2 minute read
A verdade na ficção
Lee Ok-seon
Fotografia: Tsukasa Yajima
Advertisement
Da sua irmandade, Hana e Emi tiraram as forças para sobreviver à Segunda Guerra Mundial na Coreia do Sul — na vida real, entretanto, o cenário nem sempre foi esperançoso. Poucas mulheres puderam contar com qualquer tipo de amparo enquanto eram compelidas a enfrentar as atrocidades cometidas pelo Império do Japão durante o século XX. Em entrevista à BBC, em 2017, a sul-coreana Lee Ok-seon questionou o uso do termo mulheres de consolo como forma de
Kim Hak-sun foi a primeira a quebrar o silêncio, em 1991, sobre a exploração feminina na Segunda Guerra Mundial. A coragem da ativista incentivou muitas sobreviventes a contarem as suas experiências como escravas sexuais. O movimento foi fundamental para a discussão pública a respeito do dos crimes de guerra, do feminicídio e dos direitos das mulheres.
se referenciar às vítimas da escravidão sexual ocorrida naquela época: “Não fomos por vontade própria, fomos sequestradas e nos obrigavam a ter relações com muitos homens todos os dias”. Aos 15 anos, ela seria enviada pela família para trabalhar como empregada doméstica, mas, no meio do caminho, foi raptada e levada até um bordel na China, quando o país estava sob o controle nipônico. Lá, foi escravizada sexualmente durante três anos e, por causa das agressões, perdeu parte dos dentes e da audição. Para alguns pesquisadores, a história das mulheres de consolo está entre um dos sistemas de tráfico e crimes de guerra mais brutais da humanidade. Apesar disso, só foi reconhecido como tal décadas depois, e o assunto ainda gera desacordos entre os dois países — para saber mais, leia a linha do tempo escrita por Mary Lynn Bracht no final de Herdeiras do mar. Estima-se, hoje, que cerca de 200 mil mulheres sul-coreanas tenham passado pelos mesmos sufocos que a protagonista do mês. Filipinas, Tailândia, Vietnã, Malásia, Taiwan e Indonésia são alguns dos outros países de onde jovens eram retiradas à força dos seus lares — todas elas serviam aos prazeres das tropas militares japonesas nas chamadas “estações de conforto”, que não eram nada mais do que prostíbulos ilegais e desumanos. Após o término da guerra, muitas foram abandonadas à própria sorte e faleceram; as que sobreviveram, como Lee Ok-seon, tiveram que viver o resto das suas vidas à mercê de doenças, ferimentos e humilhações causadas tanto pelos abusos físicos quanto psicológicos.