Guia de Arquitectura - Sul e Ilhas de Portugal

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Guia de Arquitectura Sul e Ilhas de Portugal Architectural Guide | South and Islands of Portugal


A Traço Alternativo, Arquitectos Associados, Lda é uma empresa de Arquitectura sediada no Porto, que presta serviços nas áreas da Arquitectura, Urbanismo, Design e Consultoria. Foi criada em 2004, como resultado natural de parcerias que inicialmente se foram estabelecendo entre colegas de faculdade, permaneceram pontualmente durante os primeiros anos em que as experiências de trabalho se ramificaram em caminhos diversos e finalmente se uniram numa fase mais sólida. É constituída por uma equipa de trabalho multidisciplinar e com experiência profissional alargada. As especializações através de pós-graduações e mestrados em áreas como a Intervenção no Património Arquitectónico, a Gestão Imobiliária e a Economia e Gestão das Cidades foram momentos importantes na consolidação da equipa.

Traço Alternativo, Arquitectos Associados, Lda. is an architectural office based in Porto, offering services in the fields of Architecture, Urban Planning, Design and Consultancy. Founded in 2004, resulting naturally from collaborations that initially took place between college colleagues, and then remained on occasion during the first years where work experiences branched in different directions until they finally united in a more solid phase. It is composed of a multidisciplinary work team with a wide professional experience. The specializations through post-graduations and masters in fields such as Intervention in Architectural Heritage, and Real Estate Management and the Economy and Management of Cities were important moments in the team’s consolidation.

Rua do Freixo 1071, sala 4, 4300-219 Porto Tel:+351 225105331 | Fax:+351 225105331 www.talternativo.com



Ficha técnica Titulo Guia de Arquitectura, Sul e Ilhas de Portugal - 1ª Edição

Autoria, Documentação e Organização de Conteúdos Traço Alternativo - Arquitectos Associados Lda Nuno Campos e Patrícia Matos

Texto de Apresentação Álvaro Siza Vieira

Textos Nuno Campos e Patrícia Matos

Tradução Incubadora id, Lda Fernando Torres e Ana Antunes

Design Gráfico Agitato Hugo Maia

Consultoria de Gestão Value Added Partners, Consultoria Estratégica e Financeira António Vale

Produção Agitato Traço Alternativo - Arquitectos Associados Lda

Edição Traço Alternativo - Arquitectos Associados Lda

Impressão Gráfica Maia Douro S.A.

Distribuição Vida Económica

Depósito Legal 325078/11

ISBN 978-972-788-403-2


1974 - 2011 Beja Évora Faro Lisboa Setúbal Açores - Região Autónoma dos Açores Madeira - Região Autónoma da Madeira

Traço Alternativo - Arquitectos Associados, Lda



índice index

Apresentação Presentation

Álvaro Siza Vieira

Porquê um guia de arquitectura?... Why an architectural guide?...

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Sobre o processo de elaboração e selecção... On the process of the elaboration and selection...

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Intuição Intuition

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Beja

14

Évora

24

Faro

38

Lisboa

54

Setúbal

140

Açores - Região Autónoma dos Açores

160

Madeira - Região Autónoma da Madeira

180

índice | obras index | works

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índice | obras e autores index | works and authors

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contactos autores author contacts

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créditos fotográficos photo credits

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contactos fotógrafos photographer contacts

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contactos câmaras municipais city council contacts

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contactos marcas brand contacts

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Apresentação

Presentation

É de utilidade evidente a publicação de um Guia de Arquitectura Contemporânea em Portugal. O primeiro volume, já editado, refere-se ao norte e centro do país, apresentando através de mapas, fotografias e textos uma significativa selecção de obras realizadas a partir de 1974.

The publication of a Guide to Contemporary Architecture in Portugal is of evident usefulness. The first volume, already published, refers to the north and centre of the country, ilustrating through maps, photographs and texts, a significant selection of works built since 1974.

Álvaro Siza Vieira

Posso pessoalmente prever o interesse que despertará a publicação deste Guia, considerando as frequentes visitas ao meu estúdio, com o objectivo de colher informação sobre como encontrar e visitar obras de que há conhecimento, da minha autoria como de outros arquitectos. Sobre algumas, igualmente procuradas, acontece não ter informação eu próprio ou quem possa atender os visitantes. A procura de Guias de Arquitectura, não só por parte de arquitectos, acompanha hoje o hábito e gosto generalizados de viajar. O turista que antes procurava quase exclusivamente os monumentos e o ambiente dos centros históricos revela agora interesses mais abrangentes, sempre que os ambientes e a Arquitectura fora do centro expõem qualidade comparável. Essa procura é sinal e estímulo para que não se cuide da cidade como se partida em duas: património e periferia. É pelo diálogo entre o património conservado e o que se faz de novo (o que será património amanhã, se exigirmos hoje o ambiente a que temos direito) que se consolida e constrói a qualidade de um e de outro.

Álvaro Siza Vieira

I can personally foresee the interest the publication of this Guide will arouse, considering the frequent visits to my studio, with the intent to obtain information on how to find known Works, of mine and by other architects. It often happens that neither I nor whoever can attend the visitors has information regarding some, equally searched for, Works. The demand for Architectural Guides, not only by architects, seems to now accompany the habit and generalized joy of travelling. The tourist that used to almost exclusively search for monuments and the environment of the historical centres now reveals broader interests, whenever the environments and the Architecture outside the centre presents comparable quality. That search is a sign and stimulus to not treat the city as if it is divided in two: heritage and outskirts. It is from the dialogue between the conserved heritage and what is newly built (that will be the heritage of tomorrow, if we now demand the environment we are entitled to) that consolidates and builds the quality of one and the other. The usefulness of an Architectural Guide, that I refer in regard to the already published volume is even more evident when extended to cover the South and Islands of Portugal.

A utilidade de um Guia de Arquitectura, que refiro em relação ao volume já editado é ainda mais evidente quando alargado ao Sul e Ilhas de Portugal.

Porto, 19 de Novembro de 2010 Álvaro Siza

Porto, 19th of November of 2010 Álvaro Siza

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Porquê um guia de arquitectura?...

As razões que motivaram a elaboração deste guia foram essencialmente razões de ordem prática. Ver obras de arquitectura in loco sempre foi para nós uma necessidade, um prazer, e porque não dizê-lo: um vício. Porém, sempre que regressávamos das inúmeras viagens, que tinham por objectivo ver obras de arquitectura, verificávamos que tínhamos perdido metade do tempo à procura das mesmas!... Se a viagem tinha como destino uma cidade específica, ainda era possível com alguma sorte encontrar guias com pequenos mapas, mas se as viagens eram feitas tendo por base um dado país, as informações disponíveis nos guias cingiam-se às moradas e pouco mais. Essa lacuna revela-se catastrófica, pois é frustrante para quem tem pouco tempo, não conseguir ver tudo aquilo que deseja, e se vê obrigado a fazer imensos quilómetros sob stress à procura de determinadas obras. Recordo uma viagem realizada à Suíça, com o intuito de conhecer essencialmente as obras de Herzog & De Meuron e de Peter Zumthor, e de termos perdido uma manhã inteira à procura do estúdio de Rémy Zaugg, uma pequena obra de Herzog & De Meuron bastante divulgada, mas que ninguém nas imediações conhecia, pois era propriedade privada e encontrava-se murada. É verdade que um GPS teria sido útil, mas o seu uso não estava ainda vulgarizado em 2002. Foi por pura sorte que conseguimos encontrar a rua. Entusiasmados tocámos à campainha, tendo o próprio Rémy Zaugg vindo ao portão da propriedade. Explicámos que vínhamos de Portugal, e que tínhamos perdido toda a manhã à procura da obra, com o intuito de a visitar. Simpaticamente ele lamentou o facto, e de seguida informou-nos que não seria possível visitá-la. Decepcionados, compreendemos a situação e partimos. Eram três horas da tarde e o dia na Suíça, em Abril, não permite muitas mais horas de luz. Com a intenção de rentabilizar essas horas, decidimos ver uma obra localizada a poucos quilómetros dali, que descobrimos num guia de arquitectura suíça. Os autores da obra eram desconhecidos e as fotos pouco esclarecedoras, não dando para averiguar se efectivamente era

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merecedora de uma visita. Contudo, arriscámos. Perante o edifício, que nos parecia ser o que constava no guia, ficamos desiludidos, como acontece mais vezes do que o desejável. Perder tempo desta forma é inglório! Como devem calcular a frustração era grande: tinha sido um dia inútil. Todavia, foi nesse mesmo dia, já na presença de um bom café, que surgiu a ideia de concebermos um guia de arquitectura que respondesse de forma eficaz aos anseios de quem gosta de visitar obras de arquitectura: um guia com boas obras ou pelo menos obras merecedoras de uma curta visita, com fotos esclarecedoras (nada de fotos com intuitos artísticos, essas têm lugar noutro tipo de publicações), com informação sobre o tipo de visita possível, com mapas bem desenhados e com coordenadas GPS. Um guia fiável e prático, que para além de possibilitar a selecção das obras, contivesse alguma informação que permitisse contextualizar as mesmas no tempo e no espaço. Sim, esse seria um guia perfeito para Portugal, país que apresenta excelentes obras de arquitectura, que é visitado por milhares de arquitectos vindos de todo o mundo e que ainda não possuía nenhuma publicação do género.


Why an architectural guide?...

The reasons that motivated the elaboration of this guide were essentially practical ones. To us, visiting architectural works in loco has always been a need, a pleasure, and why not say it: an addiction. Although, whenever we returned from the countless trips, whose objective was to see architectural works, we discovered that we had spent half of our time looking for them!... If the trip had a specific city as its destiny, with a little luck, it was sometimes possible to find guides with small maps but, if the trip was done with an entire country in mind, the information provided in the guides would be very little more than listed addresses. That lack of information becomes catastrophic, as it is very frustrating for someone with little time, not to see all that is desired, and finds ones-self forced to travel many kilometers under stress to search for certain works. I recall a trip to Switzerland, with the intent to essentially get to know the works by Herzog & De Meuron and Peter Zumthor, and having spent an entire morning looking for the Rémy Zaugg studio, a small building by Herzog & De Meuron, that although widely published, no one in the proximities seemed to know of because it was an enclosed private property. It’s true that a GPS would have been helpful, but its use was not yet common in 2002.

Standing before the building that seemed to be the one in the guide, we were disappointed, as it happens more often than desired. To waste time this way is inglorious! As you can imagine frustration was high: it had been a useless day. It was on that very day, however, amidst a good cup of coffee, that we came to the idea of developing an architectural guide that would efficiently respond to the yearnings of those who enjoy visiting architectural works: a guide with good works or at least worthy of a quick visit, with enlightening photographs (not photos of artistic intent, those find their place in other publications), with information regarding the type of possible visit available, with well drawn maps and GPS coordinates. A trustworthy and practical guide, that not only contained a selection of works, but compiled some information that helped contextualize them in time and space. Yes, that would be a perfect guide for Portugal. A country that possesses excellent architectural works, is visited by thousands of architects from all over the world and had no publication of this kind yet.

It was through sheer luck that we managed to find the street. Enthusiastic we rang the doorbell, and the Rémy Zaugg himself came to the gate of the property. We explained that we had come from Portugal, and had spent the whole morning looking for the studio, with the intent to visit it. Zaugg kindly lamented the fact and then informed us that it would not be possible to visit the studio. Although disappointed, we understood the situation and left. It was three in the afternoon and in April, in Switzerland, the day does not allow for many more hours of light. With the intent to make the most of those hours, we decided to visit a building we discovered in a Swiss architectural guide, located just a few kilometers away. The building’s authors were unknown and the photos quite unclear, making it impossible to determine whether it would be worth the visit. Nevertheless, we risked it.

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Sobre o processo de elaboração e selecção...

Depois do momento revelador na Suíça em 2002, descrito no texto anterior, outras viagens se seguiram sucedendo-se os mesmos problemas. Continuávamos convictos da necessidade de uma publicação deste género, mas por motivos profissionais e pessoais o projecto continuava na gaveta. Só em 2006 decidimos avançar. Depois de um árduo período de pesquisa (1), reservámos algumas semanas para viajar por Portugal, visitando e fotografando centenas de obras. Fizemos milhares de quilómetros, ficamos a conhecer muito bem o país e a realidade da sua arquitectura. A selecção das obras, corresponde, por uma questão de organização do próprio guia, a um período balizado no tempo. Pareceu-nos fazer sentido proceder a uma espécie de check-up da produção arquitectónica do país pós-revolução 25 de Abril de 1974 (começo do período democrático em Portugal). Se no início do processo ficámos com dúvidas sobre a quantidade de material disponível, rapidamente percebemos que teríamos de desdobrar o guia em dois volumes. O critério que definiu a divisão foi meramente geográfico. O primeiro volume teria por base o Porto e iria abranger o Norte e Centro do país; o segundo volume teria por base Lisboa e abrangeria o Sul, Madeira e os Açores. As obras seleccionadas obedeceram a critérios de qualidade (2), sendo essencialmente obras de equipamentos públicos por dois motivos: por um lado, pelo seu carácter de excepção e, por outro, por serem facilmente visitáveis pelo exterior e pelo interior. Foram também incluídas algumas obras privadas, cujo programa é sobretudo habitação, onde a possibilidade de serem visitadas exteriormente foi determinante (as obras que, apesar da sua qualidade, não se localizam junto de uma via pública ou que sejam muradas, não foram incluídas). Fazendo o balanço final deste projecto, concluímos que este foi fundamental, até decisivo, para a nossa formação como arquitectos. Conhecemos lugares, pessoas e obras inesperadas. Depois desta experiência sentimo-nos ampliados. É este o desafio que lançamos com o guia. Como dificilmente poderá visitar todas as obras no período de apenas algumas semanas, recomendamos que utilize critérios de selecção (essencialmente no

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caso de ser um visitante estrangeiro) e que tenha este guia no porta-luvas do automóvel, pois pode revelar-se proveitoso tê-lo por perto naquelas pequenas viagens que por vezes temos de realizar dentro do país. Por último, se o seu interesse é ser um arquitecto ou um apreciador de arquitectura, com maior espírito crítico e com uma intuição mais rica e apurada, então o uso deste guia é obrigatório.

(1) Fizemos uma longa e exaustiva pesquisa que procurou incluir todas as publicações nacionais e estrangeiras que divulgam a arquitectura em Portugal. De seguida, embrenhámo-nos num meio ainda mais prolífero como a Internet, onde conseguimos descobrir algumas obras de arquitectos mais jovens e ainda pouco conhecidos. Por fim, fizemos trabalho de campo, ou seja, não nos limitámos a ir directamente às obras que já estavam seleccionadas mas “passeámos” pelos diferentes distritos e encontrámos algumas surpresas muito agradáveis (e outras nem tanto…). Apesar de todo o nosso esforço, é possível que algumas obras tenham escapado às nossas buscas, motivo pelo qual pedimos desculpa. Convém ainda referir que apenas foram seleccionadas obras concluídas e que algumas foram retiradas da publicação a pedido dos seus autores. (2) A selecção das obras obedeceu a critérios de qualidade arquitectónica inerentes aos autores deste guia. Essa qualidade é por vezes difícil de descrever e ainda mais de justificar, pois é analisada simultaneamente por dois prismas que podem mesmo ser antagónicos. De um lado, temos a necessária racionalidade teórica que é a base da formação de qualquer arquitecto e, do outro, temos o incontornável campo sensitivo. Se um aponta os elementos concretos e as opções projectuais e construtivas, o outro divaga por elementos de índole mais abstracta e pessoal. Tudo isso desperta no foro interior de cada um reacções insuspeitas muito difíceis de explicar. A selecção das obras reflecte esta problemática. Em última instância talvez aconteça o mesmo que em relação à música: comove ou não? Acreditamos que dependendo dos autores a selecção seria certamente algo diferente. Porém, esta é, com as consequências que daí advêm, a nossa selecção.


On the process of the elaboration and selection...

After the revealing moment in Switzerland back in 2002, described in the aforementioned text, other trips followed with the occurrence of the same problems.

Finally, if your interest is to be an architect or an appreciator of architecture, with a wider critical spirit and an enriched and refined intuition, then the use of this guide is compulsory.

We remained convicted of the necessity of a publication of this kind, but because of professional and personal reasons the project remained in the drawer. Only in 2006 did we decide to go ahead. After an arduous research period (1), we reserved a few weeks to travel through Portugal, visiting and photographing hundreds of works. We drove thousands of kilometers, got to know the country and its architectural reality very well. The selection of works corresponds, for the guides’ organizational purpose, to a period bound in time. It seemed to make sense to perform a kind of check-up of the national architectural production, post-revolution of the 25th of April of 1974 (the beginning of democracy in Portugal). If in the beginning of the project we had doubts about the quantity of material available, we rapidly became aware that we would have to divide the guide into two volumes. The criteria that defined the division of the guide was merely geographical. The first volume would focus on Porto and include the north and centre of the country; the second volume would be centered on Lisbon and include the southern region, Madeira and Azores. The selected works complied with quality criteria (2), most are public facilities for two reasons, on one hand, for their character of exception, on the other because can be easily visited both outside and inside the buildings. Some private works were also included, mainly residential, where the possibility of being visited from the outside was determinant (works that, regardless of their quality, are not close to a public access or are enclosed, were not included). As a final balance of this project, we conclude that it was fundamental, even decisive, to our development as architects. We got to know unexpected places, people and works. After this experience we felt enlarged. This is the challenge we launched with the guide. As it would be difficult to visit all the works in a period of only a few weeks, we recommend that you use selective criteria (essentially in the case of foreign visitors) and to always carry this guide in the glove compartment of your car, as it may prove to be handy during those little trips that we often have to take within the country.

(1) We made an exhaustive research that intended to include all the national and international publications that promote architecture in Portugal.Then, we entered into a more prolific media such as the internet, where we managed to discover some works by younger and less known architects. Finally, we did field work, which means we did not limit ourselves to go directly to the buildings that were selected but “wondered� through different districts and found some pleasant surprises (others not so much...). Despite all our efforts, it is possible that some works may have escaped our search, for which we apologize. It should be mentioned that only finished works were selected and that some were removed from publication at the request of their authors. Those requests are based on problems (that all architects, unfortunately experience with greater or minor extent) of respect for the project during the construction of the work or later with their appropriation/inhabitancy. (2) The selection of works complied with architectural quality criteria inherent to the authors of this guide. That quality is often hard to describe and more so to justify, as it is simultaneously analyzed in two prisms that can be antagonistic. On one side, we have the necessary theoretical rationality that is the basis of every architects training, on the other, we have the inevitable sensitive field. If one accounts for concrete elements and the design and constructive options, the second wanders through more abstract and personal elements. All of this, triggers inside each person unsuspected reactions that are difficult to explain. It may even result in something similar to what happens with music: does it move you or not? We believe that depending on the authors, the selection would most likely be different. This is however, with all the consequences that it may entail, our selection.

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Intuição

No complexo emaranhado de fragmentos (histórias, conhecimentos, curiosidades, ocorrências, …) que constitui a nossa memória, há aqueles que se assumem como faróis, norteando por vezes a nossa existência e condicionando o destino. Um desses fragmentos, para além de implicações estruturantes no nosso percurso profissional, foi o principal responsável por um conjunto alargado de viagens que empreendemos e, por conseguinte, pelas pessoas que hoje somos. A leitura do livro “Imaginar a Evidência”, de Álvaro Siza, foi determinante e esteve na origem do projecto “Guias de Arquitectura”. Nesse livro, Álvaro Siza Vieira sugere que a arquitectura se faz por intuição afirmando que: “o arquitecto trabalha manipulando a memória, disso não tenho dúvida, conscientemente mas a maioria das vezes subconscientemente. O conhecimento, a informação, o estudo dos arquitectos e da história da arquitectura tendem ou devem tender a ser assimilados, até se perderem no inconsciente ou no subconsciente de cada um” (1998:37). É possível afirmar que criar significa evocar aquilo que a memória escreveu dentro de nós, e que o talento é algo que pode ser trabalhado – potenciando a nossa intuição. A afirmação de Ludwig van Beethoven que “o nosso trabalho é resultado de 2% de génio e 98% de transpiração” tem implícita esta ideia. Tal objectivo pode ser alcançado de múltiplas formas: folheando revistas, lendo livros, navegando em sites com conteúdos de arquitectura, enfim, temos ao nosso dispor inúmeras ferramentas. Porém, há uma que se apresenta como mais eficiente, mais enriquecedora e que propicia resultados mais interessantes: visitar obras de arquitectura. Se o gosto pelas viagens já existia, esta “revelação” motivou-nos a viajar incessantemente. Ver arquitectura, para além de se ter tornado um prazer, transformou-se numa necessidade. Visitar uma obra de arquitectura acaba por solicitar a atenção dos nossos sentidos, podendo conduzir até, se a obra conseguir agitar as nossas emoções, a um acto de extremo prazer. É possível experienciar uma sensação de alienação só comparável à leitura de um bom livro ou à visualização de um bom filme. Para a formação de um arquitecto as vantagens que poderão resultar deste investimento são imensas.

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Isto porque, só percorrendo uma obra se apura o nosso sentido das proporções e da sua justeza; da materialidade e do resultado das opções que a fundamentam; da imaterialidade ou da capacidade de a luz habitar cada espaço; da tectónica e do rigor que esteve na base da pormenorização construtiva que fundamentou e que conduziu à concretização física da obra; da análise das patologias com o intuito de perceber o que funcionou mal para assim evitar repetir os mesmos erros; da resolução do pesadelo das infra-estruturas (quem visitou o Museu de Arte Romana em Mérida pôde constatar a mestria com que este tema foi abordado); dos requisitos de funcionalidade e da interpretação que se fez do programa; do conceito e dos pressupostos que estiveram na génese do projecto; da inserção topográfica e da forma como foi manipulado o terreno e que intenções estiveram por detrás dessa manipulação; das relações com a envolvente próxima, seja com o sítio ou com o contexto mais alargado; do sistema de relações que a obra estabelece entre os elementos que a configuram; da forma como as aberturas são realizadas; dos cuidados bioclimáticos e de sustentabilidade; enfim, cada arquitecto terá o seu universo referencial que pode ajudar a conduzir a visita. É essencial, no mínimo, colocar as seguintes questões: A obra está bem pensada?... Está bem desenhada?... Está bem pormenorizada?... Na procura destas e de outras respostas será possível percepcionar as qualidades inerentes à obra. O objectivo será sempre o mesmo: aprender potenciando a intuição, para que possamos abordar o acto de projectar com mais confiança e maior rigor. Por último, desejamos óptimas viagens a todos aqueles que vierem a utilizar este guia como matriz. Ter o guia por perto, por exemplo no porta-luvas do automóvel, pode revelar-se uma óptima ideia. Visitando a plataforma www.guiasdearquitectura.com poderá descarregar um ficheiro com as coordenadas GPS para instalar no seu dispositivo de navegação por satélite. Boas viagens!


Intuition

In the complex intricacy of fragments (stories, understandings, curiosities, occurences,…) that constitute our memory, there are those which stand like beacons, often guiding our existence and conditioning our destiny. One of those fragments, beyond having structural implications in our professional path, was responsible for a wide range of travels we undertook and, consequently, for whom we are today. Reading the book “Imagine the Evidence”, by Álvaro Siza, was determinant and laid the track for the “Architectural Guides” project. In that book, Alvaro Siza Vieira suggests that architecture is done by intuition affirming that: “the architect works by manipulating memory, of that I have no doubt, consciously but most often subconsciously. Knowledge, information, the study of architects and architectural history tend or should tend to be assimilated, until they are lost in each person’s unconscious or subconsciousness”(1993:37). It is possible to affirm that creating means evoking that which memory wrote inside us, and that talent is something that can be worked – potentiating our intuition. This idea is implicit in Ludwig van Beethoven’s affirmation that “our work is 2% genius and 98% perspiration”. Such objective can be grasped in various ways: flicking magazines, reading books, visiting web-sites with architectural content, ultimately, we have at our disposal an uncountable number of tools. However, there is one that seems to be more efficient, more enriching and provides more interesting results: visiting architectural works. If the joy for travelling already existed, this “revelation” motivated us to travel incessantly. Seeing architecture, beyond becoming a pleasure, it turned into a necessity. Visiting an architectural work calls on the attention of our senses, capable of leading to, if the work manages to agitate our emotions, an act of great pleasure. It is possible to experience a sensation of alienation only comparable to reading a good book or watching a good movie. The advantages, regarding the training of an architect, which may result from this investment, are immense. This because, only by traveling through a work can we find our sense of proportion and its exactness; of the materiality and the result of options that substantiate

it; the immateriality or the capacity of light inhabiting each space; the tectonics and the rigour that was at the base of constructive detailing that drove to the physical construction of the work; the analysis of the pathologies with the intent to understand what didn’t work right and so avoid making the same mistakes; the resolution of the nightmare that are infra-structures (those who visited the Museum of Roman Art in Merida can verify the mastery with which this subject was approached); the functional requirements and the interpretation that is made of the program; of the concept and the presuppositon that were in the genesis of the project; the topographic insertion and way the land was manipulated and what intentions were behind that manipulation; the relations with the close surroundings, be it with the place or wider context; the relations the work establishes between the elements that define it; the way the openings are made; the bioclimatic cares and those with sustainability, ultimately, each architect has his own referential universe that may help to guide the visit. It is essential, at least, to place the following questions: Is the work well thought?... Is it well designed?... Is it well detailed?... In the search for these and other answers it is possible to perceive the qualities inherent to the work. The objective will always be the same: learning whilst potentiating intuition, so that we can take on the act of designing with more confidence and greater rigour. At last, we wish all those that will come to use this guide as a matrix, great travels. Having the guide close at hand, in the glove-box for example, may prove to become a great idea. Visit the platform www.guiasdearquitectura.com where you may download a file with the GPS coordinates to install in your satellite navigation device.

Good travels!

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BEJA

O distrito de Beja apresenta um número reduzido de obras seleccionadas, resultado sobretudo da sua interioridade. O recentemente inaugurado Lagar do Marmelo de Oliveira da Serra, do arquitecto Ricardo Bak Gordon, constitui o principal ícone arquitectónico do distrito. Na cidade de Beja, Hestnes Ferreira desenvolveu dois projectos que, apesar de contarem já com algumas décadas de existência, se assumem como duas obras inusitadas e que devem motivar uma visita. Ainda nesta cidade, o parque de estacionamento e o parque urbano são dois projectos que se diferenciam. Em Cuba, uma pequena vila alentejana, encontramse duas obras dignas de registo: o Pavilhão Desportivo e o edifício da Caixa Geral de Depósitos. Em Alvito, a Biblioteca Municipal constituiu uma agradável surpresa, assim como a Igreja desenhada por Vítor Figueiredo em Albergaria dos Fusos. Em Moura, os arquitectos Aires Mateus projectaram um edifício de habitação e comércio que justifica uma visita a esta pacata cidade alentejana. Viajar pelas estradas desérticas do Alentejo, tendo como cenário paisagens extraordinárias, gente simples e ávida por dois dedos de conversa, pequenos restaurantes com menus excepcionais, pode resultar numa experiência única, e por essa razão esta região merece realmente que se lhe dediquem alguns dias de férias.

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The district of Beja presents a reduced number of selected works, mostly due to its inland location. The recently inaugurated Lagar do Marmelo de Oliveira da Serra, by architect Ricardo Bak Gordon, constitutes the main architectural icon of the district. In the city of Beja, Hestnes Ferreira developed two projects that, although or because their existence extends a few decades, claim the role for two unusual works and should motivate a visit. Still in this city, the car park and the urban park are two differentiating projects. In Cuba, a small village in Alentejo, two works worth registering can be found: The Sports Pavilion and the Caixa Geral de Dep贸sitos building. In Elvito, the Municipal Library constituted a pleasant surprise, as was the church designed by Vitor Figueiredo in Albergaria dos Fusos. In Moura, architects Aires Mateus designed a residential and commercial building that is sufficient to motivate a visit to this calm city in Alentejo. Travelling through the deserted streets of Alentejo, with an extraordinary landscape, people who are simple and eager for a chat, small restaurants with exceptional menus, can result in a unique experience. And so this region really deserves to have a few days of your holidays dedicated to it.

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BEJA Igreja de Albergaria dos Fusos 1990 - 1993 | Cuba

Arquitectura | Architecture

Vitor Figueiredo e Jorge Cruz Pinto

Localização | Localization

Rua de Vila Alva, Albergaria dos Fusos GPS. 38° 17.015’N | 7° 56.056’W

Visita | Visit

BE01

Interior | Exterior Inside | Outside

Biblioteca Municipal de Alvito 1999 - 2003 | Alvito

Arquitectura | Architecture

Eugénio Castro Caldas e Nuno Távora

Localização | Localization Rua dos Lobos, Alvito

GPS. 38° 15.354’N | 7° 59.547’W

Visita | Visit

BE02

Interior | Exterior Inside | Outside

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BEJA Arquitectura | Architecture

João Paulo Conceição e Miguel Pimentel

Localização | Localization

Caixa Geral de Depósitos de Cuba 1985 - 1988 | Cuba

Rua Serpa Pinto, Cuba

Visita | Visit

GPS. 38° 9.982’N | 7° 53.461’W

Arquitectura | Architecture

Pavilhão Desportivo de Cuba

BE03

Interior | Exterior Inside | Outside

Jorge Cruz Pinto e Cristina Mantas

Localização | Localization

1991 - 2003 | Cuba

Estrada da Circunvalação, Cuba

Visita | Visit

GPS. 38° 10.345’N | 7° 53.544’W

BE04

Interior | Exterior Inside | Outside

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BEJA Lagar do Marmelo de Oliveira da Serra 2009 - 2010 | Ferreira do Alentejo

Arquitectura | Architecture Ricardo Bak Gordon

Localização | Localization

Monte do Marmelo, IP8, Ferreira do Alentejo

Visita | Visit GPS. 38° 5.137’N | 8° 10.376’W

Interior | Exterior Inside | Outside

BE05

Em Novembro de 2010 foi inaugurado o maior lagar de azeite do país: 5.500m2. O desafio lançado ao arquitecto foi o de projectar o novo lagar de Oliveira da Serra, tentando simultaneamente responder a duas premissas: por um lado, às necessidades industriais do projecto e, por outro, ser uma referência de design e um marco de modernidade. Integrado no seio de um olival situado no Alentejo profundo, foi necessário, segundo o autor, “inserir o edifício na paisagem sem a danificar”. O uso do policarbonato de tonalidade amarelada, induzida pela cor típica do azeite, vai ao encontro dessa pretensão. Para além do lagar destinado à produção de azeite, o programa contempla também um espaço de laboratório e áreas culturais para eventos e visitas escolares. De acordo com Ricardo Bak Gordon “o projecto foi inspirado na pureza e essência do azeite, e foi ao encontro de um edifício que se pretende funcional e simbólico”. Acrescenta ainda que “a nova estrutura estende-se na paisagem como um volume abstracto e branco próximo do nosso imaginário”. In November of 2010 the largest olive press in the country was inaugurated: 5.500m2. The challenge put forth to the architect was to design the new olive press of Oliveira da Serra, attempting to simultaneously respond to two premises: on one hand the projects industrial needs, on the other, becoming a design reference and a modern landmark. Integrated in the middle of an olive grove in deep Alentejo, it was necessary, according to the author, “inserting the building in the landscape without damaging it”. The use of yellow toned polycarbonate, induced by the typical colour of olive oil, leads towards that intent. Other than the olive press for the production of olive oil, the program also contemplates a lab and cultural areas for events and school visits. According to Richard Bak Gordon “the project was inspired in the olive oil’s purity and essence, and headed to find a building that was intended functional and symbolic”. He adds that “a new structure extends in the landscape like an white and abstract volume close to our imaginary”.

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BEJA Arquitectura | Architecture

ARPAS: Luís Cabral / Santa-Rita arquitectos: João Santa-Rita

Localização | Localization

Parque da Cidade de Beja/ Restaurante e Quiosque para o Parque Urbano 2002-2004 | Beja

Rua de Lisboa, Beja

Visita | Visit

GPS. 38° 1.322’N | 7° 52.451’W

Arquitectura | Architecture

Parque de Estacionamento

BE06 I BE07

Interior | Exterior Inside | Outside

Santa-Rita arquitectos: João Santa-Rita / ARPAS: Luís Cabral

Localização | Localization

2002 - 2004 | Beja GPS. 38° 0.877’N | 7° 51.992’W

Avenida Miguel Fernandes, Beja

Visita | Visit

BE08

Interior | Exterior Inside | Outside

GUIASDEARQUITECTURA.COM 19


BEJA Unidade Residencial João Barbeiro

Arquitectura | Architecture

1978 - 1987 | Beja

Raúl Hestnes Ferreira

GPS. 38° 1.160’N | 7° 51.977’W

Rua de S. Sebastião, Beja

Localização | Localization Visita | Visit

BE09

Exterior Outside

Casa da Juventude de Beja 1975 - 1985 | Beja

Arquitectura | Architecture Raúl Hestnes Ferreira

Localização | Localization Rua Luis de Camões, Beja

GPS. 38° 0.673’N | 7° 51.627’W

Visita | Visit

BE10

Interior | Exterior Inside | Outside

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BEJA Arquitectura | Architecture BFJ Arquitectos

Localização | Localization

Modernização da Escola D.Manuel I 2007 - 2009 | Beja

Rua de S. João de Deus, Beja

Visita | Visit

GPS. 38º 0.510’N | 7º 51.918’W

Arquitectura | Architecture

Edifício de Habitação e Comércio

BE11

Interior | Exterior Inside | Outside

Aires Mateus

Localização | Localization

2004- 2007 | Moura

Rua da Vista Alegre, Moura

Visita | Visit

GPS. 38° 8.563’N | 7° 27.059’W

BE12

Exterior Outside

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notas

GAGGENAU 22 GUIASDEARQUITECTURA.COM


notas

CIN GUIASDEARQUITECTURA.COM 23


ÉVORA

Apesar de pertencer ainda ao Alentejo, Évora beneficia de uma maior proximidade à capital do país, apresentando uma dinâmica que se reflecte também no considerável número de obras seleccionadas. O Bairro da Malagueira, projecto emblemático no percurso profissional de Álvaro Siza, é um local de paragem obrigatória. O novo complexo das Artes da Universidade de Évora, da arquitecta Inês Lobo, merece igualmente uma visita. Gonçalo Byrne desenhou em Évora três edifícios para habitação e comércio. O Museu de Évora, o Convento da Nossa Senhora dos Remédios, a Escola Superior de Agronomia e o Hotel do Espinheiro são também obras em evidência nesta cidade. No Vimieiro, o pequeno Museu “O Mundo Rural” constitui uma surpresa. Em Arraiolos, José Paulo dos Santos foi o responsável pela recuperação da Pousada Nª Sr.ª da Assunção. O Fluviário de Mora é um projecto insólito e corajoso desenvolvido pelo atelier Promontório. Neste distrito merece também destaque a nova Aldeia da Luz no Alqueva. Na nova aldeia, além do museu, do cemitério e da igreja, foram construídos outros equipamentos colectivos, num processo que se pretendia que fosse participativo, tendo por lema: “nem património, nem tábua rasa”.

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Although still belonging to the Alentejo, Évora benefits from a bigger proximity to the country’s capital, presenting a dynamic that is reflected in the considerable amount of selected works. The Malagueira Neighbourhood, an emblematic project in Álvaro Siza’s professional path, is a compulsory stopover. The new Arts Complex of the University of Évora, by architect Inês Lobo, also deserves a visit. Gonçalo Byrne designed three residential and commercial buildings in Évora. The Museum of Évora, the Convent of Our Lady of Remedies, the Tertiary School of Agronomy and the Espinheiro Hotel are also evident works in this city. In Vimeiro, the small Museum “O Mundo Rural “ constitutes a surprise. In Arraiolos, José Paulo dos Santos was responsible for the renovation of the Pousada Nª Sr.ª da Assunção hotel. The Fluviarium of Mora is an uncommon and courageous project developed by the Promontorio Office. In this district the new Aldeia da Luz deserves to be highlighted. In the new village, as well as the museum, cemetery and church, other collective equipments were built, in a process that was intended to be participatory, having as its motto: “neither heritage, nor tabula rasa”.

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