Editorial
Yalla!
Caro leitor, Apresentamos a 2ª Edição da Revista Yalla! A revista segue seus principais objetivos: atualizá-lo sobre as atividades de nosso grupo e nossa estrutura interna; e expor textos opinativos sobre temas atuais, redigidos por jovens da comunidade. Como tema de capa, destacamos a aquisição de nossa nova casa, na velha conhecida Rua Bahia, 408 e apresentamos nossa programação semanal. Em relação aos textos, selecionamos redações de alto nível e nessa edição concedemos um espaço especial para algumas pessoas refletirem sobre sua vivência no exterior. Dessa forma, fomos brindados com textos do Daniel Rozemberg e Samy Kabani, que relataram sobre suas experiências. Também nessa edição contamos com diversos textos sobre judaísmo, destacando as contribuições de Isaac Cattan, Rabino Alberto Safra e Alberto Diwan. Esperamos ter confeccionado uma revista de agradável leitura, que agregue conteúdo e inspire outros a escreverem seus textos para as próximas edições! Por fim, agradecemos àqueles que acreditaram no projeto e contribuíram generosamente com a causa, seja participando ativamente de sua redação, seja patrocinando um espaço por meio de uma doação. Yalla!, Alberto Diwan e Izzy Politi
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Sumario Cartilha do BeYachad
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O papel do BeYachad
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Depoimentos
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O futuro
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O impacto na vida de um jovem ao empreender
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As coisas nem sempre foram assim
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A experiĂŞncia de servir ao exĂŠrcito de defesa do Estado de Israel
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Subornando D’us Do sushi ao empreendedorismo Como atrair jovens judeus? Mitzvot. Uma questão de sobrevivência
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Um breve ensaio sobre a educação judaica
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Dou ao presidente Donald Trump o benefício da dúvida.
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Cartilha do
BeYachad Por Diretoria BeYachad QUEM SOMOS E PORQUE EXISTIMOS? O BeYachad é um grupo formado por jovens judeus na faixa etária entre 21 e 29 anos apoiado pela Congregação Beneficente Sefardi Paulista (C.B.S.P) – Beit Yaacov.
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inciativa de criar o grupo foi desenvolvida em meados de 2014, quando notou-se que a juventude judaica, já desvinculada de qualquer movimento juvenil judaico-sionista, passou a afrouxar gradativamente seus laços internos, enfraquecendo relações interpessoais e mitigando as oportunidades de exercer o ativismo e o trabalho social para dentro e fora da comuni-
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dade. Dessa forma, o BeYachad existe para suprir essa carência identificada e foi estabelecido para reforçar o elo entre os jovens, bem como para criar um espaço de integração social e de elaboração de projetos que promovam o crescimento pessoal e o trabalho voluntário beneficente.
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Yalla! 5 vas sempre floresçam, se multipliquem OBJETIVOS Dentre nossos principais objetivos, e revelem para a comunidade o potencial da juventude. destacamos: • Estabelecer um público sólido, numeroso e abrangente que participe ativamente das atividades e projetos desenvolvidos pelo grupo. • Fortalecer a identidade judaicasionista dos membros do grupo e garantir a continuidade judaica. • Ofertar e incentivar o engajamento comunitário e ativismo social de jovens judeus. • Apoiar iniciativas e projetos que preencham lacunas em nossa comunidade e na sociedade maior, identificando oportunidades de auxílio e assistência. • Criar espaços e coordenar eventos que visem fortificar a integração social do grupo. • Aproximar jovens judeus afastados da comunidade judaica. • Reduzir o número de jovens desvinculados de qualquer projeto comunitário e, consequentemente, fortificar o combate à assimilação. • Promover e facilitar o acesso à cultura geral para os membros do grupo. • Ser reconhecido como um grupo de jovens que oferece excelentes opções de engajamento e integração social, cujas atividades, eventos e inciati-
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VALORES E CRENÇAS Nossas atividades, eventos e projetos deverão estar sempre fundamentados nos seguintes valores e crenças: • Acreditamos que o combate à assimilação e a defesa da continuidade judaica é um dos temas de maior importância no universo judaico contemporâneo e nos comprometemos a auxiliar a C.B.S.P nessa nobre missão. • Nos orgulhamos de pertencer ao povo judeu e acreditamos que a riqueza do judaísmo reside em sua amplitude e heterogeneidade, compreendendo religião, história, cultura, literatura, costumes, etc. • Acreditamos que, como jovens judeus, temos a missão de contribuir para o fortalecimento de nossa comunidade e somos imbuídos do dever de atuar na sociedade maior, amparados nos princípios judaicos de Tsedaká, Chessed e Tikun Olam. • Acreditamos que somos responsáveis pelo futuro do judaísmo ortodoxo moderno, que abrange tanto a defesa de uma identidade religiosa sólida quanto a valorização da formação acadêmica e profissional de qualidade.
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• Apoiamos incondicionalmente o Estado de Israel e defendemos o movimento sionista. • Acreditamos que todo jovem deve explorar ao máximo seu potencial pessoal e profissional e apoiamos diversas formas de capacitação e desenvolvimento pessoal. • Acreditamos que a juventude da comunidade deva ser forte, unida e engajada e nos inspiramos no sucesso do Movimento Juvenil Netzah Israel de criar um marco educativo que congrega jovens menores em um ambiente judaico. REGRAS BÁSICAS • A nível institucional, seguimos a ortodoxia como linha judaica religiosa. No entanto, fundamentados no pluralismo e no respeito à diversidade, aceitamos a participação de jovens judeus que pertençam a outras comunidades judaicas e que defendam diferentes linhas religiosas. • A vinculação à C.B.S.P não impede que o BeYachad se relacione com outros rabinos ortodoxos ou outras instituições que auxiliem no cumprimento dos objetivos do grupo. • Não somos filiados a qualquer ideologia política ou partido, sendo vedados posicionamentos oficiais em nome do BeYachad em matéria política ou qualquer outa atividade que comprometa o apartidarismo do grupo.
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• Não apoiamos projetos, ideias, inciativas ou eventos que vão de encontro aos Objetivos, Valores e Crenças do BeYachad. • Não promovemos nenhuma atividade de fim lucrativo. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL O BeYachad é gerenciado por uma Diretoria composta, no mínimo, por 5 (cinco) membros, eleitos por um período de um ano, prorrogável duas vezes por igual período. São eles: Diretor-Geral: Responsável pela gestão financeira e condução estratégica do BeYachad, e intermediação direta entre o grupo e a C.B.S.P. Diretor-Tzedaká: Responsável pela coordenação de projetos e eventos que envolvam assistência social, trabalho voluntário e arrecadação de fundos para causas beneficentes. Diretor-Crescimento Pessoal: Responsável pela coordenação de projetos e eventos que visam o aprimoramento pessoal e a capacitação profissional dos membros do grupo. Diretor-Social: Responsável pela coordenação de projetos e eventos sociais que priorizam o lazer e entretenimento e objetivam promover a integração social.
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Yalla! 7 Diretor-Judaísmo: Responsável pela coordenação de projetos e eventos que visam fortificar a identidade judaica dos membros do grupo, difundido a cultura e religião judaica. O dia da votação anual será anunciado pela plataforma de comunicação utilizada para divulgação de outros eventos e contará com a participação obrigatória de todos membros da Diretoria. Dessa maneira, todos integrantes do BeYachad terão oportunidade de eleger democraticamente os novos Diretores do grupo, que assumirão o cargo caso obtenham maioria simples dos votos. A Diretoria possui plena autonomia para convocar Diretores adicionais para integrarem seu corpo diretivo a qualquer tempo, de acordo com as necessidades específicas de cada ano, sendo desnecessária a realização de votação para tais cargos extras específicos.
te à Diretoria, que deve estar sempre aberta para receber sugestões de outros membros do grupo e de representantes da C.B.S.P. SEDE A sede do BeYachad está localizada na Rua Bahia, nº 408, local em que orginalmente funcionava o Movimento Juvenil Netzah Israel. Almeja-se estabelecer um calendário extenso de atividades recorrentes na casa, de maneira que o local possa se consagrar como ponto de encontro entre jovens da nossa comunidade. Assim, deverá a Diretoria empreender esforços para explorar o potencial da sede e maximizar seu uso, bem como reprimir eventuais comportamentos inadequados ou ilícitos.
REVISTA Anualmente será elaborada uma revista informativa, que deverá ser divulgada para todos os sócios da C.B.SP. Cabe ao Diretor-Geral eleger o responsável pela revista, intermediar o contato Todos os Diretores, tanto os eleitos com os prestadores de serviços gráfiquanto os convocados, deverão assu- cos e arrecadar fundos e patrocínio. mir o compromisso de permanecer na Diretoria pelo prazo determinado (um ALTERAÇÕES NA CARTILHA ano) e atuar com zelo e dedicação em Toda e qualquer alteração da presuas funções, bem como estabelecer sente Cartilha deverá ser aprovada uma frequência fixa de reuniões. pela maioria da Diretoria e, posteriormente, submetida à votação geral, que Todas as decisões concernentes ao deverá ocorrer no mesmo dia da eleiBeYachad competem exclusivamen- ção dos novos Diretores do grupo.
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o Papel do BeYachad Jaky Diwan
“Todos os dias quando acordo não tenho mais o tempo que passou. Mas tenho muito tempo, temos todo tempo do mundo...E me diz mais uma vez que já estamos distantes de tudo.... Somos tão jovens”. (Renato Russo)
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juventude tem um papel central na nossa Congregação, e com certeza é uma de nossas maiores realizações. Mas nada veio por acaso, são vários momentos decisivos que moldaram esta realidade. Foi em meados da década de 70, com o crescimento dos primeiros jovens nascidos no Brasil, que abriu se espaço para as atividades do movimento juvenil Netzah, e com isso criou se não somente um marco social de fundamental importância na vida de todos nossos jovens, mas também um sério trabalho educativo de reforço de identidade judaica e sionista .
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o Um pouco mais tarde, iniciou-se na Sinagoga um trabalho religioso focado nos jovens, que foi evoluindo com o tempo, até termos hoje uma grade completa de shiurim e programas, assim como espaços exclusivos de reza, Rabinos e Morim dedicados e que falam abertamente com as diversas faixas etárias.
Estes três elementos acima, movimento juvenil, sinagoga, escola judaica, formam o tripé que dá força e sustentação para uma juventude comprometida com nossa religião, identificada com Israel, solidaria com sua Comunidade.
Todavia, com todo o sucesso que temos no engajamento destes jovens, Já no fim da década de 80, é nítida a sempre sentiu se um vácuo justadecisão quase unanime dos pais de mente quando estes não mais estão matricularem seus filhos nas escolas na Escola, nem no Netzah, e neste judaicas, buscando aliar qualidade momento muitas vezes surge um cerde ensino em um meio permeado de to esfriamento e distanciamento. O valores judaicos, e a abertura da Esco- tripé fica sem duas de suas bases, e la Beit Yaacov em meados da década por tabela, a própria Sinagoga tamde 90 veio reforçar ainda mais esta bém passa a ser menos presente na tendência, sabendo aliar excelência vida destes jovens. Entende-se que a acadêmica com o ensino e vivencia nova fase de estudos universitários, de judaísmo e sionismo. trabalho, e maior senso de responsabilidade têm um impacto forte, e muito se procurou nos últimos anos
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O BeYachad está aí para ser uma resposta, e na medida que cada um se envolver mais e participar mais, ele irá crescer e proporcionar experiências marcantes para cada um.
dar suporte e criar marcos sociais e culturais para ainda assim reunir e unir estes jovens. O BeYachad busca exatamente isto, criar novas formas de participação e convívio, para que tenhamos agora não somente o tripé como base, mas agora quatro pilares que se complementam .
O BeYachad está aí para ser uma resposta, e na medida que cada um se envolver mais e participar mais, ele irá crescer e proporcionar experiências marcantes para cada um. Se no Movimento Juvenil e na escola, boa parte do tempo o jovem era receptor, aqui no BeYachad é ele quem vai definir e direcionar o caminho a seguir, seja em O desafio para o BeYachad é grande, atividades sociais, debates culturais, pois seu público alvo está envolvido cursos, viagens, enfim, um amplo hocada qual em sua dinâmica de vida rizonte onde cada um pode dar a sua especifica, diferentes faculdades, inú- contribuição única e especial. meros caminhos profissionais, alguns já em relacionamento sério, muitos Ao sair do Netzah, o jovem tem a outros não, e todos com tempo livre chance de continuar conectado, de reduzido. Mas, como dizem os versos poder fazer a diferença, e por mais acima, ainda são jovens ,com sonhos, que sejam intensos os comprometientusiasmo, criatividade, e que sen- mentos com estudos e trabalho, aintem um vácuo nesta nova fase. da “temos todo o tempo do mundo, somos tão jovens”
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Depoimentos dos participantes
e organizadores Fernando Maghidman
“Era um dia da semana normal para mim quando surgiu a primeira oportunidade de ouvir falar sobre o BeYachad. Lembro-me de terem me ligado, se apresentado e falado alguns minutos sobre a ideia do projeto e os planos que estavam sendo executados para atingir os objetivos deste.
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isse que a ideia do projeto surgiu no momento em que percebeu que muitos conhecidos estavam se afastando da comunidade após o término de suas atividades no Netzah, e que o BeYachad seria uma forma de dar oportunidade, independente de idade, àqueles que gostariam de permanecer se encontrando e mantendo seus laços. Além disso, elo jovem comentou que gostaria de aproximar não só os grupos dos que terminaram o Netzah, como também os jovens de outros grupos, sendo eles Ashkenzim ou Sefaradim, os juntando como apenas um. Até então, na minha cabeça, este jovem era apenas mais um rabino de uns 40 anos, com uma ideia inovadora para fortalecer a comunidade
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judaica. Eu, que sempre fui do Renascença, ashkenazí, sem nunca ter tido nenhum contato com outros grupos, nunca ter dado ouvidos a nenhum tipo de movimento juvenil, decidi por fazer diferente desta vez e dar uma chance ao que acreditava ser algo muito importante para a união do nosso povo. Entrei na página do BeYachad no Facebook e fui ao primeiro encontro que foi proporcionado. Conheci o jovem pessoalmente, vi que aquele suposto rabino de 40 anos era um jovem comum da minha idade, gente boa e disposto a fazer algo maior. Logo, comecei a frequentar os eventos e construir grandes amizades.
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Dentre festas, viagens e encontros, sinto que o BeYachad se tornou uma grande forma de unir judeus que antes não se conheciam, e agora tem a oportunidade de compartilhar suas experiências, culturas e maneiras de viver. Esse convívio é primordial para cumprirmos a essência do judaísmo, que ao nos unirmos como verdadeiros irmãos, podemos juntos ajudar quem precisa e desempenhar um papel de impacto na sociedade/comunidade, tema que é uma das diretrizes do projeto. Enfim, sou muito grato ao BeYachad por ter colocado em meu caminho grandes pessoas, das quais tenho certeza que levarei comigo para o resto da vida e por me ajudar diariamente a cumprir uma parcela do meu propósito como ser humano, sempre ajudando quando possível aqueles que mais precisam.”
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“Era época de natal do ano de 2016, quando uma amiga me falou que fazia parte de um projeto bem legal que era minha cara "Fabrica do Riso". Eu perguntei o que se fazia nele é a mesma me explicou, gostei tanto dele que liguei para a coordenadora do projeto e perguntei como podia fazer parte do grupo a mesma me explicou que esse grupo atua aos sábados a cada 15 dias, foi aí que me surgiu a ideia de nos do BeYachad fazermos parte desse projeto. Alfredo Sarue, Coordenador do Grupo Fábrica do Riso BeYachad.
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iguei para a coordenadora do projeto e expliquei que queria montar um grupo do BeYachad porém só poderíamos atuar aos domingos por causa do (shabat), logo em seguida liguei para os integrantes da diretoria do Beyachad e expliquei o projeto, perguntando o que achavam? A resposta foi imediata: pode dar andamento! Passaram umas semanas e enfim lançamos o projeto "Fabrica do Riso BeYachad" muitas curtidas e alguns interessados em ouvir o que era o projeto, assim marcamos um encontro na casa do BeYachad onde vieram
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em torno de 15 pessoas. Logo depois montamos um grupo de WhatsApp onde marcamos um treinamento com os coordenadores Betty e Gabriel Karpat onde 10 pessoas fizeram parte dele para saber como interagir com os pacientes. A cerca de 3 meses começamos o projeto onde nós saímos do papel do dia a dia e entramos no papel de "palhaços", colocamos nariz de palhaço, pintamos nossos rostos e levamos instrumentos musicais. Nós vamos em grupos de 2 ou 3 aos quartos das crianças e lá cantamos, fazemos má-
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gicas, contamos histórias e o melhor de tudo passamos amor e carinho para eles. Hoje nosso grupo conta com seis integrantes do BeYachad. Não é muito fácil às vezes pois lidamos com situações e quadros bem complicados, mas a experiência que se tem naquela hora não existe igual. Sempre que tiro minha maquiagem de "Palhaço" paro algumas horas depois para refletir sobre minha vida.
Em nosso grupo contamos com um pai de nossa comunidade Sr. Sony Douer que pratica esse projeto em outra ONG e se disponibilizou a atuar e passar seus conhecimentos junto ao grupo do Beyachad. Poder ajudar uma criança a se tratar com uma alegria, um sorriso ou simplesmente um olhar não tem preço, pois o que retorna para nós é algo inesquecível.”.
A cerca de 3 meses começamos o projeto onde nós saímos do papel do dia a dia e entramos no papel de "palhaços", colocamos nariz de palhaço, pintamos nossos rostos e levamos instrumentos musicais.
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Yalla! 15 Larissa Rahmani
“Mais um ano de BeYachad se passou, e nele os mais diversos eventos ocorreram. Logo no começo do ano, a incrível festa de Purim “Hangover”, contou com a presença de mais de 150 jovens de diferentes idades que interagiram entre si em um ambiente animado, com um bom DJ e excelente companhia.
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om esse evento, o BeYachad buscou trazer aos jovens, em uma esfera descontraída, a alegria da festa de Purim. O Sushibol também fez parte dos eventos do BeYachad. Com dois encontros incríveis no espaço Audi, os jovens se reuniram para comer um bom sushi, trocar ideias e fugir um pouco da rotina de trabalhos e estudos. Yom Haatzmaut foi comemorado em um destes encontros, sendo o espaço todo decorado de azul e branco e bandeiras de Israel. Para finalizar o semestre, organizamos mais uma viagem incrível, dessa vez com destino ao Guarujá, na praia do Tombo. Tivemos mais de 60 inscritos em um final de semana que
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contou com muito sol, praia, piscina, mar, futebol, festa, música boa e muitos amigos. Na sexta feira a noite, as meninas acenderam as velas no restaurante do hotel, enquanto os homens se reuniram para rezar. Na hora do jantar, feito pelo Salomão, tivemos um kidush todos juntos, mais de 60 pessoas reunidas. (Imaginem quanto tempo demorou para fazer hamotzi). Após o jantar, graças ao clima agradável, pudemos ficar todos em frente ao hotel, caminhando no calçadão, tomando um ar e conversando a beira da praia. Sábado, a praia era praticamente nossa. Por ser uma praia pequena, todos ficaram juntos nas barracas em frente ao hotel. Alguns jogaram bola, fute-
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Na hora do jantar, feito pelo Salomão, tivemos um kidush todos juntos, mais de 60 pessoas reunidas. (Imaginem quanto tempo demorou para fazer hamotzi).
vôlei e outros optaram por tomar sol e bater papo. Após o almoço, já cansados de praia, a maioria das pessoas resolveram ficar pela área da piscina.
tar em um hotel menor, é que todos fiquem juntos a maioria do tempo. A impressão dos jovens que participaram foi muito positiva.
Após o término do shabat, tivemos uma Beach Party incrível na área da piscina do hotel para finalizar com chave de ouro a viagem. Contamos com a presença da DJ Djessy, e o resultado superou as expectativas. Apesar do frio que fez aquela noite, a animação era contagiante, e o frio não conseguiu acabar com a empolgação da festa. Foi uma noite incrível, com os jovens unidos e aproveitando muito.
Cada vez mais o BeYachad busca melhorar seus eventos, bem como as suas viagens. As viagens em grandes turmas são cada vez menos frequentes, e por isso, nas viagens do BeYachad, buscamos trazer muitas pessoas de várias turmas diferentes, para que o círculo de amizade dos jovens seja cada vez maior, assim conseguindo atingir nosso objetivo de interação entre todos”
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O hotel em que ficamos era extremamente confortável, de frente a praia, e o mais importante: não era muito grande. O principal benefício de es-
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O Futuro com a casa do
BeYachad. Izzy Politi
Esse ano foi um ano de projetos e bastante planejamento. A obra na casa do BeYachad está a mil e esperamos realizar sua inauguração logo após o Carnaval.
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s planos para a casa são muitos, mas basicamente nosso objetivo é oferecer aos jovens uma opção de centro e ponto de encontro. Tanto para realizar suas tarefas do dia-a-dia como funcional, dança ou aulas de idiomas, como para agregar em sua formação como através de um programa de coaching ou de uma aula de atualidades.
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Yalla! 19 Nosso maior foco é atrair os jovens para que estejam presentes de um ambiente judaico, legal, e com todos os seus amigos. Para isso criamos uma sugestão de agenda semanal,
que já possui varias atividades em andamento, e assim que a casa for entregue, pretendemos acrescentar ainda mais opções de acordo com a demanda dos jovens.
Domingo
Segunda
Terca
Quarta
Quinta
Master Chef
Zumba
Casa aberta Livre
Jogo da rodada
Aula de Atualidades
Mandarim com foco em negócios
Reuniões diretoria
Coaching
Zumba
Frances
Shiur de Negócios
How Happiness Thinks
Funcional
Frances
Shiur - Lições para uma vida
Gostaríamos de aproveitar essa oportunidade para, mais uma vez, agradecer todo o apoio recebido da Congregação Beit Yaacov e da Comunidade. Todo o investimento de tempo e recursos financeiros servirão de reforço para que o projeto e a casa sejam um sucesso.
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O IMPACTO NA VIDA DE UM JOVEM AO EMPREENDER
Por Alan Kovari, André Kurbet e Rafael Hamoui, fundadores do Secrush
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Quando nos foi proposto escrever um texto para essa revista sobre o processo de criação de uma startup, debatemos principalmente o que seria mais válido passar ao leitor sobre nossa experiência nesses últimos 5 meses de nossas vidas.
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creditamos que detalhes técnicos e burocráticos não sejam de maior relevância, mas sim a forma como essa vivência afeta nossas vidas tanto profissionais como pessoais e o que acreditamos que seja essencial para o sucesso.
Podemos dizer com firmeza que ter criado uma startup nessa primeira fase da nossa vida profissional teve e ainda vai ter um impacto enorme nas nossas carreiras. Como o Secrush foi basicamente nossa primeira experiência profissional, hoje podemos dizer com segurança que não estávamos preparados para começar esse novo empreendimento. Não tínhamos a experiência ou o conhecimento para criar um negócio de sucesso. Por isso, ao longo do caminho tivemos de estar dispostos a aprender e ir atrás de todo o conhecimento necessário rapidamente para que pudéssemos tomar as decisões corretas, o que nos fez crescer imensamente como profissionais. Além disso, por ser os donos da empresa, é necessário que entendamos um pouco de todos setores. Para isso, des-
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de o início até hoje, temos conversas com profissionais de várias áreas, nas quais sempre aprendemos muito. Desse modo, podemos dizer que empreender com 19-20 anos foi crucial para nosso crescimento profissional, visto que nesse processo é necessário que passemos por experiências que não teríamos caso continuássemos apenas com nossas obrigações na faculdade. Muito se fala do crescimento profissional ao empreender, porém muitas vezes esquecemos do impacto que isso tem nas nossas vidas pessoais também. Após quase 6 meses dentro desse mundo, podemos afirmar que empreender nos colocou em situações que certamente não acreditávamos que teríamos na nossa vida tão cedo. Regularmente somos colocados em situações novas, como apresentar um pitch para diretores de aceleradoras, dar uma entrevista para uma das maiores revistas de São Paulo, por exemplo, e temos que saber como lidar com esses desafios mesmo sendo principiantes. Além disso, podemos dizer que criar um negócio próprio
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É conhecido que a taxa de mortalidade de startups, principalmente para os que estão empreendendo pela primeira vez, é altíssima
do zero realmente afeta a concepção de mundo de uma pessoa. Gostamos de dizer que quanto mais aprendemos, mais descobrimos que sabemos menos ainda do que achávamos e precisamos aprender mais. Assim, não nos reconhecemos a seis meses atrás e provavelmente não vamos nos reconhecer daqui seis meses, uma vez que sempre estamos crescendo e aprendendo mais e mais no nosso dia-a-dia. É conhecido que a taxa de mortalidade de startups, principalmente para os que estão empreendendo pela primeira vez, é altíssima. Dessa maneira, acreditamos que para qualquer startup tenha uma chance de virar uma história de sucesso, claro, além dos recursos técnicos e conhecimento dos fundadores, são necessários alguns valores básicos, como a prioridade, a
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persistência e a “chutzpah”. Primeiramente, a primeira prioridade da vida do empreendedor tem que ser trazer o sucesso para sua empresa. A persistência, por sua vez, é imprescindível na vida de uma startup. Várias vezes surge uma vontade de desistir, de voltar a vida normal, porém é necessário que entendamos que o sucesso é fruto de muito esforço e não vem rapidamente. Por último, a primeira característica da sociedade israelense citada no livro Startup Nation, o qual tenta explicar o fenômeno de inovação e sucesso de Israel, é a “chutzpah”. Segundo o livro, o israelense não se sente intimidado por estar em uma posição ou cargo menor e tem dificuldade em entender o porquê ele não pode concorrer com os líderes do mercado. Em muitas ocasiões, pessoas de altos cargos nos falaram que não investiriam um centavo no nosso projeto, contudo é necessário
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Segundo o livro, o israelense não se sente intimidado por estar em uma posição ou cargo menor e tem dificuldade em entender o porquê ele não pode concorrer com os líderes do mercado. que acreditemos no nosso produto e não se intimidemos por estar falando com uma pessoa com mais experiência, mas obviamente sempre ouvindo os argumentos pois normalmente tem sua base e podem agregar.
ainda não se sinta preparado. Em nenhum momento nos arrependemos de ter começado tudo isso, uma vez que criar o seu próprio negócio traz um novo sentido para a vida e é imensurável o nível de crescimento para quem passa por isso numa idaPara concluir, vale ressaltar que nor- de tão jovem. malmente um texto como esse é escrito após o sucesso, enquanto nós, apesar de ter atingido a marca de 100.000 usuários recentemente, ainda temos um imenso caminho até o sucesso e muito a aprender. Por isso, não queríamos que encarassem isso como um relato de sucesso, mas sim uma breve descrição de nossa jornada até o momento e o que pudemos retirar disso. De qualquer forma, podemos afirmar que empreender foi a experiência mais impactante nas nossas vidas até agora e recomendamos para todo jovem, mesmo que
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AS COISAS NEM SEMPRE FORAM ASSIM Por Samy Kabani
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“Numa experiência científica, um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula. No meio, uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia na escada para pegar as bananas, os cientistas jogavam um jato de água fria nos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros o pegavam e batiam muito nele.
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as um tempo depois, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas. Então os cientistas substituíram um dos macacos por um novo. A primeira atitude do novo morador foi subir a escada. Mas foi retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não mais subia a escada.
seria: “Não sei, mas as coisas sempre foram assim por aqui”. ” Essa é “A fabula dos macacos e as bananas” e há um tempo que venho me identificando com ela. Vou tentar abrir um pouco o porquê dessa identificação e o que ela significa para mim. E talvez você, meu querido amigo, também se identifique com ela. Vamos lá...
Um segundo foi substituído e o mesmo ocorreu – tendo o primeiro substituto participado com entusiasmo da surra ao novato. Um terceiro foi trocado e o mesmo ocorreu. Um quarto e, afinal, o último dos veteranos foi substituído.
Deixei a nossa comunidade em busca de algo melhor para mim e para a minha família, de um estudo de mais qualidade, de um amanhã mais promissor, de um futuro com mais oportunidades, de uma vida com mais sentido. Isso! Essa era a palavra que eu Os cientistas, então, ficaram com o queria: SENTIDO. Na maneira mais grupo de cinco macacos que, mesmo pura que poderia descrever esse ternunca tendo tomado um banho frio, mo seria “entender o motivo de algo continuavam batendo naquele que e encontrar uma motivação para contentasse pegar as bananas. Se fosse tinuar em frente”. E o primeiro lugar possível perguntar a algum deles por que me vinha – e ainda me vem – à que eles batiam em quem tentasse cabeça quando eu falava disso era, obsubir a escada, com certeza a resposta viamente, Israel.
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Faz pouco menos de um ano e meio que sou oficialmente israelense, assim como milhares de outros brasileiros e pessoas ao redor do mundo a cada ano. E para isso, tive que nascer praticamente do zero: aprender uma língua nova, adaptarse a uma cultura nova, acos-
O mesmo passo que me derrubou ontem, hoje me fortalece para os próximos. Igual aos macacos, acredito ter sido esse o primeiro e verdadeiro jato de água fria da minha vida. Mas então, poderia ter me perguntado: Por que nascer do zero? Por que abrir mão de tudo o que tenho? Por que tomar esse banho de água fria, se temos uma ótima comunidade aqui em São Paulo? E a resposta está naquela pequena palavra,
Mas então, poderia ter me perguntado: Por que nascer do zero? Por que abrir mão de tudo o que tenho? tumar-se aos shawarmas em cada esquina, ao estilo de vida israelense (não tão simpático quanto gostaria) e a milhares de outras diferenças. Fui um bebê dando os seus primeiros passos, dos mais simples e fáceis até os mais complexos e burocráticos. Claro, caí várias vezes, mas nunca deixei de levantar e tentar mais um.
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algumas linhas acima: sentido. Concordo que temos uma bela comunidade aqui. Temos uma linda sinagoga, uma escola cheia de alunos, uma tnuá com muitas atividades, um BeYachad crescendo com muito sucesso; temos amigos morando a algumas esquinas, casamentos quase todo mês, restaurantes kasher perto de casa, eventos e viagens são parte da rotina. Maravilha, não? Em um primeiro momento, sim. Por outro lado, já ouvi muitas vezes de pessoas que se incomodam por se sentirem “vigiadas” pelos olhos da comunidade, por serem criticadas por algo que fizeram ou deixaram de fazer, ou até por algo que nem é verdade – até parece que estamos num Big Brother da vida real. Aspectos diferentes, mas válidos, que talvez sejam inevitáveis em uma intensa vida comunitária.
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Yalla! 27 Essas várias perspectivas da comunidade me fizeram sentir que faltava algo, que um pedaço da minha essência não estava aqui na diáspora – e acredito que a de nenhum judeu está, sendo sincero. E não estou falando somente da qualidade de vida e segurança (sim, muito mais seguro do que o Brasil, para os que ainda têm dúvida). Falo de algo maior, de uma identificação com a terra, com o povo, com algo que posso dizer que faço parte, algo que acompanha a cada um de nós há milhares de anos, com toda nossa história e nossa ligação com a terra de Israel. Talvez eu nem saiba definir o que é em palavras e talvez esse algo seja um pouco diferente para cada um, mas sei que existe e que só lá posso estar completo. Como me disseram, “em 200 anos, ninguém virá a São Paulo para conhecer a história do povo judeu”. Antes de ir para Israel, escrevi algumas palavras que podem descrever um pouco essa sensação e que, para mim, têm um sentido enorme por si só: “O feriado é em Pessach, não na páscoa; o jornal de dezembro mostra quantas velas de Chanuka temos que acender a cada noite; o vendedor da Machané Yehuda te diz shabat shalom depois de vender chalot na sexta-feira; o dia 31 de dezembro é apenas mais um dia no calendário”.
Nessa minha nova trajetória, ouvi uma frase que me marcou bastante: “esteja preparado para experimentar sensações nunca antes imaginadas”. Com os dias, descubro que essa é a experiência que mais me motiva, que me leva a seguir adiante, a conhecer novas realidades, a aprender, a viver. Não tenho certeza do que virá pela frente, mas uma certeza eu tenho: quando me perguntarem o porquê disso tudo, não quero ser igual a um macaco e responder que as coisas sempre foram assim por aqui.
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Poderia escrever mais um texto inteiro contando um pouco da minha vida lá, dos estudos, da vida social, dos meus desafios e conquistas, das minhas dificuldades e realizações. Mas como esse não é o objetivo aqui, deixo isso para uma próxima oportunidade e me disponho com o maior prazer com quem quiser conversar.
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A EXPERIÊNCIA DE SERVIR AO EXÉRCITO DE DEFESA DO ESTADO DE ISRAEL.
Por Daniel Rozemberg
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Poucos são os judeus, entre aqueles que se identificam com Israel, que nunca sonharam em vestir o uniforme do nosso exército. Você sabe do que estou falando! Tudo o que eu fiz foi seguir o meu sonho. Com o apoio de muitos e um pouco de coragem, percebi que era algo muito viável de ser realizado.
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heguei em Israel em fevereiro de 2016 para me alistar no Tzahal. Não fiz aliyah! Me inscrevi em um programa chamado Mahal, que permite que não israelenses sirvam o exército por um ano e meio. Foram dois meses cuidando de papelada para o recrutamento, testes, entrevistas, inclusive um programa preparatório de algumas semanas. Em abril de 2016 fui recrutado e comecei o meu serviço militar.
que chegam aqui sem hebraico suficiente para o serviço militar, e Israel se preocupa muito com isso. Pessoas de todo o mundo. Na minha equipe, de 12 soldados, éramos: russos, ucranianos, franceses, britânico, sul-africano, indiano, canadense e brasileiro. Em cada equipe, outras nacionalidades. Foram 3 meses de treinamento militar básico, muita disciplina e intensivão de aula de hebraico.
Finalizando a primeira etapa, mais siMinha primeira etapa foi em uma tuado no exército e com um hebraico base chamada Michve Alon. É uma bem melhor, chegou a hora de decidir base voltada para educação, em que em qual unidade servir, o que fazer no uma das funções é receber soldados resto do serviço militar. As opções são de toda parte do mundo para apren- incontáveis. São milhares as unidades derem hebraico. Sim, é isso mesmo: o e funções dentro do exército, desde o exército fornece uma base, um curso, piloto até o vendedor do mercadinho qualifica soldados para tratarem de da base. O que eu sempre quis era ser Olim Chadashim (novos imigrantes) um soldado combatente em uma unie ensiná-los hebraico. São milhares os dade de infantaria, ou seja, a unidade
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to treinamento, frio, calor, noites em claro, aulas teóricas, testes físicos, peso nas costas, , marchas, tiros, pulo de paraquedas, táticas... Cada dia que, em caso de guerra, combate a pé. uma nova experiência. Para encerrar Fiz o teste (Gibush) para a unidade de o treinamento, uma marcha de 70 paraquedismo (tzanchanim). Basica- quilômetros, acabando com uma formente, foram 4 horas na madrugada matura em Jerusalém. Acabando essa de muito teste físico, testes psicológi- parte, você deixa de ser o “aspira” e cos, com avaliadores e comandantes está pronto para qualquer coisa. gritando, avaliando todo o nosso comportamento durante o teste, como um Formado na unidade, a rotina do filme. Aqueles que conseguem con- soldado varia entre fronteiras e treicluir a parte física, seguem para uma namento. No inicio, estive em mais entrevista; os que não conseguem treinamento por 3 meses, dessa vez - porque desistiram ou não aguenta- especifico para a fronteira que virá em ram - vão para casa. Duas semanas de- seguida. Agora estou com minha compois, anunciam os novos recrutados. panhia servindo na fronteira de Gaza. Assim, em agosto entrei na Unidade Shmirot, patrulha e vários outros tide Paraquedismo. pos de trabalhos. Cansativo e intenso, mas bem interessante. Na unidade, agora ao lado de israelenses, foram 7 meses de treinamento Muito resumidamente, esse foi o meu muito intenso, disciplina militar e serviço até agora, já perto do fim. Fadesafios. Impossível contar tudo em zer parte dessa historia é gratificante. uma página. Aprendemos tudo o que Não é fácil, nada fácil, mas não tem precisamos para um objetivo: guer- preço. Aprendi muito, fiz irmãos, pasra. No fim destes 7 meses, cada um sei por situações que jamais pensei dos soldados deve estar pronto para que conseguiria. Vestir o uniforme entrar em uma guerra/operação, em e cantar o Hatikva, ouvir brachot e qualquer lugar que for. Para isso, mui- agradecimentos nas ruas, ver uma
Não é fácil, nada fácil, mas não tem preço. Aprendi muito, fiz irmãos, passei por situações que jamais pensei que conseguiria.
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Yalla! 31 criança te admirando, pessoas fazendo de tudo por você ser um soldado... não tem preço.
Vivendo e servindo o país, percebi que Israel não é perfeito, como nenhum lugar do mundo.
Recebemos doações na base de vez em quando, por pessoas que querem agradar e agradecer aos soldados, coisa comum por aqui. Seja de equipamentos, camisetas personalizadas, comidas, etc... Semana passada recebemos doação de melancias (muito calor em Gaza, coisa melhor pra receber não tem!). Quem doou? Uma senhora de uns 90 anos, sobrevivente do holocausto, que veio até a base pessoalmente só para entregar melancia para os soldados. Não tem preço! São esses pequenos atos – muito frequentes - que nos mostram que o esforço vale a pena, que estamos no caminho certo.
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Vivendo e servindo o país, percebi que Israel não é perfeito, como nenhum lugar do mundo. Abrir os meus olhos para este lugar, enxergar as qualidades e defeitos, me fez ter certeza de uma coisa: este lugar é, realmente, o nosso lugar, estando aqui ou em outro país. Nosso exército, entre erros e acertos, é humano e motivo de orgulho. Nosso caminho é longo, mas juntos somos fortes. Am Israel Chai!
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DO SUSHI AO
EMPREENDEDORISMO:
COMO ATRAIR JOVENS JUDEUS? Por Henry Gherson, assessor executivo FISESP
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Não é de hoje que a comunidade judaica corre atrás de jovens para suas instituições ou suas atividades. Nos últimos anos travamos uma dura batalha contra a assimilação ou o afastamento dos jovens da comunidade, mas essa é, para mim, uma batalha perdida. Estamos assumindo a responsabilidade por um problema muito maior e que muito provavelmente não vai ser resolvido de um dia para o outro.
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sta é uma geração que se afastou da comunidade e, talvez, a solução seja trabalhar as futuras gerações para que o erro não se repita. É melhor ter o tempo a nosso favor do que viver correndo contra ele para recuperar o que nós, como comunidade, já deixamos para trás.
Há poucas décadas era comum imaginar que os jovens estudariam em escolas judaicas, frequentariam as tnuot (movimentos juvenis) até os 20 ou 22 anos e alguns anos depois já estariam colocando os filhos deles em nossas escolas ou levando as crianças para a Hebraica. Acontece que o mundo mudou, a sociedade mudou e nós também mudamos. São raros os casos de jovens que se casam antes dos 30 e é ainda mais difícil que tenham filhos antes disso. Criou-se um vácuo e um dilema ainda sem respostas: como atrair esses jovens que saíram da tnuá e ainda não constituíram uma família? Como trazer os jovens adultos (como gosto de chamar) para a nossa comunidade? Em busca de sucesso nós repetidamente insistimos em modelos que um dia funcionaram ou então seguimos as famosas tendências para, de um jeito ou de outro, prender algumas dezenas de jovens em nossas redes. Tentamos o sushi, que teve seu sucesso em certo momento, depois veio a fase do open bar. Tentamos as viagens para Israel e, quando Israel se tornou repetitivo, começamos a organizar viagens para outros lugares do mundo. Já teve a época das artes e cinema e hoje a palavra da vez é "empreendedorismo".
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Passamos muito tempo tentando achar soluções criativas para atrais os jovens entre 18 e 35 anos sem sequer termos pensado antes em porque queremos atraí-los. Para mim está claro: estamos perdendo tempo tratando os sintomas e deixando o foco da doença de lado. Passamos muito tempo tentando achar soluções criativas para atrais os jovens entre 18 e 35 anos sem sequer termos pensado antes em porque queremos atraí-los.
Passar anos e anos preparando os jovens para um dia assumirem grandes responsabilidades já faz parte do passado. Nas maiores empresas e organizações do mundo cada vez mais vemos jovens assumindo posições de destaque.
Como jovens atuantes na comunida“Os jovens são o futuro da comunidade” de temos duas opções: ou passamos a é que nós mais ouvimos, não é mesmo? vida toda culpando a liderança da coBom, talvez aí esteja o ponto central do munidade por não dar espaço para os problema. Nós, jovens, deveríamos ser jovens atuarem e estarem em posições o presente da comunidade. de destaque ou lutamos e trabalhamos para mudar o panorama atual.
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SUBORNANDO
D’US Por Rabino Alberto Safra
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D’us aceita suborno! Com os avanços da Operação Lava Jato, revelando esquemas de corrupção gigantescos, cada vez mais, o povo se decepciona com seus líderes. A sociedade está exigindo a moralização do poder no país. E até D’us se deixa subornar? Será que o reino dos céus é uma república de bananas?
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ossos sábios afirmam ser possível subornar D’us. O Midrash conta que o rei David declarou ter preferência em ser julgado diretamente por D’us, porque dessa maneira seria possível livrar-se do castigo através do suborno. Como é possível “corromper” D’us? O que podemos Lhe oferecer? A resposta: Teshuva (arrependimento), Tefila (preces) e Tzedaka (caridade). Segundo esse Midrash, essa chance só existe enquanto estamos sendo julgados nesse mundo. Porém, no julgamento do Olam Habá, o Juiz é incorruptível. Por que esses atos são considerados suborno? Todos eles são grandes méritos capazes de fazer pender a balança no Olam Habá. Por que eles seriam recusados naquele julgamento?
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A propina é necessária quando o réu não é inocente. Se os méritos da pessoa fossem o bastante, ela não precisaria de suborno. Porém, mesmo em quantidade insuficiente para garantir sucesso no Julgamento do Olam Habá, essas Mitzvot têm a força de salvar a pessoa nesse mundo. Para que dois julgamentos? Tendo objetivos distintos, eles possuem critérios diferentes. Após a morte, prestamos contas por tudo o que fizemos durante nossas vidas. O intuito disso é fazer Justiça. Nada que foi feito nesse mundo passa despercebido ou é esquecido. A conta deve bater em todos os mínimos detalhes. Porém, qual o propósito de sermos avaliados todos os anos em Rosh Hashana? A Justiça já será servida no mundo Vindouro. Esses julgamentos servem para o nosso bem. D’us quer nos ajudar a tomar consciência de
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Yalla! 37 nossas falhas e melhorar nosso comportamento. O fato de nos apresentarmos para acompanhar nosso desempenho a cada ano, vem em nosso benefício. Avaliações periódicas nos auxiliam a não nos acomodarmos. Sabemos que a cada ano precisamos apresentar resultados, caso contrário, seremos cobrados. Dessa maneira, teremos mais facilidade ao enfrentar o Julgamento após a morte. O papel de D’us aqui é mais parecido com o de um coach do que o de um juiz. Avaliar o desempenho de seu coachee para incentivar as mudanças necessárias para o seu crescimento.
D’us torce para o nosso sucesso. Ele nos ama e quer o nosso bem. Por isso, um tratamento doloroso para nos fazer evoluir, só será utilizado quando necessário. Nossa “propina” é mudar e começar a trilhar um novo caminho em nossas vidas, sem precisar de um empurrão. Se estamos de olhos abertos, preocupados em consertar as nossas falhas, nos esforçando para crescer, merecemos a chance de melhorar.
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O papel de D’us aqui é mais parecido com o de um coach do que o de um juiz. Nesse sentido, podemos entender o que é o “suborno”. Essas Mitzvot, mesmo quando não são capazes de fazer pender a balança, mostram uma mudança de rumo por parte da pessoa. Com isso, ela pode se safar de sua sentença. Normalmente, o propósito dos castigos é despertar a pessoa a melhorar seus caminhos. A pessoa que, sozinha, já começou a se aperfeiçoar, merece a chance de fazer isso sem pressão.
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UM BREVE ENSAIO SOBRE A EDUCAÇÃO JUDAICA Por Por Alberto Alberto Diwan, Diwan, Diretor-Judaísmo. Diretor-Judaísmo.
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O primeiro passo para sanar uma doença é interpretar os sintomas sofridos e diagnosticá-la de forma correta. Uma vez realizado o diagnóstico, busca-se identificar um tratamento efetivo que combata a enfermidade. Por fim, quando submetemos o paciente ao devido tratamento esperamos uma reação positiva do corpo e a recuperação da saúde.
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ranspondo tal obviedade para o tema do presente artigo, podemos afirmar que sofremos um decréscimo da população judaica mundial, o abandono das tradições, a desfiliação maciça do povo judeu, o enfraquecimento da identidade cultural e religiosa, o afastamento do indivíduo de sua comunidade e o rompimento da continuidade judaica. Todos esses são sintomas da doença que já diagnosticamos há tempos: a assimilação.
Tão famosa quanto a doença é o remédio reiteradamente prescrito por judeus ortodoxos, conservadores, reformistas, sionistas, humanistas, e tantos outros istas que hoje compõem o quebra-cabeça do mundo judaico. “Luta-se contra a assimilação fortalecendo a educação judaica” é um mantra repetido por todos, com razão. Não obstante a correta interpretação dos sintomas e o excelente tratamento recomendado, não nos curamos. Pelo contrário: os índices
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de casamento misto disparam, as sinagogas se esvaziam e as escolas judaicas entram em falência. Por que? Aonde está o erro? Recentemente, tive a oportunidade de participar de um debate sobre o tema com jovens da América Latina. Todos os representantes levantam o mesmo ponto: jovens deixam a comunidade judaica e tem uma relação de indiferença com o judaísmo. Todos também concordam que a educação é e sempre foi o pilar do judaísmo e investir em educação judaica significa erradicar a problemática da assimilação A discussão e a conclusão teria sido a mesma em 1997 e provavelmente será mesma em 2037. Há décadas já diagnosticamos a enfermidade espiritual e reconhecemos o tratamento correto. Urge indagar: por que a assimilação ainda não foi sanada? Por que a educação judaica não está garantindo que nossos netos sejam judeus orgulhosos de seu
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judaísmo? A resposta, ao meu ver, é que nosso medicamento, de fato o mais recomendável nesses casos, está fora do prazo da validade. Peço licença para compor um singelo Viduy, uma confissão de nossas transgressões no tocante à educação judaica. Não atualizamos o propósito. Tempos atrás, um judeu nascia judeu, crescia como judeu e morria como judeu, sem questionar muito tal fato. No século XXI, no entanto, é plenamente possível deixar de trilhar o caminho do judaísmo, e muitos o fazem quando não percebem um significado mais profundo, um propósito pelo qual valha a pena manter uma família judia. A educação judaica deve proporcionar o orgulho de ser judeu e isso não será conquistado apenas obrigando alunos a usarem kipá e vestirem tzitzit. Não somos beneficiados mais pela inércia religiosa, hoje as pessoas refletem, ponderam, pesquisam outros in-
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teresses, buscam informações, questionam e opinam sobre tudo. Mesmo assim, mantemos o foco nos ritos litúrgicos e não ensinamos a tradução das rezas, por exemplo. Focamos nos detalhes minuciosos das regras e rituais, mas nos esquecemos de canalizar energia nos fundamentos mais profundos que constituem as bases da religião. Concedemos especial atenção ao ‘como’, deixando de lado o ‘porquê’. Insistimos em restringir o judaísmo à algo antigo e desconectado da realidade contemporânea. Os judeus e o judaísmo sempre estiveram em consonância com a realidade do mundo e do contexto da época. Maimônides desenvolveu a filosofia judaica em uma sociedade cada vez mais atraída pelas ideias de Aristóteles e Platão. Os rabinos poloneses do século XIX se vestiam conforme a sociedade laica se vestia no mesmo século. Os nigunim chassídicos são praticamente idênticos ao ritmo de músicas populares russas. As melodias árabes, bem como a língua, a gastronomia e a cultura foram incorporadas pelos judeus provenientes da Síria e do Líbano. O nacionalismo das nações europeias serviu como base para o desenvolvimento do sionismo religioso. A educação laica
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Yalla! 41 foi incorporada pelo rabino Hirsch em suas ideias sobre Torá im Derech Eretz em uma época de efervescência acadêmica. A aculturação das comunidades , diga-se de passagem, jamais foi interpretada como assimilação. Rabinos do mundo sefaradí eram médicos, conselheiros, economistas, filósofos. Hoje, no entanto, não é fácil constatar esse diálogo entre judaísmo e contemporaneidade. De fato, raramente associamos nossa herança judaica ao nosso trabalho, nossa universidade, nossa visão de mundo, nossa vida como profissional e cidadão brasileiro. Limitamos a prática judaica à um conjunto de rituais que muitas vezes não compreendemos, e não exteriorizamos os valores judaicos no nosso dia a dia. Idealizamos o passado judaico e não contribuímos com o presente. Nos isolamos e focamos no Olam Habá, esquecendo-se da relevância deste mundo físico e da missão de santificar a materialidade. Como educar jovens que vivem em um mundo globalizado e tem acesso ilimitado à informação à um judaísmo fechado, que não fornece respostas para nossas indagações, que não conversa com a realidade atual, que se prende no passado?
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Nos concentramos em ensinar como os judeus morreram, e não como devem viver. Investimos tempo, energia e dinheiro em explicar e demonstrar como fomos massacrados e perseguidos. Nos vitimamos. Ensinamos que o mundo nos odeia e que não há solução para o antissemitismo. Demos motivos de sobra para chorar por ser judeu, mas fornecemos poucas razões para sorrir. Investimos na cultura do medo, e depois não entendemos porque nos assimilamos. Como educar jovens à um judaísmo que se apresenta como algo negativo, que foca nas perseguições, expulsões, opressões? Quem gostaria de fazer parte desse grupo? Infantilizamos. O professor deve conhecer a realidade dos alunos e os desafios que circundam sua vida, mas isso é impossível quando a experiência de vida do mestre é restrita e limitada. Não é à toa, portanto, que os que obtém mais êxito na educação judaica são justamente os baalei tshuva, aqueles que não eram religiosos e sabem como tornar o judaísmo algo interessante, contemporâneo e relevante, aqueles capazes e preparados para escutar perguntas e fornecer respostas, além de literalmente falar a mesma linguagem do jovem e possibilitar maior
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abertura e identificação. Os jovens anseiam por um judaísmo mais profundo e adulto, em consonância com a vida atual, e por um conteúdo mais sofisticado, por uma sabedoria mais arrojada, apta a responder questionamentos mais complexos! Muitos sabem de cor o que judaísmo proíbe, mas poucos conhecem os alicerces da fé judaica. Transmitimos ideias simplistas, e depois nos queixamos que os jovens veem o judaísmo com preconceito. Como educar jovens a um judaísmo que limita-se a contar parábolas antigas e lições já batidas e superficiais? Relegamos a educação judaica ao segundo plano. Escolas judaicas estão focadas em preparar seus alunos para o vestibular e priorizam matérias laicas. É no mínimo estranho que a preparação para as provas de matemática, ciências e português seja infinitamente mais intensa que os estudos para as provas de matérias judaicas e, não obstante, o índice de reprovação nas primeiras seja superior. É igualmente estranho que a medida que os alunos crescem diminui-se a carga horária de judaísmo, o que contribui para o sintoma de infantilização, e resulta na visão do judaísmo como algo antiquado e que não se aplica aos dias de hoje. Se parássemos de ensinar
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matemática na oitava série, um aluno do terceiro colegial não acharia a matéria superficial e infantil? Como vislumbrar a beleza e a profundidade de um judaísmo que atingiu seu ápice no Bar Mitzvá? Não inovamos. Mantemos as mesmas metodologias, não tentamos ser originais e criativos, não acompanhamos as tendências e não adaptamos a forma de ensinar às novas gerações. Ignoramos novas tecnologias e dinâmicas. Um caso interessante de ser abordado é o ensino do hebraico. Há décadas os alunos saem das escolas judaicas de todo o mundo sem saber se comunicar em hebraico – e ninguém toma nenhuma atitude para mudar isso! É como se houvesse um acordo tácito, em que é proibida qualquer modificação no ensino do idioma sagrado, independente das nefastas consequências. Ora, o hebraico é o portal de entrada para centenas de milhares de textos judaicos, sempre foi o pilar da educação judaica. As escolas têm à sua disposição mais de uma década letiva para ensinar hebraico para seus alunos, mas reiteradamente falham nessa missão. É vergonhoso!
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Yalla! 43 Tornamos a experiencia judaica enfadonha. Como se sabe, a melhor forma de educar é através do exemplo pessoal e das agradáveis vivências judaicas. Mas o shabat, dia de descanso e reflexão, se transforma no “rolê de não poder usar o celular”. Sukot, a festa da alegria, torna-se a chatice de comer em cabanas. Pessach, a festa da liberdade, se converte na escravidão de alimentar kasher le pessach. Shiur, aula interessante sobre judaísmo, passa a ser um complemento necessário do sushi. Israel, o Estado Judeu, é apenas mais uma viagem de férias. Tefilin, a conexão com o divino, representa uma obrigação matutina rápida. E por aí vai...Muitas vezes a própria família com esse fenômeno, na medida que banaliza as festividades, reclama das obrigações religiosas e entristece as experiencias judaicas – e a principal educação judaica vem de casa, uma vez que nossa visão sobre a religião passa pelas lentes daqueles que nos criam.
profundos acerca do nosso povo. Peolot cujo tema é judaísmo quase sempre são associadas com Inquisição ou Holocausto. Ignora-se a filosofia, cultura, religião, liturgia, história, literatura judaicas, olvidando-se da missão de fortalecer a identidade judaica.
Desvirtuamos o papel dos movimentos juvenis judaicos. O que era para ser a consagração de uma educação informal de qualidade se converteu em um mero marco de integração social, sem conteúdo relevante e sem questionamentos mais
Dispensamos a religião. Com exceção das escolas judaicas que seguem a linha ortodoxa, buscase fomentar uma educação judaica alheia às tradições religiosas. Conheci dezenas de jovens judeus ateus e que se identificam com o ‘judaísmo cultural’. Esses mesmos jovens acu-
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Não nos importamos. Preferimos remediar o problema da assimilação com soluções mais imediatas: viagens subsidiadas, jantares baratos, festas open-bar. Não refletimos a longo prazo, pensamos no que pode ser feito para aproximar os jovens de 28 anos do judaísmo, mas não planejamos uma estratégia para evitar que o de 14 necessite ser aproximado no futuro. Não temos tempo para fazer uma análise geral da situação. Há muitas instituições, projetos e iniciativas que visam combater a assimilação e remediar a situação atual aproximando jovens afastados, mas há poucas atitudes paliativas que previnem e evitam a perpetuação da assimilação em gerações futuras.
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sam o judaísmo de ser machista e retrógado e sofrem de uma ignorância colossal em relação aos próprios fundamentos da nossa religião. Aprendem alguns conceitos judaicos até a idade do Bar Mitzvá e, com toda sua autoridade e conhecimento limitado, criticam e desprezam o que pensam ser o judaísmo. Esses mesmos jovens estudaram em uma escola judaica, provavelmente uma que se autodenomina progressista, e foram vítimas de uma educação judaica deficiente e frágil. Como garantir a continuidade judaica se as pessoas são educadas à um judaísmo sem Deus?
na precisamos contratar professores orgulhosos de seu judaísmo e engajados no mundo real, que se destaquem profissionalmente, que defendam os valores judaicos em público, que se integram na sociedade e contribuem positivamente sem se assimilar, portadores de uma identidade judaica forte, religiosa e moderna. Simples assim!
Professores que se identificam com as ideias dos rabinos Hirsch, Soloveitchik, Sacks, Lichtenstein, que defendem a ortodoxia moderna, que tenham tido sucesso profissional aliado a forte experiência religiosa. Que ao menos tenham um diploma Pois bem. Realizado esse panorama de graduação em um curso superior, geral autocrítico, passo a exposição qualquer que seja (é pedir muito?). de três ideias com o intuito de enri- Professores cuja trajetória de vida quecer o debate e ampliar a reflexão inspire seus alunos, que sirvam de no campo escolar. Escrevo como leigo exemplos pessoais e testemunhas rena matéria, e tenho ciência que pro- ais de que é possível viver uma vida ponho algumas utopias, além de ter moderna e, ao mesmo tempo, intenconhecimento restrito sobre o tema. samente judaica. Professores que os alunos se identificam e almejam ser no futuro e não representem um mo1. Novos professores Em primeiro lugar, se queremos for- delo de vida diferente e distante. mar jovens orgulhosos de seu judaísmo e engajados no mundo real, que 2. Novas ferramentas. se destaquem profissionalmente, que Em segundo lugar, precisamos impledefendam os valores judaicos em pú- mentar novas metodologias. A platablico, que se integram na sociedade forma JewishVirtualLibrary reúne e contribuem positivamente sem se centenas de artigos didáticos sobre assimilar, portadores de uma identi- todos os assuntos relacionados ao dade judaica forte, religiosa e moder- judaísmo, a partir de extensa biblio-
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Yalla! 45 grafia e com ferramenta de pesquisa semelhante ao Google. A JewishEncyclopedia, como nome diz, é uma enciclopédia judaica online de magnitude monumental. A Halachichpedia é uma Wikipédia da Lei Judaica, um Shulchan Aruch online e em inglês. A Sefaria (minha favorita) é uma organização sem fins lucrativos dedicada a construir o futuro da aprendizagem judaica de forma aberta e participativa. O site reune uma biblioteca de textos judaicos e suas interconexões, em hebraico e em tradução em inglês, possibilita a elaboração de uma folha própria de pesquisa e conteúdo, apoia inicaitivas pedagógicas e viabiliza outras valiosas ferramentas de aprendizado. O site EliTalks congrega vídeos de palestras de curta duração sobre diversos temas judaicos, proferidas por líderes e rabinos, ao estilo das famosas TedTalks. Para sair do texto e dos vídeos, o site Israelimages é a coleção de imagens mais abrangente sobre Israel, o Judaísmo e a Terra Santa na Internet. Novas imagens são adicionadas constantemente, possiblitando o acesso à fotos antigas e novas.
SHINUI congrega várias iniciativas inovadoras no campo da educação judaica. A organização Jewish Education Innovation Challenge (JEIC) apoia e financia ideias inovadoras de educadores, viabilizando sua implementação e posterior análise e feedback (os EUA já perceberam a importância do tema). E por aí vai, a lista aumenta a cada ano! Por que não utilizar esses recursos e estoque de ideias geniais para aprimorar a qualidade da educação judaica? Por que não aproveitar a tecnologia e deixar a criatividade e originalidade florescerem e abrirem espaço para uma nova forma de ensinar? Por que não incentivar o uso de novas ferramentas e saborear a revolução no campo da informática para inovar (não digo reformar para não ser mal interpretado) o ensino do judaísmo?
3. E se... Em terceiro lugar, o mais divertido, passo ao ‘e se’ e rascunho algumas sugestões mais ousadas. E se promovêssemos uma comunicação interdisciplinar e coordenada entre matéO instituto M² desenvolve e fornece rias laicas e judaicas? E se a matéria treinamento e pesquisa para avan- de história fosse acompanhada de çar no campo da educação judaica história judaica (respondendo, por experiencial e investe no crescimen- exemplo, aonde estavam os judeus e to de seus educadores. A plataforma o judaísmo na Revolução Francesa)?
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E se o ensino da matemática fosse seguido do estudo da Guemará que registra as formulas de geometria recém-estudadas? E se um livro judaico norte-americano complementasse o ensino do idioma inglês? E se aproveitássemos o estudo da literatura para ensinar sobre Singer, Roth, Bellow, Scliar? E se as aulas de filosofia fossem complementadas com o More Nevuchim? E se utilizássemos o Talmud para revisar os ensinamentos ministrados na aula de biologia? E se durante a aula de química dedicássemos um tempo para estudar os cientistas judeus israelenses vencedores do Prêmio Nobel? E se na aula de artes ensinássemos arte judaica?
da escola, um espaço para educação judaica não formal e uma educação judaica experimental? E se concedêssemos aos alunos a oportunidade de escolher o que mais lhe apresa aprender? Se ele pode escolher entre exatas, humanas ou biológicas por que não poderia selecionar entre Talmud, Tanach ou Mussar? E se criássemos um planejamento estratégico de estudo e apresentássemos aos alunos do colegial, de maneira que haveria uma lógica entre um trimestre e outro e o discente pudesse mensurar seu aprendizado, tomar decisões e consagrar-se como um protagonista em sua própria educação?
E se concedêssemos aos alunos a oportunidade de escolher o que mais lhe apresa aprender? Vou além: E se organizássemos dinâmicas mais interativas, como simulação de julgamentos sobre casos polêmicos da Torá ou trouxéssemos dilemas reais atuais para discutir qual seria o veredito judaico da controvérsia? E se déssemos a oportunidade para alunos mais velhos ensinarem judaísmo para os mais jovens, os incentivando a estudar e transmitir as tradições? E se incluíssemos, dentro
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E se integrássemos as escolas judaicas brasileiras e criássemos uma rede ou plataforma online, em que durante certo período todos os alunos de determinada idade aprenderiam um mesmo texto e poderiam interagir uns com os outros e postar seus comentários? E se fizéssemos uma mesma avaliação para todos e depois comparássemos os desempenhos e performance de diversos alunos? E se, indo além, escolas judaicas, movimen-
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Yalla! 47 tos juvenis, Fundo Comunitário, FISESP e outras entidades e reunissem esforços em prol do bem maior? E se designássemos uma reunião mensal para debater como podemos inovar e empreender no campo educacional? E se, ao final do terceiro colegial, a escola tentasse perpetuar o ensino do judaísmo e servisse como intermediadora entre o aluno e sinagogas e outras instituições, tentando identificar oportunidades para jovem continuar sua educação, cada um segundo seu caminho? E se parte do último semestre na escola fosse dedicada ao desafio manter uma vida judaica ativa na universidade? E se fizéssemos uma revisão no currículo, na estrutura, na metodologia, nos objetivos, nos profissionais? E se a experiência em uma escola judaica fosse de tamanho impacto e preciosidade que os ex-alunos sequer cogitassem matricular seus filhos no Bandeirantes?
cífica dessas pessoas, e sim defender um senso crítico em relação ao status quo e à mentalidade por detrás da educação judaica como um todo. É inegável que a complexidade do tema exige reflexões mais profundas e a polêmica que o circunda, aliada aos desafios financeiros e ideológicos, não encoraja mudanças. No entanto, como já dizia o Pirkei Avot, não nos cabe terminar a tarefa, mas nossa obrigação é nos esforçar e tentar. Grande parte do público que lê essa revista pode e deve fazer algo a respeito, não podemos ignorar nosso potencial. Por fim, parafraseando novamente o Pirkei Avot, se não formos por nós, quem será? E se não agora, quando?
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Abro um parêntese, antes de concluir, para admitir que, de fato, é muito mais fácil escrever do que fazer. Há pessoas comprometidas que se dedicam ao tema com fervor admirável, e que merecem aplausos. Pessoas que lidam com os desafios do dia a dia, educadores natos que muitas vezes dedicam sua carreira a esse ideal e têm muito a ensinar. A intenção deste ensaio não foi criticar a atuação espe-
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MITZVOT:
UMA QUESTÃO DE SOBREVIVÊNCIA Por Isaac Cattan
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“Etz Chaim Hi LaMachzikim Bá” (“Ela é uma Árvore de Vida aos que nela se seguram”). A frase presente no Mishlei (Provérbios, 3:18) reflete de forma emblemática a crença do povo judeu nos comandos estabelecidos por seu principal guia: a Torá. Curiosamente, o excerto transcrito não compara a Torá a uma árvore de segurança, de paz ou de sustento. As regras constantes do Livro Sagrado teriam, em verdade, um propósito muito mais amplo do que estes. O cumprimento de cada mitzvá, além de uma manifestação de amor a D’us e aceitação de nossa submissão a Ele, seria em si um meio de proteger e prolongar a vida – de cada judeu, em particular, e do povo judeu como um todo.
tida. Em Bereshit (Gênesis, 1:28), o Homem recebe a ordem divina para se frutificar e multiplicar. Ora, se não fosse o objetivo de todas as mitzvot orientar as pessoas no sentido de se perpetuarem, não faria sentido tornar obrigatória e destacar como primeira mitzvá a tão “natural” reprodução humana. Já na parte final do Pentateuco (Deuteronômio, 7:3), vem a regra específica para cuidar da sobrevivência biológica do povo judeu, qual seja a proibição dos casamentos com gentios. A Kashrut é outra norma que cumpre papel fundamental neste sentido, ao impossibilitar que um judeus compartilhe de uma refeição em que não sejam servidos apenas alimentos preparados conforme as normas judaicas.
Cumprir as mitzvot seria, então, uma questão de sobrevivência. Mas como sustentar esta afirmação, após tantos episódios históricos em que judeus perderam suas vidas justamente por professar os ditames da fé judaica, e tendo em vista a dificuldade de entender o motivo por trás de inúmeros mandamentos? Como veremos a se- Ainda sob a perspectiva guir, a análise finalística de algumas mitzvot, ou da sobrevivência física do de grupos delas, não deixam dúvidas quanto ao povo, não haveria exemplo histórico melhor do que o acerto desta tese. não perecimento dos judeus Iniciando-se o estudo do princípio da narrativa bí- europeus durante a Peste blica, é possível encontrar a primeira, e talvez mais Negra, pandemia de peste evidente, confirmação da proposição aqui discu- bubônica que ceifou deze-
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nas de milhões de vidas na Europa e Por fim, há de se mencionar as leis que proporna Ásia durante o século XIV. Este fato, cionam a sobrevivência política do povo judeu. que custou aos judeus a acusação de Ao fixar as regras aplicáveis aos reis de Israel, o envolvimento com as causas da tragédia, é muitas vezes creditado ao ritual da lavagem das mãos (Netilat Yadaim) antes das refeições e à limpeza das casas antes do Shabat.
Por fim, há de se mencionar as leis que proporcionam a sobrevivência política do povo judeu.
Outro enfoque possível para defender a tese deste artigo é sobre as mitzvot que proporcionam a coesão social e econômica do povo judeu. Entre as primeiras, destaca-se a proibição da “Lashon HaRá”, a maledicência ou “fofoca”, conforme expresso no Livro de Vahikrá (Levítico, 19:16), a qual era punida com lepra na época bíblica. Entre as segundas, estão diversas normas que disciplinam a conduta negocial ou profissional, como a vedação da usura (Levítico 25:37), do atraso no pagamento de salários (Levítico 19:13) e de qualquer indução da contraparte a erro numa transação de compra e venda (Levítico 25:14). Para o caso de estas e outras leis comerciais não serem suficientes para preservar o equilíbrio econômico, a Torá estabeleceu a obrigação de Tzedaká como espécie de “colchão social”, entendida como um ato de justiça interna, o que se confirma pela própria raiz da palavra hebraica.
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Livro de Devarim (Deuteronômio), em seus versículos 16 e 17, determina que um rei não deve adquirir um número excessivo de cavalos, nem acumular quantidade exagerada de ouro. O desvio destes mandamentos por parte do Rei Salomão gerou profundas divisões no seio do povo de Israel. Isto não é algo difícil de se entender no país da Operação Lava-Jato, em que a ganância dos poderosos gerou tensões políticas e sociais que cujas marcas demorarão a ser apagadas. As mitzvot, assim, possuem um incontestável elemento de proteção da vida de cada judeu, e da perpetuação do povo judeu como um todo. Antes que o leitor possa se confundir a respeito o objetivo deste texto, não se tenta aqui sustentar que as mitzvot tenham de ser observadas apenas porque a racionalidade permite atribuir a elas uma função prática de preservação pessoal e comunitária. Pelo contrário. A constatação do poder das mitzvot de fazer sobreviver cada judeu e manter uma nação existente ao longo de milênios a fio apenas reforça seu caráter milagroso e divino e deve alimentar a fé de seus praticantes.
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DOU AO PRESIDENTE DONALD TRUMP O BENEFÍCIO DA DÚVIDA Por Esther Simon Seroussi Souccar
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Contra fatos não há argumentos. Donald Trump, mais novo presidente dos Estados Unidos, tem agido em benefício dos interesses de Israel. Sua filha e segunda herdeira, é judia convertida ao judaísmo já que se casou com Jared Kushner o qual é atual conselheiro do presidente.
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ared Kushner foi uma das mentes por trás do discurso feito pelo atual presidente ao Comitê Judeu-Americano de Relações Públicas, em março de 2016, quando sugeriu mudar a embaixada para Jerusalém. É Kushner, o qual nunca tinha antes ocupado cargo público algum, o encarregado das questões mais sensíveis da agenda política externa do presidente: a paz no Oriente Médio. Trump possui uma relação pacífica com o primeiro ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, o qual declarou após encontro com o presidente ter sido “Um dia de sucesso para o Estado de Israel”. Ademais, não se pode esquecer que é a primeira vez que um presidente americano visita, durante seu mandato, o Muro das Lamentações, transmitindo ao mundo clara mensagem de apoio a Israel. De fato, o presidente dos Estados Unidos reconheceu Jerusalém como capital eterna do povo judeu por mais de 3.000 anos e declara pu-
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blicamente quantas vezes for necessário que reunirá sempre esforços para reafirmar o vínculo inquebrável entre os Estados Unidos e o Estado de Israel. Em outras palavras, Donald Trump demonstra através de ações explícito apoio incondicional ao Estado de Israel e a seus cidadãos. Negar o que é comprovado e factível seria ingenuidade minha, porém a expressão “contra fato não há argumentos” também se aplica às urnas. Reitero que nas eleições para presidência de 2008, 70% dos judeus americanos votaram em Obama, porcentagem alinhada à tendência histórica de apoio a candidatos do Partido Democrata. Já em relação a Donald Trump, o mesmo não pode ser dito.
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Somente uma ínfima minoria dos judeus americanos votaram no candidato dado que 75% votou em Hillary Clinton. Ou seja, as urnas não refletem apoio incondicional dos americanos judeus a Donald Trump. O cenário claramente não é
Realidade, eis uma palavra que não tem sido bem associada por estudiosos a imagem de Trump. Para o líder norte-americano tudo parece ser muito simples. E problemas simples implicam soluções simples. Assim, deportar 11 milhões de imigrantes sem documentação ou forçar o governo chinês a recuar são medidas não só plausíveis como adequadas na cabeça do presidente. Uma visão trumpista tende a
Assim, deportar 11 milhões de imigrantes sem documentação ou forçar o governo chinês a recuar são medidas não só plausíveis como adequadas na cabeça do presidente. o esperado; não é possível observar um alinhamento de posicionamentos ao se pensar no relacionamento entre o presidente e os cidadãos judeus americanos. Em teoria, apoio incondicional ao Estado de Israel e seus interesses deveria ser a causa de apoio incondicional dos cidadãos judeus americanos a Donald Trump. Na prática, se constata que algo impede que a relação causa-consequência seja aplicável a realidade.
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ser maniqueísta, e isso não é indício da formulação do desenvolvimento de políticas reais. Afinal, estamos diante de um problema já que o presidente da mais poderosa nação deve ser capaz de formular políticas reais, aplicáveis. Não cabe a ilusão de viver num mundo onde uma visão simples basta para resolver os mais complexos dos problemas. De fato, a perspectiva de uma criança frente a uma situação não é a mesma de um adulto, que está ciente de suas responsabilidades. É mais fácil ver o mundo pelos olhos da criança, porém nem sempre o que é mais fácil e cômodo é o necessário. Basta ser realista e encarar os fatos como são.
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Yalla! 55 Fazendo jus ao posicionamento acima, encaremos os fatos como são. Uma onda de antissemitismo está assolando os Estados Unidos, onde desde o início do ano vários centros judaicos receberam mais de 100 ameaças de bomba e centenas de túmulos sofreram ataques em cemitérios. Além disso, judeus americanos clamam estar à procura de um “Plano B”; estão assustados com Trump e cada vez mais aumenta o número de judeus americanos clamando cidadania alemã. Tal clamor se embasa no artigo 116, parágrafo 2o da Constituição alemã a qual permite que pessoas que foram despojadas de sua cidadania alemã no período da Segunda Guerra Mundial (19331945) reivindiquem seus passaportes revogados pelos nazistas. Frente a essa realidade devo constatar que é no mínimo curioso o fato de judeus americanos se sentirem mais seguros em território alemão, sendo esse mais um dos motivos da ausência de confiança na figura de Trump.
atual presidente. Fatos comprovam a ascensão do antissemitismo nos Estados Unidos bem como uma insatisfação dos judeus americanos frente ao Trump, já que este não teve votos de uma maioria esmagadora a qual em teoria deveria o apoiar. O presidente americano é um homem que se pauta em posições extremas. O que é curioso é como lidar com alguém tão poderoso que é protagonista de ações que em si mesmas não são preocupantes ou questionáveis, mas que ao final do dia não geram a repercussão que deveriam gerar. Por essa incompatibilidade entre o que é e o que deveria ser, dou ao presidente o benefício da dúvida.
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Uma análise factual trouxe à tona uma falta de sincronia entre expectativa e realidade. Não se pode negar o apoio do presidente ao Estado de Israel. Ainda assim, não é racional o comportamento dos judeus americanos frente ao posicionamento do
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