Intervenção congresso nacional em oleiros

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Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Oleiros – Dr. Fernando Jorge Exmo Senhor Presidente da Naturtejo – Engº Armindo Jacinto Exmo. Senhor Presidente da Entidade Regional de Turismo do Centro – Dr. Pedro Machado Exma Senhora Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro – Dra Ana Abrunhosa Senhores Membros das Associações de Desenvolvimento Local Senhores Representantes dos Municípios Senhores Empresários Senhores membros da Comunicação social Exmos oradores Senhoras e Senhores Antes de da abordagem que pretendo fazer a este congresso, permitam-me pedir-lhes 3 minutos, para prestarmos uma singela homenagem à pessoa que uniu as pontas todas de forma a que hoje tenhamos a Federação Portuguesa de Turismo Rural, e estejamos aqui hoje a discutir o Turismo Rural em Portugal. Luís Galvanito, deixou-nos de uma forma inesperada. Foi um grande entusiasta da promoção do turismo rural, e dedicou os últimos 10 anos da sua vida a esta causa com entusiasmo, trabalho e dedicação. Bem haja LUÍS. A tua memória ficará para sempre ligada à nossa Federação.

Em primeiro lugar quero agradecer a presença de todos neste I CONGRESSO NACIONAL DE TURISMO RURAL, que conta com o alto Patrocínio de Sua Exa o Senhor Presidente da República, o que muito nos orgulha pelo significado que resulta das diversas posições públicas que sua Exa tem assumido em prol da defesa dos territórios do mundo rural e de baixa densidade populacional. I Congresso Nacional – Oleiros, 2014, junho, 20 e 21

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Senhoras e Senhores, À data de 2012, foram identificados pelo INE em Portugal Continental, cerca de 1 000 unidades de TR, incluindo as modalidades Agro-turismo, Casas de Campo, Hotéis Rurais e ainda outros estabelecimentos similares que se encontravam em sistema de reconversão.

No Turismo de Habitação, à mesma data, havia cerca de 200 estabelecimentos e no Alojamento Local (com 10 ou mais camas) cerca de 1 000 estabelecimentos. De salientar que nestas duas modalidades, os estudos não separam as localizações geográficas entre o rural verso urbano, pelo que não podemos inferir de forma direta, a sua inclusão no conceito do Turismo Rural. No caso do Alojamento local, a maioria da oferta dos alojamentos situa-se no litoral, pelo que, existindo alguma oferta no mundo rural, não o podemos incluir nesta análise.

Em termos de camas turísticas, o Turismo Rural apresentava no mesmo ano em Portugal Continental, uma oferta de cerca de 12 500 camas.

O número de dormidas registadas no mesmo ano de 2012 foi de 845 000, correspondendo a uma taxa de ocupação de sensivelmente 18,5%.

Entretanto o número de dormidas no alojamento local foi de 1,5 milhões. Compreende-se pelas razões atrás apontadas.

O setor apresenta uma forte dependência da procura interna, logo muito deslocalizada para uma procura essencialmente de fins-de-semana, pontes, feriados, períodos festivos e de férias. De salientar que os dados estatísticos demonstram que, com exceção dos meses de junho a Setembro, as motivações da viagem, é “Visita a familiares e amigos” e apenas nos considerados meses de verão a motivação “ Laser, Recreio ou Férias” é superado pelo anterior. Esta situação demonstra bem a atenção que devemos dar à emigração e às organizações de emigrantes Portugueses no espalhadas pelo mundo, mas sobretudo na europa. I Congresso Nacional – Oleiros, 2014, junho, 20 e 21

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A actual conjuntura económica que o país vive, conjugado com o aumento do IVA na Restauração, naturalmente que provocou um forte abrandamento da procura interna, que, somando à também natural queda dos preços médios de venda fazem com que o sector esteja a atravessar uma situação difícil com efeitos diretos nas empresas e nos proprietários, mas também com efeitos transversais às economias locais e regionais, provocando mais desemprego e aumentando o índice de abandono dos territórios de baixa densidade populacional, contribuindo para o aumento do abandono das vilas e aldeias, seja para o litoral, seja por via da emigração. xxxxxxxxxxxxxxxxx 2013, foi um ano de excelência para o Turismo Nacional, e Portugal segundo estudos recentes, revela uma grande apetência para o segmento de Gastronomia e Vinhos. Além disso a OMT – Organização Mundial do Turismo, prevê para os próximos anos um crescimento para o Turismo Rural, a um ritmo na ordem dos 6% o ano. As informações disponíveis até ao momento, permitem-nos desde já inferir que o ano corrente será também um excelente ano turístico, em termos globais. Mas, então com um cenário tão optimista, faz algum sentido estarmos aqui hoje a discutir as temáticas do Turismo Rural? Estamos aqui hoje porque se por um lado nos orgulhamos dos números que Portugal tem conquistado em termos de quota de mercado e capacidade de atração de cada vez maiores massas turísticas, estamos preocupados pelo facto de vermos que Portugal desperdiça um grande potencial que tem ao longo dos seus territórios situados no mundo rural, com tanto para dar em termos de experiencias aos turistas que nos visitam e com tanto retorno para oferecer às suas populações que se encontram cada vez mais deprimidas por não verem futuro para as suas jovens gerações. Hoje, é mais facilmente entendido e perceptível, que o Turismo em Ambiente Rural, constitui uma importante complementaridade para os tradicionais segmentos de Sol e Mar, Golf e Touring Cultural e Paisagístico. Portugal detém condições raras que podem proporcionar num único dia diversas experiências a um turista. As modernas e excelentes vias de comunicação permitem hoje a um turista em menos de 2 horas deslocar-se desde um dos 3 principais aeroportos do país para qualquer território do mundo rural e vice-versa. Outras vantagens competitivas I Congresso Nacional – Oleiros, 2014, junho, 20 e 21

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Recursos culturais; Património da UNESCO Cidades históricas e aldeias históricas

Recursos enológicos; Rotas de vinhos DOC (que devem funcionar de forma articulada) Confrarias enófilas (que devem funcionar de forma articulada)

Recursos naturais; Áreas protegidas (Parques naturais) Percursos pedestres Rios e albufeiras com potencial turístico

Recursos gastronómicos; Diversidade gastronómica ao longo do território

Clima favorável; Vantagens para atractividade de faixas turísticas do norte de europa

Arte de bem receber em ambiente familiar Esta será porventura uma das maiores vantagens porque devido à dimensão da maioria dos empreendimentos, os serviços são prestados quase na sua maioria pelos próprios empresários, os quais conferem um fator de entrega e dedicação singular que por si só constitui um fator de diferenciação positiva, que deveremos saber tirar partido.

Principais debilidades do sector Desconhecimento do destino por parte do mercado; Escassa oferta de actividades/experiências (falta de organização do produto); Débil procura doméstica (associado à fraca imagem do TER); Visão de desenvolvimento fragmentada (existência de múltiplas organizações com gestão e visão redutora do desenvolvimento integrado. A organização da FPTR visa contribuir para a melhoria desta fragilidade, apresentando-se como elemento agregador do sector, com uma visão e posicionamento inclusivo por entendermos que o Turismo Rural interessa a todos). I Congresso Nacional – Oleiros, 2014, junho, 20 e 21

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Custos de contexto (Custos de interioridade, menor oferta de RH especializados, menor capacidade para recurso ao outsourcing, custos energéticos, telecomunicações, custos de manutenção)

Temos todos hoje mais e maior consciência de que o Turismo Rural está muito para além do alojamento como outrora se pensava quando se falava de Turismo Rural. O fenómeno do Turismo Rural, surge nas décadas de 60/70, com o inicio da crise ambiental e consequente sensibilização para as questões de natureza ecológica, iniciando-se aí uma procura pelo contacto com a natureza, pelo turismo de paisagem e também como modo de fuga à vida citadina e ao stress que estes provocam nas pessoas. Este fenómeno tem tido um progressivo crescimento, e tenderá a aumentar nos próximos anos segundo a OMT, a um ritmo de 6% ao ano.

O turista que opta pelo Turismo Rural é, regra geral, um turista que tem uma relação forte com a natureza, que aprecia a paisagem, que se interessa pelos usos e costumes, pela gastronomia e vinhos, que aprecia a paz e tranquilidade, e aprecia a autenticidade e genuinidade. Tem havido uma tendência para os casais jovens trazerem os filhos como forma de lhes mostrar realidades que as crianças desconhecem, dando-lhes alguma convivência com a terra e com o mundo rural e tudo o que este representa em termos do contacto, nomeadamente com alguns dos produtos que diariamente as famílias colocam nas mesas. Então, a criança pode ver ao vivo as galinhas, os patos, os perus, as vitelas e as ovelhas, as couves e as alfaces a crescerem nos campos. É uma realidade que na maioria das vezes é desconhecida para as crianças e que pode marcar uma nova etapa na sua vida. O turismo rural deve ser enriquecido pelas experiencias que pode proporcionar ao turista. Essas experiências serão mais ricas e diversas quanto maior for a capacidade de colocarmos o turista a interagir com o meio, dando-lhe a conhecer os usos e costumes, a cultura a gastronomia, a arte e a história. Para tal, é necessário pensar-se o turismo de uma forma diferente e articulada entre os vários agentes e entidades.

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Temos plena consciência da vital importância da articulação de políticas de desenvolvimento integrado e sustentado, através de uma intervenção conjunta dos vários ministérios que intervêm nos territórios:

Ministério da agricultura; Ministério do ambiente; Ministério da economia.

O Turismo em Ambiente Rural pode e deve ser a alavanca para o desenvolvimento sustentado dos territórios rurais, qualificando os seus recursos, agrupando os produtos endógenos potenciando a sua promoção e venda, através duma visão global do território e de uma visão integrada das regiões. É nossa firme convicção, de que é necessário pensar o produto turístico em ambiente rural de uma forma estruturada, abrangente e participativa. Propostas 1 – Organização Entendemos como essencial a criação de uma equipa multidisciplinar articulada entre o Turismo de Portugal, FPTR, DGADR, INE e ICNF, no sentido de estudar e definir um plano de desenvolvimento da Oferta Turística em Ambiente Rural de forma integrada ao nível das regiões, das submarcas e das diversas organizações representativas, no âmbito dos produtos prioritários, alojamentos, rotas dos vinhos, dos azeites, do mel, do linho, do ouro, do queijo, do românico, etc.

Propomos uma melhor adequação no que respeita aos estudos do sector, diferenciando-se/separando-se o Turismo de Habitação e Alojamento Local entre URBANO E O RURAL, de forma a que os estudos estatísticos reflictam claramente as duas situações, e estes reflictam realidades concretas para que a partir das estatísticas se possam projectar as estratégias de organização e venda.

Desenvolvimento de políticas de valorização do produto turístico, através de formação dos vários agentes, baseado em padrões de qualidade, desenvolvimento de sistemas I Congresso Nacional – Oleiros, 2014, junho, 20 e 21

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de gestão de qualidade através de selos de garantia, políticas de marketing e promoção, partindo dos territórios e das suas valências, da agregação e valorização dos produtos.

Entendemos que é necessário um entendimento global, onde todas as forças têm lugar, sejam entidades publicas sejam entidades privadas. Os territórios devem ser repensados de forma estruturada, e entendemos que as CIMs têm um papel fundamental a desempenhar no sentido de que sejam criados eventos âncora de forma ordenada com potencial de atractividade. Existem em Portugal boas práticas que indicam ser possível criar factores de motivação atractivos com capacidade mobilizadora. Os Portugueses têm uma tendência nata para copiar os projectos de sucesso, e o que acontece é que muitas vezes andamos a duplicar eventos em simultâneo. É preciso ser-se mais criativo e encarar o evento da nossa vizinhança como um potencial para divulgar e promover o nosso micro destino, o nosso território e o nosso próprio produto. Temos de privilegiar mais as parcerias, olhar para as vantagens em trabalhar em grupo e em rede e entender que sozinhos somos muito pequenos, e que as complementaridades são fundamentais para a rentabilização dos negócios. 2 – Marca / comunicação Desenhar uma marca que identifique a ruralidade e as experiencias únicas resultantes das vivências ancestrais de Portugal, com destaque para a sua diversidade territorial, e para as diversas organizações representativas, com capacidade para se afirmar no panorama nacional mas sobretudo nos mercados externos, potenciando a sua venda. Potenciar os negócios online através de ferramentas atractivas e com capacidade de penetração nos mercados potencialmente emissores, agregando todos os sistemas, e, credibilizando o produto.

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Neste contexto, entendemos que é necessário alocar verbas específicas para a promoção e venda da submarca “Portugal Rural”, e que é necessário criar uma nova consciência colectiva da utilização com rigor e razoabilidade dos dinheiros públicos. Entramos numa nova era e é necessário transversalizar o nosso conceito da promoção turística, gerando novos factores de desenvolvimento, não só para a sustentabilidade do Mundo Rural e dos territórios de baixa densidade populacional, como para a consolidação dos nossos segmentos que tradicionalmente tem constituído fator de aposta Nacional, como é o caso do Sol e Mar, Golf e Touring Cultural.

3 – Distribuição e venda Identificar os principais canais de distribuição e venda do produto conquistando quota de mercado, apontando para objectivos de crescimento sobretudo nos mercados externos,

favorecendo

as

visitas

educacionais

para

Operadores

Turísticos,

Comunicação Social, “Opinion Makers”, Associações profissionais, etc. Neste particular, vemos importante a criação de um evento internacional para projetar o benchmarking. Entendemos que é fundamental o trabalho em rede, de forma a potenciar a promoção e venda do produto, sendo para o efeito fundamental a adoção de políticas que facilitem alterações de paradigmas e alterem o panorama do Turismo em Ambiente Rural em Portugal. Pese embora os constrangimentos de vária ordem já mencionados, e por conseguinte a sua dificuldade de afirmação, podemos dizer que temos hoje uma oferta de turismo rural moderna, atrativa, e que muito pode contribuir para aumentar a cadeia de valor para além do Sol e Praia do Algarve, do City Break de Lisboa, da Natureza e Turismo Sénior da Madeira, do Religioso de Fátima, do Touring e Gastronomia do Porto e Douro. Por último, entendemos que há uma premente necessidade de ser garantida notoriedade ao TR (através da sua inclusão no PENT – Plano Estratégico Nacional do Turismo e no PENDR – Plano Estratégico Nacional de Desenvolvimento Rural), e que deve ter assento em todos os organismos de coordenação do sector, sejam de génese I Congresso Nacional – Oleiros, 2014, junho, 20 e 21

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privada Confederação do Turismo Português (CTP), ou pública (Concertação e Contratualização da Promoção Turística (CEPT), e Entidades Regionais de Turismo, (ERT’s). Desejo que este congresso atinja todos os objectivos e uma boa sessão de trabalho para todos.

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