Primavera dos significados No idioma original Em inglês, o título de Herdeiras do mar é White Chrysanthemum, ou seja, crisântemo branco. Na Coreia, a flor representa o luto. Não à toa, esta é uma história sobre perda — mas, principalmente, uma homenagem àquelas mulheres que resistiram à guerra.
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No Japão, sakura significa flor de cerejeira. Reza a lenda que a palavra teve origem no nome da princesa Konohana Sakuya Hime, divindade que, segundo a mitologia nipônica, caiu do céu perto do Monte Fuji e, ali, transformou-se na flor que nomeia. É um dos nomes femininos mais populares do país, e simboliza a felicidade, a pureza e a renovação. Há outra interpretação para o vocábulo, porém, que parece se relacionar diretamente com a história do mês. Saudando o início da primavera e o fim do inverno japonês, flores brancas e rosadas surgem nos galhos secos das árvores de cerejeira, adornando e colorindo os parques urbanos. Mas logo as pétalas caem e as flores morrem, encerrando o espetáculo que não dura mais do que uma semana — o que explica a ligação popular entre a planta e a efemeridade da existência. Hana, uma das protagonistas de Herdeiras do mar, sofre com os percalços da condição humana ainda jovem; apelidada de Sakura em um momento decisivo da narrativa, ela mostra ao leitor que a vida é cheia de acontecimentos súbitos, mas, em seu todo, fugaz. Mary Lynn Bracht, autora da obra, dedica Herdeiras do mar a todas as mulheres que já sofreram durante períodos de conflito político, social e econômico: “a guerra é terrível, brutal e injusta e, quando termina, é necessário que haja pedidos de perdão, reparações, e que a experiência dos sobreviventes seja lembrada”. O drama histórico que você recebe em março carrega reminiscências das antigas e dolorosas