares ocuparam pontos estratégicos da cidade de Lisboa, com o objetivo de derrubar o regime do Estado Novo. Os sinais de código para dar o arranque das operações – canções “Depois do adeus”, de Paulo Carvalho e “Grândola, Vila morena”, de Zeca Afonso – foram transmitidos através da rádio nas horas anteriores. A população aderiu em massa ao movimento e, com o reduzido poder militar, a resistência do regime foi lenta e ineficaz, pelo que, nas horas seguintes foi criada a Junta de Salvação Nacional...Os militares saíram para a rua empunhando os cravos vermelhos nos canos das espingardas, ainda hoje símbolo nacional do 25 de Abril. Iniciouse um processo que viria a terminar com implantação de um regime democrático. Foi a partir daí que nasceu a nova república da liberdade. Foi a partir dessa data que nasceram novos partidos políticos, e o povo pôde começar a votar em liberdade. Esta revolução também contribuiu para a união de ideias e pensamentos próprios. Pelo que me contaram, antigamente as pessoas afastavam-se das outras porque havia discriminação de classes: por exemplo, se uma senhora pobre se aproximasse de uma senhora rica era uma coisa que todas as pessoas achavam muito estranho e olhavam de lado. No entanto, penso que isso ainda não acabou completamente. Atualmente também há muitas pessoas que dão mais valor a quem tem dinheiro, aos aspetos físicos, à roupa de marca e a certos bens materiais. Eu não concordo com isso, porque o que é mais importante é ver se as pessoas são simpáticas, se são fixes, ou seja, se são amigáveis e boas pessoas. Não importa se usam aparelho nos dentes, se usam óculos, se são gordas ou são magras… O 25 de abril, ou seja, a liberdade e a democracia também é respeitar as pessoas pelo que elas são, pelo que elas pensam e não pelo que elas têm.
Gestão de Conteúdos: Clube Júlio Dinis
Design Digital: Clube de Fotografia
Artista Digital: Ana Soares, 9º D
Ilustração: Ana Soares, 9º D e Lara Castro, 8ºC
Contactos: jornal.tagarela@aejuliodinis-grijo.pt
Instagram: @clube_juliodinis
Porque sem memória não há futuro. "… Os jovens estão à mercê dum sistema que não conta com eles, que hipocritamente fala deles.
Aqueles que ajudaram a fazer o 25 de Abril imaginaram uma sociedade muito diferente da atual, que está a ser oferecida aos jovens. (...) O sistema ultrapassa-os, o sistema oprimi-os, criandolhes uma aparência de liberdade. Eu creio que a única atitude foi aquela que nós tivemos, a minha geração, de recusa frontal, recusa inteligente, se possível até pela insubordinação, se possível até pela subversão do modelo de sociedade que lhes está a ser oferecido com belos discursos, com o fundamento da legalidade democrática, (...) Tal como nós, eles têm que a combater, têm que a destruir, têm que a enfrentar com todas as suas forças, organizando-se, para criarem a sociedade que têm em mente, que não é com certeza, estou convencido, a sociedade de hoje!"
José Afonso, 1984Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há homens que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida, Estes são os imprescindíveis!
Bertold Brecht