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Primavera dos significados

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Em inglês, o título de Herdeiras do mar é White Chrysanthemum, ou seja, crisântemo branco. Na Coreia, a flor representa o luto. Não à toa, esta é uma história sobre perda — mas, principalmente, uma homenagem àquelas mulheres que resistiram à guerra.

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No Japão, sakura significa flor de cerejeira. Reza a lenda que a palavra teve origem no nome da princesa Konohana Sakuya Hime, divindade que, segundo a mitologia nipônica, caiu do céu perto do Monte Fuji e, ali, transformou-se na flor que nomeia. É um dos nomes femininos mais populares do país, e simboliza a felicidade, a pureza e a renovação. Há outra interpretação para o vocábulo, porém, que parece se relacionar diretamente com a história do mês. Saudando o início da primavera e o fim do inverno japonês, flores brancas e rosadas surgem nos galhos secos das árvores de cerejeira, adornando e colorindo os parques urbanos. Mas logo as pétalas caem e as flores morrem, encerrando o espetáculo que não dura mais do que uma semana — o que explica a ligação popular entre a planta e a efemeridade da existência. Hana, uma das protagonistas de Herdeiras do mar, sofre com os percalços da condição humana ainda jovem; apelidada de Sakura em um momento decisivo da narrativa, ela mostra ao leitor que a vida é cheia de acontecimentos súbitos, mas, em seu todo, fugaz.

Mary Lynn Bracht, autora da obra, dedica Herdeiras do mar a todas as mulheres que já sofreram durante períodos de conflito político, social e econômico: “a guerra é terrível, brutal e injusta e, quando termina, é necessário que haja pedidos de perdão, reparações, e que a experiência dos sobreviventes seja lembrada”. O drama histórico que você recebe em março carrega reminiscências das antigas e dolorosas

Playlist

Leia o romance ao som de uma playlist inspirada na história:

bit.ly/HerdeirasDoMar feridas: apesar de protagonizado por personagens fictícias, o romance dá voz às milhares de pessoas que foram enganadas, sequestradas e abusadas por militares japoneses durante a colonização da Coreia, em meados da Segunda Guerra Mundial. O livro conta a trajetória de Hana e de sua irmã mais nova, Emi. Em meados de 1943, as duas viviam na província sul-coreana de Jeju, pequena ilha conhecida por seus balneários e vulcões. Pertencente à linhagem semi-matriarcal de mulheres haenyeo, Hana auxiliava a mãe nas tarefas do ofício ancestral, mergulhando nas profundezas do mar para tirar o sustento da família.

Um dia, no entanto, ela é capturada por um soldado japonês e transportada para a região da Manchúria, no leste asiático, onde é forçada a se tornar uma mulher de consolo em um bordel de beira de estrada: a expressão se refere às vítimas de escravidão sexual que, naquela época, eram estupradas para servir aos desejos dos homens que atuavam em bases militares. Longe de Emi, que, por sua vez, martiriza-se pela ausência e pela separação da irmã, Hana está determinada a encontrar seu caminho de volta para casa a qualquer custo. Alternando a linha temporal e os pontos de vista das heroínas, Herdeiras do mar vai cativar o leitor ao retratar a esperança que nos move em tempos de crueldade, violência e opressão — e que nos impulsiona a enxergar a beleza da vida, embora ela seja efêmera como uma flor.

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