Fab Educação - by We Fab

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Fab Educação ≥ We Fab 2014


Heloisa Neves Juliana Ragusa

Fab Educação We Fab 2014 contactme@ heloisaneves.com


We Fab e seu ecossistema: We Fab é uma “do tank” que tem como base a metodologia do “hands on”. Nosso trabalho é desenvolver estratégias baseadas nas práticas “makers”, colaborativas, abertas e ágeis, e implementá-las em diferentes áreas (empresas, escolas, instituições culturais e de inovação, dentre outras). Trabalhamos em parceria com o Garagem Fab Lab. Atualmente, possuimos três linhas de trabalho:

— Quem Somos

— Índice

— Fab Educação

Heloisa Neves ≥ Criadora do We Fab: Graduada pelo Fab Academy em Barcelona, colaborou com o Fab Lab Sevilla e, desde então, trabalha no universo maker; auxiliando na implementação da rede e de alguns laboratórios no Brasil, e atuando como conectora entre o movimento nacional e internacional. É Diretora Executiva do Fab Lab Brasil e criadora do Web Fab, que desenvolve estratégias baseadas nos processos “maker”, uma parceira do Garagem Fab Lab. Autora do livro “Fab Lab: A Vanguarda da Nova Revolução Industrial” com Fabien Eychenne e doutoranda em Design pela FAU-USP.

Cap. #◊1 Introdução pg 12 ≥ pg 23

› Contextualização do universo Maker e da rede Fab Lab

Cap. #◊2 Conceito Geral pg 24 ≥ pg 43

› Alinhamento Metodológico; › Impacto na Educação; › O Design como processo norteador;

Cap. #◊3 Etapas de Implementação: pg 44 ≥ pg 69

› Estratégia ›› Plano de Ação ›› Definição do modelo e adequação aos conceitos da rede ›› Programa de atividades Inicial ›› Definição da equipe

Juliana Ragusa ≥ Consultora do programa Fab Educação: Mestre em LAEL pela PUC-SP onde estudou formação de professores com foco em Linguagem, Educação e Tecnologia. Especialista em Psicopedagogia pela PUC-SP e licenciada em Letras pela UNISO-SP, atua 2. Maker Innovation: estratégia maker aplicada ao processo de inovação aberta, colabo- como professora de língua inglesa e coordenadora pedagógica há 20 anos e possui rativa e ágil. experiência como Psicopedagoga clínica. Atualmente é docente de Língua Inglesa no 3. On Demand: programas especiais, Colégio Rio Branco-GV e consultora no projesob demanda, que envolvam implemento Fab Educação da We Fab. tação de uma cultura maker em diferentes ambientes, atividades especiais, busca de soluções, workshops especiais.

› Ambiente ›› Espaço físico ›› Máquinas, ferramentas e consumíveis

1. Fab Educação: estratégia Fab Lab aplicada à educação, projeto em sintonia com o programa Fab Education, realizado pela rede internacional Fab Lab.

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› Capacitação & Acompanhamento ›› Capacitação ›› Execução de programa de atividades ›› Medição de resultados ›› Ações “Refresh” Cap. #◊4 Nossas Referências pg 58 ≥ pg 7◊

› Livros e Material Online › Projetos que nos inspiram e alguns resultados

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— Prefácio

Vivenciando e trabalhando há alguns anos com o universo Fab Lab, sempre senti que o tema educação é um dos braços mais fortes desta rede. Presenciei e ajudei a construir workshops para crianças e adolescentes em alguns laboratórios e o que percebi em todos eles é que as crianças adoram estar ali. Partindo deste resultado real, fiquei pensando no porquê delas gostarem tanto. Acredito que a mágica esteja no “fazer” descomplicado. Aqui não há teorias, e construir robôs ou imprimir objetos é algo que acontece naturalmente, sem que elas entendam perfeitamente como o mecanismo irá funcionar; é uma eterna experimentação. Mas, o mais interessante, ao

final, é que elas aprendem, e muito. Elas saem explicando aos pais como as impressoras 3D funcionam, como acionar um LED através de uma bateria, como chegaram à conclusão de que precisariam refazer o desenho do robô para que ele atendesse aos seus objetivos. Esta vem sendo uma experiência realmente fantástica, porque caminha contrariamente à afirmativa de que crianças e adolescentes não se interessam mais por quase nada hoje em dia. Estas experiências me animaram a criar um programa aqui no Brasil, mesclando o universo maker com o universo educacional.

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— Fab Educação

Com a ajuda de algumas pessoas, especialmente a Juliana Ragusa (atual consultora do programa Fab Educação), do Eduardo Lopes (um dos criadores do Garagem Fab Lab), da Claudia Fraga e Juliana Henno, realizamos alguns workshops exploratórios, direcionados a crianças e adolescentes, os quais foram realizados no Garagem Fab Lab em São Paulo. O objetivo era mostrar a eles o universo da fabricação digital e como este poderia trazer um novo jeito de “fabricar” ideias de maneira mais divertida e mão na massa.

Estes workshops foram um sucesso e realmente sentimos que tanto as crianças como os pais se envolveram muito e se apropriaram totalmente do ambiente e dos projetos.≥

— Vídeo realizado com participantes dos workshops realizados no Garagem Fab Lab.

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— Prefácio Paralelo a isto, um movimento internacional chamado “Fab Ed”, criado pela Fab Foundation teve início, deixando clara a vontade da rede internacional de Fab Labs em colaborar com a educação de maneira geral. Este cenário nos inspirou sobremaneira e nos fez ver que podíamos dar um passo adiante e transformar nossos workshops informais em um programa mais amplo.

O Fab Educação está atento às práticas internacionais e ao fato de que uma plataforma como o Fab Lab pode beneficiar o universo educacional, e da mesma maneira está ciente de que a conexão desses atores depende de um alinhamento metodológico e da criação de estratégias educacionais coerentes.

Aqui no Brasil, algumas pessoas ligadas à área educacional começaram a nos visitar e per— guntar se teríamos um programa para deO Fab Educação em poucas palavras: senvolvermos em conjunto. Neste momento, sentimos vontade de criar algo que interligasse estas duas pontas, ou seja, que envolvesse a semente dos workshops informais realizados no início, mas trazendo algo mais amplo e adequado às realidades das escolas, museus e centros culturais brasileiros. Foi aí que surgiu o Fab Educação, um programa em sintonia com a Fab Foundation e sua área educacional e também com a rede de mais de 300 laboratórios Fab Labs, os quais foram iniciados pelo Center for Bits and Atoms do MIT (Massachusetts Institute of Technology).

— Fab Educação 1. O que:

3. Como:

› A implantação ou possibilidade de uso de ambientes do tipo Fab Lab e de uma metodologia que estimule em aprendizes e educadores a vontade de criar, inovar, ultrapassar os limites e conquistar autonomia.

› Através de uma conversa inicial com a equipe da instituição, detectamos as necessidades e realizamos um plano de ação, o qual pode envolver desde atividades isoladas com estudantes, usuários em geral e professores, envolvimento de alunos em Fab Lab existentes, até a implantação de um ambiente do tipo Fab Lab dentro da instituição seguido de uma metodologia de uso e gestão.

› O desenvolvimento de estratégias que promovam a reflexão crítica, autonomia, criatividade, empreendedorismo, aprendizagem colaborativa, a solução de problemas e a transformação de realidades locais; › A formação de professores para atenderem as demandas dos novos paradigmas atuais; › O compartilhamento de experiências e práticas educacionais com a rede Fab Lab; 2. Onde: › Escolas › Centros culturais › Museus › Bibliotecas › E onde mais sua criatividade chegar!

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4. Como uma escola conecta seu curriculum com o projeto Fab Educação? › A equipe Fab Educação juntamente com a equipe da instituição faz um estudo de como a metodologia Fab Educação pode começar a fazer parte gradualmente do currículo já estabelecido; › O Fab Educação é implementado como disciplina eletiva ou atividade extra; › Os dois itens são implementados de maneira complementar.≥

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— Prefácio 5. Como o projeto é implementado? Temos três etapas de implementação, as quais serão realizadas parcialmente ou integralmente dependendo do plano de ação.

Estratégia Será definido o plano de ação contendo todas as etapas e atividades do projeto, baseados na confluência entre os princípios da rede Fab Lab, as práticas makers, bem como a realidade da comunidade e da instituição. O objetivo neste momento é criar sinergia com a metodologia e aspirações da instituição através do conceito Fab Lab e o universo maker. A partir destas informações, também será definida a equipe (número de pessoas, perfis e atividades a serem realizadas).

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— Fab Educação

Ambiente Esta etapa refere-se a implantação física do espaço, caso o projeto o contemple. Aqui planejaremos a aquisição de máquinas e demais bens necessários para a ambientação de um espaço do tipo Fab Lab. Um layout de espaço é criado e um inventário de máquinas, ferramentas e consumíveis também é realizado, a fim de nortear o trabalho de compra. O processo de instalação das máquinas e demais acessórios “in loco” também acontece nesta etapa.

Capacitação, Realização de Atividades e Acompanhamento Esta é uma das etapas mais importantes pois aqui ocorrerá a capacitação da equipe executora e a realização do que foi planejado. Muito importante nesta fase é a capacitação da equipe, a qual facilitará o desenvolvimento pedagógico. Esta etapa pode consistir em visitas guiadas por outros Fab Labs, cursos mais técnicos direcionados aos Fab Managers e Gurus e cursos mais focados na metodologia educacional Fab Educação, dirigidos aos Mentores (como são chamados os professores). Também podemos atuar mais ativamente, executando atividades com os gestores do projeto. Também nesta etapa consta a análise periódica do projeto em andamento, medição de resultados e aplicação de estratégias “refresh”, a fim de aprimorar quaisquer processos atípicos;∏

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Cap. #01 ≥ Introdução


Cap. #◊1

— Introdução

— Fab Educação ços compartilhados que os maker spaces, hacker spaces e Fab Labs se encaixam. Ainda falando sobre estes diferentes ambientes pode surgir a dúvida: o que eles possuem em comum, e no que eles se diferem? Vamos então explicar brevemente.

◊1.◊1 > Contextualização do universo Maker e da rede Fab Lab. Definimos o universo Maker em poucas palavras, com base no que diz a própria comunidade da Wikipedia, esta importante ferramenta colaborativa diz: “Uma cultura que enfatiza o aprender pelo fazer através de um ambiente colaborativo.”

O movimento maker traz no seu cerne o conceito de ser informal, em rede, gerando conhecimento por pares e por compartilhamento, motivado pela diversão e autorrealização. É uma cultura que encoraja novas aplicações da tecnologia e a exploração das intersecções entre o pensar e o fazer, o material e o imaterial, o real e virtual. Um ponto também característico é a mediação da interação com a comunidade e a troca de conhecimento através de tecnologias de rede, como websites, mídias

sociais e repositórios de documento. Algo parecido sempre existiu, o DIY (do it yourself - faça você mesmo). Movimento amplamente conhecido e existente em quase todo o mundo, onde as pessoas fabricam seus próprios objetos por hobby, necessidade ou prazer. A diferença marcante entre estes dois movimentos é que o DIY não necessariamente imprime uma cultura de compartilhamento online, que é característica do movimento maker. No entanto, não é somente a troca online que faz este movimento. Encontros presenciais da comunidade em espaços compartilhados estão também no seu DNA e talvez seja um dos fatores de seu sucesso. O que caracteriza este “espaço do fazer”, é o que ele possibilita: todas as pessoas que participam dele devem sentir-se capazes e ter a oportunidade de produzir e aprender algo novo. E são nestes espa-

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de princípios chamada Fab Charter. É aberto a qualquer público e possui diferentes modelos. Para maiores detalhes, ver o livro “Fab Lab: A Vanguarda da Nova Revolução Industrial” - autores: Fabien Eychenne e Heloisa Neves.

Maker Space: Todo Fab Lab é um maker Maker é o nome geral do movimento. Den- space, mas nem todo maker space é tro dele estão os Fab Labs, Maker spaces e um Fab Lab. Ou seja, maker space é um Hacker spaces. Todos eles seguem o conlugar onde se fabricam objetos (geralceito de "do it yourself" e do “hands-on”, mente de forma digital, mas nem semmas cada um possui uma organização física pre). Ali, o objetivo é que os usuários e administrativa própria, assim públicos um utilizem coletivamente máquinas e ferpouco diferentes. ramentas para a produção de objetos.≥ Fab Lab: Tem como base o empoderamento do indivíduo e da comunidade local apoiado por uma realidade global, que é a rede internacional. O objetivo deste laboratório é ser um ponto de encontro e conexão de ideias, as quais são materializadas através da fabricação digital, eletrônica e programação. Possui um kit de máquinas standard para que projetos e processos realizados num laboratório brasileiro, por exemplo, possam ser passíveis de produção em um outro Fab Lab no Japão. Além disto, seguimos uma carta

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Cap. #◊1

— Introdução

Hacker Space: São clubes formados por pessoas apaixonadas pela eletrônica e programação. Funciona como um laboratório comunitário, seguindo a Ética Hacker (valores morais e filosóficos na comunidade hacker). O objetivo é que pessoas de diversas áreas podem trocar conhecimento e experiência para construir algo juntos.

A rede Fab Lab foi criada através de um programa educacional do Center for Bits and Atoms (CBA) do MIT – Massachusetts Institute of Technology – e cada um dos labs existentes no mundo se caracteriza como uma plataforma de prototipagem de ideias visando a inovação e invenção, proporcionando estímulo ao empreendedorismo local. É também uma plataforma para a aprendizagem: um lugar para jogar, criar, aprender, orientar e inventar.≥

Detalhando mais a fundo os Fab Labs, podemos dizer que estes ambiente são espaços de experimentação com infinitas possibilidades de aprendizado e que permitem ao usuário fabricar objetos e protótipos de forma rápida, barata e totalmente experimental, contribuindo com a possibilidade de novos processos de produção e outras maneiras de aprender. Os fabbers (como chamamos as pessoas que fazem parte desta rede) acreditam que se você pode imaginar, você é capaz de fazer alguma coisa para interagir com o mundo ao seu redor. São entusiastas que brincam com tecnologia para aprender sobre ela.

— Fab Educação

Compartilhar e concretizar os projetos

Aprendizagem e de formação

Responder a um problema local

Fabricar “quase qualquer coisa”

— Diagrama: Laura Pandelle Plataforma de inovação social, digital e econômica

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Comunidade de pesquisa e habilidades

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Tradução: Heloisa Neves


Cap. #◊1

— Introdução

— Fab Educação agrupa um conjunto de máquinas por comando numérico, com custo relativamente baixo, seguindo um padrão “standard”. São exemplos: uma máquina de corte a laser capaz de produzir estruturas 2D e 3D, uma máquina de corte de vinil que fabrica antenas e circuitos flexíveis, uma fresadora de alta resolução para fabricar circuitos impressos e

Ser um Fab Lab significa estar conectado com uma comunidade mundial de empreendedores, alunos, educadores, técnicos, pesquisadores, fabricantes e inovadores – uma rede de compartilhamento de conhecimento que se estende por 30 países e quase 300 laboratórios.

Esta conexão em rede é realmente uma das características mais marcantes deste movimento e a que nos permite extrapolar o conceito de DIY (do it yourself-faça você mesmo) e atingir o DIWO (do it with others-faça com os outros) No tocante ao ferramental, um Fab Lab

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moldes, uma outra fresadora de maior porte para criar peças grandes. Há também componentes eletrônicos múltiplos, bem como ferramentas de programação associadas a microcontroladores abertos, de baixo custo e eficientes. Estes dispositivos são controlados por meio de um software comum de concepção e fabricação assistida por computador.≥

— Cortadora a Laser

— Cortadora de Vinil

— Impressora 3D

— Fresadora

— Eletrônicos

— Computadores

— Softwares

— Video-Conferiencias

— Materiais

— Livros

— Mobiliário

— Ferramentas

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— Iconografia: Laura Pandelle


Cap. #◊1

Fab Manager

Guru

Comunidade

— Iconografia: Laura Pandelle

— Introdução Apesar das máquinas de comando numérico serem uma grande atração nos Fab Labs, a característica principal deste laboratório é sua “abertura”. Os Fab Labs se inscrevem no movimento do “terceiro lugar”, conceito do sociólogo Ray Oldenburg (1989) e nos mecanismos de trabalho colaborativo da internet e em particular, da web 2.0. Estes mecanismos de troca, como peer-to-peer (par a par), colaboração, cooperação, interdisciplinaridade, compartilhamento, aprendizagem através da prática, “do it yourself”, bem como práticas inovadoras ascendentes e comunitárias são favorecidos e encorajados. Esta abertura, chave do sucesso e da popularidade dos Fab Labs, facilita os encontros, o acaso e o desenvolvimento de métodos inovadores para o cruzamento de competências. Ainda, por ser aberto e acessível, favorece a redução de barreiras à inovação e à constituição de um terreno fértil para a inovação.

— Fab Educação E para finalizar esta visão geral, não podemos deixar de citar a Fab Charter, carta de princípios que nos orienta e que, quando respeitada, nos permite utilizar o nome de Fab Lab ≥

Outro ponto de grande importância num Fab Lab são as pessoas que ali trabalham e dele participam, afinal, entendemos que são elas que darão vida e personalidade ao espaço, fazendo com que suas ideias sejam materializadas por meio dos processos de fabricação digital. É por isto que os Fab Labs, apesar de se apoiarem em princípios comuns, possuem características muito pessoais que tornam cada espaço realmente único. Se formos citar os perfis existentes em um destes laboratórios, encontraríamos um Fab Manager, Gurus e uma comunidade atuante. No caso do Fab Educação ainda existe a figura do Mentor, que seria o professor. Mas, voltaremos a este ponto específico mais adiante.

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Cap. #◊1

— Introdução

— Fab Educação

A Fab Charter O que é um Fab Lab? Fab Labs são uma rede global de laboratórios locais permitindo a invenção e fornecendo acesso a ferramentas de fabricação digital. O que contém um Fab Lab? Fab Labs compartilham um inventário de máquinas e componentes em evolução que auxiliam na capacidade básica de fazer (quase) qualquer coisa, permitindo também o compartilhamento de projetos desenvolvidos ali pelas pessoas. O que fornece a rede Fab Lab? Assistência operacional, educacional, técnica, financeira e logística, além do que está disponível dentro dos laboratório. Quem pode usar um Fab Lab? Fab Labs estão disponíveis como um recurso da comunidade, oferecendo acesso livre para os indivíduos, bem como o acesso programado para programas específicos.

Quais são as suas responsabilidades? › Segurança: não ferir as pessoas ou danar as máquinas; › Operações: ajudar com a limpeza, manutenção e melhoria do laboratório; › Conhecimento: contribuir para a documentação e instrução. Quem é o dono das invenções realizadas dentro do Fab Lab? Projetos e processos desenvolvidos no Fab Lab podem ser protegidos e vendidos. O inventor escolhe a maneira como seu projeto será realizado, porém, a documentação do projeto contendo os processos e as técnicas envolvidas deve permanecer disponível para que os outros usuários possam aprender com ela. Como as empresas podem utilizar Fab Labs? As atividades comerciais podem ser prototipadas e incubadas em um Fab Lab, mas não devem entrar em

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— Adaptação da Fab Charter para o português: Heloisa Neves.

rativas e transdisciplinares; › Responder aos problemas e questões locais, em particular nos países em desenvolvimento, se apoiando na rede internacional; › Valorizar e colocar em prática a inovação ascendente; › Ajudar a incubar empresas para facilitação de processos.

A partir deste contexto geral e dos princípios acima expostos na Fab Charter, pode-se dizer que os Fab Labs devem responder às seguintes questões:

Mais sobre a rede Fab Lab: fablabs.io fabfoundation.org fablabbrasil.org ∏

conflito com outros usos. Elas devem crescer além do laboratório e beneficiar os inventores, os próprios laboratórios que lhes deram suporte e as redes que contribuíram para o seu sucesso.

› Ser vetor de empoderamento, de implementação de capacidade, ser um organismo ativo; › Ser voltado à aprendizagem prática da tecnologia (o fazer) para a criação de protótipos, permitindo espaço para o erro de forma incremental, e no privilégio das abordagens colabo-

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Cap. #02 ≼ Conceito Geral


Cap. #◊2

— Conceito Geral

— Fab Educação

◊2.◊1 > Alinhamento metodológico Seguindo uma metodologia alinhada com os valores de uma educação para o século 21, o Fab Educação tem como objetivo atender aos desafios do universo educacional por meio da implantação e/ou do uso de ambientes do tipo Fab Lab e de uma abordagem que pretenda estimular no aluno a vontade de criar, inovar e ultrapassar limites. A metodologia do Fab Educação está fundamentada no “aprender fazendo” e na “resolução de problemas”, através de um ambiente flexível e colaborativo que envolve e encanta seus usuários, permitindo que aprendizagens aconteçam sem que o processo seja tedioso.

problemas e necessidades em seu ambiente privado ou em sua comunidade. Por parte das instituições que adotam o programa, é uma oportunidade de concretizar ideais contemporâneos da educação, oferecendo aos usuários a possibilidade de experienciar o aprender fazendo, bem como a proposta reflexiva de Donald Schon. (1983), Paulo Freire (2002), Zeichner (1993), Vygotsky (1989), entre outros. Em termos práticos, o infográfico preparado pelo Instituto Porvir com algumas informações do Fab Lab Brasil ilustra como poderiam ser delineadas as estratégias e práticas do movimento Maker dentro do ambiente educacional: ≥

O foco é ajudar os alunos através do acompanhamento de seus interesses, fornecendo a oportunidade de desenvolvimento da própria capacidade de fabricar coisas de modo intuitivo, a fim de que resolvam os

— Fotografia original: Rogério Cassimiro ÉPOCA

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Cap. #◊2

— Conceito Geral

— Fab Educação

— Infográfico realizado pelo Porvir para a reportagem; “Movimento do Faça Você Mesmo chega à escola”. Mais

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Cap. #◊2

— Conceito Geral

Os objetivos acima expostos se efetivam através da natureza interdisciplinar do “fazer”, fornecendo uma oportunidade para que os usuários se entendam como pequenos “fabbers” e utilizem esta experiência para não somente aprender, mas também compartilhar o que aprenderam, sentindo-se empoderados a empreender muitos outros projetos também fora deste ambiente.

necessário também trazer os educadores para este espaço, convidando-os para o “efeito escola de samba” de Seymour Papert (Teaching Children Thinking, 1975), uma comunidade na qual aprender, brincar e trabalhar estão intimamente tecendo uma experiência sócio-cultural mais rica, onde a aprendizagem é contínua, coerente e possui um propósito comum.

Além do mais, pelo ambiente ser de colaboração, os fabbers se apropriam do espaço como algo divertido e significativo e não porque precisam aprender para realizar uma competição, prova ou exame. O objetivo final, neste caso, não é ser o melhor, mas ser criativo, inovador e colaborar para que os outros usuários também o sejam. A criatividade, uma das habilidades mais valorizadas atualmente, está fortemente ligada à habilidade de fabricar coisas, sejam físicas ou virtuais. Engendrar a criatividade requer a superação dos limites entre disciplinas e ambientes formais e informais de aprendizagem, bem como entre a própria barreira entre quem ensina e quem aprende. Desse modo, faz-se

Em um Fab Lab, todos (estudantes, professores e demais usuários) passam a ser fabbers e são convidados a criar e produzir juntos. Deste modo, a mediação do conhecimento, que não possui mais uma direção definida, deve também ser reconstruída de maneira coerente. A mediação é, portanto, um aspecto-chave no Fab Lab e deve ser realizada de maneira horizontal entre os próprios Fabbers, Mentores, Gurus ou até mesmo pelo suporte mundial da rede, assim como pelo manejo do ferramental. Haja vista, a relação tradicional entre o professor (que possui o conhecimento) e o aluno (que irá recebê-lo) também não existe. O mentor é um interlocutor dos objetivos da aprendizagem e um mediador do processo de construção do conhecimento que se dá por meio das in-

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— Fab Educação terações. O aluno é parte de um contexto social e deve ter iniciativa para questionar, descobrir e compreender o mundo a partir das trocas e interações com os demais. Os fabbers são instigados a buscar e unir conhecimentos, sendo capazes de interagir com os objetos e modificá-los construindo assim seu conhecimento. O processo de aprendizado construído por esta mediação também se encontra amparado pelo processo criativo e imaginativo. Mitchel Resnick em seu artigo “All I Really Need to Know About Creative Thinking I Learned By Studying How Children Learn” de 2007, defende que ambientes e processos de aprendizagem como os que são aplicados às crianças no jardim de infância, baseados na espiral “imaginar, criar, jogar, compartilhar, refletir e voltar a imaginar”, vão de encontro com as necessidades do século 21 e deveriam ser também utilizados em todas as fases da educação. Para que este mesmo pensamento seja aplicado a diferentes idades é necessário que as ferramentas e materiais de apoio sejam aprofundados de maneira a complexificar o processo. É aqui, segundo o pesquisador, o lugar

Compartilhar

Brincar Imaginar

Imaginar

Criar

— Modelo espiral de aprendizagem do tipo jardim de infância, por Mitchel Resnick no artigo All I Really Need to Know About Creative Thinking I Learned By Studying How Children Learn, 2007

onde as tecnologias digitais podem desempenhar um papel transformador na educação. Devidamente projetadas e suportadas podem alargar a abordagem “jardim de infância”, para que os alunos de todas as idades continuem a aprender, através de um desenvolvimento baseado na criatividade. ≥

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Cap. #◊2

— Conceito Geral

Este tipo de abordagem já é prática comum nos Fab Labs e o Fab Educação a incorpora, a fim de ajudar os alunos a desenvolverem as habilidades de pensamento criativo, fundamentais para o sucesso e satisfação pessoal na sociedade atual.

a reflexão crítica e as novas aplicações que cada criação pode ter para a realidade social de cada participante, bem como as possibilidades de desenvolvimento dos projetos e recriação.

Existem muitas maneiras de se construir este processo e alguns pontos não podem ser perdidos de vista:

Por fim, e voltando ao que foi dito no começo deste capítulo, a mais importante transformação proposta pelo Fab Educação é o aprender pelo fazer, o hands on (mão na massa), o problema solucionado pela fabricação da ideia. Este é o princípio que norteou a criação dos Fab Labs e que permeia o programa Fab Educação. Este princípio deve guiar o processo e ser visível nas práticas do dia-a-dia. É muito importante que toda a equipe esteja envolvida, bem como os próprios fabbers entendam este processo de aprendizado pela prática, e que o ambiente seja "contaminado" por ele.

› O protótipo é a forma de aprender. Os participantes "fabricam” algo real ao invés de fazer experimentos;

Outro ponto importante é o de que todos os processos partam de uma abordagem cooperativa, que envolva o trabalho em equipe, valorizando a colaboração, a flexibilidade e o respeito às diferenças, com foco nos resultados de aprendizagem que beneficiem o grupo todo e as realidades a sua volta. O ambiente Fab Lab e suas atividades devem priorizar o diálogo que traga o conhecimento de mundo e realidade de cada participante, de modo que a associação de várias competências e habilidades seja estimuladora e mobilizadora do conhecimento que possuem, a fim de que possam “aprender a aprender, compreender o mundo, resolver problemas e atuar de forma cidadã, ética e responsável em sua comunidade e na sociedade. Especialmente quando se explora o “fazer com os outros” (do it with others), a mediação tem sempre o foco no diálogo, visando

— Fab Educação

› Hands-on é fundamental. Oferecer aos participantes a oportunidade de construir, fabricar e criar;

› Os programas possuem um objetivo planejado e metas de aprendizagem, mas incentivam o julgamento e o erro e permitem a criatividade individual e experimentação; › Compartilhar ideias, projetos, habilidades e conhecimentos é parte integrante do programa; › Colaborar e manter uma aprendizagem horizontal é fundamental. Em muitos momentos os estudantes estarão ensinando os professores e isto será muito bom.∏

Este pensamento extrapola, em certa medida, o que se projeta para ser executado em uma sala de aula ou mesmo laboratório tradicional, já que são as atividades e não o currículo que conduzem o programa. Não obstante, com caráter interdisciplinar, as atividades podem beneficiar as disciplinas tradicionais, incorporando-as.

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Cap. #◊2

— Conceito Geral

◊2.◊2 > Impacto na Educação Ciências, engenharia e tecnologia permeiam a vida moderna e vão de encontro aos desafios educacionais atuais e futuros. Estas novas tendências e a constatação de carências nestas áreas levaram os Estados Unidos a difundirem nacionalmente um novo sistema e abordagem para a educação em Ciências em todo sistema educacional K-12, (que significa Kindergarten-12th grade, ou seja, da educação infantil até a última série do ensino médio) realizado pelo Comitê "The Committee on a Conceptual Framework for New K-12 Science Education Standards", que desenvolveu um quadro conceitual articulador de uma ampla gama de expectativas para os alunos com foco nos campos de conhecimento chamados STEM (Science, Technology, Engineering and Maths - Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática), visando garantir que ao término do ensino Médio todos alunos:

› Tenham um apreço pela beleza e maravilhas em Ciências; › Possuam conhecimentos suficientes de engenharia e ciências para se engajarem em discussões sobre questões relacionadas; › Sejam consumidores cautelosos de informações científicas e tecnológicas relacionadas ao cotidiano; › Possam continuar a aprender sobre ciências fora da escola; › Tenham habilidades para iniciar carreiras de sua escolha, incluindo (mas não limitados a) ciência, engenharia e tecnologia.

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— Fab Educação Além disto, é preciso considerar ao acréscimo de Artes à sigla que designa os campos do conhecimento STEM, que passa a ser STEAM, sendo que Artes passa a ser responsável por interligar as áreas anteriores. Como apontado no livro Design-Make -Play (2013), os ingredientes que inspiram o movimento maker são os mesmos que oferecem suporte para a educação focada em STEAM e suas articulações. Nesta perspectiva, são várias as possibilidades de interface com os Fab Labs, em especial por sua difusão nos Estados Unidos, para o compartilhamento de práticas com nosso Fab Educação. De modo geral, os ideais educacionais do Fab Educação estão alinhados com os referenciais apresentados no Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional para o século XXI no qual a educação deve organizar-se em torno de quatro pilares do conhecimento: “Aprender a fazer”, ou seja, trabalhar em equipe transformando informação em conhecimento para poder agir sobre o meio, saber lidar com transformações rápidas em conceitos e ideias;

“Aprender a conviver” para participar e cooperar ativamente com os outros, desenvolvendo a consciência e valorização das próprias raízes e o respeito intercultural, bem como a consciência ecológica; “Aprender a conhecer”, isto é, adquirir os instrumentos da construção de saberes, senso crítico e espírito investigativo ao longo de toda a vida, percepção do aprendiz como sujeito do processo e do conhecimento como meio prazeroso e desafiador de autodesenvolvimento; enriquecer a interculturalidade de modo a compreender o mundo à luz de diferentes linguagens, a fim de interpretar e transformar a realidade; “Aprender a ser” num processo contínuo de construção de referências que permitam ao jovem compreender o mundo e a si mesmo, a fim de descobrir seus talentos, superar dificuldades e exercer com autonomia seus diferentes papéis sociais. Em sintonia com tais referenciais, o Fab Educação tem como perspectiva fomentar a inovação, o desafio e o desenvolvimento de competências ≥

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Cap. #◊2

— Conceito Geral

e habilidades que promovam a reflexão crítica, autonomia, criatividade, empreendedorismo, aprendizagem colaborativa, a transformação de realidades e solução de problemas.

› Criar e projetar makerspaces em vários contextos comunitários que atendam um grupo que não compartilha dos mesmos recursos;

Logo, nosso maior desafio é contribuir para a transformação da educação e fazer com que os jovens fabbers se engajem na atitude maker e nos movimentos colaborativos e sejam os próprios agentes de inovação e de mudança de paradigmas. Para trazer o movimento maker para o campo da Educação, Dale Dougherty, editor da renomada revista Make, em trecho do livro “Design, Make, Play: growing the next generation of STEM innovators” (2013) compartilha algumas ideias e ações: › Criar um contexto que desenvolva a atitude maker, uma mentalidade de crescimento que motive os estudantes e usuários a acreditarem que eles podem fazer qualquer coisa; › Construir uma nova prática para o ensino do fazer e desenvolver uma organização profissional;

› Identificar, desenvolver e compartilhar uma estrutura de projetos e kits baseados numa grande variedade de materiais e ferramentas que estão conectados aos interesses de estudantes dentro e fora da escola; › Criar e hospedar plataformas sociais para colaboração entre alunos, professores e a comunidade; › Desenvolver programas especialmente para jovens que permitam que sejam protagonistas, atuando como principais agentes de inovação em escolas, atividades extracurriculares, acampamentos e outros ambientes de suas comunidades; › Criar um espaço comunitário para a exposição e curadoria dos trabalhos dos alunos relacionados com todos os makers e o fazer, para que mais oportunidades sejam criadas para mais pessoas participarem;

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— Fab Educação › Permitir que indivíduos e grupos façam um registro de participação na comunidade maker, que possa ser útil para avanços acadêmicos e profissionais bem como sustentar o senso de desenvolvimento pessoal dos alunos; › Desenvolver contextos educacionais que relacionem a prática do making a conceitos formais e teorias, para apoiar a descoberta e a exploração, introduzir novas ferramentas e ao mesmo tempo novos olhares para o making, desenvolvendo guias para managers, gurus, mentores e outros líderes; e › Desenvolver em todos os usuários, de modo integral, a capacidade, criatividade e confiança para se tornarem agentes de mudança em suas vidas e em suas comunidades.

Buscamos iniciativas mundiais como contraponto aos planos nacionais, na tentativa de aprimorar a prática brasileira. Acreditamos que podemos impactar a educação brasileira no sentido de propor experiências de aprendizagem engajadas e empoderadoras. Também buscamos questionar o que e como ensinamos, para que estejamos conectados ao que as pessoas precisam aprender, como elas aprendem, onde e quando aprenderão, e quem precisa aprender. Eis o nosso desafio. Não é suficiente preparar os pequenos fabbers para o mundo de hoje, nós devemos prepará-los para o amanhã, um amanhã que exigirá que dominem tecnologias que ainda não existem com competências atemporais≥

Movidos por estas ideias e conectado ao objetivo de uma educação para o futuro, o Fab Educação busca auxiliar na descoberta de novos caminhos, juntamente com educadores e profissionais da área, amparados pelos ideiais contemporâneos da educação através da linguagem da tecnologia e do movimento maker.

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Cap. #◊2

— Conceito Geral

Como podemos traduzir esta motivação intrínseca para a educação? Como podemos canalizar estes valores, o espírito de compartilhamento, ética, disciplina, respeito mútuo, reciprocidade e aprendizagem autônoma? De modo mais amplo, como podemos direcionar estas práticas para a Educação do futuro e a aprendizagem ao longo da vida? Estas são questões que buscamos refletir junto com vocês através deste projeto.

◊2.◊3 > O Design como processo norteador do aprendizado por projeto

maneira inovadora e criativa, e não como um produto real finalizado.

Compartilhada nossa maneira de ensinar e aprender por meio da educação baseada em projetos, deve-se pensar também em como efetivar isto na prática. Um pouco acima comentamos a necessidade de um ambiente equipado e conectado com o conceito. No entanto, um processo norteador de projeto também se torna necessário, a fim de auxiliar o fabber a tornar suas ideias materializadas e, acima de tudo, refletir sobre este processo, aprendendo com ele.

Para que este Design enquanto processo seja melhor entendido, deve-se pensar que ele será uma estrutura invisível que guia as atividades de capacitação e desenvolvimento de projetos.

“O tipo de mudança que que procuramos na educação faz parte das mudanças que todos estamos vendo ao nosso redor, o tipo de mudança que procuramos em nós mesmos”. Se estas interações com o mundo em que vivemos nos informam e nos inspiram a criar, então somos makers (Kanter & Honey, 2013).∏

No Fab Educação trabalhamos com a linha do Design (que alguns chamam de Design Thinking, Design Doing ou Design Estratégico – conforme o enfoque) para alcançar resultados positivos, tanto na capacitação de educadores e equipe do Fab Lab, quanto no próprio desenvolvimento dos alunos. No Fab Educação "bebemos de várias fontes" do Design e gostamos de dizer que fazemos Design Doing porque o que nos emociona verdadeiramente é o doing – o fazer. Indiferentemente do termo utilizado, todos corroboram com o entendimento do Design como uma estratégia para atingir algo de

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— Fab Educação — Framework por Ideo. Design Thinking for Educators. Traduzido por Instituto Educa Digital

Uma das ferramentas norteadoras, principalmente para que os educadores compreendam o processo de aprender pela prática e do aprendizado pela resolução de problemas, é a metodologia “Design Thinking for Educators”, desenvolvida pela consultoria de Design americana Ideo. A seguir apresentamos um framework deste processo, condensado em alguns conceitos os quais na prática serão materializados via exercícios de empatia, de geração de ideias (ideação), de visualização e adaptação de resultados e prototipagem em tempo quase real.≥

Mais

01

02

03

04

05

Descoberta

interpretação

ideação

experimentação

evolução

— Eu tenho um desafio. Como posso abordá-lo?

— Eu aprendi alguma coisa. Como posso interpretá-la?

— Eu vejo uma oportunidade. Como posso criar?

— Eu tenho uma ideia. Como posso concretizá-la?

— Eu experimentei algo novo. Como posso aprimorá-lo?

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Cap. #◊2

— Conceito Geral

— Fab Educação

Além de auxiliar no processo do educador, o Design também tem a função de manter sempre ativa a veia da criatividade e inovação. Ele tem como objetivo inspirar o elemento essencial da criatividade, a capacidade de tomar uma ideia abstrata e criar algo com ela. Ele é baseado na crença fundamental de que uma ideia não executada é uma proposta inútil, e que o fazer é tão valioso quanto o pensamento. Para colocar isto em prática, nos apoiamos no trabalho do designer e professor Vijay Kumar, do Illinois Institute of Design. Kumar explica o processo de inovação através de um framework no qual o projeto deve passar por quatro fases não necessariamente lineares: pesquisa, análise, síntese e realização. O gráfico a seguir mostra um pouco o que acabamos de falar: ≥

ABSTRATO

ANÁLISE

04

05

Conceber insights

Explorar conceitos 06

01

COMPREENDER 03

PESQUISA

Conceber realizações

Sentir a intenção

Conhecer as pessoas 02

SÍNTESE

07

Conhecer o contexto

FAZER

Realizar ofertas

CONCRETO

REALIZAÇÃO

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— Framework por Vijay Kumar, 101 Design Methods – A Structured Approach for Driving Innovation in Your Organization, 2013

— Vídeo Vijay Kumar, A Structured Approach for Driving Innovation. Mais

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Cap. #◊2

— Conceito Geral

— Fab Educação Condensados, a metodologia de Design Thinking para educadores e o framework de inovação proposto por Vijay Kumar podem ser utilizados em várias etapas do programa Fab Education, de modo mais prático: 1 › Ao capacitar um grupo de Gurus, Managers ou Mentores, pode-se começar por entender o próprio universo Maker e da fabricação digital. Para tal, deve-se sair a campo e fazer uso de metodologias de entrevistas com os usuários e ações para se colocar no papel deles. Isto ajudará o participante do curso a entender como se relacionar futuramente com estes usuários reais que habitarão o Fab Lab;

cios com post-its, Legos e outros artifícios, até que se alcance realmente a prototipagem da ideia. Enfim, o Design é mais uma ferramenta de suporte no Fab Educação e nos processos de criação, a fim de que os objetivos não se percam e, o mais importante: fazendo com que as atividades não percam seu caráter inovador. ∏

2 › Ainda na capacitação, num exercício de auxílio ao desenvolvimento de um projeto, a equipe do Fab Lab pode aprender como guiar o fabber através de estratégias de análise de problema e sínteses, materializando a fase de realização através de protótipos de processo ou finais;

— Fotografia original: Claudia Trevisan Fraga

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3 › Já no dia-a-dia do Fab Lab, o Design pode auxiliar um usuário no sentido de fazer as ideias mais claras, por um brainstorming (chuva de ideias) guiado por exercí-

— 43


Cap. #03 ≥ Etapas de Implementação


Cap. #◊3

— Etapas de Implementação

◊3.◊1 > Estratégia ≥ Plano de Ação, Definição do modelo e adequação aos conceitos da rede, Programa de Atividades inicial e Definição da Equipe Esta etapa destaca-se pela tentativa de sinergia entre as metodologias e princípios seguidos pela instituição em questão e os princípios e processos da rede Fab Lab e do universo maker. Encontrados os pontos em comum, passa-se à discussão de como a instituição irá materializar os processos que necessita (plano de ação). Também nesta etapa acontece a pré-definição da equipe, como por exemplo, dos professores (aqui chamados mentores), como será a interação com o restante do grupo, e como as atividades desenvolvidas neste espaço farão sentido nos contextos educacionais em questão.

processo e não do resultado, a documentação do processo como forma de beneficiar a rede e de aprendizado pelo fazer, o aprender pelos pares, o design como processo, entre outros. Também será descrito nesta fase, caso haja um espaço físico envolvido, o tamanho do mesmo e a verba disponível para tal, uma lista base de maquinários e ferramentas, viabilizando um briefing para a realização do layout.

Ainda será esboçada uma programação inicial (programa de atividades) com o intuito de contribuir para uma melhor Além disso, pontos mais específicos do visualização do espaço em ação e tamuniverso maker e da rede Fab Lab também para a definição da equipe; indicanbém serão discutidos e, numa análise do-nos perfis que ajudarão na seleção e conjunta será possível refletir sobre como capacitação. eles podem fazer parte do universo educacional. São eles: o conceito de open O programa de atividades é desedesign (desenho aberto), a avaliação do nhado a partir do alinhamento com

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— Fab Educação as premissas institucionais (projeto político pedagógico) e deve ser norteador do trabalho inicial da equipe, até que esta conquiste sua autonomia para a realização de novas atividades. Este ponto é crucial já que o Fab Educação pretende capacitar a equipe para que esta consiga autonomia necessária para gerir o ambiente de forma totalmente independente. Este programa de atividades irá contemplar:

Sobre a equipe, ela será formada seguindo perfis já existentes na rede Fab Lab como o Fab Manager e o Guru, sendo que para o projeto Fab Educação haverá um terceiro agente, o Mentor. Dentre as atribuições gerais da equipe, destacamos: › O apoio à descobertas e exploração e mediação de tentativas e erros; › O estímulo ao hands-on, criatividade, confiança, trabalho colaborativo e autonomia;

› Projetos específicos do planejamento de cada instituição, por exemplo, atividades e projetos curriculares e extracurriculares no âmbito escolar (workshops, cursos, atividades dirigidas, participação em projetos existentes na rede);

› A viabilização da aprendizagem personalizada e oferecimento de novas possibilidades;

› Open Days: atendendo a Fab Charter, a programação de dias abertos é uma premissa da rede. Nestes dias, o laboratório deve estar aberto a receber projetos pessoais de indivíduos ou grupos os quais terão suporte dos Fab Managers e Gurus;

A seguir, o perfil de cada um destes atores: ≥

› A motivação e inspiração de todos os alunos para se tornarem agentes de mudança em suas vidas e em suas comunidades.

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Cap. #◊3

— Etapas de Implementação

Fab Manager:

Guru:

Mentor:

O Fab Manager é muito importante, ele é o “homem que faz tudo” no Fab Lab. Interessante notar que muitas vezes os Fab Labs acabam se confundindo com a personalidade dos Fab Managers, por estes estarem no espaço o tempo todo e auxiliarem em todas as funções.

O Guru é uma pessoa especialista e muito curiosa. Mas, dentro de um Fab Lab, especialista significa dizer que ele tem conhecimentos acerca de eletrônica, programação e fabricação digital.

Atribuições:

› Apoio em geral ao Fab Manager › Assistência em todos os projetos › Manutenção e reparo das máquinas › Atuação como instrutor em cursos e workshops › Apoio aos fabbers durante os Open Days;

Mentor: O professor aqui é carinhosamente chamado de Mentor, ele é o elo entre os projetos dos fabbers, os processos Fab Lab e a metodologia educacional institucional. Seu papel é de grande importância e ele precisa estar preparado para trabalhar de maneira horizontal e colaborativa, cumprindo o papel realmente de mentor no que tange ao auxílio na busca de uma resposta, facilitação de algum processo que possa estar complexo no momento, colaboração entre os fabbers e busca de apoio com os Gurus.

› Gestão do laboratório › Sinergia com os processos da rede e a Fab Charter › Acolhimento e mediação › Contato com imprensa e comunicação em geral › Organização do laboratório › Responsabilidade pelo bom desenvolvimento das atividades › Coordenação da realização dos projetos com parceiros;

Atribuições:

— 48

— Fab Educação

Atribuições: › Sinergia com os processos da rede e a Fab Charter › Mediação do apoio dos Gurus aos alunos › Mediação de projetos e atividades estabelecendo interface com o currículo escolar › Busca e compartilhamento de projetos na rede Fab Lab › Execução e auxilio da prática do fazer em projetos diversos, estabelecendo relações com conceitos formais e teorias. ∏

— 49


Cap. #◊3

— Etapas de Implementação

— Fab Educação

◊3.◊2 > Ambiente ≥ Espaço Físico, Máquinas, Ferramentas e Consumíveis Caso o plano de ação opte pela criação de um ambiente físico dentro da instituição, esta etapa será bastante relevante. O espaço físico onde o ambiente Fab Lab será instalado é um item muito importante e deve ser tratado com carinho e cuidado, pois é neste espaço descontraído e equipado de maneira adequada que a atitude fabber irá aflorar. Além disto, este espaço será algo novo a ser descoberto dentro da escola ou do centro onde for implementado e deve trazer consigo este ambiente “hands on” e de colaboração. Este deve ser entendido enquanto um abrigo para os fabbers, dando oportunidade a eles de materializar suas ideias através do uso da fabricação digital; ou mesmo funcionando como um espaço onde a comunidade possa ver o que está sendo feito e trocar ideias, porque este espaço também

tem como objetivo ativar a colaboração e o aprender por pares. Sendo assim, ele deve induzir a colaboração e a socialização, além de impulsionar a criatividade e a inovação. Como explicamos no início deste material acerca das pequenas diferenças conceituais entre hackerspaces, makerspaces e fab labs, o espaço também deve ser adequado a esta realidade, pois apesar de todos estes movimentos partirem de um mesmo princípio (a atitude maker), o maquinário e os processos de utilização poderão variar um pouco. Um Fab Lab, especificamente, segue uma tradição de aprender fazendo através de máquinas e processos de fabricação digital e possui uma ligação muito forte com uma comunidade internacional de compartilhamento, colaboração e pesquisa. Por primar

— 50

pelo compartilhamento, um Fab Lab deve possuir também um kit standard de máquinas e ferramentas, e um layout do espaço que privilegie este ambiente de troca, a fim de que processos possam ser realizados da mesma maneira em qualquer laboratório da rede. Para o programa Fab Educação, tanto o layout do espaço quanto o maquinário e as ferramentas são similares aos Fab Labs tradicionais, porém adaptados ao universo da criança e do jovem (público alvo deste programa) e às atividades educativas. A ideia é que o espaço realmente anime e contribua para a colaboração, a criatividade e a inovação.

› Pode-se criar um ambiente totalmente novo, inspirado nos Fab Labs já existentes na rede e adaptado ao universo educacional; › Pode-se incluir uma espécie de “kit” Fab Lab a um ambiente já existente na escola, adaptando minimamente o espaço para que ele possa conter os conceitos mínimos estipulados pelo programa Fab Educação.

O tamanho, a quantidade de máquinas e outras ferramentas são fatores flexíveis, porém, o ambiente precisa necessariamente apresentar características que realmente o desenhem como um espaço maker. Idealmente, estes espaços deveriam refletir quatro formas de Este ambiente pode ser implementado de trabalho: a concentração, a colaboraduas maneiras, de acordo com os objetivos da ção, o aprendizado e a sociabilização.≥ instituição e do projeto em si:

— 51


Cap. #◊3

1

— Etapas de Implementação

2

— Fab Educação 1 › Concentração: Trabalho focado em tarefas como pensar, estudar, criar estratégias, processar, etc.

› Cursos, especialmente desenhados para este novo espaço como criatividade, inovação, empreendedorismo;

2 › Colaboração: Trabalhar com uma ou mais pessoas, criando coletivamente conteúdos, fazendo brainstorms, etc.

› Espaço para receber projetos pessoais dos alunos (principalmente durante os Open Days) ou da comunidade próxima, oferecendo ferramentas para que a ideia inicial se materialize;

3 › Aprendizado: Construção do conhecimento. Quando o pensamento é visualizado e compartilhado com outros, aprende-se mais rápido.

3

4

4 › Socialização: Abertura para a informalidade, facilitando a troca e aumentando a confiança entre os usuários. Detalhando o funcionamento, este espaço pode ser usado por diferentes monitores ou professores e em diferente períodos, sendo possível utilizar para classes integradas ao currículo e extraclasses, além de poder receber projetos independentes dos fabbers.

› Espaço de trabalho em inovação social, servindo como ambiente de troca entre alunos e comunidade próxima engajados na solução de problemas sociais; › Um espaço interdisciplinar para uso por diferentes professores que possui um kit de ferramentas e recurso materiais comum; › Um espaço de preparação de aulas para professores, onde eles possam ter acesso aos recursos físicos e também trocar ideias e experiências com outros professores;

Dentre os usos, podemos citar: — Baseado no livro The Knowledge Creating Company de Ikujiro Nonaka

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› Espaço para atividades conectadas com as disciplinas dos cursos ou atividades educacionais da instituição;

› Um espaço onde a comunidade em geral do bairro ou da cidade pode fazer uso em períodos pós-aula.≥

— 53


Cap. #◊3

— Etapas de Implementação

Sobre as máquinas e demais ferramentas que irão compor este espaço, elas se adequarão ao projeto específico e serão detalhadas na etapa inicial (Estratégia), mas como uma visão geral, pode-se dizer que o ambiente deva ser equipado com: › Máquinas de fabricação digital (como cortadoras a laser, cortadoras de vinil, impressoras 3D, fresadoras etc) selecionadas através dos objetivos da instituição e do projeto;

— Fab Educação ◊3.◊3 > Capacitação e Acompanhamento≥ Capacitação, Execução de Programa de Atividades, Medição de Resultados e Ações “Refresh”

sos específicos da rede assim como interface com os princípios educacionais que embasam o projeto; Auxílio técnico aos mentores.

Dentro do Fab Educação, é proposta uma equipe com diferentes perfis. Esta equipe é a alma do projeto e é muito importante que ela esteja alinhada com os princípios do projeto.

Mentores: Mediação de projetos e atividades que fazem interface com o currículo escolar e conhecimento geral das máquinas, softwares, eletrônica e conexão com a rede internacional, busca e compartilhamento de projetos na rede, sinergia com os processos da rede e conhecimento da Fab Charter.

Para esta capacitação, num primeiro momento, cada perfil recebe um treinamento diferenciado, realizado através de diferentes estratégias, a fim de desenvolver ou aprofundar as habilidades exigidas, a saber:

› Ferramentas manuais; › Componentes eletrônicos e acessórios; › Computadores; › Kits eletrônicos (como Lego, Little Bits, Arduino, Makey Makey, dentre outros); › Mobiliário flexível para workshops e áreas de descanso;

Fab Manager: conhecimento geral do funcionamento das máquinas, gerenciamento do espaço e da equipe, conexão com a rede internacional, busca e compartilhamento de projetos na rede, sinergia com os processos da rede e com a Fab Charter.

Segurança: As máquinas de um Fab Lab, apesar de não exigirem equipamentos de segurança do tipo EPL por serem em sua maioria fechadas, pedem cuidado e vigilância, ainda mais no ambiente do Fab Education, onde há crianças e jovens como público alvo. Tal item será devidamente tratado nas capacitações realizadas.∏

Existem pelo menos dois momentos de capacitação: › O primeiro, que acontece em um dos laboratórios da rede Fab Lab e que foca no aprendizado das atribuições especificas da equipe; › O segundo que é realizado in loco, onde a equipe passa a experienciar o universo maker na própria instituição, de maneira mais ampla e real. ≥

Gurus: Conhecimento aprofundado sobre utilização das máquinas, softwares e eletrônica. Auxílio técnico aos projetos e aplicabilidade dos proces

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— 55


Cap. #◊3

— Etapas de Implementação

De maneira geral, o programa Fab Educação considera a fase de capacitação uma das mais importantes, pois é neste momento que a equipe irá entender como funciona um Fab Lab, como aplicar os conceitos mais novos de horizontalidade, colaboração e aprendizagem por pares. É também neste espaço que a equipe se fortalecerá e obterá a autonomia necessária para que o laboratório alcance fabbers interessados e comprometidos e projetos realmente inovadores.

dades realizadas diretamente pela equipe Fab Educação com os alunos, caso estas contem do plano de ação realizado. Estas atividades serão especificadas no projeto inicial.

O objetivo é fazer com que todos se sintam confortáveis com o modelo, com o aprendizado por pares, e se apropriar do fato de que algumas vezes dizer que não sabe uma resposta é algo corriqueiro, assim como a atitude de buscar ajuda da equipe local e da rede mundial.

Com o andamento do projeto torna-se necessário realizar a medição de resultados. Com isto busca-se avaliar o desenvolvimento de toda a equipe (Gurus, Mentores, Fab Manager), para verificar a evolução e desenvolvimento de todos participantes, bem como melhorias e expansão dos projetos desenvolvidos. A avaliação contempla um processo contínuo, por meio de diagnóstico da situação inicial e dos objetivos alcançados, além da verificação da continuidade dos processos característicos da rede Fab Lab. São vários os instrumentos para avaliação e monitoramento dos progressos (que vão desde autoavaliação à avaliações externas), os quais são escolhidos de acordo com cada modelo de projeto adotado.

— Fab Educação ser feita uma mensuração dos resultados obtidos, a fim de fornecer parâmetros para diagnóstico e redefinição de metas. A avaliação deve focar nos processos e colaborar para o desenvolvimento da autonomia do ecossistema do Fab Lab e também o desenvolvimento pessoal e do grupo, enfim, de todos os envolvidos no processo de criação e aprendizagem. Diante desse olhar é de grande importância a valorização das produções e do trabalho realizado, viabilizando espaços para exposição e compartilhamento dos resultados. Quando necessário, são propostas as

“ações refresh”. Estes são momentos para troca de conhecimentos e experiências, consolidação das melhores práticas e delineamento de planos de suporte, desenvolvimento e aprimoramento profissional da equipe. O objetivo das ações “refresh” é o de fazer com que o projeto não desvie de seus objetivos e dos princípios do aprender pelo fazer, e que atinja realmente a autonomia. Elas serão delineadas de acordo com a medição de resultados. ∏

Com esta equipe devidamente capacitada, encorajada e entusiasmada, as possibilidades de sucesso do projeto são enormes. O convite aos profissionais que irão trabalhar ali é de que auxiliem os fabbers a transformar a paixão e motivação pessoal em inovação, criatividade, Ao longo do processo podem ser feitos autonomia e pensamento empreendedor. ajustes, tais como a mediação dos erros e valorização das conquistas, de Neste momento, também ocorrerão ativimodo que ao final do percurso possa

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— Fab Educação

Cap. #04 ≥ Nossas Referências — 58

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Cap. #◊4

— Nossas Referências

◊4.◊1 > Livros e Material Online

________. (2002). Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Paz e Terra.

CARVALHO, Anna Maria P. et al. (2011) Alfabetização científica: uma revisão bibliográfica. Investigações em Ensino de Ciências. SP: Faculdade de Educação – Universidade de São Paulo

HONEY, M. & KANTER, D. (2013) Design, make, play: growing the next generation of STEM innovators. New York: Routledge.

DELORS, J.Org. (2010) Educação, um tesouro a descobrir: Relatório da UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. Paris: UNESCO.

IDEO. Design Thinking for Educators. Available from: http://www.designthinkingforeducators.com/

D.SCHOOL. (2011) Boot Camp Bootleg. Available from: http://dschool.stanford. edu/wp-content/uploads/2011/03/ BootcampBootleg2010v2SLIM.pdf

JANISSE, J. et al. (2011). [Midwest Digital Fabrication Partnership, NSF Grant #0802388] Unpublished raw data.

EYCHENNE, F. & NEVES, H. (2013) Fab Lab: A Vanguarda da Nova Revolução Industrial (Portuguese Edition). São Paulo: Fab Lab Brasil.

KRAPAS, S. & REBELLO, L. (2011) O perfil dos museus de ciência da cidade do Rio de Janeiro: a perspectiva dos profissionais. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, v. 1, n.1, p. 68-86.

KUMAR, Vijay. (2013) 101 Design Methods: A Structured Approach for Driving Innovation in Your Organization. ________. (1979/2008). Educação e Mudan- USA: John Wiley & Sons. ça. Paz e Terra. FREIRE, P. (1970/1983). Pedagogia do oprimido. Paz e Terra.

— 60

— Fab Educação NRC (National Research Council) (2012). A Framework for K-12 Science Education: Practices, Crosscutting Concepts, and Core Ideas. Committee on a Conceptual Framework for New K-12 Science Education Standards. Board on Science Education, Division of Behavioral and Social Sciences and Education. Washington, DC: The National Academies Press. OLDENBURG, R. (S/D) The Great Good Place: Cafes, Coffee Shops, Community Center, Beauty Parlors, General Stores, Bars, Hangouts and How They Get You Through the Day. PAPERT, S. (1975). Some Poetic and Social Criteria for Education Design. Presented at the meeting of the Human Resources Research Organization, Alexandria, Virginia. PAPERT, S. (1970). Teaching Children Thinking. Presented at the meeting of the IFIPSW World Congress on Computers and Education, Amsterdam, The Netherlands. PIAGET, J. (1973). To Understand is to Invent: The Future of Education. New York: Grossman. RESNICK, M. (1994). Turtles, termites, and traffic jams: Explorations in massively parallel microworlds. Cambridge, MA: The MIT Press.

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Cap. #◊4

— Nossas Referências

RESNICK, M. (2007). All I really need to now (about creative thinking) I learned (by studying how children learn) in kindergarten. Proceedings of the 6th ACM SIGCHI conference on Creativity and Cognition. Seeding Creativity: Tools, Media and Environments. (pp. 1-6). New York: The Association for Computing Machinery. ≥ SANTOS, Flávia M.D.; GRECA, Ileana Maria (Orgs.). (2006) A pesquisa em ensino de ciências no Brasil e suas metodologias. Ijuí: Editora UNIJUÍ. SCHÖN, D. A. (1983). The reflective practitioner: How professionals think in action. Basic Books. 99 VYGOTSKY, L. S. (1984/1998). A formação social da mente. Martins Fontes.

— Fab Educação

— Websites http://www.fabfoundation.org/uploads/PedagogyEvaluation.docx http://www.makered.org/ http://makerfaire.com/education/ http://fablabatschool.org http://www.exploratorium.edu/

________. (1989/2008). Pensamento e linguagem. Martins Fontes.

http://dmp.nysci.org/

ZEICHNER, K. M. (1993). A formação reflexiva de professores: idéias e práticas. Educa.

http://www.tiesteach.org/projects/fab-lab http://primo.io

________. (2003). Formando professores reflexivos para a educação centrada no aluno: possibilidades e contradições. In R. L. Barbosa (org.), Formação de Educadores: desafios e perspectivas. Editora Unesp.

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http://www.makeymakey.com/ http://littlebits.cc/

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Cap. #◊4

— Nossas Referências

◊4.◊2 > Projetos que nos inspiram e alguns resultados

FabEd —

O programa Fab Educação está em sintonia com um projeto internacional da rede Fab Lab chamado “Fab Ed”. Este projeto é liderado pela Fab Foundation através da coordenação de Sherry Lassiter, juntamente com um time de educadores e designers.

Como a fabricação digital cresce em popularidade, os inovadores em educação estão reconhecendo o enorme potencial que Fab Labs e outros espaços makers podem trazer para os alunos em um ambiente escolar. Como a tecnologia de fabricação digital está atualmente mais disponível, acessível e fácil de usar, incorporar fabricação digital nas escolas está tornando-se uma realidade. No entanto, Fab Labs e espaços makers como concebidos não são construídos para atender as necessidades distintas de um distrito escolar. Neste sentido, TIES (Teaching Institute for Excellence in STEM) e a Fab foundation estão respondendo às necessidades crescentes das instituições de ensino em todo o mundo para espaços inovadores e envolventes de aprendizagem. Esta colaboração, que começou com a concepção e lançamento de MC2STEM High School, em Cleveland, tem o objetivo de trazer fabricação digital para a escola, através da aprendizagem da força de tra-

Sendo assim, nos inspiramos em seus resultados, compartilhados a seguir, e esperamos contribuir com a equipe internacional. Fabfoundation Tiesteach

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— Fab Educação

balho, treinamento e ambiente de desenvolvimento. Este é o FabEd - um projeto de alcance educativo global, ancorado por fabricação digital e da rede Fab Lab para fornecer às organizações educacionais apoio ao uso da fabricação digital como um caminho para o ensino e a aprendizagem. A missão da FabEd é facilitar a integração do enorme potencial de fabricação digital com as necessidades táticas e práticas das escolas e distritos escolares.

práticas em pedagogia e educação.

Nossos objetivos são :

› Conectar as escolas com comunidades que já atuam no universo hands-on como a rede global de Fab Labs.

› Ajudar os distritos escolares e escolas a alinhar o potencial de aprendizagem de fabricação digital com os parâmetros das normas nacionais e estaduais de educação.

› Ajudar os distritos escolares e as escolas a treinar educadores para colaborar e integrar seus currículos e metodologias de ensino de modo que como uma equipe, eles possam ser capazes de desenvolver cursos envolvendo práticas de conhecimento de conteúdo de alavancagem de ciências e engenharia e experiências de laboratório.

Durante a realização do programa, alguns resultados foram levantados, os quais são apresentados a seguir.≥

› Ajudar os distritos escolares e as escolas a construir um currículo em fabricação digital que estimule a curiosidade e exploração, e que ainda ofereça a evolução das melhores

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Cap. #◊4 Tópico Avaliado

— Nossas Referências Respostas selecionadas

O ambiente de aprendizagem em geral

≥ Foi um ambiente muito melhor e ajudou a aprender coisas diferentes mais rápido do que em uma aula. — Stefen (p. 30)

O programa é realizado num ambiente

≥ Cheio de tecnologia enquanto na escola é somente uma lousa e carteiras escolares com talvez um computador velho abandonado em algum lugar. — Tien (p. 30)

Atividades baseadas em projetos hands-on

≥ A diferença de como aprendi aqui e na escola é o fato que você aprende as coisas com a mão na massa. Eu acredito que aprender com a mão na massa (hands-on) ajuda você a aprender melhor. — Shaquille (p. 30)

Ser capaz de mudar como aprender e como estar na escola de um modo diferente

≥ Agora eu sei que pra aprender as coisas eu não posso apenas escrevê-las. Eu tenho que utilizá-las na minha vida e em casa, desse modo eu não me esquecerei delas. — Xia (p. 31)

Contribuições para a aprendizagem em aulas específicas

≥ … Eu sei que de fato quando eu começar minhas novas aulas de ciências, ALGUMA COISA do material L2TT2L vai aparecer e eu estarei à frente do grupo. — Ariana (p.32)

— Fab Educação Os registros informais ao longo dos últimos 5 anos do programa sustentam os comentários acima, de que o ambiente é interessante, que as atividades hands -on baseadas em projetos são úteis para muitos tipos de aprendizes, que os jovens aprendem sobre a aprendizagem e que a reflexão sobre a própria aprendizagem os ajuda a crescer, e que esta experiência contribui para a aprendizagem das disciplinas STEM. Também é evidente no relatório de 2009 que há uma forte relação social no ambiente de aprendizagem, que o ensino por pares e o aprendizado são experiências positivas e animadas, que quase metade dos professores retornam ao programa para outro ano, e que esta experiência inspira muitos dos jovens professores a procurar ensino (p.3,4,6,31).≥

Definitivamente me ensinou coisas novas que me ajudarão nas minhas futuras aulas de robótica e engenharia. — Nebia (p. 32) — Respostas da avaliação selecionada do 2009 Learn 2 Teach, Teach to Learn Reports

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— Carregador Solar de celular feito por alunos Learn 2 Teach, Teach 2 Learn,, 2009 (King, 2010, p.1)

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Cap. #◊4

— Nossas Referências

Ampliando os esforços realizados pela Fab Foundation, muitos laboratórios da rede Fab Lab também possuem programas educacionais formais ou informais, os quais são resumidos abaixo:

Fab Lab Kids Barcelona ≥ Espanha:

Fab Lab Costa Rica ≥ Costa Rica: O projeto Lutec - Fab Lab Costa Rica busca levar o incentivo à criatividade, a imaginação, aos instrumentos de inovação tecnológica e a paixão por aprender a um numeroso grupo de crianças e adolescentes. O programa nasceu em 2002 e contribui com o desenho e construção de soluções aos problemas da comunidade. O projeto desenvolve acampamentos de aprendizagem por construção, em várias comunidades. A idade dos participantes é variada e elas são sempre acompanhados por seus professores. Veja mais

O Fab Lab Kids Barcelona tem como objetivo promover o pensamento reflexivo, analítico e crítico. Seu programa é direcionado a crianças entre 10 e 16 anos, as quais são convidadas a desenvolver sua inteligência, criatividade e imaginação por meio de aspectos técnicos. A periocidade é semanal as atividades são entendidas como eventos extra-classe. Veja mais Fab Lab Kids Sevilla ≥ Espanha: O Fab Lab Kids Sevilla possui atividades direcionadas a crianças com idade entre 7 e 12 anos. A ideia é possibilitar um conhecimento extra ao que é recebido por elas na escola tradicional e repassar, através da fabricação digital, o conhecimento acerca dos conceitos de colaboração, common space e open design. Workshops de 5 horas para grupos≥

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— Fab Educação de até 15 alunos em parceria com escolas da cidade. Veja mais Happy Lab Vienna ≥ Áustria: O Happy Lab Vienna oferece workshops para crianças de 10 a 15 anos, fornecendo-lhes insights para o mundo da tecnologia da fabricação digital. O objetivo é familiarizar as crianças com o projeto orientado pelas novas tecnologias e máquinas de produção digitais. Atividade em parceria com escolas públicas da cidade e com periocidade semanal. Veja mais Fab Lab@School ≥ EUA:

estudantes, juntamente com seus professores, utilizar o Fab Lab como ferramenta pedagógica. Trabalhar sobre experimentação, produtos e protótipos para resolução de problemas correntes é o cerne da formação. O projeto se estende hoje também para Rússia e Tailândia. Veja mais Fabschool Kids Amsterdam ≥ Holanda: O projeto dedicado às crianças no Fab Lab Amsterdam segue o modelo do Fab Lab@School e, segundo eles, é uma versão light deste. Ele é composto de workshops acerca de diferentes temas e utiliza diversas plataformas de interatividade. Veja mais ≥

Paulo Blikstein, professor na Universidade de Stanford é o responsável pelo programa chamado Fab@School. Este programa é composto por uma série de oficinas para o ensino da ciência como diversão a alunos de ensino médio. O objetivo do programa é permitir aos

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Cap. #◊4

— Nossas Referências

— Fab Educação

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Fab for Fun, Garagem Fab Lab ≥ São Paulo ⁄ Brasil: O Garagem Fab Lab oferece às crianças o contato com ferramentas de programação, eletrônica e fabricação digital através de workshops de 3 horas, geralmente aos sábados. É aberto a qualquer criança, de acordo com as idades estipuladas por atividade. O objetivo é fazer com que as crianças aprendam brincando através de impressoras 3D, tintas condutivas, softwares que lhes ajudem a construir objetos, placas eletrônicas interativas, ferramentas que auxiliem num pensamento baseado em processos inovadores. Veja mais ∏


Realização

Parceria

Em sintonia com

Projeto Gráfico ∞ Diagramação

Revisão de texto

Ana Lucia Neves

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.



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