"Os malaquias" TAG Curadoria - Dezembro/2024

Page 1


TAG — Experiências Literárias

Tv. São José, 455

Porto Alegre, RS (51) 3095-5200 (51) 99196-8623

contato@taglivros.com.br www.taglivros.com @taglivros

Publisher Rafaela Pechansky

Edição e textos Débora Sander, Rafaela Pechansky e Tatiana Cruz

Colaboradoras Laura Viola e Sophia Maia Designers Bruno Miguell Mesquita e Lu Kohem Capa Laurindo Feliciano Revisores Antônio Augusto e Liziane Kugland Impressão Impressos Portão

Olá, tagger

Em todas as famílias, corre uma ou outra história tão insólita que parece até invenção. Às vezes é disso que se trata mesmo, em outras é o excêntrico da vida se manifestando diante dos nossos olhos, mas, na maioria delas, é uma mistura dos dois. A cada narrativa transmitida de geração em geração, algumas partes vão ficando para trás, deixando vazios que são preenchidos por novos fragmentos de quem precisa encontrar caminhos para contar aquela história. Disse Galeano que “os acontecidos aconteceram alguma vez, ou quase aconteceram, ou não aconteceram nunca, mas têm uma coisa de bom: acontecem cada vez que são contados”. O livro deste mês é um pouco sobre isso.

A premissa inicial de Os Malaquias — um raio atinge em cheio a casa de uma família, deixando três crianças órfãs — é parte da memória familiar de Andréa del Fuego, autora do livro. As três crianças são seu avô, Nico, e seus tios-avós, Antônio e Júlia. O que acontece no desenrolar da trama tem muito da aventura imaginativa de uma escritora original, madura e com um impressionante poder de síntese simbólica.

Era antiga nossa vontade de enviar este livro aos associados. Por isso, quando a curadora Morgana Kretzmann manifestou o desejo de indicá-lo para a caixinha de dezembro da TAG, foi a confluência perfeita de pessoas e circunstâncias. Publicado pela primeira vez há quase quinze anos, o primeiro romance de Andréa del Fuego tem a força das narrativas que sustentam um diálogo duradouro e sempre renovado com cada tempo que atravessam. Um pequeno tesouro de elaboração afetiva da autora e um imenso presente a nós, leitores.

Vamos?

Experiência do mês

DEZEMBRO 2024

Seu livro além do livro: para ouvir, guardar, expandir, crescer.

Mimo

Com mais um ano de leituras que se encerra, um novo calendário para você projetar seu olhar para as boas histórias que estão por vir, dentro e fora dos livros. Selecionamos doze personagens inesquecíveis de clássicos da literatura brasileira de todos os tempos para te acompanhar em 2025. Desejamos que cada um deles possa trazer sua força única, ternura, coragem e inspiração literária para você viver plenamente cada novo dia do ano que começa.

Projeto gráfico

Criada pelo artista Laurindo Feliciano, a capa da nossa edição de Os Malaquias joga com elementos da narrativa que se encontram em diferentes camadas visuais. A paisagem emoldurada remete ao vale onde é ambientada a história — tomado pela água a ponto de comportar a navegação de um barco. Na parte externa da moldura, uma figura de vestido, com o rosto oculto, sustenta nas mãos o peso desse cenário. Nuvens se insinuam na base, sugerindo a dimensão onírica que compõe a atmosfera do livro.

Para ajudar a embalar a sua

sumário

Por que ler este livro

Dor de amor? Dúvidas na vida? Nosso consultório literosentimental responde com dicas de livros 04 06 16 22 24 26 28 32

Bons motivos para você abrir as primeiras páginas e não parar mais

A autora

Um retrato caprichado e uma entrevista com quem está por trás da história

A curadora

Conheça Morgana Kretzmann, que escolheu seu livro do mês

Cenário

De onde veio, do que fala, o que é o livro que você vai ler

Universo do livro

Livros, séries, filmes que orbitam o livro do mês

Da mesma estante

Livros que poderiam ser guardados na mesma prateleira do livro do mês

Leia. Conheça. Descubra. Identidade e linguagem na obra de Graciliano Ramos

Madame TAG responde

“Vale a pena ler Os Malaquias para sabermos de nós próprios. Um dia, depois de tudo, se estivermos à altura da vida, cada uma das nossas histórias fará parte de uma vertigem como a que é descrita nestas páginas. Então, talvez possa haver leitores a se emocionarem, a se sobressaltarem, a se deslumbrarem, como acontece ao longo desta obra magistral de Andréa del Fuego.”

José Luís Peixoto

“Os Malaquias é um romance áspero, poético, original. Voltado para a paisagem rural, a que raramente os autores contemporâneos se circunscrevem, seu perfil arcaico e trágico suscita emoções intensas.”

- Nélida Piñon

mágico que fica em lugar nenhum qual tudo pode acontecer. Essa é a e fértil Serra Morena, onde Nico, Antônio viviam até um raio atingir modesta casa da família e matar seus pais. crianças são separadas e seguem diferentes, apesar da tenra idade. mais velho permanece na região, esperança inabalável de reencontrar demais. Os anos passam, a saudade cresce Morena se transforma: a instalação hidrelétrica traz as mais fantásticas inexplicáveis personagens, enquanto os ainda buscam meios de se reunir. terras — agora embaixo d’água —, vivos passam a caminhar juntos, sonho e realidade se confundem.

LIVRO VENCEDOR DO PRÊMIO JOSÉ SARAMAGO DE 2011

ANDRÉA DEL FUEGO

os malaquias

20/09/2024 15:10

Por que ler este livro

Neste romance de uma das mais celebradas escritoras brasileiras contemporâneas, os irmãos Malaquias seguem destinos separados após a morte dos pais, experimentando diferentes facetas do Brasil rural do começo do século 20. Já nas primeiras páginas, a prosa direta e poética de Andréa del Fuego fisga o leitor: em capítulos breves e cheios de força, ela descreve acontecimentos absolutamente objetivos em um universo que tem sua própria lógica interna, com personagens e cenários extraordinários que captam de forma áspera, trágica e com pitadas de humor o encontro entre real e mistério, matéria-prima da vida.

Fluidez e rigor na aventura da linguagem

Um panorama sobre os caminhos múltiplos de uma das autoras mais originais da literatura brasileira contemporânea

Experimentar de peito aberto a aventura da linguagem parece ser a grande força motriz da autora do livro deste mês. Nascida Andréa Fátima dos Santos em 1975, a escritora paulistana já afirmou que poderia ter assinado cada um de seus livros com um pseudônimo diferente, e, conhecendo ao menos um pedacinho de sua obra, é difícil duvidar dessa afirmação. O fato é que ela usa apenas um pseudônimo, Del Fuego, adotado em 1998, quando escrevia uma coluna respondendo às dúvidas sexuais da audiência na revista da Rádio 89 FM. Os caminhos mudaram, o nome permaneceu, e arriscamos dizer que o elemento fogo segue sendo perfeitamente adequado por simbolizar a impressionante capacidade de transmutação da autora.

Mestre em Filosofia pela USP, Andréa del Fuego firmou terreno na literatura como contista e, mesmo quando passou a publicar romances, manteve o apuro estético e a síntese narrativa que marcaram sua trajetória na escrita. Participou de antologias, como Os cem menores contos brasileiros (2004), organizada por Marcelino Freire, e Geração zero zero (2011), organizada por Nelson de Oliveira. Em 2004, publicou seu primeiro livro individual de contos, Minto enquanto posso (2004), seguido pelos volumes Engano seu (2007) e Nego fogo (2009).

Estreou no romance em 2011 com Os Malaquias, obra que rendeu a ela o prestigioso Prêmio Literário José Saramago. Seguiu no gênero com As miniaturas (2013) e A pediatra (2021), livro que conquistou um espaço importante com a crítica e os leitores. Também lançou obras infantis e juvenis e publicou crônicas e textos de opinião em sites, blogs e revistas digitais, como a Escritoras Suicidas, onde escreveu de 2005 a 2008. Seus livros foram traduzidos e publicados em diversos países, como Alemanha, Itália, França, Israel, Romênia, Suécia, Portugal e Argentina.

Os Malaquias , a autora costuma contar, resultou de um longo processo que também foi uma travessia pessoal. Anos se passaram entre ideia, escrita, abandono, reencontro, edição, publicação. “Cada vez que escrevia uma página, era tomada por uma eletricidade, inventar um passado de cujo presente faço parte. Da cena real, a tempestade, eu inventaria o segredo dos sobreviventes”, diz Andréa em um texto sobre os bastidores da obra. “Essa sanfona emocional, claro, não me parece o melhor estado na produção de um romance, produto digno de uma disciplina racional, de um cálculo estético, ou seja, de controle”, completa.

A pediatra, por sua vez, foi escrito em apenas um mês, após um processo imersivo de pesquisa que sempre precede os mergulhos narrativos da autora. “O ato de escrita é praticamente o ato final do livro, da criação, as coisas vão fermentando, o repertório de leitura, o repertório próprio existencial, as coisas vão se sedimentando”, afirmou Andréa em entrevista ao podcast da Página Cinco. A narrativa seduz os leitores pela linguagem, navegando pela mente de uma protagonista ácida, Cecília, uma pediatra que odeia crianças e tem uma relação em muitos sentidos problemática com as pessoas ao seu redor. Andréa conta que a personagem é referenciada na figura de uma vilã de novela que se expressa livre de vigilância, revelando sem filtros sua personalidade perversa.

Nesse prolífico, variado e consistente caminho literário, Andréa cultiva uma curiosidade notável pelos universos que cada obra abre a ela — seja pela vida própria que os personagens ganham, escapando ao controle de quem os criou, seja pelo movimento autônomo da própria linguagem, dos encontros e desencontros entre o tom intencionado pela autora e a poética que se revela inerente à história. “Você vai seguindo a lógica interna daquela própria frase, se deixa levar pela linguagem”, declarou Andréa. Essa abertura à experimentação é equilibrada com um cuidado rigoroso na construção de suas narrativas, compondo um mosaico de qualidades literárias que indica que ela está apenas começando.

A literatura mapeia a angústia como ninguém.

“A realidade vista de perto, e em câmera lenta, revela ilhas de enigma, surpresa e mistério.”

Andréa del Fuego conversou com a TAG sobre o livro do mês, os atravessamentos ambientais em sua obra e no Brasil de hoje, a relação pessoal com a ambientação rural de Os Malaquias e o percurso de sua escrita

Os Malaquias é uma narrativa direta, pé no chão, que parece estar conectada com a realidade crua da vida prática no campo, mas ao mesmo tempo você faz uma mistura muito orgânica com elementos fantásticos que igualmente pertencem àquele ambiente. Isso faz a gente se perguntar sobre o sentido de sustentar uma pretensa separação entre o real e a fantasia. De que forma o realismo mágico ajuda a dar conta da complexidade da experiência humana no nosso tempo?

O realismo mágico entra na conta de duas formas. A primeira é a razão pela qual foi possível escrever sobre minha família. A segunda é como podemos pensar o próprio realismo mágico. O romance Os Malaquias foi minha primeira experiência numa narrativa mais longa; eu vinha de três livros de contos e dois infantojuvenis. Soma-se o peso de o tema ser minha própria família. Todos os personagens têm os nomes reais, o lugar existe, até as velhas gêmeas que roubam linguiça existiram. Meus bisavós foram eletrocutados por um raio que deixou órfãos os filhos. Achei que esse seria o início do livro, essa implosão dos corpos numa remota zona rural brasileira. Corpos que deram no que sou hoje. À época da escrita,

os irmãos estavam todos vivos. Incluindo o meu avô, Nico. Entendi que, para escrever num fôlego maior, eu teria que lidar com uma carga emocional imensa. Também achava que tal carga fosse incompatível com uma escrita séria ou profissional. Mas foi a partir da metáfora que naveguei o texto e meus familiares com a distância necessária. Entendendo o realismo mágico como uma metáfora, seria a linguagem ideal para fluir a escrita. Do ponto de vista do próprio realismo mágico, gosto da forma como Murilo Rubião, por exemplo, tratou o insólito em sua obra. Tudo é possível, como se houvesse uma lente que puséssemos sobre os fatos, uma lente que aumenta seu tamanho e diminui sua velocidade. A realidade vista de perto, e em câmera lenta, revela ilhas de enigma, surpresa e mistério.

Você dedica seu livro aos próprios personagens que constituem a narrativa. Como foi sua relação com Nico, Júlia e Antônio durante e após o processo de escrita?

Foi uma relação de desgaste emocional, no sentido de gastar a graxa das emoções, friccionando o tema a cada parágrafo. Mas o que consumia a escritora alimentava o texto. Filtrar as substâncias das personagens reais (verdadeiras ventosas), algo colado no imaginário e na memória, foi uma experiência que extrapolou o exercício literário.

Você nasceu em São Paulo, mas seu livro é ambientado numa paisagem rural ricamente descrita, tanto em nível objetivo quanto simbólico. Serra Morena é um lugar que faz parte da sua história?

Cresci em São Bernardo do Campo, na grande São Paulo. À época, uma cidade majoritariamente habitada por operários das grandes fábricas locais. Tudo ultraurbano e industrial. Meus pais são da mesma cidade, Carmo do Rio Claro, sudoeste de Minas Gerais. A narrativa se passa na zona rural desta pequena cidade, na altura do seu surgimento.

Eu passava as férias na casa dos meus avós maternos, Maria e Nico. Ficava lá o suficiente para entender a poética da poeira fina. Da janela da cozinha, avistava o milharal maduro brilhar feito ouro sob o sol escaldante, a plumagem das espigas dançando com a brisa rara, o rio calmo logo abaixo, um gato dormindo no fogão a lenha que havia acabado de ferver uma galinhada para mais de dez pessoas. Gostava do silêncio de quando alguém olhava para o mato e devia pensar alguma coisa, meio um segredo. Um silêncio mineiro que guarda muita violência, não necessariamente a violência física, também ela, mas uma brutalidade emocional que todos tratam de manter mansa. Quando eu voltava de férias para a região industrial, era como se eu voltasse de um país estrangeiro; era mesmo.

A chegada de uma hidrelétrica a Serra Morena é um acontecimento importante no desenrolar da história. É impossível não pensar sobre a complexidade de projetos desenvolvimentistas e o impacto desses empreendimentos no território natural, afetivo e simbólico dos seres vivos e não vivos que constituem esses locais. Na sua opinião, como a literatura pode exercer alguma intervenção no cenário de destruição ambiental que vemos hoje no Brasil?

Machado de Assis já citava verdadeiros dilúvios em algumas de suas crônicas, no caso, as grandes enchentes do Rio de Janeiro, por exemplo. A literatura mapeia a angústia como ninguém. As questões ambientais, creio, virão carregadas de todas as esferas juntas (política, ética, desigualdade social, território, poder), pois elas nos comportam num nível salutar e elementar. Seria como não supor a estrada quando se menciona uma viagem de carro. No caso de Serra Morena, ouvi de vários parentes a memória de que, na chegada das águas para se formar a represa, muitos moradores se deixaram morrer dentro de suas casas, animais se afogaram; cercas de arame farpado estão até hoje no fundo das águas, aliás, vez ou outra, fere alguém que mergulha por lá.

Eu

poderia criar um pseudônimo novo para cada livro e ninguém perceberia que

se trata da mesma autora.

Os Malaquias foi publicado pela primeira vez em 2010, foi sua estreia no romance. De lá pra cá, como sua escrita se transformou e como você olha para esse livro hoje, passados quase quinze anos?

Emocionante olhar para trás e ver o livro com o filtro do tempo. Foi uma experiência de escrita iniciática, no sentido da descoberta da disciplina inegociável com o mesmo processo e o mesmo texto até que ele se erga. Nunca mais voltei aos contos depois, o romance me arrasta, absorve. De lá para cá, os dois romances seguintes são bem distintos, eu poderia criar um pseudônimo novo para cada livro e ninguém perceberia que se trata da mesma autora. É bom e ruim. Bom porque não há repetição, ruim porque também é uma espécie de repetição. De todo modo, comecei um livro novo que dialoga com o último, A pediatra.

Você já contou em outras entrevistas que o processo de escrita de Os Malaquias levou alguns anos, enquanto seu terceiro romance, A pediatra, nasceu em apenas um mês. A que você atribui essa diferença de temporalidade na criação dessas histórias?

Não tenho a resposta, só sei que não se trata de uma “evolução” no sentido de ter descoberto um jeito fluido ou veloz de escrita. Simultâneo ao A pediatra, reescrevo um mesmo romance há dez anos, ele nunca alcança o que eu também não consegui descobrir o quê. Não é uma linha de montagem que besuntou de óleo a engrenagem para deixá-la macia e rápida. É uma espécie de acidente, não calculado e não previsto.

O primeiro livro que eu li: Vidas secas, de Graciliano Ramos, na escola pública.

O livro que estou lendo: Escrever é muito perigoso, de Olga Tokarczuk.

O livro que mudou minha vida: Eu diria que O Evangelho segundo Jesus Cristo, de José Saramago, pela audácia absoluta. Pensando agora, também poderia ser Vidas secas, de Graciliano Ramos. Não só porque foi o primeiro, mas também o que me fez viver a narrativa a ponto de temer o livro. Depois, para mim, livro bom é o que me faz temê-lo.

O livro que eu gostaria de ter escrito: Sem dúvida o Lavoura arcaica, de Raduan Nassar.

O último livro que me fez rir: Foi Motorhome, de Diego Dubcovsky.

O último livro que me fez chorar: Faz tempo: A cura do Dr. Neruda para o mal, de Rafael Yglesias.

Livro que eu dou de presente para as pessoas: Ultimamente, A obrigação de ser genial, de Betina González.

Livro que não consegui terminar: Porém vou retomá-lo: El arte del pugilato, de Enrique F. Martinez.

“Andréa del Fuego tem uma escrita livre.

Ela é várias escritoras ao mesmo tempo.”

Morgana Kretzmann, curadora deste mês, fala sobre seu encontro com o livro de Del Fuego, articulando com a própria experiência de vida e escrita no recente Água turva

Quando foi que você leu Os Malaquias pela primeira vez, e como foi esse encontro? Não lembro o ano exato, mas acredito que tenha sido em 2013. Paulo Scott, meu marido, tirou o romance da sua biblioteca, quando morávamos no Rio de Janeiro, e disse: "tu precisa ler esse livro". Eu precisava mesmo. Aquela linguagem mudaria a minha percepção de escrita.

Em 2019, já trabalhando no meu TCC para a faculdade em Gestão Ambiental, que cursei num Instituto Federal no sul do país, usei Os Malaquias no projeto, pois pesquisava a importância da literatura para tratar de questões ambientais urgentes. Sem dúvida, esse livro é um marco não só na minha vida, mas na literatura contemporânea brasileira.

A curadora do mês

Nome:

Morgana Kretzmann

Nascimento:

Tenente Portela (RS)

Profissão:

Escritora e roteirista

Duas ou três coisas sobre ela:

1 GOSTO POR CONTAR HISTÓRIAS

Antes de se

aventurar na literatura, Morgana já contava histórias. Formada pela

Escola de Atores de Porto Alegre, com especialização em Roteiro Cinematográfico na PUC-RIO, foi atriz de teatro e cinema durante 14 anos e também fez trabalhos como roteirista, dramaturga e produtora cultural.

2 DO TEATRO À LITERATURA

Foi a partir de um projeto de roteiro audiovisual que surgiu seu primeiro romance, Ao pó (Patuá, 2020). O livro, que rendeu a ela o Prêmio São Paulo de Literatura, dá voz a uma protagonista marcada pelo trauma do abuso sexual na infância no interior do Rio Grande do Sul, explorando os silêncios perpetuados durante gerações, que dificultam o acolhimento às vítimas.

No mesmo ano de publicação de Ao pó, Morgana já trabalhava em um novo livro, o recentemente publicado Água turva (Companhia das Letras, 2024). Quem apresentou a escritora à maior casa editorial do país foi ninguém mais, ninguém menos que sua amiga, a autora de Os Malaquias, Andréa del Fuego. Baseado em uma situação real, o thriller ecológico conta a história de uma comunidade que reage à instalação de uma hidrelétrica na região de fronteira do Brasil com a Argentina, no noroeste do Rio Grande do Sul.

Seu novo livro, Água turva, tem como epígrafe um trecho do livro de Andréa del Fuego. Como essa obra influenciou seu romance?

“Em água turva, as substâncias não se veem.” Esse é o final do livro Os Malaquias e é a frase que abre Água turva, mas também poderia ser a frase que encerra.

No fim dos dois livros há algo de importante que não é visto pelas personagens, que fica numa espécie de ponto cego (não vou falar mais para não dar spoiler). São livros com histórias totalmente diferentes, mesmo ambos tendo como pano de fundo as consequências que uma barragem pode trazer para famílias e comunidades inteiras.

Algum tempo atrás, quando meu pai terminou de ler o livro da Del Fuego, ele ficou segurando-o nas mãos e olhando para o nada e chorou. Eu chorei junto. Esse é o poder da boa literatura. Para mim, esse é o impacto que Os Malaquias deixou.

Este é um livro bem diferente do também maravilhoso A pediatra, romance mais recente de Andréa del Fuego. Qual você acredita que seja a marca da escrita da autora?

Andréa del Fuego tem uma escrita livre. Ela é várias escritoras ao mesmo tempo. Não se prende a uma estética, a uma linguagem, a um estilo. Cada livro é único e totalmente diferente do outro. Isso é raro e admirável. Acompanhar essa escritora é saber que ela sempre vai nos surpreender com algo novo.

Como você enxerga a exploração de temas ecológicos pela literatura no contexto que vivemos, auge da emergência climática no Brasil e no mundo?

Devemos, sim, usar a nossa arma, que é a escrita, para denunciar crimes ambientais que estão acelerando as tragédias climáticas do nosso planeta. Sempre que posso, peço publicamente para que escritoras e escritores sigam escrevendo sobre esse tema. Nada é mais urgente.

Nós passamos do negacionismo climático para o conformismo climático. Penso que, se não colaborarmos com a mudança de pensamento que deveria acontecer nesta geração, nosso dever como artistas não está sendo cumprido.

Outro paralelo com Os Malaquias, falando agora de seus dois romances, é que são narrativas que não se restringem a grandes centros urbanos — no caso de Ao pó, uma parte se passa no Rio de Janeiro, mas todo o território existencial da protagonista está muito centrado em uma cidade do interior do Rio Grande do Sul. Qual a importância de narrar a subjetividade de quem vive longe desses centros?

Falar desse "Brasil profundo", como muitos chamam, é falar da essência do nosso país, da essência da América Latina, não do lugar onde tudo termina, mas do lugar onde tudo começa.

Se fala muito em realismo mágico quando ambientamos nossas histórias nesses territórios longe dos centros urbanos. Mas é como disse Micheliny Verunschk numa mesa que fizemos juntas na Feira do Pacaembu, “o que para vocês é realismo mágico, para nós que somos desse lugar é a mais pura realidade”. E é dessa realidade que nascem minhas histórias.

Nesse interior brasileiro em que nasci, está a matéria prima de tudo que já escrevi, dos livros que estou escrevendo e dos que ainda vou escrever. Quando escrevo sobre o outro, escrevo sobre mim. Escrevo todas as mulheres que não fui.

A aura de realismo mágico combina muito com pequenas cidades latino-americanas. São lugares que parecem convidar a uma incursão no imaginário, mas, ao mesmo tempo, os pontapés da realidade não tardam a alcançar quem sonha de forma muito áspera. Sei que você é fã de Gabo (quem não?), e Os Malaquias também se aproxima muito dessa atmosfera. O que interessa a você nesse gênero?

Como disse, o que para muitos é visto como realismo mágico, para nós que nascemos em pequenas cidades, em comunidades rurais, em locais de região fronteiriça (como é o meu caso), nossas histórias

MINHA ESTANTE

O primeiro livro que eu li:

A primeira coisa que li foi um gibi (eu chamava de revistinha). Meu pai lia gibis nos sábados à tarde, depois do almoço, e tudo que eu queria era conseguir ler um gibi com ele. Mas vou colocar aqui como o primeiro livro que eu lembro de ter lido Menino de asas, da coleção Vaga-Lume, de Homero Homem.

O livro que estou lendo: Vários.

A extinção das abelhas, da Natalia Borges Polesso, e O deus das avencas, do Daniel Galera. Faremos um seminário juntos na Casa de Cultura Mario Quintana em breve, o tema é Antropoceno, meio ambiente e literatura. Lendo dois infantojuvenis: Heroínas negras brasileiras, da Jarid Arraes, e Aimó — uma viagem pelo mundo dos orixás, de Reginaldo Prandi. E de não ficção, estou lendo o livro do Felipe Neto, Como enfrentar o ódio, que foi editado pela minha editora na Companhia das Letras. (Sim, eu leio muito e vários títulos ao mesmo tempo.)

O livro que mudou minha vida: Cem anos de solidão, Gabriel García Márquez.

O livro que eu gostaria de ter escrito: Enquanto agonizo, William Faulkner.

O último livro que me fez rir:

O grande rabanete, Tatiana Belinky — e todos os livros infantis que leio com a minha sobrinha de cinco anos.

O último livro que me fez chorar: As pequenas chances, Natalia Timerman.

Livro que eu dou de presente para as pessoas: Marrom e amarelo, Paulo Scott.

Livro que não consegui terminar: Alguns… mas não posso falar (risos).

Território afetivo e exploração socioambiental na Serra Morena de Os Malaquias

“Comecei a escrever Os Malaquias logo depois que minha avó morreu, no inverno de 2003. Meses depois, fui a Minas Gerais, onde ela vivia, enfrentar a ausência da grande mãe. Numa tarde, percorri com minhas tias a região de Serra Morena, um vale deslumbrante que fica atrás do bairro Buracão, onde minha avó criou os filhos. Voltei certa de que escreveria um romance chamado Serra Morena. O nome ficou na cabeça por bom tempo até que eu tomasse fôlego.”

A passagem acima faz parte de um depoimento de Andréa del Fuego sobre os bastidores da escrita de seu primeiro romance — o texto foi publicado no jornal literário Suplemento Pernambuco em 2011, ano do lançamento da obra. A Serra Morena de Os Malaquias é um lugar real, mas também imaginado. Existe no mapa, mas também na cabeça de Andréa. Para além da materialidade de qualquer espaço, da sensação sólida do pé tocando o chão, há algo intangível que acontece no encontro com um território. A ambientação construída pela escritora paulistana flui na curva desse mistério, arriscando contornos simbólicos para um lugar onde está enraizado muito de sua memória familiar.

Mas a trama também dá conta de aspectos objetivos da história da região, como a expulsão dos moradores de uma área de vale prestes a ser inundada para a formação de uma represa. De norte a sul do Brasil, não faltam casos de empresas altamente lucrativas que impuseram sua presença em territórios, levando a cabo projetos estruturais de alto impacto humano e ambiental sem o devido debate, cuidado e participação comunitária.

IMPACTOS DAS GRANDES EMPRESAS DE MINERAÇÃO E ENERGIA EM MINAS GERAIS

O cenário idílico de montanhas, vales e rios de Minas Gerais é lar e abrigo de dezenas de comunidades quilombolas e indígenas, mas também tornou-se alvo da ambição econômica e desenvolvimentista de governos e empresas. O povoamento europeu do território está diretamente entrelaçado à exploração do ouro e de outros minérios a partir do século 18. Hoje, 300 anos mais tarde, a mineração é a principal geradora de recursos econômicos para mais da metade dos municípios do estado e, ao mesmo tempo, a causadora dos maiores desastres socioambientais da região.

O Quadrilátero Ferrífero, uma das áreas mais ricas em minério de ferro do mundo, é historicamente palco de disputas entre ambientalistas e empresas de mineração. A atividade foi responsável pela alteração significativa da paisagem local, com impactos diretos na biodiversidade. A crescente demanda por minérios fez com que cidades como Itabira e Mariana se transformassem em grandes polos mineradores, mas a riqueza gerada por essa atividade não costuma refletir na qualidade de vida da população local.

Na história recente estão alguns dos episódios mais trágicos relacionados à mineração em Minas Gerais: o rompimento das barragens de rejeitos da Samarco, em Mariana (2015), e da Vale, em Brumadinho (2019). Esses desastres, provocados pela negligência das empresas na gestão dos resíduos, resultaram em centenas de mortes, além da destruição de ecossistemas inteiros. O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, despejou milhões de metros cúbicos de rejeitos no rio Doce, afetando comunidades ribeirinhas e inviabilizando o uso do rio por anos.

A partir dos anos 1950, a região também foi impactada pela expansão de projetos de geração de energia hidrelétrica, incentivados pelo governo federal para suprir a crescente demanda industrial e urbana. Um exemplo emblemático é a Usina Hidrelétrica de Furnas, inaugurada em 1963, que teve um papel importante na ampliação do sistema energético brasileiro, mas provocou o deslocamento de milhares de famílias e a submersão de áreas agrícolas e comunidades rurais.

Universo do livro

Livros, séries, filmes que orbitam o livro do mês

1

OS MALAQUIAS

remete a paisagens de Minas Gerais, assim como os poemas de CARLOS

2

criador de uma obra marcada pela experimentação e ruptura com a tradição, que caracterizou o modernismo brasileiro, assim como o contista MURILO RUBIÃO

3

conhecido por explorar elementos fantásticos em suas histórias, também presentes no livro TERRA SONÂMBULA, DE MIA COUTO

em lugar nenhum acontecer. Essa é a Morena, onde Nico, até um raio atingir e matar seus pais. separadas e seguem apesar da tenra idade. permanece na região, inabalável de reencontrar passam, a saudade cresce transforma: a instalação as mais fantásticas personagens, enquanto os meios de se reunir. embaixo d’água —, caminhar juntos, se confundem.

DEL FUEGO

em que as protagonistas, conectadas pela força do vínculo fraterno, são obrigadas a se separar, como no livro

OS MALAQUIAS

FUEGO

que percorre cenários rurais do nordeste brasileiro, como a série ENTRE IRMÃS

que tem personagens que precisam lidar cedo demais com o desamparo, como o filme CENTRAL DO BRASIL

Da mesma estante

BRASIS RURAIS

Para ler o país além das grandes cidades, uma seleção de boas histórias distantes dos centros urbanos e próximas do Brasil de todos os tempos

TORTO ARADO, Itamar Vieira Junior Todavia, 264 pp.

No interior da Bahia, movidas pela curiosidade encantadora e perigosa da infância, as irmãs Bibiana e Belonísia encontram uma faca embaixo da cama da avó e sofrem um acidente que conecta as duas de forma emblemática e definitiva — a ponto de uma precisar ser a voz da outra.

A ÁRVORE MAIS

SOZINHA DO MUNDO, Mariana Salomão Carrara Todavia, 208 pp.

Da vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura 2023, a história de uma família de agricultores no sul do Brasil, sua ligação com a terra e a luta pela sobrevivência, contada por um mosaico impressionante de narradores inanimados.

LAVOURA ARCAICA, Raduan Nassar Companhia das Letras, 200 pp.

Um jovem do interior abandona a casa da família para viver na capital, fugindo da paixão que sente por sua irmã e dos limites rígidos de uma criação religiosa e de um pai autoritário. Obra fundamental da literatura brasileira contemporânea.

GARANTA SEUS LIVROS AQUI:

Lá no site, além de aproveitar seu desconto de associado TAG, você tem mais informações sobre os livros — e muitas outras dicas!

REALISMO MÁGICO LATINO-AMERICANO

Colômbia, Brasil e México se revelam e se confundem em narrativas inaugurais e contemporâneas do gênero

CEM ANOS

DE SOLIDÃO, Gabriel García Márquez

Record, 448 pp.

Na referência máxima do gênero e um dos maiores clássicos da literatura mundial, o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura narra a fabulosa história de várias gerações da família Buendía na fictícia cidade de Macondo, um território que parece pertencer ao imaginário de qualquer país da América Latina.

A CABEÇA

DO SANTO, Socorro Acioli

Companhia das Letras, 176 pp.

No Ceará, um jovem chega a uma cidade esvaziada e encontra abrigo na imensa cabeça oca de uma estátua inacabada de Santo Antônio. Ele descobre que, lá dentro, ganha o estranho dom de ouvir as preces de amor das mulheres para o santo, atraindo fiéis de outros lugares para contemplar sua fantástica habilidade.

PEDRO PÁRAMO, Juan Rulfo

José Olympio, 176 pp.

Depois de perder a mãe, Juan Preciado vai a Comala, uma cidade rural no México, procurando por seu pai, Pedro Páramo, um lendário assassino. Um clássico da literatura mexicana marcado por sua atmosfera surrealista, prosa concisa e profundidade afetiva.

LEIA. CONHEÇA. DESCUBRA: Graciliano Ramos

Vidas secas , obra-prima do escritor alagoano, foi citada por Andréa del Fuego como o livro que mudou sua vida. Se a prosa direta e o rigor estético do texto aproximam de forma mais abrangente a escrita dos dois, a história dos Malaquias parece conversar em particular com a trajetória da família que peregrina pelo sertão nordestino junto da cachorrinha Baleia — seja pela atmosfera criada, pela inspiração autobiográfica ou pelo atravessamento de temas ambientais na narrativa.

©Correio da Manhã/Arquivo Nacional

Nome

Graciliano Ramos de Oliveira

Nascimento

27 de outubro de 1892, Quebrangulo, Alagoas

Morte

20 de março de 1953, Rio de Janeiro

O primeiro de 16 filhos de um casal de comerciantes, Graciliano Ramos teve uma infância atravessada pelos valores ásperos de seu tempo e espaço. Foi uma criança introspectiva e mudou de cidade repetidas vezes com a família para fugir da seca.

Aprende a ler aos nove anos de idade e imediatamente passa a ser um leitor ávido. Aos 11 anos, tem um conto publicado no jornal do internato onde estudava. Aos 14, passa a publicar em revistas no Rio de Janeiro e em Maceió.

Aos 22 anos, vai morar no Rio pela primeira vez, mas volta a Alagoas no ano seguinte ao perder familiares para a peste bubônica. Sua vida seria marcada por idas e vindas entre os dois estados brasileiros. Nos cinco anos seguintes, se casa, tem quatro filhos e fica viúvo.

Em 1928, assume a prefeitura de Palmeira dos Índios, se casa novamente e tem mais quatro filhos. Renuncia ao mandato após dois anos, mas seus relatórios burocráticos escritos de maneira particularmente literária chamam a atenção de um editor do Rio de Janeiro, culminando na publicação de Caetés, em 1933.

Em 1934, lança São Bernardo e, dois anos depois, Angústia. Em 1936, é preso em Maceió pelo governo Getúlio Vargas e encaminhado ao Rio de Janeiro. Sem julgamento ou acusação formal, fica quase um ano encarcerado. Ao sair, firma raízes na cidade e assume um posto de inspetor federal de ensino, cargo que exerce até o fim da vida.

Em 1938, publica Vidas secas, e em 1942, o romance Brandão entre o mar e o amor, em colaboração com Jorge Amado, José Lins do Rego, Aníbal Machado e Rachel de Queiroz. Em 1950, tem a oportunidade de traduzir o romance A peste, de Albert Camus.

Morre em 20 de março de 1953, aos 60 anos, em vias de finalizar Memórias do cárcere, publicado postumamente no mesmo ano.

Com estilo preciso e sem floreios, Graciliano marcou a literatura brasileira com obras de inspiração na própria vida, denunciando as mazelas da sociedade da época.

Nunca pude sair de mim mesmo.

Só posso escrever o que sou. E se as personagens se comportam de modos diferentes, é porque não sou um só.

INFÂNCIA

Um relato autobiográfico sobre as memórias e sensações mais remotas de Graciliano e a experiência árida de ser criança na virada do século 20 no nordeste brasileiro.

VIDAS SECAS

A seca ambiental, material e simbólica de uma família de retirantes no sertão nordestino, narrada em prosa também direta e seca nesse clássico que denuncia a exploração social naquele contexto.

MEMÓRIAS DO CÁRCERE

Testemunho político do escritor sobre o período de quase um ano que passou na prisão, entre 1936 e 1937, detido por operações do governo de Getúlio Vargas, o livro ainda era finalizado quando Graciliano faleceu, em 1953.

PARA COMEÇAR
PARA SE APAIXONAR DE VEZ
OBRAPRIMA

Madame TAG responde

Bom dia! Saudações do sul de Minas Gerais, Madame TAG. Minha dúvida é: tenho um conje que é muito grude comigo e tem ciúmes dos meus livros, não consigo ler com ele em casa. Já tentei uma relação a três incluindo eu, ele e algum livro, mas não obtive sucesso, pois o livro sempre sobrou. O que fazer?

Ass.: um leitor ansioso.

Querido leitor, peço licença para dirigir a palavra a seu parceiro, que é quem precisa receber este conselho. Por favor, transmita a ele esta mensagem.

Caro conje do leitor ansioso,

Corajoso você, hein? Quando se junta as escovas de dentes com um amante da literatura, competir território com os livros não apenas é arriscado, eu diria que se trata de uma luta perdida — e falo isso por experiência própria, mas não entrarei em detalhes.

TAG — Experiências Literárias

Tv. São José, 455

Porto Alegre, RS (51) 3095-5200 (51) 99196-8623 contato@taglivros.com.br www.taglivros.com @taglivros

Na época em que você se apaixonou pelo seu companheiro, o que despertou seu encantamento? Sabendo que se trata de um bom leitor, eu arrisco um palpite: talvez você tenha se apaixonado por sua inteligência e sensibilidade? Por sua capacidade de trazer ideias novas e enriquecer as conversas do dia a dia? Pois saiba que essas são virtudes que a leitura ajuda a construir. Não se pode amar um leitor e afastá-lo do que faz ele ser quem é — os livros. Se a relação a três não funcionou, e nem sempre funciona, quem sabe vocês tentam a quatro? Você, ele e cada um com sua leitura da vez. Aproveite a vantagem de ter um leitor ávido em casa e peça uma boa sugestão. Ou, se preferir, comece pelo livro do mês da TAG! Garanto que você não vai se arrepender.

Publisher Rafaela Pechansky

Edição e textos Débora Sander, Rafaela Pechansky e Tatiana Cruz

Colaboradoras Laura Viola e Sophia Maia

Designers Bruno Miguell Mesquita e Lu Kohem Capa Laurindo Feliciano

Revisores Antônio Augusto e Liziane Kugland Impressão Impressos Portão

Quer um conselho de Madame TAG? Escreva para madametag@taglivros.com.br

“Os flagelos, na verdade, são uma coisa comum, mas é difícil acreditar neles quando se abatem sobre nós.”

– ALBERT CAMUS

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.