V JORNADA DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO DE TARTARUGAS MARINHAS DO ATLÂNTICO SUL OCIDENTAL (ASO)
27 e 28 de novembro de 2011 Florianópolis, Santa Catarina, Brasil
V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil
ESTIMADOS AMIGOS DAS TARTARUGAS MARINHAS
Desenvolver plenamente seus interesses e talentos e, ao mesmo tempo, conservar os recursos naturais é o grande desafio para a humanidade. Preservação, respeito à natureza e equilíbrio ecológico são idéias universais presentes nos meios de comunicação, congressos, seminários, simpósios, leis e acordos internacionais, reunindo vários países em defesa do MEIO. A partir do agravamento da crise ambiental, crescente em nosso planeta, é cada vez maior a necessidade de participação da sociedade e do poder público, no enfrentamento dos problemas, ampliando-se a visão e o conceito de “Meio Ambiente”, que é concebido como o sistema, no qual interagem natureza e sociedade. Portanto, um espaço socialmente construído nas relações cotidianas com a natureza, permeadas por ações econômicas, sociais e políticas. Assim, a visão fragmentada (água, ar, solo, plantas e animais) e antropocêntrica (natureza criada para o homem) do meio ambiente, deve ser superada por uma visão holística e sistêmica, na qual as pessoas têm o privilégio de ser algumas das partes do todo. Surge assim um novo conceito, com a finalidade de contribuir na formação de um sujeito capaz de refletir e atuar na busca de soluções ambientais a partir da sua realidade. Com o propósito de divulgar à sociedade a importância da preservação das tartarugas marinhas, engajar estudantes, pesquisadores e governantes a promoverem pesquisas e leis que garantam a conservação destes animais, é que o Projeto Tamar organizou a V Jornada de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental – ASO. Em nome de todos os membros do Projeto Tamar, acolhemos os participantes desta Jornada, agradecendo a presença e o interesse de cada um de vocês em compartilhar experiências e renovar estratégias que contribuam efetivamente para a conservação dastartarugas marinhas no atlântico sul ocidental.
Sejam bem vindos. Comissão Organizadora
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil
HISTÓRICO DA REDE ASO
O Atlântico Sul Ocidental (ASO) é a região compreendida por Brasil, Uruguai e Argentina e esta região é utilizada por cinco das sete espécies de tartarugas marinhas existentes no mundo. Caretta caretta, Chelonia mydas, Dermochelys coriacea, Eretmochelys imbricata e Lepidochelys olivacea utilizam o Atlântico Sul Ocidental como área de alimentação, desenvolvimento e corredor migratório, entretanto, estas espécies encontram-se ameaçadas de extinção. Como principais impactos destacam-se o abate das fêmeas e coleta dos ovos, a urbanização das praias de desova, a poluição e a interação com atividades pesqueiras, sendo esta última a principal causa do declínio das populações de tartarugas marinhas no mundo. Todas as espécies de tartarugas são protegidas por lei nos três países, no entanto as ações atuais de investigação, conservação e proteção são insuficientes para assegurar a sobrevivência das espécies nesta região em longo prazo. Pelo fato dos três países que compõem o ASO apresentarem algumas características comuns com relação aos usos do habitat pelas tartarugas marinhas e os impactos que estes animais sofrem, o Projeto Tartarugas Marinhas do Uruguai – Karumbé propôs aos pesquisadores destes três países a formação de uma rede, com os seguintes objetivos: • Divulgar informação científica sobre a biologia, conservação e reabilitação das tartarugas marinhas, assim como padronizar metodologias de trabalho e protocolos científicos entre os diversos projetos que trabalham na área, para melhorar as práticas de manejo e pesquisa e a capacidade comparativa entre os estudos; • Proporcionar um ambiente integrador para consolidar as ações que têm sido realizadas por projetos e organizações no trabalho com tartarugas marinhas no ASO, organizar ações conjuntas que ampliem os esforços e os resultados em prol da conservação das tartarugas e fortalecer a integração e a colaboração entre pesquisadores e instituições de cada região; • Formular ações de caráter regional que sejam necessárias para a conservação das tartarugas marinhas, e um mecanismo de coordenação para sua implementação, de maneira que complementem as ações já desenvolvidas individualmente pelos atores na região. • Desenvolver e propor estratégias para o setor pesqueiro, o qual está relacionado aos três países, com o objetivo de diminuir a captura incidental de tartarugas marinhas sem desvantagens a pesca, ou mesmo com o aumento da produtividade e rentabilidade da atividade pesqueira
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Reuniões Anteriores
Como marco inicial da rede ASO, em outubro de 2003 foi realizada a I Reunião de Investigação e Conservação de Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental (ASO). Esta reunião foi realizada em Montevidéu – Uruguai sob a coordenação do Projeto Karumbé e teve como resultados a apresentação das atividades de grupos que trabalham com pesquisa e conservação na região e a sistematização da coleta de dados e metodologia de trabalho. Em outubro de 2004 foi realizada em San Clemente do Tuyú – Argentina a II Reunião de Investigação e Conservação de Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental (ASO), com a coordenação do Programa Regional de Investigação e Conservação de Tartarugas Marinhas da Argentina – PRICTMA. Nesta reunião estiveram presentes representantes de ONGs, instituições governamentais da área de meio ambiente e universidades. O principal resultado desta reunião foi a elaboração de recomendações aos governos dos três países para que integrassem e implementassem os acordos internacionais de proteção das tartarugas marinhas. A III Reunião da Rede ASO foi realizada na Praia do Cassino em Rio Grande/RS, Brasil, entre os dias 12 e 15 de novembro em Rio Grande - RS , sendo que para esta reunião o período foi dividido em Reunião ASO (12 e 13 de novembro) e a realização da II Jornada de Conservação e Pesquisa de Tartarugas Marinhas no Atlântico Sul Ocidental (14 e 15 de novembro). O evento foi realizado pelo Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental – NEMA com o apoio do Projeto Tamar. Os temas abordados em seminários específicos foram: Educação Ambiental, Pesca, Reabilitação e Pesquisa. Foram realizadas apresentações orais das atividades desenvolvidas e principais resultados obtidos no período pelas instituições integrantes da Rede ASO, uma mesa-redonda sobre a interação entre animais marinhos (tartarugas, albatrozes e petréis, mamíferos marinhos e tubarões) e a pescaria de espinhel pelágico e a divulgação de trabalhos científicos, a partir da apresentação de painéis que tratavam sobre captura incidental, encalhes, reabilitação de tartarugas marinhas e ações de educação ambiental. A IV Reunião da Rede ASO e a III Jornada de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas do ASO obedeceram à diretriz de serem realizadas a cada dois anos e foram sediadas em Piriápolis, Uruguai, entre 26 e 30 de outubro de 2007, sob coordenação do Projeto Karumbé. A Jornada (26 e 27/10) teve como destaque o número, a qualidade e a diversidade dos trabalhos apresentados (6 teses, 8 apresentações orais e 36 pôsteres) relacionados diretamente com a conservação das tartarugas marinhas. A IV Reunião da Rede ASO permitiu a atualização conceitual e metodológica e o compartilhamento entre os membros da Rede. Foram discutidos e atualizados os seguintes temas: avaliação das reuniões anteriores da Rede ASO, evolução e produtos elaborados no período; apresentação dos resultados das ações desenvolvidas no período entre as reuniões; criação do estatuto da Rede.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Um dos seminários abordou a questão das capturas incidentais (bycatch) de tartarugas marinhas (estimativas de captura e uso de SIG) e gerou uma importante ferramenta para suporte à pesquisa e conservação: o Sistema de Informação Geográfica para suporte aos estudos sobre Captura Incidental de Tartarugas Marinhas na Pesca Oceânica no ASO (SIG ASO Tortugas), contendo a sobreposição de dados oceanográficos, pesca e dados biológicos de ocorrência e captura dos animais ao longo do tempo, contribuindo assim para se estabelecer análises e correlações entre as variáveis ambientais e a ocorrência e captura de tartarugas marinhas no Atlântico Sul Ocidental. Esta ferramenta tem contribuído para aumentar a integração das diversas instituições que atuam na Rede ASO, pois proporciona o compartilhamento de informações entre elas, subsidiando as tomadas de decisão e otimizando os esforços de conservação das espécies. O sistema é um arquivo digital, disponibilizado através um CD para as instituições dos três países. A última edição da Rede foi realizada na Argentina, na cidade de Mar Del Plata entre 30 de setembro e 3 de outubro de 2009, incluindo tanto a V Reunião da Rede quanto a IV Jornada científica. A organização esteve à cargo do Programa Regional de Investigação e Conservação de Tartarugas Marinhas da Argentina – PRICTMA. O evento cumpriu seu papel de fortalecer e consolidar as estratégias para a conservação das tartarugas marinhas a nível regional e internacional. Nessa edição participaram mais de 300 especialistas de Brasil, Uruguai e Argentina. Cumprindo compromisso assumido em Mar Del Plata em 2009, o Projeto Tamar organizou a presente edição desta que é a VI Reunião de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental e V Jornada de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental, realizadas de 27 a 30 de novembro de 2011 na cidade de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil
REDE ASO Gilberto Sales - Presidente Eron Paes e Lima - Vice-Presidente Ana Cristina V. Bondioli - Representante do Brasil e Secretariado Andrés Estrades - Representante do Uruguai Maria Noel Caraccio - Representante do Uruguai Julian Andrejuk - Representante da Argentina Diego Albareda - Representante da Argentina Fernando Niemeyer Fiedler - Secretariado Gustavo David Stahelin - Secreteriado Adjunto
COMISSÃO ORGANIZADORA Camila Domit Camila Trentin Cegoni Eron Paes e Lima Fernando Niemeyer Fiedler Gilberto Sales Gustavo David Stahelin Juçara Wanderlinde
COMITÊ CIENTÍFICO Andrés Domingo - DINARA/Uruguay Cecília Lezama – KARUMBÉ/Uruguay Juliana de Azevedo Barros – NEMA/Brasil Laura Veja – UNMdP/Argentina Leandro Bugoni – FURG/Brasil (Coordenador) Paulo César Rosito Barata – FIOCRUZ/Brasil Victoria Gonzáles Carman – INIDEP/Argentina
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil
PATROCÍNIO Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq Fundação Pró-TAMAR Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio APOIO Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC REALIZAÇÃO Projeto TAMAR/ICMBio Fundação Pró-TAMAR
AGRADECIMENTOS Gostaríamos de agradecer aos representantes da Rede ASO - Ana Cristina Vigliar Bondioli (Brasil), Andrés Estrades e Maria Noel Caraccio (Uruguai), Diego Albareda e Julian Andrejuk (Argentina), pelo auxílio aos assuntos e contatos da Rede nos respectivos países, ao comitê científico pelo empenho na avaliação dos resumos, a Laura Prosdocimi pela tradução dos documentos, Ugo Eichler Vercilio e Fernanda Machado Paula Soares do ICMBio pelo apoio e grande agilidade, aos patrocinadores e apoiadores, a todos integrantes da Rede ASO e demais convidados que consideraram esse evento importante e acreditaram na sua realização. Muito obrigado!!!
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil SUMÁRIO
Título/Autores
Página
VARIAÇÃO LATITUDINAL NA DISTRIBUIÇÃO DO TAMANHO DE TARTARUGAS-VERDES (Chelonia mydas) AO LONGO DE PARTE DA COSTA LESTE DA AMÉRICA DO SUL. Barata et al.
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TEMPERATURA CORPORAL DE JUVENIS DE TARTARUGA-VERDE Chelonia mydas E SUA CORRELAÇÃO COM A TEMPERATURA SUPERFICIAL DO MAR NA ÁREA DE ALIMENTAÇÃO CERRO VERDE, URUGUAI. Martinez-Souza et al.
23
TARTARUGAS MARINHAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL: DIVERSIDADE, DISTRIBUIÇÃO, SAZONALIDADE E AMEAÇAS. Reis et al.
27
Once años de varamientos de tortugas marinas en Uruguay: Resultados preliminares. Vélez-Rubio et al.
30
causas de mortalidad en juveniles de Chelonia mydas en el Área costero marina Protegida “Cerro Verde e Islas de La Coronilla”, Uruguay. Alonso y Vélez-Rubio.
35
ENCALHES DE TARTARUGAS MARINHAS NO LITORAL SUL DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. Silva et al.
39
ESTIMATIVA DE IDADE PARA TARTARUGAS-VERDES (Chelonia mydas) DA REGIÃO DE CANANÉIA, SP, BRASIL. Maistro et al.
43
PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO E CONCENTRAÇÃO DE METAIS EM TECIDOS DE TARTARUGASVERDES (Chelonia mydas) ORIUNDAS DE ENCALHES NA COSTA SUL DO RS. Silva et al.
47
INGESTÃO DE RESÍDUOS INORGÂNICOS POR Chelonia mydas NA ÁREA DE ALIMENTAÇÃO DO COMPLEXO ESTUARINO LAGUNAR DE CANANÉIA – SÃO PAULO, BRASIL. Bezerra e Bondioli.
51
AVALIAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM ÁREAS DE ALIMENTAÇÃO DE Chelonia mydas (LINNAEUS 1758), NO COMPLEXO ESTUARINO DE PARANAGUÁ, BRASIL. Moura et al.
55
INGESTÃO DE MATERIAL ANTROPOGÊNICO POR Chelonia mydas NO LITORAL DE UBATUBA, SP. Silva et al.
58
INGESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS POR JUVENIS DE Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) NO LITORAL NORTE E MÉDIO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. Rigon e Trigo.
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El impacto de los desechos antrópicos en individuos juveniles de tortuga verde (Chelonia mydas), Cerro Verde, Uruguay. Murman et al.
65
Reabilitação de uma tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) com traumatismo craniano no Centro de Recuperação de Animais Marinhos – CRAM – FURG. Bruno et al.
69
PANORAMA DO RECEBIMENTO DE TARTARUGAS MARINHAS PELO CERAM (CECLIMAR/IB/ UFRGS) ENTRE AGOSTO 2008 E AGOSTO DE 2011. Tavares et al.
72
Tartarugas Verdes (Chelonia mydas) recebidas no Centro de Recuperação de Animais Marinhos (CRAM/FURG) e a ingestão de resíduos sólidos. Canabarro et al.
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INDICADORES BIOQUÍMICOS NUTRICIONAIS DE FÊMEAS DE Eretmochelys imbricata DURANTE O PERÍODO REPRODUTIVO. Goldberg et al.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil
ANÁLISE INTEGRADA DE MÚLTIPLOS ESTOQUES-MISTOS DE Chelonia mydas NO ATLÂNTICO E NO CARIBE. Santos e David Richardson.
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EVALUACIÓN DEL ESTADO DE LA TORTUGA VERDE (Chelonia mydas) MEDIANTE EL USO DE BIOMARCADORES DE GENOTOXICIDAD EN EL AREA PROTEGIDA “CERRO VERDE E ISLAS DE LA CORONILLA” PRÓXIMA AL CANAL ANDREONI. Borrat et al.
88
FIBROPAPILOMATOSE EM TARTARUGAS VERDES (Chelonia CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DO ChHV 5. Rodenbusch et al.
92
mydas)
DA BAHIA –
CASO CLÍNICO: INFECCIÓN CAUSADA POR Aeromonas sp. Ferrando et al.
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REGISTRO DE PARASITAS GASTROINTESTINAIS DE Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) NO LITORAL NORTE E MÉDIO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. Xavier et al.
98
Sulcascaris sulcata PARASITA DE Caretta caretta NA COSTA SUL DO RIO GRANDE DO SUL. Sardá et al.
102
ANÁLISE DA FAUNA EPIBIONTE DE JUVENIS DE Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) NO LITORAL NORTE E MÉDIO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. Fraga et al.
106
DETERMINAÇÃO SEXUAL E MATURAÇÃO GONADAL DE FÊMEAS DA TARTARUGA-VERDE (Chelonia mydas) e TARTARUGA-CABEÇUDA (Caretta caretta) NO EXTREMO SUL DO BRASIL. Duarte et al.
109
ESTUDO HISTOMORFOLÓGICO DAS ARTÉRIAS AORTA DE Chelonia mydas. Braz et al.
112
ESTUDO CRANIOMÉTRICO DE TARTAUGA-VERDE (Chelonia mydas) NO LITORAL DO ESTADO DO PARANÁ, SUL DO BRASIL. Coelho et al.
115
DIMORFISMO SEXUAL EM JUVENIS DE TARTARUGA-VERDE, Chelonia mydas (LINNAEUS 1758): UMA ANÁLISE MORFOMÉTRICA. Coelho et al.
119
Caretta caretta NO LITORAL DO PARANÁ, SUL DO BRASIL. Montanini et al.
123
DIETA DA TARTARUGA-CABEÇUDA (Caretta caretta) EM AMBIENTES OCEÂNICO E NERÍTICO NO SUL DO BRASIL. Barros et al.
126
REGISTRO DE OCORRÊNCIA DA TARTARUGA Caretta caretta NA RESERVA BIOLÓGICA DO ATOL DAS ROCAS, BRASIL. Silva et al.
130
OCORRÊNCIA DE TARTARUGAS-DE-PENTE (Eretmochelys imbricata) NOS ARQUIPÉLAGOS DE ABROLHOS (BA) E SÃO PEDRO E SÃO PAULO (RN), BRASIL. Proietti e Secchi.
133
REGISTROS NÃO REPRODUTIVOS DE TARTARUGAS MARINHAS NA REGIÃO LITORÂNEA DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DELTA DO PARNAÍBA. Paiva-Silva et al.
137
REGISTRO DE ENCALHES DE TARTARUGAS MARINHAS NA BAIXADA SANTISTA-SP. Fernandes et al.
141
RESIDÊNCIA DE TARTARUGAS MARINHAS DA ESPÉCIE Chelonia mydas NA REGIÃO COSTEIRA DE ITAIPU, NITERÓI - RJ, BRASIL. Gitirana et al.
145
TELEMETRIA POR SATÉLITE DE UM MACHO ADULTO DE TARTARUGA-CABEÇUDA Caretta caretta NO LITORAL SUL DO BRASIL. Goldberg et al.
148
MONITORAMENTO DAS VARIAÇÕES ESPAÇO-TEMPORAIS EM ÁREAS DE ALIMENTAÇÃO DA TARTARUGA-VERDE Chelonia mydas NO COMPLEXO ESTUARINO DE PARANAGUÁ, PR, BRASIL. Leis et al.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil
AGREGACIÓN DE TORTUGAS LAÚD (Dermochelys coriacea) AL SUR DEL PARALELO 40°S. Svendsen et al.
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ERRATA: ESTE RESUMO FOI REMOVIDO, A PEDIDO DO AUTOR - COMISSÃO ORGANIZADORA
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PESCA INCIDENTAL DE TORTUGAS MARINAS EN LA ZONA ESTUARINA INTERNA DEL RÍO DE LA PLATA, URUGUAY. Viera et al.
163
INTERAÇÃO DE TARTARUGAS MARINHAS COM AS PESCARIAS DE REDE DE EMALHE NO MUNICÍCIPO DE BARRA VELHA, SC, BRASIL. Pazeto et al.
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INFLUÊNCIA DA LUMINOSIDADE NA CAPTURA INCIDENTAL DE TARTARUGAS VERDES (Chelonia mydas) E DE PEIXES NAS REDES DE EMALHE COSTEIRA EM UBATUBA/SP. OttoniNeto et al.
171
CAPTURAS INCIDENTAIS DE TARTARUGAS MARINHAS EM CURRAIS DE PESCA MONITORADOS EM ALMOFALA/CEARÁ 2010. Melo e Lima.
175
¿ENCUENTRO CASUAL? Chelonia mydas y Dermochelys coriacea CAPTURADAS POR LA PESQUERÍA ARTESANAL EN BAJOS DEL SOLÍS, URUGUAY. Rivas e Lezama.
179
CAPTURA INCIDENTAL DE TARTARUGAS MARINHAS NA PESCA COSTEIRA DE MÉDIA ESCALA DO LITORAL SUL DO BRASIL. Steigleder et al.
183
PERCEPÇÃO DE PESCADORES ARTESANAIS DO LITORAL SUL DO BRASIL SOBRE AS TARTARUGAS MARINHAS: PESCA E SEUS CONFLITOS. Steigleder et al.
187
Acões de difusão dos anzóis circulares como medida mitigadora na frota espinheleira de Itaipava/ES. Júnior et al.
191
USOS DE LAS TORTUGAS MARINAS EN URUGUAY. Morabito et al.
195
“NEM TUDO QUE CAI NA REDE É PEIXE”. Lima et al.
198
PROJETO “CORREDOR MARINHO BRASIL-URUGUAY”: UMA INICIATIVA BINACIONAL DE PESQUISA, EXTENSÃO E CAPACITAÇÃO NO ATLÂNTICO SUL OCIDENTAL. Martinez-Souza.
202
KARUMBÉ 2011: AVANCES EN LA CONSERVACIÓN DE LAS TORTUGAS MARINAS EN URUGUAY. Estrades.
205
TARTARUGAS AO MAR: UM MERGULHO NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Barros et al.
208
ACTIVIDADES DE EXTENSIÓN DE LA BASE CIENTÍFICA DE KARUMBÉ EN CERRO VERDE, URUGUAY, AL LARGO DE 2010-2011. Martinez-Souza et al.
211
TARTARUGAS MARINHAS (TESTUDINE: CHELONIIDAE): ESPÉCIE-BANDEIRA COMO FERRAMENTA PARA CONSERVAÇÃO EM UBATUBA, LITORAL NORTE DE SÃO PAULO. Gusmão e Schlindwein.
214
Sessão Especial APRENDIENDO A TRABAJAR EN RED BUSCANDO LA EFECTIVIDAD DE LAS ACCIONES DE CONSERVACIÓN EN LA REDUCCION DE LA PESCA INCIDENTAL DE TORTUGAS MARINAS EN EL PACIFICO ORIENTAL. Andraka et al.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil VARIAÇÃO LATITUDINAL NA DISTRIBUIÇÃO DO TAMANHO DE TARTARUGAS-VERDES (Chelonia mydas) AO LONGO DE PARTE DA COSTA LESTE DA AMÉRICA DO SUL
Paulo C. R. Barata1, Victoria González Carman2,3, Alexsandro S. dos Santos4, Ana Cristina V. Bondioli5, Antonio de P. Almeida6, Armando J.B. Santos4, Augusto Cesar C. D. da Silva6, Berenice M. G. Gallo4, Bruno de B. Giffoni4, Camila Domit7, Cecília Baptistotte6, Claudio Bellini6, Clenia M. P. Batista8,9, Daiana P. Bezerra5, Danielle S. Monteiro10, Diego Albareda3,11, Eduardo H.S.M. Lima4, Eron Paes e Lima6, Flávia Guebert-Bartholo12, Gilberto Sales6, Gustave G. Lopez4, Gustavo D. Stahelin4, Ignacio Bruno3, Jaqueline C. de Castilhos4, João C. A. Thomé6, Jorge A. A. Nunes4, José Henrique Becker4, Juçara Wanderlinde4, Liana Rosa13, Maria A. Marcovaldi6, Maria Thereza D. Melo4, Rita Mascarenhas8, Sérgio C. Estima10, e Eugenia Naro-Maciel14
Fundação Oswaldo Cruz, Rua Leopoldo Bulhões 1480-8A, 21041-210 Rio de Janeiro – RJ, Brasil (paulo. barata@ensp.fiocruz.br). 1
Instituto Nacional de Investigación y Desarrollo Pesquero – CONICET, Paseo Victoria Ocampo nro. 1 (7600), Mar del Plata, Argentina.
2
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Aquamarina–CECIM – PRICTMA, Del Sauce 748 (7167), Pinamar, Argentina.
4
Fundação Pró-Tamar, Rua Rubens Guelli 134 sala 307 – Itaigara, 41815-135 Salvador – BA, Brasil.
Projeto Tartarugas, Instituto de Pesquisas Cananéia – IPeC, Rua Tristão Lobo 199, 11990-000 Cananéia – SP, Brasil.
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6
Projeto Tamar-ICMBio, Caixa Postal 2219 – Rio Vermelho, 41950-970 Salvador – BA, Brasil.
Laboratório de Ecologia e Conservação, Centro de Estudos do Mar, Universidade Federal do Paraná, Av. Beira Mar s/n – Pontal do Sul, Cx. Postal 50.002, 83255-000 Pontal do Paraná – PR, Brasil.
7
Associação Guajiru: Ciência–Educação–Meio Ambiente, Av. Oceano Atlântico s/n – Intermares, 58310-000 Cabedelo – PB, Brasil.
8
Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, Universidade Estadual da Paraíba, Campus V, Rua Horácio Trajano de Oliveira s/n – Cristo Redentor, 58020-540 João Pessoa – PB, Brasil.
9
Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental – NEMA, Rua Maria Araújo 450 – Cassino, 96207-480 Rio Grande – RS, Brasil.
10
Acuario del Jardín Zoológico de Buenos Aires – PRICTMA, República de la India 2900 (1425), Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina.
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12
Pós-Graduação em Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco, 50740-550 Recife – PE, Brasil.
13
Pós-Graduação em Ecologia e Evolução, Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
20550-013 Rio de Janeiro – RJ, Brasil. 14
Biology Department, College of Staten Island, City University of New York, Staten Island, NY 10314, USA.
Palavras-chave: biogeografia, estágios ontogenéticos, áreas de alimentação, conservação, Atlântico Sul Ocidental.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Introdução As tartarugas-verdes (Chelonia mydas), após o nascimento nas praias de desova e um período de alguns anos na zona oceânica do mar, realizam, quando juvenis pequenas, uma mudança para a zona nerítica (Musick e Limpus 1997). A transição da zona oceânica para a zona nerítica e a distribuição geográfica de juvenis e adultos pelas áreas de alimentação costeiras ainda são insuficientemente conhecidas, assim como os fatores que as definem. O conhecimento destes aspectos da história natural das tartarugas-verdes, além de nos permitir um melhor entendimento da sua biologia populacional, tem implicações para a conservação da espécie, por possibilitar o estabelecimento de relações mais claras entre áreas geográficas, estágios ontogenéticos das tartarugas, fatores ambientais ou de outra ordem e ações de conservação. A tartaruga-verde atualmente está classificada como Ameaçada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). A tartaruga-verde tem ampla distribuição na costa leste da América do Sul (Pritchard 1976; Marcovaldi e Marcovaldi 1999; González Carman et al. 2011). Este trabalho tem como objetivo analisar a variação, em larga escala, da distribuição do tamanho (medido pelo comprimento curvo da carapaça, CCC) das tartarugas-verdes ao longo de parte da costa leste da América do Sul, com dados obtidos em áreas costeiras, com vistas a uma melhor compreensão da biogeografia da espécie na região.
Metodologia A área de estudo vai da latitude 2,93°S (Ceará, norte do Brasil) à latitude 42,57°S (norte da Patagônia, Argentina); a extensão de litoral coberta é de aproximadamente 6500 km (Fig. 1). O período de estudo vai de 1 de junho de 2005 a 31 de maio de 2010. Foram analisados registros de tartarugas encalhadas, observadas boiando na água ou capturadas incidentalmente em pesca costeira. Foram excluídos das análises: (1) registros reprodutivos em praias de desova, incluindo as três principais áreas de desova da tartaruga-verde no Brasil: Trindade, Atol das Rocas e Fernando de Noronha; (2) registros não-reprodutivos (encalhes, capturas, etc.) obtidos nestas três áreas reprodutivas; (3) capturas incidentais em pesca por espinhéis ou redes de deriva (ocorrem geralmente fora da área costeira); (4) capturas intencionais (por pesquisadores) por meio de mergulho, redes de espera ou outras artes de pesca. Para tartarugas marcadas, as recapturas foram excluídas das análises. A metodologia desta pesquisa será apresentada em detalhe em artigo futuro.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil
Figura 1. Mapa da América do Sul e Oceano Atlântico. Os círculos pretos indicam os locais das amostras. Brasil: 1 = oeste do Ceará, 2 = Rio Grande do Norte, 3 = Paraíba, 4 = Alagoas, 5 = Sergipe, 6 = norte da Bahia, 7 = norte do Espírito Santo, 8 = sul do Espírito Santo, 9 = norte do Rio de Janeiro, 10 = norte de São Paulo, 11 = sul de São Paulo, 12 = Paraná, 13 = Santa Catarina, 14 = sul do Rio Grande do Sul; Argentina: 15 = San Clemente, 16 = Bahía Blanca, 17 = norte da Patagônia. Os triângulos indicam áreas de desova de Chelonia mydas mencionadas no texto. O mapa de base for produzido pelo Maptool (www.seaturtle.org). As análises estatísticas foram realizadas com o programa R 2.13.1 (R Development Core Team 2011). A relação entre CCC e latitude (Fig. 2) foi analisada por meio de regressões não-paramétricas por quantis (Koenker 2005), utilizando o pacote quantreg do programa R.
Resultados e Discussão O CCC das tartarugas variou entre 8 e 140 cm (N = 12.247). A distribuição do CCC segundo a latitude está apresentada na Fig. 2. Pode ser observado nesta figura: (1) há uma variação sul–norte na distribuição do CCC: a amplitude do CCC aumenta do sul para o norte (a distribuição vai se “alargando” nesta direção); no extremo sul (ao sul da latitude 35°S, Argentina) existem essencialmente tartarugas entre 30 e 50 cm, e à medida que vamos para o norte há tartarugas cada vez menores e também cada vez maiores; (2) tartarugas com CCC > 100 cm, de forma geral adultas, ocorrem essencialmente ao norte da latitude 15°S (Bahia); (3) juvenis pequenas (CCC < 20 cm aproximadamente) ocorrem ao norte da latitude 15°S; (4) juvenis com CCC entre 20 e 100 cm ocorrem ao longo de toda a área de estudo.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil
Figura 2. Chelonia mydas, comprimento curvo da carapaça (CCC) por latitude, do sul para o norte, leste da América do Sul, 1 de junho de 2005 a 31 de maio de 2010 (N = 12.247). As curvas são regressões nãoparamétricas por quantis, conforme a coluna de números à direita: curvas pontilhadas = quantis 0,05 e 0,95; curvas tracejadas = quantis 0,25 e 0,75; curva contínua = quantil 0,50 (mediana). As linhas horizontais indicam os CCCs de 20 e 100 cm.
A Fig. 2 sugere que existe uma continuidade no processo de distribuição geográfica das tartarugasverdes ao longo da costa leste da América do Sul, o que é compatível com análises genéticas da estrutura populacional de juvenis desta espécie na região, que apontam origens comuns para os indivíduos ali encontrados, principalmente Ascension Island e Suriname, com contribuições variadas de outras áreas, inclusive Trindade (Fig. 1; Naro-Maciel et al. 2007; Proietti et al. 2009; Naro-Maciel et al. dados não publicados). A continuidade mencionada acima sugere hipóteses quanto ao processo de recrutamento das tartarugasverdes para a zona nerítica e sua posterior distribuição pela região costeira da área de estudo. A hipótese preliminar mais imediata parece ser que o recrutamento ocorreria principalmente na região norte, possivelmente devido a uma combinação de condições de correntes marinhas, proximidade de áreas de desova, temperatura do mar e disponibilidade de alimento, com subseqüentes deslocamentos, ao menos por parte das tartarugas, para o sul e posteriormente para o norte, onde vivem as tartarugas subadultas e adultas – o norte do Brasil é área de alimentação de tartarugas-verdes adultas que desovam em Ascension, Suriname, Guiana Francesa e possivelmente Caribe (Pritchard 1976; Mortimer e Carr 1987; Lima et al. 2008). A análise da variação da distribuição do CCC não só em relação à latitude mas também em relação às estações do ano e a fatores ambientais possivelmente nos permitirá avaliar esta ou outras hipóteses a respeito do recrutamento e da distribuição geográfica. Os resultados aqui apresentados devem ser vistos dentro da perspectiva de que foram obtidos com base em dados coletados oportunisticamente em atividades de rotina de programas de conservação, e não através de amostragens planejadas.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Referências Bibliográficas González-Carman, V., K.C. Álvarez, L. Prosdocimi, M.C. Inchaurraga, R.G. Dellacasa, A. Faiella, C. Echenique, R. González, J. Andrejuk, H.W. Mianzan, C. Campagna, e D.A. Albareda. 2011. Argentinian coastal waters: a temperate habitat for three species of threatened sea turtles. Marine Biology Research 7:500-508. Koenker, R. 2005. Quantile Regression. Cambridge University Press, Cambridge, UK. Lima, E.H.S.M., M.T.D. Melo, M.M. Severo, e P.C.R. Barata. 2008. Green turtle tag recovery further links northern Brazil to the Caribbean region. Marine Turtle Newsletter 119:14-15. Marcovaldi, M.A., e G.G. dei Marcovaldi. 1999. Marine turtles of Brazil: the history and structure of Projeto TAMARIBAMA. Biological Conservation 91:35-41. Mortimer, J.A., e A. Carr. 1987. Reproduction and migrations of the Ascension Island green turtle (Chelonia mydas). Copeia 1987:103-113. Musick J.A., e C.J. Limpus. 1997. Habitat utilization and migration in juvenile sea turtles. Páginas 137-163 in Lutz, P.L., e J.A. Musick (Eds.), The biology of sea turtles. CRC Press, Boca Raton, USA. Naro-Maciel, E., J.H. Becker, E.H.S.M. Lima, M.A. Marcovaldi, e R. DeSalle. 2007. Testing dispersal hypotheses in foraging green sea turtles (Chelonia mydas) of Brazil. Journal of Heredity 98:29-39. Pritchard, P.C.H. 1976. Post-nesting movements of marine turtles (Cheloniidae and Dermochelyidae) tagged in the Guianas. Copeia 1976: 49-754. Proietti, M.C., P. Lara-Ruiz, J.W. Reisser, L. da S. Pinto, O.A. Dellagostin, e L.F. Marins. 2009. Green turtles (Chelonia mydas) foraging at Arvoredo Island in Southern Brazil: genetic characterization and mixed stock analysis through mtDNA control region haplotypes. Genetics and Molecular Biology 32:613-618. R Development Core Team. 2011. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria [www.R-project.org].
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil TEMPERATURA CORPORAL DE JUVENIS DE TARTARUGA-VERDE Chelonia mydas E SUA CORRELAÇÃO COM A TEMPERATURA SUPERFICIAL DO MAR NA ÁREA DE ALIMENTAÇÃO CERRO VERDE, URUGUAI
Gustavo Martinez-Souza1,2,3, Mauro Russomagno2, Bruno Techera2, Gabriela Velez2, Igor Monteiro4, e Paul G. Kinas5
1 Programa de Pós-Graduação em Oceanografia Biológica, Universidade Federal do Rio Grande – FURG. CP 474, CEP 96.201-900, Rio Grande, RS, Brasil. (souza_oceano@yahoo.com.br) 2
Karumbé, Avda. Gral Rivera 3245, CP 11200, Montevideo, Uruguay.
3
Projeto da Tartaruga no Sul de Santa Catarina. CEP 88780-000, Praia de Itapirubá, Imbituba, SC, Brasil.
Laboratório de Oceanografia Física – Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande – FURG. CP 474, CEP 96.201-900, Rio Grande, RS, Brasil. 4
Instituto de Matemática, Estatística e Física – IMEF, Universidade Federal do Rio Grande – FURG. CP 474, CEP 96.201-900, Rio Grande, RS, Brasil.
5
Palavras-chave: baixas temperaturas, médias latitudes, hipotermia.
Introdução A tartaruga-verde Chelonia mydas, catalogada como “em perigo de extinção” na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN 2010), é uma espécie circumglobal de hábitos herbívoros e costeiros após fase de desenvolvimento no ambiente oceânico-pelágico (Hirth 1997). Diversos projetos de conservação surgiram nos últimos 30 anos para avaliar os riscos e desenvolver medidas favoráveis à conservação das tartarugas marinhas no mundo. Porém, 90% das ações são realizadas em áreas de reprodução. A escassez de projetos desenvolvidos em áreas de alimentação com alto gradiente de temperatura ao longo do ano e baixas temperaturas (< 15oC) limita a informação sobre a resistência térmica corporal das tartarugas marinhas. A temperatura superficial do mar (TSM) pode influenciar o metabolismo e o nível de atividade das tartarugas marinhas (Moon et al. 1997). Adultos de tartaruga-verde apresentam temperaturas corporais (TCs) superiores à TSM, resultado de adaptação fisiológica que acarreta uma vantagem termal (Standora et al. 1982). Porém, juvenis de tartaruga-verde podem apresentar limitações em relação à TSM, diretamente relacionada à TC. Mendonça (1983) observou uma inibição alimentar em juvenis no Atlântico Norte quando as TCs estavam abaixo dos 18ºC, enquanto juvenis na Austrália a inibição ocorreu aos 14ºC, sugerindo que as populações de tartarugaverde do padrão genético Pacífico-Índico são mais resistentes a baixas temperaturas do que as populações do padrão genético Atlântico-Mediterrâneo (Read et al. 1996). Porém, as baixas temperaturas apresentadas na região de Cerro Verde, Uruguai, contradizem essa afirmativa. Apesar do mesmo padrão genético das tartarugas da Flórida, os limites observados na região assemelha-se aos observados na Austrália e Califórnia (Read et al. 1996; Koch et al. 2007).
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Juvenis de tartaruga-verde em Cerro Verde foram observados alimentando-se em temperaturas de até 14ºC e permaneceram na região durante o inverno (observação pessoal dos autores). Apesar da resistência a baixas temperaturas da água, esta influenciará diretamente a taxa de crescimento somático e suas condições corpóreas. Os objetivos deste trabalho são: (1) verificar a partir da TC, se o metabolismo e a atividade dos juvenis de tartaruga-verde em Cerro Verde está diretamente relacionada à TSM ou se existe uma adaptação fisiológica de ganho térmico que auxilie a resistência a baixas temperaturas; e (2) verificar a possivel influência da TSM na atividade de alimentação ou inibição alimentar e hipotermia ao longo dos últimos 5 anos.
Metodologia Juvenis de tartaruga-verde foram capturados intencionalmente através de redes de emalhe de 50 m de comprimento, 3,2 m de altura e 30 cm de malha entre-nós. A TC dos indivíduos foi registrada imediatamente após a captura, com um termômetro de mercúrio, lubrificado com vaselina, inserido de 5 a 10 cm na cloaca, onde foi mantido até a estabilização para leitura (2 a 3 minutos) (Read et al. 1996). O mesmo termômetro foi então utilizado para medir a TSM in situ, coletada a meia-água em uma profundidade de 1,5 a 2 m. Um modelo de regressão linear foi utilizado para correlacionar TC e TSM. Para verificar a possível influência da TSM na atividade de alimentação ou inibição alimentar e hipotermia nos juvenis de tartaruga-verde de Cerro Verde, foram coletados dados de TSM nos últimos cinco anos (2006 a 2010) através do OSTIA (Operational Sea Surface Temperature and Sea Ice Analysis - http://ghrsst-pp.metoffice. com/pages/latest_analysis/ostia.html), produto de TSM e concentração de gelo marinho. O produto final do OSTIA possui resolução temporal diária e espacial de aproximadamente 6 km. Os dados do OSTIA estão disponíveis on-line através de um servidor OPENDAP (Open-source Project for a Network Data Access Protocol). As temperaturas diárias foram classificadas em: ótimas para alimentação (>18ºC); vulneráveis à inibição alimentar (14ºC–18ºC), inibição alimentar e vulnerabilidade à hipotermia (10ºC–14ºC) e críticas a encalhes em massa por hipotermia (<10ºC).
Resultados e Discussão Foram obtidas a TC de 29 juvenis de tartaruga-verde, entre junho de 2010 e maio de 2011. A temperatura corporal variou de 14,9ºC, no inverno, a 26ºC, no verão. Conforme observado no modelo linear (Fig. 1), a TC está linearmente relacionada com a TSM (a = -0,65, b = 1,03, p < 2-16), sendo que mais de 98% da sua variação é explicado por essa variável (R2 = 0,986). Portanto, não há evidências indicando que os juvenis de tartaruga-verde de Cerro Verde apresentam adaptação fisiológica que acarrete uma vantagem termal, e que a TSM influencia diretamente o seu metabolismo e atividade.
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Figura 1. Relação entre Temperatura Corporal (TC) e Temperatura Superficial do Mar (TSM), ambos em graus Celsius (ºC) em indivíduos juvenis de tartaruga-verde, Chelonia mydas, capturados em Cerro Verde, Uruguai, entre 2006 e 2010.
Nos últimos 5 anos, as temperaturas em Cerro Verde acima de 18ºC, classificadas como ótimas para a alimentação e desenvolvimento, estiveram presentes em torno da metade dos dias em todos os anos (Fig. 2). As ocorrências de temperaturas vulneráveis à inibição alimentar variaram de 2 a 4 meses. As temperaturas entre 10ºC a 14ºC também foram observadas anualmente em mais de 20% dos dias. Nesse caso, quase uma estação do ano apresentou características ambientais não registradas anteriormente como viáveis à alimentação, sendo vulneráveis à hipotermia e consequentemente ao desenvolvimento dos juvenis. Temperaturas abaixo dos 10ºC, críticas a encalhes em massa por hipotermia não foram observadas em todos os anos. Porém, foram observadas em 2007 e 2009, sendo quase um terço do inverno de 2007.
Figura 2. Dados diários de Temperatura Superficial do Mar (ºC) na região de Cerro Verde, Uruguai, entre 206 e 2011, segundo OSTIA (Operational Sea Surface Temperature and Sea Ice Analysis).
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Num panorama geral, observamos que os juvenis encontraram condições ótimas ambientais para o desenvolvimento durante metade do ano e na outra metade, condições desfavoráveis ou suscetíveis à inibição alimentar. Assim, o crescimento dos juvenis de tartaruga-verde em Cerro Verde tem forte tendência a não apresentar um aspecto linear, assim como observado em Koch et al. (2007) em juvenis do Pacífico Norte. Neste caso, o desenvolvimento de um modelo de crescimento sazonal, adicionado a um modelo de crescimento anual, se faz necessário para a compreensão do desenvolvimento destes juvenis em médias latitudes do Atlântico Sul Ocidental. Por prolongado tempo, TSMs abaixo dos 10ºC podem causar hipotermia em grande parte do estoque presente, seguido de encalhes massivos. Essa reação hipotérmica, conhecida como “cold-stunning”, gerará um decrécimo na frequência cardíaca e na circulação sanguínea, seguida de choque, pneumonia e possivelmente o óbito. O monitoramento desses eventos proporcionam uma oportunidade única para obter informações sobre “cold-stunning” e o consequente impacto às populações de tartarugas marinhas (Witherington e Ehrhart 1989). Além do mais, a estratégia de hibernação, postulada como hipótese por Felger et al. (1976) pode ser observada e testada como uma estratégia de sobrevivência dos juvenis de tartaruga-verde para suportarem as temperaturas registradas na região. A descoberta desses eventos no Atlântico Sul fortalece a necessidade da realização de monitoramentos ao longo das quatro estações do ano.
Agradecimentos/Financiadores Os autores agradecem a equipe de técnicos e voluntários de Karumbé pelo apoio na coleta de dados e ao National Centre for Ocean Forecasting pelo OSTIA. Gustavo Martinez Souza agradece a CAPES pelo apoio financeiro.
Referências Bibliográficas Felger, R.S., K. Cliffton, e P.J. Regal. 1976. Winter dormancy in sea turtles: independent discovery and exploitation in the Gulf of California, México by two local cultures. Science 191:283-285. Hirth, H.F. 1997. Synopsis of the biological data on the green turtle Chelonia mydas (Linnaeus 1758). Biological Report 97:1-120. IUCN. 2010. IUCN Red List of Threatened Species. <www.iucnredlist.org>. Koch, V., L.B. Brook, e W.J. Nichols. 2007. Population ecology of the green/black turtle (Chelonia mydas) in Bahía Magdalena, Mexico. Marine Biology 153:35-46. Mendonça, M.T. 1983. Movements and feeding ecology of immature green turtles (Chelonia mydas) in a Florida lagoon. Copeia 1983:1013-1023. Moon, D.Y., D. Mackenzie, e D. Owens. 1997. Simulated hibernation of sea turtles in the laboratory: I. Feeding, breathing frequency, blood pH, and blood gases. Journal of Experimental Zoology 278:372-380. Read, M.A., G.C. Grigg, e C.J. Limpus. 1996. Body temperatures and winter feeding in immature green turtles, Chelonia mydas, in Moreton Bay, Southeastern Australia. Journal of Herpetology 30:262-265. Standora, E.A., J.R. Spotila, e R.E. Foley. 1982. Regional endothermy in the sea turtle, Chelonia mydas. Journal of Thermal Biology 7:159-165. Witherington, B.E., e L.M. Ehrart. 1989. Hypothermic stunning and mortality of marine turtles in the Indian River Lagoon system, Florida. Copeia 1989:696-703. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil TARTARUGAS MARINHAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL: DIVERSIDADE, DISTRIBUIÇÃO, SAZONALIDADE E AMEAÇAS.
Estéfane Cardinot Reis1, Jailson Fulgencio de Moura2, e Salvatore Siciliano2
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rua São Francisco Xavier 524, PHLC - Sala 205, CEP 20.550-013, Rio de Janeiro, RJ. (est.cardinot@gmail.com). 1
2
Grupo de Estudos de Mamíferos Marinhos da Região dos Lagos (GEMM-Lagos), ENSP/FIOCRUZ.
Palavras-chave: monitoramento, encalhes, interação antrópica, fibropapilomatose, Bacia de Campos.
Introdução No Brasil, ocorrem cinco espécies de tartarugas marinhas: Caretta caretta, Chelonia mydas, Eretmochelys imbricata, Lepidochelys olivacea e Dermochelys coriacea, e todas frequentam o litoral centro-norte do estado do Rio de Janeiro, Brasil (Marcovaldi e Marcovaldi 1999). Todas são consideradas ameaçadas de extinção em âmbito nacional e mundial, encontrando-se no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do MMA (Ministério do Meio Ambiente), na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN (International Union for Conservation of Nature) e no Apêndice I da CITES (Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora). Até o século XIX, as tartarugas marinhas foram abundantes nos mares tropicais e temperados. Entretanto, as pressões ambientais, causadas principalmente pela interferência antrópica através da exploração desordenada de recursos naturais e descaracterização de habitats, têm determinado a atual condição de ameaça às populações de tartarugas marinhas e de extinção de muitas delas (Lutcavage et al. 1997). Na Bacia de Campos, outro fator preocupante está associado aos possíveis impactos decorrentes das atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural (E&P) sobre a biodiversidade local, uma vez que o estado do Rio de Janeiro é responsável por mais de 80% da produção petrolífera do país (Agência Nacional do Petróleo 2011). As atividades de E&P, apesar de licenciadas e monitoradas, representam potenciais riscos ambientais, tais como vazamentos e derramamentos de substâncias derivadas de hidrocarbonetos do petróleo, extremamente danosas à saúde do ecossistema marinho. Além disso, o incremento do tráfego de embarcações e os adensamentos populacionais em função das atividades petrolíferas na região promovem uma degradação crônica do ambiente e maior ameaça à fauna marinha local (Silva et al. 2008). Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivos registrar a diversidade, distribuição e sazonalidade de tartarugas marinhas ao longo do litoral centro-norte do estado do Rio de Janeiro e investigar as principais ameaças a esses organismos na região. Além disso, com o intuito de avaliar a condição de saúde das tartarugas marinhas e do ambiente que frequentam, também foram avaliadas a interação com resíduos sólidos antropogênicos, casos de fibropapilomatose e a presença de agentes bacterianos das Famílias Vibrionaceae e Aeromonadaceae nos espécimes encalhados.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Metodologia Entre janeiro de 2009 e setembro de 2010, foram realizados monitoramentos de praia regulares na região compreendida entre Praia de Itaúna, Saquarema e Barra do Furado, Quissamã, pela equipe do Grupo de Estudos de Mamíferos Marinhos da Região dos Lagos (GEMM-Lagos). Esses monitoramentos foram realizados no âmbito do Projeto Habitats - Heterogeneidade Ambiental da Bacia de Campos, coordenado pelo CENPES/ PETROBRAS, e totalizaram cerca de 13.000 km de área percorrida. Também foi realizado um embarque, no primeiro semestre de 2009, através de plataforma de oportunidade. Adicionalmente, foram utilizadas informações prévias referentes ao encalhe de quelônios marinhos para esta área entre agosto de 2001 e dezembro de 2008. Os espécimes encontrados foram identificados quanto à espécie com base em padrões morfológicos descritos internacionalmente (Pritchard e Mortimer 2000). As medidas morfométricas foram tomadas conforme indicado em Wyneken (2001), sendo utilizadas para definir o estágio de vida. Indivíduos vivos ou em estado inicial de decomposição foram examinados em relação à presença de indícios de interação antrópica e de tumores externos indicativos de fibropapilomatose. Quando possível, os conteúdos gastrointestinais foram triados para avaliar a presença de resíduos. Além disso, foram coletadas amostras para análises bacteriológicas conduzidas pelo Laboratório de Referência Nacional de Cólera e outras Enteroinfecções Bacterianas (LRNCEB), FIOCRUZ, conforme metodologia descrita em Pereira et al. (2008). As proporções de ocorrência de espécimes foram comparadas por estação do ano, períodos chuvoso e seco, e com e sem ressurgência. A significância estatística dessas variações foi determinada através do teste de qui-quadrado.
Resultados e Discussão Entre 2001 e 2010, foram registradas 539 ocorrências de quelônios marinhos na região, sendo 528 de encalhes ao longo da costa centro-norte do estado do Rio de Janeiro, 10 de registros reprodutivos de C. caretta em Quissamã, e somente um de avistagem de indivíduo não identificado durante embarque na Bacia de Campos. Dos 539 indivíduos registrados, 74,4% foram de C. mydas, 9,1% de L. olivacea, 8,0% de C. caretta, 1,1% de E. imbricata, 2,4% de D. coriacea e 5,0% de espécimes não identificados. Desse total, 61% corresponderam a jovens, 3,3% a subadultos e 13,5% a adultos, sendo que não foi possível definir o estágio de vida de 22,1% dos espécimes. A maior abundância de jovens de C. mydas pode ser justificada pelo fato de que a espécie apresenta distribuição mais costeira, utilizando essas áreas para alimentação e desenvolvimento. A Bacia de Campos representa uma potencial zona de alimentação para tartarugas e outros organismos marinhos, tendo em vista a ocorrência do fenômeno de ressurgência em Arraial do Cabo e o aporte de matéria orgânica proveniente do Rio Paraíba do Sul. A presença de adultos de L. olivacea na região pode igualmente estar associada a esse fato ou à utilização da Bacia de Campos como parte da rota migratória para áreas de alimentação mais ao sul. A ocorrência de adultos de C. caretta está provavelmente relacionada à utilização da região norte do estado do Rio de Janeiro como sítio de desova dessa espécie. Finalmente, E. imbricata e D. coriacea foram menos abundantes possivelmente em virtude de suas preferências por habitats recifais e pelágicos, respectivamente. As ocorrências de tartarugas marinhas concentraram-se no inverno (N = 159), período seco (N = 332) e sem ressurgência (N = 255), nas penínsulas de Arraial do Cabo e Armação dos Búzios, além da área costeira ao sul da desembocadura do Rio Paraíba do Sul. No inverno, a predominância do vento sudoeste é responsável por deslocar as massas d’água superficiais em direção ao continente, favorecendo o encalhe de carcaças à deriva. A existência de uma zona de alimentação na região poderia explicar a maior concentração de organismos nessas áreas. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Foram reportados 72 casos evidentes de interação antrópica. A pesca, como causa direta ou indireta, foi responsável por 44,4% dos casos de interação antrópica, seguida pela interação com embarcações (29,2%) e com plástico (26,4%). No entanto, a importância da interação com resíduos sólidos antropogênicos é mais significativa ao considerarmos que 43,9% dos 41 conteúdos do trato gastrointestinal triados apresentaram material plástico. Somente 13 indivíduos apresentaram tumores indicativos de fibropapilomatose. No entanto, esta condição não pôde ser verificada na maioria dos espécimes em função de seu avançado estado de decomposição. Os casos concentraram-se na espécie C. mydas e geograficamente na península de Armação dos Búzios e adjacências. Tal distribuição poderia estar associada à maior presença de poluentes na região, fato que ainda deve ser investigado. Esta é uma condição preocupante e deve ser continuamente monitorada. Igualmente, a elevada incidência de agentes bacterianos dos gêneros Vibrio (88%) e Aeromonas (53%) e sua grande diversidade indicam a importância da vigilância epidemiológica e monitoramento microbiológico, além de reforçar a necessidade de implantação de programas de proteção ambiental na região. A coleta sistemática de informações de encalhe de quelônios marinhos na região centro-norte do estado do Rio de Janeiro é inédita, apresentando grande importância para o entendimento do uso da região pelas diferentes espécies, assim como para a maior compreensão acerca das principais ameaças a suas populações e consequente direcionamento de políticas mitigadoras. De forma geral, os resultados indicam que as tartarugas marinhas que frequentam a região sofrem a iminente ameaça da interação negativa com artes de pesca, resíduos sólidos antropogênicos, embarcações e poluição local, que revelam simultaneamente a degradação ambiental da região centro-norte fluminense e a necessidade de ações mitigadoras urgentes.
Agradecimentos Equipe GEMM-Lagos, LRNCEB-FIOCRUZ, Secretarias Municipais de Meio Ambiente, Corpos de Bombeiros, Colônias de Pesca e membros das comunidades locais.
Referências Bibliográficas Lutcavage, M.E., P. Plotkin, B. Witherington, e P.L. Lutz. 1997. Human impacts on sea turtle survival. Páginas 387-409 in Lutz, P.L., e J.A. Musick (Eds.). The biology of sea turtles. CRC Press, Florida. Pereira, C.S., S.D. Amorim, A.F.M. Santos, S. Siciliano, I.B. Moreno, P.H. Ott, e D.P. Rodrigues. 2008. Plesiomonas shigelloides and Aeromonadaceae family pathogens isolated from marine mammals of southern and southeastern Brazilian coast. Brazilian Journal of Microbiology 39:749-755. Pritchard, P.C.H., e J.A. Mortimer. 2000. Taxonomía, morfología externa e identificación de las especies. Páginas 23-44 in Eckert, K.L., K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, e M. Donnelly (Eds.). Técnicas de investigación y manejo para la conservación de las tortugas marinas. IUCN/SSC Publicación No. 4. Silva, J.M.C., R.L. Bozelli, L.F. Santos, e A.F. Lopes. 2008. Impactos Ambientais da Exploração e Produção de Petróleo na Bacia de Campos, RJ. IV Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade (Anppas), Brasília, DF, Brasil. Wyneken, J. 2001. The anatomy of sea turtles. National Oceanic and Atmospheric Administration, U.S. Department of Commerce, NOAA Technical Memorandum NMFS-SEFSC-470. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Once años de varamientos de tortugas marinas en Uruguay: Resultados preliminares.
Gabriela Vélez-Rubio1,2, Andrés Estrades1, Alejandro Fallabrino1, e Jesús Tomás2
1
Karumbé, Avda. Gral. Rivera 3245, CP 11200, Montevideo, Uruguay. (gaveru@alumni.uv.es)
2
Instituto Cavanilles, Universidad de Valencia Apdo. 22085, E-46071 Valencia, España.
Palabras-clave: Red varamientos, distribución espacial, conservación, pesquerías, contaminación.
Introducción La conservación de hábitats de alimentación se considera como una prioridad para el manejo y supervivencia de las tortugas marinas (Tomás et al. 2001 y referencias incluidas). Las aguas de Uruguay forman parte de una región importante para la alimentación y el desarrollo de varias especies de tortugas marinas en el Atlántico Sur Occidental (ASO). De las siete especies de tortugas marinas en el mundo, cinco están citadas para aguas uruguayas: Chelonia mydas (verde), Caretta caretta (cabezona), Lepidochelys olivacea (olivácea), Dermochelys coriacea (siete quillas) (Achaval 2001) y Eretmochelys imbricata (carey) (Estrades et al. 2007). Las dos primeras están catalogadas en peligro de extinción, la olivácea cómo vulnerable y las dos últimas en peligro crítico por la UICN (2011). Aunque las inferencias obtenidas de datos de varamientos están sujetas a diversos problemas, cuando se integra información procedente de una amplia extensión de costa y largos periodos de tiempo estos datos pueden proporcionar información sobre distribución, estacionalidad, amenazas, biología y ciclo vital de las tortugas marinas, en concreto para los estadios de vida poco representados en la literatura (Witt et al. 2007, Tomás et al. 2008). Los objetivos de este trabajo son describir la distribución espacial de los varamientos de tortugas marinas en la costa uruguaya en el periodo 1999-2010, identificar las zonas de alta densidad para las especies más frecuentes e inferir, de forma preliminar, las posibles causas de varamientos.
Metodología El área de estudio abarca toda la costa platense y oceánica de Uruguay, 710 km, desde Nueva Palmira (33º53´S, 58º25´O) hasta Barra del Chuy (33º44´S, 53º22´O), frontera con Brasil. Por las características de las masas de agua se puede dividir el área en: zona estuarina interior (350 km), de Nueva Palmira hasta Montevideo (34º52 ́S, 56º00´O), zona estuarina exterior (130 km), desde Montevideo hasta Punta del Este (34º58´S, 56º56´O), y zona atlántica (230 km, Desde Punta del Este hasta Barra del Chuy). Se registraron las tortugas marinas varadas entre 1999 y 2010 gracias a la Red de Varamientos creada por la ONG Karumbé. Se recibieron registros de particulares, pescadores, prefecturas locales, asociaciones locales, ONGs, y servicios de guardavidas. De cada varamiento se obtuvo fecha, ubicación y/o posición de GPS, especie, causa del varamiento y longitud curva del caparazón (LCC). Algunos de los varamientos se georreferenciaron con el programa Google Earth (Google Inc. 2009).
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil En la medida de lo posible, técnicos de Karumbé se desplazaron a los lugares del varamiento para realizar necropsias a fin de determinar la causa de muerte y tomar muestras para posteriores estudios. La distribución espacial de los varamientos se analizó mediante sistemas de información geográfica (SIG). Se analizó la densidad de tortugas varadas por especie en las zonas citadas y, dentro de éstas, por secciones de 10 km de costa. La información geopolítica digitalizada proviene del programa FREPLATA. Los mapas y análisis se realizaron con el programa ArcMap 10 (ESRI 2011). Adicionalmente se realizaron muestreos semanales de playas en el departamento de Rocha, principalmente en los meses estivales.
Resultados y Discusión Entre 1999 y 2010 se registraron por la Red de varamientos un total de 886 ejemplares de tortugas marinas, 520 (58,69%) verdes, 244 (27,54%) cabezonas, 118 (13,32%) siete quillas, 3 (0,34%) carey y 1 (0,11%) olivácea. Las dos últimas no se tuvieron en cuenta para los mapas de densidad por su baja incidencia. La zona atlántica presenta la mayor concentración de tortugas verdes (densidad media ± DT = 15,74 ± 30,88), seguida de la cabezona (7,61 ± 11,31) y la siete quillas (2,35 ± 2,26). Destaca el área norte de esta zona como punto de alta densidad de varamientos de las tres especies. Los ejemplares de carey y olivácea aparecieron también en esta zona. En el estuario, la zona exterior es la que presenta mayor concentración de varamientos de las tres especies (Tabla 1). En cambio, en la zona interior los varamientos son muy escasos debido probablemente a la baja densidad de tortugas, entre otras características, por la baja salinidad en esta zona.
Tabla 1. Densidad de varamientos (número de varamiento por 10 km de costa) por especie y por zona geográfica en la costa de Uruguay: (1) zona Río de la Plata interior; (2) zona Río de la Plata exterior; (3) Zona atlántica; N: número total de varamientos por especie en cada una de las zonas; DT: Desviación típica.
La tortuga verde es la especie con mayor densidad de varamientos en la costa uruguaya (7,15 ± 19,18). En estudios anteriores se identificó la costa uruguaya cómo un importante área de alimentación y desarrollo para los juveniles de C. mydas (Laporta et al. 2006), principalmente las zonas estuarina exterior y atlántica (Fig. 1). La tortuga siete quillas presenta mayor densidad en la zona estuarina exterior (4 ± 2,29). Aunque es una especie principalmente de ambientes oceánicos, López-Mendilaharsu et al. (2009) identificaron el estuario del Río de la Plata cómo un área de alimentación para esta especie, particularmente durante los meses cálidos (diciembre-abril). VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil La cabezona presenta una distribución uniforme en las zonas estuarina exterior y atlántica, destacando el elevado número de varamientos en la zona oriental del Departamento de Rocha, en la zona atlántica. En la zona atlántica encontramos más varamientos durante los meses cálidos; lo que coincide con los datos obtenidos por Monteiro (2004) en Rio Grande do Sul (Brasil). Para la zona estuarina el máximo se produce en otoño (marzo-junio).
Figura 1. Mapas de la costa de Uruguay, con los cinco departamentos costeros (Colonia, San José, Montevideo, Canelones, Maldonado y Rocha). En cada uno de los mapas se muestra la densidad, por secciones de 10 km, de varamientos de tortugas marinas registradas por la Red de Varamientos entre 1999 y 2010 para cada una de las especies: C. mydas (●), C. caretta (▲) y D. coriacea (■) (notar los diferentes rangos de número de varamientos). Las estrellas indican los principales puertos y asentamientos pesqueros (de Oeste a Este): Kiyú, Playa Pascual, Pajas Blancas, Montevideo, Buceo, Lagomar, Atlántida, San Luis, Piriápolis, Solis, Punta Fría, La Barra, Jose Ignacio, La Paloma, Cabo Polonio, Barra de Valizas y Punta del Diablo. Escala: 1:3.500.000. Sistema de coordenadas: GCS_WGS_1984.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil En la mayoría de los casos es difícil asociar la causa de varamiento, debido al estado de descomposición o bien a la imposibilidad de analizar directamente el ejemplar varado. Se identificó la causa de varamiento en 186 casos (21% del total, siendo 146 verdes, 23 cabezonas y 17 siete quillas). En éstos, la interacción con pesquerías ha sido una de las principales causas de varamiento detectadas (en verde el 20,5%; en cabezona el 26,1% y en siete quillas el 94,1% de los varamientos). Para la tortuga verde otra causa importante fue la obstrucción intestinal por ingestión de residuos sólidos, principalmente por plásticos (22% de 146 tortugas). El 89% de estos casos provienen de la zona atlántica. Otras causas de varamientos detectadas fueron, hipotermia y colisiones con embarcaciones. Aunque se observan variabilidad en los registros año a año, el número anual de varamientos presenta una correlación positiva con el tiempo; lo cual puede indicar que la Red, si bien mejora en su eficacia, aun no registra la totalidad de los varamientos que se producen. Esto se observa en el Departamento de Rocha (zona atlántica), donde Karumbé desarrolla muestreos de playas durante los meses cálidos. Tales muestreos registraron un total 221 varamientos que no fueron detectados por la red. Estas evidencias indican que la Red de varamientos aun no contempla el número total de varamientos en las costas uruguayas, y que precisa de una mayor difusión para mejorar su eficacia. Sin embargo, los datos obtenidos aportan importante información sobre el número de especies y su abundancia relativa, así como sobre las principales amenazas, en las diferentes zonas de la costa uruguaya.
Agradecimientos A los integrantes, técnicos y voluntarios de Karumbé. Agradecemos el apoyo de los siguientes proyectos: CGL2011-30413 del MICNN (España) y la acción especial UV-INV-AE11-42960 de la Universidad de Valencia. Permiso Fauna: 73/08.
Referências Bibliográficas Achaval, F. 2001. Actualización sistemática y mapas de distribución de los reptiles del Uruguay. Smithsonian Herpetological Information Service 129. ESRI. 2011. ArcGIS Desktop: Release 10. Redlands, CA: Environmental Systems Research Institute.
Estrades, A, M.N. Caraccio, F. Scarabino, e H. Caymaris. 2007. Presencia de la tortuga carey (Eretmochelys imbricata) en Uruguay. Página 51. Resúmenes III Reunión Sobre Investigación y Conservación de Tortugas Marinas del ASO. Piriápolis, Uruguay. Google Inc. 2009. Google Earth (versión 5.2.1.1588). International Union for Conservation of Nature (IUCN). 2011. Red list of threatened animals. Disponible en: http:// www.redlist.org. Acceso 31/07/2011. Laporta, M., P. Miller, M. Ríos, A. Bauzá, A. Aisenberg, M.A. Pastorino, e A. Fallabrino. 2006. Conservación y manejo de tortugas marinas en la zona costera uruguaya. Páginas 259-269. En Menafra R, Rodríguez-Gallego VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil L, Scarabino F y Conde D (Eds.). Bases para la conservación de la costa uruguaya. Vida Silvestre Uruguay, Montevideo. López-Mendilaharsu, M., C.F.D. Rocha, P. Miller, A. Domingo, e L. Prosdocimi. 2009. Insights on leatherback turtle movements and high use areas in the Southwest Atlantic Ocean. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 378:31-39. Monteiro DS. 2004. Encalhes e interação de tartarugas marinhas com a pesca no litoral do Rio Grande do Sul. Monografia (Graduação em Biologia). FURG. Tomás, J., F.J. Aznar, e J.A. Raga. 2001. Feeding ecology of the loggerhead turtle Caretta caretta in the western Mediterranean. Journal of Zoology, London 255:525-532. Tomás, J., P. Gozalbes, J.A. Raga, e B.J. Godley. 2008. Bycatch of loggerhead sea turtles: insights from 14 years of stranding data. Endangered Species Research 5:167-169. Witt, M.J., R. Penrose, e B.J. Godley. 2007. Spatio-temporal patterns of juvenile marine turtle occurrence in waters of the European continental shelf. Marine Biology 151:873-885.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil causas de mortalidad en juveniles de Chelonia mydas en el Área costero marina Protegida “Cerro Verde e Islas de La Coronilla”, Uruguay
Luciana Alonso1,*, y Gabriela Vélez-Rubio1
1
Karumbé, Avda. Gral Rivera 3245, CP 11200, Montevideo
* (aloluciana@gmail.com)
Palabras-clave: mortalidad, conservación, residuos sólidos, interacción con pesquerías
Introducción La región del Atlántico Sur Occidental (ASO) constituye un área de alimentación y desarrollo para individuos juveniles de Chelonia mydas, listada como “en Peligro” de extinción por la IUCN (2011). Las principales amenazas para esta especie en la región son la interacción con pesquerías y residuos antropogénicos sólidos (Bugoni et al. 2001; Albareda et al. 2007; Alonso et al. 2009). En Uruguay el Área Costero Marino Protegida (ACMP) de Cerro Verde e Islas de La Coronilla (Rocha), destacada por su gran biodiversidad y valor ecológico, constituye una de las más importantes zonas de alimentación para C. mydas en el país, de valor crítico a escala regional (LópezMendilaharsu et al. 2006). Estudios preliminares mostraron que las principales causas de mortalidad para esta especie son la interacción con artes de pesca y enredo o ingesta de desechos sólidos (Alonso et al. 2009). Este estudio tiene por objetivo determinar las principales causas de mortalidad de C. mydas en el ACMP Cerro Verde e Islas de La Coronilla, durante los últimos cuatro años, analizar su variación a lo largo del tiempo y la posible asociación entre la muerte por ingesta de desechos sólidos y las tallas de las tortugas.
Metodología El área de estudio se encuentra centrada en Cerro Verde (33º56’ S – 53º 29’ O) y se extiende 41 km desde Punta del Diablo (34º02’ S – 53º32’ O) hasta Barra del Chuy (33º44’ S – 53º 22’ O). La línea de costa comprende una extensa playa arenosa desde el límite con Brasil hasta Punta Coronilla, a partir de la cual se intercalan arcos de playas con cabos rocosos. Durante enero-marzo 2008 y enero-abril 2009, 2010 y 2011 se relevaron los varamientos de C. mydas a través de censos de playa semanales y reportes a la Red de Varamientos y Rescate de Tortugas Marinas de Karumbé. Se midió el largo estándar curvo del caparazón (LCC) y se examinó externamente a todas las tortugas a fin de registrar traumas, heridas y evidencias de interacción con actividades humanas. Dependiendo del estado de descomposición, se practicó una necropsia a fin de determinar la causa de muerte, la cual fue asignada sólo cuando las evidencias eran suficientes para hacerlo de modo inequívoco. Para estudiar variaciones temporales en la incidencia de las distintas causas de muerte se utilizó la prueba Chi-Cuadrado de Tendencia. Para analizar variaciones en las tallas entre años y entre causas de muerte se utilizó la prueba de ANOVA de una vía y comparaciones por pares por el método de Tukey. Cuando no se cumplieron los supuestos de normalidad y/o homogeneidad de varianzas los datos fueron transformados VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil utilizando log 10. Cuando los datos transformados no cumplieron con los supuestos se utilizaron las pruebas no paramétricas de Mann-Whitney y Kruskal-Wallis. Las pruebas fueron ejecutadas con el programa BioEstat versión 3.0 (Ayres et al. 2003).
Resultados y Discusión Durante el período de estudio se registraron 185 juveniles de C. mydas varados muertos o encontrados con vida que murieron durante el proceso de rehabilitación. A través de 123 necropsias practicadas, las causas de muerte fueron ingesta de residuos sólidos, 34,9%, e interacción con artes de pesca, 32,5% (redes de enmalle de pesquerías artesanales y de subsistencia/deportivas), mientras que en los casos restantes fue indeterminada. La causa de muerte por ingesta incluyó principalmente obstrucción del intestino por formación de fecalomas, necrosis, úlceras y perforaciones de estómago e/o intestino. Durante 2008, los casos de interacción con pesquerías estuvieron asociados al esfuerzo de un sólo pescador. En particular durante 2009, se registró un varamiento masivo de 32 individuos asociado al esfuerzo pesquero de la flota artesanal de Punta del Diablo. Si bien el área no se destaca por ser una zona de alta actividad pesquera, los resultados presentados muestran que eventos aislados pueden generar un alto impacto. La mortalidad por interacción con pesquerías e ingesta de residuos sólidos en C. mydas varadas registrada en este estudio presenta las tasas más elevadas para la región del ASO (Bugoni et al. 2003; Monteiro, 2004; Guebert-Bartholo et al. 2011; Stahelin et al. 2011). Mientras que se registró una tendencia creciente en la incidencia de residuos en las causas de muerte (GL = 1; χ2 = 16,57; P < 0,01), la interacción con artes de pesca decreció (GL = 1; χ2 = 13,30; P < 0,01) a lo largo de los años (Tabla 1). Dado que la producción de residuos sólidos sigue incrementándose, es de esperar que la tendencia de esta causa de muerte siga en aumento durante los próximos años. Tabla 1. Varamientos y causas de muerte de individuos juveniles de Chelonia mydas en el ACMP de Cerro Verde e Islas de La Coronilla, Uruguay.
La talla de tortugas muertas por ingesta de residuos en 2008, 2009 y 2010, fue menor al del resto de los animales varados en los respectivos años, mientras que en 2011 no se registraron diferencias significativas (Tabla 2). Estos resultados podrían deberse a la cercanía al cambio ontogenético en su dieta y/o a una mayor vulnerabilidad de los individuos de pequeñas tallas a presentar obstrucciones. La talla media de tortugas que murieron por ingesta durante los distintos años aumentó significativamente entre 2010 (LCC = 32,6 ± 2,0) y 2011 (LCC = 37,8 ± 5,8) (Kruskal-Wallis; GL = 3; H = 9,62; P < 0,05), variación que podría estar asociada a un incremento en el nivel de contaminación del ambiente marino, o bien a que las tortugas podrían haberse alimentado en zonas más degradadas. Las tallas de los individuos que murieron por otras causas varió entre 2009 (LCC = 46,2 ± 1,4) y 2011 (LCC = 38,1 ± 5,0) (ANOVA; GL = 3; SC = 593,48; F = VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil 2,83; P < 0,05). Este resultado puede explicarse por el varamiento masivo debido a interacción con pesquerías registrado el primer año, ya que los individuos varados por dichas causas presentan mayores tallas (Alonso et al. 2009).
Tabla 2. Análisis de varianza de tallas de juveniles de Chelonia mydas en el ACMP de Cerro Verde e Islas de La Coronilla, Uruguay de acuerdo a causas de mortalidad.
Grados de libertad (GL), suma de cuadrados (SC), radio de Fisher (F), valor estadístico U de Mann-Whitney (U) y nivel de significancia (P). Durante el presente trabajo se registró el impacto directo de la ingesta de residuos sobre la mortalidad. Pero cabe destacar, que los efectos indirectos pueden ser aún mayores, dado que la ingesta podría disminuir las tasas de crecimiento extendiendo el período de desarrollo de mayor vulnerabilidad a depredadores y retrasar la madurez sexual aumentando la probabilidad de mortalidad antes de alcanzar al estadío reproductivo (MacCauley y Bjorndal 1999). Dada la gran mortalidad de juveniles de C. mydas por ingesta de residuos sólidos registrada, así como por su tendencia en aumento y los antecedentes de la región del ASO en materia de esta amenaza, resulta crítico y urgente desarrollar estrategias de conservación a escala regional que permitan optimizar esfuerzos y mitigar esta problemática.
Agradecimientos/Financiadores Agradecemos a RSGF por su apoyo financiero, a los miembros de Karumbé, técnicos y voluntarios que colaboraron con el estudio.
Referencias Bibliográficas Albareda, D., K. Álvarez, M. Iglesias, L. Prosdocimi, y V. González-Carman. 2007. ¡¡¡No te comas mi basura!!! Evidencia de ingestión de desechos antrópicos en tortugas verdes (Chelonia mydas) del Estuario del Río de La Plata y la Bahía de Samborombón – Pcia. de Buenos Aires – Argentina. Páginas 39-40 en A. Estrades (Ed.). Libro de resúmenes de las III Jornadas de Conservación e Investigación de Tortugas Marinas en el Atlántico Sur Occidental (ASO), Piriápolis.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Alonso, L., G. Martínez-Souza, L. Berrondo, y I. Triquez. 2009. Monitoreo de la tortuga verde juvenil, Chelonia mydas, en el área de Cerro Verde, Uruguay. Páginas 40-42 en L. Prosdocimi, y V. González Carman (Eds.). Libro de resúmenes de las IV Jornadas de Conservación e Investigación de Tortugas Marinas en el Atlántico Sur Occidental (ASO), Mar del Plata. Ayres, M., J.M. Ayres, D.L. Ayres, y A.S. Santos. 2003. BioEstat 3.0: aplicações estatísticas nas áreas das ciências biológicas e médicas. Sociedade Civil Mamirauá, Manaus. Bugoni, L., L. Krause, y M.V. Petry. 2001. Marine debris and human impacts on sea turtles in southern Brazil. Marine Pollutin Bulletin 42:1330-1334. Guebert-Bartholo, F.M., M. Barletta, M.F. Costa, y E.L.A. Monteiro Filho. 2011. Using gut contents to assess foraging patterns of juvenile green turtles Chelonia mydas in the Paranaguá Estuary, Brazil. Endangered Species Research 13:131-143. International Union for Conservation of Nature (IUCN). 2011. Red list of threatened animals. Disponible en: http:// www.redlist.org. Acceso 13/06/2011. López-Mendilaharsu, M., A. Estrades, M.N. Caraccio, V. Calvo, M. Hernández, y V. Quirici. 2006. Biología, ecología y etología de las tortugas marinas en la zona costera uruguaya. Páginas 247-257 en R. Menafra, L. Rodríguez-Gallego, F. Scarabino, y D. Conde (Eds.). Bases para la conservación de la costa uruguaya. Vida Silvestre Uruguay, Montevideo. MacCauley, S.J., y K.A. Bjorndal. 1999. Conservation implications from dietary dilution from debris ingestion: sublethal effects in post-hatchling loggerhead sea turtles. Conservation Biology 13:925-929. Monteiro, D. 2004. Encalhes e interação de tartarugas marinhas com a pesca no litoral do Rio Grande do Sul. FURG, 58 pp. Stahelin, G.D., M.C. Hennemann, D.W. Goldberg, C.T.Cegoni y J. Wanderlinde. 2011. Marine debris ingestion by Chelonia mydas in Santa Catarina coast, southern Brazil. 31st Annual Symposium on Sea Turtle Biology and Conservation, San Diego, USA.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil ENCALHES DE TARTARUGAS MARINHAS NO LITORAL SUL DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL
Andrine P. da Silva1,*, Danielle S. Monteiro1, e Sérgio C. Estima1
Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental–NEMA. Rua Maria Araújo, 450, CEP 96.270-480, Rio Grande/ RS.
1
* (andrine20@hotmail.com).
Palavras–chave: monitoramento, mortalidade, tartarugas marinhas.
Introdução Cinco espécies de tartarugas marinhas utilizam a costa brasileira para alimentação e reprodução - Caretta caretta, Chelonia mydas, Dermochelys coriacea, Eretmochelys imbricata e Lepidochelys olivacea (Marcovaldi e Marcovaldi 1999). No Rio Grande do Sul-RS há registros das cinco espécies de tartarugas marinhas (Pinedo et al. 1998). A maior parte das ocorrências é referente a encalhes de espécimes mortos de C. caretta, C. mydas e D. coriacea que utilizam esta região para alimentação (Pinedo et al. 1998; Bugoni et al. 2003; Barros 2007). Os encalhes são frequentes, principalmente nos meses de primavera e verão (Monteiro 2004). A plataforma continental no sul do Brasil está sob a influência da Convergência Subtropical, tornando esta região um ambiente com elevada produtividade (Castello et al. 1998) e intensa atividade pesqueira direcionada a peixes demersais (Haimovici et al. 1998). A captura incidental na pesca é a maior causa de mortalidade de tartarugas marinhas (Oravetz 1999). A poluição dos oceanos também é uma ameaça, principalmente para C. mydas, devido a ingestão de resíduos antropogênicos (Bugoni et al. 2003; Barros 2007). Este trabalho tem o objetivo de caracterizar os encalhes de tartarugas marinhas no litoral sul do RS, com relação às espécies, tamanhos, variações anuais e sazonais.
Metodologia A área de estudo estende-se da Barra da Lagoa do Peixe (31°20’S/051°05’W) até a Barra do Arroio Chuí (33°45’S/053°22’W). Esta área é monitorada mensalmente percorrendo um total de 355 km de praia. Entre janeiro/2005 e dezembro/2010 foram percorridos 21881 km. Para cada indivíduo encalhado foi realizada a identificação da espécie e a medida do comprimento curvilíneo da carapaça (CCC). Os espécimes foram classificados em imaturos ou adultos utilizando como base o tamanho mínimo das fêmeas que desovam no Brasil. Foram considerados imaturos os espécimes de C. caretta com tamanho inferior a 83cm (Baptistotte et al. 2003), de C. mydas inferior a 101cm (Moreira et al. 1995), de D. coriacea inferior a 139cm (Thomé et al. 2007), de L. olivacea inferior a 62,5cm (Silva et al. 2007) e para E. imbricata inferior a 86cm (Marcovaldi et al. 1999). VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Devido às diferenças no esforço de amostragem os dados foram transformados em índices de abundância de tartarugas marinhas para cada 10 km (I10) de praia.
Resultados e Discussão Foram registradas 2734 tartarugas marinhas encalhadas, pertencentes as cinco espécies. Em 20 indivíduos não foi possível a identificação da espécie. A espécie C. caretta foi a mais frequente em todos os anos, com 1436 espécimes mortos, seguida de C. mydas com 951 encalhes e D. coriacea com 219 encalhes (Tabela 1). Além destes, foram registradas vivas 7 C. caretta, 69 C. mydas e 2 E. imbricata.
Tabela 1. Encalhes e índice de abundância de tartarugas marinhas por 10 km de praia monitorados (I10) no litoral sul do Rio Grande do Sul, entre os anos de 2005 e 2010.
Foi observada variação sazonal nos encalhes. Para C. caretta os maiores índices ocorreram nos meses de novembro a abril. Para D. coriacea o aumento do índice foi de novembro a janeiro. Os maiores índices de encalhes de C. mydas ocorreram nos meses de outubro a abril (Fig. 1).
Figura 1. Índice mensal de encalhes de tartarugas marinhas por 10 km de praia monitorados (I10) no litoral sul do Rio Grande do Sul, entre os anos de 2005 e 2010.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Em quatro destes seis anos foram registradas as cinco espécies de tartarugas, com aumento significativo em 2010 de L. olivacea e E. imbricata. Para D. coriacea em 2005 foi registrado um encalhe em massa de 97 tartarugas (Tabela 1). Comparando os resultados deste estudo com os dados de Monteiro (2004) que registrou 994 encalhes de tartarugas entre 1995 e 2004, nas praias do RS, destas 496 C. caretta, 347 C. mydas e 106 D. coriacea, observa-se que triplicou o número de encalhes de C. caretta e C. mydas e dobrou o de D. coriacea. Os espécimes de C. caretta apresentaram CCC médio de 72,8 cm (n = 1097, mín = 33 cm, máx = 115cm, dp = 12,4 cm). Para C. mydas o tamanho médio foi de 39,8 cm (n = 964, mín = 26 cm, máx = 78, dp = 6,08 cm), D. coriacea 135,5 cm (n = 126, mín = 65cm, máx = 168cm, dp = 13,4cm), E. imbricata 40,2 cm (n = 17, mín = 29 cm, máx = 60 cm, dp = 8,6 cm) e L. olivacea 62,2 cm (n=15, mín = 50,5 cm, máx = 75cm, dp = 6,2cm). Padrão semelhante foi observado por Monteiro (2004) para C. caretta, C. mydas e D. coriacea. Entretanto, para L. olivacea, Monteiro (2004) encontrou CCC médio de 67 cm, um pouco superior ao do presente estudo. A maioria dos encalhes, com exceção de L. olivacea foi de espécimes imaturos, correspondendo a 78,3% das C. caretta, 55,5% das D. coriacea, 26,6% das L. olivacea e 100% das C. mydas e E. imbricata. Entretanto, em dezembro/2009 e junho/2010 foram registradas mortas duas fêmeas de C. caretta com CCC de 97 cm e 90 cm, marcadas pelo Projeto TAMAR/ICMBio em Comboios/ES em 2007 e 2009, respectivamente. Em abril/2010 foi registrada morta uma fêmea de L. olivacea com CCC de 75 cm anilhada em Pirambu/SE em 2009 pelo Projeto TAMAR/ICMBio. Estas informações reforçam a hipótese de que o RS é uma área de alimentação para C. caretta e que também pode ser utilizada por alguns indivíduos de L. olivacea. O grande aumento no número de encalhes de C. caretta, L. olivacea e E. imbricata pode estar relacionado ao crescimento das populações destas espécies no Brasil (Marcovaldi e Chaloupka 2007; Marcovaldi et al. 2007; Silva et al. 2007). Outra hipótese para o aumento pode ser atribuída a mudanças na dinâmica das frotas pesqueiras e/ou incremento do esforço de pesca na região.
Referências Bibliográficas Baptistotte, C., J.C.A. Thomé, e K.A. Bjorndal. 2003. Reproductive biology and conservation status of the loggerhead sea turtle (Caretta caretta) in Espírito Santo state, Brazil. Chelonian Conservation and Biology 4:523529. Barros, J.A. 2007. Ecologia alimentar da tartaruga-verde (Chelonia mydas) no extremo sul do Brasil. Monografia de Bacharelado, FURG, Rio Grande. Bugoni, L., L. Krause, e M.V. Petry. 2003. Diet of sea turtles in southern Brazil. Chelonian Conservation and Biology 4:685-688. Castello, J.P., M. Haimovici, C. Odebrecht, e C.M. Vooren. 1998. A plataforma e o talude continental. Páginas 189-197 in Seeliger, U., C. Odebrecht, e J.P. Castello (Eds.). Os ecossistemas costeiro e marinho do extremo sul do Brasil. Ecoscientia, Rio Grande. Haimovici, M., J.P. Castello, e C.M. Vooren. 1998. Pescarias. Páginas 205-218 in Seeliger, U. C. Odebrecht, e J. P. Castello (Eds.). Os ecossistemas costeiro e marinho do extremo sul do Brasil. Ecoscientia, Rio Grande.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Marcovaldi, M.A., e G.G. Marcovaldi. 1999. Marine turtles of Brazil: the history and structure of Projeto TAMARIBAMA. Biological Conservation 91:35-41 Marcovaldi, M.A., C.F. Vietas, e M.H. Godfrey. 1999. Nesting and conservation management of hawksbill turtles (Eretmochelys imbricata) in northern Bahia, Brazil. Chelonian Conservation and Biology 3:301-307. Marcovaldi, M.A., e M. Chaloupka. 2007. Conservation status of the loggerhead sea turtle in Brazil: an encouraging outlook. Endangered Species Research 3:133-143. Marcovaldi, M.A., G.G. Lopez, L.S. Soares, A.J.B. Santos, C. Bellini, e P.C.R. Barata. 2007. Fifteen years of hawksbill sea turtle (Eretmochelys imbricata) nesting in northern Brazil. Chelonian Conservation and Biology 6:223-228 Monteiro, D.S. 2004. Encalhes e interação de tartarugas marinhas com a pesca no litoral do Rio Grande do Sul. Monografia de Bacharelado, FURG, Rio Grande. Moreira, L., C. Baptistotte, J. Scalfone, J.C. Thomé, e A.P.L.S Almeida. 1995. Occurrence of Chelonia mydas on the Island of Trindade, Brazil. Marine Turtle Newsletter 70:2. Oravetz, C.A. 1999. Reducing incidental catch in fisheries. Páginas 189-193 in K.L. Eckert, K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-grobois, e M. Donnelly (Eds.). Research and management techniques for the conservation of sea turtles. IUCN/SSC Marine Turtle Specialist Group Publication. Pinedo, M.C., R.R. Capitoli, A.S. Barreto, e A. Andrade. 1998. Occurrence and feeding of sea turtles in southern Brazil. Página 51 in Sea Turtle Symposium, Hilton Head, SC, EUA. Silva, A.C.C.D., J.C. Castilhos, G.G. Lopez, e P.C.R. Barata. 2007. Nesting biology and conservation of the olive ridley sea turtle (Lepidochelys olivacea) in Brazil, 1991/1992 to 2002/2003. Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdon 87:1-10. Thomé, J.C.A., C. Baptistotte, L.M.P. Moreira, J.T. Scalfoni, A.P. Almeida, D.B. Rieth, e P.C.R. Barata. 2007. Nesting biology and conservation of the leatherback sea turtle (Dermochelys coriacea) in the state of Espírito Santo, Brazil, 1988–1989 to 2003–2004. Chelonian Conservation and Biology 6:15-27.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil ESTIMATIVA DE IDADE PARA TARTARUGAS-VERDES (Chelonia mydas) DA REGIÃO DE CANANÉIA, SP, BRASIL
Ana Paula de S. Maistro1, Fabiano G. Costa2, e Ana Cristina V. Bondioli1
Instituto de Pesquisas Cananéia – IPeC. Rua Tristão Lobo, 199, CEP 11.990-000, Cananéia, SP. (anap_maistro@ hotmail.com)
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Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP/CLM. CP 261, CEP 86.360-000, Bandeirantes, PR.
Palavras-chave: Esqueletocronologia, tartaruga-verde, desgaste ósseo, marca de crescimento do esqueleto.
Introdução As tartarugas marinhas possuem crescimento lento e padrão de comportamento migratório, tornando necessário um grande investimento de tempo para alcançar dados satisfatórios quanto ao seu crescimento (Bjorndal e Bolten 1988). A esqueletocronologia, técnica de analisar marcas de crescimento do esqueleto para obter informações sobre a história de vida, é um potencial método para investigar a idade das tartarugas marinhas e seu crescimento (Zug 1990). Este método é baseado na premissa de que o crescimento de alguns ossos em vertebrados é cíclico, com períodos de crescimento ósseo mais rápido alternados com períodos que apresentam um menor crescimento, podendo ser observados através de determinadas características histológicas (Castanet et al. 1993; Castanet 1994). Snover e Hohn (2004) e Avens et al. (2009) empregaram a esqueletocronologia para verificar a presença das marcas de crescimento e estimar a idade de diferentes espécies de tartarugas marinhas. Zug et al. (2002), Zug e Glor (1998) também utilizaram a esqueletocronologia para desenvolver um modelo geral de crescimento para populações de diferentes locais. A escassez de pesquisas no país com a finalidade de estudar a idade das tartarugas marinhas faz com que existam lacunas sobre o tema, ressaltando a importância desse trabalho de modo a contribuir para a compreensão da dinâmica demográfica das populações de tartarugas marinhas existentes atualmente. O presente trabalho teve por objetivo realizar uma análise esqueletocronológica das tartarugas-verdes da região de Cananéia. O método escolhido foi o desgaste ósseo com lixas de polimento; sua eficácia e validade foram testadas para estimar a idade de Chelonia mydas.
Metodologia O Complexo Estuarino-Lagunar de Cananéia-Iguape (25°S; 48°O) está localizado na porção sul do Estado de São Paulo, sudeste do Brasil (Schaeffer-Novelli et al. 1990). O sistema estuarino possui grande disponibilidade de algas e angiospermas marinhas, alimentos de preferência das tartarugas-verdes, que ocorrem em grandes bancos distribuídos ao longo do estuário (Guebert 2008), fornecendo um habitat ideal para forrageamento desses animais que ocorrem em abundância o ano todo (Bondioli et al. 2008). Entre os meses de janeiro e agosto de 2010 foram realizados monitoramentos distribuídos entre as praias da Ilha Comprida e da Ilha do Cardoso, totalizando 1.067 km percorridos e 128,5 horas de expedições VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil de campo. As carcaças de tartarugas marinhas encontradas tiveram seus dados biométricos tomados e os úmeros coletados. Uma secção transversal do úmero foi retirada na porção média da diáfise, próxima à crista deltapeitoral, resultando em um fragmento de tecido ósseo de 3 a 5 mm de espessura. A confecção das lâminas foi realizada através da técnica de desgaste ósseo que consiste no polimento do osso com lixa. A secção foi desgastada manualmente por uma lixa com movimentos firmes e no mesmo sentido até obter uma camada de osso delgada, o mesmo passou por um protocolo de coloração. As lâminas foram observadas em microscópio óptico para a verificação da presença das marcas de crescimento e fotografadas. O coeficiente de correlação de Pearson foi calculado com o emprego do programa BioEstat 5.0 (Ayres et al. 2007), para determinar o grau de associação entre o número de linhas correspondente à idade e o tamanho dos indivíduos.
Resultados e Discussão De janeiro a agosto de 2010 foram registrados 55 encalhes de tartarugas marinhas. A análise dessas coletas indicou a ocorrência de três espécies na região: Chelonia mydas (48 encalhes, 87,27% do total), Caretta caretta (6 encalhes, 10,91% do total) e Eretmochelys imbricata (1 encalhe, 1,82% do total). Portanto, a tartarugaverde foi a espécie com maior ocorrência durante o período amostral. Das 48 carcaças encontradas, oito delas não tiveram o úmero analisado devido à ausência das nadadeiras anteriores. Para a confecção das lâminas foi empregada a técnica de desgaste ósseo a fim de testar um método diferente dos que são usualmente empregados em estudos de esqueletocronologia com tartarugas marinhas. O emprego do polimento ósseo é usado em estudos com peixes, anfíbios, répteis terrestres e mamíferos aquáticos (Siciliano et al. 2007; Secor et al. 2008; Ehret 2007; Esteban et al. 1998), demonstrando assim sua utilidade e eficácia na estimativa etária para outros grupos de vertebrados. Ao longo da região do córtex até a margem do periósteo foram observadas as marcas de crescimento ósseo que são definidas por uma camada espessa clara seguida de uma linha estreita mais escura. O conjunto foi definido como equivalente a um ano de idade de acordo com literatura (Castanet et al. 1993; Zug et al. 1986; Snover et al. 2007; Zug et al. 2002).
Figura 1. Exemplar de um corte histológico transversal do úmero de Chelonia mydas, demonstrando três marcas de crescimento na região cortical, obtidas através do desgaste ósseo. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil As marcas de crescimento foram visualizadas em 31 lâminas das 40 analisadas, obtendo-se um aproveitamento de 77,5% das amostras. O polimento excessivo e o fragmento ósseo não ter resultado do local ideal indicado, justificam as análises que não puderam ser realizadas. Nos indivíduos onde as marcas de crescimento puderam ser observadas, o tamanho do CCC (comprimento curvilíneo da carapaça) variou de 29,5 a 71 cm com média de 37,59 cm e desvio padrão de 7,42 cm, e o número de linhas visualizadas variou de três a doze (Fig. 1). A associação entre o CCC e o número de linhas de crescimento foi medida através do coeficiente de correlação de Pearson e o valor obtido foi r = 0,7688. Sendo assim estima-se que as tartarugas-verdes encontradas na região de Cananéia possuem idade entre 3 e 12 anos (Fig. 2).
Figura 2. Frequência do número de tartarugas-verdes por classe de idade estimada em anos.
Os dados obtidos nessa pesquisa corroboram a existência de uma área de alimentação de juvenis de Chelonia mydas na região de Cananéia, ressaltando a importância da continuação dos estudos para ampliar o conhecimento sobre o desenvolvimento das tartarugas marinhas, bem como nortear ações que visem à preservação desses animais.
Referências Bibliográficas Avens, L., e L.R. Goshe. 2007. Comparative skeletochronological analysis of Kemp’s ridley (Lepidochelys kempii) and loggerhead (Caretta caretta) humeri and scleral ossicles. Marine Biology 152:1309-1317. Ayres, M., Jr. M.Ayres, D.L. Ayres, e A.S. Santos. 2007. BioEstat. Versão 5.0, Sociedade Civil Mamirauá, MCT – CNPq, Belém, Pará, Brasil. Bjorndal, K.A. e A.B. Bolten. 1988. Growth rates of juvenile loggerheads, Caretta caretta, in the Southern Bahamas. Journal of Herpetology 22:480-482. Bjorndal, K.A., A.B. Bolten, T. Dellinger, C. Delgado, e H.R. Martins. 2003. Compensatory growth in oceanic loggerhead sea turtles: response to stochastic environment. Ecology 84:1237-1249.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Bondioli, A. C. V., S.M. Nagaoka, e E.L.A. Monteiro-Filho. 2008. Chelonia mydas. Habitat and occurrence. Herpetological Review 39:213-213. Castanet, J. 1994. Age estimation and longevity in reptiles. Gerontology 40:174–192. Castanet, J., H. Francillon-Viellot, F. Meunier, e A. Dericqles. 1993. Bone and individual aging. In: Hall BK Bone: bone growth. CRC Press, Boca Raton, FL 7:245–283. Ehret, D.J. 2007. Skeletochronology: method for determing the individual age and growth modern and fossil tortoises (Reptilia: Testudines). Bulletin of the Florida Museum of Natural History 47:49-72. Esteban, M., J. Castanet, e B. Sanchiz. 1998. Inferring age and growth from remains of fossil and predated recent anurans: test case using skeletochronology. Canadian Journal of Zoology 76:1689-1695. Guebert, F. M. 2008. Ecologia alimentar e consumo de material orgânico por tartarugas-verdes, Chelonia mydas, no litoral do Estado do Paraná. Dissertação (Mestrado em Zoologia), UFPR, Curitiba. Schaeffer-Novelli, Y., H. Mesquita, e G. Cintrón-Molero. 1990. The Cananéia lagoon estuarine system, SP, Brazil. Estuaries 13:193-203. Secor, D.H., R.L. Wingate, J. Neilson, J. Rooker, e S.E. Campana. 2008. growth of atlantic bluefin tuna: direct age estimates. Colllective Volume of Scientifics Papers ICCAT 64:405-416. Siciliano, S., R.A. Ramos, A.P.M. Di Beneditto, M.C.O. Santos, A.B. Fragoso, J. Lailson-Brito, A. Azevedo, A.C. Vicente, E. Zampirolli, F. Alvarenga, L. Barbosa, e W. Lima. 2007. Age and growth of some delphinids in southeastern Brazil. Journal of Marine Biological Association of United Kingdom 87:293-303. Snover, M.L. 2002. Growth and ontogeny of sea turtles using skeletochronology: methods, validation and application to conservation. PhD Dissertation, Duke University, Durham, N. Carolina. Snover, M.L., L. Avens, e A. Hohn. 2007. Back-calculating length from skeletal growth marks in loggerhead sea turtles Caretta caretta. Endangered Species Research 3:95-104. Zug, G.R. 1990. Age determination of long-lived reptiles: some techniques for seaturtles. Annales des Sciences Naturelles 11:219-222. Zug, G.R., G. Balazs, A. Wetherall, M. Parker, e K. Murakawa. 2002. Age and growth of Hawaiian green sea turtles (Chelonia mydas): an analysis based on skeletochronology. Fishery Bulletin 100:117-127. Zug, G.R., A. Wynn, e H. Ruckdeschel. 1986. Age determination of loggerhead sea turtles, Caretta caretta, by incremental growth marks in the skeleton. Smithsonian Contributions to Zoology 427:1-34.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO E CONCENTRAÇÃO DE METAIS EM TECIDOS DE TARTARUGAS-VERDES (Chelonia mydas) ORIUNDAS DE ENCALHES NA COSTA SUL DO RS
Cinthia Carneiro da Silva1,*, Antonio Sérgio Varela Júnior1, Indianara Fernanda Barcarolli1, e Adalto Bianchini1
Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Rio Grande, Av. Itália km 8, 96201-900, Rio Grande, RS, Brasil.
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* (teca@vetorial.net)
Palavras-chave: Chelonia mydas, tartaruga marinha, metais, contaminação, Praia do Cassino.
Introdução Níveis elevados de metais foram relatados em tartarugas marinhas coletadas no Japão, Itália, França, Chipre, Havaí e Reino Unido (para revisão: Storelli e Marcotrigiano 2003). Apesar da importância da costa brasileira para o desenvolvimento e reprodução de várias espécies de tartarugas marinhas, o primeiro estudo no Brasil foi somente publicado recentemente (Barbieri 2009). Anan et al. (2001) sugerem a dieta como principal fonte de acumulação de metais em tartarugas marinhas. Neste contexto, é importante ressaltar que a costa do Atlântico Sul (RS, Brasil) é uma importante área de alimentação e desenvolvimento para juvenis de tartarugas-verdes. Considerando que esta região costeira vem apresentando um crescente desenvolvimento populacional, industrial e portuário, os indivíduos que aí vivem estão ameaçados pelo aumento da liberação de contaminantes químicos. Por exemplo, a concentração de cobre aumentou aproximadamente 15 vezes nas águas estuarinas da Lagoa dos Patos nos últimos 20 anos (Seeliger e Knak 1982; Baumgarten e Niencheski 1998). Assim, o objetivo deste estudo foi determinar os níveis de metais essenciais (Cu e Zn) e não-essenciais (Cd, Pb e Ag) em diferentes tecidos (fígado, rim e músculo) de tartarugas-verdes juvenis (Chelonia mydas) encalhadas ao longo das praias arenosas do sul do Brasil. Os dados foram analisados considerando a distribuição de metais entre os órgãos e possíveis correlações entre os metais em cada tecido. Também foram comparadas as concentrações dos metais nos tecidos de acordo com o sexo e a biometria.
Metodologia Foram realizados monitoramentos de praia semanais entre agosto de 2008 e abril de 2009, desde os “Molhes Oeste da Barra de Rio Grande” (32°09’42”S, 52°05’53”W) até o “Farol do Albardão” (33°25’30”S, 52°57’06”W), totalizando 130 km de praia (Praia do Cassino, Brasil). Somente foram coletadas as tartarugasverdes recentemente encalhadas, tendo sido identificadas e medidas (comprimento curvilíneo da carapaça). Amostras de fígado, rim e músculo foram dissecadas, armazenadas em sacos plásticos, conservadas em gelo, transferidas para o laboratório e congeladas (-20°C) até a análise da concentração dos metais. As gônadas também foram dissecadas, fixadas (72 h) em Bouin e mantidas em álcool 70% até a análise histológica. O sexo foi identificado com base na presença de folículos ovarianos (feminino) ou túbulos seminíferos (masculino). VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil As amostras de tecidos foram descongeladas, pesadas (1 g de peso úmido), secas até peso constante, pesadas (peso seco), digeridas em 2 ml de HNO3 (SuprapurÒ, Merck), e diluídas com 10 ml de água MilliQÒ. As concentrações de Ag, Cd, Cu, Pb e Zn foram determinadas por espectrofotometria de absorção atômica (EAA932 Plus; GBC, New Hampshire, IL, EUA). Os dados foram expressos em μg metal/g de peso seco do tecido. Os dados foram expressos como média ± erro padrão da média (EPM). A proporção sexual foi analisada pelo teste qui-quadrado. Os valores médios de CCC e concentração de metais em tecidos para machos e fêmeas foram comparados pelo teste t. Os valores médios de concentração para cada metal foram comparados entre os diferentes tecidos analisados e os valores médios de concentração de diferentes metais foram comparados dentro do mesmo tecido. Estas comparações foram feitas usando a análise de variância (ANOVA) seguida do teste de Tukey. Os pressupostos da ANOVA (normalidade dos dados e homogeneidade das variâncias) foram checados. Correlações entre CCC e concentração de metais, bem como entre as concentrações de metais em todos os tecidos analisados foi verificada pelo índice de correlação de Pearson. Em todos os casos, o nível de significância adotado foi de 95%. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o software Statistica 6.0 (StatSoft, EUA).
Resultados e Discussão Durante o monitoramento da praia, foram encontradas 29 tartarugas-verdes encalhadas. Destas, 18 foram sexadas por histologia gonadal (10 fêmeas e 8 machos). Não houve diferença significativa no CCC (Tabela 1) e nas concentrações teciduais de metais entre machos e fêmeas.
Tabela 1. Comprimento curvilíneo da carapaça (cm) das tartarugas-verdes encalhadas e coletadas na Praia do Cassino (Sul do Brasil). EPM = erro padrão da média.
Não foram observadas correlações entre as concentrações de metais e o CCC. Portanto, os dados de todas as tartarugas coletadas foram agrupados e analisados (n = 29). A Fig 1 mostra o valor da concentração média para cada metal analisado no músculo, fígado e rim de tartarugas-verdes. O músculo exibiu as menores concentrações de metais quando comparado com o fígado e o rim. No músculo, o Zn apresentou a maior concentração média (16,61 μg/g peso seco). O rim apresentou as maiores concentrações médias de Zn, Cd e Pb (54,33; 28,26 e 5,42 μg/g peso seco, respectivamente). Por sua vez, o fígado apresentou as maiores concentrações médias de Cu e Ag (100,87 e 0,83 μg/g peso seco, respectivamente). As concentrações teciduais de Ag foram consideradas baixas. Por outro lado, as concentrações de Cu e Pb foram consideradas elevadas. De fato, os sedimentos do estuário da Lagoa dos Patos e zona costeira adjacente (costa sul do Brasil) mostraram níveis particularmente elevados de Cd, Cu, Pb e Zn nos sedimentos (Niencheski et al. 2006) e nas águas de superfície (Barbosa 2007). Segundo Niencheski et al. (2006), a contaminação por Cd, Pb e Cu nos sedimentos estaria associada às descargas das indústrias de fertilizantes, esgoto urbano e atividades portuárias, respectivamente. As altas concentrações desses metais no ambiente costeiro (Niencheski VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil et al. 2006) associadas ao hábito alimentar das tartarugas-verdes de tamanho similares às coletadas na costa sul do Brasil (Hirth 1997) poderiam explicar os altos níveis de Cu e Pb encontrados nas tartarugas-verdes analisadas no presente estudo. Já as concentrações de Zn, Ag e Cd foram comparáveis àquelas observadas em tartarugasverdes de outras regiões do mundo. Porém, as concentrações de Cu e Pb foram superiores àquelas relatadas para tartarugas marinhas (Maffucci et al. 2005; Barbieri 2009).
Figura 1. Concentrações dos metais nos tecidos (músculo, fígado e rim) de Chelonia mydas juvenis encalhadas na Praia do Cassino (Sul do Brasil).
No presente estudo, as correlações entre os diferentes metais analisados (Ag, Cd, Cu, Pb e Zn) foram avaliadas nos tecidos estudados. Nos tecidos mais contaminados (fígado e rim) foram observadas correlações positivas entre os metais não-essenciais (Ag, Cd e Pb) e os essenciais (Cu ou Zn). Estas correlações estão provavelmente associadas à síntese de metalotioneínas induzida pelo Zn e/ou Cu, visando à proteção dos tecidos contra os efeitos tóxicos dos metais não-essenciais. Neste caso, os metais essenciais poderiam estar induzindo a síntese destas proteínas para se proteger contra os potenciais efeitos tóxicos dos metais não-essenciais. Apesar do importante papel da costa do RS como área de alimentação e desenvolvimento para C. mydas, este é o primeiro estudo a relatar os níveis de diversos metais em diferentes tecidos desta espécie no sul do Brasil.
Agradecimentos Ao “Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico” (CNPq) pelo apoio financeiro.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Referências Bibliográficas Anan, Y., T. Kunito, I. Watanabe, H. Sakai, e S. Tanabe. 2001. Trace element accumulation in hawksbill turtle (Eretmochelys imbricata) and green turtle (Chelonia mydas) from Yaeyama Islands, Japan. Environmental Toxicology and Chemistry 20:2802-2814. Barbieri, E. 2009. Concentration of heavy metals in tissues of green turtles (Chelonia mydas) sampled in the Cananéia Estuary, Brazil. Brazilian Journal of Oceanography 57:243-248. Barbosa, F.G. 2007. Metais traço nas águas de superfície do Porto da Cidade do Rio Grande (Estuário da Lagoa dos Patos). Revista Urutágua 11:1-9. Baumgarten, M.G.Z., e L.F.H. Niencheski. 1998. Avaliação da qualidade hidroquímica da área portuária da cidade do Rio Grande – RS. Documentos Técnicos em Oceanografia 9:1-66. Hirth, H.F. 1997. Synopsis of the biological data on the green turtle, Chelonia mydas (Linnaeus 1758). United States Fish and Wildlife Service Biological Report 97:1-120. Maffucci, F. F. Caurant, P. Bustamante, e F. Bentivegna. 2005. Trace element (Cd, Cu,Hg, Se, Zn) accumulation and tissue distribution in loggerhead turtles (Caretta caretta) from the western Mediterranean Sea (Southern Italy). Chemosphere 58:535-542. Niencheski, L.F.H., B. Baraj, H.L. Windom, e R.G. França. 2006. Natural background assessment and its anthropogenic contamination of Cd, Pb, Cu, Cr, Zn, Al and Fe in the sediments of the southern area of Patos Lagoon. Journal of Coastal Research Special Issue 39:1040-1043. Seeliger, U., e R.B. Knak. 1982. Origin and concentration of copper and mercury in water and biota of the Patos Lagoon estuary, Brazil. Atlântica (Rio Grande) 5:35-42. Storelli, M.M., e G.O. Marcotrigiano. 2003. Heavy metal residues in tissues of marine turtles. Marine Pollution Bulletin 46:397-400.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil INGESTÃO DE RESÍDUOS INORGÂNICOS POR Chelonia mydas NA ÁREA DE ALIMENTAÇÃO DO COMPLEXO ESTUARINO LAGUNAR DE CANANÉIA – SÃO PAULO, BRASIL
Daiana P. Bezerra1, e Ana Cristina V. Bondioli2
Projeto Tartarugas, Instituto de Pesquisas Cananéia – IPeC, Rua Tristão Lobo, 199 CEP 11990-000, Cananéia – SP, Brasil. (daiana.proencabezerra@gmail.com).
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(anabondioli@yahoo.com.br).
Palavras-chave: tartarugas marinhas, ingestão resíduo antrópico, Cananéia.
Introdução Entende-se por poluição marinha resíduos de origem antrópica que chegam direta ou indiretamente nos corpos de água, como restos de artefatos pesqueiros, derramamento de óleo, dejetos urbanos e industriais (Derraik 2002; Thiel et al. 2003). No oceano, o lixo marinho impacta diversos nichos, desde invertebrados até vertebrados marinhos, pois pode flutuar ou acabar depositado (Derraik 2002; Thiel et al. 2003; Corcoran et al. 2009; Possato et al. 2011). O emaranhamento e ingestão de resíduos inorgânicos por tartarugas marinhas veem sendo reportado (Balazs 1985; Bjorndal et al. 1994; Mascarenhas et al. 2004; Tourinho et al. 2010). A ingestão desses dejetos por tartarugas marinhas ocorre pela baixa discriminação do lixo marinho dos seus itens alimentares (Balazs 1985; Carr 1987; Bjorndal et al. 1994) e pode ser letal. Uma vez que, os oceanos estão contaminados por resíduos inorgânicos a ingestão tem sido relatada em diversos locais (Derraik 2002; Guebert-Bartholo et al. 2011). A região do Complexo Estuarino Lagunar de Cananéia recebe a visita das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no litoral brasileiro e é considerada uma área de alimentação de tartarugas-verdes (Chelonia mydas), principalmente na fase juvenil, por haver abundancia de bancos de algas (Bondioli et al. 2005; Guebert-Bartholo et al. 2011). Este estudo tem como objetivo descrever qualitativamente e quantitativamente os resíduos inorgânicos ingeridos por tartarugas-verdes encontradas nos monitoramentos realizados.
Metodologia A região faz parte do Complexo Estuarino Lagunar de Cananéia, situado no extremo sul do litoral do estado de São Paulo (Fig. 1). Este estuário está inserido em um mosaico de Unidades de Conservação e no maior setor contínuo de Mata Atlântica do país (Instituto de Pesca 2003). Entre os meses de abril de 2008 e dezembro de 2009 foram realizados monitoramentos semanais nas praias de Itacuruçá, Ilha do Cardoso (7 km) e porção Sul de Ilha Comprida (25 km). Os animais encontrados em boas condições foram dissecados e os resíduos inorgânicos encontrados, no trato digestório, analisados quanto ao tipo, cor e volume (Tourinho et al. 2010, Guebert-Bartholo et al. 2011). Uma abordagem descritiva dos dados VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil foi realizada e a correlação entre o tamanho, o número de itens e o volume do material ingerido foi verificado através do teste de correlação de Pearson utilizando o software BioEstat 5.0® (Ayres et al. 2007).
Figura 1. Área de estudo. Complexo Estuarino Lagunar de Cananéia, São Paulo - Brasil. (Fonte: modificado de Google Maps e Cunha-Lignon 2001).
Resultados e Discussão Entre os 94 indivíduos registrados, 35% se encontravam em condições para dissecação, destas 51% apresentaram resíduos sólidos inorgânicos no trato digestório. O comprimento curvilíneo da carapaça (CCC) variou entre 33,5 e 47,0 cm ( = 38,1 ± 3,85) e largura curvilínea da carapaça (LCC) entre 30,0 e 44,0 cm ( = 35,6 ± 4,03 cm). Os testes de correlação mostraram não haver relação entre o CCC e número de itens (r = -0,0623, P = 0,060) e entre o CCC e volume dos itens ingeridos (r = -0,1080, P = 0,6696) assim como apresentado por Tourinho et al. 2010). Os resíduos encontrados somaram 591 itens e divididos nas categorias: plástico duro (41%), plástico mole (29%), nylon (22%), isopor (4%), balões (3%) e espuma (1%). Neste estudo 100% dos indivíduos analisados apresentavam ao menos um item plástico, como em outros trabalhos .. . (Thompson et al. 2009; Tourinho et al. 2010). A soma do volume dos itens ingeridos foi 75 ml, sendo plástico duro (39%), plástico mole (32%), nylon (17%), isopor (5%), balões (3%) e espuma (4%). A forma e disposição do material no trato digestório pode levar o animal à morte, assim, nos casos analisados pode-se afirmar que 2 indivíduos morreram em decorrência dos itens ingeridos (Bjorndal et al. 1994; Mascarenhas et al. 2004; Franco 2011) (Fig. 2).
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Figura 2. Frequência observada no número e volume de tens ingeridos por Chelonia mydas em Cananéia, São Paulo.
O tamanho dos itens variou entre 2 mm e 200 mm, com predominância de itens fragmentados, o que mostra o processo de particulação sofrido no oceano. Abrasão mecânica das ondas e quebra fotoquímica, causada pelo longo tempo de residência deste material no mar, causam fragmentação, aumentado o potencial nocivo (Corcoran et al. 2009; Wabnitz e Nichols 2010; Possatto et al. 2011). A frequência de cores foi: branco (23%), transparente (19%), bege (16%), azul (14%), verde (12%), preto (5%), amarelo (5%), vermelho (4%), marrom (2%) e cinza (2%). A maior frequencia de itens em tons claros pode ocorrer dar pelo fato de que os materiais sofrem degradação fotoquímica no ambiente marinho (Corcoran et al. 2009). Segundo Mäthger et al. (2007) tartarugas verdes possuem capacidade de distinguir diferentes espectros de cor; assim a ingestão de material colorido pode ser pelo fato de o animal confundir com seu alimento, ou de forma acidental, dado que muitas vezes os resíduos podem se encontrar depositados nos bancos de algas (Guebert-Bartholo et al. 2011). Em particular, a interação entre tartarugas marinhas e resíduos inorgânicos ocorre devido à baixa discriminação entre estes e os itens de sua dieta (Balazs 1985; Carr 1987). Ao ser ingerido, o material pode causar efeitos como flutuabilidade positiva, sensação de saciedade, anemia, lesões e obstrução do intestino, formando fecalomas, muitas vezes irreversíveis e letais. Há a possibilidade de o indivíduo excretar o resíduo, no entanto, este retorna ao ciclo de poluição (Bjorndal et al. 1994; Mascarenhas et al. 2002). O levantamento de dados e avaliações realizadas mostram as características dos impactos locais, uma vez que se trata de uma área de alimentação para juvenis e assim de importância na manutenção do crescimento populacional. Entretanto, é sabido que os mares estão severamente poluídos pelos resíduos antrópicos inorgânicos o que faz com que a continuidade desse estudo seja feita, bem como a divulgação dos dados, ações de limpeza, e cessar o despejo de resíduos.
Agradecimentos Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC) e Parque Estadual Ilha do Cardoso (PEIC).
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Referências Bibliográficas Ayres, M., M. Ayres-Jr, D.L. Ayres, e A.A.S. Santos (Eds.). 2007. BioEstat. Aplicações estatísticas nas áreas das ciências médicas. 5°. ed. Belém. Balazs, G.H. 1985. Impact of ocean debris on marine turtles: entanglement and ingestion. Páginas 387-429 in: Proceedings of the Workshop on the Fate and Impact of Marine Debris, eds. Shomura, R.S. and H.O.Yoshida. US Department of Commerce, NOAA Technical Memorandum NMFS, NOAA-TM-NMFS-SWFC-54. Bondioli, A.C.V., S.M. Nagaoka, e E.L.A. Monteiro-Filho. 2005. Ocorrência, distribuição e status de conservação das tartarugas marinhas presentes na região de Cananéia, SP. in: II jornada de conservação e pesquisa de tartarugas marinhas no atlântico sul ocidental. Praia do Cassino. Rio Grande, RS. Livro de Resumos. p. 53-55. Carr, A. 1987. Impact of Nondegradable Marine Debris on the Ecology and Survival Outlook of Sea Turtles. Marine Pollution Bulletin 18:352-356. Corcoran, P.L, M.C. Biesinger, e G. Meriem. 2009. Plastics and beaches: A degrading relationship. Marine Pollution Bulletin 58:80-84. Cunha-Lignon, M. 2011. Dinâmica do manguezal do sistema Cananéia-Iguape, Estado de São Paulo – Brasil. (Dissertação) Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo. Derraik, J.G.B. 2002. The pollution of the marine environment by plastic debris: a review. Marine Pollution Bulletin 44:842-852. Franco, L.P. 2011. Análise de resíduos sólidos presentes no conteúdo fecal de juvenis de tartaruga-verde (Chelonia mydas) in situ na região de Cerro Verde – Uruguai. (Monografia) Especialização em Conservação e Manejo da Fauna Silvestre. IPESSP – Instituto de Pesquisa e Educação em Saúde de São Paulo. Guebert-Bartholo, F.M., M. Barletta, M.F. Costa, e E.L.A. Monteiro-Filho. 2011. Using gut contents to assess foraging patterns of juvenile green turtles Chelonia mydas in the Paranaguá Estuary, Brazil. Endangered Species Research 13:131-143. Instituto de Pesca. 2003. Plano de gestão participativa para o uso dos recursos pesqueiros do Complexo Estuarino-Lagunar de Cananéia-Iguape-Ilha Comprida e região costeira adjacente. APTA/SAAESP/IP. 146p. Mäthger, L.M., L. Litherland, e K.A Fritsches. 2007. An anatomical study of the visual capabilities of the green turtle, Chelonia mydas. American Society of Ichthyologists and Herpetologists.pp. 169–179. Mascarenhas, R., R. Santos, e D. Zappelini. 2004. Plastic debris ingestion by sea turtle in Paraíba, Brasil. Marine Pollution Bulletin 49:354-355. Possato, F.E., M. Barletta, M.F Costa, J.A. Ivar-do-Sul, e D.V. Dantas. 2011. Plastic debris ingestion by marine catfish: An unexpected fisheries impact. Marine Pollution Bulletin 62:1098-1102. Thiel, M., I. Hinojosa, N. Vásquez, e E. Macaya. 2003. Floating marine debris in coastal waters of the SE-Pacific (Chile). Marine Pollution Bulletin 46:224-231. Thompson, R.C., S.H. Swan, C.J Moore, e F.S. Vom Saal. 2009. Our plastic age. Philosophical Transactions of the Royal Society of London B, 364:1973-1976. Tourinho, P.S, J.A. Ivar-do-Sul, e G. Fillmann. 2010. Is marine debris ingestion still a problem for the coastal marine biota of southern Brazil? Marine Pollution Bulletin 60:396-401. Wabnitz, C., e W.J Nichols. 2010. Editorial: Plastic pollution: An ocean emergency. Marine Turtle Newsletter 129:1. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil AVALIAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM ÁREAS DE ALIMENTAÇÃO DE Chelonia mydas (LINNAEUS 1758), NO COMPLEXO ESTUARINO DE PARANAGUÁ, BRASIL.
Stephane Polyane Gomes de Moura1, Luciana Rolinski Gama2, Liana Rosa1, e Camila Domit1
Laboratório de Ecologia e Conservação de Mamíferos e Tartarugas Marinhas. Centro de Estudos do Mar UFPR. Av. Beira Mar s/n. CEP 83255-971, Pontal do Sul, Pontal do Paraná, PR. (stephane.moura@hotmail.com).
1
2
(lucianagama.lec@gmail.com).
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(liana.lec@gmail.com).
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(cadomit@gmail.com).
Palavras-chave: tartarugas marinhas, Halodule wrightii, dieta, impactos antrópicos, lixo marinho.
Introdução Chelonia mydas, tartaruga-verde, é a espécie de tartaruga marinha mais frequente no litoral do Estado do Paraná e nesta região sua dieta é composta principalmente por gramas marinhas da espécie Halodule wrightii (Guebert-Bartholo et al. 2011). Os afloramentos desta fanerógama ocorrem em áreas rasas do Complexo Estuarino de Paranaguá (Sordo 2008) e destacam a região como importante área de alimentação da espécie. As gramas marinhas podem acumular resíduos sólidos, pois atuam como um anteparo por estarem em áreas de baixa energia do estuário, onde acumulam materiais em suspensão (Guimarães et al. 2007). A ingestão desses resíduos pode causar problemas no funcionamento do trato digestório, inanição, debilitação imunológica e de movimento e tornar os animais mais suscetíveis a outros riscos, como a captura em redes de pesca e colisões com embarcações (Lutz 1990). Considerando que no Paraná, 72% dos exemplares de tartaruga-verde analisados haviam ingerido resíduos sólidos (Guebert-Bartholo et al. 2011), o presente estudo teve como objetivo verificar a frequência de ocorrência dos mesmos em bancos de H. wrightii, e avaliar a disponibilidade na área como a fonte de ingestão pelas C. mydas.
Metodologia O litoral paranaense faz limite com o Estado de São Paulo ao norte (25º13’13,43”S e 48º1’46,55”O) e ao sul com o Estado de Santa Catarina (25º58’48,51”S e 48º36’6,15”O). Possui dois estuários: a Baía de Guaratuba e o Complexo Estuarino de Paranaguá (CEP). A margem sul do CEP é caracterizada por áreas urbanas e a movimentação associada ás atividades do porto formam uma grande fonte de perturbações ambientais (Lautert 1999). Os bancos de grama marinha da espécie H. wrightii estudados denominam-se: “Baixio Saco do Limoeiro” na Ilha do Mel e o “Baixio do Perigo” na Ilha das Cobras. Para a análise da frequência de ocorrência e possível relação dos resíduos sólidos com os bancos de grama marinha, foram utilizados dois métodos de amostragem de área: quadrantes e transectos lineares, em duas épocas do ano: estação quente e chuvosa e estação fria e seca.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil No método de quadrantes a área total de ocorrência de gramas marinhas nos baixios foi delimitada (área total) e seccionada em quadrantes com 100 m². Foram selecionados 30 quadrantes aleatoriamente para cada setor. O centróide de cada um dos quadrantes foi determinado e a partir dele foram amostrados sub-quadrantes de 25 m2. Cada sub-quadrante foi analisado quanto à presença dos afloramentos de H. wrightii e resíduos sólidos. O método de transecções lineares utilizou quatro linhas de 150 m de comprimento, sobre a área central de ocorrência de gramas (área total). O transecto foi analisado em 1 m para cada lado, formando um retângulo de 300 m² no qual foi avaliada a presença de afloramentos de grama marinha e resíduos sólidos, e os dados expressos em itens/m². No mesmo período, além do monitoramento dos bancos de grama, também foi realizada uma análise contemporânea quanto à presença de resíduos sólidos no trato de exemplares de tartarugas-verde encontradas durante os monitoramentos de praia realizados no litoral do Paraná. Para esta análise foi coletado o trato digestório de todos os exemplares encontrados mortos, sendo a dieta e a presença de resíduos analisadas de maneira qualitativa (tipo de itens) e quantitativa (frequência de ocorrência e frequência relativa).
Resultados e Discussão Com o método de quadrantes, as coletas da estação quente e chuvosa foram realizadas no mês de fevereiro de 2011. Neste período, dos 60 quadrantes amostrados no “Baixio Saco do Limoeiro” 33% deles estavam ocupados por H. wrightii e 2% apresentaram resíduos sólidos. Os resíduos encontrados estavam nos quadrantes onde havia a presença de grama marinha. No setor “Baixio do Perigo” dos 31 quadrantes amostrados 6% estavam ocupados por H. wrightii e 3% apresentaram resíduos sólidos. Os resíduos encontrados não estavam nos quadrantes onde havia grama marinha. As coletas da estação fria e seca foram realizadas no mês de maio de 2011. No Setor “Baixio Saco do Limoeiro” dos 30 quadrantes analisados 30% estavam ocupados por H. wrightii e 3% apresentaram resíduos sólidos, e não houve presença de grama marinha e resíduos sólidos no mesmo quadrante. O setor “Baixio do Perigo” não apresentou afloramentos de H. wrightii e nem resíduos sólidos. Com o método de transecções, as coletas da estação quente e chuvosa foram realizadas no mês de março de 2011 e neste período foram analisados quatro transectos, sendo cada um com área amostrada de 300 m². No “Baixio Saco do Limoeiro”, foram observados quatro áreas com afloramentos de grama marinha e nenhum resíduo sólido no transecto 1; no transecto 2 foram observados três áreas com afloramentos de grama e um item de resíduo sólido, sendo este presente junto a grama marinha; no transecto 3 não foram observados afloramentos de grama nem a presença de resíduos na área amostrada; e no transecto 4 foi observado a presença de um único resíduo e este não estava associado às gramas. No Setor “Baixio do Perigo” em nenhuma das áreas amostradas houve presença de resíduos, entretanto foram observadas seis áreas com afloramentos de grama marinha no transecto 1; uma área de afloramento no transecto 2; quatro áreas no transecto 3 e 2. No transecto 4 não houve presença de afloramentos. As coletas da estação fria e seca foram realizadas no mês de maio de 2011. Entre os quatro transectos amostrados no Setor “Baixio Saco do Limoeiro” três apresentaram afloramentos de grama marinha (transecto 1: oito áreas com afloramentos; transecto 2 e 3: cada um com uma área com afloramento), sendo três observados com presença de resíduos sólidos. No entanto, os resíduos não estavam associados às gramas marinhas. No “Baixio do Perigo” também foram analisados quatro transectos, entretanto nenhum deles apresentou afloramentos de grama marinha e apenas um apresentou resíduos sólidos. Nas áreas de alimentação que foram monitoradas os itens de plástico simples (ex: sacolas) foram os únicos resíduos encontrados, sendo os mais frequentemente encontrados nos ambientes marinhos por seu descarte inapropriado, característica de flutuabilidade e baixo poder de degradação (Laist 1987), porém para os
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil dois métodos utilizados não foi observada associação entre resíduos e afloramentos de gramas marinhas, em nenhuma das estações e baixios amostrados. É provável que os resíduos estejam associados aos ambientes onde há outras fontes de recursos alimentares, tais como manguezais e áreas rochosas, ou mesmo que os animais se alimentem dos resíduos que derivam ao longo da área. Dos 22 tratos digestórios de C. mydas analisados foi observado que os tratos coletados na estação quente e chuvosa apresentaram maior frequência de ocorrência de H. wrightii (75%), enquanto que os encontrados na estação fria e seca apresentaram maior frequência de resíduos sólidos (50%), material calcário (conchas de moluscos) e ausência de grama marinha. Desta forma, os bancos de H. wrightii não podem ser considerados como área-fonte de ingestão de resíduos sólidos por tartarugas-verde. As gramas marinhas crescem mais e em maiores quantidades nas estações quentes (Marques e Creed 2008). Na estação fria e seca, onde há pequenas quantidades de gramas, as tartarugas buscam por outros recursos alimentares (Guebert-Bartholo et al. 2011), aumentando seu deslocamento e a probabilidade de encontro e ingestão de resíduos sólidos.
Agradecimentos/Financiadores Os autores agradecem á Fundação Araucária pelo financiamento do projeto: “Integração entre informações ecológicas e físicas: subsídio para gestão e conservação da biodiversidade em ambientes estuarinos no estado do Paraná”.
Referências Bibliográficas Guebert-Bartholo, F.M., M. Barletta, M.F. Costa, e E.L.A. Monteiro-Filho. 2011. Using gut contents of juvenile green turtles Chelonia mydas to assess foraging patterns in the Paranaguá Estuary, Brazil. Endangered Species Research 13:131-143. Guimarães, M.S.D., L.F. Catanzaro, J.A. Baptista-Neto, C.G. Vilela, E I. Brehme. 2007. Caracterização textural dos sedimentos superficiais de fundo e dinâmica sedimentar na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro. E-publicações UERJ, Rio de Janeiro. Laist, D.W. 1987. Overview of the biological effects of lost and discarded plastic debris in the marine environment. Marine Pollution Bulletin 18:319-326 Lautert, L.F.C. 1999. Diagnóstico sócio-natural da porção Sul do município de Paranaguá, Paraná. Dissertação de Mestrado, UNESP, Rio Claro. Lutz, P.L. 1990. Studies on the ingestion of plastic and latex by sea turtles. Proceedings of the Second International Conference on Marine Debris p. 719-735. Marques, L.V., e J.C. Creed. 2008. Biologia e ecologia das fanerógamas marinhas do Brasil. Oecologia Brasiliensis 12:315-331. Sordo, L.D. 2008. Alterações na estrutura e funcionamento de um banco de Halodule wrightii (Cymodoceaceae) durante um florescimento massivo de epífitas na baía de Paranaguá (Paraná, Brasil). Dissertação de Mestrado, UFPR, Pontal do Paraná.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil INGESTÃO DE MATERIAL ANTROPOGÊNICO POR Chelonia mydas NO LITORAL DE UBATUBA, SP
Thainá Francisquini da Silva1, Mayara Barreto Britto2, e Luciana Pinto Sartori1,3
Centro Universitário São Camilo. Rua Raul Pompéia, 144, CEP 05025-010, Pompéia, São Paulo, SP, Brasil. (thaina_fs@hotmail.com). 1
2
(mayarabbritto@hotmail.com).
Instituto Oceanográfico – USP, Pça do Oceanográfico, 191, Cidade Universitária, São Paulo, SP. (lpsartori@ hotmail.com).
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Palavras-chave: tartaruga-verde, lixo marinho, resíduos sólidos.
Introdução Resíduos sólidos gerados nas praias tanto por turistas e quiosques quanto pela população local têm alterado o meio ambiente litorâneo, afetando toda a costa, seus ecossistemas, corpos d’água, e trazendo riscos à saúde dos animais marinhos. É grande a quantidade de resíduos que se convertem em lixo marinho, constituídos por plásticos, vidros, borrachas, metais, papéis, madeiras e tecidos, cada qual com diferentes graus de permanência e persistência no ambiente, de acordo com seu processo de degradação (CETESB 2009). Ubatuba destaca-se no litoral norte do Estado de São Paulo por suas inúmeras praias e ilhas, e possui uma população flutuante maior que a fixa, que dobra de tamanho nos períodos de férias e feriados, causando problemas na infraestrutura local (CETESB 2009). Trata-se de uma importante área de alimentação de tartarugas marinhas, sendo que a tartaruga-verde [Chelonia mydas (Linnaeus 1758)] em estágio juvenil é a mais abundante na região, com mais de 95% dos registros (TAMAR 2003). Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN 2011) a tartaruga-verde é considerada em perigo de extinção, e encontra-se ameaçada globalmente por várias atividades antropogênicas, incluindo a perda dos habitats de alimentação (Bjorndal 1999). Sua dieta varia consideravelmente durante seu ciclo de vida: enquanto filhote é uma espécie onívora com tendências à carnívora, tornando-se basicamente herbívora quando juvenil e adulta, podendo alimentar-se eventualmente de águas vivas, esponjas, propágulos de mangue, moluscos, peixes e crustáceos (Bjorndal 1997; Guebert 2008). Um grande problema registrado atualmente e diretamente relacionado à dieta e hábitos alimentares é a ingestão de debris antropogênicos, ou seja, lixo (Mascarenhas et al. 2004 apud Lenz 2009). Tal ingestão pode obstruir o trato digestório do animal, causar redução do ganho nutricional, e aumento do tempo dos alimentos nos compartimentos do trato alterando sua flutuabilidade devido ao acúmulo de gases no intestino (Tourinho et al. 2008). Este estudo teve como objetivo avaliar a influência da degradação do habitat costeiro pela ação humana na disponibilidade de alimento para os herbívoros marinhos, através do estudo da ingestão de material antropogênico por tartarugas marinhas C. mydas encontradas no litoral de Ubatuba.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Metodologia A região de estudo abrange o munícipio de Ubatuba (45°05’W, 23°26’S), localizado no litoral norte do Estado de São Paulo, com cerca de 100 km de extensão e 9,6 km² de área urbanizada. O turismo é a principal atividade econômica, mas a pesca artesanal também é uma importante fonte de renda (Gallo et al. 2006). Foi realizada a análise de nove tratos gastrointestinais a partir de indivíduos mortos de C. mydas provenientes de encalhes em praias e de capturas acidentais na pesca artesanal, em parceria com o Projeto TAMAR de Ubatuba. De cada indivíduo de C. mydas foi realizada a biometria, sendo medido o comprimento total do indivíduo (CT), comprimento curvilíneo da carapaça (CCC), largura curvilínea da carapaça (LCC), comprimento curvilíneo do plastrão (CCP) e largura curvilínea do plastrão (LCP) antes da remoção de seu trato gastrointestinal e antes de pesá-la. Todos os animais estudados tiveram seu trato gastrointestinal removido, desde o esôfago até a porção final do intestino grosso. As amostras de resíduos antropogênicos retiradas foram separadas de acordo com o tipo de material (plástico duro, flexível, mole, rede de pesca) e de acordo com a cor (branco, transparente e colorido). O conteúdo foi pesado em balança analítica e cada item medido com régua. Foi obtida a frequência de ocorrência de cada item em relação às tartarugas analisadas (FO%), calculada pela fórmula: FO (%) = (N° de animais que ingeriram o item) x 100 / N° total de animais. Resultados e Discussão As nove tartarugas marinhas analisadas foram coletadas entre os dias 25/04/2011 e 02/06/2011; possuindo o CCC entre 29,5 cm e 40 cm, com média de 34,3 cm. Segundo Bjorndal (1997), indivíduos com CCC entre 20 e 49 cm são classificados como juvenis. A maioria dos animais analisados apresentou tendência à herbivoria, característico dessa fase de desenvolvimento. Porém, dos nove espécimes analisados, oito possuíam algum tipo de resíduo antropogênico em seu trato gastrointestinal, ou seja, 89% das tartarugas. Desses oito animais obteve-se um total de 1498 pedaços de materiais de origem antropogênica, correspondendo a um peso total de 73,8 g, sendo que variaram de 1 mm a 32 cm de tamanho. O material mais encontrado foi proveniente da pesca, como a linha de pesca (nylon)/barbante com frequência de 78%, seguido de material de coloração branca e colorido, ambos com 55% e o plástico transparente com 44% de frequência (Tabela 1). Possivelmente a origem desse material é de navios e barcos que descartam o lixo no mar e também das praias, sendo levados para o oceano (Barros et al. 2007).
Tabela 1. Detalhes de cada tipo de material antropogênico encontrado, especificado pela cor e com valores representados pela quantidade de pedaços e a frequência de ingestão (FO%) em nove tratos digestórios de Chelonia mydas coletados em Ubatuba, SP, Brasil.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Segundo Laist (1987), a ingestão de lixo pode ocorrer intencionalmente quando estes são confundidos com alimentos naturais, ou acidentalmente quando resíduos são ingeridos juntamente com o alimento. Um dos espécimes analisados só possuía resíduos antropogênicos em seu trato gastrointestinal, ficou 17 dias em tratamento no Centro de Reabilitação do Projeto TAMAR em Ubatuba e a tartaruga não se alimentava e não defecava. Isso causou redução do seu ganho nutricional, o animal era muito magro, seu plastrão afundado, espículas ósseas do plastrão perfuraram a pele e os ossos do pescoço estavam em destaque. Após esse período, o animal veio a óbito. Baseado nestes resultados, é recomendado que programas de conservação das populações de C. mydas tenham como um de seus focos principais a conservação dos ecossistemas costeiros como um todo, dada as altas taxas de degradação destes ecossistemas e sua importância para a espécie. Áreas de alimentação que ainda possuam uma alta diversidade de espécies de algas devem ser vistas como áreas de proteção prioritárias, o que garantiria a conservação do ecossistema.
Agradecimentos Agradecemos ao Projeto TAMAR pelo fornecimento das amostras dos tratos gastrointestinais de Chelonia mydas e ao SISBIO/IBAMA pela licença de pesquisa.
Referências Bibliográficas Barros, J.A., M.S. Copertino, D.S. Monteiro, e S.C. Estima. 2007. Análise da dieta de juvenis de tartaruga-verde (Chelonia mydas) no extremo sul do Brasil. VIII Congresso de Ecologia do Brasil. Caxambu-MG. Bjorndal, K.A. 1997. Foraging ecology and nutrition of sea turtles. In The biology of sea turtles. Lutz, P.L., e J.A. Musick (Eds.). CRC Press, 432p. Bjorndal, K.A. 1999. Priorities for research in foraging habitats. in Eckert, K.L., K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, e M. Donnelly (Eds.). Research and management techniques for the conservation of sea turtles. IUCN/SSC Publicación No. 4. CETESB, Companhia Ambiental do Estado do São Paulo. 2009. Relatório de Qualidade das praias litorâneas no estado de São Paulo. São Paulo: Secretária do Meio Ambiente, 167 p. Gallo, B.M.G., S. Macedo, B.B. Giffoni, J.H. Becker, e P.C.R. Barata. 2006. Sea turtle conservation in Ubatuba, Southeastern Brazil, a feeding area with incidental capture in coastal fisheries. Chelonian Conservation and Biology 5:93-101. Guebert, F.M. 2008. Ecologia alimentar e consumo de material inorgânico por tartarugas verdes, Chelonia mydas, no litoral do estado do Paraná. Tese de Mestrado. UFPR, Curitiba. IUCN (International Union for Conservation of Nature). 2011. Red list of threatened animals. Disponível em: <http://www.redlist.org>. Acesso em: 10 de agosto de 2011. Laist, D.W. 1987. Overview of the biological effects of lost and discarded plastic debris in the marine environment. Marine Pollution Bulletin 18:319-326.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Lenz, A. J. 2009. Dieta da tartaruga-cabeçuda, Caretta caretta (Testudines, Cheloniidae), no litoral norte do Rio Grande do Sul. Trabalho de Conclusão de Curso. UFRGS, Porto Alegre. TAMAR. 2003. Projeto TAMAR/IBAMA. Fundação Pró-TAMAR Ubatuba: Promovendo a integração do homem com o meio ambiente. Revista do Tamar n. 6. Disponível em: <http://www.ubatuba.com.br/tamar/historico.htm>. Acesso em: 02 fev. 2011. Tourinho, P.S., J.A.I. Sul, e G. Fillmann. 2008. Frequência de ingestão de resíduos sólidos em tartarugas-verdes na costa do Rio Grande do Sul, Brasil: Distribuição e fragmentação no Trato gastrointestinal. III Congresso Brasileiro de Oceanografia. Fortaleza.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil INGESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS POR JUVENIS DE Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) NO LITORAL NORTE E MÉDIO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL Camila T. Rigon1, e Cariane C. Trigo2,3 Curso de Ciências Biológicas com Ênfase em Biologia Marinha e Costeira UFRGS/UERGS – Av. Tramandaí, 976, CEP 95625-000, Imbé, RS, Brasil. (cacapf@msn.com).
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Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – CECLIMAR/IB/UFRGS – Av. Tramandaí, 976, CEP 95625-000, Imbé, RS, Brasil. (carianect@ gmail.com).
2
Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Rio Grande do Sul – GEMARS – Av. Tramandaí, 976, CEP 95625000, Imbé, RS, Brasil.
3
Palavras-chave: plástico, alimentação, poluição.
Introdução Na costa do Rio Grande do Sul (RS) são encontradas cinco espécies de tartarugas marinhas, as quais utilizam esse ambiente para alimentação e desenvolvimento (Barros 2007). A tartaruga-verde (Chelonia mydas) é a segunda espécie que mais encalha no litoral do RS e está em perigo de extinção segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Durante o primeiro estágio de vida seus hábitos alimentares são preferencialmente de origem animal, quando juvenis, tem alimentação mais variada com hábitos onívoros (Bjordnal 1985). Na fase adulta apresenta hábito herbívoro, único entre tartarugas marinhas (Bjordnal 1997). Juvenis de Chelonia mydas alimentam-se em latitudes temperadas no verão e retornam a menores latitudes no inverno para evitar águas frias (Musick e Limpus 1997), sendo o litoral do RS uma importante área de alimentação desta espécie principalmente na primavera e no verão austral. A ingestão de resíduos de origem antrópica, tem gerado estudos no mundo inteiro e mostrado que é comum o consumo destes por tartarugas-verdes. Esses resíduos são compostos de materiais sintéticos, como o plástico. A ingestão dos resíduos sólidos ocorre intencionalmente quando confundidos com os alimentos naturais, ou acidentalmente quando o resíduo é ingerido juntamente com o alimento (Laist 1987). O consumo de matéria inorgânica pode causar sensação de falsa saciedade e pode ter efeitos letais, pois o acúmulo de sólidos pode obstruir o trato gastrointestinal, ocasionar danos em suas paredes e acúmulo de gases, o que pode levar eventualmente à morte do indivíduo. (Bjordnal 1997). O objetivo deste trabalho é verificar e caracterizar a ingestão de resíduos sólidos por indivíduos de Chelonia mydas no litoral norte e médio do RS.
` Figura 1. Mapa da área de estudo, apresentando o trecho do litoral do Rio Grande do Sul onde foram coletados os indivíduos de Chelonia mydas. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Metodologia A área de coleta possui aproximadamente 270 km de extensão, desde Mostardas na parte sul até Torres na parte norte, estando incluída no litoral norte e médio do RS (Fig. 1). Os indivíduos analisados foram recebidos vivos pelo Centro de Reabilitação de Animais Silvestres e Marinhos (CERAM) do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CECLIMAR/ IB/UFRGS), ou encontrados mortos pelo Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Rio Grande do Sul (GEMARS) em monitoramentos de praia. Foram analisados 20 espécimes, sendo nove oriundos do CERAM entre outubro de 2010 e fevereiro de 2011 e 11 oriundos dos monitoramentos de praia, realizados entre 2007 e 2011. Os tratos gastrointestinais foram coletados inteiros, do esôfago até o reto, seccionados longitudinalmente, lavados com água corrente, e o conteúdo foi transferido para uma peneira de malha 0,5 mm. Os órgãos foram analisados separadamente (esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso). Os resíduos sólidos foram separados macroscopicamente e armazenados em local seco. Posteriormente foram triados e separados quanto ao tipo de material (plástico maleável, plástico rígido, esférulas plásticas, itens de pesca e diversos) e à cor (branco, transparente e coloridos).
Resultados e Discussão Os exemplares analisados apresentaram comprimento curvilíneo de carapaça entre 31,4 e 46,5 cm, o que os caracteriza como indivíduos juvenis. Todos os tratos gastrointestinais analisados e, portanto, 100% dos indivíduos, continham resíduos sólidos, sendo quantificados 2.533 itens ao total. O item de maior frequência foi o plástico, sendo o plástico maleável o mais abundante, representando 48% do total de itens, seguido do plástico rígido (36,6%), itens de pesca (7,4%), diversos (6,7%) e esférulas plásticas (1,3%). A cor predominante foi branca na maioria dos indivíduos (43,3%), seguido de transparente (30,2%). A quantidade de resíduos sólidos variou em cada órgão, com volumes de 0,1 a 110 ml, sendo o intestino delgado o órgão que apresentou maior volume, variando entre 1,5 e 110 ml. A grande quantidade de materiais sintéticos encontrados nos tratos digestivos de C. mydas pode ser decorrente de diversos fatores, como a inexperiência do indivíduo, pois na fase juvenil ocorre a transição da dieta, a escassez de alimento e a abundância de materiais sintéticos nos oceanos. Diversos estudos (Bugoni et al. 2001; Guebert 2003) corroboram que o item mais ingerido é o plástico maleável da cor branca e transparente, sugerindo que o indivíduo confunda o plástico com o alimento, como cnidários e algas, porém não é comprovado que ocorra esse engano efetivamente, pois há também grande quantidade de plásticos rígidos e de outras cores ingeridos pelos indivíduos, que não poderiam ser confundidos com alimento de acordo com a dieta conhecida. Com os resultados do presente estudo e com base em outros estudos (Bugoni et al. 2001; Guebert 2003; Tourinho 2007; Nakashima 2008), a incidência de ingestão de matéria inorgânica de origem antrópica está aumentando com o tempo. Estudos recentes executados no Rio Grande do Sul mostram que em todas as tartarugas amostradas há ingestão de resíduos sólidos (Tourinho 2007; Daudt et al. 2010) e que o encalhe de tartarugas-verdes tem aumentado consideravelmente, sendo o lixo uma das causas mais prováveis (Nunes et al. 2010). Como o litoral do RS é uma área importante na alimentação da tartaruga-verde, o aumento da poluição marinha acarretará mais indivíduos acometidos por ingestão de resíduos sólidos e maior mortalidade de espécimes juvenis, sem que possam chegar à idade adulta, o que pode acarretar diminuição de taxas de crescimento populacional.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Agradecimentos Agradecimento ao CERAM, GEMARS e ao CECLIMAR/IB/UFRGS.
Referências Bibliográficas Barros, J.A. 2007. Ecologia alimentar da tartaruga-verde (Chelonia mydas) no extremo sul do Brasil. Dissertação de Bacharelado, FURG, Rio Grande. Bjorndal, K.A. 1985. Nutritional ecology of sea turtles. Copeia 1985:736-751. Bjorndal, K.A. 1997. Foraging ecology and nutrition of sea turtles. Páginas 199-231 In Lutz, P.L., e J.A. Musick (Eds.) The biology of sea turtles. CRC, Florida. Bugoni, L., L. Krause, e M.V. Petry. 2001. Marine debris and human impacts on sea turtles in southern Brazil. Marine Pollution Bulletin 42:1338-1342. Daudt, N.W., C.T. Rigon, R.A. Xavier, P.M. Silva, S.B. Nakashima, M.W. Ataide, M.M. Alievi, C.S. Braga, M. Tavares, e C.C. Trigo. 2010. Ingestão de resíduos antropogênicos por juvenis de tartaruga-verde, Chelonia mydas (Linnaeus, 1758), no litoral (Norte e Médio) do Rio Grande do Sul. In: II Simpósio de biologia marinha (SABMAR). Livro de Resumos. Tramandaí, Rio Grande do Sul. International Union for Conservation of Nature (IUCN). 2011. Disponível em http://www.iucnredlist.org . Acessado em 14/06/2011. Guebert, F.M. 2003. Ecologia alimentar e mortalidade da tartaruga marinha Chelonia mydas no litoral do estado do Paraná. Monografia, UFPR. Laist, D.W. 1987. Overview of the biological effects of lost and discarded plastic debris in the marine environment. Marine Pollution Bulletin 18:319-326. Musick, J.A., e C.J. Limpus. 1997. Habitat utilization and migration in juvenile sea turtles. páginas 137-164 In Lutz, P.L., e J.A. Musick (Eds.) The biology of sea turtles. CRC, Florida. Nakashima, S.B. 2008. Dieta da tartaruga-verde Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) (Testudines, Cheloniidae) no litoral norte do Rio Grande do Sul. Monografia, PUCRS. Nunes, L.F., G.M. Brusco, D. Casanova, R.M.S. Oliveira, C.J.R. Hilario, I.V. Fausto, M. Tavares, e C.C. Trigo. 2010. Tartarugas marinhas recebidas pelo centro de reabilitação de animais silvestres e marinhos do CECLIMAR/ IB/UFRGS. In: II Simpósio de biologia marinha (SABMAR). Livro de Resumos. Tramandaí, Rio Grande do Sul. Tourinho, P.S. 2007. Ingestão de resíduos sólidos por juvenis de tartaruga-verde (Chelonia mydas) na costa do Rio Grande do Sul, Brasil. Monografia, FURG.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil El impacto de los desechos antrópicos en individuos juveniles de tortuga verde (Chelonia mydas), Cerro Verde, Uruguay
María Inés Murman1, Luciana Alonso2, e Jorge Eduardo Pérez Comesaña1,3,4
1
Universidad CAECE, Av. de Mayo, 866, C.P. 1084, C.A.B.A. (inemurman@gmail.com).
2
Karumbé, Avda. Gral Rivera 3245, CP11200, Montevideo (aloluciana@gmail.com).
3 Facultad de Ciencias Exactas y Naturales, Dpto. de Ecología, Genética y Evolución, I. Güiraldes 2160, Ciudad Universitaria, C1428EGA, C.A.B.A. 4 Museo Argentino de Ciencias Naturales “Bernardino Rivadavia”, División Ictiología, Av. Ángel Gallardo 470, C1405DJR, C.A.B.A. (jorgepc@macn.gov.ar).
Palabras-clave: ingesta, plásticos, contaminación, residuos.
Introducción Uruguay constituye una importante zona de alimentación para el desarrollo de juveniles de tortugas verdes (Chelonia mydas), especie que se encuentra listada como “en Peligro” de extinción por la Unión Internacional para la Conservación de la Naturaleza (IUCN). En particular, el Área Costero-Marina Protegida (ACMP) “Cerro Verde e Islas de La Coronilla” (Departamento Rocha), ha sido identificada como una de las zonas de mayor importancia para esta especie (López-Mendeliharsu et al. 2006). La contaminación por desechos sólidos es una amenaza muy importante y se ha planteado que la ingesta de los mismos podría ser intencional, por ser confundidos con presas o bien accidental al estar adheridos a la fuente natural de alimento (Bugoni et al. 2001; Derraik 2002). La ingesta de desechos puede tener efectos sub-letales como el daño en las paredes gastrointestinales, interferencia con el metabolismo de los lípidos, bloqueo de la secreción de enzimas gástricas, generando saciedad, acumulación de gases alterando la flotabilidad y reducción de los niveles de hormona esteroidea, afectando la fecundidad (Derraik 2002; Tourinho 2007). Al mismo tiempo, los efectos pueden ser letales, de modo directo: causando la muerte por obstrucción o perforación del sistema digestivo; de modo indirecto: reduciendo la tasa de crecimiento, prolongando los períodos de desarrollo en sitios de mayor vulnerabilidad a la depredación, disminuyendo las reservas energéticas, afectando la supervivencia (Bugoni et al. 2001). El objetivo de este trabajo es describir cualitativa y cuantitativamente la ingesta de desechos antrópicos en individuos juveniles de C. mydas, en el ACMP “Cerro Verde e Islas de La Coronilla” y zonas adyacentes, evaluar la relación entre las tallas de los individuos y el tipo de residuo consumido, y analizar el efecto del color del residuo en la ingesta.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Metodología El estudio fue realizado en el área de Cerro Verde e Islas de La Coronilla (33º56’ S - 53º 29’ O), extendiéndose hacia el sur hasta la localidad de Punta del Diablo (34º02’40” S - 53º32’15” O) y hacia el norte hasta la localidad de Barra del Chuy (33º44’37” S - 53º22’10” O), abarcando 41 km de costa oceánica. Se desarrollaron censos de playa semanales cubriendo toda la línea de costa entre enero y abril de 2010, mientras que durante el resto del año los censos fueron mensuales. Al mismo tiempo, se relevaron los varamientos a través de reportes a la Red de Varamientos y Rescate de Tortugas Marinas de Karumbé. Las muestras provinieron tanto de individuos registrados muertos en las playas como tortugas que fueron encontradas con vida y murieron durante el proceso de rehabilitación. A todos los individuos registrados se les midió el largo estándar curvo del caparazón (LCC), se les practicó una necropsia y se colectó el contenido esofágico, estomacal e intestinal. Los mismos fueron preservados de modo individual en formol 5% en frascos rotulados para su posterior identificación. Los contenidos fueron lavados y se separó el material sintético presente, del alimento y la materia orgánica digerida. Para cada tortuga se cuantificó el número de ítems según el tipo de material y se calculó su peso húmedo y volumen. Por lo tanto, la importancia de los residuos fue evaluada usando el porcentaje en número (%N), el porcentaje en peso (%P), el porcentaje de la frecuencia de ocurrencia (%FO) y el índice de importancia relativa (IRI) (Pinkas et al., 1971) expresado como porcentaje (%IRI) (Cortés 1997). La cantidad y el peso de cada residuo antrópico se utilizaron a fin de evaluar si existen diferencias en la ingesta con relación al tamaño de las tortugas: menores de 36,5 cm y mayores de 36,5 cm de LCC). Los datos fueron estandarizados para minimizar el efecto del tamaño de los estómagos. Un análisis de varianza multivariado no paramétrico (NP-MANOVA) fue utilizado para describir el efecto del tamaño sobre la ingesta de residuos (Anderson, 2005). Para determinar si existían diferencias de frecuencia en los colores de residuos ingeridos, utilizamos el test Chi-Cuadrado para bondad de ajuste, y este cálculo se realizó para el conjunto de todos los desechos, y luego teniendo en cuenta los desechos con mayor %IRI.
Resultados y Discusión De las 23 tortugas examinadas, el 82,6% presentó desechos antrópicos en algún sector del tracto digestivo. Los desechos relevantes hallados fueron plásticos blandos (p.e.: bolsas), goma, látex, plásticos duros, tanzas, cuerdas, Según el %IRI, los desechos con mayor importancia relativa fueron: plásticos duros seguidos por plásticos blandos y luego por las cuerdas. Los desechos de menor importancia fueron metal, espuma, látex, poliestireno expandido y goma (Tabla 1).
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Tabla 1. Desechos antrópicos registrados en 23 individuos juveniles de Chelonia mydas %N = % cantidad, %P = % peso (en gramos), %F = % frecuencia de ocurrencia, %IRI = % Índice de Importancia Relativa.
Se encontraron diferencias significativas entre los tipos de residuos ingeridos en tallas menores y mayores de 35,6 cm, tanto por cantidad de ítems (N) (F = 5,72 y P = 0,014) y como por peso (P) (F = 4,88 y P = 0,049). Las tallas mayores ingirieron más cantidad de plásticos blandos, siendo los ítems de mayor peso seguido de “otros” desechos. En cambio, las tallas menores ingirieron más cantidad de plásticos duros, siendo el ítem de mayor peso, seguido de los plásticos blandos. El test Chi-Cuadrado de bondad de ajuste mostró diferencias significativas entre los distintos tipos de colores de los desechos ingeridos, mostrando una mayor incidencia del color blanco, para la muestra en general (χ2 = 794,8; gl = 176; P < 0,05). Para plásticos blandos, se encontró una mayor incidencia del color transparente (χ2 = 194,3, gl = 160 y P < 0,05), seguido del blanco (en ambas tallas) y para los plásticos duros (χ2 = 401,2 gl = 144 y P < 0,05) y cuerdas (χ2 = 72, gl = 144 y P < 0,05), el color predominante fue el blanco (también para ambas tallas). La elevada tasa de ingesta de desechos registrada, en particular plásticos, es coincidente con lo reportado en otras zonas del ASO ratificando la gran susceptibilidad de esta especie a este tipo de contaminación (Tourinho 2007). Las diferencias encontradas en el tipo de desechos ingeridos por tortugas de mayor y menor talla podrían estar asociadas a diferencias en el comportamiento, migraciones y/o cercanía al cambio ontogenético en la dieta de las tortugas que son recientemente reclutadas en hábitat neríticos (Arthur et al. 2008). La mayor ingesta de desechos de color blanco y materiales plásticos podría estar asociada a su disponibilidad en el ambiente. Resulta crítico el desarrollo de estrategias de conservación a escala regional que permitan mitigar el impacto de la producción de residuos en esta especie en peligro de extinción.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Agradecimientos/Financiadores Agradecemos a Rufford Small Grants Foundation (RSGF) por su apoyo financiero, a los miembros de Karumbé y todos los voluntarios que colaboran con el estudio.
Referencias Bibliográficas Anderson, M.J. 2005. PERMANOVA: a FORTRAN computer program for permutational multivariate analysis of variance. Department of Statistics, University of Auckland, New Zealand. Arthur, K.E., M.C. Boyle, y C.J. Limpus. 2008. Ontogenetic changes in diet and habitat use in green sea turtle (Chelonia mydas) life history. Marine Ecology Progress Series 362:303-311. Bugoni, L., L. Krause, y M.V. Petry. 2001. Marine debris and human impacts on Sea Turtles in Southern Brazil. Marine Pollution Bulletin 42:1330-1334. Cortés, E. 1997. A critical review of methods of studying fish feeding based on analysis of stomach contents: application to elasmobranch fishes. Canadian Journal of Aquatic Sciences 54:726-738. Derraik, J.G.B. 2002. The pollution of the marine environment by plastic debris: a review. Marine Pollution Bulletin 44:842-852. López-Mendilaharsu, M., A. Estrades, M.N. Caraccio, V. Calvo, M. Hernández, y V. Quirici. 2006. Biología, ecología y etología de las tortugas marinas en la zona costera uruguaya. Páginas 247-257 en Menafra, R, L. Rodríguez-Gallego, F. Scarabino, y D. Conde (Eds.). Bases para la conservación de la costa uruguaya. Vida Silvestre Uruguay, Montevideo. Pinkas, L., M.S. Oliphant, y I.L.K Iverson. 1971. Food habits of albacore, bluefin tuna and bonito in California waters. California Fish and Game 152:1-105. Tourinho, P.S. 2007. Ingestão de resíduos sólidos por juvenis de tartaruga-verde (Chelonia mydas) na costa do Rio Grande do Sul, Brasil. Monografia FURG, 38 pp.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Reabilitação de uma tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) com traumatismo craniano no Centro de Recuperação de Animais Marinhos – CRAM – FURG
Pedro Bruno1, Roberta Petitet1, Paula Canabarro1, Flavio Amado Hanciau2, Andrea Adornes1, Rodolfo Silva-Filho1, e Lauro Barcellos1
Centro de Recuperação de animais Marinhos – CRAM. Rua Capitão Tenente Heitor Perdigão, n° 10, centro, Rio Grande-RS. Cep: 96200-580 (pedro_lbf@hotmail.com)
1
Hospital Universitário Miguel Riet Corrêa JR. (FURG) - Rua Visconde de Paranaguá, 102 Cep: 96.200-190 - Rio Grande – RS. 2
Palavras-chave: interação com pesca, traumatismo craniano, material biocompatível
Introdução A tartaruga-de-couro, Dermochelys coriacea, é uma das cinco espécies de tartarugas marinhas que utiliza a costa brasileira para reprodução e alimentação. Está classificada como “em perigo crítico” pelo Ministério do Meio Ambiente do Brasil (http://www.mma.gov.br). No entanto, ao longo da costa sul do Brasil são freqüentes o encalhe desta espécie, bem como capturas acidentais na pesca costeira e pelágica (Bugoni et al. 2001; Barata et al. 2004; Kotas et al. 2004; Marcovaldi et al. 2006; Sales et al. 2008). A grande maioria dos encalhes de tartarugas marinhas, incluindo a tartaruga-de-couro, possui algum tipo de escoriação proveniente de embarcações, anzóis ou rede (Monteiro et al. 2006). Uma vez que são encalhes de animais mortos (Monteiro et al. 2006), não há muitas chances para reabilitar estes animais com lesões causadas por colisões com embarcações ou captura acidental. O presente trabalho tem como objetivo descrever os procedimentos aplicados na reabilitação de uma tartaruga-de-couro encontrada encalhada na Praia do Cassino, Rio Grande-RS, com possíveis evidências de interação com embarcações. Sendo utilizado pela primeira vez no Brasil um material bio-compatível para reconstituição óssea humana em um quelônio marinho.
Resultados e Discussão No dia 28/02/2011 pela manhã, uma tartaruga marinha da espécie Dermochelys coriacea foi resgatada pela Polícia Ambiental local (PATRAM) e encaminhada ao Centro de Recuperação de Animais Marinhos (CRAMFURG). O animal encontrava-se encalhado a 6 km do Molhe Oeste, na Praia do Cassino, Rio Grande-RS. De acordo com o protocolo do CRAM, os primeiros procedimentos foram: pesagem (125,4 kg), biometria (comprimento curvilíneo da carapaça = 145,5 cm), identificação com o número de registro e fotografias do animal. Logo após, a tartaruga foi submetida ao exame clínico, onde foi constatado que o animal encontrava-se ativo, alerta e em bom estado corporal. Porém, apresentava um traumatismo craniano na região frontoparietal estendendo-se até a região supraocular, medindo aproximadamente 20 cm, com exposição de tecidos moles, presença de fragmentos ósseos e diversos epibiontes (Fig. 1A). A coleta de sangue foi realizada na região interdigital da nadadeira posterior esquerda, com valores de hematócrito de 10%, glóbulos brancos menor que 1% e proteína plasmática total de 4g/dl. O animal foi mantido em uma piscina de 3000 litros preenchida com água doce, o que facilitou o desprendimento dos epibiontes aderidos à lesão. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil
A
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C
Figura 1. Traumatismo craniano de uma tartaruga de couro recebida no CRAM. (A) Lesão com epibiontes presentes; (B) Vista da lesão após a primeira limpeza; (C) Lesão preenchida com o material biocompatível.
No período da tarde, foi feita a retirada dos organismos aderidos à lesão, fragmentos ósseos e tecidos necrosados (Fig. 1B). A limpeza foi realizada utilizando solução fisiológica (NaCl 0,9%) e desinfecção com PVPI e Furanil® (clorexidina), em seguida foi feito a aplicação de antibióticos e antiinflamatórios tópicos, Rifocina® e DM-Gel®, respectivamente. O individuo foi hidratado, via intracavitária, com 500ml de soro polivitamínico, Polijet® e recebeu a aplicação de Pentabiótico® por via intramuscular. Durante o segundo, terceiro e quarto dias seguintes foi feita a troca de água da piscina, onde o animal permaneceu descansando em observação, sendo submetido uma vez ao dia à limpeza da lesão com os mesmos medicamentos citados acima, e a hidratação por via- subcutânea. No quinto dia de reabilitação, em função da condição clínica estável do animal, foi realizado o preenchimento e remodelamento do traumatismo craniano. Foi utilizado um material biocompatível (composto de Metil/Polimetil Metacrilato) e aplicado em reconstituição óssea humana. Durante o procedimento a tartaruga foi mantida imobilizada através de contenção física feita pela equipe do CRAM-FURG. Foi realizada a assepsia local utilizando PVPI, logo após foi feita a secagem da região com gaze. Após a preparação do local da lesão foi feito o preenchimento da mesma por um material que recebe o nome de Gelfoam (gelatina absorvível), com a função de proteger e evitar o contato direto do material biocompatível com a pele, pois esse ao ser aplicado atinge uma elevada temperatura. O metilmetacrilato, como é chamado, inicialmente apresenta uma consistência mole, foi moldado de acordo com a estrutura do crânio, preenchendo assim toda a região fraturada que se encontrava exposta (Fig. 1C). A área foi mantida em água corrente por 20 minutos após seu fechamento, com o objetivo de evitar o aumento da temperatura local e o endurecimento precoce do material. Após 30 minutos, o animal foi colocado na piscina onde permaneceu até o dia seguinte em observação. Pela manhã do sexto dia de reabilitação, a tartaruga permanecia ativa e alerta. Portanto optou-se pela liberação imediata do animal. Momento antes da liberação foi realizada a marcação nas nadadeiras posteriores da tartaruga (direita: BR56640; esquerda: BR56641), com anilhas metálicas fornecidas pelo Projeto TAMAR ao NEMA (Núcleo de Estudos de Monitoramento Ambiental) e repassadas ao CRAM. Foi feito uma última coleta de sangue, cujos valores foram de hematócrito 32 %, glóbulos brancos menor que 1% e proteínas plasmáticas totais 4,4g/dl além da aplicação da segunda dose do Pentabiótico® por via intramuscular. O animal foi encaminhado a uma embarcação da Praticagem do Porto de Rio Grande, que em uma ação conjunta de toda tripulação juntamente com a equipe do CRAM-FURG, a tartaruga foi liberada aproximadamente 5,5 milhas náuticas ao Sul da costa da Praia do Cassino, Rio Grande-RS.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Baseado no exame clínico do traumatismo craniano deduz-se que a lesão pode ter sido causada por choque com embarcação, pois além do traumatismo, o animal possuía escoriações na carapaça na mesma direção da lesão do crânio. Sugerindo assim colisão com algum tipo de hélice. Monteiro et al. (2006) sugerem que muitas das tartarugas marinhas encontradas encalhadas no litoral sul do Rio Grande do Sul possuem escoriações provavelmente por apetrechos de pesca. Portanto o traumatismo presente na tartaruga de couro recebida no CRAM-FURG pode ser proveniente de alguma embarcação de pesca, pois também o litoral do Rio Grande do Sul é uma área de pesca intensiva e com ampla diversidade de apetrechos. Entretanto, na área do presente estudo está localizado o Porto de Rio Grande-RS, considerado o segundo porto mais importante do país para o desenvolvimento do comércio internacional brasileiro. Devido a isso, existe um grande tráfego de grandes navios de carga, podendo assim, o traumatismo da tartaruga-de-couro ser proveniente por colisão com este tipo de embarcação. Agradecimentos/Financiadores Agradecemos ao Nema (Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental), ao Laboratório de Tartarugas e Mamíferos Marinhos da FURG, Patrulha Ambiental e ICMBIO (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodivesidade) pelo trabalho em equipe para resgatar esses animais encontrados encalhados na praia. E aos assistentes do Dr. Flávio Amado Hanciau, Felipe Silveira Martins e Pablo Reis de Moraes. E a Vanessa Pedroso e Aryse Martins, componentes da equipe CRAM-FURG.
Referências Bibiográficas Barata, P.C.R. E.H.S.M. Lima, M. Borges-Martins, J.T. Scalfoni, C. Bellini, e S. Siciliano. 2004. Records of leatherback sea turtle on the Brazilian coast, 1969-2001. Journal of the Marine Biological Association of United Kingdom 84:1233-1240. Bugoni, L., L. Krause, e M.V. Petry. 2001. Marine debris and human impacts on sea turtles in southern Brazil. Marine Pollution Bulletin 42:1330-1334. Kotas, J.E., S. Santos, V.G. Azevedo, B.M.G. Gallo, e P.C.R. Barata. 2004. Incidental capture of loggerhead and leatherback sea turtles by the pelagic longline fishery off southern Brazil. Fishery Bulletin 102:393-399 Marcovaldi, M.A., G. Sales, J.C.A. Thomé, A.C.C.D. Silva, B.M. Gallo, E.H.S.M Lima, E.P. Lima, e C. Bellini 2006. Sea turtles and fishery interactions in Brazil: identifying and mitigating potential conflicts. Marine Turtle Newsletter 112:4-8. Ministério do Meio Ambiente. MMA. 2003. Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: http://www.mma.gov.br. Acessada em 24/09/2011 Monteiro, D.S., L. Bugoni, e S.C. Estima. 2006. Strandings and sea turtle fisheries interactions along the coast of Rio Grande do Sul State, Brazil. In: Book of Abstracts of 26th Annual Symposium on Sea Turtle Biology and Conservation. International Sea Turtle Society, Athens, Greece. 257 p. Sales, G., B.B. Giffoni, e P.C.R. Barata. 2008. Incidental catch of sea turtles by the Brazilian pelagic longline fishery. Journal of the Marine Biological Association of United Kingdom 88:853-864.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil PANORAMA DO RECEBIMENTO DE TARTARUGAS MARINHAS PELO CERAM (CECLIMAR/IB/UFRGS) ENTRE AGOSTO 2008 E AGOSTO DE 2011
Maurício Tavares1,*, Pedro I.C.C. Figueiredo1, Ruth M.S. Oliveira1, Bruna Maldaner1, Alice A. Pereira1, Diego C. Santos1, Camila T. Rigon1, Luciana F. Nunes1, Priscila M. Silva1, e Cariane C. Trigo1
Setor de Reabilitação de Animais Silvestres e Marinhos (CERAM), Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CECLIMAR/IB/UFRGS), Av. Tramandaí, 976, CEP 95625-000, Imbé, RS. 1
* (mauricio.gemars@gmail.com).
Palavras-chave: Centro de Reabilitação, Rio Grande do Sul.
Introdução O Setor de Reabilitação de Animais Silvestres e Marinhos (CERAM) do Centro de Estudos, Costeiros, Limnológicos e Marinhos do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CECLIMAR/ IB/UFRGS) historicamente tem recebido tartarugas marinhas debilitadas encontradas na orla do litoral norte e médio do Rio Grande do Sul (RS), desde a década de 1990. Dentre as principais causas se destacam os recebimentos devido a interações com a atividade pesqueira e a ingestão de resíduos sólidos de origem antrópica (Barreto et al. 2010; Daudt et al. 2010). O presente trabalho tem por objetivo traçar um panorama do recebimento de tartarugas marinhas pelo CERAM entre agosto de 2008 e agosto de 2011.
Metodologia Os espécimes recebidos foram oriundos de diversas localidades situadas ao longo de cerca de 270 km de praias arenosas de baixa declividade entre os municípios de Torres e Mostardas, compreendendo o litoral norte e médio leste do RS. Os espécimes foram coletados durante monitoramentos de praia realizados pelo Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Rio Grande do Sul, através de encaminhamentos feitos pelo Comando Ambiental da Brigada Militar, por recolhimentos efetuados por populares ou, ainda, pelo próprio CERAM. As tartarugas encaminhadas ao CERAM foram fotografadas, examinadas quanto à presença de epibiontes e marcas de lesões por redes de pesca e medidas (comprimento e largura curvilíneos da carapaça).
Resultados e Discussão Entre 1998 e agosto de 2011 foram recebidas 145 tartarugas marinhas pelo CERAM. Somente entre agosto de 2008 e agosto de 2011 foram recebidas 85 tartarugas marinhas, correspondendo a 58,6% do total recebido desde 1998 (Fig. 1). Todas as cinco espécies ocorrentes no litoral brasileiro foram registradas, sendo Chelonia mydas a mais abundante (n = 73) com 85,9% dos registros, seguida por Caretta caretta (n = 6), Eretmochelys imbricata (n = 4), Dermochelys coriacea (n = 1) e Lepidochelys olivacea (n = 1) (Fig. 2). A taxa de sucesso na reabilitação foi de 100% para D. coriacea, 50% para C. caretta, 6,95% para C. mydas e 0% para E. imbricata e L. olivacea. Dos espécimes recebidos entre 2008 e 2011, três possuíam marcas metálicas e três receberam marcas fornecidas pelo Projeto TAMAR-ICMBio, sendo então, reintroduzidas (Tabela 1). VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil
Figura 1. Número de tartarugas marinhas recebidas pelo Setor de Reabilitação de Animais Silvestres e Marinhos (CERAM) do Centro de Estudos, Costeiros, Limnológicos e Marinhos do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CECLIMAR/IB/UFRGS), entre 1998 e agosto de 2011.
Todos os indivíduos de C. mydas e E. imbricata recebidos eram juvenis. Chelonia mydas teve comprimento curvilíneo de carapaça (CCC) entre 27,3 e 62,0 cm (média = 36,3 cm) e massa corporal entre 2,1 e 9,75 kg (média = 4,6 kg), enquanto E. imbricata apresentou CCC entre 37,6 e 37,8 cm e massa corporal entre 2,5 e 5,1 kg. Os espécimes de C. caretta apresentaram CCC entre 54,0 e 66,7 cm, enquanto L. olivacea possuía 69,8 cm de CCC. A presença de epibiontes aderidos ao casco, plastrão e nadadeiras foi registrada em 37,6% dos animais, o que pode estar relacionada ao fenômeno de brumação (Castro et al. 2003) ou, ainda, ao estado de debilidade apresentado pelos indivíduos.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil
Figura 2. Procedência dos espécimes recebidos pelo Setor de Reabilitação de Animais Silvestres e Marinhos (CERAM) do Centro de Estudos, Costeiros, Limnológicos e Marinhos do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CECLIMAR/IB/ UFRGS) de agosto de 2008 a agosto de 2011. A - Chelonia mydas; B - Caretta caretta; C -Dermochelys coriacea, Lepidochelys olivacea e Eretmochelys imbricata.
O maior percentual de registros de C. mydas está relacionado à ingestão de resíduos de origem antrópica, visto que a maioria dos indivíduos encaminhados ao CERAM encontrava-se debilitado em decorrência do acúmulo de lixo no trato gastrointestinal. O CERAM vem desenvolvendo diversos trabalhos sobre diferentes aspectos da biologia das espécies, como determinação sexual, análise da dieta, da fauna parasitária e epibionte, entre outros, buscando contribuir para a elaboração de estratégias de conservação.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Tabela 1. Espécimes recebidos com marcas metálicas e marcados pelo Setor de Reabilitação de Animais Silvestres e Marinhos (CERAM) do Centro de Estudos, Costeiros, Limnológicos e Marinhos do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CECLIMAR/IB/UFRGS), entre agosto de 2008 e agosto 2011.
Agradecimentos Agradecemos à equipe do PRESERVAS/CECLIVET da FAVET/UFRGS e do GEMARS, ao Projeto TAMAR-ICMBio e à Danielle da Silveira Monteiro do NEMA pelo fornecimento das anilhas. Referências Bibliográficas Barreto, J.S., R. Machado, S.B. Nakashima, e C.C. Trigo. 2010. Primeiro registro de tartaruga-verde, Chelonia mydas (Linnaeus, 1758), na laguna Tramandaí, Rio Grande do Sul. Resumos do II Simpósio de Biologia Marinha (SABMAR). Tramandaí, Rio Grande do Sul. Castro, J., M. Laporta, F. Scarabino, M. López-Mendilaharsu, A. Fallabrino, e G. Riestra. 2003. Presencia de organismos epibiontes inusuales para tortuga verde juvenil (Chelonia mydas): evidencias brumación en águas uruguayas? Resumos da II Jornadas de Conservación y Uso Sustentable de la Fauna Marina. Montevideo, Uruguay. Daudt, N.W., C.T. Rigon, R.A. Xavier, P.M. Silva, S.B. Nakashima, M.W. Ataide, M.M. Alievi, C.S. Braga, M. Tavares, e C.C. Trigo. 2010. Ingestão de resíduos antropogênicos por juvenis de tartaruga-verde, Chelonia mydas (Linnaeus, 1758), no litoral (norte e médio) do Rio Grande do Sul. Resumos do II Simpósio de Biologia Marinha (SABMAR). Tramandaí, Rio Grande do Sul.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Tartarugas Verdes (Chelonia mydas) recebidas no Centro de Recuperação de Animais Marinhos (CRAM/FURG) e a ingestão de resíduos sólidos
Paula Lima Canabarro1,*, Roberta Petitet1, Pedro Bruno1, Andrea Adornes1, Rodolfo Pinho da Silva-Filho1, e Lauro Barcellos1
Centro de Recuperação de Animais Marinhos (CRAM-FURG), Rua Capitão Tentente Perdigão, n°10, centro, Rio Grande, RS. 1
* (paulete_oceanofurg@yahoo.com.br)
Palavras-chave: lixo, tartaruga marinha, fecaloma, reabilitação
Introdução A região costeira do Rio Grande do Sul possui um problema concreto de contaminação por resíduos sólidos (Wetzel 1995). Os efeitos junto à megafauna são imediatos e preferencialmente mecânicos, como enredamento e afogamento, diminuição na capacidade de procurar alimento e/ou evitar a predação, bloqueio do trato digestivo e ferimentos oriundos da associação de componentes abrasivos ou cortantes (Tourinho et al. 2010). Das cinco espécies de tartarugas marinhas que utilizam a costa brasileira, três utilizam regularmente a costa do Rio Grande do Sul: tartaruga-verde Chelonia mydas, tartaruga-cabeçuda Caretta caretta, e tartaruga-decouro Dermochelys coriacea (Monteiro et al. 2006). As principais causas de mortalidade de tartarugas marinhas no litoral do Rio Grande do Sul são a captura incidental em apetrechos de pesca (Monteiro et al. 2006) e a ingestão de resíduos sólidos (Bugoni et al. 2001). O Centro de Recuperação de Animais Marinhos (CRAM-FURG), localizado no extremo sul do Brasil recebe anualmente uma grande diversidade de fauna marinha impactada por atividades antrópicas, tais como animais com o corpo coberto de óleo, feridos por embarcações e apetrecho de pesca e intoxicados por ingestão de corpos estranhos. Dentre os animais atendidos no Centro, as tartarugas marinhas se destacam pelo alto número de exemplares recebidos nos últimos anos. Este trabalho tem como objetivo reportar o número de exemplares de tartarugas-verde recebidas no CRAM no ano de 2010 e determinar a principal causa da debilidade e óbito dos animais recebidos. Metodologia O presente estudo foi realizado com dados referentes a 2010 do Centro de Recuperação de Animais Marinhos (CRAM-FURG). O CRAM recebe animais marinhos debilitados resgatados pela equipe do Centro ou trazidos de monitoramentos de praia por instituições colaboradoras como o Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA), o Laboratório de Tartarugas e Mamíferos Marinhos (LTMM/FURG), a Patrulha Ambiental (PATRAM) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), cobrindo uma área de praia de cerca de 350 km de extensão entre a Barra da Lagoa do Peixe (31º19’S; 50º58’W) e o Arroio Chuí (33 º 45’S; 53º23’W). Ao chegarem ao CRAM, é preenchida uma ficha de entrada para cada animal com um número de ingresso individual, passam por exame clínico, coleta de medidas morfométricas: comprimento curvilíneo da VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil carapaça (CCC) e largura curvilínea da carapaça (LCC), medida da massa corpórea (kg) e coleta de sangue, a fim de avaliar o estado do animal e determinar o tratamento. Os indivíduos que foram a óbito ao longo do processo de reabilitação foram submetidos à necropsia para coleta de material biológico, análise dos órgãos e sistemas internos (quanto à coloração, alteração de tamanho e outras anomalias). Para cada exemplar foi preenchida uma ficha de necropsia com a descrição das alterações encontradas e o conjunto dessas alterações possibilitou a determinação da causa morte do animal. O trato gastrointestinal de todos os exemplares foi avaliado quanto à presença de fecalomas, resíduos sólidos e outras alterações, e foram armazenados para posterior análise. Foram utilizados os dados obtidos a partir da ficha de entrada dos animais recebidos no CRAM para determinar a sazonalidade dos animais recebidos e a relação dos números de liberação e de óbito das tartarugas-verde no ano de 2010. Também foram utilizadas as fichas de necropsia para determinar o número de exemplares com presença de resíduos sólidos no trato digestivo.
Resultados e Discussão O CRAM recebeu 37 tartarugas da espécie C. mydas, entre os meses de janeiro e outubro de 2010, sendo o pico de ocorrência no mês de maio (n = 12), e nos outros meses o número de animais recebidos variou entre dois e cinco exemplares. Este pico do mês de maio pode estar relacionado com algum fenômeno oceanográfico que fez com que vários animais debilitados fossem jogados para a beira da praia, visto que nove dos doze animais foram provenientes do mesmo monitoramento de praia. Todas as tartarugas recebidas foram classificadas como juvenis (Goshe et al. 2010), com CCC médio de 36,1 cm (29,5 - 49,0 cm) e LCC médio de 33,6 cm (27,5 - 45,0 cm), e massa corpórea entre 2,6 e 11,8 kg (µ = 4,7 ± 1,7 cm). Durante o ano de 2010, 97% dos exemplares de C. mydas provenientes da praia e recebidas no CRAM vieram a óbito. Em comparação com anos anteriores, Meirelles et al. (2008) reportou resultado similar, com mortalidade de 96,1% das tartarugas de praia entre os anos de 2004 e 2007. Das tartarugas necropsiadas foi encontrado lixo em todos os tratos gastrointestinais. Na maioria dos casos a presença do lixo estava associada à presença de fecaloma, que consiste em uma massa fecal de consistência firme, provavelmente causado pela desidratação, comprometendo o fluxo do trato digestivo. Em 50% dos indivíduos, além da presença do lixo, foram encontrados problemas associados, como septicemia (infecção generalizada) e pneumonias bacterianas granulomatosas. A ingestão de resíduos sólidos pode causar diversos problemas à saúde das tartarugas marinhas, já que o lixo ao ser ingerido ocupa o espaço que seria ocupado pelo alimento. Este espaço ocupado causa uma sensação de saciedade ao animal, que passa a se alimentar menos e consequentemente se desidrata e se desnutre. A passagem do resíduo pelo trato digestório é lenta e difícil, permanecendo no trato por tempo prolongado (Lutz 1990). Os plásticos rígidos podem ferir a parede intestinal já que possuem cantos pontiagudos, sendo uma causa potencial de outras lesões dos intestinos, tais como volvo e obstrução, os quais podem ser acompanhados por ruptura intestinal e peritonite (Cappua 2007). Segundo Bjorndal et al. (1994), a obstrução do trato digestório causada pela ingestão de resíduos sólidos pode ser letal, mesmo que em poucas quantidades. Lutz (1990) ainda demonstrou que poucas quantidades de resíduos podem afetar as tartarugas marinhas com efeitos significativos pela absorção de toxinas, como pedaços de látex e plásticos ingeridos, que permanecem retidos no trato digestório por até quatro meses. Outras consequências estão relacionado com o acúmulo de gases devido à deficiência digestória, o que gera uma VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil flutuabilidade positiva, tornando-as mais vulneráveis no oceano, o que as leva a serem atingidas por embarcações, além de se emalharem em redes de pesca com maior facilidade, podendo morrer afogadas (Guebert 2004). Meirelles et al. (2008) relaciona o alto índice de mortalidade de C. mydas recebidas no CRAM à hipótese de que os animais encalhados na praia apresentam a saúde comprometida, impossibilitando o sucesso da sua reabilitação, podendo o comprometimento da saúde destes animais estar relacionado com a ingestão de lixo Nesse contexto, podemos considerar que o lixo é uma causa de mortalidade das tartarugas marinhas, em especial as juvenis de C. mydas que é a espécie foco deste trabalho. A espécie encontra-se na lista dos animais ameaçados de extinção classificada como “em perigo” (IUCN 2010).
Referências Bibliográficas Bjorndal, K.A., A.B. Bolten, e C.J. Lagueux. 1994. Ingestion of marine debris by juvenile sea turtles in Coastal Florida habitats. Marine Pollution Bulletin 28:154-158. Bugoni, L., L. Krause, e M.V. Petry. 2001. Marine debris and human impacts on sea turtles in southern Brazil. Marine Pollution Bulletin 42:1330-1334. Cappua, G.A., P.B. Bassi, A.T.L. Meirelles, C.O. Gamba, e C.G. Fernandes. 2007. Intussuscepção em tartarugaverde (Chelonia mydas): relato de caso. In: Livro de Resumos da III Jornada de Conservación e Investigación de Tortugas Marinas em El Atlântico Sur Ocidental. Piriápolis, Uruguay, p. 79. Guebert, F.M. 2004. Ecologia alimentar e mortalidade da tartaruga-verde, Chelonia mydas, no litoral do Estado do Paraná. Monografia, UFPR, Pontal do Paraná-PR. Goshe, L., L. Avens, F.S. Scharf, e A.L. Southwood. 2010. Estimation of age at maturation and growth of Atlantic green turtles (Chelonia mydas) using skeletochronology. Marine Biology 157:1725-1740. IUCN. 2010. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2010.4. <www.iucnredlist.org>. Acessado em 15 de junho de 2011. Lutz, P. 1990. Studies on the ingestion of plastic and latex by sea turtles. In: Proceedings of the 2nd international conference on marine debris. Shomura, R.S., e M.L. Godfrey (Eds). NOAA Technical Memorandum. Honolulu, Hawaii. 719-735. Meirelles, A.T.L., A.C. Adornes, P.L. Canabarro, e R.P. Silva-Filho. 2008. Reabilitação de tartaruga-verde Chelonia mydas, no CRAM – Museu Oceanográfico- FURG, RS, Brasil. 1º Congreso Latinoamericano de Rehabilitación de Fauna Marina. San Clemente del Tuyú, Argentina. 106p. Monteiro, D.S., L. Bugoni, e S.C. Estima. 2006. Strandings and sea turtle fisheries interactions along the coast of Rio Grande do Sul State, Brazil. In: Book of Abstracts of 26th Annual Symposium on Sea Turtle Biology and Conservation, Athens, Greece. P. 257. Tourinho, P.S., J.A. Ivar do Sul, e G. Fillmann. 2010. Is marine debris ingestion still a problem for the coastal marine biota of southern Brazil? Marine Polution Bulletin 60:396-401. Wetzel, L.B. 1995. Contaminação por resíduos sólidos e piche: uma perspectiva da praia do Cassino, município de Rio Grande, RS. Monografia, FURG, Rio Grande, RS, Brasil.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil INDICADORES BIOQUÍMICOS NUTRICIONAIS DE FÊMEAS DE Eretmochelys imbricata DURANTE O PERÍODO REPRODUTIVO
Daphne Wrobel Goldberg1,2, Armando Barsante3, Layse Aranha Marinho3, Lourival Dutra Neto3, Daniel Gil Vieira3, Gustavo David Stahelin1, Jayme da Cunha Bastos2, e Vera Lucia Freire da Cunha Bastos2
1
Fundação Pro-Tamar, Caixa Postal 5098 Florianópolis, SC, 88040-970, Brasil. (daphne@tamar.org.br).
Departamento de Bioquímica, Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Av. 28 de Setembro, 87 Fds, 4º Andar, Vila Isabel, Rio de janeiro, RJ, CEP: 20551-030, Brasil. (vbastos@uerj.br).
2
3
Fundação Pro-Tamar, Caixa Postal 50, Fernando de Noronha, PE, 53990-000 Brasil.
Palavras-chave: Bioquímica; nutrição; reprodução; tartaruga-de-pente.
Introdução As tartarugas marinhas apresentam reprodução sazonal, sendo este padrão estabelecido por hormônios esteróides. Dentro de uma única temporada de nidação, uma fêmea pode realizar diversas posturas, com intervalos variáveis para cada espécie. Tartarugas-de-pente (Eretmochelys imbricata) podem desovar até oito vezes numa temporada, com intervalos internidais de 15 dias em média (Chan e Liew 1999). Durante a temporada de nidação as fêmeas diminuem ou cessam completamente a ingestão de alimentos (Tucker e Read 2001; Hamann et al. 2002), possivelmente mobilizando suas reservas energéticas para fins reprodutivos (Hamann et al. 2003). De acordo com Hays et al. (1999) esta ocorrência pode estar associada à redução do metabolismo. As fêmeas tornam-se hipoativas durante os intervalos internidais, aparentemente para poupar suas reservas energéticas para a nidação; e a busca por alimentos no período da postura implicaria num gasto energético que poderia não ser recompensado (Hays et al. 1999). O fato das fêmeas não se alimentarem nos períodos internidais reforça a idéia de que estes animais armazenam energia e nutrientes no período que antecede a cópula, em áreas de alimentação (Hamann et al. 2003). O presente estudo tem por objetivo determinar alguns parâmetros bioquímicos indicadores do estado nutricional de E. imbricata ao longo do processo de nidação e associá-los com a variação de peso observada até o término da temporada. Material e métodos A área monitorada tem aproximadamente 5 km de extensão e está situada no litoral sul do município de Tibau do Sul, Rio Grande do Norte (6º 13’ 40”S e 35º 03’ 05”W) e faz parte da área de atuação da Base de Pipa do Projeto TAMAR-ICMBio. O monitoramento noturno da praia foi intensivo e teve início às 19h00 e término às 5h00. Os animais foram submetidos aos processos de marcação, biometria, pesagem e coleta de sangue. A marcação das tartarugas permitiu a identificação dos animais recapturados e a obtenção de amostras seriadas do mesmo indivíduo. As coletas foram realizadas por venopunção do seio cervical dorsal, sendo coletados 10 mL de sangue total, sem anticoagulante. Foram determinados os níveis séricos de glicose, uréia, proteína total, triglicerídeos e colesterol total através de kits bioquímicos da marca Labtestâ. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Resultados e Discussão Foram amostradas 28 E. imbricata na temporada reprodutiva de 2009/2010. O comprimento curvilíneo de carapaça médio foi de 82,9 ± 5,2 cm (73,0 - 94,0; n = 28). O número de abordagens do mesmo indivíduo variou entre uma e seis vezes, totalizando 56 amostras coletadas. Ao primeiro contato as fêmeas apresentaram uma média de peso pós-oviposição de 82,2 ± 10,4 kg (60,4 - 81,8; n = 10). Ao término da temporada reprodutiva esta média declinou para 78,01 ± 9,8 kg (58,0 - 91,2; n = 10). A média percentual de perda de massa corpórea foi de 5,1 ± 3,3 % (Tabela 1). Os valores de proteínas séricas (Tabela 2) apresentaram-se mais elevados no início do período de nidação, sendo compatíveis com a atividade vitelogênica, e de forma geral foram decaindo até o término do período. Ao contrário das proteínas, os níveis séricos de uréia (Tabela 2) ao longo do período de nidação apresentaram elevação gradativa. A perda de peso associada à redução dos valores das proteínas totais e à elevação dos níveis séricos de uréia sugerem proteólise endógena para a formação de glicose (gliconeogênese). O jejum prolongado intensifica a degradação de proteínas musculares, uma vez que a as cadeias carbônicas destes aminoácidos serão utilizadas na gliconeogênese. Desta forma, a eliminação dos grupamentos amino restantes irá promover um aumento na excreção de uréia. A uréia por sua vez, pode ser reabsorvida pela bexiga urinária para ser reutilizada pelo organismo. Em função da proteólise e da reabsorção através da bexiga, a uremia apresentou aumento gradativo ao longo do período.
Tabela 1. Média, desvio padrão e variação do comprimento curvilíneo de carapaça, largura curvilínea de carapaça e peso de fêmeas de Eretmochelys imbricata ao longo da temporada reprodutiva de 2009/2010.
A concentração sérica de glicose (Tabela 2) não variou de forma linear para todos os animais ao longo da temporada. No entanto, houve uma tendência à redução dos níveis glicêmicos. Apesar da glicose ser considerada uma das fontes energéticas mais importantes, não é um indicador expressivo do estado nutricional dos indivíduos. O controle homeostático hormonal realizado pelo organismo se sobrepõe, muitas vezes, a alterações que a dieta possa causar sobre a glicemia. Além disso, o estresse causa variações expressivas na glicemia, portanto, o excesso de manipulação do animal no momento da coleta pode gerar um quadro de hiperglicemia iatrogênica. As concentrações séricas de triglicerídeos (Tabela 2) no início da temporada de desova encontravamse elevadas na maior parte das fêmeas analisadas. Foi possível observar uma diminuição gradativa nestas concentrações ao longo do período reprodutivo, atingindo o pico mínimo ao término da temporada. Isto significa que as fêmeas iniciam a temporada de desova com boa condição corpórea adquirida previamente nas áreas de alimentação. Ao longo do período, os triglicerídeos vão sendo degradados a ácidos graxos e glicerol. Os ácidos graxos são utilizados como fonte de energia, especialmente no tecido muscular, reduzindo a demanda orgânica por glicose. O glicerol por sua vez, pode formar uma pequena quantidade de glicose, porém, a maior parte é gerada a partir dos aminoácidos provenientes da proteólise. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Tabela 2. Valores referentes ao peso e às concentrações séricas de uréia e de proteínas totais, glicose e triglicerídeos de fêmeas de E. imbricata ao longo da temporada reprodutiva de 2009/2010. Triglicerídeos
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Em resumo pode-se concluir que a população de fêmeas de E. imbricata avaliada no presente estudo apresentou um quadro de hipofagia ou afagia durante a temporada de nidação. Os parâmetros bioquímicos analisados indicaram um processo catabólico que foi confirmado pela redução no índice de massa corpórea da maior parte dos animais ao término do período reprodutivo.
Agradecimentos/Financiadores Agradecemos a CAPES pelo auxílio financeiro. O Projeto Tamar, programa de conservação do Ministério do Meio Ambiente (MMA) do Brasil, filiado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio/ MMA), é co-administrado pela Fundação Pró-Tamar e oficialmente patrocinado pela Petrobrás.
Referências Bibliográficas Chan, E.H., e H.C. Liew. 1999. Hawksbill turtles, Eretmochelys imbricata nesting on Redang Island, Malaysia, from 1993-1997. Chelonian Conservation and Biology 3:326-329. Hamann, m., t.s. Jessop, c.j. Limpus, e j.m. Whittier. 2002. Interactions among endocrinology, seasonal reproductive cycles and the nesting biology of the female green sea turtle. Marine Biology 140:823-830. Hamann, M., C.J. Limpus, e J.M. Whittier. 2003. Seasonal variation in plasma catecholamines and adipose tissue lipolysis in adult female green sea turtles (Chelonia mydas). General and Comparative Endocrinology 130:308316. Hays, G.C., P. Luschi, F. Papi, C. Del Seppia, e R. Marsh. 1999. Changes in behaviour during the internesting period and postnesting migration for Ascension Island green turtles. Marine Ecology Progress Series 189:263273. Tucker, A.D., e M.A. Read. 2001. Frequency of foraging by gravid green turtles (Chelonia mydas) at Raine Island, Great Barrier Reef. Journal of Herpetology 35:500-503.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil ANÁLISE INTEGRADA DE MÚLTIPLOS ESTOQUES-MISTOS DE Chelonia mydas NO ATLÂNTICO E NO CARIBE
Rodrigo C. A. Santos1,*, e David Richardson1
1
University of East Anglia.
* (rodrigocesar1@yahoo.com.br)
Palavras-chaves: populações reprodutivas, migrações, áreas de alimentação, identificação de estoques, análise hierárquica bayesiana.
Introdução A tartaruga-verde Chelonia mydas é uma espécie altamente migratória e de ampla distribuição no Atlântico e no Caribe. Estudos genéticos revelaram que suas populações reprodutivas são estruturadas em linhagens matriarcais, podendo ser distinguidas no nível do DNA mitocondrial. Uma vez que as mais importantes colônias reprodutivas já se encontram bem caracterizadas, crescente esforço tem sido feito para identificar a origem das tartarugas juvenis que habitam as áreas de alimentação. Neste estudo, caracteriza-se o perfil genético da população juvenil de C. mydas que habita a região de Florianópolis. Adicionalmente, o trabalho incorpora 10 populações reprodutivas e 9 não-reprodutivas em uma análise integrada de múltiplos estoques-mistos. O modelo provê uma ampla perspectiva sobre os movimentos migratórios de larga-escala da tartaruga-verde ao acessar a complexa relação entres as distintas áreas de alimentação e desova.
Metodologia Amostras de tecido epitelial (1 cm3) foram obtidas a partir de 81 tartarugas-verdes juvenis capturadas na região de Florianópolis entre julho e março de 2003 a 2006. As amostras foram preservadas em etanol 70% e armazenadas a -20 °C no Laboratório de Protozoologia da UFSC, Brasil. Os procedimentos a seguir foram realizados no Laboratório de Ecologia Molecular da Universidade de East Anglia, Inglaterra. Para extração do DNA, cada amostra biológica foi finamente destrinchada e adicionada a 20 μl de solução Proteinase-K 20 mg/l com 300 μl de solução tampão TEN 2% SDS. A mistura foi incubada a 55 °C por 3 horas ou durante a noite a 37 °C. Na seqüência, 90 μl de NaCl 5M foram adicionadas. A amostra foi levada ao vórtex por 25 segundos e posteriormente centrifugada a 13.000 rpm por 7 minutos. O supernatante foi transferido para tubo eppendorf limpo e o DNA foi precipitado usando 2 volumes de EtOH 100%. A mistura foi incubada a -80 °C por 20 minutos e centrifugada a 13.000 rpm por mais 20 minutos. O álcool foi decantado e as pelotas de DNA lavadas 2 vezes usando 500 μl de EtOH 70%, seguindo centrifugação a 13.000 rpm por 3 minutos. O DNA foi secado a 37 °C por 1 hora e re-suspenso em 200 μl de solução T10E0.1 (10 mM Tris, 0.1 mM EDTA). A concentração de DNA foi então quantificada por espectrofotometria (NanoDrop ND-1000). Os primers LTCM2 e HDCM2 (Lahanas et al. 1994) foram utilizados para amplificar um fragmento de 481pb da região de controle do mtDNA via PCR (0.5 μl de cada primer, 1.5 μl de DNA, 5 μl de mistura PCR Master VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil e H2O até o volume de 10 μl), nas seguintes condições: 5 min. a 94 °C, 36 ciclos de 45 s a 94 °C, 45 s a 56 °C e 45 s a 72 °C, seguido por 5 min. a 72 °C, usando o termociclador Peltier PTC-240. Um controle negativo foi incluído como precaução para detecção de eventual contaminação. A reação de seqüenciamento (1 μl de BigDye, 1.5 μl de tampão de seqüenciamento, 0.5 μl do primer LCTM2, 1.5 μl de PCR padrão e H2O até o volume de 10 μl) foi operada da seguinte forma: 2 min. a 94 °C, 25 ciclos de 30 s a 94 °C, 30 s a 50 °C e 2 min. a 60 °C, seguido por 1 min. a 60 °C e 5 min. a 4 °C, usando um GeneAmp PCR System 9700. Os produtos rotulados foram analisados por um seqüenciador automático ABI 3700, no Centro de Genoma John Innes, no Reino Unido. As seqüências foram então alinhadas e editadas no programa computacional MEGA 4 (Tamura et al. 2007). Calculou-se a diversidade de haplótipos e de nucleotídeos usando o programa Arlequin 3.1 (Excoffier et al. 2005). Um dendrograma foi gerado a partir do TCS 1.21 (Clement et al. 2000), usando o critério de parcimônia para acessar as relações entre os haplótipos. O Teste de Precisão para Diferenciação de Populações (cadeia de Markov de 10.000 passos, com 1000 passos de desmemorização) foi aplicado para comparar os perfis genéticos e determinar as diferenças entre as populações de C. mydas. Uma Análise de Múltiplos Estoques-Mistos (MMSA) (Bolker et al. 2007), com abordagem hierárquica Bayesiana, foi feita com o propósito de descrever os movimentos migratórios de larga escala de C. mydas no Atlântico e no Caribe. Ao contrário dos estudos prévios, a população de Cyprus foi excluída da presente análise por considerarmos sua inclusão como potencialmente capaz de afetar negativamente os resultados. Não há nenhuma evidência de interação contemporânea ou histórica entre a população de Cyprus e as do Atlântico e Caribe, sendo que a dispersão de tartarugas-verdes de Cyprus está restrita ao Mediterrâneo (Baran e Kasparek 1989; Margaritoulis e Teneketzis 2001; Godley et al. 2002). Tal população é a menor e a mais distante de todas as outras aqui consideradas, e seus únicos 2 haplótipos identificados até o momento (Encalada et al. 1996; Kaska 2000) nunca foram encontrados nas demais populações de C. mydas. A MMSA foi rodada por meio do Mixstock Package, usando o programa computacional R 2.5.1 associado ao WinBugs 1.4.2. Os haplótipos presentes apenas nas áreas de alimentação foram excluídos, e aqueles presentes em apenas uma colônia reprodutiva foram agrupados. O diagnóstico Raftery-Lewis foi empregado para estimar o comprimento mínimo sugerido para a cadeia de Markov (n = 3), a qual totalizou 12.000 iterações cada. As cadeias foram iniciadas a partir de pontos randômicos, evitando-se assim o pressuposto de que a maior parte das contribuições venha de uma colônia reprodutiva pré-determinada. O diagnóstico de GelmanRubin foi usado para certificar a convergência das cadeias abaixo do nível aceitável de 1.2 para uma estimativa confiável. O GR foi computado apenas a partir da segunda metade das cadeias, enquanto a primeira metade foi descartada, visando remover a dependência sobre os valores de iniciação (Pella e Masuda 2001). Análises hierárquicas de estoques-mistos permitem a incorporação de covariáveis ecológicas no modelo, como por exemplo, o tamanho das populações reprodutivas. Neste caso, no entanto, um importante pressuposto é que o tamanho da população deve ser certamente conhecido (Bolker et al. 2007). Além de corrigir grave erro na estimativa da população reprodutiva brasileira, estimativa esta que serviu de base para todas as análises de estoques-mistos realizadas até então, o presente trabalho inclui estimativa atualizada das demais populações reprodutivas do Atlântico e do Caribe. Quando somente informações sobre o número de ninhos estiveram disponíveis, utilizou-se 3 ninhos/fêmea (Buskirk e Crowder 1994) no cálculo do tamanho da população. Além disso, sempre que possível, utilizou-se a média de anos subseqüentes para calcular o número de fêmeas reprodutivas, evitando assim o viés devido às flutuações inter-anuais nas atividades de desova.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Resultados e Discussão Baseado nas frequências dos haplótipos nas distintas populações (Fig. 1), a MMSA expressa os resultados não apenas da forma tradicional (i.e., a proporção de indivíduos nas áreas de alimentação vindos das colônias reprodutivas, Fig. 2), mas também inversamente, ou seja, a proporção de indivíduos nas colônias reprodutivas migrando a cada área de alimentação (não mostrado aqui).
Figura 1. Frequências dos haplótipos de mtDNA em 10 colônias reprodutivas e 9 áreas de alimentação de Chelonia mydas no Atlântico e no Caribe.
Os resultados aqui apresentados não devem ser considerados conclusivos. Há muito que se evoluir no desenvolvimento do modelo estatístico da MMSA, principalmente no que se refere à inclusão das covariáveis ecológicas de “intensidade”, “sentido” e “direção” das correntes oceânicas.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil
Figura 2. Contribuições relativas das colônias reprodutivas aos estoques-mistos. Pontos representam a proporção média de tartarugas no estoque-misto oriundas de uma colônia reprodutiva específica listada no eixo X.
Agradecimentos/Financiadores União Européia/Programa ALBAN: Bolsista Nº E06M104036BR; University of East Anglia: Bolsista do International Scholarship Award; IBAMA: Licença de captura e coleta Nº 01/2003, Processo 020.26004191/0314; CITES-Brasil: Licença de Exportação Nº 07BR000575/DF; CITES-UK: Licença de Importação Nº 297472/01; Apoio institucional: MOVI & Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC; Laboratório de Protozoologia da UFSC: armazenamento de amostras biológicas; Edmundo Grisard (UFSC), Jules Soto (MOVI) e todos os pescadores artesanais e comunidade tradicional do sul da Ilha de Santa Catarina, Florianópolis.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Referências Bibliográficas Baran, I., e M. Kasparek. 1989. On the whereabout of immature sea turtles (Caretta caretta and Chelonia mydas) in the eastern Mediterranean. Zoology in the Middle East 3:31-36. Bolker, B.M., T. Okuyama, K.A. Bjorndal, e A.B. Bolten. 2007. Incorporating multiple mixed stocks in mixed stock analysis: ‘many-to-many’ analyses. Molecular Ecology 16:685-695. Buskirk, J.V. e J.B. Crowder. 1994. Life-history variation in marine turtles. Copeia 1994:66-81. Clement, M., D. Posada, e K.A. Crandall. 2000. TCS: a computer program to estimate gene genealogies. Molecular Ecology 9:1657-1660. Excoffier, L., G. Laval, e S. Schneider. 2005. Arlequin v.3.0: An integrated software package for population genetics data analysis. Evolutionary Bioinformatics Online 1:47-50. Encalada, S.E., K.A Lahanas, K. Bjourdal, A. Bolten, M.M. Miyamoto, e B. Bowen. 1996. Phylogeography and population structure of the Atlantic and Mediterranean green turtle (Chelonia mydas): a mitochondrial DNA control region assessment. Molecular Ecology 5:473-483. Godley, B.J., S. Richardson, A.C. Broderick, M.S. Coyne, F. Glen, e G.C. Hays. 2002. Longterm satellite telemetry of the movements and habitat utilisation by green turtles in the Mediterranean. Ecography 25:352-362. Kaska, Y. 2000. Genetic structure of Mediterranean sea turtle populations. Turkish Journal of Zoology 24:191-197. Lahanas, P.N., M.M. Miyamoto, K.A. Bjorndal, K.A., e A.B. Bolten. 1994. Molecular evolution and population genetics of the greater Caribbean green turtles (Chelonia mydas) as inferred from mitochondrial DNA control region sequences. Genetica 94:57-66. Margaritoulis, D., e K. Teneketzis. 2001. Identification of a developmental habitat of the green turtle in Lakonikos Bay, Greece. Páginas 170-175 In Margaritoulis, D., e A. Demetropoulos (Eds.). Proceedings of the 1st Mediterranean Conference on Marine Turtles. Pella J., e M. Masuda 2001. Bayesian methods for analysis of stock mixtures from genetic characters. Fishery Bulletin 9:151-167. Tamura K., J. Dudley, M. Nei, e S. Kumar. 2007. MEGA4: Molecular Evolutionary Genetics Analysis (MEGA) software version 4.0. Molecular Biology and Evolution 24:1596-1599.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil EVALUACIÓN DEL ESTADO DE LA TORTUGA VERDE (Chelonia mydas) MEDIANTE EL USO DE BIOMARCADORES DE GENOTOXICIDAD EN EL AREA PROTEGIDA “CERRO VERDE E ISLAS DE LA CORONILLA” PRÓXIMA AL CANAL ANDREONI
Virginia Borrat1,3, Silvia Villar2, 3, Alejandro Marquez 2, Gustavo Martinez-Souza1,4, Alejandro Fallabrino1, e Alvaro Novello3
1
Karumbé, Tortugas Marinas del Uruguay (vborrat@gmail.com).
2
Laboratorio de Microscopía Electrónica de Barrido. Facultad de Ciencias.
3
Sección Genética Facultad de Ciencias. (villararias@yahoo.com).
Programa de Pós-Graduação em Oceanografia Biológica, Universidade Federal do Rio Grande, FURG, Laboratório de Estatística Ambiental – LEA.
4
Palabras-clave: Chelonia mydas, genotoxicidad, micronúcleos, ensayo cometa.
Introducción El área de estudio corresponde al área protegida costero–marina “Cerro Verde e Islas de la Coronilla” (33º56’ S; 53º‘30 W), siendo este el sitio más importante de alimentación y desarrollo de la tortuga verde (Chelonia mydas) en Uruguay, presentando gran diversidad de algas marinas, su principal alimento (López-Mendilaharsu et al. 2003). A escala global las poblaciones de C. mydas se encuentras listadas como ”en peligro” de extinción por la Unión Internacional para la Conservación de la Naturaleza (IUCN), siendo una de las amenazas la degradación de hábitat tanto en playas de anidación como en zonas de alimentación y su posible asociación con el incremento en prevalencia de tumores (Swimmer 2000). La principal actividad agrícola en las cercanías del área, es el cultivo intensivo de arroz (PROBIDES 1999) en el cual se utilizan productos fitosanitarios (propanil, quinclorac, clomazone y glifosato) que por lixiviado y escorrentía van al Canal Andreoni (PROBIDES 2001). Este se construyó en la cuenca de la Laguna Merín con el fin de conducir aguas excedentes de las tierras bajas de la Sierra de San Miguel y de la cuenca de la Laguna Negra hacia el océano, en la playa de La Coronilla, utilizándose también para el suministro de agua para el riego del arroz que se fertiliza con un producto binario (fósforo y nitrógeno) (Mendez y Anciaux 1991). Chelonia mydas se ve afectada por la actividad agrícola, particularmente en la playa de La Coronilla, en la cual se produce la descarga de agua dulce del Canal Andreoni (Lercari y Defeo 1999). Varios estudios han demostraron el impacto alterando parámetros biológicos (tamaño, espesor de valvasdel Canal Andreoni en Mesodesma mactroides, Donax hanleyanus y Emerita brasiliensis (Defeo et al. 1986; Defeo y de Alava 1995; Lercari y Defeo 1999; Sauco y Defeo 2003) Este trabajo tiene como objetivo general analizar el impacto de contaminantes arrastrados por el Canal Andreoni hacia la playa de La Coronilla, sobre el genoma de C. mydas. Como objetivos específicos se pretende ajustar el test de micronúcleos (MN) (Zúñiga-González 2001) y ensayo cometa (Collins 2004) en C. mydas, además de analizar la utilidad de esta especie como organismo centinela para el biomonitoreo de xenobióticos presentes en la zona. Cabe destacar que la importancia de conservar esta especie radica en que constituyen componentes únicos de sistemas ecológicos complejos, en los cuales procesos biológicos como migración y VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil maduración se ven afectados por procesos de degradación ambiental de ambientes costeros y marinos, a escala local, regional y global. Por ello, son especies emblemáticas, tanto para establecer medidas de conservación local como internacional (Frazier 1999).
Materiales y Métodos Las muestras de sangre fueron obtenidas de individuos capturados en el marco de las actividades de Karumbé y fueron procesadas en el Laboratorio de Genética y Laboratorio de Microscopía Electrónica de Barrido de Facultad de Ciencias, Montevideo. Fueron identificadas con fecha de captura, hora y estado sanitario del animal. Como control negativo se utilizaron muestras de individuos rehabilitados en las instalaciones de Karumbé en Montevideo. Las muestras se tomaron en tubos conteniendo anticoagulante a través de punción en vena cervical (0.5 ml de sangre periférica por individuo). Se realizaron extendidos de sangre periférica por duplicado de 60 individuos en 2 sitios de muestreo, Cerro Verde (CV), Pesquero (Fig. 1) y 10 controles negativos. Se realizó el ensayo cometa en su versión alcalina de acuerdo a Collins (2004) con muestras de sangre entera. Se cuantificaron los datos del ensayo cometa utilizando el software Comet Score TM. Se consideró el parámetro % de ADN de la cola (% DNA TAIL) debido a que es muy amplio en la bibliografía y que permite realizar comparaciones de los resultados obtenidos en otras investigaciones (Frieauff et al. 2001).
Figura 1. Mapa de zonas de muestreo y Canal Andreoni. 1 - Canal Andreoni, 2 - Pesquero, 3 - Cerro Verde.
Para el test de MN se contaron 2000 células mononucleadas y se registraron aquellas que presenten fragmentos de ADN de un tercio del tamaño del núcleo principal (Zúñiga-González 2001). La cuantificación se realizó en el software Image Pro PlusTM y se calcularon las frecuencias de MN totales. Para ambos marcadores genéticos se sometieron los datos a análisis paramétricos, normalizando los datos usando el software STATISTICATM.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Resultados y Discusión Se constató una diferencia significativa en los valores medios de % de ADN de la cola (Fig. 2A) entre las zonas de Pesquero (media = 8,930; P < 0,01) ubicado a 2 km de distancia del Canal Andreoni, Cerro Verde (media = 27,468; p P < 0,01) alejado 5 km de la desembocadura del Canal Andreoni y el control negativo (media = 5,923; P < 0,00). Los resultados se relacionan con la distancia del sitio de muestreo al Canal Andreoni. Como se muestra en la Figura 2B, la cantidad de micronúcleos totales se observa que disminuye a medida que los sitios de muestreo se alejan del Canal. Pesquero (N° absoluto de.MN = 1254; P < 0,01) presenta valores muy superiores a los de Cerro Verde (N° absoluto de MN = 84; P < 0,01) y nuevamente se constata un declive al alejarse del Canal y respecto al control negativo de animales rehabilitados(N° absoluto de MN = 19; P < 0,001).
2A
2B
Figura 2A. Medias para el % ADN dañado (%DNA TAIL) para cada sitio de muestreo y para el control. Figura 2B. Número absoluto de MN para cada sitio de muestreo y para el control.
Se evidencia una relación positiva entre ambos resultados (cometa y MN), disminuyendo el daño genético de los individuos de C. mydas al alejarse del Canal Andreoni, lo que permite asociar el daño genético a fuentes de contaminación provenientes del mismo, en particular agrotóxicos. Se analizaron muestras de individuos con tumores observándose un número de eritrocitos con MN significativamente mayor que en ausencia de estos. Se constató la ausencia de tumores en individuos de menores tallas, lo cual coincide con registros en otras áreas de la región (Baptistotte et al. 2001; Proietti et al. 2009)
Agradecimientos Al Prof. Jorge Troccoli por brindarnos el equipamiento del Servicio de Microscopía Electrónica de Barrido y EDS para realizar los análisis. A Bruno Techera, Mauro Russomagno, Andrés Estrades y Luciana Alonso por su ayuda en trabajo de campo y colecta de muestras. Permiso Fauna: Resolución 73/08.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Referencias Bibliográficas Baptistotte, C., J.T. Scalfon, B.M.G. Gallo, A.S. Santos, J.C. Castilhos, e E.H.S.M. Lima. 2001. Prevalence of sea turtle fibropapillomatosis in Brazil. Páginas 24-28 in Proceedings the 21st Annual Symposium on Sea Turtle Biology and Conservation. Philadelphia. Collins, A.R. 2004. The Comet assay for DNA damage and repair; principles, applications, and limitations. Proceedings: Molecular Biotechnology 26:249-261. Defeo, O., e A. de Alava. 1995. Effects of human activities on long-term trends in sandy beach populations: the wedge clam Donax hanleyanus in Uruguay. Marine Ecology Progress Series 123:73-82. Defeo, O., C. Layerlec, e A. Masello. 1986. Spatial and temporal structure of the yellow clam Mesodesma mactroides (Deshayes, 1854) in Uruguay. Medio Ambiente 8:48-57. Frazier, J. 1999. Community based conservation. Research and management techniques for conservation of sea turtle. Páginas 15-18 en Eckert, K.L., K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, e M. Donnelly (Eds.). Técnicas de Investigación y Manejo para la Conservación de las Tortugas Marinas. IUCN/SSC Publicación No. 4. Frieauff, W., A. Hartmann, e W. Suter. 2001. Automatic Analysis of Slides Processed in the Comet Assay. Mutagenesis 16:133-137. Lercari, D., e O. Defeo. 1999. Effects of freshwater discharge in sandy beach populations: the mole crab Emerita brasiliensis in Uruguay. Estuarine, Coastal and Shelf Science. 49:457-468 López-Mendillaharsu, M, A. Estrades, A. Fallabrino, e A. Brazeiro. 2003. Incorporación del área costero marina “Cerro verde” al sistema nacional de áreas protegidas, (Informe técnico). Mendez, S., e F. Anciaux. 1991. Efectos en las características del agua costera provocados por la descarga del canal Andreoni en la Playa de la Coronilla (Rocha Uruguay). Frente Marítimo 8A:101-107. PROBIDES. 1999. Plan Director Reserva de Biosfera Bañados del Este, Uruguay. Probides. Mosca Hnos. Montevideo. 159 p. PROBIDES. 2001. Calidad del água en el departamento de Rocha. Serie: Documento de Trabajo N°39. Proietti, M., P. Lara-Ruiz, J.W. Reisser, L.S. Pinto, O.A. Dellagostin, e L. Fernando 2009. Green turtles (Chelonia mydas) foraging at Arvoredo Island in Southern Brazil: Genetic characterization and mixed stock analysis through mtDNA control region haplotypes. Genetics and Molecular Biology 32:613-618. Sauco, S., e O Defeo, 2003. Impacto ecológico producido por la descarga del Canal Andreoni sobre la comunidad macro bentónica del cinturón arenoso Barra del Chuy- Coronilla. Página 131 en Actas de las VII Jornadas Zoologicas Uruguay. Swimmer, J. 2000. Biochemical responses to fibropapilloma and captivity in the green turtle. Journal of Wildlife Diseases 36:102-110. Zuñiga-González, G. 2001. Variation of micronuleated erythrocytes in peripheral blood of Sciurius aureogaster in relation to the age. Environmentla and Molecular Mutagenesis 37:173-177.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil FIBROPAPILOMATOSE EM TARTARUGAS VERDES (Chelonia mydas) DA BAHIA – CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DO ChHV 5
Carla R. Rodenbusch1, Thais T. Pires2, Cecília Baptistotte3, e Cláudio W. Canal1
Laboratório de Virologia, Faculdade de Veterinária, UFRGS. Av. Bento Gonçalves, 9090. CEP 91540-000, Porto Alegre, RS (carlarodenbusch@yahoo.com.br).
1
Fundação Pró-Tamar, Av. Garcia D’ávila s/n°. CEP 48280-000. Praia do Forte, Mata de São João – BA (thais. vet@tamar.org.br).
2
3
Centro Tamar ICMBio, Av. Paulino Muller, 1111. CEP 29040-715, Vitória, ES (cecília@tamar.com.br).
Palavras-chave: fibropapilomatose, tartaruga verde, Chelonia mydas, herpesvírus, PCR.
Introdução A fibropapilomatose (FP) é uma doença neoplásica caracterizada por um único ou múltiplos crescimentos fibroepiteliais cutâneos, com uma superfície verrugosa ou plana, e aparecendo como fibromas nas vísceras (Kang et al. 2008). Os tumores se localizam ao redor dos olhos, na conjuntiva, cavidade oral, pescoço, nadadeiras, cauda, áreas axilares e inguinais e também em órgãos viscerais. O tamanho varia de poucos milímetros até 30 centímetros de diâmetro e os tumores podem causar a morte do animal por interferir na visão, locomoção, alimentação, respiração; já os tumores viscerais podem ser invasivos e prejudicar a função do órgão afetado (George 1997; Yu et al. 2000). O primeiro registro de FP na costa brasileira é de 1986. Entre 2000 e 2004, de 4.471 tartarugas-verdes (Chelonia mydas) examinadas 14,96% apresentavam tumores. A prevalência de tumores por ano foi de 12,91% (2000, n = 604), 14,96% (2001, n = 809), 14,79% (2002, n = 818), 19,95% (2003, n = 842) e 12,95% (2004, n = 1398) (Baptistotte et al. 2005). O padrão de disseminação da doença durante surtos em tartarugas-verdes de cativeiro consiste com uma etiologia contagiosa. Um herpesvírus (chelonid herpesvirus 5 – ChHV 5) tem sido identificado em fibropapilomas (Herbst et al. 1995; Davison et al. 2009) e está presente em 100% dos tumores induzidos por inoculação de filtrados de células tumorais (Ene et al. 2005) e em 95% das infecções naturais, sendo que em 79% dos fibropapilomas e fibromas analisados por PCR em tempo-real quantitativo, o vírus estava presente em níveis que excediam 104 cópias por 100 ng de DNA total de tumores (Quackenbush et al. 2001). O presente estudo tem como objetivo detectar e quantificar o ChHV 5 em fibropapilomas de tartarugasverdes do litoral da Bahia.
Metodologia Fragmentos dos tumores foram coletados com instrumental cirúrgico estéril e mantidos congelados até o processamento. Os tumores foram macerados com uma solução de PBS na proporção de 0,05 g para cada 5 mL. A extração de DNA foi realizada com 200 microlitros do sobrenadante de acordo com Chomcsinsky (1993). VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Dois microlitros de DNA em um volume final de 50 µl foram submetidos a PCR com os primers específicos para a DNA polimerase do herpesvírus de tartaruga como descritos por Quackenbusch et al. (2001). Cinco microlitros de cada reação de amplificação foram separados por eletroforese em gel de agarose 2%. As amostras foram ainda submetidas a PCR em tempo real (qPCR) para a determinação do número de cópias de DNA do vírus. Os primers e sonda utilizados foram os descritos por Quackenbusch et al. (2001) que amplifica um fragmento de 86 pb do gene da DNA polimerase do vírus. As curvas padrão utilizadas nas reações foram diluições log seriadas do plasmídio “GTHV DNA pol”. O plasmídio “GTHV DNA pol” foi construído através da inserção de um fragmento de 483 pb do gene da DNA polimerase do herpesvirus em um vetor, seguindo as instruções do fabricante do kit TOPO TA Cloning® (Invitrogen).
Resultados e Discussão Durante os meses de julho de 2009 a abril de 2010, foram coletadas 38 amostras de fibropapilomas de 20 tartarugas verdes no estado da Bahia, sendo que de 7 tartarugas foram coletados apenas um tumor e das demais de 2 a 3 tumores de locais diferentes do corpo do animal. Das 20 tartarugas, 12 foram positivas na PCR em pelo menos uma amostra de tumor e 14 foram positivas na qPCR. Das sete tartarugas que foram coletados apenas um tumor, cinco foram negativas em ambas as técnicas e duas foram positivas na qPCR com carga viral de 1,35 e 5.758,80 cópias de DNA do vírus/ mg de tecido. Das 13 tartarugas que foram coletados mais de um tumor, uma apresentou resultado negativo em ambas as técnicas; seis apresentaram pelo menos um resultado negativo na PCR, mas positivo na qPCR e seis apresentaram resultado positivo em ambas as técnicas com uma carga viral variando de 278,33 a 389.909,85 cópias de DNA do vírus/mg de tecido (média de 41.954,69 ± 105.594,20) O valor de cópias de genoma por mg de tecido foi calculado multiplicando o valor encontrado na qPCR por 7,5 que corresponde as diluições realizadas durante a extração de DNA. A curva padrão teve um coeficiente de correlação > 0.9. O ChHV 5 está presente em 100% dos tumores induzidos por inoculação de filtrados de células tumorais (Ene et al. 2005) e em 95% das infecções naturais, sendo que em 79% dos FPs e fibromas analisados por PCR em tempo-real quantitativo, o vírus estava presente em níveis que excediam 104 cópias por 100 ng de DNA total de tumores (Quackenbush et al. 2001). Quanto as características dos tumores, 86,84% estavam localizados na região anterior do corpo das tartarugas; 50% eram pigmentados, 81,6% apresentavam a superfície verrugosa e 18,4% lisa. Baptistotte (2007) caracterizou a ocorrência da GTFP em tartarugas na costa brasileira analisando 10.170 tartarugas marinhas durante os anos de 2000 a 2005. Das 8.359 tartarugas verdes analisadas, 1.288 apresentavam tumores. A média de prevalência nacional das tartarugas-verdes foi de 15,41% no período. A maioria dos tumores (72,5%) estava localizada na região anterior corpórea do animal, 25,2% na região posterior e 2,3% na carapaça e plastrão, sendo que nenhum tumor foi observado na cavidade oral. O presente trabalho é o primeiro que relata a quantificação da carga viral em amostras de fibropapilomas no Brasil. Os dados mostram que alguns tumores podem apresentar uma alta carga viral. No Brasil, o DNA do herpesvirus já havia sido detectado por PCR em amostras de fibropapiloma e sangue de tartarugas marinhas em São Paulo (Monezi et al. 2006).
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Agradecimentos/Financiadores Agradecemos ao Projeto TAMAR pelo auxilio nas coletas, ao IBAMA pela licença de pesquisa e ao CNPq pelo apoio financeiro.
Referências Bibliográficas Baptistotte, C., L.M.P. Moreira, J.H. Becker, G. Lopes, J.C. Castilhos, E. Lima, A. Grossman, J. Wanderlinde, e M.A. Marcovaldi. 2005. Frequency of occurrence of tumors in green turtles, chelonia mydas record by projetoTAMAR-IBAMAin Brazilian coast from years 2000 to 2004. 19th Annual Meeting of the Society for Conservation Biology 14-15. Baptistotte, C. 2007. Caracterização especial e temporal da fibropapilomatose em tartarugas marinhas da costa brasileira. Tese de Doutorado, ESALQ/USP. Piracicaba. Chomczynski, P.A. 1993. A reagent for the single-step simultaneous isolation of RNA, DNA and protein from the cell and tissues samples. Biotechniques 15:532-537. Davison, A.J.; R. Eberle, B Ehlers, G Hayward, D.J. Mcgeoch, A.C. Minson, P.E. Pellett, B. Roizman, M.J. Studdert, e E. Thiry. 2009. The order Herpesvirales. Archives of Virology 154:171-177. Ene, A., S. Lemaire, C. Rose, S. Schaff, R. Moretti, J. Lenz, e L.H. Herbst. 2005. Distribution of Chelonid Fibropapillomatosis-Associates Herpesvirus variants in Florida: molecular genetic evidence for infection of turtles following recruitment to neritc developmental habitats. Journal of Wildlife Disease 41:489-497. George, R.H. 1997. Health problems and diseases of sea turtles. Páginas 363-385 in Lutz P.L., E J.A. Musick (Eds.) The biology of sea turtles, vol. I. Boca Raton, USA: CRC Press. Herbst, L.H., E.R. Jacobson, R. Moretti, T. Brown, J.P. Sundberg, e P.A. Klein. 1995. Experimental transmission of green turtle fibropapillomatosis using cell-free tumor extract. Disease of Aquatic Organisms 22:1-12. Kang, K.I., F.J. Torres-Velez, J. Zhang, P.A. Moore, P.D. Moore, S. Rivera, e C.C. Brown. 2008. Localization of fibropapilloma-associated turtle herpesvirus in Green Turtle (Chelonia mydas) by in-situ hybridization. Journal of Comparative Pathology 139:218-225. Monezi, T.A., N.M.G. Muller, E.R. Matushima, S. Rossi, M. Rondon, e D.U. Mehnert. 2006. Detecção de herpesvírus em tumor e sangue de tartarugas marinhas da espécie Chelonia mydas mantidas na base do Projeto TAMAR, Ubatuba-SP, nos anos de 2005 e 2006. Anais do 10º Congresso e XV Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens, p. 21. Quackenbusch, S.L., R.N. Casey, R.J. Murcek, T.A. Paul, T.M. Work, C.J. Limpus, A. Chaves, L. Dutoit, J.V. Perez, A.A. Aguirre, T.R. Spraker, J.A. Horrocks, L.A. Vermeer, G.H. Balazs, e J.W. Casey. 2001. Quantitative analysis of herpesvirus sequences from normal tissue and fibropapillomas of marine turtles with real-time PCR. Virology 287:105-111. Yu, Q.,Y. Lu, V.R. Nerurkar, e R. Yanagihara. 2000. Amplification and analysis of DNA flanking known sequences of a novel herpesvirus from green turtle with fibropapilloma. Archives of Virology 145:2669-2676.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil CASO CLÍNICO: INFECCIÓN CAUSADA POR Aeromonas sp.
Virginia Ferrando1,*, Cecilia Pereira1, y Victoria Bentancur1
1
ONG Karumbé, Av. Rivera 3245, Montevideo, Uruguay.
* (bluevicone@yahoo.com).
Palabras-clave: Chelonia mydas, dermatitis necrótica, antibiograma.
Introducción El grupo más importante de microorganismos patógenos, causantes de gran morbilidad y mortalidad en reptiles, son los bacilos gram-negativos. Entre ellos el género Aeromonas ha sido asociado como causa de estomatitis ulcerativa y neumonía en serpientes y septicemia en gran variedad de reptiles (Marcus 1971). También se asocia a afecciones digestivas, respiratorias y septicemia en humanos (Janda et al. 1983). Las bacterias pertenecientes al género Aeromonas son móviles y anaeróbicas facultativas. Habitan normalmente la cavidad oral y tubo digestivo de reptiles en general y la epidermis de quelonios acuáticos. Estos organismos son ubicuos en el agua dulce y salobre. Se los considera oportunistas ya que atacan a animales inmunodeprimidos. En los quelonios el género ha sido reportado como principal causa de muerte en tortugas de agua dulce (Keymer 1978). La especie Aeromonas hydrophila es una de las bacterias más patógenas en tortugas marinas. Produce lesiones hemorrágicas que desarrollan dermatitis necrótica, particularmente en aquellos animales que están térmicamente estresados. Por lo general es más susceptible a temperaturas bajas (Mader 2006). Esta especie sido aislada en Caretta caretta en lesiones producidas por anzuelos y en granulomas hepáticos en las Islas Canarias (Orós 2004). En Rio de Janeiro, Reis et al. (2009) encontraron Aeromonas en el 50 % de los hisopos extraídos de cloaca, cavidad nasal y cavidad oral y de lesiones de piel de tortugas marinas varadas de las especies C. caretta, Chelonia mydas, Lepidochelys olivacea, Dermochelys coriacea y Eretmochelys imbricata. El presente trabajo tiene como objetivo describir tres casos asociados a Aeromonas sp. en C. mydas, comparando los síntomas y los hallazgos registrados en las necropsias.
Resultados Y Discusión En el año 2010 se registraron tres casos de infección por Aeromonas sp. en C. mydas. Todos los individuos eran tortugas juveniles y los promedios de largo curvo de caparazón y de peso fueron 33,8 cm y 4,56 kg respectivamente. Dos vararon en la Coronilla (Rocha) en junio y una en Punta del Este (Maldonado) en julio. Presentaban condición corporal pobre (Thomson et al., 2009), anorexia, letargia, depresión y flotación dorsolateral derecha caudal. Sólo una de ellas presentaba constipación, mientras que la materia fecal de las tortugas que defecaban no poseía desechos antropogénicos. El tratamiento instaurado fue de sostén, aplicándose diariamente suero fisiológico, calcio y un suplemento inyectable con vitaminas y aminoácidos (Metabolase® Fatro, Bologna, Italia). También se realizó alimentación VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil forzada con suero y un complejo vitamínico (Aminovit® Sur, Montevideo, Uruguay). Cada 15 días se les aplicaba 0,2 ml de Vitamina A, D y E (Vit Vitamina A,D y E® Microsules Canelones, Uruguay). Se les administró antibiótico terapia por 7 días con enrofloxacina (5mg/kg) (Enromic 5%, Microsules, Canelones, Uruguay). La evolución no fue favorable, las tortugas mantuvieron todos los síntomas. El individuo varado durante julio presentó a su vez necrosis a nivel distal de la aleta anterior izquierda con pérdida de sensibilidad, por lo que se procedió a la amputación del área necrosada y desinfección con clorhexidina. Se comenzó con un tratamiento de 5 días con sulfa-timetroprim y limpieza diaria de ambos miembros puesto que la aleta anterior derecha comenzaba a necrosarse. Al no observar mejoría la tortuga fue mantenida fuera del agua, con las aletas vendadas, las cuales estaban embebidas en clorhexidina, cambiando el vendaje cada 2 días. En el estudio radiológico no se observaron alteraciones óseas. Los pulmones presentaban una radiodensidad mayor. Se realizó un hemocultivo encontrando Aeromonas sp., siendo la misma sensible a amikacina, ceftazidime, ceftriaxona, cefuroxime, entrapenem, meropenem, piperacilina tazobactam, amplicilina sulbactam e imipenem y resistente a amplicilina, cefradina, ciprofloxacina, trimetroprimsulfa. Las tortugas de junio murieron un mes después del varamiento, mientras que la tortuga de julio murió a los 2 meses del mismo. En las necropsias se halló que todas las tortugas poseían atrofia muscular severa de los músculos pectorales, colección serosanguinolienta en celoma, tráquea, epiglotis y pulmón congestionado. Las dos tortugas de junio poseían nódulos caseosos en los pulmones. La tortuga de julio no tenia afectados los huesos de los miembros anteriores y el examen bacteriológico de la articulación entre la segunda y tercera falange de la aleta derecha desarrolló Aeromonas sp., mostrando una sensibilidad y resistencia similares al anterior antibiograma salvo que el agente en cuestión fue resistente a la piperacilina tazobactam y amplicilina sulbactam. En los nódulos caseosos de las tortugas de junio se aisló Aeromonas sp. y el antiograma fue idéntico con ambas muestras. En estos casos Aeromonas sp. fue sensible a ciprofloxacina, gentamicina, trimetroprim sulfametoxazol y resistente a amplicilina, cefradina, ceftazidime, ceftriazona, amplicilina sulbactam. Santoro (2006) encontró que Aeromonas es un habitante normal en la flora cloacal de la tortuga L. olivacea puesto que la asiló en 45 hembras de esta especie que anidaban en Playa Nancite, Costa Rica, y se encontraban en perfectas condiciones de salud. Sin embargo A. hydrophila es una de las bacterias más patógenas en tortugas marinas ya que produce lesiones hemorrágicas que desarrollan dermatitis necrótica, particularmente en aquellos animales que están térmicamente estresados siendo más susceptible a temperaturas bajas (Mader, 2006). El problema radica en que una vez instaurada la infección, el agente patógeno puede diseminarse vía sanguínea y originar una septicemia, frecuentemente mortal. Los síntomas encontrados en las tortugas marinas del presente trabajo son similares a los descritos por Mader (1996) en la enfermedad cutánea séptica ulcerativa donde a partir de lesiones de piel ulcerativas se desencadena un cuadro general con letargia, anorexia y debilidad. Los microorganismos que se han asociado a estos cuadros son Aeromonas sp., Pseudomonas aeruginosa, Pseudomonas fluorescens, Staphylococcus aureus, Proteus sp, Acinetobacter sp., Citrobacter sp. Las tortugas del presente trabajo poseían diferentes lesiones cutáneas, siendo la más grave la afección de los miembros de la tortuga varada en julio. Llegar al diagnóstico etiológico de las mismas no es sencillo puesto que frecuentemente las muestras están contaminadas y los cultivos no dan predominancia de un patógeno en especial. Además clínicamente suelen ser parecidas a dermatitis micóticas. En el último caso, no se realizó ningún estudio micológico, pero las lesiones descritas por Orrego (2001) y George (1997) en infecciones micóticas describen síntomas parecidos, con lesiones focales, de coloración negra, secas, y gangrenosas siendo extremidades las partes más afectadas llegando incluso a la auto amputación. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Otra dificultad que afecta la evolución de las tortugas enfermas es la elección del antibiótico a suministrar, puesto que las lesiones pueden estar afectadas por más de un tipo de patógeno teniendo los mismos diferentes sensibilidades a los fármacos. Los antibiogramas realizados con las muestras de sangre y pulmón de la tortuga que varó en julio fueron diferentes, a pesar de ser el patógeno del mismo género, en el primer estudio se observó sensibilidad a piperacilina tazobactam y amplicilina sulbactam y en el segundo hubo resistencia a los mismos. Este resultado podría atribuirse a que las especies del patógeno aislado no fueran las mismas y por lo tanto podrían tener diferente sensibilidad a los antibióticos. El mal uso y abuso de los antibióticos han creado gran cantidad de cepas resistentes, resultando en un espectro cada vez más limitado de herramientas para combatir las enfermedades de los animales.
Agradecimientos A todos los voluntarios, a Mauro, a Bruno, a los integrantes de la Cátedra de Imagenologia, a Daniel Del Bene.
Referencias Bibliográficas Reis, E.C., C. Soares, D. Rodrigues, H. Kinast, L. Moreira, B. Rennó, y S. Siciliano. 2010. Condição de saúde das tartarugas marinhas do litoral centronorte do Estado do Rio de Janeiro, Brasil: avaliação sobre a presença de agentes bacterianos, fibropapilomatose e interação com resíduos antropogênicos. Oecologia Australis 14:756765. George, R. 1997. Health problems and diseases of sea turtles. Página 363 en Lutz, P.L., e J.A. Musick (Eds.), The biology of sea turtles. CRC Press, Boca Raton, USA. Janda J.M., E.J. Bottone, y M. Reitano. 1983. Aeromonas species in clinical microbiology: significance, epidemiology, and speciation. Diagnostic Microbiology and Infectous Diseases 1:221-228. Keyner, I. 1978. Diseases of chelonians: Necropsy survey of terrapins and turtles. Veterinary Record 103:577582.Mader, D. R. 1996. Turtles, tortoises and terrapins. Páginas 61-78 en Mader, D.R. (Ed). Reptile Medicine and Surgery. W.B. Saunders Company. Philadelphia, Pennsylvania. Mader, D. 2006. Medicine and Surgery. Páginas 977-979 en Reptile Medicine and Surgery. Saunders Elsevier. Philadelphia, Pennsylvania. Marcus, L. 1971. Infectious diseases of reptiles. Journal of the American Veterinary Medical Association 159:16261631. Orrego, C. 2001. Flora normal bacteriana cloacal y nasal de la tortuga Lora (Lepidochelys olivacea) en el pacífico norte de Costa Rica. Escuela de Medicina Veterinaria, Universidad Nacional, Heredia, Costa Rica, Programa Nacional de Manejo en Vida Silvestre. Costa Rica. Orós J., P. Calabuig, y S. Déniz. 2004. Digestive pathology of sea turtles stranded in the Canary Islands between 1993 and 2001. Veterinary Record 155:169-174. Santoro, M., C. Orrego, y G. Hernandez. 2006. Flora bacteriana cloacal y nasal de Lepidochelys olivacea (Testudines: Cheloniidae) en el Pacífico norte de Costa Rica. Revista de Biologica Tropical 54:43-48. Thomson, J., D. Burkholder, M. Heithaus, y L. Dill. 2009. Validation of a rapid visual-assessment technique for categorizing the body condition of green turtles (Chelonia mydas) in the field. Copeia 2009:251-255.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil REGISTRO DE PARASITAS GASTROINTESTINAIS DE Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) NO LITORAL NORTE E MÉDIO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL
Renata A. Xavier1, Ana Luisa Valente2, e Cariane C. Trigo3,4
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS – Av. Tramandaí, 976, CEP 95625-000, Imbé, RS. (re_axavier@hotmail.com).
1
Departamento de Morfologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal de Pelotas, RS. (schifinoval@hotmail. com).
2
Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – CECLIMAR/IB/UFRGS – Av. Tramandaí, 976, CEP 95625-000, Imbé, RS. (carianect@gmail. com). 3
Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Rio Grande do Sul – GEMARS, Av. Tramandaí 976, CEP 95625000, Imbé, RS. 4
Palavras-chave: Tartaruga-verde, parasitologia, Anisakidae, Hepatoxylon trichiuri, Centro de Reabilitação.
Introdução Estudos sobre a helmintofauna de tartarugas marinhas têm sido utilizados não apenas para avaliar o estado de saúde de seus hospedeiros, mas também como uma importante ferramenta na compreensão dos padrões de migração, comportamento, distribuição e ecologia alimentar (Williams et al. 1992; Mackenzie 2002). No Brasil, a helmintofauna de tartarugas marinhas é representada principalmente pela Classe Trematoda (Filo Platyhelminthes), com 20 espécies registradas até o momento, e Filo Nematoda, com o registro de quatro espécies (Werneck 2007; Muniz-Pereira et al. 2009; Werneck et al. 2011). Pelo fato de as tartarugas marinhas possuírem hábito migratório entre as áreas de desenvolvimento, alimentação e desova (Bjorndal e Bolten 1997), é possível que ocorra um número maior de espécies de parasitos no país (Werneck 2007). O litoral do Rio Grande do Sul (RS) não apresenta áreas próprias para a desova de tartarugas marinhas, mas é utilizado regularmente por algumas espécies como área de alimentação em certa etapa de seu desenvolvimento, como a espécie Chelonia mydas. A população de tartarugas-verdes do RS é constituída por indivíduos juvenis, com comprimento curvilíneo de carapaça (CCC) menor que 60 cm (Silva e Almeida 1998). Este tamanho condiz com aquele no qual as tartarugas-verdes retornam a áreas mais próximas a costa após o período conhecido como “lost year” (Balazs 1995) e apresenta hábitos onívoros.
Metodologia Foram analisados vinte espécimes de Chelonia mydas, provenientes de monitoramentos de praia realizados pelo Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Rio Grande do Sul (GEMARS) no litoral Norte e Médio do RS, entre os municípios de Torres e Mostardas (Fig. 1), bem como, de indivíduos que vieram a óbito durante o processo de reabilitação no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres e Marinhos (CERAM) do Centro de Estudos Costeiros Limnológicos e Marinhos do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CECLIMAR/IB/UFRGS). VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil
Figura 1. Mapa da área de estudo, apresentando o trecho do litoral do Rio Grande do Sul onde foram coletados os indivíduos de Chelonia mydas.
As tartarugas foram dissecadas e os tratos gastrointestinais congelados para conservação até o procedimento seguinte. O trato gastrointestinal foi seccionado em esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso, sendo o conteúdo de cada segmento lavado com água corrente e tamisado em malha com 150 µm de abertura. O conteúdo recolhido no tamis foi armazenado em álcool 70% e analisado em microscópio esteroscópio. Os parasitas encontrados foram fixados em álcool 70%, e preparados para identificação conforme Amato et al. (1991).
Resultados e Discussão Dos vinte indivíduos analisados, em apenas um foi registrada a presença de parasitas (Fig. 2). Foram registrados dois indivíduos de nematódeos em fase larval da Família Anisakidae (Filo Nematoda - Superfamília Ascaridoidea), presentes na serosa do estômago. A identificação das larvas de anisaquideos foi baseada em características morfológicas, incluindo a presença de três lábios dentados e esôfago simples (Davey 1971; Innis et al. 2009). O ciclo biológico das espécies pertencentes a esta família é indireto, sendo encontrados quando adultos em vertebrados aquáticos ou ictiófagos e as larvas no sistema conjuntivo de peixes (Lapage 1976). Entre os nematódeos, três espécies têm registro em Chelonia mydas para o Brasil, sendo apenas uma da Família Anisakidae, Sulcascaris sulcata (Rudolphi, 1819) (Vicente et al. 1993). Espécies de anisaquideos têm sido registradas para tartarugas marinhas em outras partes do mundo (Burke e Rodgers 1982; Orós et al. 2005; Valente et al. 2009). Outro helminto foi encontrado aderido à serosa do intestino grosso. Este estava em fase de desenvolvimento pós-larval e foi identificado como pertencente à espécie Hepatoxylon trichiuri (Filo Platyhelminthes - Classe Cestoda - Ordem Trypanorhyncha). Os adultos desta espécie são tipicamente encontrados no estômago e intestino de tubarões e raias, e as formas pós-larvais são encontradas nas cavidades corpóreas de peixes teleósteos, crustáceos ou, raramente, répteis (São Clemente et al. 2004; Oliveira 2005). Esta espécie de cestódeo foi registrada anteriormente na espécie Lepidochelys kempii (tartaruga endêmica da região do Golfo do México e costa leste dos Estados Unidos) (Innis et al. 2009).
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil
Figura 2. Localização dos parasitas encontrados no trato gastrointestinal de Chelonia mydas. A – Cisto de anisaquideo encontrado no estômago. B – Hepatoxylon trichiuri encontrado no intestino grosso.
A espécie H. trichiuri encontrada no presente estudo é o primeiro registro de um cestódeo como parasita de tartaruga-marinha para o Brasil. Porém, pelo fato de a tartaruga-verde parasitada ter permanecido em cativeiro pelo período de dois meses, recebendo peixes como alimento, é possível que os parasitas encontrados sejam provenientes destes, como já relatado por Burke e Rodgers (1982) onde a presença do parasita Anisakis sp. foi relacionada à alimentação administrada a tartarugas-verdes em cativeiro na Austrália. No estudo supracitado, a espécie de nematódeo foi registrada em tartarugas alimentadas com sardinhas, enquanto as alimentadas com outras espécies de peixes não foram parasitadas por este. As sardinhas são utilizadas para a alimentação dos espécimes em recuperação no CERAM e, assim, as mesmas podem ter sido a origem destes parasitas.
Agradecimentos Agradecemos ao GEMARS e ao CERAM.
Referências Bibliográficas Amato, J.F.F., W.A. Boeger, e S.B Amato. 1991. Protocolos para laboratório – coleta e processamento de parasitos de pescado. 1. ed., Rio de Janeiro: Imprensa Universitária. Balazs, G.H. 1995. Growth rates of immature green turtles in the Hawaiian Archipelago. Páginas 117-125 in Bjorndal, K.A. (Ed). Biology and conservation of sea turtles. Smithsonian Institute Press, Washington, USA. Bjorndal, K.A., e A.B. Bolten. 1997. Developmental migrations of juvenile green turtles in the Bahamas. Proceedings of the 15th Annual Symposium Sea Turtle Conservation and Biology. Burke, J.B., e L.J. Rodgers. 1982. Gastric ulceration associated with larval nematodes (Anisakis sp. type I) in pen reared green turtles (Chelonia mydas) from Torres Strait. Journal of Wildlife Diseases 18:41-46. Davey, J.T. 1971. A revision of the genus Anisakis Dujardin, 1845 (Nematoda: Ascaridata). Journal of Helminthology 45:51-72. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Innis, C., A.C. Nyaoke, C.R. Williams-III, B. Dunnigan, C. Merigo, D.L. Woodward, E.S. Weber, e S. FrascaJr. 2009. Pathologic and parasitologic findings of cold-stunned Kemp’s ridley sea turtles (Lepidochelys kempii) stranded on Cape Cod, Massachusetts, 2001–2006. Journal of Wildlife Diseases 45:594-610. Lapage, G. 1976. Parasitologia veterinária. 4 ed. México: Compañia Editorial Continental S.A. Mackenzie, K. 2002. Parasites as biological tags in population studies of marine organisms: an update. Parasitology 124:153-163. Muniz-Pereira, L.C., F.M. Vieira e J.L Luque. 2009. Checklist of helminth parasites of threatened vertebrate species from Brazil. Zootaxa 2123:1-45. Oliveira, S.A.L. 2005. Pesquisa de helmintos em musculatura e serosa abdominal de peixes de importância comercial capturados no litoral norte do Brasil. Dissertação de Mestrado, UFPA, Belém. Orós, J., A. Torrent, P. Calabuig, e S. Déniz. 2005. Diseases and causes of mortality among sea turtles stranded in the Canary Islands, Spain (1998-2001). Diseases of Aquatic Organisms 63:13-24. São Clemente, S.C., M. Knoff, R. E.S. Padovani, F.C. Lima, e D.C. Gomes. 2004. Cestóides Trypanorrhyncha parasitos de congro-rosa, Genypterus brasiliensis Regan, 1903 Comercializados nos municípios de Niterói e Rio de Janeiro, Brasil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária 3:97-102. Silva, K.G., e E. Almeida. 1998. Monitoramento da ocorrência de tartarugas marinhas no litoral do Rio Grande do Sul (1996). Resumos da XI Semana Nacional de Oceanografia. Rio Grande. Valente, A.L., C. Delgado, C. Moreira, S. Ferreira, T. Dellinger, M.A. Pinheiro-de-Carvalho, e G. Costa. 2009. Helminth component community of the loggerhead sea turtle, Caretta caretta, from Madeira Archipelago, Portugal. Journal of Parasitology 95:249-252. Vicente, J.J., H.O. Rodrigues, D.C. Gomes, e R.M. Pinto. 1993. Nematóides do Brasil. Parte III: nematóides de répteis. Revista Brasileira de Zoologia 10:19-168. Werneck, M.R. 2007. Helmintofauna de Chelonia mydas necropsiadas na base do Projeto Tamar-IBAMA em Ubatuba, Estado de São Paulo, Brasil. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual Paulista, UNESP. Botucatu. Werneck, M.R., E.H.S.M. Lima, B.M.G. Gallo, e R.J. Silva. 2011. Occurrence of Amphiorchis solus (Simha e Chattopadhyaya 1970) (Digenea: Spirorchiidae) infecting the green turtle Chelonia mydas Linnaeus, 1758 (Testudines: Cheloniidae) in Brazil. Comparative Parasitology 78:200-203. Williams, E.H., K. MacKenzie, e A.M. McCarthy. 1992. Parasites as biological indicators of the population biology, migrations, diet and phylogenetics of fish. Reviews in Fish Biology and Fisheries 2:144-176.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Sulcascaris sulcata PARASITA DE Caretta caretta NA COSTA SUL DO RIO GRANDE DO SUL
Francine Sardá1, Juliana A. Barros3, Danielle da S. Monteiro3, Ana L. Velloso1, e Joaber Pereira Jr.1
Universidade Federal do Rio Grande, Instituto de Ciências Biológicas, Laboratório de Parasitologia de Organismos Marinhos, Avenida Itália km 8, Rio Grande, RS, 96201-900, Brasil. 1
2
(fransardah@hotmail.com).
3 Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental, Rua Maria Araújo, 450, Cassino, Rio Grande, RS, 96207-480, Brasil.
Palavras-chave: Comprimento Curvilíneo da Carapaça (CCC), Nematoda, Índices Parasitológicos.
Introdução No Rio Grande do Sul (RS) são encontradas cinco espécies de tartarugas marinhas, todas ameaçadas de extinção (IUCN 2011), a tartaruga-cabeçuda, Caretta caretta (Linnaeus, 1758) é a espécie mais comum nos encalhes de praia dessa região (Monteiro 2004). O litoral do RS é considerado uma importante área de alimentação e desenvolvimento de C. caretta, por isso de relevância para a conservação das tartarugas marinhas (Bugoni et al. 2003). A tartaruga-cabeçuda é carnívora e se alimenta de itens planctônicos em habitats oceânicos nos estágios inicial e de juvenil. Nos estágios juvenis mais avançados, há um recrutamento para habitats neríticos e passam a se alimentar principalmente de itens bentônicos (Bjorndal 1997). A alimentação pelágica inclui a ingestão de hydromedusas (Arai 2005), o que pode elevar o potencial de infecção por larvas de helmintos (Martorelli 2001). Na fase nerítica C. caretta consome principalmente crustáceos, peixes e moluscos (Bugoni et al. 2003; Barros 2010). O parasitismo é uma relação bastante difundida entre os seres vivos, e os parasitos ocorrem em praticamente toda a cadeia alimentar e em todos os níveis tróficos (Pérez-Ponce de Léon et al. 2002). Mesmo assim, não há estudos sobre a comunidade componente de helmintos da tartaruga-cabeçuda no litoral do RS. Estes organismos têm sido negligenciados em estudos dos processos dos ecossistemas e de biodiversidade (Silva-Souza et al. 2006). De acordo com (Bjorndal et al. 2001) no Atlântico Norte C. caretta inicia o recrutamento do habitat oceânico para o nerítico quando o comprimento curvilíneo da carapaça (CCC) tem entre 46 e 64 cm. A maioria dos animais capturados em espinhéis no sudeste-sul do Brasil apresenta CCC médio de 58,8 cm e estão, provavelmente, na fase de desenvolvimento oceânico (Monteiro 2008; Giffoni 2008). Animais com CCC superior a 69,9 cm estão provavelmente na fase nerítica, no qual se alimentam de invertebrados bentônicos na plataforma continental (Monteiro 2004). Esse conjunto de informações podem ser usados como balizadores para estudos ontogenéticos da dieta, podendo ser referencial para estudos parasitológicos relacionados com movimentos e alimentação do hospedeiro. Vários helmintos parasitam C. caretta e Sulcascaris sulcata é um dos Nematoda mais comuns neste hospedeiro (Manfredi et al. 1998). Este trabalho apresenta a caracterização de larvas e adultos de S. sulcata em C. caretta do litoral sul do RS e a forma como este parasito utiliza este hospedeiro. Com isso, são adicionadas informações que contribuem para o entendimento da história de vida desse vertebrado e portanto para sua conservação. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Material e Métodos A área de estudo compreende o litoral sul do Rio Grande do Sul, entre a Lagoa do Peixe (31°20’S; 51°05’W) e o Arroio Chuí (33°45’S; 53°22’W), e região oceânica. Para as amostragens utilizou-se animais mortos provenientes de captura incidental na pescaria de espinhel pelágico (n = 14) e de encalhes na região praial (n = 36), em monitoramentos coordenado pelo Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA), durante os anos de 2008 e 2009. O CCC dos hospedeiros foi efetuado (Bolten 1999). Definiu-se duas classes de tamanho para os hospedeiros: C1 ≤ 69,9 cm e C2 ≥ 70 cm. Os conteúdos gastrointestinais foram triados, os parasitos quantificados e, para identificação, tratados para montagem de lâminas semipermanente (lactofenol) e permanente (bálsamo). Foram calculados a prevalência (P%), a Intensidade Média de Infecção (IMI), Intensidade de Infecção (II) e a Abundância Média (AX) para as duas classes de tamanho e para os valores totais. Comparações de diferenças entre os índices parasitológicos nas classes seguiu o modelo proposto pelo Programa “Quantitative Parasitology” (Reiczigel e Rózsa 2005) para a P% (Teste não paramétrico do Chi-quadrado) e para IMI e AX (Bootstrap no Teste t).
Resultados e Discussão O CCC dos espécimes provenientes do espinhel variou de 53 a 63 cm (média = 57,65 ± 2,87), enquanto que o CCC de animais coletados na praia variaram de 57 a 98,5 cm (média = 70,19 ± 7,2). Verificou-se a presença de larvas e adultos de S. sulcata em oito espécimes (16 %) de tartarugacabeçuda pertencentes às duas classes de tamanho. Em animais capturados na pescaria de espinhel pelágico este parasito não foi encontrado. A IMI foi de 99,4, a II variou de 3 - 341 parasitos por hospedeiro (PpH) infectado e a AX de 15,9 PpH amostrado.
Tabela 1. Índices parasitológicos (variação da intensidade de infecção - II; prevalência - P%; intensidade média da infecção - IMI; abundância média - AX) de Sulcascaris sulcata (larvas e adultos) por classe de comprimento curvilíneo da carapaça (CCC) de Caretta caretta no litoral sul do Rio Grande do Sul. Valores da mesma coluna seguidos de letras distintas diferem significativamente (P < 5%).
(P% - P = 0,012; IMI - P = 0,0615; AX - P = 0,1190)
A prevalência difere significativamente entre os CCCs de hospedeiros neríticos e oceânicos. A maior prevalência ocorre em hospedeiros neríticos (C1), de 33,3 %. A IMI e AX não diferem significativamente entre as categorias analisadas (Tabela 1). Os valores discretos relativos à P %, indicam que poucos hospedeiros apresentam altas intensidades do parasito, que sugere um padrão de dinâmica populacional que ameniza o VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil potencial impacto negativo da parasitose sobre a população hospedeira garantindo a continuidade do ciclo parasitário e dos processos de dispersão. Sugere-se que moluscos são importantes itens na dieta das tartarugas-cabeçudas em fase nerítica, o que corrobora as observações de Bugoni et al. (2003) e Barros (2010), já que a prevalência de S. sulcata foi maior nesta fase da vida do hospedeiro e, além disso, sabe-se que as larvas deste parasito são encontradas em moluscos (Lichtenfels et al. 1978).
Referências Bibliográficas Arai, M.N. 2005. Predation on pelagic coelenterates: a review. Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom 85:523-536. Barros, J.A. 2010. Alimentação da tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) em habitat oceânico e nerítico no sul do Brasil: composição, aspectos nutricionais e resíduos sólidos antropogênicos. Dissertação de Mestrado em Oceanografia Biológica (FURG). Bjorndal, K.A. 1997. Foraging ecology and nutrition of sea turtles.nas 199-231 in Lutz, P.L., e J.A. Musick (Eds.). The biology of sea turtles. CRC Press. Bjorndal, K.A., A.B. Bolten, B. Koike, B.A. Schroeder, D.J. Shaver, W.G. Teas, e W.N. Witzell. 2001. Somatic growth function for immature loggerhead sea turtles, Caretta caretta, in southeastern U.S. Waters. Fishery Bulletin 99:240-246. Bugoni, L, L. Krause, e M.V. Petry. 2003. Diet of sea turtles in southern Brazil. Chelonian Conservation and Biology 4:685-688. Giffoni, B., A. Domingo, G. Sales, F.N. Fiedler, e P. Miller. 2008. Interacción de tortugas marinas (Caretta caretta y Dermochelys coriacea) con la pesca de palangre pelágico en elatlántico sudoccidental: una perspectiva Regional para la conservación. Collective Volumes of Scientific Papers, ICCAT 62:1861-1870. IUCN 2011. Red List of Threatened Species. Version 2011.1. <www.iucnredlist.org>. Acessado em 19 de Setembro de 2011. Lichtenfels, J.R., J.W. Bier, e P.A. Madden. 1978. Larval Anisakid (Sulcascaris) nematodes from Atlantic molluscs with marine turtles as definitive hosts. Transactions of the American Microscopical Society 97:199-207. Monteiro, D.S. 2004. Encalhe e interação de tartarugas marinhas com a pesca no litoral do Rio Grande do Sul. Monografia - Graduação em Biologia, FURG, Rio Grande. Monteiro, D.S. 2008. Fatores determinantes da captura incidental de aves e tartarugas marinhas e da interação com orcas/falsas-orcas, na pescaria com espinhel pelágico no Sudeste-Sul do Brasil. Dissertação de Mestrado, FURG Rio Grande. Manfredi, M.T., G. Piccolo, e C. Meotti. 1998. Parasites in Italian sea turtles. II. Loggerhead turtle. Páginas 305308 in Margaritoulus, D., e A. Demetropoulos (Eds.). Proceedings of the 1st Mediteranean Conference on Marine Turtles, Italy, Rome. 270 p.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Martorelli, S.R. 2001. Digenea parasites of jellyfish and ctenophores of the southern Atlantic. Hydrobiologia 451:305-310. Pérez-Ponce de León, G., L. García-Prieto, e U. Razo-Mendivil. 2002. Species richness of helminth parasites in Mexican amphibians and reptiles. Diversity and Distributions 8:211-218. Reiczigel, J., e L. Rózsa. 2005. Quantitative Parasitology 3.0. Budapest.Disponivel em http://www.zoologia.hu/qp/ qp.html. Acesso em: 26/10/2009. Silva-e-Souza, A.T., O.A. Shibatta, T. Matsumura-Tundisi, J.G. Tundisi, e F.A. Dupas. 2006. Parasitas de peixes como indicadores de estresse ambiental e eutrofização. Páginas 373-386 in Tundisi, J.G., T. Matsumura-Tundisi, e C.S. Galli (Org.). Eutrofização na América do Sul: causas, consequências e tecnologias para gerenciamento e controle, EUTROSUL-Rede Sulamericana de eutrofização. São Carlos-SP:DMD Propaganda, v. 1.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil ANÁLISE DA FAUNA EPIBIONTE DE JUVENIS DE Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) NO LITORAL NORTE E MÉDIO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL
Beatrix Danielle P. Fraga1*, Luciana F. Nunes1, Fernanda Barella1, e Cariane C. Trigo2,3 Curso de Ciências Biológicas com Ênfase em Biologia Marinha e Costeira UFRGS/UERGS – Av. Tramandaí, 976, CEP 95625-000, Imbé, RS, Brasil. (beatrix_danielle@hotmail.com).
1
Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – CECLIMAR/IB/UFRGS – Av. Tramandaí, 976, CEP 95625-000, Imbé, RS, Brasil (carianect@ gmail.com).
2
Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Rio Grande do Sul – GEMARS – Av. Tramandaí, 976, CEP 95625000, Imbé, RS, Brasil. 3
Palavras-chave: Tartaruga-verde, balanídeos, lepadídeos.
Introdução A distribuição da espécie Chelonia mydas (tartaruga- verde) abrange todos os oceanos do mundo em zonas tropicais e subtropicais. Na fase juvenil, possui hábitos mais costeiros e sua dieta é onívora com tendência a carnivoria, a partir da fase nerítica, transição para a fase adulta, sua alimentação torna-se essencialmente herbívora (Bjorndal 1997). Durante o desenvolvimento pode realizar migrações para varias áreas de alimentação como o Uruguai, a Argentina e Brasil (López-Mendilaharsu et al. 2007; Carman et al. 2007; Sanches e Bellini 1999). Consoante a IUCN (2011), esta espécie está em perigo em extinção. No ambiente marinho, qualquer superfície pode ser colonizada por uma variedade de organismos presentes no ambiente, incluindo o corpo de vertebrados. As tartarugas marinhas servem de substrato para fixação de organismos epibiontes, sendo os cirripédios a fauna mais freqüente (Frick et al. 2002). Estes organismos não são parasitas, pois apenas utilizam substrato biológico para proteção, locomoção e nutrição, a qual é realizada através da filtração da água (Foster 1987). O objetivo do presente estudo foi caracterizar a composição da fauna epibionte associada aos indivíduos juvenis de C. mydas, os quais habitam a área de alimentação e desenvolvimento no litoral norte e médio do Rio Grande do Sul.
Material e Métodos As amostras de epibiontes foram coletadas de 15 tartarugas-verdes, provenientes do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres e Marinhos (CERAM) do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CECLIMAR/IB/UFRGS). Os animais encontrados encalhados vivos foram encaminhados ao CERAM entre janeiro e março de 2011, sendo provenientes da região compreendida entre o Farol da Solidão, no município de Mostardas, e Torres (Fig. 1). A fauna epibionte foi coletada, sempre que possível, no mesmo dia da chegada dos espécimes ao CERAM, com o auxilio de uma espátula, sendo separada conforme o local em que se encontrava na tartaruga (carapaça, plastrão, cabeça e membros). Em seguida, foi armazenada em álcool-etílico 70% e, posteriormente, identificada ao menor nível taxonômico possível e analisada quantitativamente (frequência de indivíduos). A ocorrência e quantidade de animais encontrados foram relacionadas ao comprimento das tartarugas, através da Correlação da Spearman, com auxílio do Programa Estatístico PAST (versão 2.08b). VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil
Figura 1. Mapa da área de estudo, apresentando o trecho do litoral do Rio Grande do Sul onde foram coletados os indivíduos de Chelonia mydas.
Resultados e Discussões As tartarugas-verdes apresentaram um comprimento curvilíneo de carapaça de 28,6 a 40,7 cm, caracterizando-as como indivíduos juvenis. As espécies da fauna epibionte registradas pertencem às famílias Balanaidae, Coronulidae (subordem Balanomorpha), Lepadidae (subordem Lepadomorpha), Ostreidae e por uma colônia de hidrozoários pertencente à família Tubulariidae (Ectopleura sp). Balanídeos e Lepadídeos foram os grupos mais representativos, com um total de 1.638 indivíduos. Foram registradas duas espécies de balanídeos (Platylepas hexastylos, Chelonibia testudinaria) e uma de lepadídeos (Lepa anatifera). A espécie de cirripédio mais frequênte foi P. hexastylos, a qual ocorreu em todos os indivíduos amostrados. A espécie C. testudinaria foi registrada em apenas um espécime. Entre os cirripédios Lepadomorfos, registrou-se a presença da L. anatifera em seis indivíduos. Observou-se que tanto os balanídeos quanto os lepadomorfos, se mostraram mais abundantes no plastrão e na epiderme, como apresentado na Tabela 1.
Tabela 1. Número de indivíduos de cada espécie identificada como epibionte de Chelonia mydas relaciona ao local de ocorrência.
A espécie P. hexastylos é descrita como um organismo que se incrusta em material flutuante até dois metros de profundidade (Young 1999), assim, acreditamos que sua presença nos espécimes analisados possa estar relacionada ao estado debilitado apresentado pelas mesmas. O coeficiente de correlação de Spearman não mostrou valores estatisticamente significativos (p > 0,5) entre o comprimento curvilíneo da carapaça e o número de espécies epibiontes registradas. Alonso (2007) VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil observou uma diferença significativa em relação à localização dos espécimes entre plastrão e nadadeiras, mas não entre e carapaça e nadadeiras. No presente estudo esta diferença não foi significativa. A espécie C. mydas representa um importante substrato biogênico para estes organismos, pois estes se beneficiam por serem filtradores, se aproveitando da movimentação da tartaruga para capturar mais alimentos através de suas brânquias, sofrendo menos com a competição já que poucos organismos conseguem sobreviver às condições de um substrato em movimento.
Agradecimentos Agradecemos a estudante de graduação Vanessa Ochi Agostini por ter auxiliado na identificação dos epibiontes e à equipe do CERAM por terem auxiliado na coleta do material. Referências Bibliográficas Alonso, L. 2007. Epibiontes associados a la tortuga verde juvenil (Chelonia mydas) en la área de alimentacíon y desarrollo de Cerro Verde, Uruguay. 62 f. Tese (Licenciatura em Ciencias Biológicas) – Faculdade de Ciências Exatas e Naturais, Universidade de Buenos Aires. Buenos Aires, 2007. Bjornal, K.A. 1999. Priorities for research in foraging habitats. Páginas 2-18 In Eckert, K.L., K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, e M. Donnely (Eds.), Research and Management Techniques for the conservation of Sea Turtles. IUCN/ SSC Marine Turtle Specialist Group Publication Nº. 4. Carman, V.G., R. Dellacasa, I. Bruno, M.C. Inchaurraga C.; M. Gavensky, N. Mohamed, A. Fazio, M. Uhart, e D. Albareda. 2007. Nuevos aportes a la distribución de tortugas marinas em la Província de Buenos Aires y Norte de la Patagonia Argentina. Página 54 In Resumos da III Jornada de Conservación e Investigación de Tortugas Marinas en el Atlântico Sur Occidental. Piriápolis, Uruguay. Foster, B.A. 1987. Barnacle ecology and adaptation. Páginas 113-134 In Southward, A.J. (Ed.), Barnacle biology, A.A. Balkema, Rotterdam. Frick, M.G., K.L. Williams, D.X. Veljacic, J.A. Jackson, e S. Knight. 2002. Epibiont community succession on nesting loggerhead sea turtles, Caretta caretta, from Georgia, USA. Páginas 281-282 In Proceedings of the 20th Annual Symposium on Sea Turtle Biology and Conservation. NOAA Technical Memorandum NMFS-SEFSC-447. International Union for Conservation of Nature (IUCN). 2011. Red list of threatened animals. Disponible en: http:// www.redlist.org. Acceso 13/06/2011. López-Mendilaharsu, M., G. Sales, B. Giffoni, P. MIller,, F.N. Fiedler, e A. Domingo. 2007. Distribuicíon y composición de las tallas de las tortugas marinas (Caretta caretta y Dermochelys coriacea) que interactuan com el palangre pelagico em el Atlantico Sur. Collective Volumes of Scientific Papers, ICCAT 60:2094-2109. Sanches, T.M., e C. Bellini. 1999. Juvenile Eretmochelys imbricata and Chelonia mydas in the Archipelago of Fernando de Noronha, Brazil. Chelonian Conservation Biology 3:308-311. Young, P.S. 1999. Subclasse Cirripedia (cracas). Páginas 24-53 In Buckup, L. e G. Bond-Buckup (Eds.). Os crustáceos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil DETERMINAÇÃO SEXUAL E MATURAÇÃO GONADAL DE FÊMEAS DA TARTARUGA-VERDE (Chelonia mydas) e TARTARUGA-CABEÇUDA (Caretta caretta) NO EXTREMO SUL DO BRASIL
Dérien L.V. Duarte1,2, Danielle S. Monteiro1, Sérgio C. Estima1, Juliana A. Barros1, Rodrigo D. Jardim2, João C.M. Soares2, e Antonio S. Varela2
Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental, Rua Maria Araújo, 450 Rio Grande- Rio Grande do Sul – Brasil CEP: 96207-480 (derienvernetti@yahoo.com.br). 1
Universidade Federal do Rio Grande, Instituto de Ciências Biológicas, Setor de Histologia, Av. Itália, km 8 Rio Grande – Rio Grande do Sul – Brasil CEP: 96.201-900.
2
Palavras-chave: histologia gonadal, litoral do Rio Grande do Sul, Chelonia mydas, Caretta caretta.
Introdução Caretta caretta (tartaruga-cabeçuda) e Chelonia mydas (tartaruga-verde) utilizam o litoral do Rio Grande do Sul durante sua fase juvenil como local de alimentação e desenvolvimento (Monteiro 2004). As tartarugas marinhas possuem uma taxa de crescimento lento, requerendo longos períodos para atingir a maturidade sexual, característica que predispõe estas espécies a um maior risco de extinção quando expostas a condições variáveis que aumentam a mortalidade de adultos ou reduzem o recrutamento de jovens para a população. A diferenciação sexual nesses espécimes é dependente da temperatura durante o desenvolvimento embrionário (Pough et al. 1993). A temperatura que irá definir o sexo dos indivíduos depende da temperatura pivotal do ninho que irá produzir a proporção de 1:1, ou seja, 50% machos e 50% fêmeas. Valores abaixo desta temperatura induzirão a formação de filhotes machos e acima, filhotes fêmeas (Yntema e Mrosovsky 1980), sendo 29,2 ºC a temperatura pivotal média encontrada em ninhos de C. caretta no Brasil (Marcovaldi et al. 1997), e 29 ºC para ninhos de C. mydas no Mediterrâneo (Broderick et al. 2000). Esses espécimes não possuem dimorfismo sexual enquanto juvenis (Wibbels 1999), sendo a identificação sexual nesta fase possível através de técnicas como a histologia gonadal (Miller 1997). As tartarugas marinhas sofreram impactos durante centenas de anos, por diversas ações humanas de origem econômica, nutricional e cultural, o que acabou levando ao declínio dessas populações (Frazier 1996). Hoje os principais impactos são a destruição dos habitats e a captura incidental na pesca (Wyneken et al. 1988), tornando essas espécies ameaçadas de extinção segundo a IUCN (2009). Em virtude disso, esse estudo tem como objetivo determinar a proporção sexual de C. mydas e C. caretta, o estágio de maturação das fêmeas desses espécimes encontradas encalhadas ao longo da linha da costa do litoral do Rio Grande do Sul e de animais provenientes da captura incidental na pescaria de espinhel pelágico no sul do Brasil.
Material e Métodos Foram realizados monitoramentos mensais na costa do Rio Grande do Sul, entre a Barra da Lagoa do Peixe (31°20’S; 51°05’W) e o Arroio Chuí (33°45’S; 53°22’W). Ao todo foram coletados 41 espécimes de C. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil caretta, entre fevereiro de 2008 e abril de 2009 e 46 de C. mydas, entre maio de 2005 e março de 2009. Os animais encontrados encalhados mortos e os provenientes da pescaria de espinhel pelágico foram necropsiados e suas gônadas retiradas e acondicionadas em formol aldeído 10%, para posterior desidratação, diafanização, impregnação, corte em micrótomo, coloração com Hematoxilina e Eosina, e a montagem em lâmina permanente. Para a determinação sexual foram observados folículos ovarianos presentes no córtex dos ovários das fêmeas (Fig. 1A) e nos machos a presença dos túbulos seminíferos (Fig. 1B). A partir dos indivíduos determinados foi obtida a proporção sexual das duas espécies. Os estágios de maturação das fêmeas foram agrupados em três classes, fêmeas imaturas prépubescentes, fêmeas imaturas pubescentes e maturas. Após a classificação, foi obtida a proporção para cada estágio de maturação.
Resultados e Discussões As populações de C. caretta deste estudo são predominantemente compostas por fêmeas, com a razão sexual de 2,5:1 (fêmeas e machos) (n = 41; 61% fêmeas, 24,4% de machos e 14,6% indeterminados). Resultados semelhantes foram encontrados para outras regiões. Esses dados mostram um maior número de fêmeas mortas na área de estudo. Entretanto, esse fato pode estar associado ao maior número de nascimentos desse gênero, como encontrado por Marcovaldi et al. (1997), nas praias de desova na Bahia, Sergipe e no Espírito Santo, com porcentagens elevadas de fêmeas, 92,6%, 96,9% e 57,3% respectivamente. Com base nestas informações é provável que essa razão sexual esteja relacionada ao maior número de nascimentos de fêmeas no Brasil. Segundo os estágios de maturação, 32% (n = 8) das fêmeas foram categorizadas como imaturas pubescente, 36% (n = 9) como imaturas pré-pubescente e 32% (n = 8) não foram classificadas.
Figura 1. (A) Lâminas histológicas de fêmea de Caretta caretta com presença de folículos ovarianos (FO); (B) macho de Chelonia mydas com presença de túbulos seminíferos (TS).
A razão sexual encontrada para os espécimes de C. mydas foi de 2,8:1 (n = 31; 54,3% de fêmeas, 19,6% de machos e 26,1% indeterminados) sendo esse resultado similar a outros estudos. Broderick et al. (2000) encontraram mais de 90% de nascimentos de fêmeas no Leste Mediterrâneo. Segundo os estágios de VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil maturação, 28% (n = 7) das fêmeas foram categorizadas como imaturas pubescentes e 72% (n = 18) como imaturas pré-pubescentes. Os estágios de maturação foram associados à deposição de vitelo nos folículos ovarianos, que tem início na puberdade. Poucos estudos descrevem os estágios de maturação em tartarugas marinhas. A técnica histológica é eficaz para a determinação sexual dos indivíduos. Obteve-se maior número de fêmeas encontradas mortas, sendo aparentemente compensada pelo maior nascimento desse gênero. Essa característica é importante para a manutenção das populações, pois as tartarugas marinhas necessitam de um maior número de fêmeas, visto que um macho pode fecundar várias fêmeas na mesma estação reprodutiva.
Agradecimentos Agradecemos ao Projeto TAMAR/ICMBio, aos Mestres Celso e Juninho, dos Barcos de Espinhel AKIRA V, Maria Letícia e Maria e suas tripulações, e ao Laboratório de Histologia da FURG. Referências Bibliográficas Broderick, A.C., B.J. Godley, S. Reece, e J.R. Downie. 2000. Incubation periods and sex ratios of green turtles: highly female biased hatchling production in the eastern Mediterranean. Marine Ecology Progress Series 202:273281 Frazier, J. 1996. Prehistoric and ancient historic interactions between humans and marine turtles. Páginas 1-38 in Lutz, P.L., e J.A. Musick (Eds.). The biology of sea turtles. CRC Press. International Union for Conservation of Nature (IUCN). 2009. Red list of threatened animals. Disponível em http:// www.redlist.org. Acessado em Novembro de 2009. Marcovaldi, M.A., M.H. Godfrey, e N. Mrosovsky. 1997. Estimating sex ratios of loggerhead turtles in Brazil from pivotal incubation durations. Canadian Journal of Zoology 75:755-770. Miller, J.D. 1997. Reproduction of sea turtle. Páginas 51-81 in Lutz, P.L., e J.A. Musick (Eds.), The biology of sea turtles. CRC Press. Monteiro, D.S. 2004. Encalhe e interação de tartarugas marinhas com a pesca no litoral do Rio Grande do Sul. Monografia. FURG. 52 p. Pough, F.H., J.B. Heiser, e W.N. McFarland. 1993. Quelônios. Páginas 356-378 in A vida dos vertebrados. Wibbels, T. 1999. Diagnosing the sex of sea turtles in foraging habitats. Páginas 139-142 in Eckert, K.L., K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, e M. Donnely (Eds.), Research and management techniques for the conservation of sea turtles. IUCN/SSC Marine Turtle Specialist Group Publication No. 4. Wyneken, J., T.J. Burke, M. Msolomon, e D.K. Pedersen. 1988. Egg failure in natural and relocated sea turtle nests. Journal of Herpetology 22:88-96. Yntema, C.L., e N. Mrosovsky. 1980. Sexual differentiation in hatchiling loggerheads (Caretta caretta) incubated at different controlled temperatures. Herpertologica 36:3-36.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil ESTUDO HISTOMORFOLÓGICO DAS ARTÉRIAS AORTA DE Chelonia mydas
Janine Karla França S. Braz¹, Maria Sara de Maia Queiroz¹, Maria de Lourdes Freitas¹, Nailson Carvalho Batista², e Carlos Eduardo Bezerra de Moura¹
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Dpto de Morfologia, CP 1511, CEP 59078-970, Natal, RN (mouraeduard@cb.ufrn.br).
1
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Aquário Natal – Av. Litorânea, 1091 – Extremoz, RN.
Palavras-chave: vaso sanguíneo, anatomia, histologia, sistema cardiovascular.
Introdução As tartarugas marinhas atuais formam um grupo monofilético pertencente à Ordem Cheloniae, Subordem Cryptodira (Meylan e Meylan 2000). As sete espécies dessa Ordem apresentam-se distribuídas em duas famílias: Dermochelyidae e Cheloniidae. Todavia, na costa brasileira apenas cinco delas são encontradas: a tartarugaverde (Chelonia mydas), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea), tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) (Meylan e Meylan 2000). As artérias e veias apresentam-se constituída de fibras elásticas e fibras de músculo liso. Contudo, a prevalência dessas fibras nas túnicas média e adventícia definem o tipo de vaso sanguíneo. Para as artérias de grande calibre, as fibras elásticas são prevalentes na túnica média em oposição às artérias de médio calibre, cuja fibra muscular lisa está distribuída em maior quantidade em detrimento das fibras elásticas (Filho e Brito 2000). Nas tartarugas marinhas estão presentes duas grandes aortas (a aorta direita e a aorta esquerda) e um tronco pulmonar que está divido em artéria pulmonar direita e esquerda. A aorta direita apresenta um ramo que compõe o tronco braquiocefálico (Wyneken 2001). O sistema circulatório é o que sofre maior variação quando comparado aos outros órgãos e sistemas (Wyneken 2001). Estudos referentes ao sistema cardiovascular apresentam resultados quanto ao fluxo sanguíneo cardíaco, comportamento dos pulmões durante o período imerso em água e resultados de hemogramas (Hays et al. 2000; Wyneken 2001; López-Mendilaharsu et al. 2000; Santos et al. 2009). Contudo, informações a cerca da adaptação histomorfológica das aortas não estão bem esclarecidas, e devem ser estudadas por fornecerem subsídios importantes na elaboração de outros trabalhos através da análise comparativa entre as espécies marinhas da costa brasileira. O presente estudo tem por objetivo caracterizar a histologia das artérias aorta direita e esquerda da espécie C. mydas.
Metodologia Foram coletados 10 espécimes de tartarugas marinhas da espécie C. mydas encontradas mortas na costa litorânea do estado do Rio Grande do Norte, ou que foram a óbito durante o processo de reabilitação no “Aquário Natal” entre setembro de 2009 e junho de 2011. Foram obtidas as medidas biométricas de todos os animais (comprimento curvilíneo da carapaça, largura curvilínea da carapaça e comprimento do plastrão) (Bolten 2000). Da mesma forma, foram registradas a presença de parasitas, doenças e ferimentos que poderiam estar relacionadas com a causa da morte. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Os animais foram necropsiados (Wyneken 2001) no Laboratório de Anatomia Animal do Departamento de Morfologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e fixados em solução de formaldeído 10% com posterior condicionamento em frascos etiquetados, contendo a mesma solução. Fragmentos das artérias aorta direita e esquerda foram fixados em solução de formol tamponado a 10% por 24 h. Decorrido esse período foram aplicadas os procedimentos histológicos de rotina para inclusão em parafina, posterior microtomia e coloração com Hematoxilina e Eosina (H.E.) e Técnica de Verhoff adaptada, seguindo a metodologia proposta por Maia (1979). As lâminas permanentes confeccionadas foram observadas ao microscópio de luz Olympus BXY, e microfotogradas para análises e comparações em microscópio com câmera digital Sony Cyber Shot DSC-W90, ambos com suporte acoplado ao microcomputador. Resultados e Discussão Microscopicamente, as artérias aorta esquerda e direita, de tartarugas C. mydas apresentaram uma organização histológica geral semelhante. A parede arterial possuía três túnicas: a túnica íntima (mais interna), a túnica média e a túnica adventícia (mais externa). A túnica íntima possuía um endotélio, subendotélio, formado de tecido conjuntivo frouxo, e uma lâmina elástica interna (elastina). Já a túnica adventícia constituía-se de tecido conjuntivo com uma lâmina elástica que a separava da túnica média, além de conter pequenos vasos (vasa vasorum). A angioarquitetura da túnica média constituía-se de fibras musculares lisas dispostas de forma helicoidal, separadas por lâminas elásticas. Contudo, a estrutura dessa túnica diferiu entre a aorta esquerda e direita. O vaso esquerdo possuía um maior calibre e sua túnica média marcada por camadas intercalares de fibras de elastina mais espessas, quando comparadas ao vaso contralateral, organização típica de uma artéria elástica (Young e Heath 2000; Kierszenbaum 2008). Já a aorta direita apresentou organização histológica semelhante às artérias musculares, com túnica média predominantemente constituída de fibras musculares lisas e uma camada de fibras elásticas bastante atenuada (Fig. 1). Arranjo semelhante foi descrito por Berry et al. (1974) para outros vertebrados.
Figura 1. Fotomicrografia da aorta esquerda (A), evidenciando túnica médica marcada por espessos feixes de as fibras elásticas (em negro) intercalados entre as camadas de fibras musculares lisas coradas em rosa. A coloração avermelhada evidencia fibras musculares, com prevalência na aorta direta (B). (Coloração Verhoff adaptada). Em mamíferos e outros vertebrados essa redução nas camadas elásticas intercalares da túnica média arterial aumenta à medida que o vaso se distancia do tronco arterial original (Gibbons e Shadwick 1993) e segundo Berry et al. (1993) a redução na capacidade de distensibilidade é importante para a manutenção de fluxo pulsátil para vários órgãos, fato especialmente importante para as serpentes, nas quais ocorre enrijecimento das aortas mais acentuadamente do que na aorta torácica das aves. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Portanto, essas variações microscópicas na túnica média entre a aorta direita e esquerda das tartarugas certamente está relacionada aos hábitos de vida deste animal, provavelmente uma adaptação ao mergulho para manter o fluxo sanguíneo adequado para os órgãos.
Agradecimentos/Financiadores Agradecemos ao Museu de Ciências Morfológicas da UFRN e ao “Aquário Natal” pelo auxílio dado a essa pesquisa.
Referências Bibliográficas. Berry, C.L., J. Germain, e D.L. Newman. 1974. Comparative morphological and functional aspects of the aorta of the major vertebrate classes. Laboratory Animals 8:279-289. Berry, C.L., J.A. Sosa-Melgarejo, e S.E. Greenwald. 1993. The relationship between wall tension, lamellar thickness, and intercellular junctions in the fetal and adult aorta: Its relevance to the pathology of dissecting aneurysm. Journal of Pathology 169:15-20. Bolten A.B. 2000. Técnicas para la medición de tortugas marinas, Páginas 126-131 in Eckert K.L., K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, M. Donnelly (Eds.), Técnicas de investigación y manejo para la conservación de las tortugas marinas. Publicación nº 4, UICN/CSE Grupo Especialista de Tortugas Marinas, Washington, USA. Filho, A.M., e G.A.C. Brito. 2000. Histologia prática. Fortaleza: UFC Ed. Gibbons, C.A., e R.E. Shadwick. 1993. Functional similarities in the mechanical design of the aorta in lower vertebrates and mammals. Cellular and Molecular Life Sciences 45:1083-1088. Hays, G.C., C.R. Adams, A.C. Broderick, B.J. Godley, D.J. Lucas, J.D. Mercalfe, e A.A. Prior. 2000. The diving behavior of green turtles at Ascension Island. Animal Behaviour 59:577-586. Kierszenbaum, A.L. 2008. Histologia e biologia celular - uma introdução à patologia. Elsevier. 2ª ed. López-Mendilaharsu, M., C.F.D. Rocha, A. Domingo, B.P. Wallace, e P. Miller. 2008. Prolonged, deep dives by the leatherback turtle. JMBA2 – Biodiversity Records. Publicação on-line. Maia, V. 1979. Técnica histológica. 2 ed., Atheneu. Meylan, A.B., e P.A. Meylan. 2000. Introducción a la evolución, historias de vida y biología de las tortugas marinas. Pp. 3-5. In: K.L. Eckert, K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, e M. Donnelly (Eds.). Técnicas de investigación y manejo para la conservación de las tortugas marinas. IUCN/SSC Publicación No. 4. Santos, M.R.D., L.S.Ferreira, C. Batistote, A. Grossman, e C. Bellini. 2009. Valores hematológicos de tartarugas marinhas Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) juvenis selvagens do Arquipélago de Fernando de Noronha, Pernambuco, Brasil. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Sciences 46:491-499. Wyneken, J. 2001. The anatomy of sea turtle. U.S. Department of Commerce NOAA Technical Memorandum NMFS-SEFS. Young, B. e J. W. Heath. 2000. Wheater’s histología funcional. Texto y atlas en color. Ed. Churchill Livingstone. 4ª ed.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil ESTUDO CRANIOMÉTRICO DE TARTAUGA-VERDE (Chelonia mydas) NO LITORAL DO ESTADO DO PARANÁ, SUL DO BRASIL
Valéria Fernanda Coelho1, Liana Rosa2, e Camila Domit3
Laboratório de Ecologia e Conservação de Mamíferos e Tartarugas Marinhas, Centro de Estudos do Mar, Universidade Federal do Paraná - Av. Beira Mar s/n. CEP 83255-971, Pontal do Sul, Pontal do Paraná, PR. (valeria.coe@hotmail.com).
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(liana.lec@gmail.com).
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(cadomit@gmail.com).
Palavras-chave: Carapaça, crânio, função linear.
Introdução Ao longo da costa brasileira ocorrem cinco espécies de tartarugas marinhas: Caretta caretta, Chelonia mydas, Dermochelys coriacea, Eretmochelys imbricata e Lepidochelys olivacea. Estas espécies já foram registradas no litoral do Paraná (D’Amato 1991; Guebert et al. 2007), e C. mydas, conhecida popularmente como tartaruga-verde, é a mais comum nesta região, utilizando-a como área de alimentação e desenvolvimento (Guebert et al. 2005; Rosa 2009), de forma que há registros de espécimes encalhados ao longo de todo o ano. A morfometria é o estudo da forma e do tamanho e a relação existente entre estas características (PeresNeto 1995; Lima 2007). Este método é utilizado para medir as diferenças estruturais entre as espécies e entre espécimes (Lima 2007), assim como avaliar as variações dentro e entre as populações procurando relacionar morfotipos e as variáveis ambientais (Reis 1988). As medidas de carapaça são utilizadas em diversos estudos, sendo o comprimento curvilíneo de carapaça (CCC) o mais utilizado para análise de desenvolvimento, por ser uma medida padronizada e conservativa. O crescimento das tartarugas marinhas é diferenciado em cada região devido às condições ambientais, de forma que utilizando dados morfométricos é possível estabelecer, através de regressão, equações para estimar o CCC ou classes de tamanho a partir das medidas de outras estruturas correlacionadas. O estudo de morfometria craniana associado ao tamanho de carapaça auxilia no conhecimento a respeito dos espécimes encontrados em avançados estágios de decomposição, nos quais estão preservadas somente estruturas ósseas. Neste contexto este estudo objetiva estabelecer relação entre a forma de crescimento de ambas as estruturas. A partir destas relações morfométricas é possível avaliar a viabilidade de determinar o tamanho aproximado ou a classe de tamanho curvilíneo de carapaça a qual o espécime pertence aplicando uma função linear integrada aos dados de medidas craniométricas.
Materiais e Métodos A área de estudo compreende o litoral do Estado do Paraná, sul do Brasil, que se estende desde a vila de Ararapira (25º12’44”S; 48º01’15”W) até a barra do rio Saí-Guaçú (25º58’38”S; 48º35’26” W). O litoral paranaense apresenta uma extensão praial de 90 km, aproximadamente, e dois estuários, as Baías de Guaratuba e Paranaguá (Bigarella 2001). VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil O material ósseo disponível para estudo foi obtido a partir de monitoramento de praia, e de informações obtidas junto a terceiros. Quando possível os dados morfométricos externos foram coletados, o material biológico armazenado, incluindo estruturas ósseas para posterior análise. Para este estudo foram utilizados 141 exemplares de C. mydas. Os crânios foram medidos com paquímetro digital Absolute Mitutoyo (200 mm x 0,01 mm) e as medidas obtidas foram comprimento dorsal, comprimento ventral, largura média e largura máxima. Também foram utilizadas medidas de comprimento e largura curvilíneas de carapaça. As análises estatísticas foram realizadas no software R, e os testes realizados foram o coeficiente de correlação de Pearson para testar a relação entre as variáveis; teste-t para verificar a diferença entre duas médias; análise de variância (ANOVA) para verificar diferenças entre as classes de tamanho e posteriormente foi realizado teste de Tukey, para determinar quais eram as classes diferentes. Para estabelecer a equação da reta foi realizada uma regressão do tipo II através do método “standard major axis (SMA)”, no qual o intervalo de confiança foi de 95%. Este método foi utilizado devido à aleatoriedade das variáveis em questão.
Resultados e Discussões O comprimento dos crânios variou de 78,2 mm a 154,3 mm, com média de 96,9 mm (± 12,5 mm), e o comprimento curvilíneo de carapaça variou de 300 mm a 703 mm, com média de 401,1 mm (± 66,9 mm). Verificou-se correlação entre o comprimento e a largura dos crânios (ρ = 0,84; r² = 0,71 e P < 2,2e-16), e entre o comprimento e largura curvilínea de carapaça (ρ = 0,98; r² = 0,96 e P < 2,2e-16), o que indica um crescimento proporcional das estruturas. A partir da análise de regressão simples foi possível estabelecer a equação da reta, que é determinada por x = (y–21,90664)/0,1870592; onde, nesse caso, o y corresponde ao comprimento do crânio e x ao comprimento da carapaça (Fig. 1). Um teste-t foi aplicado com a finalidade de testar a diferença entre os dados reais de CCC e os dados estimados pela equação da reta, não sendo detectada diferença significativa (t = 0; gl = 140 ; P = 1). Assim, é possível estimar uma das variáveis a partir da outra.
Figura 1. Correlação entre o comprimento curvilíneo de carapaça (mm) e o comprimento do crânio (mm) de tartarugas-verdes, Chelonia mydas, encontradas no litoral do paranaense. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Foram estabelecidas nove classes de CCC, com intervalos de 50 mm, variando entre 300 e 750 mm. Na amostra não houve indivíduos que correspondessem à classe de tamanho 600-650 mm. Posteriormente, os dados foram submetidos a uma ANOVA (F = 135,3; gl = 7; P < 2,2e-16), determinando assim que há diferença entre as classes de tamanho. Em seguida foi realizado um teste de Tukey com o intuito de verificar quais classes eram distintas entre si, de forma que não houve diferença significativa somente entre as classes 550-600 e 500550 (P = 0,44) e entre as classes 650-700 e 700-750 (P = 0,99). Equações de regressão foram determinadas para cada classe de tamanho curvilíneo de carapaça onde não houve significância, impossibilitando a utilização das equações por classes de tamanho (Tabela 1). Este resultado, provavelmente, está relacionado ao tamanho da amostra distinto entre as classes, e ao fato das variações serem maiores dentro das classes estabelecidas. No entanto, estes resultados são preliminares e novas análises craniométrica serão realizadas para aperfeiçoar o método.
Tabela 1. Média do comprimento dos crânios e equação da reta em cada classe de tamanho curvilíneo de carapaça das tartarugas-verdes, Chelonia mydas, encontradas no litoral do Paraná, sul do Brasil.
A equação de regressão estabelecida neste trabalho pode ser comparada com a de outras localidades, com o intuito de determinar a variação no crescimento das tartarugas entre as classes de tamanho e entre as diferentes populações, a fim de estabelecer padrões de crescimento para cada região e mesmo auxiliar nas análises de estoques populacionais. O litoral do Paraná é utilizado pela tartaruga-verde como área de alimentação, de forma que há encalhe destes animais na região, muitas vezes com a carapaça danificada ou até mesmo ausente. As medidas das carapaças de tartarugas marinhas são necessárias para desenvolver diversos estudos e o CCC é utilizado internacionalmente para categorizar o tamanho das tartarugas marinhas, por estimativas de idade ou classes de tamanho, e para avaliação de crescimento. Com o uso da morfometria craniana foi possivel estabelecer o CCC e a classe de tamanho das tartarugas-verdes encontradas no litoral paranaense. A equação proposta neste trabalho pode ser comparada a de outras localidades para identificar variações no crescimento entre as classes de tamanho e entre populações.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Agradecimentos/Financiadores Os autores agradecem aos diferentes projetos e financiamentos que auxiliaram nas atividades de monitoramento (Fundação Araucária e Fundação Grupo O Boticário).
Referências Bibliográficas Bigarella, J.J. 2001. Contribuição ao estudo da planície litorânea do estado do Paraná. Brazilian Archives of Biology and Technology. Jubilee Volume (1946-2001):65-110. D’Amato, A.F. 1991. Ocorrência de tartarugas marinhas (Testudines: Cheloniidae, Dermochelyidae) no estado do Paraná (Brasil). Acta Biologica Leopoldensia 13:105-110. Guebert, F.M., L. Rosa, e E.L.A. Monteiro-Filho. 2005. Monitoramento da mortalidade de tartarugas marinhas no litoral paranaense, sul do Brasil. II Jornada de Conservação e Pesquisa de Tartarugas Marinhas no Atlântico Sul Ocidental. Praia do Cassino, Brasil. Guebert, F.M., L. Rosa, E.A. Lopez, C. Domit, G. Sasaki, e E.L.A. Monteiro-Filho. 2007. Monitoramento de tartarugas marinhas no litoral do Estado do Paraná: uma ferramenta para gestão costeira. III Jornada de Conservação e Pesquisa de Tartarugas Marinhas no Atlântico Sul Ocidental. Piriápolis, Uruguay. Lima, C.R.A. 2007. Utilização de técnicas multivariadas e de morfometria geométrica na discriminação de espécies do gênero Rhinobatos (família Rhinobatidae) do Nordeste do Brasil. Dissertação de Mestrado, UFRPE. Peres-Neto, P.R. 1995. Introdução às análises morfométricas. Oecologia Brasiliensis 2:57-89. Reis, S.F. 1988. Morfometria e estatística multivariada in Biologia evolutiva. Revista Brasileira de Zoologia 5:571580. Rosa, L. 2009. Estudo da biologia reprodutiva na fase juvenil da tartaruga-verde (Chelonia mydas) no Litoral do Estado do Paraná. Dissertação de Mestrado em Sistemas Costeiros e Oceânicos, Centro de Estudos do Mar, UFPR.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil DIMORFISMO SEXUAL EM JUVENIS DE TARTARUGA-VERDE, Chelonia mydas (LINNAEUS 1758): UMA ANÁLISE MORFOMÉTRICA
Valéria Fernanda Coelho1, Liana Rosa2, e Camila Domit3
Laboratório de Ecologia e Conservação de Mamíferos e Tartarugas Marinhas, Centro de Estudos do Mar, Universidade Federal do Paraná - Av. Beira Mar s/n. CEP 83255-971, Pontal do Sul, Pontal do Paraná, PR. (valeria.coe@hotmail.com).
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(liana.lec@gmail.com).
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(cadomit@gmail.com).
Palavras-chave: determinação sexual, estruturas ósseas, biometria, Paraná.
Introdução Na fase juvenil de desenvolvimento, quando as tartarugas marinhas estão sexualmente imaturas, é difícil identificar o sexo através de características morfológicas externas (Gomes et al. 2006; Casale et al. 2006). Quando atingem a maturidade sexual, desenvolvem características sexuais secundárias: os machos apresentam garras compridas, curvadas e caudas alongadas, com a cloaca na posição terminal, enquanto as fêmeas possuem garras e caudas mais curtas (Wyneken 2003). Estudos relatam diferenças entre machos e fêmeas quanto à forma e tamanho dos indivíduos, considerando a irregularidade no crescimento relacionada com fatores ambientais. Godley et al. (2002) identificaram que em fêmeas adultas o comprimento curvilíneo de carapaça (CCC) é maior que em machos na mesma fase de desenvolvimento. A tartaruga-verde, Chelonia mydas, é a mais frequente no litoral do Estado do Paraná e utiliza esta região para alimentação e desenvolvimento (Guebert et al. 2007). Rosa (2009), a partir de histologia gonadal, identificou o sexo das tartarugas encalhadas no Paraná. Considerando que a morfologia externa é uma fonte de informação essencial quanto aos padrões de crescimento e desenvolvimento dos indivíduos e auxilia na compreensão das interações do organismo com o ambiente, este estudo tem como objetivo testar novas medidas e proporções morfológicas para identificar diferenças no tamanho de estruturas ósseas entre machos e fêmeas de tartaruga-verde em fase juvenil.
Metodologia A área estudada compreende o litoral do Estado do Paraná, sul do Brasil com, aproximadamente, 90 km de extensão praial, e dois estuários, o Complexo Estuarino de Paranaguá (CEP), ao norte, e a Baía de Guaratuba, ao sul (Bigarella 2001; Angulo et al. 2006). O CEP apresenta baixios vegetados por bancos de grama marinha da espécie Halodule wrightii, que é o recurso alimentar mais consumido por C. mydas no litoral paranaense (Guebert-Bartholo et al. 2011).
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil No litoral paranaense há registros de encalhe de tartarugas marinhas nas praias e ilhas e, por meio de um monitoramento realizado desde 2004, os exemplares são coletados, identificados, quando possível é realizada a biometria e a coleta de materiais biológicos para posterior análise. As estruturas ósseas utilizadas neste estudo compreendem o crânio, a carapaça, garras e cauda de C. mydas, todos pertencentes à coleção do Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC), e a identificação sexual foi realizada através da histologia gonadal (Rosa 2009). As medidas do comprimento dorsal, comprimento ventral, largura máxima e largura média dos crânios (Fig. 1) e as medidas de comprimento e largura máxima (externo e ósseo) da garra foram obtidas com paquímetro digital Absolute Mitutoyo®. As medidas de comprimento e largura curvilínea de carapaça e comprimento caudal (do plastrão ao final da cauda e da cloaca ao final da cauda) foram tomadas com fita métrica.
Figura 1. Medidas de comprimento dorsal (1), largura máxima (2), comprimento ventral (3) e largura média (4) dos crânios de tartarugas-verdes juvenis coletadas no litoral do Paraná.
As análises estatísticas foram realizadas no software R. Para testar a diferença nas mediadas morfométricas entre machos e fêmeas, de diferentes classes de tamanho foi utilizado o teste t de Student.
Resultados e Discussão A amostra total utilizada foi composta por 56 tartarugas-verdes, entre as quais 30 foram identificadas como fêmeas e 26 como machos, sendo todos os indivíduos em fase juvenil de desenvolvimento. O comprimento curvilíneo de carapaça dos espécimes analisados variou de 310 mm a 680 mm, com média de 409 (±78,7 mm). Considerando a amostra total, a média de comprimento curvilíneo de carapaça das fêmeas foi de 426 mm (± 90,1 mm) e dos machos de 389 mm (± 58,7 mm), de forma que nesta análise não houve diferença significativa entre os dois grupos (t = 1,8; gl = 50.3; P = 0,07). No entanto foi verificada diferença significativa entre os sexos quanto ao comprimento dorsal do crânio (t = 2,3; gl = 52; P = 0,02), comprimento ventral do crânio (t = 2,8; gl = 42,5; P = 0,02) e na largura máxima do crânio (t = 2, 9; gl = 54; P = 0,01). As análises também foram realizadas separando a amostra total em três classes de tamanho curvilíneo de carapaça, com intervalos de 100 mm, variando entre 300 e 600 mm. No entanto somente duas classes foram utilizadas, pois a maior classe (500-600 mm) não atendia a premissa para realização do teste estatístico.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Na classe de tamanho de 300-400 mm houve diferença significativa entre machos e fêmeas somente na largura máxima do crânio (n = 26; t = 2,41; gl = 19,6; P = 0,02). Para as outras medidas de crânio, garras e cauda são foi encontrada diferença estatística. Foi verificada diferença significativa entre machos e fêmeas da classe 400-500 mm para todas as medidas de crânio. Constatou-se diferença no comprimento dorsal do crânio (n = 20; t = 3,09; gl = 19; P = 0,006), no comprimento ventral (t = 2,72; gl = 19, P = 0,014), na largura máxima (t = 2,92, gl = 19, P = 0,009) e na largura média (t = 3,34; gl = 19; P = 0,004), sendo as medidas maiores em fêmeas do que em machos (Fig. 2). Utilizando a amostragem estratificada por classes foi possível detectar diferença significativa entre machos e fêmeas, de modo que os machos são menores quando comparado às fêmeas de mesma classe de tamanho, o que pode estar relacionado, principamente, com à temperatura das áreas onde estes animais despenderam mais tempo durante seu desenvolvimento. Os répteis são animais ectotérmicos estando assim sujeito as variações ambientais, o que implica em um crescimento dependente do meio. De acordo com Godley et al. (2002) há diferenças no comportamento de deslocamento, no qual as fêmeas tendem a ser mais residentes e os machos são mais dispersivos, possuindo maior gasto energético para mobilidade e termorregulação.
Figura 2. Diferença na largura média do crânio entre machos e fêmeas de tartaruga-verde, Chelonia mydas, no litoral do Paraná, Brasil, da classe de tamanho curvilíneo de carapaça 400-500 mm. A linha horizontal mais escura marca a posição da mediana, a caixa se estende no intervalo interquartil, a linha superior e inferior mostram os pontos de máximo e mínimo da amostra e o círculo representa um ponto atípico. Neste trabalho as diferenças foram verificadas somente nas medidas de crânio e na maior classe. Diferentemente de Rosa (2009), que encontrou diferença entre os grupos para medidas de carapaça, garra e cauda em diferentes classes de tamanho. Estes resultados são preliminares, no entanto já foi possível detectar diferenças na estrutura cranial de machos e fêmea o que evidencia a viabilidade de estudos de morfometria na identificação sexual de tartarugas marinhas na fase juvenil de desenvolvimento.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Agradecimentos/Financiadores Os autores agradecem aos diferentes projetos e financiamentos da Fundação Araucária e Fundação O Boticário que auxiliaram nas atividades de monitoramento.
Referências Bibliográficas Angulo, R.J., C.R. Soares, E. Marone, M.C. Souza, L.L.R. Odreski, e M. Noernberg. 2006. Erosão e progradação do litoral brasileiro. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, p. 347-400. Bigarella, J.J. 2001. Contribuição ao estudo da planície litorânea do estado do Paraná. Brazilian Archives of Biology and Technology. Jubilee Volume (1946-2001):65-110. Casale P., B. Lazar, S. Pont, J. Tomas, N. Zizzo, S. Alegre, J Badillo, A. Di Summa, D. Freggi, G. Lockovic, J.A. Raga, L. Rositani, e N. Tvrtkovic. 2006. Sex ratio of juvenile loggerhead sea turtles Caretta caretta in the Mediterraneam Sea. Marine Ecology Progress Series 324: 281-285. Godley, B.J., A.C Broderick, R. Frauenstein, F. Glen, e G.C Hays. 2002. Reproductive seasonality and sexual dimorphism in green turtles. Marine Ecology Progress Series 226:125-133. Gomes, M.G.T., M.R.D Santos, e M. Henry. 2006. Tartarugas marinhas de ocorrência no Brasil: hábitos e aspectos da biologia da reprodução. Revista Brasileira de Reprodução Animal 30:19-27. Guebert, F.M., L. Rosa, E.A Lopez, C. Domit, G. Sasaki, e E.L.A. Monteiro-Filho. 2007. Monitoramento de tartarugas marinhas no litoral do Estado do Paraná: uma ferramenta para gestão costeira. In III Jornada de Conservação e Pesquisa de Tartarugas Marinhas no Atlântico Sul Ocidental. Piriápolis, Uruguay. Guebert-Bartholo, F.M., M. Barletta, M.F. Costa, e E.L.A. Monteiro-Filho. 2011. Using gut contents to assess foraging patterns of juvenile green turtles Chelonia mydas in the Paranagua Estuary, Brazil. Endangered Species Research 13:131-143. Rosa, L. 2009. Estudo da biologia reprodutiva na fase juvenil da tartaruga-verde (Chelonia mydas) no Litoral do Estado do Paraná. Dissertação de Mestrado em Sistemas Costeiros e Oceânicos, Centro de Estudos do Mar, UFPR. Wyneken, J. 2003. The anatomy of sea turtle. NOAA Memorandum NMFS-SEFSC, n. 470. Miami, Flórida.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Caretta caretta NO LITORAL DO PARANÁ, SUL DO BRASIL
Gleici Montanini1, Liana Rosa2, e Camila Domit3
Centro de Estudos do Mar/UFPR. Av. Beira Mar s/n. CEP 83255-971, Pontal do Sul, Pontal do Paraná, PR. (gleici.montanini@hotmail.com). 1
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(liana.lec@gmail.com).
3
(cadomit@gmail.com).
Palavras-chave: alimentação, tartaruga-cabeçuda, Paraná.
Introdução Indivíduos de Caretta caretta na fase nerítica possuem dieta essencialmente carnívora, alimentandose de cnidários, moluscos, crustáceos e peixes teleósteos (Burke et al. 1993; Plotkin et al. 1993; Tomas et al. 2001; Bugoni et al. 2003; Souza 2009; Barros 2010). Alguns destes itens também foram registrados na dieta da espécie no litoral paranaense, sendo a ocorrência de alguns destes relacionados às áreas estuarinas e de desembocadura de baias (Montanini et al. 2009; 2010). A ingestão de materiais de origem antrópica também é relatada para a espécie (Bugoni et al. 2001; Montanini et al. 2010) que é a segunda mais frequente no litoral do Estado do Paraná (Sasaki et al. 2009). Com o objetivo de atualizar as informações referentes à ocorrência da espécie e sua dieta no litoral paranaense, este estudo apresenta as taxas de encontro de espécimes na região, caracteriza os exemplares quanto ao sexo e classe de tamanho e analisa sua alimentação em relação a estas características. O monitoramento contínuo destas informações auxilia no entendimento do uso da área pela espécie e podem subsidiar planos de manejo que visem à identificação de áreas a serem consideradas como prioritárias para a conservação das tartarugas marinhas e de seus habitats.
Materiais e Métodos O litoral do Estado do Paraná está compreendido entre a Vila de Ararapira (25º12’44”S e 48º01’15”W) e a barra do Rio Saí-Guaçú (25º58’38”S e 48º35’26”W). Possui dois estuários: o Complexo Estuarino de Paranaguá - CEP (25°30’S; 48°40’W) ao norte e o Estuário de Guaratuba (25°50’S; 48°40’W) ao sul. As praias se estendem por cerca de 90 km, descontinuadas pela existência de costões rochosos e pela formação dos estuários (Bigarella 2001). A região na qual o CEP está compreendido é caracterizada por ambientes de restinga, manguezais, bancos de grama marinha, costões rochosos e extensas planícies de maré (Lana et al. 2001). Nesta região, a coleta dos animais mortos foi realizada durante monitoramentos de praia, desde o balneário de Pontal do Sul (25º34’S; 48º20’W) até o município de Matinhos (25º49’S; 48º32’W) e em expedições eventuais às ilhas do CEP (Ilha do Mel, das Peças e Superagüi). Todos os animais coletados foram mensurados e fotografados seguindo os protocolos sugeridos por Wyneken (2001). Com os dados de Comprimento Curvilíneo de Carapaça (CCC) os animais foram separados VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil em classes de tamanho (a cada 10 cm). Neste trabalho foram considerados adultos os animais com mais de 75 cm de CCC e juvenis os demais (Barata et al. 1998). A identificação do sexo foi realizada pela análise visual das gônadas (presença/ausência de ovócitos) no momento da dissecação (Miller e Limpus 2003). Para a análise da dieta, o trato digestório foi analisado por completo. O conteúdo alimentar foi retirado e lavado em peneira de abertura de malha de 1 mm (ou menor) e exposto para secar. Após foi triado, separado em grandes grupos taxonômicos e pesado. Para a caracterização proposta foi realizada estatística descritiva e os dados foram comparados e analisados utilizando testes de χ² com tabela de contingência, nos softwares BioEstat 5.0 e Statistica 7.
Resultados e Discussão Entre os anos de 2004 e 2011, foram registrados 81 exemplares de C. caretta no litoral paranaense, sendo as maiores frequências nos anos de 2008 (30,9%) e 2010 (17,3%), no inverno (47,5%) e na primavera (37,5%). O CCC médio destes indivíduos foi de 74,2 cm (Desvio Padrão ± 14,2; entre 11,5 cm e 98 cm) sendo a maioria juvenil (44%) seguido por indivíduos adultos (33%). As gônadas estavam presentes em 88% dos exemplares, mas, foi possível determinar o sexo de apenas 33%, sendo 25% fêmeas e 8% machos. Apenas vinte e seis tratos digestórios puderam ser analisados, devido ao avançado grau de decomposição. O CCC médio foi de 74,5 cm (± 12,3; entre 57 cm e 98 cm), sendo 44% adultos e 56% juvenis. Quanto ao sexo, 32% eram fêmeas, 16% machos e 52% não tiveram o sexo determinado. Os tratos digestórios analisados apresentaram quatro principais grupos de itens alimentares: crustáceos (61,5%), peixes teleósteos (53,8%), moluscos (46,1%) e equinodermos (15,4%). Estes itens foram identificados por meio das partes rígidas remanescentes no trato digestório, como fragmentos de exoesqueleto e de conchas e também por otólitos. Os indivíduos foram agrupados por classes de tamanho (CCC) com intervalo de 10 cm (desde 50 cm até 100 cm) e foi calculada a média da massa de cada item alimentar para cada classe. Quando estes valores foram comparados, foi observado que há diferença na frequência de consumo dos itens alimentares entre animais em diferentes estágios de desenvolvimento (classe de CCC; χ² = 461,2; gl = 12; P < 0,05). Além disso, verificou-se que mesmo com a retirada do item menos frequente (equinodermos) da análise, as diferenças entre as classes de tamanho mantiveram-se (χ² = 439,8; gl = 8; P < 0,05). Os crustáceos foram os mais frequentes entre os indivíduos da classe entre 71 e 80 cm, os peixes entre os indivíduos menores (50 e 60 cm) e os moluscos dentre os maiores espécimes (90 a 100 cm). Também foram verificadas diferenças na alimentação de animais recuperados em diferentes estações do ano (χ² = 249,6; gl = 9; P < 0,05). Dentre os indivíduos que tiveram sexo determinado verificou-se uma grande amplitude de variação na alimentação. Os machos apresentaram maior consumo de crustáceos e as fêmeas, maior frequência de peixes teleósteos seguidos por moluscos, além de serem as únicas a se alimentar de equinodermos (50% delas ingeriam este item). Essas informações contribuem para o melhor entendimento da forma de uso da região costeira paranaense por C. caretta, dados essenciais para a conservação da espécie nestas fases de vida no sul do Brasil.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Referências Bibliográficas Barata, P.C.R., B.M.G. Gallo, S. dos Santos, V.G. Azevedo, e J.E. Kotas. 1998. Captura acidental da tartaruga marinha Caretta caretta (Linnaeus, 1758) na pesca de espinhel de superfície na ZEE Brasileira e em águas internacionais. Páginas 579-581 in Resumos da 11º Semana Nacional de Oceanografia. Rio Grande do Sul, FURG. Barros, J.A. 2010. Alimentação da tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) em habitat oceânico e nerítico no sul do Brasil: composição, aspectos nutricionais e resíduos sólidos antropogênicos. Dissertação (Mestrado em Oceanografia Biológica). FURG, RS. Bigarella, J.J. 2001. Contribuição ao estudo da planície litorânea do estado do Paraná. Brazilian Archives of Biology and Technology. Jubilee Volume (1946-2001):65-110. Bugoni, L., L. Krause, e M.V. Petry. 2001. Marine debris and human impacts on sea turtles in southern Brazil. Marine Pollution Bulletin 41:1338-1342. Bugoni, L., L. Krause, e M.V. Petry. 2003. Diet of sea turtles in southern Brazil. Chelonian Conservation and Biology 4:685-688. Burke, V.J., A.E. Standora, e S.J. Morreale. 1993. Diet of Juvenile Kemp’s Ridley and from Long Island, New York. Copeia 1993:1176-1180.
Loggerhead Sea Turtles
Lana, P.C., E. Marone, R.M. Lopes, e E.C. Machado. 2001. The subtropical Estuarine Complex of Paranaguá Bay, Brazil. Páginas 131-145 in Seelinger, U., e B. Kjerve (Eds.). Coastal marine ecossystems of Latin America. Ecological Studies. Miller, J.D, e C.J. Limpus. 2003. Ontogeny of marine turtle gonads. Páginas 199-224 in Lutz, P.L., J.A. Musick, e J. Wyneken. The biology of sea turtles. Vol. II. CRC Press. 2003. Montanini, G.N., L. Rosa, e C. Domit. 2009. Caracterização da dieta de Caretta caretta, no litoral do estado do paraná, sul do Brasil. Páginas 126-128 in Resumso da IV Jornadas de Conservación Investigación de Tortugas Marinas del Atlántico Sur Occidental (ASO). Mar del Plata, Argentina. Montanini, G. N., L. Rosa, e C. Domit. 2010. Dieta de Caretta caretta (linnaeus, 1758) no litoral do estado do Paraná, sul do Brasil, in Resumos do 3º Congresso Brasileiro de Oceanografia, FURG, Rio Grande. Plotkin, P.T., M.K. Wicksten, e A.F. Amos. 1993. Feeding ecology of the loggerhead sea turtle Caretta caretta in the Northwestern Gulf of Mexico. Marine Biology 115:1-15. Sasaki, G., F. Guebert, L. Rosa, M.C. Rosso-Londoño, C. Domit, M.D.A.S. Domit, e E.L.A. Monteiro-Filho. 2009. Ocorrência de tartarugas marinhas no litoral do estado do Paraná, sul do Brasil, durante o ano de 2008. Páginas 192-194 in Jornadas de Investigación y Conservación de Tortugas Marinas del Atlántico Sur Occidental – ASO. Souza, G.M. 2009. Ecologia alimentar da tartaruga marinha cabeçuda (Caretta caretta) no Oceano Atlântico Sul Ocidental, Uruguai. Dissertação (Mestrado em Oceanografia Biológica). FURG. Rio Grande. Tomas, J., F.J. Aznar, e J.A. Raga. 2001. Feeding ecology of the loggerhead turtle Caretta caretta in the western Mediterranean. Journal of Zoology, London 255:525-532. Wyneken, J. 2001. The anatomy of sea turtles. U.S. Department of Commerce NOAA. Technical Memorandum. NMFS-SEFSC-410. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil DIETA DA TARTARUGA-CABEÇUDA (Caretta caretta) EM AMBIENTES OCEÂNICO E NERÍTICO NO SUL DO BRASIL.
Juliana Barros1,2, Danielle Monteiro1, Sérgio Estima1, DérienVernetti1, e Eduardo Secchi3
Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental, Rua Maria Araújo, 450, Cassino, Rio Grande, RS, 96207-480, Brasil. 1
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(barros_juliana@hotmail.com).
Universidade Federal do Rio Grande, Pós-graduação em Oceanografia Biológica, Laboratório de Tartarugas e Mamíferos Marinhos. Instituto de Oceanografia, Avenida Itália km 8, Rio Grande, RS, 96201-900, Brasil.
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Palavras-chave: Rio Grande do Sul, alimentação, valores nutricionais, resíduos sólidos.
Introdução A tartaruga-cabeçuda, Caretta caretta, utiliza a costa brasileira para alimentação e reprodução (Marcovaldi e Marcovaldi 1999). Esta espécie tem dieta carnívora durante toda a vida. Nos estágios iniciais e de juvenil alimentam-se de itens planctônicos em habitats oceânicos (Parker et al. 2005). Quando em estágios juvenis mais avançados, recruta para habitats neríticos e, nesta fase, comem principalmente no fundo (Bolten 2003). As tartarugas-cabeçudas alteram completamente sua dieta quando mudam de habitat e consequentemente, o valor energético de suas presas. As altas taxas de captura da tartaruga-cabeçuda na pesca no extremo sul do Brasil indicam que esta região é uma importante área de desenvolvimento para juvenis (Sales et al. 2008). Também é encontrada em habitats neríticos, em seus estágios de juvenil avançado e adulto, onde é registrada em encalhes de praia e em pescarias que atuam sobre a plataforma continental (Haimovici e Habiaga 1982; Monteiro et al. 2006). Caretta caretta tem uma alimentação oportunista (Parker et al. 2005), e se alimentam, inclusive, de descarte e iscas de algumas pescarias (Revelles et al. 2007; Seney e Musick 2007). Informações sobre a dieta permitem entender sobre a qualidade das áreas de alimentação, quais recursos tróficos são utilizados e como as atividades humanas têm interferido no uso do habitat pelas tartarugas marinhas. Em vista disso, o presente estudo tem como objetivo determinar a dieta da tartaruga-cabeçuda em distintos habitats do sul do Brasil.
Metodologia Foram coletados tratos gastrointestinais completos de espécimes mortos de C. caretta encalhados (n = 45) na região praial do litoral sul do Rio Grande do Sul, entre a Lagoa do Peixe (31°20’S; 51°05’O) e o Arroio Chuí (33°45’S; 53°22’O), e capturados incidentalmente na pescaria de espinhel pelágico (n = 35) em áreas oceânicas no sul do Brasil entre as latitudes de 29° e 38°S e longitudes de 45° e 51°O. O material foi coletado pela equipe do Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA), entre os anos de 2007 e 2009, a partir de monitoramentos de praia e de duas embarcações da frota espinheleira.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Dos animais amostrados, mediu-se o comprimento curvilíneo da carapaça (CCC) (Bolten 1999). O trato gastrointestinal foi analisado desde o esôfago até a porção final do intestino grosso. O conteúdo foi lavado e dividido em itens e classificado. As amostras de conteúdos orgânicos foram preservadas em solução de álcool 70%. O material sintético foi seco e armazenado em sacos plásticos. Os itens da dieta foram identificados ao menor táxon possível. A quantificação dos itens alimentares foi feita a partir da massa úmida (g), volume (ml) e número. A importância dos itens na dieta foi calculada a partir do número relativo (N%), volume relativo (V%), frequência de ocorrência (FO%) e índice de importância relativa (IIR%) modificado de Pinkas et al. (1971) no qual se substituiu o peso pelo volume. Para os itens pelágicos o número foi retirado da fórmula, porque alguns animais são coloniais e incontáveis. A composição proximal e o conteúdo energético foram determinados para alguns dos principais itens da dieta da tartaruga-cabeçuda. A composição proximal foi determinada segundo metodologia oficial (AOAC 1995), por meio da quantificação de proteína, umidade, lipídios, e cinzas, em triplicata para cada amostra. O valor energético foi obtido indiretamente, pelo coeficiente de Rubner para organismos aquáticos: 9,5 kcal g-1 para lipídios, 5,65 kcal g-1 para proteínas (Winberg 1971) e expressos em kJ g-1 (massa úmida). Para os resíduos sólidos é apresentada a frequência de ocorrência.
Resultados e Discussão Os animais provenientes da pescaria de espinhel pelágico no sul do Brasil e águas internacionais adjacentes apresentaram o CCC médio de 58,6 cm (± 4,6 cm; 47-66,5 cm, desvio padrão, mínimo e máximo, respectivamente), enquanto que os animais coletados a partir dos encalhes de praia apresentaram o CCC médio de 71,3 cm (± 9,3 cm; 57-98,5 cm). A tartaruga-cabeçuda utiliza o litoral do Rio Grande do Sul para alimentação nas diferentes fases do seu desenvolvimento. Quando em estágio juvenil, capturada na pescaria de espinhel pelágico, se alimenta principalmente de itens gelatinosos, flutuantes ou próximos à superfície. Os principais itens alimentares foram salpas (V% = 52,5; FO% = 71,4; IIR% = 63,8) e pirossomos (V% = 27,2; FO% = 57,1; IIR% = 26,5) e juntos representaram 79,7% do volume total da dieta. Quando em estágios juvenil avançado, a tartaruga-cabeçuda passa a utilizar a plataforma continental, entre 11 e 75 m de profundidade, para sua alimentação. Neste momento, alimenta-se no fundo e tem como principais presas os crustáceos Loxopagurus loxochelis (N% = 41,2; V% = 31,2; FO% = 53,3; IIR% = 48,6), Dardanus insignis (N% = 3,38; V% = 4,8; FO% = 35,6; IIR% = 3,6) e Libinia spinosa (N% = 2,1; V%=15,2; FO% = 37,8; IIR% = 8,2) e o molusco Buccinanops spp. (N% = 28,2; V% = 14,7; FO% = 60,0; IIR% = 32,3). Os itens alimentares encontrados nos tratos gastrointestinais das tartarugas-cabeçudas permitem inferir que animais capturados em espinhel pelágico estão na fase oceânica e os animais encontrados em encalhe de praia estão na fase nerítica, porém houve cinco exceções. Dois deles foram capturados em ambiente oceânico, porém apresentavam itens neríticos, e nos outros três foram encontrados itens pelágicos em animais encalhados na praia. Salpas e pirossomos apresentaram baixo valor energético, de 0,37 kJ/g e 0,95 kJ/g respectivamente, principalmente quando comparados com os itens neríticos Buccinanops spp. (4,13 kJ/g) e L. loxochelis (4,24 kJ/g), e com a lula, Illex argentinus (6,42 kJ/g, Eder e Lewis 2005), isca da pescaria de espinhel pelágico. As tartarugas-cabeçudas, tanto na fase oceânica como nerítica interagem com a atividade pesqueira para a alimentação. Na fase oceânica alimentam-se de lulas que são utilizadas como isca na pescaria de espinhel VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil pelágico, e alto volume relativo na dieta (24,9%). Verificou-se que a ingestão da isca pela tartaruga pode ocorrer sem que esta fique fisgada no anzol. Na fase nerítica alimentam-se do descarte de pescarias que atuam sobre a plataforma continental, como cabeças de peixe-espada (Trichiurus lepturus), corvinas (Micropogonias furnieri) com tamanho médio de 19 cm, e maria-luiza (Paralonchurus brasiliensis). A frequência de animais que ingeriram resíduos sólidos na fase oceânica foi de 97,1%, enquanto que na fase nerítica foi de 8,3%. Sendo assim, os resíduos sólidos antropogênicos são um problema para os animais em ambiente oceânico, porém não são para os que estão em ambiente nerítico.
Agradecimentos Ao CNPq, aos mestres Celso e Juninho e suas tripulações, observadores de bordo e Projeto TAMAR.
Referências Bibliográficas Association of Official Analytical Chemists (AOAC). 1995. 16th ed. Washington, D.C. Bolten, A.B. 1999. Techniques for measuring sea turtles. Páginas 110-114. In Eckert, K.L., K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, e M. Donnely (Eds.). Research and management techniques for the conservation of sea turtles. IUCN/SSC Marine Turtle Specialist Group Publication No. 4. Bolten, A.B. 2003. Active swimmers – passive drifters. Páginas 63-78 in Bolten, A.B., e B.E. Witherington (Eds.). Loggerhead sea turtles. Smithsonian Institution. Eder, E.B., e M.N. Lewis. 2005. Proximate composition and energetic value of demersal and pelagic prey species from the SW Atlantic Ocean. Marine Ecology Progress Series 291:43-52. Haimovici, M., e P.R.G. Habiaga. 1982. Rejeição a bordo na pesca de arrasto de fundo no litoral de Rio Grande do Sul num cruzeiro de primavera. Série Documentos Técnicos FURG 2:1-14. Marcovaldi, M.A., e G.G. Marcovaldi. 1999. Marine turtles of Brazil: the history and structure of Projeto TAMARIBAMA. Biological Conservation 91:35-41. McClellan, C.M., e A.J. Read. 2007. Complexity and variation in loggerhead sea turtle life history. Biological Letters 3:592-594 Monteiro, D.S., L. Bugoni, e S.C. Estima. 2006. Strandings and sea turtle fisheries interactions along the coast of Rio Grande do Sul State, Brazil. Página 257 in Book of Abstracts of Twenty Sixth Annual Symposium on Sea Turtle Biology and Conservation. International Sea Turtle Society, Athens, Greece. Parker, D.M., W.J. Cooke, e G.H. Balazs. 2005. Diet of oceanic loggerhead sea turtles (Caretta caretta) in the central North Pacific. Fishery Bulletin 103:142-152. Pinkas, L., M.S. Oliphant, e I. Inverson. 1971. Food habits of albacore, bluefin tuna and bonito in Californian waters. Fishery Bulletin 152:1-105.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Revelles, M., L. Cardona, A. Aguilar, e G. Fernández. 2007. The diet of pelagic loggerhead sea turtles (Caretta caretta) off the Balearic Archipelago (western Mediterranean): relevance of long-line baits. Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom 87:805-813. Sales, S., B.B. Giffoni, e P.C.R. Barata. 2008. Incidental catch of sea turtles by the Brazilian pelagic longline fishery. Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom 88:853-864. Seney, E.E., e J.A. Musick. 2007. Historical diet analysis of loggerhead sea turtles (Caretta caretta) in Virginia. Copeia 2007:478-489. Winberg, G.C. 1971. Methods for estimation of production of aquatic animals. Academic Press, New York.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil REGISTRO DE OCORRÊNCIA DA TARTARUGA Caretta caretta NA RESERVA BIOLÓGICA DO ATOL DAS ROCAS, BRASIL.
Maurizélia de Brito Silva1, Thaís de Godoy2, e Alice Grossman3
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio. Av. Alexandrino de Alencar, 1399 – Tirol, Natal, RN. 59015-350. (zeliaatol@yahoo.com.br).
1
Fundação Guimarães Duque. Campos da UFERSA – Ed. James Howe. BR 110 km 47 s/n – Bairro Costa e Silva, Mossoró, RN. 59625-900.
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3
All Angle. Praça do Cruzeiro, s/n - Fernando de Noronha/PE. 53990-000.
Palavras-chave: unidade de conservação, tartaruga marinha, distribuição geográfica.
Introdução A tartaruga-cabeçuda Caretta caretta apresenta distribuição em mares temperados, subtropicais e tropicais (Dodd-Jr 1988). Esta espécie foi registrada na costa de diversos estados do Brasil entre o Pará e o Rio Grande do Sul, em águas costeiras ou oceânicas, o que é conhecido através da interação destes animais com a atividade pesqueira, encalhes ou estudos telemétricos (Santos et al. 2011). Apresenta ciclo de vida longo com maturação sexual entre 25 e 35 anos. São altamente migratórias: as fêmeas migram das áreas de alimentação e descanso para as áreas de reprodução, em deslocamentos que podem chegar a mais de 1.500 km (Santos et al. 2011). No Brasil, as áreas prioritárias de desova estão localizadas no norte da Bahia, Espírito Santo, norte do Rio de Janeiro e Sergipe (Marcovaldi & Marcovaldi, 1999). Desovas ocasionais foram registradas em Parati – Rio de Janeiro, litoral norte de São Paulo, Pontal do Peba – Alagoas, litoral do Ceará, Pipa – Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Santos et al. 2011). A Reserva Biológica do Atol das Rocas, único recife em forma de atol do oceano Atlântico Sul, é uma área considerada como um santuário e berçário naturais, onde muitas espécies de animais vertebrados e invertebrados utilizam suas águas e ilhas para reprodução, fonte de alimentação, abrigo e repouso em rotas migratórias. É considerada a segunda maior área de reprodução da Chelonia mydas (tartaruga-verde) no Brasil, alem de ser área de descanso e alimentação para a Eretmochelys imbricata (tartaruga-de-pente) (Marcovaldi e Marcovaldi 1999). O presente trabalho tem como objetivo registrar a ocorrência e a distribuição da tartaruga Caretta caretta na Reserva Biológica do Atol das Rocas.
Metodologia O Atol das Rocas (3°52’S, 33°48’O) localiza-se a 267 km a nordeste da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, na costa nordeste do Brasil. Possui uma forma elíptica quase circular, com uma área interna de 5,5 km² (Kikuchi 1994). Dentro desta área estão compreendidos ambientes de laguna, poças de maré, piscinas, canais, VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil cavernas e frente recifal, abrangendo uma série de condições ecológicas diferentes. A Reserva foi criada em 5 de junho de 1979 e compreende o atol e as águas circundantes até a isóbata de 1.000 m (Fig. 1). Foi realizado um levantamento entre diversos pesquisadores da Reserva, a fim de recuperar todas as ocorrências da espécie C. caretta. As ocorrências foram registradas de maneira oportunista durante diferentes atividades de campo na reserva.
Figura 1. Mapa de localização da Reserva Biológica do Atol das Rocas.
Resultados e Discussão oram registradas até o momento cinco ocorrências, sendo que apenas quatro tartarugas foram F capturadas e marcadas. O primeiro registro ocorreu em outubro de 1997 por Caio Borghoff, durante documentação fotográfica da reserva. A tartaruga estava em repouso na parte externa do atol. Apresentava cerca de 80 cm de comprimento curvilíneo da carapaça. O segundo registro foi feito por Maurizélia B. Silva em 30 de dezembro de 2002 durante a atividade de mergulho livre na laguna central. Foi realizada a biometria, onde o animal media 72 cm de comprimento curvilíneo da carapaça e 67 cm de largura curvilínea da carapaça. Foram colocadas anilhas e não apresentava presença de tumores. O terceiro registro foi feito por Rafael Lima em 2005 na piscina dos Mapas. O quarto foi feito por Henrique Filgueiras em 22 de março de 2007 na piscina Podes Crer. As tartarugas foram classificadas como juvenis e marcadas de acordo com o protocolo TAMAR-ICMBio. O quinto registro aconteceu em 01 de janeiro de 2010. Tratava-se de uma fêmea adulta, que subiu à praia na Ilha do Farol e foi marcada por Alice Grossman. O animal media 100 cm de comprimento curvilíneo da carapaça e 90 cm de largura curvilínea da carapaça. Não apresentava tumores e não realizou desova.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil O Atol das Rocas é uma formação única no Atlântico Sul e trabalhos recentes têm demonstrado sua importância em diversas fases do ciclo das tartarugas marinhas. Para a tartaruga-verde o Atol é apontado como a segunda maior área de desova do Brasil, além de importante área de descanso e alimentação (Silva et al. 2002). Ainda para esta espécie, Longo e Grossman (2010) ressaltaram a importância do Atol como área de cópula composta por machos transientes, contribuindo para o fluxo gênico entre diferentes áreas de reprodução. A espécie Eretmochelys imbricata também utiliza o Atol como área de alimentação (Marcovaldi e Marcovaldi 1999). Os registros da tartaruga-cabeçuda na Reserva, ainda que esparsos, contribuem ainda mais para a compreensão da importância do Atol das Rocas na conservação de tartarugas marinhas. Mesmo que não tenha sido registrada desova ou permanência em longo prazo na área, a utilização desta como potencial sítio de descanso pode guardar informações importantes (freqüência de ocorrência, história de vida, sazonalidade, origem, destino, atividades). Acredita-se que a marcação de tartarugas no Atol, das três espécies, bem como a coleta de tecido para análises genéticas é, portanto, necessária. Informações sobre a origem e o destino das tartarugas que passam pelo Atol podem elucidar possíveis corredores migratórios, proporcionando mais bases para acordos internacionais de proteção das tartarugas marinhas no Atlântico Sul.
Agradecimentos/Financiadores Agradecemos ao Biólogo Guilherme Ortigara Longo pelas contribuições no resumo; às fotógrafas Marta Granville e Zaira Matheus pela cessão de imagens e contribuição nos estudos de tartarugas marinhas; ao ICMBio e à Fundação SOS Pró-Mata Atlântica pelo apoio logístico e financeiro.
Referências Bibliográficas Dodd-Jr, C.K. 1988. Synopsis of the biological data on the loggerhead sea turtle Caretta caretta (Linnaeus 1758). Biological Report 88:1-110. Kikuchi, R.K.P. 1994. Geomorfologia, estratigrafia e sedimentologia do Atol das Rocas (ReBio/Ibama/RN), Atlântico sul ocidental equatorial. Dissertação de Mestrado em Geologia, UFBA. Salvador. Longo, G.O., e A. Grossman. 2010. Reproductive periodicity and abundance estimates of green turtle adult males at Atol das Rocas Marine Biological Reserve, NE Brazil, in Proceedings of the 30th International Sea Turtle Symposium, Goa. Marcovaldi, M.A., e G.G. Marcovaldi. 1999. Marine turtles of Brazil: the history and structure of Projeto TamarIbama. Biological Conservation 91:35-41. Santos, A.S., L.S. Soares, M.A. Marcovaldi, D.S. Monteiro, B. Giffoni, e A.P. Almeida. 2011. Avaliação do estado de conservação da tartaruga marinha Caretta caretta Linnaeus, 1758 no Brasil. Biodiversidade Brasileira 1:3-11. Silva, M.B, C.E.C. Campos, e S.G. Targino. 2002. Atol das Rocas – primeira unidade de conservação marinha do Brasil e único atol do Atlântico sul. Revista de Gerenciamento Costeiro Integrado 2:27-28.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil OCORRÊNCIA DE TARTARUGAS-DE-PENTE (Eretmochelys imbricata) NOS ARQUIPÉLAGOS DE ABROLHOS (BA) E SÃO PEDRO E SÃO PAULO (RN), BRASIL
Maira C. Proietti1, e Eduardo R. Secchi1,2,
Programa de Pós-graduação em Oceanografia Biológica, Laboratório de Tartarugas e Mamíferos Marinhos, Instituto de Oceanografia, FURG, Rio Grande, RS, Brasil. (mairaproietti@gmail.com). 1
2
(edu.secchi@furg.br).
Palavras-chave: tartaruga-de-pente, área de alimentação, comportamento, ecologia.
Introdução A tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) sofreu um dos mais longos e intensos processos de exploração entre as diferentes espécies de tartarugas marinhas. Além das ameaças inerentes a todas as espécies (exploração de ovos e carne, degradação e perda de habitats, captura acidental em pesca, entre outros), a tartaruga-de-pente é explorada também por seu casco, considerado um material com alto valor comercial e cultural (Campbell 2003). Esta espécie sofreu historicamente drástica redução populacional, e está atualmente classificada como “Criticamente Ameaçada” no livro vermelho da União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN; Mortimer e Donnelly 2008). O declínio na quantidade e qualidade de habitats coralíneos (Pandolfi et al. 2003) pode ser um fator agravante para a sobrevivência das tartarugas-de-pente, pois esta espécie é fortemente associada a recifes de corais devido ao seu hábito alimentar preferencialmente espongívoro (Meylan 1988). Na costa brasileira as tartarugas-de-pente desovam principalmente no litoral da Bahia, Sergipe e Rio Grande do Norte (Marcovaldi et al. 2007), e indivíduos imaturos desta espécie ocorrem em ambientes recifais tropicais como o Arquipélago de Fernando de Noronha (Sanches e Bellini 1999), havendo ocorrência menos frequente na região sul do país (Reisser et al. 2008). Possivelmente devido a baixos níveis populacionais, existem poucos estudos relativos à ecologia e demografia de tartarugas-de-pente imaturas em áreas de alimentação brasileiras; estes estudos porém são fundamentais para o entendimento dos papéis ecológicos dos animais, assim como para a conservação desta espécie e habitats associados (Bjorndal e Bolten 2010). Neste trabalho caracterizamos a ocorrência de tartarugas-de-pente imaturas em dois ambiente recifais da região nordeste do Brasil, o Parque Nacional Marinho de Abrolhos (BA) e o Arquipélago de São Pedro e São Paulo (SPSP – RN), de acordo com classes de tamanho, residência, comportamento e uso de habitat.
Metodologia Em três expedições ao Arquipélago de Abrolhos (abril e julho/2010, fevereiro/2011) e duas ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo (agosto/2010, abril/2011), foram realizados mergulhos em apneia para a observação e captura de tartarugas marinhas. Antes de cada mergulho registramos data, horário, local amostrado, temperatura da água e visibilidade. Durante os mergulhos, para cada indivíduo observado, registramos comportamento (de acordo com Houghton et al. 2003), profundidade, classe de tamanho e outras características do animal (patologias, epibiontes, marcas naturais e artificiais); caso a tartaruga apresentasse marcas artificiais, seu perfil VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil facial era fotografado para posterior foto-identificação. Quando possível, o animal era capturado para medição de comprimento curvilíneo de carapaça (CCC) e peso, aplicação de marcas de Inconel (fornecidas pelo Projeto Tamar-ICMBio), registro fotográfico e coleta de tecido para posterior análise genética.
Resultados e Discussão Em Abrolhos realizamos 80,1 h de mergulho, com 162 registros de observação e 65 capturas individuais de tartarugas-de-pente. Devido às condições ambientais menos favoráveis, em São Pedro e São Paulo foram realizadas apenas 29,2 horas de mergulho, com 73 registros de observação e 15 capturas de tartarugas (Tabela 1). O CCC dos animais variou de 24,5 a 63 cm (média = 37,9 dp = 9,3) em Abrolhos de 30 a 75 cm (média = 53,7 dp = 15,2) em SPSP (Fig. 1), com diferença significativa entre as médias de tamanho dos locais demonstrada por teste-t de Student (P < 0,001). A elevada ocorrência de tartarugas-de-pente nestes locais indica que são importantes áreas de alimentação desta espécie na costa brasileira. Com o registro do perfil facial de animais marcados, foi possível foto-identificar in situ 50 tartarugas sem a necessidade de recapturar o animal para verificação das marcas (ver Tabela 1). Esta metodologia está sendo crescentemente empregada para a identificação de tartarugas marinhas, e apresenta grande potencial para estudos populacionais não-intrusivos (Reisser et al. 2008; Schofield et al. 2008). Através da foto-identificação registramos permanências de até aproximadamente nove meses para Abrolhos (captura inicial 21/04/10, fotoidentificação 06/02/11) e oito para SPSP (captura inicial 18/08/10, foto-identificação 21/04/11).
Figura 1. Classes de tamanho, segundo comprimento curvilíneo de carapaça (CCC), de tartarugas-de-pente capturadas nos Arquipélagos de Abrolhos e São Pedro e São Paulo.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Tabela 1. Resumo das observações e capturas de tartarugas-de-pente ao longo das expedições, com horas de mergulho, número de observações, capturas e animais foto-identificados.
Abrolhos Total SPSP Total
Expedição 1 (abr/10) 2 (jul/10) 3 (fev/11) 3
Horas 31,6 30,7 17,8 80,1
Observações 52 76 34 162
Capturas 26 20 19 65
Foto-id 9 13 14 36
1 (ago/10) 2 (abr/11) 2
17,5 11,7 29,2
51 22 73
9 3 12
8 6 14
Atividades alimentares foram registradas em 67 ocasiões (28,5% dos registros), de 0700 a 1800 h, na parte superior do recife (profundidades menores que 2m) em Abrolhos e em maiores profundidades (entre 6 e 12,5 m) em SPSP. Em 100% das ocasiões as tartarugas estavam se alimentando de organismos bentônicos sésseis, principalmente os zoantídeos Zoanthus sociatus e Palythoa caribaeorum, mas também esponjas e macroalgas. Embora grande parte dos estudos de dieta da tartaruga-de-pente relatem a preferência por esponjas (León e Bjorndal 2002; Blumenthal et al. 2009; Bjorndal e Bolten 2010), a alimentação por zoantídeos também é observada (Stampar et al. 2007). Em relação aos demais comportamentos registrados nas observações, notamos: natação (49,4%), descanso auxiliado (debaixo de rochas - 13,5%), descanso (6%) e associação com peixes (2,6%). Foram registradas associações com dois peixes recifais: em Abrolhos, observamos em quatro ocasiões o peixe limpador Elacatinus figaro se alimentando no casco de tartarugas-de-pente, com até três peixes limpando simultaneamente; em SPSP observamos em duas ocasiões a donzela endêmica Stegastes sanctipaul limpando a região do pescoço e casco de tartarugas-de-pente. A associação entre tartarugas marinhas e peixes no Brasil já foi registrada para diversas espécies de peixes recifais (Reisser et al. 2010; Sazima et al. 2010), porém este é o primeiro registro para as duas espécies relatadas aqui. Por fim, este trabalho é um resultado de expedições para coleta de material biológico para análise genética; coletamos 77 amostras de tecido de tartarugas-de-pente, que serão analisadas juntamente com amostras do litoral norte da Bahia e costa do Ceará (cedidas pelo Projeto Tamar-ICMBio) e do sul do Brasil (Praia do Cassino, cedidas pelo NEMA; Ilha do Arvoredo, previamente coletadas), compondo a tese de doutorado da autora.
Agradecimentos/Financiadores Agradecemos à CAPES e Rufford Small Grants pelo apoio financeiro, ao Projeto Tamar pela cooperação científica e ao ICMBio pela autorização de pesquisa. Agradecemos à Berna Barbosa, e aos auxiliares de campo pelo apoio prestado.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Referências Bibliográficas Bjorndal, K.A., e A.B. Bolten. 2010. Hawksbill sea turtles in seagrass pastures: success in a peripheral habitat. Marine Biology 157:135-145. Blumenthal, J.M., T.J. Austin, C.D.L. Bell, J.B. Bothwell, A.C. Broderick, G. Ebanks-Petrie, J.A. Gibb, K.E. Luke, J.R. Olynik, M.F. Orr, J.L. Solomon, e B.J. Godley. 2009. Ecology of hawksbill turtles, Eretmochelys imbricata, on a western Caribbean foraging ground. Chelonian Conservation and Biology 8:1-10. Campbell, L.M. 2003. Contemporary culture, use, and conservation of sea turtles. Páginas 307-338 in The Biology of Sea Turtles, Vol. II. Lutz, P.L., J.A. Musick, e J. Wyneken (Eds.), CRC Press, Boca Raton, FL. Houghton, J., M. Callow, e G. Hays. 2003. Habitat utilization by juvenile hawksbill turtles (Eretmochelys imbricata) around a shallow water coral reef. Journal of Natural History 37:1269-1280 León, Y.M., e K.A. Bjorndal. 2002. Selective feeding in the hawksbill turtle, an important predator in coral reef ecosystems. Marine Ecology Progress Series 245:249-258 Marcovaldi, M.A., G.G. Lopez, L.S. Soares, A.J.B. Santos, C. Bellini, e P.C.R. Barata 2007. Fifteen years of hawksbill sea turtle (Eretmochelys imbricata) nesting in Northern Brazil. Chelonian Conservation and Biology 6:223-228 Meylan, A.B. 1988. Spongivory in hawksbill turtles: a diet of glass. Science 239:393-395 Mortimer, J.A., e M. Donnelly. 2008. Hawksbill Turtle (Eretmochelys imbricata) Marine Turtle Specialist Group 2008 IUCN Red List status assessment. In IUCN 2008. IUCN Red List of Threatened Species. www.iucnredlist. org. Pandolfi, J.M., R.H. Bradbury, E. Sala, T.P. Hughes, K.A. Bjorndal, R.G. Cooke, C. McArdle, L. McClenachan, M.J.H. Newman, G. Paredes, R.R. Warner, e J.B.C. Jackson. 2003. Global trajectories of the long-term decline of coral reef ecosystems. Science 301:955-958 Reisser, J., M. Proietti, P. Kinas, e I. Sazima. 2008. Photographic identification of sea turtles: method description and validation, with an estimation of tag loss. Endangered Species Research 5:73-82 Reisser, J., M. Proietti, e I. Sazima. 2010. First record of the silver porgy (Diplodus argenteus) cleaning green turtles (Chelonia mydas) in the south-west Atlantic. Marine Biodiversity Records 3:1-2 Sanches, T.M. e C. Bellini. 1999. Juvenile Eretmochelys imbricata and Chelonia mydas in the Archipelago of Fernando de Noronha, Brazil. Chelonian Conservation and Biology 3:308-311. Sazima, C., A. Grossman, e I. Sazima. 2010. Turtle cleaners: reef fishes foraging on epibionts of sea turtles in the tropical Southwestern Atlantic, with a summary of this association type. Neotropical Ichthyology 8:187-192. Schofield, G., K.A. Katselidis, P. Dimopoulos, e J.D. Pantis. 2008. Investigating the viability of photo-identification as an objective tool to study endangered sea turtle populations. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 360:103-108. Stampar, S.N., P.F. Silva, e O.J. Luiz-Jr. 2007. Predation on the zoanthid Palythoa caribaeorum (Anthozoa, Cnidaria) by a hawksbill turtle (Eretmochelys imbricata) in Southeastern Brazil. Marine Turtle Newsletter 117:3-5.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil REGISTROS NÃO REPRODUTIVOS DE TARTARUGAS MARINHAS NA REGIÃO LITORÂNEA DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DELTA DO PARNAÍBA
Kesley Paiva-Silva1, 2,5, Werlanne M. Santana1, 2,3, Mário M. O. Neto1, 2, Edlayne M. Santana1,2, Ana Luiza da Costa1,2,3, Manoel N. P. Nascimento1,2,4, Suzana B. Lopes1,2,3, Mayare F. Sampaio1,2,3, Maryfrances C. Magalhães1,2,3, Jordana Brito1,2,3, e João C. Val Neto1,2
Comissão Ilha Ativa – CIA. Rua São José, 192/Centro – Ilha Grande/PI - CEP 64224-000. (kesley.bio@gmail. com).
1
2 Projeto Tartarugas do Delta. Av. São Sebastião, Reis Velloso – Parnaíba/PI CEP 64200-000. (werlannemendes@ gmail.com). 3
Universidade Estadual do Piauí/UESPI – Campus Alexandre Alves/ Parnaíba-PI.
Universidade Federal do Piauí /UFPI– Campus Ministro Reis Veloso/ Parnaíba-PI.5 Universidade Regional do Cariri - URCA/Departamento de Ciências Biológicas - Pós Graduação em Ecologia. 4
Palavras-chave: conservação, encalhes, mortalidade, quelônios marinhos.
Introdução Cinco espécies de tartarugas marinhas: Caretta caretta (tartaruga-cabeçuda), Chelonia mydas (tartarugaverde), Eretmochelys imbricata (tartaruga-de-pente), Dermochelys coriacea (tartaruga-de-couro), e Lepidochelys olivacea (tartaruga-oliva), ocorrem em toda a extensão do litoral brasileiro sendo encontrada até o Uruguai e eventualmente na Argentina (Sanches 1999; Albareda e Prosdocimi 2003). De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza - IUCN (2011), C. caretta, C. mydas e L. olivacea são consideradas espécies em perigo de extinção e D. coriacea e E. imbricata, espécies criticamente ameaçadas. Estes animais também estão na lista brasileira de espécies ameaçadas de extinção do Ministério do Meio Ambiente (MMA 2003), sendo C. caretta e C. mydas consideradas vulneráveis, E. imbricata e L. olivacea em perigo, e D. coriacea criticamente em perigo. Ao longo dos séculos diversos fatores levaram ao declínio de várias populações: poluição dos mares e ingestão de resíduos inorgânicos, destruição dos habitats, abate de fêmeas, predação de ovos, pesca industrial e artesanal (Baptistotte 1994) e ocupação das áreas de nidificação. Além destes, outro fator que acomete as populações é uma doença denominada fibropapilomatose. De acordo Herbst et al. (1998) tal doença é caracterizada por tumores cutâneos, além de ser considerada debilitante e fatal (Aguirre et al. 1998). Na Área de Proteção Ambiental (APA) Delta do Parnaíba, o Projeto Tartarugas do Delta atua com o objetivo de proteger e conservar as espécies que ali frequentam, seja em áreas de desova, seja em possíveis áreas de alimentação, bem como seu hábitat. Assim, ao longo das pesquisas já foram identificadas quatros espécies de quelônios marinhos: tartaruga-verde; tartaruga-oliva, tartaruga-de-pente (Santana et al. 2009); e a mais ameaçada de extinção, a tartaruga-de-couro ou gigante (Loebmann et al. 2008). O presente trabalho tem como objetivo avaliar quantitativamente registros não reprodutivos e identificar possíveis causas de morte de tartarugas marinhas na região litorânea da APA Delta do Parnaíba, litoral do Piauí.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Metodologia A área de estudo compreende a zona costeira do Piauí localizada no extremo norte do estado e tem como limites naturais, a leste, os rios Timonha/Ubatuba que separam os Estados Piauí e Ceará; a oeste, o rio Parnaíba, que separa o Piauí do Maranhão; ao norte, o oceano Atlântico, com 66 km de costa; e, ao sul, os municípios de Cocal, Piracuruca, Joaquim Pires e São José do Divino (Marcelino 1999). Foram realizadas rondas diurnas a pé e/ou com veículo, num esforço amostral de 8 monitoramentos mensais durante sete meses nas praias Pedra do Sal, município de Parnaíba; praias de Atalaia, Peito de Moça, Coqueiro e Arrombado localizada em Luis Correia; e Barra Grande em Cajueiro da Praia, totalizando 36 km de área monitorada, buscando-se encalhes de animais vivos ou mortos. Em adição foram avaliados animais informados por colaboradores de associações, pescadores e voluntários. Quando encontrados os espécimes foram fotografados, identificados quanto à espécie com base em (Pritchard e Mortimer 2000) e tiveram suas medidas morfométricas tomadas: comprimento curvilíneo da carapaça (CCC) e largura curvilínea da carapaça (LCC), segundo a metodologia padrão do Projeto TAMAR/ICMBio. Os animais mortos foram enterrados acima da linha da maré para decomposição (coordenadas em GPS). Partes do material biológico de alguns exemplares (carapaça, crânio e plastrão) são coletadas e depositadas na Coleção Zoológica Delta do Parnaíba, situada nas instalações da UFPI Campus Parnaíba – PI e utilizados para fins didáticos. Já para os indivíduos encontrados vivos, estes foram avaliados e foram aplicadas técnicas de reanimação a fim de serem reintroduzidos em seu hábitat natural. Foram ainda feitas outras observações: vestígio de pesca, cicatrizes, amputação de membros, classe etária (adulto, juvenil, sub-adulto), e presença de tumores externos.
Resultados e Discussão De acordo com os resultados obtidos no período de janeiro a agosto de 2011, foram registrados 73 encalhes. A espécie C. mydas ou tartaruga-verde foi mais frequente (63 registros), (5) foram E. imbricata, (2) L.olivacea, (1) C.caretta e (2) indivíduos não foram identificados devido ao estado avançado de decomposição. Em relação à classe etária, baseada em Barata et al. (1998), 60 indivíduos foram juvenis, dos quais (5) E. imbricata, (55) C. mydas e (2) de espécies não identificadas. Onze foram classificados como adulto/ sub-adulto, dos quais 10 eram fêmeas: (2) L. olivacea, (1) C.caretta e (7) C. mydas e (1) macho C. mydas (Fig. 1). Quanto ao comprimento curvilíneo de carapaça (CCC) de L. olivacea foi registrado uma variação de 53 a 65 cm com média de 59 cm; C. mydas variou entre 25 e 114 cm com média 49 cm; E. imbricata apresentou de 26 a 63 cm e média de 44 cm; C. caretta 87,3 cm; e para os indivíduos indeterminados, variação de 41 a 54 cm e média de 47 cm. Do total de 73 encalhes, (5) estavam vivos: (2) E. imbricata, 2 C. mydas e (1) C. caretta. Embora aplicadas técnicas de reanimação, apenas (2) foram reintroduzidos com sucesso: (1) C. mydas e (1) E. imbricata. Os demais exemplares vieram a óbito e não foi possível determinar a causa mortis. No total, 53 exemplares não tiveram a causa mortis determinada, (3) exemplares apresentaram indícios de atividade pesqueira (cortes e/ou perfurações) e (17) C. mydas tinham a presença de tumores, sendo (2 vivos), posteriormente vindo a óbito.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil
Figura 1. Classe etária e espécies de tartarugas marinhas encontradas encalhadas no Delta do Parnaíba, Piauí, de janeiro a agosto de 2011.
Fatores causados por ações antrópicas, como a captura incidental utilizando redes de espera e caçoeira; tumores, entre outros, contribuem para o número significativo de encalhes na região. Na proposta de minimizar estes impactos, o Projeto Tartarugas do Delta desenvolve atividades de educação ambiental junto às associações, escolas e reuniões acadêmicas, orientando sobre procedimentos a serem aplicados caso encontrem animais presos à rede ou jogados na praia, debilitados. Contudo, observa-se a necessidade de continuar os monitoramentos de praia, uma vez que estas informações estarão contribuindo com propostas de conservação desses quelônios marinhos ameaçados de extinção.
Agradecimentos/Financiadores Agradecemos o patrocínio da Petrobras, através do Programa Petrobras Ambiental, viabilizando a realização da pesquisa, os representantes da Associação de Condutores de Visitantes Nativus Arte-Ecotur, pelo auxílio no levantamento de dados e aos órgãos ambientais locais pelo apoio técnico.
Referências Bibliográficas Albareda, D., e L. Prosdocini. 2003. Bases para la creacion del Programa Regional de Investigación y Conservación de Tortugas Marinas en Argentina, PRICTMA: Informe diagnostico. Aguirre, A.A., T.R. Spraker, G.H. Balazs, e B. Zimmerman. 1998. Spirorchids and fibropapillomas in green turtles from the Hawaiian Islands. Journal of Wildlife Diseases 34:91-98. Baptistotte, C. 1994. Tartarugas marinhas: Projeto TAMAR. Páginas 33-37 in 1º Congresso de Herpetologia no Brasil, PUC-MG. Belo Horizonte.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Herbst, L.H., E.C. Greiner, L.M. Ehrhart, D.A. Bagley, P.A. Klein. 1998. Serelogical association between spirorchidiasis, herpesvirus infection, and fibropapilomatosis in green turtles from Florida. Journal of Wildlife Diseases 34:467-507. IUCN. 2011. IUCN Red List of Threatened Species. World Wide Web electronic publication, disponível em www. iucnredlist.org. (Acessado 07/07/2011). Loebmann, D., J.F.A. Legat, A.Puchinick-Legat, R.C.R. Camargo, S. Erthal, M. Severo, e J.M. Góes. 2008. Dermochelys coriacea (leatherback sea turtle) Nesting. Herpetological Review 39:81. Marcelino, A.M.T. (Coord.). 1999. Caracterização dos Ecossistemas Costeiros dos Estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí, in Avaliação e Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade da Zona Costeira e Marinha. Governo do Estado do RN,. Disponível em www.bdt.org.br acessado em 17 outubro 2007. Ministério do Meio Ambiente (MMA). 2003. Lista de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em http://www.ibama.gov.br/fauna/extincao.htm. Sanches, T.M. 1999. Avaliação e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade da zona costeira e marinha: tartarugas marinhas. Termo de referência n. 155/98. Disponível em: http://www.bdt.org.br/workshop/ costa/tartaruga/diagnostico. Santana, W.M; R.R. Silva-Leite, K.P. Silva, e R.A. Machado. 2009. Primeiro registro de nidificação de tartarugas marinhas das espécies Eretmochelys imbricata (Linnaeus, 1766) e Lepidochelys olivacea (Eschscholtz, 1829), na região da Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba, Piauí, Brasil. Pan-American Journal of Aquatic Sciences 4:369-371. Pritchard, P.C.H., e J.A. Mortimer. 2000. Taxonomia, morfología externa e identificacíon de las espécies. Páginas 24-44 in Eckert, K.L., K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, e M. Donnely (Eds.). Técnicas de investigacíon y manejo para la conservacíon de las tortugas marinas. IUCN/SSC Publicacíon Nº 4.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil REGISTRO DE ENCALHES DE TARTARUGAS MARINHAS NA BAIXADA SANTISTA-SP
Amanda Fernandes1, Andrea Maranho1, Rosane Fernanda Farah1, Mariana Monteiro Zillio1, Ivan Chami Gentil1, e Ana Cristina Vigliar Bondioli2
Grupo de Resgate e Reabilitação de Animais Marinhos – ONG GREMAR – Rua Avedis Simonian, 627, Jardim Guaiuba, Guarujá, SP, CEP 11421-060 (mandifernandes@gmail.com).
1
Instituto de Pesquisas Cananéia – IPeC – Rua Tristão Lobo, 199 – Centro, Cananéia, SP, CEP11990-000 (anabondioli@yahoo.com.br).
2
Palavras-chave: áreas urbanas, resíduos antrópicos, conservação, problemas ambientais, Brasil.
Introdução Há cinco espécies de tartarugas marinhas presentes no Brasil (Chelonia mydas, Eretmochelys imbricata, Caretta caretta, Dermochelys coreacea e Lepidochelys olivacea), mas análises históricas e de publicações recentes indicam amplos declínios de subpopulações em todas as principais bacias oceânicas ao longo dos últimos 140 anos (IUCN 2002). Uma combinação de fatores como a sobrepesca comercial, a captura incidental, a destruição de habitats de reprodução, de descanso e de alimentação e, mais recentemente, a contaminação dos mares têm determinado a condição atual das tartarugas marinhas (IUCN 1995). Juvenis pelágicos frequentemente são expostos aos resíduos de origem antrópica em zonas de convergência e a maioria das espécies são expostas em habitats costeiros onde se alimentam (Bjorndal 1997). A Baixada Santista é a mais urbanizada e populosa das três sub-unidades do litoral Paulista possuindo cerca de 1.606.863 habitantes (IBGE 2009), sendo também a área mais critica, pois além do saneamento básico insuficiente, em alguns municípios, abriga o maior porto da América Latina e um expressivo complexo industrial (CETESB 2004) composto por portos, pólos petroquímicos, siderúrgicos e outras indústrias (Santos e Furlan 2010). No Estado de São Paulo, o Complexo Estuarino de Santos e São Vicente é hoje uma das regiões mais críticas quanto à contaminação dos diferentes compartimentos que integram os ecossistemas aquáticos - água, sedimento e biota (Lamparelli et al. 2001). Como consequência direta desse processo de poluição, seguiu-se um quadro de degradação generalizada dos ecossistemas e da presença de poluentes nos sedimentos marinhos e estuarinos (Lamparelli et al. 2001). A região é uma importante área de alimentação para a espécie C. mydas (Maranho 2008), mas a somatória desses fatores causam impactos negativos a essas populações, aumentando o índice de mortalidade das tartarugas. Dados sobre áreas de alimentação são necessários para a execução de planos de manejos e determinação de áreas prioritárias para a conservação (Bjorndal 2000). Assim, o presente trabalho teve como objetivo principal registrar o encalhe de tartarugas marinhas na Baixada Santista, de modo a ampliar os escassos dados existentes na região.
Metodologia O presente trabalho foi realizado na Baixada Santista, litoral sul do Estado de São Paulo (23°51’12.06”S a 24°18’57.63”S - 46°08’21.82” O a 46°59’48.63” O (Fig. 1). VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil
Figura 1. Região de Estudo na Baixada Santista. Fonte: AGEM (Agência Metropolitana da Baixada Santista).
Essa região constitui a maior concentração de problemas ambientais do País. Suas principais fontes de poluição são as indústrias com descarga de efluentes líquidos, atmosféricos e sólidos; esgotos domésticos; descarga da Represa Bilings; depósito de lixo doméstico e industrial; mineração e ocupação desordenada do solo; turismo sem planejamento e o porto de Santos (Diegues 2002). Durante o período de Junho de 2010 à Junho de 2011, foram registrados encalhes de tartarugas marinhas. Os dados coletados foram provenientes dos resgates de animais e monitoramento de carcaças. Os animais foram resgatados nas praias atendendo os chamados da população ou autoridades locais como IBAMA, polícia ambiental e corpo de bombeiros. Quando necessário, o animal foi transportado para o centro de reabilitação onde foram realizados os tratamentos necessários para a melhoria da condição do animal e posterior soltura. Quando em contato com os animais, realizou-se a tomada dos dados biométricos, foram realizados registros fotográficos e em caso de animais mortos a necropsia foi realizada no local de acordo com Wyneken (2001). Dados como sazonalidade, dispersão dos encalhes, espécies encalhadas e animais com resíduos no trato digestório também foram analisados através de análises estatísticas descritivas conduzidas através do Microsoft Excel.
Resultados e Discussão Dos registros obtidos, 50 animais mortos e 14 ainda vivos, todos classificados como juvenis (Bjorndal et al. 1994; Balptistotte et al. 2003; Moreira et al. 1994). Foram registradas as espécies: C. mydas, C. caretta e E. imbricata, três das cinco espécies que ocorrem no Brasil. O maior índice de encalhes ocorreu no período de inverno apresentando 41,35% dos registros. A espécie C. mydas representou o maior número de encalhes, com 89,06%. A Baixada Santista é utilizada como área de VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil alimentação por essa espécie, o que justifica o alto índice de encalhes da mesma. Houve também registros de E. imbricata (6,25%) e C. caretta (4,68%). A cidade de Guarujá apresentou o maior número de encalhes (35,94%), seguida pelas cidades de Praia Grande (34,37%), São Vicente (20,31%), Bertioga (7,81%) e Mongaguá (1,56%), respectivamente. A maior incidência de encalhes nas cidades de Guarujá, Praia Grande e São Vicente pode estar relacionada à maior extensão dos costões rochosos, fonte de algas marinhas que são a principal fonte de alimentação das tartarugas verdes, porém esta é também a região de maior influência do GREMAR, com cursos, treinamentos e conscientização, o que pode ter contribuído para os dados apresentados. Entre os animais necropsiados, 75% apresentaram resíduos antrópicos em seu trato digestório, podendo ser essa a causa mortis, indicando a necessidade de programas ambientais na região como alternativa para minimizar a quantidade de resíduos descartados incorretamente. 7,81% dos indivíduos apresentaram interação com artes de pesca ou embarcação, sendo: um registro de pesca acidental, dois encalhes de animais com linha de pesca presa ao corpo e dois animais atingidos por embarcações apresentando lesões na carapaça. Apesar de a Baixada Santista ser uma importante região do litoral de São Paulo, raros são os trabalhos sobre tartarugas marinhas. O presente trabalho, ainda que preliminar, indica a presença desses animais na região que é utilizada como área de alimentação para as tartarugas verdes (C. mydas). Dessa forma, o desenvolvimento de programas de educação ambiental e de um monitoramento contínuo das praias dessa região altamente impactada é importante para que seja realizada uma descrição mais completa dos animais encontrados nesta área. O desenvolvimento de estudos com os animais encalhados nas praias da Baixada Santista se faz necessário para que se mantenham saudáveis as populações de tartarugas marinhas que visitam a região.
Referências Bibliográficas Baptistotte, C., J.C.A. Thomé, e K.A. Bjorndal. 2003. Reproductive biology and conservation status of the loggerhead sea turtle (Caretta caretta) in Espírito Santo State, Brazil. Chelonian Conservation and Biology 4:523529. Bjorndal, K.A., A.B. Bolten, e C.J. Lagueux. 1994. Ingestion of marine debris by juvenile sea turtles in coastal Florida habitats. Marine Pollution Bulletin 28:154-158. Bjorndal, K. A. 1997.Foraging ecology and nutrition of sea turtles. In P.L. Lutz, e J.A. Musick, editors. The biology of sea turtles. CRC Press, Boca Raton, Florida. 199-231. Bjorndal, K.A. 2000. Prioridades para la investigación en hábitats de alimentación. Páginas 13-15 in Eckert, K.L., K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, e M. Donnelly (Eds.). Técnicas de Investigación y Manejo para la Conservación de las Tortugas Marinas. IUCN/SSC Publicación No. 4. CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). 2004. Relatório de qualidade das águas litorâneas no estado de São Paulo. Diegues, A.C. 2002. Povos e águas: inventário de áreas úmidas brasileiras. 2ª Ed. - São Paulo: NUPAUB-USP. IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 2009. Histórico dos municípios brasileiros e dados socioeconômicos dos censos realizados em 1991, 2000 e 2007. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/ cidadesat/topwindow.htm>. Acesso em: 22 mar. 2011.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil IUCN. 1995. Estrategia mundial para la conservación de las tortugas marinas. Unión Internacional Para La Conservación de La Naturaleza Y de Los Recursos Naturales. IUCN. 2002. Red list status assessment – Chelonia mydas. Disponível em: <http://www.iucnredlist.org/apps/ redlist/details/4615/0>. Acessado em 22/04/2010. Maranho, A., M.A.M. Athayde, M.C. Mendes, N.S.H.K. Carril, e F.I. Oberg. 2008. Identificação e quantificação do encalhe de tartarugas marinhas na Baixada Santista, Estado de São Paulo no período 2007-2008. Livro de Resumos do 11° Simpósio de Biologia Marinha, Santos. Lamparelli, M. et al. 2001. Sistema estuarino de Santos e São Vicente. Relatório Técnico CETESB, São Paulo. Moreira, L., C. Baptistotte, J. Scalfone, J.C. Thomé, e A.P.L.S. Almeida. 1995. Occurence of Chelonia mydas on the Island of Trindade, Brazil. Marine Turtle Newsletter 70:2. Santos, A.L.G., e S.A. Furlan. 2010. Manguezais da Baixada Santista, São Paulo – Brasil: uma bibliografia. VI Seminário Latino Americano de Geografia Física, II Seminário Ibero Americano de Geografia Física - Universidade de Coimbra. Wyneken, J. 2001. Guide to the anatomy of sea turtles. NMFS Tech. Publication. NOAA Tech., Memo NMFSSEFSC-470.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil RESIDÊNCIA DE TARTARUGAS MARINHAS DA ESPÉCIE Chelonia mydas NA REGIÃO COSTEIRA DE ITAIPU, NITERÓI - RJ, BRASIL
Humberto Mas Gitirana1,*, Suzana Guimarães2, e Gisele Lobo-Hajdu3
Laboratório de Genética Marinha, Departamento de Genética, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rua São Francisco Xavier, 524 - PHLC - Sala 205, Maracanã, Rio de Janeiro - RJ. CEP 20.550-013, Brasil.
1
Laboratório de Biologia do Nécton e Ecologia Pesqueira, Departamento de Biologia Marinha, Universidade Federal Fluminense, Outeiro São João Batista, s/nº, Centro, Niterói - RJ. CEP 24.020-141, Brasil. 2
3
(glhajdu@uerj.br).
* (gitirana.hm@gmail.com).
Palavras-chave: captura-marcação-recaptura, tartaruga-verde, permanência prolongada, captura incidental.
Introdução No Brasil, cinco das sete espécies de tartarugas marinhas são encontradas, todas ameaçadas de extinção: Caretta caretta (tartaruga-cabeçuda); Chelonia mydas (Tartaruga-verde); Dermochelys coriacea (Tartaruga-decouro); Eretmochelys imbricata (Tartaruga-de-pente) e Lepidochelys olivacea (Tartaruga-oliva) (Marcovaldi e Marcovaldi 1985; MMA 2003). O litoral do Estado do Rio de Janeiro é considerado de extrema importância para a conservação das tartarugas marinhas, seja por abrigar ao norte as áreas limítrofes (latitudinais) de reprodução ou diversas áreas de alimentação espalhadas por toda sua extensão litorânea. Mesmo assim, ainda é considerado uma lacuna de conhecimentos e de estudos detalhados a respeito das tartarugas marinhas (Marcovaldi et al. 1998; Marcovaldi e Marcovaldi 1999; Gitirana et al. 2005, 2009; Gallo et al. 2006; Reis et al. 2010). A região costeira de Itaipu é considerada uma estação de alimentação e desenvolvimento de tartarugas marinhas, especialmente da espécie Chelonia mydas (Guimarães et al. 2009). Além disso, apresenta uma comunidade tradicional de pescadores artesanais em intensa atividade que praticam, principalmente, pescarias com rede de espera, arrasto de praia e pesca de linha (Kant e Lima 1997). O presente estudo teve como objetivo monitorar a ocorrência de tartarugas marinhas na região costeira de Itaipu, visando caracterizar os indivíduos capturados e investigar a residência destes animais. Todo este trabalho foi desenvolvido a partir de em um programa de captura-marcação-recaptura (Projeto PROMONTAR) em cooperação técnica com o Projeto TAMAR-ICMBio e licenciado pelo SISBIO-ICMBio.
Metodologia A região costeira de Itaipu está localizada na região oceânica do município de Niterói e na porção central do litoral do Estado do Rio de Janeiro (22º53’14”S, 43º22’48”W). Trata-se de um ambiente marinho com características bastante peculiares de uma enseada: águas calmas e rasas, que recebe constantemente
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil o deságue de águas continentais. É dividida em duas faixas de areia de praia, as Praias de Camboinhas e de Itaipu, pelo canal de acesso à Lagoa de Itaipu. Além disso, um conjunto de três ilhas também protege a região. Assim, Itaipu agrega diferentes habitats, abrigando uma grande variedade de espécies de animais que são exploradas por uma comunidade tradicional de pescadores. A coleta de dados das tartarugas marinhas foi realizada em visitas semanais às praias de Itaipu e Camboinhas para o flagrante dos desembarques de pesca, mergulhos para captura e registros de encalhes. Todos os indivíduos capturados foram retirados do mar, levados à faixa de areia da praia e submetidos às análises físicas (presença de lesões ou ferimentos, fibropapilomas aparentes e anomalias), biometrias e marcação, para depois serem prontamente devolvidos ao mar. A metodologia e materiais utilizados no registro dos dados e a manipulação dos indivíduos seguiram em consonância às diretrizes do Programa Nacional de Manejo e Conservação das Tartarugas Marinhas em Áreas de Alimentação que vem sendo desenvolvido pelo Projeto TAMAR-ICMBio nos últimos anos.
Resultados e Discussão De Julho de 2008 a Junho de 2010 foram realizadas 74 visitas a campo, onde foram registradas 129 tartarugas marinhas da espécie Chelonia mydas, sendo que somente 68 indivíduos (53%) receberam marcas de identificação. Adicionalmente, foi utilizado um sistema de fotoidentificação, através da disposição das placas córneas da região da cabeça (Schofield et al. 2008), em conjunto ao banco de dados próprio para identificar as demais tartarugas. A pescaria de arrasto de praia foi responsável por 92,5% das tartarugas capturadas. Os indivíduos capturados apresentaram o Comprimento Curvilíneo de Carapaça (CCC) variando entre 28,0 e 75,0 cm (média + desvio padrão = 44,6 + 12,8 cm), a Largura Curvilínea de Carapaça (LCC) entre 25,5 e 65,0 cm (40,1 + 11,1 cm), e o peso entre 2,3 e 47,0 kg (9,0 + 6,9 kg). Das 129 tartarugas marinhas registradas, vinte e oito (21,7%) foram recapturadas. Destas recapturadas, apenas nove (32%) foram recapturadas mais de uma vez. O maior intervalo de tempo registrado entre a captura e a última recaptura foi de 354 dias (23/05/2009 e 12/05/2010). Estes eventos de recaptura registrados subsidiam a hipótese de residência (permanência prolongada) de tartarugas marinhas da espécie Chelonia mydas na região. Entretanto, é possível que as pescarias com redes de emalhe, frequentemente praticadas na região e que apresentam alta mortalidade, estejam contribuindo para reduzir as recapturas destes animais. Para melhores conclusões, é necessário um maior tempo de coleta de dados e o desenvolvimento de um programa de captura-marcação-recaptura permanente aliados à ampliação do monitoramento às pescarias com redes de emalhe. Assim sendo, a continuidade dos estudos na região costeira de Itaipu e a reestruturação do programa de captura-marcação-recaptura nos próximos anos tornam-se imprescindíveis para manutenção das investigações sobre perfil dos indivíduos, taxas de crescimento, residência e hábitos migratórios das tartarugas.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Agradecimentos Agradecemos aos pescadores artesanais de Itaipu e à equipe do Projeto PROMONTAR pelo apoio voluntário, ao Projeto TAMAR-ICMBio pela cooperação técnica e ao ICMBio pela licença de pesquisa.
Referências Bibliográficas Gitirana, H.M., R.A. Tubino, e C. Monteiro-Neto. 2005. Projeto PROMONTAR: programa de monitoramento de tartarugas marinhas na enseada de Itaipu, Niterói, RJ. In Anais do 2º Congresso Brasileiro de Oceanografia e 17º Semana Nacional de Oceanografia, Vitória, ES. Gitirana, H.M., S.M. Guimarães, e A.W. Vidal. 2009. Bandeira branca para as tartarugas marinhas capturadas incidentalmente pela pesca artesanal de arrasto de praia na região costeira de Itaipu, Niterói - RJ. In Anais do 2º Congresso Brasileiro de Biologia Marinha, Armação de Búzios, RJ. Guimarães, S.M., H.M. Gitirana, e A.W. Vidal. 2009. Região costeira de Itaipu, Niterói: uma estação de alimentação e desenvolvimento de tartarugas marinhas da espécie Chelonia mydas (tartaruga verde) no litoral Estado do Rio de Janeiro. In Anais do 2º Congresso Brasileiro de Biologia Marinha, Armação de Búzios, RJ. Kant-de-Lima, R., e L.F. Pereira. 1997. Pescadores de Itaipu: meio ambiente, conflito e ritual no litoral do Estado do Rio de Janeiro. Editora da Universidade Federal Fluminense, Niterói-RJ. Marcovaldi, M.Â.A.G., e G.M.F.G. Marcovaldi. 1985. Projeto TAMAR. Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal. Marcovaldi, M.Â., C. Baptistotte, J.C. Castilhos, B.M.G. Gallo, E.H.S.M. Lima, T.M. Sanches, e C.F. Vieitas. 1998. Activities by Project TAMAR in Brazilian sea turtle feeding grounds. Marine Turtle Newsletter 80:5-7. Marcovaldi, M.A., e G.G. Marcovaldi. 1999. Marine turtles of Brazil: the history and structure of Projeto TAMARIBAMA. Biological Conservation 91:35-41. Ministério do Meio Ambiente (MMA). 2003. Lista de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: http://www.ibama.gov.br/fauna/extincao.htm. Acessada em 27/09/2003. Schofield, G., K.A. Katselidis, P. Dimopoulos, e J.D. Pantis. 2008. Investigating the viability of photo-identification as an objective tool to study endangered sea turtle populations. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 360:103-108. Reis, E.C., C.S. Pereira, D.P. Rodrigues, H.K.C. Secco, L.M. Lima, B. Rennó, e S. Siciliano. 2010. Condição de saúde de tartarugas marinhas do litoral centronortedo Estado do Rio de Janeiro, Brasil: avaliação sobre a presença e presença de agentes bacterianos, fibropapilomatose e interação com resíduos antropogênicos. Oecologia Australis 14:756-765.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil TELEMETRIA POR SATÉLITE DE UM MACHO ADULTO DE TARTARUGA-CABEÇUDA Caretta caretta NO LITORAL SUL DO BRASIL
Daphne W. Goldberg1,2, Juçara Wanderlinde1, Mariana de K. Britto3, Danielle S. Monteiro4, Camila T. Cegoni1, Fernando N. Fiedler5, Yonat Swimmer6, e Gustavo D. Stahelin1
Fundação Pró-Tamar, CP5098 Florianópolis SC, 88040-970. (daphne@tamar.org.br). Departamento de Bioquímica, Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Av. 28 de setembro 87, 4º Andar, Vila Isabel, Rio de janeiro RJ, 20551-030.
1
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3
Fundação Pró-Tamar, Rua Antonio Athanasio da Silva 273, Itaguá, Ubatuba SP 11680-000.
Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental–NEMA, Rua Maria Araújo 450, Cassino, Rio Grande RS, 96207-480.
4
5
Fundação Pró-Tamar, Av. Ministro Victor Konder 374 Centro, Itajaí SC, 88301-700.
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US NOAA Fisheries, Pacific Islands Fisheries Science Center, 2570 Dole Street, Honolulu, Hawaii 96822, USA.
Palavras chave: Caretta caretta, telemetria, alimentação, migração, Rio Grande do Sul.
Introdução Tartarugas-cabeçudas (Caretta caretta) encontram-se amplamente distribuídas em áreas temperadas, tropicais e subtropicais de ambos os hemisférios. Habitam estuários e plataformas continentais distribuídas ao longo da costa dos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico (Ehrhart et al. 1991). Na costa brasileira, as áreas de reprodução de C. caretta se estendem desde o litoral norte do Rio de Janeiro, até Sergipe (Marcovaldi e Chaloupka 2007). Informações sobre áreas de alimentação desta espécie no Brasil, no entanto, ainda são escassas. Marcovaldi et al. (2010) através de dados de telemetria , sugerem o litoral do Ceará como área de alimentação e descanso para fêmeas adultas que desovam na Bahia. O litoral do Rio Grande do Sul também é indicado como área de alimentação de indivíduos juvenis e adultos de C. caretta, com base no grande número anual de encalhes nos meses de primavera e verão (Monteiro et al. 2006) e nos dados sobre a dieta destes animais (Barros 2010). A maioria dos estudos envolvendo telemetria de tartarugas marinhas utiliza fêmeas ou indivíduos juvenis, pela facilidade de acesso a estes animais. Há poucos dados na literatura sobre rotas migratórias e áreas preferenciais de uso para indivíduos adultos do sexo masculino. Este trabalho visa descrever o deslocamento de um macho adulto de C. caretta no período não reprodutivo e apresentar inferências sobre uma provável área de alimentação desta espécie no sul do Brasil.
Metodologia No dia 01/11/2010 um macho de tartaruga-cabeçuda com 98 kg, 98 cm de CCC e 82 cm de LCC, foi encontrado encalhado no município de Araquari/SC (26,45ºS; 48,60ºW). O animal expelia pela cloaca uma linha de nylon monofilamento 0,60, semelhante à utilizada por pescarias de espinhel. Radiografias confirmaram a presença de um anzol na região distal do esôfago cervical, que foi removido cirurgicamente e classificado como J 5/0, sem offset. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil O macho foi marcado e um transmissor via satélite modelo SPOT5 (Wildlife Computers) foi fixado sobre a sua carapaça com resina e polímero reforçado com fibra de vidro. As transmissões foram processadas pelo sistema ARGOS para as informações de localização geográfica. As posições com maior acurácia (location classes [LC] 3, 2, 1, 0, A e B) foram usadas para reconstruir as rotas. As posições com LC Z e as demais que caíram em terra ou em áreas oceânicas muito afastadas foram excluídas manualmente das análises. Com o intuito de identificar as áreas com maior intensidade de uso pelo animal, foi realizada a análise de densidade de Kernel (Lucambio 2006). Os pontos de localização foram plotados no software ArcGIS 9.3 e através da ferramenta Hawths Analysis Tools foram determinadas as áreas com 25% e 50% de uso (Figs. 1A e 1B).
Resultados e Discussão No dia 18/12/2010 a tartaruga foi liberada na Praia da Barra da Lagoa/SC (27,571ºS; 48,427ºW). Ela migrou em direção ao extremo sul do país, percorrendo 1279 km em 17 dias (velocidade média de 3,13 km/h). O deslocamento se deu ao longo da plataforma continental, em profundidades que variaram entre 3 e 50 m (Fig. 1A). A cerca de 80 km ao sul de Rio Grande (32,618oS; 52,013oW), o indivíduo passou a utilizar uma área mais restrita, com aproximadamente 9917 km2, onde permaneceu por 123 dias. Durante este período, reduziu sua velocidade média para 1,6 km/h, realizando pequenos deslocamentos a menos de 25 m de profundidade. Estas características sugerem que a tartaruga se encontrava em atividade alimentar. A área utilizada possui fundo predominantemente arenoso e com a ocorrência de pelo menos 94 espécies de macroinvertebrados bentônicos, incluindo o ermitão Loxopagurus loxochelis (Capítoli e Bemvenuti 2004), que aparenta ser o principal item da dieta de C. caretta no sul do RS, com ocorrência em 53,3% dos 45 indivíduos amostrados entre 2007 e 2009, sendo também a presa com maior volume relativo e contribuição numérica (Barros 2010). De acordo com Hopkins-Murphy et al. (2003), áreas de alimentação para C. caretta imaturas e adultas na fase nerítica localizam-se essencialmente sobre a plataforma continental. Shoop e Kenney (1992) observaram que tartarugas-cabeçudas tendem a permanecer em profundidades inferiores a 200 m, sendo geralmente observadas a menos de 60 m. Esta espécie apresenta uma dieta carnívora durante toda a sua vida (Bjorndal 1997). Nos estágios iniciais e na fase juvenil são epipelágicas e habitam zonas oceânicas, se alimentando na maior parte do tempo nos cinco primeiros metros da coluna d’água, já em estágios de juvenil avançado e adulto se tornam neríticas e se alimentam principalmente no fundo (Bolten 2003). No RS, a dieta de C. caretta na fase nerítica, com CCC médio de 71,3 cm (n = 45) foi composta principalmente por crustáceos e moluscos bentônicos (Barros 2010), os quais estão distribuídos em profundidades de 11 a 75 m (Capítoli e Bemvenuti 2004). A plataforma continental nesta região apresenta alta produtividade primária, devido principalmente a proximidade da Convergência Subtropical, formada pela corrente do Brasil e pelo ramo costeiro da corrente das Malvinas. A alta produtividade faz da região um local de reprodução, desenvolvimento e alimentação de inúmeras espécies (Odebrecht e Garcia 1998). Com base nas informações sobre a região e nos dados obtidos através do transmissor via satélite, podemos sugerir que tartarugas-cabeçudas adultas utilizam o litoral do RS para se alimentar. A área já havia sido descrita como importante sítio de alimentação de juvenis/subadultos (Marcovaldi e Chaloupka 2007) e de adultos de C. caretta (Monteiro et al. 2006).
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil
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Figura 1A. Rota migratória do macho de Caretta caretta no sul do Brasil. Figura 1B. Análise de Kernel indicando as áreas com maior intensidade de uso pelo macho de C. caretta.
Após permanecer cerca de 4 meses no extremo sul do Brasil, no dia 09/05/2011 o macho começou a se deslocar em direção norte, percorrendo 651 km até o dia 30/07/2011. É possível que ele tenha iniciado a migração para uma área reprodutiva no litoral do sudeste ou nordeste do Brasil. Outro fato que corrobora a idéia de migração reprodutiva é o período em que o indivíduo iniciou o deslocamento, uma vez que as temporadas de desova no Brasil concentram-se entre setembro e fevereiro (Marcovaldi e Chaloupka 2007).
Agradecimentos/Financiadores Gostaríamos de agradecer ao NOAA (National Oceanic Atmospheric Administration) por ceder o transmissor. O Projeto Tamar, programa de conservação do Ministério do Meio Ambiente (MMA) do Brasil, filiado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio/MMA), é co-administrado pela Fundação Pró-Tamar e oficialmente patrocinado pela Petrobrás.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Referências Bibliográficas Barros, J.A. 2010. Alimentação da tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) em habitat oceânico e nerítico no sul do Brasil: composição, aspectos nutricionais e resíduos sólidos antropogênicos. Dissertação de Mestrado, FURG, Rio Grande. Bjorndal, K.A. 1997. Foraging ecology and nutrition of sea turtles. Páginas 199-231 in Lutz, P.L. e J.A. Musick (Eds.). The biology of sea turtles. CRC Press, Boca Raton, Flórida. Bolten, A.B. 2003. Active swimmers – passive drifters. Páginas 63-78 in Bolten, A.B., e B.E. Witherington (Eds.). Loggerhead sea turtles. Smithsonian Institution. Capítoli, R.R., e C. Bemvenuti. 2004. Distribuição batimétrica e variações de diversidade dos macroinvertebrados bentônicos da plataforma continental e talude superior no extremo sul do Brasil. Atlântica 26:27-43. Ehrhart, L.M., K.A. Bjorndal, T.A. Henwood, B.A. Schroeder, S.R. Murphy, e E.E. Possardt. 1991. Recovery Plan for U.S. Population of Loggerhead Turtle. National Marine Fisheries Service, Washington, D.C. Hopkins-Murphy, S.R., D.W. Owens, e T.M. Murphy 2003. Ecology of immature loggerheads on foraging grounds and adults in internesting habitat in the eastern US. Páginas 79-92 in Bolten A.B. e B.E. Witherington (Eds.). Loggerhead sea turtles. Smithsonian Institution, Washington. Lucambio, F. 2006. Estimador Kernel da função de densidade. Departamento de Estatística, UFPR. Marcovaldi, M.A., e M. Chaloupka. 2007. Conservation status of the loggerhead sea turtle in Brazil: an encouraging outlook. Endangered Species Research 3:133-143. Marcovaldi, M.A., G.G. Lopez, L.S. Soares, E.H.S.M. Lima, J.C.A. Thomé, e A.P. Almeida. 2010. Satellite-tracking of female loggerhead turtles highlights fidelity behavior in Northeastern Brazil. Endangered Species Research 12:263-272. Monteiro, D.S., L. Bugoni, e S.C. Estima. 2006. Strandings and sea turtle fisheries interactions along the coast of Rio Grande do Sul State, Brazil. In: Book of Abstracts of 66th Annual Symposium on Sea Turtle Biology and Conservation. International Sea Turtle Society, Athens, Greece. Odebrecht, C., e V.M.T. Garcia. 1998. Fitoplâncton. Páginas 117-121 in Seeliger, U., C. Odebrecht, e J.P. Castello (Eds.). Os ecossistemas costeiro e marinho do extremo sul do Brasil. Ecoscientia, Rio Grande. Shoop, C.R., e R.D. Kenney. 1992. Seasonal distribution and abundance of loggerhead and leatherback sea turtles in waters of the northeastern United States. Herpetological Monographs 6:43-67.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil MONITORAMENTO DAS VARIAÇÕES ESPAÇO-TEMPORAIS EM ÁREAS DE ALIMENTAÇÃO DA TARTARUGA-VERDE Chelonia mydas NO COMPLEXO ESTUARINO DE PARANAGUÁ, PR, BRASIL
Mirella de Oliveira Leis1,*, Camila Domit2, Liana Rosa2, e Marcelo Renato Lamour1
1
Laboratório de Oceanografia Geológica, Centro de Estudos do Mar, Universidade Federal do Paraná.
2 Laboratório de Ecologia e Conservação – Tartarugas e Mamíferos Marinhos, Centro de Estudos do Mar, Universidade Federal do Paraná. * (mirellaleis@ufpr.br).
Palavras-chave: Halodule wrightii, área de cobertura, crescimento, impactos.
Introdução As cinco espécies de tartarugas-marinhas que ocorrem na costa brasileira encontram-se ameaçadas de extinção (IUCN 2011) e durante um longo período esforços para sua conservação foram focados em seu período reprodutivo, com monitoramento em praias de desova (Bjorndal 1999). No entanto, sendo a degradação de habitat um dos principais impactos que contribuem para a categoria de ameaça atual das tartarugas-marinhas, é importante, para garantir a efetividade das medidas de conservação, também considerar as áreas utilizadas para alimentação, forrageio e desenvolvimento de juvenis, que correspondem às utilizadas durante a maior parte de seu ciclo de vida (Bjorndal 1999). As pradarias de fanerógamas marinhas da espécie Halodule wrightii constituem áreas de alimentação e forrageio para a tartaruga-verde (Chelonia mydas), principalmente para indivíduos juvenis, e no litoral paranaense, são uma importante área de desenvolvimento para esta espécie (Sordo 2008; Rosa 2009; Guebert-Bartholo et al. 2011). Alterações na disponibilidade de sedimentos no ecossistema podem impactar o desenvolvimento de fanerógamas marinhas. Em decorrência do aumento da turbidez da água a incidência de luz é menor e este é um fator limitante para o desenvolvimento destas gramíneas (Short et al. 2007). Estas alterações podem ocorrer em decorrência de obras de dragagem portuária (Erftemeijer e Lewis-III 2006), ou mesmo pela sazonalidade da pluviosidade (Van Keulen e Borowitzka 2003). Eventos naturais de pequena escala permitem a recuperação e a adaptação das pradarias de fanerógamas marinhas, enquanto que impactos de larga escala podem resultar em transformação permanente (Cabaço et al. 2008). A compreensão da dinâmica espaço-temporal das pradarias de gramas-marinhas e quanto às pressões antrópicas a que estão submetidas fornece subsídios para o processo de gestão costeira e o estabelecimento de áreas prioritárias à conservação das tartarugas marinhas e de seu habitat. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi realizar um monitoramento quanto às variações espaçotemporais na cobertura e crescimento de Halodule wrightii em áreas rasas do Complexo Estuarino de Paranaguá (CEP). Além disso, estabelecer relações com possíveis impactos de origem antrópica e/ou natural e desta forma, documentar possíveis mudanças nas áreas de alimentação utilizadas pela tartaruga-verde.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Metodologia A área de estudo compreende duas áreas rasas do CEP (25º30’S/ 48º25’W), denominadas Saco do Limoeiro e Baixio do Perigo (Fig. 1). O Saco do Limoeiro localiza-se próximo à desembocadura estuarina, na face SW da Ilha do Mel, que abriga Unidades de Conservação, que correspondem a 95% da área total. O Baixio do Perigo estende-se pelo interior do CEP, próximo ao Porto de Paranaguá, onde são realizadas obras de dragagem no canal de acesso (Lamour e Soares 2007). As pradarias de fanerógamas marinhas da espécie Halodule wrightii recobrem 10,2 km² do CEP, em profundidades que variam de 1-5 m (Guebert-Bartholo et al. 2011) e apresentam picos de cobertura durante os meses mais quentes (Sordo 2008). Segundo Lana et al. (2001), a estação chuvosa ocorre entre os meses de Novembro e Abril e a estação seca, entre Maio e Outubro. A transparência da água apresenta maiores valores durante o período seco (Machado et al. 1997), com maiores concentrações de material particulado em suspensão durante o verão, devido a alta pluviosidade (Machado 2007). As campanhas amostrais foram realizadas durante os estofos de baixamar das marés de sizígia, nas estações seca (Setembro/2010) e chuvosa (Fevereiro/2011), que correspondem aos períodos em que espera-se encontrar picos de cobertura de fanerógamas marinhas no CEP (Guebert-Bartholo et al. 2011). As observações foram efetuadas em 30 pontos/campanha amostral, escolhidos aleatoriamente a partir de malhas amostrais de referência (~1900 pontos). Foram mensuradas as dimensões dos agregados e a altura dos filamentos, para os cálculos de área de cobertura e a altura média, em quadrantes de 100 m². Os resultados foram integrados em ambiente de geoprocessamento (ArcGIS 9.3), o que permitiu a geração de mapas temáticos, posteriormente submetidos a análise espacial de dados.
Figura 1. Mapa de localização do Complexo Estuarino de Paranaguá, com detalhamento das áreas rasas Baixio do Perigo e Saco do Limoeiro, e suas respectivas malhas amostrais de referência.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Resultados e Discussão Foram encontradas variações espaço-temporais na área de cobertura e no crescimento das fanerógamas marinhas. Foi observado que estes parâmetros se mantiveram constantes quando comparados o período seco e chuvoso no Saco do Limoeiro, com valores da razão área de cobertura total/número de pontos amostrados variando apenas de 14,4 a 17,7 m² e altura média que se manteve em ~5,5 cm. No Baixio do Perigo, houve a redução dos mesmos parâmetros, com a razão variando de 56,7 a 1,0 m² e altura média de 7,4 a 3,5 cm, para os períodos seco e chuvoso, respectivamente. Foi constatado em campo que, quando presentes, as fanerógamas marinhas encontravam-se soterradas durante o período chuvoso no Baixio do Perigo. Esta constatação sugere a ocorrência de um processo de acreção sedimentar localizado, que provavelmente foi o responsável pela redução na cobertura e desenvolvimento das fanerógamas marinhas. Neste contexto e considerando as atividades antrópicas realizadas na região no período, sugere-se que ocorreu um impacto sobre as pradarias em decorrência de obras de dragagem nos berços de atracação das áreas portuárias adjacentes, realizadas em Fevereiro/2011. A isto se podem somar as causas naturais, como o aumento sazonal de material particulado em suspensão e redução na transparência da água, correspondente ao período chuvoso, quando há maior aporte de partículas sedimentares para o interior do estuário (Machado et al. 1997; Machado 2007). Nas regiões internas do CEP, como o Baixio do Perigo, há intenso aporte sedimentar das bacias de drenagem fluvial durante os períodos chuvosos, se comparados aos verificados no Saco do Limoeiro, o qual é submetido à ação da dinâmica de desembocadura, com valores de transparência e material particulado em suspensão tipicamente menores (Cazati 2010). As pradarias sofreram alterações espaços-temporais e foi possível detectar que o efeito de atividades antrópicas amplia o efeito de alterações naturais. A influência a longo prazo pode causar a redução ou mesmo extinção das pradarias, o que causaria impactos a toda cadeia trófica, especialmente às tartarugas-verdes que dependem deste recurso alimentar.
Agradecimentos/Financiadores À Fundação Araucária pelo suporte financeiro ao projeto n°. 2009/023532.
Referências Bibliográficas Bjorndal, K.A. 1999. Priorities for research in foraging habitats. Páginas 134-136 in Eckert, K.L., K. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, e M. Donnely. (Eds.) Research and management techniques for the conservation of sea turtles. IUCN/SSC Marine Turtle Specialist Group Publication, No. 4. Cabaço, S., R. Santos, e C.M. Duarte. 2008. The impact of sediment burial and erosion on seagrasses: A review. Estuarine, Coastal and Shelf Science 79:354-366. Cazati, C.A. 2010. Fracionamento do fósforo em sedimentos superficiais do Complexo Estuarino de Paranaguá. Dissertação de Mestrado, UFPR, Pontal do Paraná. Erftemeijer, P.L.A., e R.R.R. Lewis-III. 2006. Environmental impacts of dredging on seagrasses: A review. Marine Pollution Bulletin 52:1553-1572. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Guebert-Bartholo, F.M., M. Barletta, M.F. Costa, e E.L.A. Monteiro-Filho. 2011. Using gut contents to assess foraging patterns of juvenile Green turtles Chelonia mydas in the Paranagua Estuary, Brazil. Endangered Species Research 13:131-143. IUCN. 2010. IUCN Red List of Threatened Species. Versão 2010.4. <www.iucnredlist.org>. Acessado em 26 de Abril 2011. Lamour, M.R., e C.R. Soares. 2007. Histórico das atividades de dragagem e taxas de assoreamento nos canais de navegação aos portos costeiros paranaenses. Páginas 232-234 in Boldrini, E.B., C.R. Soares, e E.V. Paula (Orgs.). Dragagens Portuárias no Brasil: Licenciamento e Monitoramento Ambiental. Antonina: Governo do Estado do Paraná; SEMA/PR; ADEMADAN; UNIBEM. Lana, P.C., E. Marone, R.M. Lopes, e E. Machado. 2001. The subtropical estuarine complex of Paranaguá Bay, Brazil. Ecological Studies 44. Seeliger, U. e B. Kjerfve (Eds.). Coastal marine ecosystems of Latin America. Machado, E.C., C.B. Daniel, N. Brandini, e R.L.V. Queiroz. 1997. Temporal and spatial dynamics of nutrients and particulate suspended matter in Paranaguá Bay, PR, Brazil. Nerítica 11:17-36. Machado, C.G. 2007. Caracterização química do material particulado em suspensão e sedimentos superficiais na zona de máxima turbidez no eixo Leste – Oeste do Complexo Estuarino de Paranaguá (CEP), PR, Brasil. Dissertação de Mestrado. UFPR, Curitiba. Rosa, L. 2009. Estudo da biologia reprodutiva na fase juvenil da tartaruga- verde (Chelonia mydas) no litoral do Estado do Paraná. Dissertação de mestrado, UFPR, Pontal do Paraná. Short, F., T. Carruthers, W. Dennison, e M. Waycott. 2007. Global seagrass distribution and diversity: A bioregional model. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 350:3-20. Van Keulen, M., e M.A. Borowitza. 2003. Seasonal variability in sediment distribution along an exposure gradient in a seagrass meadow in Shoalwater Bay, Western Australia. Estuarine, Coastal and Shelf Science 57:587-592.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil AGREGACIÓN DE TORTUGAS LAÚD (Dermochelys coriacea) AL SUR DEL PARALELO 40°S
Guillermo Svendsen1, Victoria González-Carman2,3, Ignacio Bruno3, Karina Alvarez4, Sergio Rodriguez Heredia4, Laura Prosdocimi5, Gabriela Williams6, Diego Albareda3,7, Silvana Dans6,8, Enrique Crespo6,8, Domingo Antonio Gagliardini6,9, y Mónica Torres8
Instituto Multidisciplinario de Investigación y Desarrollo de la Patagonia Norte Subsede San Antonio (CONICETUniversidad Nacional del Comahue), Güemes 1030, San Antonio Oeste (8520), Río Negro, Argentina (guillesen@ yahoo.es).
1
2
Instituto Nacional de Investigación y Desarrollo Pesquero (INIDEP)- CONICET, Buenos Aires, Argentina.
3
Aquamarina - Programa Regional de Investigación y Conservación de Tortugas Marinas de Argentina.
4
Fundación Mundo Marino, Buenos Aires, Argentina.
Laboratorio de Genética de Poblaciones, Facultad de Ciencias Exactas y Naturales, Universidad de Buenos Aires, Argentina. 5
6
Centro Nacional Patagónico (CONICET), Puerto Madryn, Chubut, Argentina.
7
Acuario del Jardín Zoológico de la Ciudad de Buenos Aires, Argentina.
8
Universidad Nacional de la Patagonia San Juan Bosco, Puerto Madryn, Chubut, Argentina.
9
Instituto de Astronomía y Física del Espacio, CONICET, Argentina.
Introdução La tortuga laúd (Dermochelys coriacea) es la especie de tortuga marina más ampliamente distribuida en todo el mundo, desde zonas tropicales, hasta zonas templado-frías y se encuentra catalogada como en peligro crítico de extinción por la Unión Internacional para la Conservación de la Naturaleza (IUCN 2011). El consumo desmedido de sus huevos y la captura incidental en pesquerías son las principales causas de la disminución de sus tamaños poblacionales. La plataforma continental argentina es un área de alimentación para adultos y subadultos de tortuga laúd principalmente durante el verano y otoño (López-Mendilaharsu et al. 2009; González-Carman et al. 2011). La mayoría de los registros de esta especie para el Mar Argentino se concentran entre los paralelos 35.5°S y 37.5°S, en la Bahía Samborombón y el cabo San Antonio (López-Mendilaharsu et al. 2009; González Carman et al. 2011). Existen también registros costeros más australes, en el sector noroeste de El Rincón, entre los paralelos 38.5°S y 39.5°S, que corresponden a unas pocas capturas incidentales y varamientos de animales muertos (González Carman et al. 2011). Hasta la fecha, se conoce muy poco acerca de las zonas de alimentación de las tortugas laúd en esta área. El objetivo del presente trabajo es reportar la primera observación de una agregación de tortugas laúd en el Mar Argentino en el área de El Rincón (al sur del paralelo 40°S), y describir distintos aspectos biológicos y ambientales del sector donde se la observó.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Metodología Los datos de la presencia de tortugas laúd en El Rincón provienen de registros obtenidos de una campaña de investigación y de datos de telemetría satelital. Entre el 21 y 26 de marzo de 2011, se realizó una campaña oceanográfica y biológica a bordo del Buque Oceanográfico “Pto. Deseado”, perteneciente al Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Tecnológicas de Argentina (CONICET). Durante esta campaña se realizaron transectas lineales diurnas para el relevamiento de aves y mamíferos marinos. La plataforma de observación fue la terraza del puente de mando, a una altura de 11 m sobre la superficie del agua. Se contó con dos observadores simultáneos, uno por cada banda, los cuales registraron la especie, el número de individuos y la actividad principal de los animales al momento del avistaje. También se tomó información de, la profundidad de fondo, la temperatura superficial del mar in situ (TSM) y la posición geográfica. Durante las transectas realizadas la velocidad del barco fue de 5 nudos. Los datos de telemetría satelital provienen de una tortuga laúd (Gioconda) capturada accidentalmente por una embarcación artesanal en la Bahía Samborombón el 6 de abril de 2010. El animal medía 1,50 m de largo de caparazón y su peso se estimó en 300 kg. Para su seguimiento se utilizó un transmisor Satellite Relay Data Loggers (Mammal Research Unit, St Andrews, UK) sujeto a la tortuga a través de un arnés. Las posiciones de la tortuga fueron obtenidas a partir del servicio Argos. Para el presente trabajo se seleccionaron sólo las posiciones emitidas en El Rincón. Para describir aspectos ambientales del área en donde se observaron las tortugas, también se utilizaron imágenes satelitales AVHRR de TSM, obtenidas de la Comisión Nacional de Actividades Espaciales. Las imágenes correspondieron a distintos días del mes de marzo, de las cuales se seleccionó la imagen con menor cobertura de nubes. La imagen fue procesada con los programas ERDAS e Imagine v8.7. El producto TSM fue calculado mediante los algoritmos MCSST (Multi Channel Sea Surface Temperature). Posteriormente la imagen fue rectificada y georreferenciada a un sistema esférico lat-long WGS84 con una resolución de 1,1 km x 1,1 km en el nadir. Los pixeles correspondientes a la tierra y a las nubes fueron enmascarados.
Resultados y Discusión Durante la campaña de investigación se realizaron 11 transectas, totalizando 364 km de esfuerzo de observación. Durante la segunda transecta del día 21 de marzo se observaron 5 tortugas laúd entre los paralelos 40.295°S y 40.438°S y sobre el meridiano 61.589°W (Fig. 1). Todas las tortugas estaban separas entre sí, y la distancia entre dos registros consecutivos varió entre 1.6 y 7.5 km. La distancia entre el primer individuo observado y el último fue de 15 km. Todas las tortugas observadas se encontraban en la superficie, con la cabeza fuera del agua y sin trasladarse. En uno de los casos pudo observarse que la tortuga se sumergía parcialmente sacando fuera del agua la cabeza o una de las aletas anteriores. En otro de los casos se observó la inmersión completa de la tortuga sin aparecer nuevamente en el campo visual. El área donde se avistaron las tortugas se encuentra aproximadamente a 50 km de la costa de la Provincia de Buenos Aires, con una profundidad media de 30 m y una temperatura superficial del agua (in situ) de 20°C. Para la misma fecha, Gioconda emitió posiciones a 28 km de distancia de donde se observaron los otros cinco individuos (Fig. 1). Gioconda permaneció en la zona sur de El Rincón durante todo el mes de marzo y los primeros días de abril (Fig. 1). El área donde se observó la mayor densidad de posiciones de Gioconda y donde se observaron las tortugas desde el buque está caracteriza por una zona de gradiente de TSM del orden de los 3°C en una distancia de 40 km (Fig. 1). VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil El presente trabajo reporta la agregación de tortugas laúd más austral registrada hasta el momento. La misma contó con un mínimo de 6 individuos en un espacio marítimo de 45 km de longitud. Durante los avistajes no se observó directamente el comportamiento de alimentación de los animales. Sin embargo, sí se observaron grupos de aves alimentándose y cardúmenes de peces saltando fuera del agua. Esto sugiere que el área relevada presentaba una alta productividad biológica, la cual se corresponde con una zona de gradiente térmico relativamente importante (Fig. 1).
Figura 1. Posiciones geográficas de las tortugas observadas desde el buque “Pto Deseado” y de la tortuga Gioconda, monitoreada satelitalmente en el sector sur de El Rincón.
En otra transecta realizada a 80 km de donde se avistaron las tortugas, se registró la presencia de medusas de la especie Chrysaora lactea. Si bien no se registró sistemáticamente la densidad de medusas, se observaron individuos e a lo largo de 50 km en forma constante, lo que sugiere una importante disponibilidad de alimento cercana a la zona donde se avistaron las tortugas y donde permaneció Gioconda durante un mes. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil En las costas de la provincia de Buenos Aires se ha registrado la captura incidental de tortugas laúd en redes de enmalle y en redes arrastreras (González-Carman et al. 2011; Domingo et al. 2006), especialmente en la Bahía Samborombón. Dado que la flota arrastrera también opera en el área de El Rincón, se recomienda monitorear esta zona para determinar si existe o no captura incidental.
Agradecimientos Los autores desean agradecer la colaboración, logística y financiación brindadas por las siguientes entidades: Las tripulaciones del Buque Oceanográfico Puerto Deseado (Armada Argentina) y de los barcos pesqueros Costero Argentino, La Gioconda y Siempre Renegado; Comisión Nacional de Actividades Espaciales; Instituto de Biología Marina y Pesquera Almirante Storni; Universidad Nacional de la Patagonia San Juan Bosco; Fundación BBVA; Agencia Nacional de Promoción Científica y Tecnológica; The Mohamed Bin Zayed Species Conservation Fund; Secretaria de Turismo de la Provincia de Chubut; World Wide Fund for Nature; Fundación Vida Silvestre Argentina; Dirección de Áreas Protegidas de Buenos Aires; Organismo Provincial Desarrollo Sostenible (Buenos Aires).
Referencias Bibliográficas Domingo A., L. Bugoni, L. Prosdocimi, P. Miller, M. Laporta, D.S. Monteiro, A.A. Estrades, e D.A. Albareda. 2006. El impacto generado por las pesquerías en las tortugas marinas en el Océano Atlántico Sud Occidental. San José, Costa Rica: WWF Programa Marino para Latinoamérica y el Caribe. González-Carman V., K.C. Álvarez, L. Prosdocimi, M.C. Inchaurraga, R.F. Dellacasa, A. Faiella C. Echenique, R. González, J Andrejuk, H.W. Mianzan, C Campagna e D.A. Albareda. 2011. Argentinian coastal waters: A temperate habitat for three species of threatened sea turtles. Marine Biology Research 7:500-508. IUCN. 2011. IUCN Red List Downloaded on 25 August 2011.
of
Threatened
Species.
Version
2011.1.
<www.iucnredlist.org>.
López-Mendilaharsu M., C.F.D. Rocha, P. Miller, A. Domingo, e L. Prosdocimi. 2009. Insights on leatherback turtle movements and high use areas in the Southwest Atlantic Ocean. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 378:31-39.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil DISTRIBUCION ESPACIO-TEMPORAL DE LA TORTUGA SIETE QUILLAS EN EL AMBIENTE OCEÁNICO DEL ATLÁNTICO SUR OCCIDENTAL
Philip Miller1, y Andrés Domingo2
Centro de Investigación y Conservación Marina – CICMAR. Av. Giannattasio km 30.5, El Pinar, Uruguay (philip. miller@cicmar.org).
1
Dirección Nacional de Recursos Acuáticos - DINARA. Constituyente 1497, Montevideo, Uruguay (adomingo@ dinara.gub.uy).
2
Palabras clave: captura incidental, programa de observadores, palangre, conservación, Uruguay
Introducción Las tortugas marinas utilizan diferentes hábitats que pueden estar separados miles de kilómetros, realizando extensas migraciones (Pritchard 1973). Las hembras adultas de la tortuga siete quillas (Dermochelys coriacea) al finalizar su temporada reproductiva en la costa Atlántica africana migran hacia áreas de alimentación muy distantes, en algunos casos a lo largo de parte de la costa este de América del Sur (Billes et al. 2006; Fossette et al. 2010; Witt et al. 2011). Además de utilizar el ambiente oceánico durante su migración desde África hacia América, las tortugas siete quillas también lo utilizan durante el período en el que permanecen en el Océano Atlántico Sudoccidental (ASO) (Almeida et al. en prensa; López-Mendilaharsu et al. 2009).
ERRATA: ESTE RESUMO FOI REMOVIDO, A PEDIDO DO AUTOR COMISSÃO ORGANIZADORA.
Las tortugas siete quillas son accidentalmente capturada por pesquerías de palangre pelágico en el ASO (Domingo et al. 2006; Sales et al. 2008). A pesar de que en aguas oceánicas de esta región operan desde hace décadas flotas palangreras de varios países, son pocas las pesquerías que cuentan con un monitoreo abordo sistemático que brinde información de las capturas incidentales así como de la localización y estacionalidad de las mismas, aportando al conocimiento de la ecología de esta especie. El objetivo del presente trabajo es brindar información sobre la distribución espacio-temporal de las tortugas siete quillas en el ASO a partir de las capturas incidentales en la flota pesquera uruguaya que opera con palangre pelágico. Esta información es un insumo para el establecimiento de medidas de manejo y ordenación pesquera que permitan disminuir los potenciales impactos sobre las poblaciones de tortugas siete quillas.
Metodología Se analizaron datos de capturas accidentales de tortuga siete quillas en palangreros uruguayos que operaron en el ASO durante el período 1998 – 2009. Los datos, obtenidos por el Programa Nacional de Observadores de la Flota Atunera (PNOFA), abarcan un total de 1.849 lances de pesca y 3.593.127 anzuelos observados. Se calculó la captura por unidad de esfuerzo (CPUE) como el número de individuos capturados cada 1000 anzuelos. Para analizar la distribución espacial de las capturas, se elaboraron mapas tomando como referencia del esfuerzo de muestreo la posición del inicio de calado de cada lance de pesca, agrupando los datos en celdas de 5°x5°. Los análisis espaciales fueron desarrollados utilizando el software ArcGIS 10 (ESRI). Para analizar la VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil estacionalidad de las capturas, se dividió el año en cuatro períodos: verano (Enero, Febrero, Marzo), otoño (Abril, Mayo, Junio), invierno (Julio, Agosto, Setiembre) y primavera (Octubre, Noviembre, Diciembre).
Resultados y Discusión Se capturó un total de 525 tortugas siete quillas en 308 lances (16,6% de los lances monitoreados), registrándose un CPUE total de 0,15 ind/1.000 anzuelos. Las capturas ocurrieron en toda el área de pesca (aguas internacionales del ASO, al sur de los 20°S y al oeste de 20°W, y aguas oceánicas de la Zona Común de Pesca Argentino-Uruguaya), aunque los valores de CPUE no fueron iguales en toda la zona. Las mayores CPUE corresponden a las celdas ubicadas al sur de los 30°S, en las proximidades del talud continental frente a Uruguay y el sur de Brasil. Esta área se encuentra bajo la influencia de la Convergencia Sub-tropical (Acha et al. 2004, Olson et al. 1988), y constituye un importante sistema frontal que podría favorecer la presencia y acumulación de zooplankton gelatinoso (Graham et al. 2001), principal alimento de la tortuga siete quillas (James y Herman 2001). Los mayores valores de CPUE ocurrieron en primavera (0,27 ind/1.000 anzuelos), seguida de otoño, invierno (CPUE = 0,14 y 0,13 ind/1.000 anzuelos, respectivamente) y verano (0,08 ind/1.000 anzuelos). Durante todas las estaciones, los mayores valores de CPUE correspondieron a celdas situadas al sur de los 30°S.
ERRATA: ESTE RESUMO FOI REMOVIDO, A PEDIDO DO AUTOR
No se registraron capturas en la zonas de pesca situadas próximas a la Elevación de Rio Grande durante la primavera. Esto podría estar relacionado a dos factores: 1) los individuos que van a reproducirse en la siguiente temporada (noviembre-enero) ya se encuentran ocupando zonas más próximas a las respectivas playas; o 2) los individuos que no se reproducirán durante dicha temporada se encuentran en zonas más productivas como los ambientes costeros y oceánicos próximos al talud continental en el sur de Brasil, Uruguay, y norte de Argentina (López-Mendilaharsu et al. 2009; Fossette et al. 2010; Almeida et al. en prensa; González-Carman et al. 2011). Por otro lado, los valores mínimos de CPUE registrados durante el verano podrían estar relacionados con un desplazamiento de los individuos hacia zonas de reproducción y de alimentación que se encuentran fuera de la zona de pesca de esta flota.
COMISSÃO ORGANIZADORA.
Los resultados de este trabajo, demuestran que las tortugas siete quillas son susceptibles de ser capturadas por buques palangreros en una amplia región del ASO, la cual es utilizada por buques pesqueros de diversos países. Aunque los resultados son interesantes, representan apenas lo que sucede en la flota palangrera de Uruguay, cuyo esfuerzo de pesca es una fracción muy pequeña del total desarrollado en el ASO. Esto evidencia la imperativa necesidad de que cada país obtenga y brinde información sobre capturas incidentales, para poder consolidar una base de conocimiento más robusta y abarcadora que permita optimizar el desarrollo e implementación de medidas de mitigación de la captura incidental a nivel regional.
Agradecimientos/Financiadores Agradecemos a los compañeros de CICMAR, y a los observadores de DINARA. Philip Miller agradece especialmente el apoyo provisto por Esri Conservation Program, y Society for Conservation GIS.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Referencias Bibliográficas Acha, E.M., H. Mianzan, R. Guerrero, M. Favero, y J. Bava. 2004. Marine fronts at the continental shelves of austral South America. Physical and ecological processes. Journal of Marine Systems 44:83-105. Almeida, A.P., S.A. Eckert, S.C. Bruno, J.T. Scalfoni, B. Giffoni, M. López-Mendilaharsu, y J.C.A. Thomé. En prensa. Satellite-tracked movements of female Dermochelys coriacea from southeastern Brazil. Endangered Species Research. doi: 10.3354/esr00359 Billes, A., J. Fretey, B. Verhage, B. Huijbregts, B. Giffoni, L. Prosdocimi, D. A. Albareda, J.-Y. Georges, y M. Tiwari, 2006. First evidence of Leatherback Movement from Africa to South America. Marine Turtle Newsletter 111:13-14. Domingo, A., L. Bugoni, L. Prosdocimi, P. Miller, M. Laporta, D. Monteiro, A. Estrades, y D. Albareda. 2006. The impact generated by fisheries on Sea Turtles in the Southwestern Atlantic. San José, Costa Rica, WWF Progama Marino LAC. Fossette, S., C. Girard, M. López-Mendilaharsu, P. Miller, A. Domingo, D. Evans, L. Kelle, V. Plot, L. Prosdocimi, S. Verhage, P. Gaspar, y J.Y. Georges. 2010. Atlantic Leatherback Migratory Paths and Temporary Residence Areas. PLoS ONE 5:e13908. González Carman, V., K.C. Álvarez, L. Prosdocimi, M.C. Inchaurraga, R.F. Dellacasa, A. Faiella, C. Echenique, R. González, J. Andrejuk, H.W. Mianzan, C. Campagna, y D.A. Albareda. 2011. Argentinian coastal waters: A temperate habitat for three species of threatened sea turtles. Marine Biology Research 7:500-508.
ERRATA: ESTE RESUMO FOI REMOVIDO, A Graham, W.M., F. Pages, y W.M. Hamner. 2001. A physical context for gelatinous zooplankton aggregations, a PEDIDO DO AUTOR review. Hydrobiologia 451:199-212. COMISSÃO ORGANIZADORA.
James, M.C., y T.B. Herman. 2001. Feeding of Dermochelys coriacea on medusae in the Northwest Atlantic. Chelonian Conservation Biology 4:202-205. López-Mendilaharsu, M, C.F.D. Rocha, P. Miller, A. Domingo, y L. Prosdocimi. 2009. Insights on leatherback turtle movements and high use areas in the Southwest Atlantic Ocean. Journal of Experimental Marine Biology and Ecology 378:31-39. Olson, D.B., G.P. Podestá, R.H. Evans, y O.B. Brown. 1988. Temporal variations in the separation of the Brazil and Malvinas Currents. Deep Sea Research Part A 35:1971-1990 Pritchard, P.C.H. 1973. International migrations of South American sea turtles (Cheloniidae and Dermochelidae). Animal Behaviour 21:18-27. Sales, G., B. Giffoni, y P.C.R Barata. 2008. Incidental catch of sea turtles by the Brazilian pelagic longline fishery. Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom 88:853-864. Witt, M.J., E.A. Bonguno, A.C. Broderick, M.S. Coyne, A. Formia, A. Gibudi, G.A. Mounguengui Mounguengui, C. Moussounda, M. NSafou, S. Nougessono, R.J. Parnell, G.P. Sounguet, S. Verhage, y B.J. Godley. 2011. Tracking leatherback turtles from the world’s largest rookery: assessing threats across the South Atlantic. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences. [doi: 10.1098/rspb.2010.2467]
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil PESCA INCIDENTAL DE TORTUGAS MARINAS EN LA ZONA ESTUARINA INTERNA DEL RÍO DE LA PLATA, URUGUAY
Natalia Viera1, 2, Diana Szteren3, y Cecilia Lezama2
1
Facultad de Ciencias, Iguá 4225, Montevideo 11400, Uruguay. (vieralopeznatalia@gmail.com).
2
Karumbé, Centro de Tortugas Marinas, Rivera 3245, Montevideo 11300, Uruguay.
3
Sección Zoología de Vertebrados, Facultad de Ciencias.
Palabras clave: Chelonia mydas, Caretta caretta, Dermochelys coriacea, pesquería artesanal, captura incidental.
Introducción El estuario del Río de la Plata es un importante hábitat de alimentación, desarrollo y corredor migratorio para al menos tres de las cinco especies de tortugas marinas del Atlántico Sur Occidental: Chelonia mydas (tortuga verde), Caretta caretta (tortuga cabezona) y Dermochelys coriacea (tortuga siete quillas o tortuga laúd) (Lopez-Mendilaharsu et al. 2006; González-Carman et al. 2011). La captura incidental de tortugas marinas por parte de las pesquerías (tanto artesanales como industriales) es reconocida mundialmente como una de las principales causas de mortalidad de estos organismos (Oravetz 2000). En Uruguay los estudios realizados acerca de la interacción de tortugas marinas con las pesquerías artesanales son escasos. En el periodo 2002-03 se realizó un primer monitoreo en las localidades de San Luis, Piriápolis (Depto. Maldonado) y Valizas (Depto. Rocha), observando un total de 73 capturas incidentales de tortugas marinas, todas con redes de enmalle de fondo (Lezama et al. 2004). En el período 2004-05 se llevó a cabo un segundo estudio en la zona pesquera conocida como “Bajos del Solís”, en la zona estuarina externa (ZEE) del Río de la Plata (Fig. 1), durante el cual se capturaron 21 tortugas verdes, estimándose una captura anual para el total de la flota artesanal de 497 individuos (95% IC = 260 – 781) (Lezama 2009). A pesar de los numerosos reportes de pescadores artesanales a lo largo de los últimos años (Anonymous 2008; C. Lezama pers. comm), aún no se ha evaluado la captura incidental de tortugas marinas en la zona estuarina interna (ZEI) del Río de la Plata. El objetivo de este trabajo es analizar la variación espacio-temporal de las capturas de tortugas marinas en la ZEI del Río de la Plata y estimar el número de tortugas capturadas por el total de la flota que operó en el área de estudio.
Metodología Entre octubre del 2009 y junio del 2010 se realizaron 45 observaciones a bordo de embarcaciones artesanales que operan en la zona comprendida entre la localidad de Kiyú (34º41’5.60’’S-56º44’54.97’’O) y la desembocadura del Arroyo Santa Lucía (34º47’08.13’S 56º21’41.29’’O) (Fig. 1). Para cada evento de pesca se colectó información acerca de la superficie de las redes de enmalle utilizadas, la luz de malla, el tiempo de reposo que presentaron y la ubicación geográfica (con GPS). Se entiende VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil por evento de pesca la actividad pesquera en una zona particular, debido a que durante una misma salida de pesca los pescadores frecuentemente exploran más de una zona y el esfuerzo realizado por las artes en cada una de dichas zonas es diferente, por lo cual los datos deben ser tratados separadamente (Lezama 2009). Las ubicaciones geográficas de cada evento muestreado fueron mapeadas con el programa Google Earth 6.0.2. y a partir de este mapeo se obtuvieron las distancias mínimas a la costa de cada uno. Para cada evento de pesca se calculó la captura por unidad de esfuerzo (CPUE) de tortugas marinas como el número de tortugas capturadas sobre la superficie y tiempo de reposo de redes caladas. Para detectar posibles diferencias de la CPUE entre estaciones del año se realizaron pruebas no-paramétricas de KruskalWallis (H) (Sokal y Rohlf 1979) ya que la variable no cumplió con los supuestos de normalidad y homogeneidad de varianzas. Para estimar la captura incidental total para el período de estudio, se obtuvieron los registros de salidas de pesca diarios de la Sub-Prefectura del Puerto de Santiago Vázquez. La tasa de captura incidental se calculó como el cociente entre el número de eventos con capturas y el total de eventos muestreados. Se obtuvo la captura incidental estimada como el producto entre la tasa de captura y el número de salidas de pesca realizadas (con redes de enmalle) por el total de la flota artesanal que operó en el área de estudio. Los intervalos de confianza de 95% para dicha estimación fueron calculados mediante la técnica de remuestreo de Boostrap (Canty 2002).
Figura 1. a) Ecorregiones de la costa uruguaya: zonas estuarina interna, estuarina externa y oceánica. b) Área de estudio ubicada en la región estuarina interna del Río de la Plata. Los puntos en el mapa indican las 45 salidas a bordo en las localidades de Kiyú y Playa Pascual. Los puntos circulares indican las salidas a bordo en que hubo captura de tortugas marinas. Cm: Chelonia mydas, Cc: Caretta careta, Dc: Dermochelys coriacea. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Resultados y Discusión Se capturaron un total 4 C. mydas, 2 C. caretta y una D. coriacea; solamente esta última fue encontrada con vida. Estas capturas ocurrieron en su totalidad en la localidad de Kiyú. La CPUE mostró diferencias significativas a lo largo de las estaciones, siendo la primavera la estación con mayores capturas (H = 11,46; gl = 2; P = 0,002). Esto difiere de lo encontrado en estudios realizados en la ZEE del Río de la Plata donde se observó también una variabilidad temporal de las capturas, pero la estación más crítica fue el verano (Lezama 2009; Rivas y Lezama en prensa). Todas las capturas ocurrieron en aguas poco profundas a menos de 2 km de la costa (Fig. 1), lo que coincide con lo encontrado por Lezama (2009) en la ZEE quien constató una zona de riesgo elevado de captura a menos de 2 km de la costa. Para el período de estudio se obtuvo una tasa de captura incidental de 0,15 tortugas/evento de pesca similar a lo encontrado en la ZEE (0,11 tortugas/evento de pesca) (Lezama 2009). Se estimó un total de 55 tortugas marinas (IC al 95% de 16 – 95) capturadas incidentalmente, cifra que resultó notoriamente menor a lo estimado por Lezama (2009), quien estimó una captura anual de 497 tortugas verdes (IC al 95% = 260-781). Estos resultados muestran que los pescadores que operaron en la ZEI realizaron un menor esfuerzo de pesca que el registrado por Lezama (2009) en la ZEE y por tanto esta pesquería no sería de mucho impacto sobre las poblaciones de tortugas marinas. No obstante el esfuerzo pesquero realizado por los artesanales en la ZEI está subestimado ya que muchos pescadores salen sin reportarse a la Prefectura Naval de la zona. Es por este motivo que se considera sumamente importante seguir monitoreando la captura incidental de tortugas marinas en esta área.
Agradecimientos Agradecemos a National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) por el financiamiento. A los pescadores Popo y Lobito de las localidades de Kiyú y Playa Pascual por su invaluable colaboración.
Referencias Bibliográficas Anonymous. 2008. Turtle deaths in Uruguay. IAC Bulletin 6: 2. Disponible en: http://www.iacseaturtle.org/English/ boletincit.asp. Canty A.J. 2002. Resampling Methods in R: The boot Package. The Newsletter of the R Project 2/3:2-7. Defeo, O., S. Horta, A. Carranza, D. Lercari, A. de Álava, J. Gómez, G. Martínez, JP. Lozoya, E. Caletano. 2009. Hacía un manejo ecosistémico de pesquerías. Áreas Marinas Protegidas en Uruguay. Facultad de CienciasDINARA, Montevideo. González-Carman, V., K.C. Alvarez, L. Prosdocimi, M.C. Inchaurraga, R.F. Dellacasa, A. Faiella, C. Echenique, R. Gonzalez, J. Andrejuk, H.W. Mianzan, C. Campagna, y D.A. Albareda. 2011. Argentinian coastal waters: a temperate habitat for three species of threatened sea turtles. Marine Biology Research 7:500-508. Lezama, C., P. Miller, y A. Fallabrino. 2004. Incidental capture of sea turtles by the artisanal fishery fleet of Uruguay. Página 61 in Abstracts of the 4th World Fisheries Congress. Vancouver, B.C., Canada. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Lezama, C. 2009. Impacto de la pesquería artesanal sobre la tortuga verde (Chelonia mydas) en las costas del Río de la Plata exterior. Tesis de Maestría del Programa de Desarrollo de las Ciencias Básicas (PEDECIBA), Área Biología-Subárea Zoología. Facultad de Ciencias, Universidad de la República. 82pp. López-Mendilaharsu, M., A. Estrades, M.N. Caraccio, V. Calvo, M. Hernandez, y V. Quirici. 2006. Biología, ecología y etología de las tortugas marinas en la zona costera uruguaya. Páginas 247-257 in Menafra, R., L. RodríguezGallego, F. Scarabino, y D. Conde (Eds.) Bases para la Conservación y el Manejo de la costa Uruguaya. Vida Silvestre, Uruguay. Oravetz, C.A. 2000. Reducción de la captura incidental en pesquerías. Páginas 217-221 in Eckert, K.L., K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, y M. Donnelly (Eds.) Técnicas de investigación y manejo para la conservación de las tortugas marinas, Grupo Especialista en Tortugas Marinas UICN/CSE Publicación No. 4. Rivas, F., y C. Lezama. (en prensa) ¿Encuentro casual? Chelonia mydas y Dermochelys coriacea capturadas por la pesquería artesanal en Bajos del Solís, Uruguay. In Resumenes de las V Jornadas de Investigación y Conservación de Tortugas Marinas del Atlántico Sul Occidental, Florianópolis, Brasil. Sokal, R.R., y F.J. Rohlf. 1979. Biometría. Principios y métodos estadísticos en la investigación biológica. H. Blume Ediciones, Madrid, España.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil INTERAÇÃO DE TARTARUGAS MARINHAS COM AS PESCARIAS DE REDE DE EMALHE NO MUNICÍCIPO DE BARRA VELHA, SC, BRASIL.
Daniele M. Pazeto1, Fernando N. Fiedler2, e Leo L.V. de Lacerda1
Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar, Universidade do Vale do Itajaí, Rua Uruguai, 458, Centro, Itajaí SC, 88302-202. (daninnha@hotmail.com). 1
2
Fundação Pró-Tamar, Av. Ministro Victor Konder, 374, Centro, Itajaí SC, 88301-700.
Palavras-chave: Captura incidental, Caretta caretta, Chelonia mydas, mortalidade.
Introdução Impactos humanos sobre os oceanos do mundo são extensos e variados, garantindo a gestão urgente e global dos recursos marinhos em muitos lugares (Halpern et al. 2008). A pesca, uma das principais fontes de renda para bilhões de pessoas no mundo (FAO 2009), é uma das principais influencias antrópicas sobre os sistemas marinhos, afetando diversas populações de animais (Jackson et al. 2001; Pauly et al. 2005). Segundo Oravetz (1999), a captura incidental pela atividade pesqueira é o maior fator do declínio das diversas populações de tartarugas marinhas ao redor do mundo. Esta captura incidental provoca morte, por afogamento, quando as tartarugas ficam presas às redes (Bugoni et al. 2001). No Brasil, cinco das sete espécies de tartarugas marinhas existentes no mundo são encontradas utilizando a costa, tanto para alimentação quanto para desova (Marcovaldi e Marcovaldi 1999). O litoral do Estado de Santa Catarina inclui costões rochosos onde a vida marinha é abundante. Atraídas pela disponibilidade de alimento, frequentemente são encontradas na costa catarinense as cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil (Wanderlinde 1993). O município de Barra Velha foi escolhido para o desenvolvimento desse estudo por ter forte influência da pesca artesanal (Mazzoleni e Fiedler, dados não publicados). A ocorrência de tartarugas marinhas nas redes de pesca de emalhe da comunidade da Praia da Canoa (26º37’57”S; 48º41’06”W), município de Barra Velha, tem sido relatada constantemente pelos pescadores (A. Batista e R. Mazzoleni, com. pess.), já que estas pescarias ocorrem durante o ano todo por pescadores autônomos, os quais exercem a atividade individualmente ou em parcerias (Silva 2006). Este trabalho tem como objetivo relatar pela primeira vez a captura incidental de tartarugas marinhas nas pescarias de rede de emalhe, identificando o tipo de pescaria que mais interage com estes animais e as áreas de maior ocorrência.
Metodologia A Praia da Canoa situa-se na porção central do município de Barra Velha. Limita-se ao sul com a Praia do Tabuleiro e ao norte com a praia da Península. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil A coleta de dados de captura incidental de tartarugas marinhas foi realizada entre setembro de 2010 e maio de 2011 por meio de um caderno de captura preenchido voluntariamente pelos pescadores, contendo os seguintes dados: i) data da captura; ii) Área de pesca; iii) horas da rede na água; iv) se houve captura de tartarugas marinhas; iv) espécie capturada; v) condição da mesma (viva ou morta). O caderno de captura foi distribuído para o pescador responsável por cada embarcação e ao final de cada semana era recolhido e um novo era fornecido. Câmeras fotográficas descartáveis foram disponibilizadas para alguns pescadores, para que as tartarugas capturadas fossem fotografadas, minimizando os erros de identificação. Associações entre variáveis qualitativas foram testadas por meio da prova do qui-quadrado com nível de significância de 5%.
Resultados e Discussão Um total de 87 tartarugas marinhas foram capturadas em 60 (3,1%) de 1998 registros, sendo cada um referente aos lances de cada barco em determinada data.. Nota-se que a espécie C. mydas apresentou a maior taxa de captura com 68 (89,5%) capturas incidentais e a espécie C. caretta apresentou 8 (10,5%) capturas incidentais. Testada a associação entre a captura de tartarugas marinhas e a área de pesca por meio da prova quiquadrado, observou-se que o percentual de captura no Sul (28,6%) e Laje (18,2%) foi significativamente maior que os demais (P = 0,0001) (Fig. 1). Esses locais se localizam próximos a formações rochosas, corroborando assim com a dieta herbívora da espécie C. mydas nestes locais. A distribuição dos lances monitorados pela pescaria não foi homogênea: 324 lances (16,2%) foram da pescaria de rede de emalhe para sororoca e guaivira, 104 (5,2%) para corvina, 1261 (63,1%) para pescada e 309 (15,5%) para linguado e garoupa – popularmente conhecida como malhão.
Figura 1. Distribuição da captura incidental de tartarugas marinhas em relação à área de pesca em Barra Velha, litoral de Santa Catarina, Brasil. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Tabela 1. Número de capturas de tartarugas marinhas em Barra Velha, Santa Catarina, de acordo com a condição e tipo de pescaria.
A análise das capturas em relação às pescarias permitiu concluir que o malhão é a maior preocupação quando relacionada com as capturas de tartaruga. Das 87 tartarugas capturadas, 76 foram realizadas por esta pescaria, e destas, 50 encontravam-se mortas (Tabela 1). Deve-se reconhecer que o tipo de pescaria de malhão é uma questão global que envolve interação com dezenas de espécies de capturas incidentais (Soykan et al. 2008), corroborando com esse estudo, onde destacase os maiores efeitos negativos quando relacionados com as capturas incidentais de tartarugas marinhas.
Agradecimentos/Financiadores Agradecemos pelos pescadores da Praia da Canoa, por terem ajudado no desenvolvimento desde trabalho e ao Projeto TAMAR, que disponibilizou informações, fortalecendo os dados dessa pesquisa.
Referências Bibliográficas Bugoni, L., L. Krause, M.V. Petry. 2001.Marine debris and human impacts on sea turtles in southern Brazil. Marine Pollution Bulletin 42:1330-1334. FAO Fisheries and Aquaculture Department. 2009. The state of world fisheries and aquaculture. Food and Agriculture Organization of the United Nations, Rome. Halpern, B.S., S. Walbridge, K.A. Selkoe, C.V. Kappel, F. Micheli, C. D’Agrosa, J.F. Bruno, K.S. Casey, C. Ebert, H.E. Fox, R. Fujita, D. Heinemann, H.S. Lenihan, E.M.P. Madin, M.T. Perry, E.R. Selig, M. Spalding, R. Steneck, e R. Watson. 2008. A global map of human impact on marine ecosystems. Science 319:948-952. Jackson, J.B.C., M.X. Kirby, W.H. Berger, K.A. Bjorndal, L.W. Botsford, B.J. Bourque, R.H. Bradbury, R. Cooke, J. Erlandson, J.A. Estes, T.P. Hughes, S. Kidwell, C.B. Lange, H.S. Lenihan, J.M. Pandolfi., C.H. Peterson, R.S. Steneck, M.J. Tegner, e R.R. WarnerR. 2001. Historical overfishing and the recent collapse of coastal ecosystems. Science 293:629-638. Marcovaldi, M.Â., e G.G. Marcovaldi, 1999. Marine turtles of Brazil: the history and structure of Projeto TAMARIBAMA. Biological Conservation 91:35-41. Oravetz, C.A.; Reducing incidental catch in fisheries. Páginas 189-193 in Eckert, K.L., K.A. Bjorndal, F.A. AbreuGrobois, M. Donnelly. Research and management techniques for the conservation of sea turtles. Pennsylvania, USA: IUCN/SSC Marine Turtle Specialist Group. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Pauly, D.P., R. Watson, e J. Alder. 2005. Global trends in world fisheries: impacts on marine ecosystems and food security. Philosophical Transasctions of the Royal Society B 360:5-12. Silva, M.I. 2006. Etnoecologia sobre a tartaruga marinha e a sua captura incidental na pesca de pequena escala: estudo de caso na Praia da Canoa (Barra Velha/SC). Monografia do Curso de Ciências Biológicas. UNIVALI, SC. Soykan, C.U., J.E. Moore, L.B. Crowder, C.S. Safina, R.L. Lewison. 2008. Why study bycatch? An introduction to the theme section on fisheries bycatch. Endangered Species Research 5:91-102. Wanderlinde, J. 1993. Levantamento taxonômico na Ilha de Santa Catarina (SC) e estudos de marcação e proteção das tartarugas marinhas na base de Interlagos (BA). Monografia do Curso de Ciências Biológicas, UFSC, Florianópolis.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil INFLUÊNCIA DA LUMINOSIDADE NA CAPTURA INCIDENTAL DE TARTARUGAS VERDES (Chelonia mydas) E DE PEIXES NAS REDES DE EMALHE COSTEIRA EM UBATUBA/SP
Geraldo de França Ottoni-Neto1, José Henrique Becker2, Bruno de Barros Giffoni2, Fernando Siqueira Alvarenga2, Rafael Israel Santos Tavares2, Mariana de Karam e Brito2, e Berenice Maria Gomes Gallo2
Centro TAMAR/ICMBio, Rua Antonio Athanásio, 273, Itaguá, Ubatuba/SP, CEP 11680-000 (geraldo@tamar.org. br).
1
Fundação Pró-Tamar, Rua Antonio Athanásio, 273, Itaguá, Ubatuba/SP, CEP 11680-000 (curupira@tamar.org. br). 2
Palavras-chave: by-catch, emalhe, mitigação, tartarugas marinhas.
Introdução A captura incidental na pesca é uma das maiores ameaças às populações de tartarugas marinhas. Wallace et al. (2010) estimou que aproximadamente 85.000 tartarugas foram capturadas no mundo por redes de emalhe, espinhéis e arrastos entre 1990 e 2008, numa amostra de 1 a 5% das frotas pesqueiras que são monitoradas. A falta de monitoramento da maior parte da pesca e a desconfiança nos dados disponíveis, torna subestimada a importância sócio-econômica das pescarias de pequena escala (FAO 2008) e pouco conhecido o seu impacto sobre as populações de tartarugas marinhas. Trabalhos visando minimizar a interação entre as tartarugas marinhas e a pesca costeira são realizados pelo Projeto TAMAR/ICMBio desde 1990 (Marcovaldi et al. 2002). Em Ubatuba, litoral norte de São Paulo, o Tamar registrou a captura de número significativo de indivíduos juvenis de Chelonia mydas em diferentes pescarias costeiras (Gallo et al. 2006) e dentre as modalidades identificadas, destacou a pescaria com redes de emalhe de superfície como a de maior interação com Chelonia mydas, por atuarem principalmente sobre os locais de forrageio desta espécie (Gomes et al. 2010). Esta pescaria, realizada em canoas a remo ou embarcações com motores de baixa potência, apesar de ser direcionada para captura de peixes como sororoca (Scomberomorus brasiliensis), bonito (Euthynnus alletteratus), robalo Centropomus sp.), tainha (Mugil platanus) e pirajica (Kyphosus sp.), captura diversas outras espécies para comércio ou consumo. Em mergulhos noturnos realizados pela equipe do Tamar na região para captura e marcação de tartarugas, observou-se que a maioria dos animais capturados encontrava-se em repouso. Considerando-se tratar de animais herbívoros, levantou-se a hipótese de que o forrageio deva acontecer preferencialmente durante o dia quando a luz facilita a escolha do alimento, e que o repouso ocorreria naturalmente à noite. Este estudo objetiva verificar como variam as capturas de Chelonia mydas e de peixes com valor comercial por redes de emalhe de superfície costeira em relação aos períodos de pesca diurno e noturno.
Metodologia Duas redes de emalhe foram instaladas e monitoradas em dois locais para verificação da captura de tartarugas e peixes. Uma com 83 metros de comprimento e a outra com 87 metros, ambas com 6 metros de altura, malha de 12cm (entre nós opostos) e confeccionadas em nylon monofilamento. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Os locais de instalação das redes foram a Praia do Cedro (23°27’30,4”S; 045°01’59,6”W) e a Praia do Lázaro (23°30’36,2”S ; 045°08’21,7”W), ambos locais bastante semelhantes, em enseadas abrigadas de vento e ondas e com o fundo predominantemente composto de areia. Em ambos os locais, a profundidade máxima foi de 6 metros, diminuindo em direção ao costão rochoso. Nestas condições, as redes de 6 metros de altura pescaram em toda a coluna d’água. As redes foram instaladas a cerca de 3 metros de distância dos costões rochosos, em posição perpendicular à linha de costa na Praia do Cedro e inclinada em ângulo de aproximadamente 60º na Praia do Lázaro, respeitando o costume dos pescadores colaboradores. O experimento foi realizado em noites de lua cheia e lua nova, com o objetivo de realizar amostragem nos extremos de luminosidade noturna, pois alguns pescadores acreditam que as tartarugas podem ver e evitar as redes em noites muito claras. Apesar da similaridade nos resultados, esta comparação não foi realizada neste trabalho. A amostragem foi feita alternadamente, um mês na praia do Cedro e o mês seguinte na Praia do Lázaro, completando duas luas (1 cheia e 1 nova), em cada local. No período de março/2009 a fevereiro/2011, foram realizados 25 lances de rede (600 horas de pesca), na Praia do Cedro e 24 lances (576 horas de pesca), na Praia do Lázaro, totalizando 49 lances com 1176 horas de pesca. As redes foram instaladas sempre as 12:00 h, e então visitadas a cada 4 horas até sua retirada às 12:00h do dia seguinte. As visitas foram feitas sempre iniciando da posição mais distante do costão, em direção a costa, com um mergulhador vistoriando a rede enquanto outro pesquisador acompanhava com o bote a remo na superfície como apoio e segurança. Nas ocasiões de pouca visibilidade, as redes foram verificadas, passandoas sobre o bote. Cada visita durava cerca de 10 minutos, se estendendo até cerca de 20 minutos quando das capturas de tartarugas e sua imediata retirada da rede. Embora a metodologia de visitas tenha sido a mesma nos dois períodos, diurno e noturno, não foi avaliada neste trabalho, a possível interferência da perturbação das visitas sobre a captura posterior de peixes e tartarugas. As tartarugas capturadas foram identificadas, medidas com fita métrica (comprimento e a largura curvilíneos da carapaça), pesadas com dinamômetro (precisão de 10 g), anilhadas e devolvidas ao mar. Quanto às espécies de peixes com valor comercial, foram identificadas, registrado o comprimento total utilizando um ictiômetro, e pesadas com dinamômetro (precisão de 10 g). Foram comparadas as quantidades de capturas de tartarugas verdes e peixes nos períodos diurno (de 08:00 h as 16:00 h) e noturno (de 20:00 h as 04:00 h). Foi utilizado o teste não paramétrico U de Mann-Whitney, por não requerer pressupostos sobre a distribuição dos dados. Não foram comparadas estatisticamente neste trabalho os horários do crepúsculo (16:00h às 20:00h) e alvorada (04:00 às 08:00 horas), devido a variação da luminosidade natural nestes horários ao longo das estações do ano.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Resultados e Discussões Foram capturadas 67 tartarugas verdes Chelonia mydas, sendo 33 no período diurno 25 nos períodos de alvorada e crepúsculo e 9 à noite (Fig. 1). Todas as tartarugas capturadas eram juvenis, com média de peso = 6,46 kg e média de comprimento curvilíneo da carapaça = 36,5 cm; A diferença das quantidades de capturas diurnas e noturnas comparadas se mostrou significativa (U test; P = 0,0001). Esta diferença pode estar relacionada à menor atividade dos indivíduos que repousam no período noturno. A maior atividade diurna para Chelonia mydas também foi verificada em estudos de atividade de forrageio em Union Creek (Bjorndal 1980), estudos de deslocamento no Golfo da Califórnia (Seminoff e Jones 2006) e estudos de comportamento internidal de fêmeas em Ascencion (Hays et al. 2000).
Figura 1. Distribuição percentual das capturas de Chelonia mydas e espécies-alvo em redes de emalhe em diferentes horários de pesca em Ubatura, Brasil.
Figura 2. Capturas por unidade de esforço de Chelonia mydas durante o dia e à noite em Ubatuba. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Quanto às espécies de peixes com valor comercial, foram capturados 169 indivíduos de 34 espécies, sendo 25 capturas no período diurno, 77 nos períodos de alvorada e crepúsculo e 66 no período noturno (Fig. 2). A diferença das quantidades de capturas diurnas e noturnas comparadas se mostrou significativa (U test, P = 0,046). Os dados apresentados sugerem que há diferenças nos principais horários de capturas de tartarugas verdes C. mydas e peixes nas redes de emalhe costeiras em Ubatuba/SP. Entretanto, verificou-se quantidades de capturas importantes de tartarugas e peixes nos horários de crepúsculo e alvorada, que se distribuídos entre os períodos diurno e noturno, poderiam alterar significativamente os resultados. Recomenda-se a continuidade deste estudo com aumento da amostragem e detalhamento das capturas nos períodos de alvorada e crepúsculo, além da análise de outras componentes ambientais que possam interferir decisivamente nos resultados encontrados.
Agradecimentos/Financiadores Agradecemos aos pescadores José Custódio e Fabio Igor pelo empréstimo das redes e ao amigo e colega Lucas Borssato pelo empenho na realização desse trabalho. O Projeto Tamar/ICMBio é um programa de Conservação do Ministério do Meio Ambiente, co-administrado pela Fundação Pró-Tamar e patrocinado pela PETROBRAS.
Referências Bibliográficas Bjorndal, K.A. 1980. Nutrition and grazing behavior of the green turtle Chelonia mydas. Marine Biology 56:147154. FAO e World Fish Center. 2008. Small-scale capture fisheries: A global overview with emphasis on developing countries. Preliminary report of the big numbers project. WorldFish Center. Penang, Malaysia. Gallo, B.M.G., S. Macedo, B.B. Giffoni, J.H. Becker, P.C.R. Barata. 2006. Sea turtle conservation in Ubatuba, southeastern Brazil, a feeding area with incidental capture in coastal fisheries. Chelonian Conservation and Biology 5:93-101 Gomes, B.M., F.S. Alvarenga, G. Ottoni, J.S. Fernandes, B.B. Giffoni, V. Fonseca, B.A.D.L. Almeida, e J.H. Becker. 2010. Caracterização da pesca de emalhe e interação com as tartarugas marinhas em Ubatuba – SP. In Resumos do 3º Congresso Brasileiro de Oceanografia, FURG, Rio Grande. Hays, G.C., C.R. Adams, A.C. Broderick, B.J. Godley, D.J. Lucas, J.D. Metcalfe, e A.A. Prior. 2000. The diving behavior of green trurtles at Ascension Island. Animal Behaviour 59:577-586. Marcovaldi, M.A., J.C. Thomé, G. Sales, J. Coelho, B. Gallo, e C. Bellini. 2002. Brazilian plan for reduction of incidental sea turtle capture in fisheries. Marine Turtle Newsletter 96:24-25. Seminoff, J.A., e Jones T.T. 2006. Diel movements and activity ranges of Green Turtles (Chelonia mydas) at a temperature foraging area in the Gulf of California, Mexico. Herpetological Conservation and Biology 1:81-86. Wallace, B.P., R.L. Lewison, S.L. McDonald, R.K. McDonald, C.Y. Kot, S. Kelez, R.K. Bjorkland, E.M. Finkbeiner, S. Helmbrecht., e L.B. Crowder. 2010. Global patterns of marine turtle bycatch. Conservation Letters 3:131-142. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil CAPTURAS INCIDENTAIS DE TARTARUGAS MARINHAS EM CURRAIS DE PESCA MONITORADOS EM ALMOFALA/CEARÁ 2010.
Maria Thereza Damasceno Melo1,*, e Eduardo H.S.M. Lima1
1
Fundação Pró-TAMAR, Acesso Projeto TAMAR, 151, Almofala, Ceará, CEP 62.592-000.
* (thereza.damasceno@tamar.org,br).
Palavras-chave: ocorrências, monitoramento, pescaria.
Introdução O Projeto TAMAR-ICMBio no Ceará está localizado em Almofala no litoral oeste entre as coordenadas geográficas 02.93792° S e 039.81415° W. São monitorados 40 km de litoral abrangendo as comunidades de Torrões, Almofala, Porto dos Barcos, Guajiru, Farol no município de Itarema e Volta do Rio no município de Acaraú, onde ocorrem cinco espécies de tartarugas marinhas que utilizam a região para alimentação e como corredor migratório (Marcovaldi 1993; Melo et al. 2010). Nas pescarias artesanais no litoral do Ceará destacam-se currais de pesca, pescaria com anzol, manzuá para peixe, rede de espera para peixe, rede de espera para lagosta popularmente conhecidas como caçoeiras, arrastão de praia e tarrafa, entre outras. Levantamentos recentes indicaram que as redes de espera para lagosta possuem maior interação com as tartarugas marinhas na região apesar de sua utilização estar proibida porém os currais de pesca, apesar de não letais como as redes, também capturam esses animais (Lima et al. 2003). Desde 1993, o Projeto TAMAR realiza um trabalho sistemático de monitoramento de currais de pesca e mais recentemente das redes de caçoeira utilizando como medida mitigadora a educação ambiental e a sensibilização dos pescadores para a conservação das tartarugas marinhas. Este trabalho apresenta os dados de ocorrências de tartarugas marinhas exclusivamente em currais de pesca registrados nos municípios de Itarema e Acaraú, Ceará durante o ano de 2010.
Metodologia A coleta de informações foi realizada através de visitas diárias aos locais de desembarque das canoas para recebimento das tartarugas capturadas em currais em que não se realizou o embarque naquele dia, como também, em embarques aos currais de pesca juntamente com os pescadores, para acompanhamento do processo de despesca in loco. Nos currais foram realizados mergulhos livres pela equipe técnica, na tentativa de verificar a existência de indivíduos aprisionados. Para o manejo das tartarugas capturadas foi utilizada a metodologia adotada pelo Programa Nacional de Manejo e Conservação das Tartarugas Marinhas em áreas de alimentação (Marcovaldi et al. 1998), a saber: marcação, tomadas biométricas curvilínea de casco (CCC e CCL), definição de sexo quando possível e espécie. Realizado tais procedimentos os indivíduos foram liberados. Os dados coletados foram inseridos no Sistema de Informações sobre tartarugas marinhas do Projeto TAMARSITAMAR.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Para melhor visualização e desenvolvimento das atividades de monitoramento e manejo, a região foi dividida em duas áreas, por encontrarem-se em municípios diferentes: Almofala no município de Itarema onde foram monitorados currais nas praias de Boca da Barra (BB), Guajirú (GJ) e Porto dos Barcos (PB) e a área da Volta do Rio (VR), com praia do mesmo nome, no município de Acaraú. A cada um dos currais foi atribuído um número onde ressalta-se que o referido é informado pelo próprio pescador dono da arte de pesca e quanto maior o número maior será à distância da pescaria à costa. As letras foram indicadas pelo TAMAR para definição de localização de praia onde a arte encontra-se montado conforme disponibilizada informação acima. Alguns currais encontram-se instalados a mais de um quilometro da costa e a cerca de oito metros de profundidade quando a maré esta no seu mais baixo nível (baixa-mar). Para a Captura por Unidade de Esforço levou-se em consideração os dias de despesca realizadas na arte durante o ano de 2010.
Resultados e Discussão Em 2010 foram monitorados 14 currais de pesca sendo seis na área de Almofala e oito na praia da Volta do Rio. A Fig. 1 mostra a Captura por Unidade de Esforço (CPUE) registradas por curral em ambas as áreas trabalhadas. A CPUE total obtida nos currais da área de Almofala (0,12) foi maior do que a verificada na área da Volta do Rio (0,09), apesar desta localidade possuir um maior numero de currais em pleno funcionamento. O fato pode estar relacionado à que, os currais de Almofala estão implantados em águas mais profundas e podem chegar a 8 metros de profundidade nas marés mais baixas, por outro lado aqueles instalados na comunidade da Volta do Rio encontram-se em profundidades em torno de 5 m.
Figura 1. Valores de CPUE registrados por curral de pesca nas áreas de Almofala e Volta do Rio durante a campanha 2010. Projeto TAMAR-ICMBio – Ceará, Brasil.
Durante o período foram registradas 320 tartarugas marinhas das quais 99,38% (n = 318) eram de animais vivos e 0,62% (n = 2) de indivíduos mortos. Registra-se aqui que os indivíduos mortos encontravam-se VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil em óbito, no momento que adentraram o curral pelo fato de que a pescaria em si não mata e nem machucam o pescado capturado (Lima et al. 2003). Uma das tartarugas encontrava-se em estado de decomposição e a outra apresentava restos de nylon em suas nadadeiras, indicando provável interação com outra pescaria. Quanto à determinação da espécie: 79,38% (n= 254) eram de Chelonia mydas (Linnaeus 1758), 8,44% (n = 27) de Caretta caretta (Linnaeus 1758), 7,5% (n = 24) de Lepidochelys olivacea (Eschscholz 1829) e 4,68% (n = 15) de Eretmochelys imbricata (Linnaeus 1766). A Fig. 2 apresenta as classes de comprimento para as espécies capturadas, não foram observadas diferenças significativas no tamanho das tartarugas capturadas na área de Almofala e Volta do Rio. De acordo com as tomadas biométricas de CCC para a espécie C. mydas foi registrada a média de 0,64m (mín = 0,253 m, máx = 1,032 m), C. caretta de 0,73 m (mín = 0,596 m, máx = 0,863m), L. olivacea de 0,623 m (mín = 0,570m, máx = 0,676m), E. imbricata de 0,40 m (mín = 0,298 m, máx = 0,509 m) evidenciando a presença de animais juvenis de C. mydas, C. caretta e E. imbricata bem como de adultos para L. olivacea seguindo o padrão observado em campanhas anteriores (Lima et al. 2003; Lima et al. 2008; Melo et al. 2010).
Figura 2. Classes de comprimento de tartarugas marinhas das espécies Chelonia mydas, Caretta caretta, Lepidochelys olivacea e Eretmochelys imbricata capturadas em currais de pesca durante a campanha 2010 Projeto TAMAR-ICMBio – Ceará, Brasil.
Estudos genéticos realizados indicam que a região é uma provável área de alimentação de tartarugas da espécie Chelonia mydas, provenientes de populações da Ilha de Ascensão, Suriname, Venezuela, Costa Rica (Naro-Maciel et al. 2007). Recentemente estudos de telemetria por satélite verificou a utilização da região como uma possível área de alimentação para a espécie C. caretta desovante na Bahia (Marcovaldi et al. 2010). Contudo nessa temporada não foram verificados indivíduos adultos de C. caretta sendo capturados nesta pescaria. As informações aqui apresentadas são relevantes, pois reforçam a importância área atualmente trabalhada para a VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil conservação de tartarugas marinhas em áreas de alimentação e desenvolvimento. É essencial a continuidade dos trabalhos de monitoramento dos currais de pesca na região de Itarema e Acaraú, litoral oeste do Ceará pela variedade e estagio de vida das espécies atingidas por esse tipo de pescaria.
Referências Bibliográficas Lima, E.H.S.M., F.A.B.M. Cruz, S.M.R.S Morais, e M.T.D. Melo. 2003. Capturas acidentais de tartarugas marinhas em currais de pesca monitorados pelo Projeto TAMAR-IBAMA Base de Almofala - Campanha 2002. Página 349 in 14° Encontro de Zoologia do Nordeste, UFAL, Maceió. Lima, E.H.S.M., M.T.D. Melo, e P.C.R. Barata. 2010. Incidental capture of sea turtles by the lobster fishery off the Ceará Coast, Brazil. Marine Turtle Newsletter 128:16-17. Marcovaldi, M.A., G.G. Lopez, L.S., Soares, E.H.S.M. Lima, J.C. Thomé, e A.P. Almeida. 2010. Sattelite-tracking of female loggerhead turtles highlights fidelity behavior in northeastern Brazil. Endangered Species Research 12:263-272. Marcovaldi, M.Â. 1993. A new initiative to protect green turtles at an important foraging ground in Ceará, Brazil. Marine Turtle Newsletter 63:13-14. Marcovaldi, M.A., C. Baptistotte, J.C. Castilhos, B.M.G. Gallo, E.H.S.M. Lima, T.M. Sanches, C.F. Vieitas. 1998. Activities by Project TAMAR in Brasilian sea turtle feeding grounds. Marine Turtle Newsletter 80:5-7. Melo, M.T.D., E.H.S.M. Lima, e M.P. Silva. 2010. Ocorrências de tartarugas marinhas registradas na área de atuação da Base do Projeto TAMAR-ICMBio no Ceará durante o ano de 2009. In Resumos do 3° Congresso Brasileiro de Oceanografia, Rio Grande. Naro-Maciel, E., J.H. Becker, E.H.S.M. Lima, M.A. Marcovaldi, e R. Desalle. 2007. Testing dispersal hypotheses in foraging green sea turtles (Chelonia mydas) of Brazil. Journal of Heredity 98:29-39.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil ¿ENCUENTRO CASUAL? Chelonia mydas y Dermochelys coriacea CAPTURADAS POR LA PESQUERÍA ARTESANAL EN BAJOS DEL SOLÍS, URUGUAY
Florencia Rivas1,2, e Cecilia Lezama2
Universidad de la República Oriental del Uruguay, UdelaR, Facultad de Ciencias, Licenciatura en Ciencias Biológicas. (florizinno@hotmail.com).
1
2
Karumbé, Avda. Gral Rivera 3245, CP 11200, Montevideo (checha@netgate.com.uy).
Palabras clave: captura incidental, tortugas marinas, área de forrajeo, veda espacio-temporal.
Introducción Todas las especies de tortugas marinas (superfamilia Chelonoidea) están catalogadas por la Unión Internacional para la Conservación de la Naturaleza como amenazadas de extinción (IUCN 2011). Una de las mayores amenazas a nivel mundial es la captura incidental por parte de las pesquerías (Oravetz 2000). Tres de las siete especies de esta superfamilia ocurren frecuentemente en Uruguay: tortuga verde (Chelonia mydas), tortuga cabezona (Caretta caretta) y tortuga siete quillas (Dermochelys coriacea). Estudios realizados determinaron que la costa de Uruguay representa para estas tres especies un hábitat de alimentación y crecimiento y/o corredor migratorio (López-Mendilaharsu et al. 2006). Bajos del Solís es una zona pesquera ubicada en el litoral este de Uruguay, donde operan embarcaciones artesanales de varios puertos de la costa. Estudios previos determinaron que es un área de alta ocurrencia de tortuga verde y consecuentemente de numerosas capturas incidentales por la pesca artesanal. También se determinó que la mayoría de las capturas incidentales suceden en verano y a menos de 2 km de la costa (Lezama et al. 2004; Lezama 2009). A partir del año 2008 la Dirección Nacional de Recursos Acuáticos (DINARA) de Uruguay prohíbe a la pesquería artesanal, durante los meses de noviembre a abril, calar su arte a menos de 300 m de la costa para proteger especies de interés comercial en sus ambientes de cría y desove. Esta restricción podría resultar una buena medida de protección para las poblaciones de tortugas marinas presentes en la zona, ya que la prohibición sucede en período y la franja espacial en la que se capturan la mayoría de las tortugas. Se esperaría encontrar en este estudio, llevado a cabo luego de implementada la veda, una menor captura de tortugas que en estudios anteriores para la zona. Los objetivos fueron analizar la variabilidad estacional y espacial de las capturas incidentales de tortugas marinas en los Bajos del Solís y determinar si la veda logra de manera colateral una disminución en las capturas incidentales de tortugas en la zona.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Metodología El estudio se llevó a cabo en la franja costera comprendida entre las localidades de San Luis (34º46’47”S; 55º34’51”O) y Piriápolis (34º54’09”S; 55º14’13”O), región conocida como Bajos del Solís. Entre noviembre de 2009 y noviembre de 2010 observadores calificados monitorearon 139 eventos de pesca mediante observaciones directas a bordo de embarcaciones de pesca artesanal desde los puertos de Araminda, Playa Verde, Playa Hermosa y Piriápolis. Para los análisis, debido a su proximidad espacial, los puertos de Playa Hermosa y Playa Verde fueron agrupados en un sólo puerto denominado para este estudio PHPV. En cada evento se registraron: número, especie y posición de tortugas marinas capturadas. Adicionalmente se registraron variables relacionadas al esfuerzo pesquero: tamaño de redes utilizadas, tiempo de reposo y la localización geográfica de cada evento de pesca (con GPS). Para cada evento de pesca se calculó la captura de tortugas por unidad de esfuerzo (CPUE), como el número de capturas sobre la superficie de redes caladas (m2) y el número de horas que las mismas estuvieron caladas. Para indagar la variación estacional de la CPUE se realizó la prueba no paramétrica de Kruskal-Wallis (Sokal y Rohlf 1979), ya que la variable no cumplió con los supuestos de normalidad y homogeneidad de varianzas. Para analizar la distribución espacial de los eventos de pesca monitoreados, se mapearon con el software gvSIG 1.11.0. De esta manera se identificaron áreas pesqueras de alta interacción con tortugas. También mediante la prueba no paramétrica de Kruskal-Wallis se analizaron las diferencias de capturas entre localidades. Para averiguar la efectividad de la veda en la reducción de la captura incidental de tortugas marinas, se compararon los resultados de este estudio (posterior a la veda espacio temporal impuesta por el MGAP en el 2008) con un estudio realizado en la misma zona 3 años antes de la restricción. Para ello se utilizó la prueba no paramétrica U de Mann-Whitney para dos muestras (Sokal y Rohlf 1979) comparando la CPUE del período de veda 2009-10 con el mismo período en el 2004-05.
Resultados y Discusión Durante el período de estudio se capturaron 67 tortugas, 66 Chelonia mydas y 1 Dermochelys coriacea. La CPUE promedio anual fue de 0,18 tortugas/1000m2/hora, siendo ésta un orden de magnitud mayor a la obtenida por Lezama (2009) de 0,013 tortugas/1000m2/hora para la misma zona. La diferencia en las capturas entre estos estudios fue significativa (U = 10671,0; Z = -3,3; P = 0,0009). Las capturas incidentales tuvieron una evidente variación estacional observándose 36 capturas en otoño, 23 en verano, 6 en primavera y 1 en invierno (Tabla 1). El verano fue la estación que presentó mayor CPUE (0,442 tortugas/1000m2/hora), seguido por el otoño, primavera y por último el invierno (Tabla 1), siendo la diferencia entre estas significativa (H = 17,8; P = 0,0005). Esto coincide con lo encontrado por Lezama (2009) para el período 2004-05, quien también obtuvo la mayor CPUE en verano de 0,034 tortugas/1000m2/hora. La estación con mayor CPUE no correspondió con la estación de mayor número de tortugas capturadas (Tabla 1). Esto se debe a que la estación con más capturas (Otoño) presentó embarques de mayor esfuerzo pesquero (más duración y más redes caladas) lo que disminuyó el valor de la CPUE.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Tabla 1. CPUE de tortugas marinas por estación y por localidad muestreada. P= Primavera, V= Verano, I= Invierno, O= Otoño, N= Número de eventos de pesca, T= Número de tortugas.
En cuanto a la variación de capturas por puerto, PHPV fue el que obtuvo la mayor CPUE (0,256 tortugas/1000m2/hora) seguido por Araminda (0,032 tortugas/1000m2/hora) y por último Piriápolis con una CPUE de 0,01 tortugas/1000m2/hora (Tabla 1). Entre PHPV y los otros dos puertos existe un orden de magnitud de diferencia. Esto se debe a que durante el período de veda los pescadores de PHPV no respetaron la restricción y esto elevó mucho las capturas. En relación con la variación espacial de las capturas se corroboró lo registrado por Lezama (2009): todas las capturas ocurrieron en aguas someras tratándose de zonas insulares y rocosas (Fig. 1).
Figura 1. Mapa del área de estudio con los puntos de muestreo y de captura de tortugas marinas.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Con respecto a la efectividad de la veda, la CPUE para el período de noviembre a abril del 2010 presentó diferencias sumamente significativas con las obtenidas por Lezama (2009) (U = 10671,0; Z = -3,3; P = 0,0009), siendo mayor la CPUE obtenida en este estudio, posterior a la imposición de la veda. Esto se podría deber a que la densidad de tortugas frecuentando nuestras costas durante el 2010 fue notablemente mayor que años anteriores capturándose, a pesar de la veda, más tortugas sin mayor esfuerzo. De este estudio se desprende la importancia de que junto a la imposición de una veda venga aparejada la fiscalización de la misma. De lo contrario, esta medida de conservación, sería ineficaz para las tortugas marinas. De ser llevada a cabo de una manera responsable tendría un impacto positivo en las poblaciones o comunidades a proteger.
Agradecimientos Agradecemos a la NOAA y a la Universidad Duke por el apoyo financiero.
Referencias Bibliográfícas IUCN. 2011. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2010.1. <www.iucnredlist.org>. Downloaded on 15 Jul 2011. Lezama, C. 2009. Impacto de la pesquería artesanal sobre tortuga verde (Chelonia mydas) en las costas del Río de la Plata exterior. Tesis de Maestría del Programa de Desarrollo de las Ciencias Básicas (PEDECIBA), Área Biología- Subárea Zoología. Facultad de Ciencias, Universidad de la República. Lezama, C., P. Miller, y A. Fallabrino, 2004. Incidental capture of sea turtles by the artisanal fishery fleet of Uruguay. Página 61 in Abstracts of the 4th World Fisheries Congress. Vancouver, B.C., Canada. López-Mendilaharsu, M., A. Estrades, M.N. Caraccio, V. Calvo, M. Hernandez, y V. Quirici. 2006. Biología, ecología y etología de las tortugas marinas en la zona costera uruguaya. Páginas 247-257 in Menafra, R., L. Rodríguez-Gallego, F. Scarabino, y D. Conde (Eds.). Bases para la conservación y el manejo de la costa uruguaya, Vida Silvestre, Uruguay. Oravetz, C.A. 2000. Reducción de la captura incidental en pesquerías. Páginas 217-221 in Eckert, K.L., K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, y M. Donnelly (Eds). Técnicas de investigación y manejo para la conservación de las tortugas marinas, Grupo Especialista en Tortugas Marinas UICN/CSE Publicación No 4. Sokal, R.R., y F.J. Rohlf. 1979. Biometría. Principios y métodos estadísticos en la investigación biológica. H. Blume Ediciones, Madrid, España.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil CAPTURA INCIDENTAL DE TARTARUGAS MARINHAS NA PESCA COSTEIRA DE MÉDIA ESCALA DO LITORAL SUL DO BRASIL
Karine M. Steigleder1, Ênio Lupchinski-Jr,2, e Renato A. M. Silvano3
Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos – CECLIMAR Av. Tramandaí, 976. CEP 95625-000 Imbé, RS, Brasil. (karinestei@gmail.com).
1
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul CEP: 95595-000 Cidreira, RS, Brasil (lupi0@yahoo.com.br).
2
–
UERGS,
Av.
Mostardeiro,
3635,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS Departamento de Ecologia. CP 15007, CEP 91501-970 Porto Alegre, RS, Brasil (00132878@ufrgs.br).
3
Palavras-chave: Rio Grande do Sul, etnoecologia, mitigação, conservação.
Introdução O Litoral Norte do Rio Grande do Sul apresenta cinco das sete espécies de tartarugas marinhas existentes no mundo - Caretta caretta, Chelonia mydas, Dermochelys coriacea, Lepidochelys olivacea e Eretmochelys imbricata (Pinedo et al. 1996; Monteiro 2004). Sendo que, todas essas cinco espécies encontramse na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN (International Union for Conservation of Nature). A região é considerada uma das áreas de maior potencial pesqueiro da costa brasileira (Haimovici et al. 1996). A pesca atuante na região é classificada como pesca costeira de média escala, em função do tamanho e capacidade de armazenagem das embarcações (Moreno et al. 2009). Cerca de 94% da frota comercial da pesca costeira de média escala do litoral norte do Rio Grande do Sul, encontra-se nos municípios de Torres/Passo de Torres (29º19’S; 049º43’W) – divisa entre os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. A captura incidental em artes de pesca, bem como o emalhe em petrechos de pesca descartados e/ou perdidos a deriva no oceano, são citadas como algumas das principais causas da morte de tartarugas marinhas em todo o mundo (Delcroix 2003; Eckert et al. 2000; Marcovaldi et al. 2010). Entretanto, informações detalhadas existentes sobre a captura de tartarugas na pesca da região são escassas, pois a maioria das atividades pesqueiras não apresenta registros sobre captura incidental (Bahia e Bondioli 2007). Essa informação pode ser obtida por meio de observadores a bordo das embarcações ou através da realização de entrevistas com os pescadores, a fim de conhecer as espécies que interagem com as atividades pesqueiras, valorizando também o conhecimento ecológico local (Berkes 1999). Esta intensa atividade pesqueira somada à importância da região como área de desenvolvimento e alimentação para as tartarugas marinhas possibilita a ocorrência de interação entre as artes de pesca e as tartarugas marinhas (Bugoni et al. 2001; Monteiro 2004). O presente trabalho objetiva verificar os padrões espaciais e temporais de ocorrência das capturas incidentais de tartarugas marinhas pela pesca costeira de média escala do sul do Brasil.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Material e Métodos Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com os pescadores que atuam na pesca costeira de média escala dos municípios de Torres e Passo de Torres. As entrevistas foram elaboradas em parceira com o Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA) do Estado do Rio Grande do Sul, sendo estas realizadas nos meses de julho e setembro de 2010 e janeiro e abril de 2011. Os pescadores foram abordados ao acaso ou por meio de indicações. Para verificação de qual categoria de resposta foi citada com maior frequência utilizou-se teste de Qui-Quadrado. Para correlacionar zonas de pesca e zonas de captura de tartarugas marinhas, foi utilizado correlação paramétrica de Pearson baseado nas isóbatas de maior esforço e maior ocorrência. Utilizamos a correlação paramétrica de Pearson, já que os dados apresentaram-se normais. Os testes estatísticos foram realizados com o programa BioEstat versão 5.0 (Ayres e Ayres-Jr. 2007).
Resultados e Discussão As entrevistas foram realizadas com 20 pescadores, totalizando um registro para 19 embarcações, sendo que apenas uma operava com espinhel de fundo, as demais utilizavam variados tipos de redes de emalhe. De acordo com os entrevistados, a frota de Torres/Passo de Torres possuía uma média de 22 embarcações ativas que trabalhavam com redes de emalhe, tanto de fundo como de superfície, e aproximadamente quatro embarcações que utilizavam espinhel. Em 90% das entrevistas, os pescadores afirmaram capturar tartarugas marinhas, sendo o verão relatado por 100% dos entrevistados como a época do ano em que mais ocorrem essas capturas. A maioria dos pescadores (89%) afirmou ser maior o número de capturas da espécie C. mydas, mostrando assim, que a captura incidental é mais atuante na população desta espécie. Já a probabilidade de captura das demais espécies de tartarugas marinhas foi mais reduzida (Fig. 1), não apresentando diferença estatística significativa entre elas (χ2 = 4,353; P = 0,1134)
.
Figura 1. Espécies de tartarugas marinhas capturadas incidentalmente na pesca costeira de média escala do Sul do Brasil, segundo os pescadores entrevistados (n = 20).
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil A zona que se estende de Tramandaí até a barra de Rio Grande apresentou uma elevada sobreposição quanto à área de atuação pesqueira e à área de maior captura incidental de tartarugas marinhas. Ainda segundo a maioria dos entrevistados, a zona de 20 a 30 metros de profundidade é a que apresenta o maior número de capturas incidentais de tartarugas marinhas, sendo também, umas das duas profundidades onde se concentra grande parte do esforço pesqueiro. Assim observou-se uma correlação positiva e significativa entre a profundidade onde se concentram as pescarias e a profundidade em que ocorre o maior número das capturas de tartarugas (r = 0,7547 e P = 0,0304). O elevado potencial de captura incidental apresentado pela frota pesqueira estudada, aliado à importância da região sul do Brasil para o desenvolvimento de tartarugas marinhas, propicia a busca de regiões de maiores concentrações destas espécies por meio de um monitoramento contínuo das embarcações e do estabelecimento de um plano de marcação e recaptura. Entre as pescarias que mais capturam tartarugas marinhas a pesca do cação (principalmente Sphyrna sp.) foi a mais representativa, sendo citada por 44% dos entrevistados (Fig. 2). Segundo os pescadores esta pescaria captura todas as três espécies de tartarugas que mais interagem com a pesca (C. mydas, C. caretta e D. coriacea), em igual proporção. O elevado potencial de captura desta arte de pesca está vinculado às características do petrecho utilizado – redes de espera de fundo e meia-água, com malhas que variam de 18 a 20 cm entre nós opostos. Por apresentar uma amplitude grande entre nós opostos, esse tipo de petrecho favorece o enredamento de tartarugas, que se prendem às redes pelas nadadeiras e cabeça. Sendo assim, as embarcações que trabalham com essa arte de pesca são as mais indicadas para futuros trabalhos de monitoramento pesqueiro.
Figura 2. Pescarias que mais capturam incidentalmente tartarugas marinhas no sul do Brasil, segundo os pescadores entrevistados (n = 20). (Foram utilizados os nomes populares das espécies de pescado citados pelos pescadores).
As informações obtidas com o presente estudo serão apresentadas à colônia de pescadores de Passo de Torres. Com a participação dos pescadores e de toda a comunidade envolvida na atividade pesqueira, esperase uma sensibilização maior dos atores envolvidos no sentido de encontrar meios a reduzir a captura incidental das tartarugas marinhas, somada à melhoria das condições de captura da atividade em questão.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Agradecimentos/Financiadores Agradecemos aos pescadores que dedicaram parte de seu tempo a participar deste trabalho e ao NEMA pela ajuda na elaboração da entrevista. R.A.M. Silvano agradece ao CNPq por bolsa de produtividade em pesquisa.
Referências Bibliográficas Ayres, M., e M. Ayres-Jr. 2007. BioEstat, aplicações estatísticas nas áreas das ciências bio-médicas. Belém, Pará, Brasil. Bahia, N.C.F., e A.C.V. Bondioli. 2007. Utilização de pranchas de identificação no levantamento da captura incidental de tartarugas marinhas na pesca na região de Cananéia, São Paulo, Páginas 43-44 in 3º Jornadas de Conservación e Investigación de Tortugas Marinas en el Atlántico Sur Occidental, Piriápolis. Berkes, F. 1999. Sacred Ecology: Traditional ecological knowledge and resource management. Philadelphia: Taylor & Francis. Bugoni, L., L. Krause, e M.V. Petry. 2001. Marine debris and human impacts on sea turtles in southern Brazil. Marine Pollution Bulletin 41:1338-1342. Delcroix, E. 2003. Etude des captures accidentelles de tortues marines par la pêche maritime dans les eaux de l’archipel guadeloupéen. Maîtrise des Sciences et Techniques Aménagement et Environnement à Metz. Tuteur universitaire J.C Moreteau. Eckert, K.L., K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, e M. Donnelly (Eds.). 2000. Técnicas de Investigación y Manejo para la Conservación de las Tortugas Marinas. Grupo Especialista en Tortugas Marinas UICN/CSE Publicación No. 4. Haimovici, M., A.S. Martins, e P. C. Vieira. 1996. Distribuição e abundância de peixes teleósteos demersais sobre a plataforma continental do sul do Brasil. Revista Brasileira de Biologia 56:27-50. International Union for Conservation of Nature (IUCN). 2010. Red list of threatened species. Disponível em: www. iucnredlist.org. Acessado em: 18/10/2010. Marcovaldi, M.A., G.G. Marcovaldi, G.G. Lopez, J.C.A. Thome, A.C.C D. Silva, C. Bellini, E.P. Lima, B. Gallo, J. Wanderlinde, E.H.S.M. Lima, G. Sales, F.N. Fiedler, e B.B. Giffoni. 2010. Projeto TAMAR/ICMBIO - Programa interação tartarugas marinhas e pesca, base metodológica e situação atual. Páginas 267-278 in Resumos do 3º Congresso Brasileiro de Oceanografia, Rio Grande. Monteiro, D. S. 2004. Encalhe e interação de tartarugas marinhas com a pesca no litoral do Rio Grande do Sul. Dissertação de Bacharelado, FURG, Rio Grande. Moreno, I. B., M. Tavares, D. Danilewicz, P.H. Ott, e R. Machado. 2009. Descrição da pesca costeira de média escala no litoral norte do Rio Grande do Sul: comunidades pesqueiras de Imbé/Tramandaí e Passo de Torres/ Torres. Boletim do Instituto de Pesca 35:129-140. Pinedo, M.C., R.R. A.S. Capitoli, A.S. Barreto, e A. Andrade. 1996. Occurrence and feeding of sea turtles in southern Brazil. Página 51 in Sea Turtle Symposium, Hilton Head, SC, EUA.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil PERCEPÇÃO DE PESCADORES ARTESANAIS DO LITORAL SUL DO BRASIL SOBRE AS TARTARUGAS MARINHAS: PESCA E SEUS CONFLITOS
Karine M. Steigleder1, Ênio Lupchinski Jr.2, e Renato A.M. Silvano3
Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos – CECLIMAR Av. Tramandaí, 976. CEP 95625-000 Imbé, RS, Brasil. (karinestei@gmail.com).
1
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul CEP 95595-000 Cidreira, RS, Brasil (lupi0@yahoo.com.br).
2
–
UERGS,
Av.
Mostardeiro,
3635.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Departamento de Ecologia. CP 15007. CEP 91501-970 Porto Alegre, RS, Brasil (00132878@ufrgs.br). 3
Palavras-chave: conhecimento ecológico local, etnoecologia, captura incidental, conservação.
Introdução A região sul do Brasil é uma importante área de alimentação e desenvolvimento para tartarugas marinhas, como juvenis de Chelonia mydas, e juvenis e sub-adultos de Caretta caretta e de Dermochelys coriacea. Ocorrem também encalhes ocasionais das tartarugas Lepidochelys olivacea e Eretmochelys imbricata nas praias do litoral do Rio Grande do Sul (Monteiro 2004; Pinedo et al. 1996). A distribuição natural das cinco espécies de tartarugas marinhas citadas inclui a costa do Uruguai e da Argentina, abrangendo toda área do Atlântico Sul Ocidental (ASO). Estas espécies encontram-se presentes na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN (International Union for Conservation of Nature), sendo L. olivacea classificada como vulnerável (VU); C. caretta e C. mydas classificadas como em perigo (EN); D. coriacea e E. imbricata estando classificadas como criticamente em perigo (CR). Existem registros de que a interação entre os homens e as tartarugas marinhas ocorre há mais de 7.000 anos (León et al. 2007). As comunidades humanas que dependem da extração direta de recursos naturais normalmente apresentam um conhecimento detalhado sobre o ambiente em que vivem (Berkes 1999). O conhecimento prático dos pescadores sobre as atividades do cotidiano, como classificação dos animais, ecologia e comportamento das espécies com as quais interagem durante a atividade pesqueira, são transmitidos entre sucessivas gerações (Bahia e Bondioli 2007; Ribeiro 2008). Tal conjunto de informações é definido como conhecimento tradicional ou conhecimento ecológico local, sendo estudado pela etnoecologia (Berkes 1999). O presente estudo objetiva avaliar a percepção dos pescadores quanto às diferentes espécies de tartarugas marinhas que ocorrem na região sul do Brasil, bem como os principais conflitos existentes entre os pescadores e as tartarugas. Material e Métodos O estudo foi desenvolvido nos municípios de Torres e Passo de Torres (29º19’S, 49º43’W) – divisa entre os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. A comunidade pesqueira destes municípios situa-se às
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil margens do Rio Mampituba, o qual divide os Estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul e deságua no Oceano Atlântico, formando um canal de acesso por onde entram e saem as embarcações. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas elaboradas em parceira com o Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA) do Estado do Rio Grande do Sul, durante os meses de julho e setembro de 2010 e janeiro e abril de 2011. Os pescadores foram abordados ao acaso ou por meio de indicações. A identificação das espécies de tartarugas marinhas que ocorrem na região de estudo e que interagem com a pesca local foi realizada por meio de fotografias apresentadas aos entrevistados, visando estabelecer uma relação entre o nome popular e a espécie científica. Utilizou-se o teste do Qui-Quadrado para verificação de qual categoria de resposta foi citada com maior frequencia. Os testes estatísticos foram realizados com o programa BioEstat versão 5.0 (Ayres e Ayres-Jr. 2007).
Resultados e Discussão Ao todo foram realizadas 20 entrevistas. A idade dos entrevistados variou de 23 a 49 anos, sendo em média 36 anos (dp = 8 anos) e o tempo de dedicação destes à atividade pesqueira correspondeu a uma média de 20 anos (dp = 9 anos). De acordo com 50% dos pescadores entrevistados, são três as espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Sul do Brasil. As três espécies reconhecidas com maior frequência pelos pescadores foram Chelonia mydas (70%), Dermochelys coriacea (65%) e Caretta caretta (50%), não havendo diferença significativa entre a frequência de ocorrência dessas respostas (χ2 = 0,703; P = 0,7037) (Fig. 1). Já as espécies Lepidochelys olivacea e Eretmochelys imbricata foram identificadas cada uma por apenas um entrevistado (Fig. 1). O baixo número de pescadores que identificaram L. olivacea e E. imbricata provavelmente está relacionado à baixa frequência de ocorrência destas espécies no litoral do Rio Grande do Sul, visto que estas espécies possuem hábitos mais tropicais (Pinedo et al. 1996).
Figura 1. Espécies de tartarugas marinhas reconhecidas pelos pescadores de Torres – RS/Passo de Torres – SC (n = 20 entrevistados).
Os pescadores entrevistados identificaram as espécies de tartarugas marinhas por diferentes nomes populares, sendo C. mydas identificada como tartaruga verde, pretinha ou pequena; C. caretta como tartaruga de VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil casco amarelo, amarela ou manteiga; D. coriacea como tartaruga preta, gigante, três quilhas ou caixão; L. olivacea foi identificada como tartaruga verde escura ou pequena e E. imbricata como tartaruga de pente ou pequena. Devido à grande variação de nomes populares e por vezes à similaridade nos nomes dados pelos pescadores às diferentes espécies de tartarugas, a apresentação de fotos das espécies mostrou-se uma ferramenta de extrema importância para a precisa identificação das espécies estudadas. Na visão de 40% dos pescadores entrevistados uma das principais ameaças que podem estar afetando as populações de tartarugas marinhas é a interação que ocorre entre a pesca e estes animais (Fig. 2). Fato curioso, que demonstra a confiança que pode ser depositada nas respostas fornecidas pelos entrevistados, já que eles próprios assumiram que a captura de tartarugas é intensa a ponto de poder estar pondo em risco a estabilidade populacional destas espécies. Entre as respostas fornecidas pelos pescadores também apareceram o aumento do tamanho de redes e da frota pesqueira (também relacionados ao impacto da pesca), além dos resíduos sólidos que podem ser encontrados à deriva (Fig. 2).
Figura 2. Principais ameaças que afetam as populações de tartarugas marinhas, na visão dos pescadores entrevistados (n = 20 entrevistas).
A utilização de barcos de arrasto, mesmo aparecendo com frequência reduzida (15%) (Fig. 2), foi comentada por alguns pescadores (n = 3) como sendo prejudicial a todas as espécies que ocorrem na região sul, isso por que segundo os entrevistados esta pescaria não seleciona a espécie-alvo de captura. De acordo com os pescadores entrevistados, o arrasto é responsável pela diminuição na quantia e no tamanho do pescado encontrado no mar. Dos 20 pescadores entrevistados 65% sabiam da ameaça de extinção que sofrem as tartarugas. Muitos dos pescadores que não sabiam da ameaça de extinção a que estes animais estão sujeitos afirmaram que observam muitas tartarugas marinhas no mar. De fato, segundo Hahn et al. (2007), nos últimos anos tem se verificado um aumento populacional para algumas espécies de tartarugas marinhas, como no caso da L. olivacea, para a área do ASO. Porém, como L. olivacea não é uma espécie frequentemente observada pelos pescadores entrevistados (Fig. 1), esse número elevado de indivíduos por eles relatados pode estar vinculado às demais espécies de tartarugas marinhas que ocorrem na região de estudo. Como não foram encontrados estudos a respeito, sugere-se que se elaborem estudos mais aprofundados com relação ao estoque populacional de tartarugas marinhas da região sul do Brasil. VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Agradecimentos/Financiadores Agradecemos aos pescadores que dedicaram parte de seu tempo a participar deste trabalho e ao NEMA pela ajuda na elaboração da entrevista. R.A.M. Silvano agradece ao CNPq por bolsa de produtividade em pesquisa.
Referências Bibliográficas Ayres, M., e M. Ayres-Jr. 2007. BioEstat, aplicações estatísticas nas áreas das ciências Bio-médicas. Belém. Bahia, N.C.F., e A.C.V. Bondioli. 2007. Utilização de pranchas de identificação no levantamento da captura incidental de tartarugas marinhas na pesca na região de Cananéia, São Paulo, in 3º Jornadas de Conservación e Investigación de Tortugas Marinas en el Atlántico Sur Occidental, Piriápolis. Berkes, F. 1999. Sacred ecology: traditional ecological knowledge and resource management. Philadelphia: Taylor & Francis. Hahn, A.T., L. Soares, e S.L. Bonatto. 2007. Variabilidade genética da tartaruga oliva (Lepidochelys olivacea) no Brasil através de marcadores microssatélites: dados preliminares, in 3º Jornadas de Conservación e Investigación de Tortugas Marinas en el Atlántico Sur Occidental, Piriápolis. International Union for Conservation of Nature (IUCN). 2010. Red list of threatened species. Disponível em: www. iucnredlist.org. Acessado em: 18/10/2010. León, V., E. Villarmarzo, e A. Estrades. 2007. Tortugas y humanos en la prehistoria uruguaya: evidencias de interacción en el sitio costero la Esmeralda, in 3º Jornadas de Conservación e Investigación de Tortugas Marinas en el Atlántico Sur Occidental, Piriápolis. Monteiro, D.S. 2004. Encalhe e interação de tartarugas marinhas com a pesca no litoral do Rio Grande do Sul. Dissertação de Bacharelado, FURG, Rio Grande. Pinedo, M.C., R.R. Capitoli, A.S. Barreto, e A. Andrade. 1996. Occurrence and feeding of sea turtles in southern Brazil. Abstracts of the Symposium on Sea Turtle Symposium, Hilton Head, SC, EUA. Ribeiro, A.R. 2008. Comparação entre o conhecimento ecológico local dos pescadores e o conhecimento científico sobre comportamento reprodutivo dos peixes tucunaré (Cichla spp.) e acaratinga (Geophagus spp.) no Baixo Rio Tocantins, Amazônia Brasileira. Dissertação de Bacharelado, UFRGS, Porto Alegre.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Acões de difusão dos anzóis circulares como medida mitigadora na frota espinheleira de Itaipava/ES
Nilamon de O. L. Júnior1, Guilherme D. do Carmo2, Bruno de B. Giffoni3, Fernando N. Fiedler4, e Gilberto Sales5 1
Centro Tamar-ICMBio, Av. Paulino Muller 1111, Jucutuquara, Vitória-ES, 29040-715.
(nilamon@tamar.org.br). 2
(dilly.guilherme@gmail.com).
3
(bruno@tamar.org.br).
4
(fnfiedler@tamar.org.br).
5
(gilsales@tamar.org.br).
Palavras-chave: Projeto Tamar, tartarugas marinhas, captura incidental, Brasil.
Introdução A modalidade de pesca de linha praticada com a utilização de espinhéis é responsável por grande parte das capturas incidentais de tartarugas marinhas em todos os oceanos do mundo. O impacto destas capturas ainda é pouco dimensionado, pois boa parte das tartarugas capturadas é devolvida ao mar ainda com vida pelos pescadores e a taxa de sobrevivência destes indivíduos após a soltura é desconhecida. A preocupação a respeito dos impactos ambientais e econômicos causados por essa captura incidental tem levado tanto pesquisadores como representantes do setor pesqueiro a buscar alternativas de mitigação. Entre as diversas medidas propostas, a utilização de anzóis circulares se destaca como uma das principais. No Brasil, o Projeto Tamar conduziu um experimento de teste com anzóis circulares 18/0 10° offset, com resultados positivos em relação à diminuição das capturas incidentais de tartarugas marinhas e pouca interferência na captura das espécies-alvo (Sales et al. 2010). No estado do Espírito Santo, a pesca de dourado (Coryphaena hippurus), atuns (Thunnus spp.) e afins, com a utilização de espinheis é praticada principalmente pela frota da localidade de Itaipava, município de Itapemirim, região sul do estado. Este trabalho tem o objetivo de relatar a ação de difusão de algumas medidas mitigadoras recomendadas para as tartarugas marinhas junto à frota de Itaipava e uma avaliação posterior dos resultados obtidos nesta ação. Metodologia Em fevereiro de 2011, o Projeto Tamar realizou um evento de difusão dos anzóis circulares 18/0 10° offset no porto de Itaipava/ES. Esse trabalho foi realizado durante dois dias em um estande montado na praia, em frente ao porto de atracação da frota com a exposição de cartazes com os resultados dos testes realizados; demonstração de equipamentos de manejo de tartarugas a bordo (desenganchadores de anzóis e cortadores de linha) e distribuição de amostras aos mestres das embarcações.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Ao todo 53 mestres receberam entre 50 e 100 anzóis circulares para equipar seus aparelhos de pesca. Durante esta ação foram negociados 2 embarques de observadores de bordo, onde os mestres receberam amostras dos anzóis e um kit composto de desenganchador de anzol e cortador de linha. A partir de julho de 2011 foram realizadas diversas visitas à comunidade, onde se buscou as opiniões dos pescadores a respeito do anzol circular. Foram entrevistados 38 mestres através de um questionário dirigido, com perguntas relacionadas à utilização dos anzóis circulares na frota, tais como se eles receberam as amostras de anzóis distribuídas no evento de difusão; se já utilizaram o anzol circular em algum momento e em que tipo de espinhel; qual a opinião sobre esse tipo de anzol; qual o tamanho ideal este deve ter; se o anzol é eficiente na captura das espécies-alvo e também para evitar a captura de tartarugas marinhas; se o anzol é encontrado no mercado para compra e sob que condições; se eles utilizariam o anzol circular e quais as sugestões dos mestres para tornar viável a utilização dos anzóis na frota linheira. Durante o questionário foi utilizado o guia de anzóis desenvolvido pelo Secretariado da Comunidade do Pacífico (SPC 2009) para a consulta dos pescadores sobre os tamanhos de anzol mais adequados.
Resultados e Discussão Dos pescadores entrevistados, 42% (n = 16) receberam amostras do anzol circular na campanha de difusão e 82% deles (n = 31) disseram já ter utilizado algum tipo de anzol circular em algum momento em três diferentes tipos de espinhel utilizados pela frota (Fig. 1). Quanto ao tipo de espinhel onde os pescadores já utilizaram o anzol circular, 30% (n = 12) citaram o espinhel de fundo para a pesca principalmente de serranídeos e lutjanídeos, 27% (n = 11) o de dourado e 25% (n = 10) o de Meca (Xiphias gladius) (Fig. 1). Entre os tamanhos de anzol circular considerados mais adequados pelos pescadores, foram citados os tamanhos entre 11/0 e 15/0, com preferência pelos tamanhos 14/0 citado por 29% (n = 17) dos entrevistados e 12/0 citado por 25% (n = 15) dos entrevistados. O tamanho 15/0 foi citado por 22% (n = 10) dos entrevistados, seguido do tamanho 13/0 com 17% (n = 10) e do tamanho 11/0 com 7% (n = 4) (Fig. 1). De maneira geral observou-se que os pescadores que costumam atuar mais com o espinhel de Meca preferiram os anzóis de tamanho maior (14/0 a 15/0) e os pescadores que atuam mais com os espinheis de fundo e de dourado os tamanhos entre 11/0 e 13/0. Quanto à disponibilidade dos anzóis circulares no mercado, 57% (n = 21) dos pescadores dizem que encontram esse tipo de anzol para compra e 43% (n = 16) disseram que o anzol não é facilmente encontrado no mercado (Fig. 2). Quanto à captura das espécies-alvo, na opinião de 63% (n = 24) dos pescadores o anzol circular tem a mesma eficiência na captura que o anzol J, 18% (n = 7) disseram que o anzol captura mais peixes, 5% (n = 2) disseram que o anzol captura menos e 14% (n = 5) não conhecem ou nunca usaram o anzol circular (Fig. 2). Foi observado por vários pescadores que os anzóis circulares são mais adequados a pesca com espinheis de meca e de fundo. Para as tartarugas, 45% (n = 17) dos pescadores acham que o anzol circular evita sua captura, 42% (n = 16) acham que a quantidade de tartarugas capturada é igual com os dois tipos de anzol e 13% (n = 5) não opinaram (Fig. 2). Além disso, alguns pescadores também disseram que com o anzol circular as tartarugas são mais capturadas pelas nadadeiras. Quando perguntados sobre se utilizariam ou não os anzóis circulares em seus aparelhos de pesca a maioria dos pecadores entrevistados (87%; n = 33) disseram que sim (Fig. 2).
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil
Figura 1. Resposta dos pescadores entrevistados ao questionário quanto a quantidade de pescadores entrevistados que receberam amostras dos anzóis circulares (1a), a quantidade de de pescadores que já utilizaram o anzol circular em algum momento (1b), em qual aparelho de pesca o anzol circular já foi utilizado (1c) e a opinião sobre o tamanho adequado para o anzol circular na pesca de espinhel (1d).
Figura 2. Resposta dos pescadores entrevistados ao questionário quanto a eficiência dos anzóis circulares na captura das espécies alvo (1a), a eficiência dos anzóis circulares para evitar a captura de tartarugas marinhas (1b), a disponibilidade do anzol circular no mercado para compra (1c) e o percentual de pescadores que usariam ou não os anzóis circulares (1d).
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Os pescadores de Itaipava, de maneira geral sempre demonstraram bastante interesse em utilizar novas técnicas que possam diminuir a captura incidental das tartarugas e aves marinhas, pois a presença destes animais reduz a captura das espécies alvo e pode danificar o aparelho de pesca. Embora a maioria dos pescadores entrevistados já conheça e até mesmo já tenha utilizado o anzol circular em seus aparelhos, a frota linheira continua optando pela utilização do anzol J em seus aparelhos de pesca. Talvez por um hábito cultural, mas que pode ser explicado também pela baixa disponibilidade de anzóis circulares no mercado, pois embora a maior parte dos pescadores (57%; n = 21) tenha dito encontrar este tipo de anzol para compra, muitos citaram que os anzóis disponíveis são de baixa qualidade e tem maior preço. Em complemento as opiniões positivas sobre o anzol circular, muitos pescadores tiveram restrições quanto a sua utilização principalmente nos espinheis para a pesca do dourado. Este aparelho de pesca utiliza anzóis J de menor tamanho (13 ou 14) muitas vezes com isca viva e os pescadores argumentaram que o anzol circular dificultaria a iscagem e também a sobrevivência das iscas nestes casos. Como esse tipo de espinhel tem uma operação de lançamento muito mais acelerada do que os outros, os pescadores se mostraram reticentes quanto à utilização de um tipo de anzol que dificultaria a colocação das iscas, reduzindo a velocidade de lançamento, porém, muitos pescadores sugeriram a realização de testes com esse tipo de anzol nos espinheis de dourado pra tentar adequá-lo ao aparelho. Devido às características peculiares da frota de Itaipava, que opera com modelos de espinhel específicos e diferentes do restante da frota nacional (Stein 2006), é necessária a condução de novos testes com esse tipo de medida mitigadora, principalmente no espinhel de dourado, onde os pescadores relataram maior dificuldade de implantação desta medida.
Referências Bibliográficas Sales, G., B.B. Giffoni, F.N. Fiedler, V.G. Azevedo, J.E. Kotas, Y. Swimmer, e L. Bugoni. 2010. Circle hook effectiveness for the mitigation of sea turtle bycatch and capture of target species in a Brazilian pelagic longline fishery. Aquatic Conservation, Marine and Freshwater Ecosystems 20:428-436. Secretariat of the Pacific Community, 2009. Longline terminal gear identification guide. I. Longlines (Fishery equipment) – Handbooks, manuals, etc. ISBN 978-982-00-0374-3. Stein, C.E. 2006. Dinâmica da frota linheira de Itaipava. Monografia (Graduação) - Departamento de Ecologia e Recursos Naturais, UFES, Vitória, ES.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil USOS DE LAS TORTUGAS MARINAS EN URUGUAY
Andrea F. Morabito1, Alejandro Fallabrino2, Sergio Schmidt3, e Andrés Estrades2
1
Universidad del Salvador. Rodríguez Peña 670.CABA. (morabitoandrea@gmail.com).
2
Karumbé. Tortugas Marinas del Uruguay. Av. Rivera 3245. Montevideo. (karumbemail@gmail.com).
3
Universidad del Salvador. Escuela de Ciencias Ambientales. Rodríguez Peña 670. CABA.
Palabras clave: comercio, uso, venta, Uruguay.
Introducción El uso de las tortugas marinas como alimento ha sido un hábito tradicional de muchos pueblos ribereños siendo una situación que se repite alrededor de las regiones tropicales y subtropicales de todo el mundo (Márquez 1996). También se las ha utilizado como fuente de ingreso económico, ya sea por la venta de su caparazón, huevos y carne lo que ha llevado a una sobreexplotación de las mismas. Uruguay no fue la excepción, cinco de las siete especies que visitan las costas uruguayas: Chelonia mydas (Tortuga verde), Caretta caretta (Tortuga cabezona), Lepidochelys olivacea (Tortuga olivácea), Dermochelys coriacea (Tortuga siete quillas) y Eretmochelys imbricata (Tortuga carey) (Achaval y Olmos 1997; Estrades 2007) han sido utilizadas tanto por uruguayos como por extranjeros para la decoración de sus casas, colecciones privadas, restaurantes, y otros usos (Frazier 1984; López-Mendilaharsu et al. 2001). El objetivo del presente trabajo fue determinar los diferentes tipos de uso de las tortugas marinas en Uruguay y establecer la percepción de los pescadores artesanales, del departamento de Rocha, que tienen respecto de las mismas. Si bien este trabajo examina los usos de las tortugas marinas por parte de la sociedad, recrea pautas asociadas a las políticas de conservación, educación, y concientización que han tenido algún éxito en la disminución en los usos de estos animales.
Metodología El trabajo se basó en el procesamiento de la información de la Base de Datos de Tortugas Marinas del Uruguay (BDTMU) suministrada por la ONG Karumbé, resultante del relevamiento que se llevó a cabo desde el año 1999 hasta el 2004, en los departamentos de Montevideo, Canelones, Maldonado y Rocha, ya sea en casas particulares restaurantes, ferias, pescaderías, museos entre otros. La información seleccionada de la BDTMU fue: especie; fecha de registro; zona de colecta; fecha de colecta; localidad; departamento; tipo de resto (caparazón, cráneo, plastrón, restos óseos, restos embalsamados, y otros); destino final; valor en dólares americanos; procedencia. Complementariamente, se realizaron entrevistas no estructuradas a 18 pescadores artesanales de las localidades Barra del Chuy, La Coronilla, Punta del Diablo, Valizas y Cabo Polonio, todos dentro del departamento de Rocha, durante los meses de Marzo y Abril del 2011.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Resultados y Discusión En cuanto a las entrevistas, de los 18 pescadores artesanales, 17 afirmaron que pescaron accidentalmente una tortuga marina, buscando otras especies objetivo. Ninguno dudó en cuanto a la identificación de las especies, siendo la tortuga verde en primer lugar y la tortuga cabezona, en segundo, las más vistas. Todos los que capturaron accidentalmente y que la tortuga se encontraba viva, afirmaron que la devolvieron al mar. En el caso de estar muerta, 16 afirmaron haber utilizado el caparazón de las tortugas con el fin de utilizarlo como adorno. Solo dos de ellos, admitieron haber utilizado su carne. El total de los entrevistados afirmaron que están informados acerca de la prohibición de la comercialización de los restos de tortugas marinas. Solo 4 pescadores admitieron haber vendido el caparazón hace más de 15 años, a los extranjeros. Referente al análisis de los datos, se relevaron restos de 5 especies de tortugas marinas. Chelonia mydas fue la más frecuente (n = 119), seguida por C. caretta (n = 95), D. coriacea (n = 12), y por último L. olivacea (n = 3) y Eretmochelys imbricata (n = 3). El departamento de Rocha es el sitio donde se relevaron más registros de C. mydas (n = 89). De todas las especies el departamento de Montevideo fue el segundo con mas hallazgos (n = 72) y el sitio donde se encontró la mayor cantidad de restos de C. caretta (n = 34). El destino final de los restos de tortugas marinas fue con fines de “adorno”, siguiéndole el de “colección” y por último el de “venta”. El caparazón fue el resto más utilizado como adorno en casas particulares, pescaderías, restaurantes, club de pesca, entre otros. El cráneo de tortugas fue el segundo uso que se encontró principalmente como colección. Por último, durante el periodo 1999-2004 el destino final ‘venta’ fue el que obtuvo menos registros, siendo la tortuga verde la especie más utilizada en Punta del Diablo, La Coronilla, La Paloma, Atlántida, Piriápolis, Barra de Valizas y Montevideo. Hoy en día, los pescadores artesanales de Rocha poseen un gran respeto hacia las tortugas marinas, coincidiendo que ya no existen sitios de comercialización en las zonas entrevistadas y las tortugas se han transformado en una especie bandera para el ecoturismo. Expresaron, además, gran interés hacia el cuidado del ambiente debido a que ellos sufren la sobreexplotación de los recursos marinos y el gran aumento de la basura y contaminantes en el mar. Que los mayores registros de restos hayan sido de la tortuga verde, se debe a que es la especie con más frecuencia y abundancia en la zona costera del Río de la Plata y Océano Atlántico ya que se la considera un área importante de alimentación y desarrollo para los juveniles de esta especie (LópezMendilaharsu et al. 2006). Rocha fue el departamento donde se encontraron mayormente restos de tortuga verde, concordando así con las zonas de mayor presencia de esta especie en Uruguay, ya que utiliza el área costera marina de Cerro Verde e islas, Punta del Diablo, y Valizas-Cabo Polonio como zonas de alimentación prioritarias. A su vez, Montevideo fue el departamento donde se encontró la mayor cantidad de restos de tortuga cabezona, debido principalmente a que los tripulantes de los barcos industriales que llegan al puerto más importante del país, traen caparazones para la venta y/o adorno. La disminución en la venta de caparazones podría deberse a la implementación de decreto presidencial 144/98 del año 1998 el cual prohíbe la captura, retención, transporte y comercialización de las tortugas marinas, además de la difusión y concientización que Karumbé generó a partir de 1999 con sus programas de educación para la conservación de las tortugas marinas.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Referencias Bibliográficas Achaval, F., y A. Olmos. 1997. Anfibios y reptiles del Uruguay. Serie fauna Nº 1. Ed. Barreiro y Ramos S.A., Montevideo, Uruguay. Estrades A., M.N. Caraccio, F. Scarabino, y H. Caymaris. 2007. Presencia de la tortuga Carey (Eretmochelys imbricata) en aguas uruguayas. III Jornadas de Conservación e Investigación de Tortugas Marinas en el Atlántico Sur Occidental. Uruguay. Frazier J. 1984. Las tortugas marinas en el Atlántico Sur Occidental. Asociación Herpetológica Argentina. López-Mendilaharsu M., A. Fallabrino, A. Estrades, M. Hernandez, N. Caraccio, C. Lezama, M. Laporta, V. Calvo, V. Quirici, y A. Bauza. 2001. Comercio ilegal y formas de uso de las tortugas marinas en Uruguay. VI Jornadas de Zoologia, Uruguay. López-Mendilaharsu, M., A. Estrades, M.N. Caraccio, V. Calvo, M. Hernández y V. Quirici. 2006. Biología, ecología y etología de las tortugas marinas en la zona costera uruguaya. Páginas 247-257 en Menafra, R., L. RodríguezGallego, F. Scarabino, y D. Conde (Eds.). Bases para la conservación de la costa uruguaya. Vida Silvestre Uruguay, Montevideo. Márquez, R. 1996. Las tortugas marinas y nuestro tiempo. Fondo de Cultura Económica. México D.F.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil “NEM TUDO QUE CAI NA REDE É PEIXE”
Eduardo H. S. M. Lima1, Maria Thereza D. Melo1, Carolina de Souza Jorge2, e Agueda Maria Garcia Coelho3
Fundação Centro Brasileiro de Proteção e Pesquisa das Tartarugas Marinhas – Pró-TAMAR. Acesso Projeto TAMAR, 151, 62592-000. (eduardo.lima@tamar.org.br).
1
CTA – Serviços em Meio Ambiente LTDA. Av. Saturnino Rangel Mauro, 283, Vitoria, ES. 29.072-030. (carolina. jorge@cta-es.com.br).
2
IBAMA –Núcleo de Educação Ambiental/Representação Ceará. Visconde do Rio Branco, 3900, Bairro de Fátima, 60.055-172. (agueda.coelho@ibama.gov.br).
3
Palavras-chave: envolvimento comunitário, educação ambiental, sensibilização, conservação, tartarugas marinhas.
Introdução A costa do estado do Ceará é uma área de alimentação para as cinco espécies de tartarugas marinhas registradas no Brasil: a tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-depente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) e tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) (Marcovaldi 1993; Melo et al. 2010). Desde 1992, o Projeto TAMAR-ICMbio mantém uma base na Praia de Almofala (02°93’ 77”S, 39°81’38”W), litoral oeste do Ceará. A base é voltada para proteção das tartarugas marinhas. Ao longo do litoral cearense, fatores como encalhes de tartarugas marinhas vivas e mortas associados a um antigo hábito dos pescadores de se alimentar e comercializar carne de tartaruga marinha tem causado preocupação ao Projeto TAMAR. Alguns indivíduos têm sido capturados incidentalmente em pescarias regionais como currais de pesca e redes de espera para lagosta. Esta ultima pescaria tem apresentado forte interação com tartarugas marinhas (Lima et al. 2010), levando o TAMAR a organizar uma campanha sensibilizante dos atores da pesca regional sobre a importância das tartarugas para o ecossistema e sua preservação. O presente trabalho apresenta dados gerais sobre o desenvolvimento da Campanha “Nem Tudo que Cai na rede é Peixe”, visando divulgar as ações que minimizem o esforço de pesca sobre as tartarugas. Organização da Campanha A Campanha “Nem Tudo que Cai na rede é Peixe” foi desenvolvida em nove municípios do litoral cearense durante os anos 2009-2010. De leste a oeste, os municípios foram: Icapuí, Aracati, Beberibe, Cascavel, Fortaleza, Trairí, Itarema, Acaraú e Camocim (Fig. 1). A escolha dos municípios foi feita a partir de levantamentos realizados junto ao Setor de Denúncias do IBAMA – Representação Ceará onde indicava um maior número de denuncias de captura e comercialização de carne de tartaruga marinha e através de avaliações do banco de dados do Projeto TAMAR.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil
Figura 1. Mapa do Litoral do Ceará, Brasil destacando os municípios trabalhados pelo Projeto TAMAR-ICMBio.
O principal foco da campanha foi a divulgação do Protocolo de Reanimação de Tartarugas Marinhas, sendo também realizadas outras atividades como: exposições em reuniões com presidentes de colônias de pesca, pescadores e lideranças comunitárias, escolas municipais e particulares, oficinas de pesca, entre outros atores. A exposição “Conhecendo as Tartarugas Marinhas” e “Extinção é para sempre”, permitiram informar sobre diversos aspectos da biologia e pesca das tartarugas marinhas e outras espécies da fauna marinha. As exposições foram realizadas em todas as atividades como forma de chamar a atenção dos participantes para a questão da pesca predatória e de aspectos biológicos das tartarugas marinhas. Também nas exposições foram distribuídos folders, cartazes e camisetas alusivas a campanha para pescadores seus familiares. Um aspecto importante na Campanha foi formação de parcerias com Organizações Não Governamentais (ONGs) e Prefeituras Municipais para apoio no processo de coleta de informações sobre as tartarugas encalhadas vivas, mortas ou capturadas acidentalmente em pescarias locais formando uma Rede de Encalhes de Tartarugas Marinhas. A formação de parceria e a coleta sistemática de dados, a médio e longo prazo pode trazer informações uteis para melhorar os aspectos de conservação através da identificação de fontes de mortalidade, documentação de locais de interação negativa homem/tartaruga e servir de base para tomadas de decisões de manejo (Shaver e Teas 2000). Todas as atividades foram registradas através de lista de frequência dos participantes, tomadas fotográficas e imprensa (Tabela 1).
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Tabela 1. Total de atividades realizadas e de atores trabalhados nos anos de 2009 e 2010, durante a realização da Campanha “Nem tudo que Cai na Rede é Peixe” no litoral do Ceará, Brasil.
Desenvolvimento e Impacto da Campanha No desenvolvimento da Campanha foram percorridos 1.450 km entre os municípios de Icapuí a Camocim (Fig. 1). Em Icapui, Aracati, Beberibe e Cascavel, Itarema e Acaraú o TAMAR realizou as atividades em conjunto com o Núcleo de Educação Ambiental do IBAMA/CE através de Oficinas de Capacitação de Pescadores cujo intuito, era identificar lideranças comunitárias para participar dos Comitês Regionais sobre Pesca Sustentável entre os quais o Comitê Regional da Pescaria da Lagosta. Desta forma foram ministradas palestras, exposições para pescadores e divulgação dos procedimentos para reanimação de tartarugas marinhas desmaiadas. Essa ultima em forma de teatro utilizando-se uma rede de pesca e uma representação de tartaruga marinha em pano, com participação de pescadores no processo de salvamento do animal. As divulgações na imprensa foram assim distribuídas: nove em canais de TV local e nacional, quatro em revistas regionais, quatro em jornais de grande circulação no estado, três através da internet e radio AM para atingir o publico em massa que não teve acesso direto a campanha. A campanha foi divulgada nas escolas através de exposições, concursos de redação, gincanas e brincadeiras lúdicas didáticas onde a reanimação de tartarugas era ponto chave. Em todas as escolas trabalhadas as atividades tiveram ótima aceitação por parte dos alunos e professores (Tabela 1). No Centro de Educação Ambiental do Projeto TAMAR em Almofala a Campanha foi divulgada para todos os que tiveram acesso ao mesmo. As palestras e procedimentos de reanimação foram apresentados para os visitantes, universidades e escolas e um banner com os procedimentos de reabilitação exposto permanentemente. O impacto foi bastante positivo haja vista o interesse das pessoas que tiveram acesso a informação (Tabela 1). Um total de 20 banners em lona foram confeccionados no tamanho 1.00 x 1.20 m com fotografias em alta definição e textos de linguagem acessível para os pescadores e população em geral. Um total de 200 cartazes alusivos a campanha foram afixados em mercados públicos, comércios e escolas, ou seja, locais de grande circulação de pessoas. Foram confeccionados 5.000 folders e 500 camisas que foram distribuídas a pescadores, escolas, autoridades, instituições de meio ambiente e parceiros.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Durante a realização da campanha foram formadas sete parcerias com Prefeituras, CETAS-IBAMA e ONGs atuantes no litoral do Ceará para a possível coleta de informação e apoio nos trabalhos de resgate das tartarugas marinhas encalhadas. Na oportunidade foram realizados treinamentos de como proceder no caso de encalhes de animais vivos e mortos, coleta de dados e também procedimentos para o caso de tartarugas desmaiadas (Tabela 1). Os dados apresentados mostram que a promoção de campanhas educativas são importantes quando se pretende atingir atores em variados níveis entendimento e formação. Verificamos durante o desenvolvimento da Campanha “Nem tudo que cai na rede é peixe” que as comunidades da costa cearense possuem certo conhecimento de leis que protegem esses animais, mas continuam utilizando o recuso de forma indiscriminada principalmente no que diz respeito ao consumo de carne. Sugerimos o estabelecimento de campanhas educativas permanentes visando à identificação de zonas problemáticas para a possível implantação de programas voltados para a conservação de tartarugas nessas áreas.
Referencias Bibliográficas Lima, E.H.S.M., M.T.D. Melo, e P.C.R. Barata. 2010. Incidental Capture of Sea Turtles by the Lobster Fishery off the Ceará Coast, Brazil. Marine Turtle Newsletter 128:16-19. Marcovaldi, M.Â. 1993. A new initiative to protect green turtles at an important foraging ground in Ceará, Brazil. Marine Turtle Newsletter 63:13-14. Melo, M.T.D., E.H.S.M. Lima, M.P. Silva. 2010. Ocorrências de tartarugas marinhas registradas na área de atuação da base do Projeto TAMAR-ICMBio no Ceará durante o ano de 2009, in Resumos do 3º Congresso Brasileiro de Oceanografia, Rio Grande. Shaver, D.J., e W.G. Teas. 2000. Redes de recuperación y monitoreo de tortugas varadas. Páginas 174-177 in Técnicas de investigación y manejo para la conservación de las tortugas marinas. UICN/CSE. Grupo de Especialista em Tortugas Marinas. Publicatión N°4.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil PROJETO “CORREDOR MARINHO BRASIL-URUGUAY”: UMA INICIATIVA BINACIONAL DE PESQUISA, EXTENSÃO E CAPACITAÇÃO NO ATLÂNTICO SUL OCIDENTAL
Gustavo Martinez-Souza1,2,3
Programa de Pós-Graduação em Oceanografia Biológica, Universidade Federal do Rio Grande – FURG. CP 474, CEP 96.201-900, Rio Grande, RS, Brasil (souza_oceano@yahoo.com.br). 1
2
Karumbé, Avda. Gral Rivera 3245, CP 11200, Montevideo, Uruguay.
3
Projeto da Tartaruga no Sul de Santa Catarina. CEP 88780-000, Praia de Itapirubá, Imbituba, SC, Brasil.
Palavras-chave: cooperação internacional, conservação, tartarugas marinhas.
Introdução As tartarugas marinhas são répteis marinhos de complexo ciclo de vida, transitando entre os ambientes praial, oceânico e nerítico, em longas migrações que, na maioria dos casos, ultrapassam fronteiras políticas. Deste modo, esforços na pesquisa e na conservação das tartarugas marinhas devem ser realizados de forma cooperativa e coordenada nos distintos países, transcendendo as barreiras geográficas e políticas (Frazier 2002). Há mais de 30 anos realizam-se reuniões e congressos internacionais em que, através do compartilhamento do conhecimento de vários grupos de trabalho, busca-se a conservação das tartarugas marinhas. Exemplo disso são as reuniões ASO (Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas no Atlântico Sul Ocidental), que ocorrem desde 2003, cujo intuito é compartilhar experiências, métodos, discussões, problemáticas e conhecimentos entre brasileiros, uruguaios e argentinos envolvidos diretamente com as tartarugas marinhas. Cinco das sete espécies de tartarugas marinhas existentes atualmente ocorrem no Atlântico Sul Ocidental (ASO): tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata). A tartaruga-verde, devido à abundância, hábito costeiro e resistência a baixas temperaturas, pode ser considerada a espécie mais comum na costa do ASO. Entretanto, informações de abundância, sobrevivência, migrações locais e sazonais ainda são fragmentadas e escassas. Em 1999, um grupo multi-disciplinar interessado na pesquisa e conservação de tartarugas marinhas no Uruguai, fundou a organização não-governamental Karumbé. Desde 2000, o Karumbé desenvolve atividades de monitoramento das populações de juvenis de tartaruga-verde que habitam a área de alimentação e desenvolvimento de Cerro Verde (Departamento de Rocha, Uruguai), considerada a principal região de ocorrência da espécie no país (Estrades et al. 2009). Em 2011, finalmente, a região de Cerro Verde teve ratificado seu ingresso no Sistema Nacional de Áreas Protegidas como “Área Costeiro-Marinha Protegida de Cerro Verde e Islas de La Coronilla” (33º56’ S; 53º29’ O). Em janeiro de 2007, com o objetivo de conhecer o processo migratório dos juvenis de tartaruga-verde, três espécimes foram monitorados através de transmissores por satélite. Um dos espécimes foi encontrado morto no porto de Mar del Plata, Argentina, pouco tempo depois da instalação do transmissor. Os outros dois espécimes migraram de Cerro Verde, no Uruguai, no mês de julho, para o sul de Santa Catarina (28º22’ S; 48º43’ O), no Brasil, e retornaram ao ponto inicial em meados de outubro (López-Mendilaharsu, comunicação pessoal). VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil A região sul de Santa Catarina, onde estiveram os espécimes monitorados, apresenta uma grande quantidade de costões rochosos, sendo a região mais ao sul do Brasil com aspectos geomorfológicos propícios a ser uma área de alimentação de juvenis de C. mydas. Desde 2000, a região faz parte do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) através da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca. Portanto, a possibilidade de ocorrência de migração latitudinal entre as duas áreas, ambas áreas marinhas protegidas, e a existência de fidelidade entre duas áreas, é um importante avanço na compreensão da história de vida da tartaruga-verde no Atlântico Sul Ocidental.
Material e Métodos Neste contexto, surge o Projeto “Corredor Marinho Brasil-Uruguay”, envolvido diretamente na pesquisa, extensão e capacitação compartilhada entre as duas áreas de alimentação de tartaruga-verde. Tal projeto é uma parceria entre a ONG Karumbé, situada no Uruguai, a Universidade Federal do Rio Grande – FURG, no Brasil, e o Projeto da Tartaruga no Sul de Santa Catarina, no Brasil. O contexto científico e fundamental para o desenvolvimento das linhas de extensão e capacitação, é a tese de doutorado em Oceanografia Biológica na FURG intitulada “Ecologia populacional de juvenis de tartaruga-verde (Chelonia mydas) em duas áreas do Atlântico Sul Ocidental”. O objetivo geral da tese é estudar a abundância, sobrevivência e os padrões de ocupação de juvenis de tartaruga-verde (Chelonia mydas) em duas distintas áreas do Atlântico Sul Ocidental. Outros trabalhos desenvolvidos pela Rede ASO já compartilharam métodos, resultados ou discussão. Porém, a importância do projeto “Corredor Marinho Brasil-Uruguay” no contexto do ASO está justamente na atuação, concomitante, em duas áreas marinhas protegidas de diferentes países, através do desenvolvimento de atividades que possuem os mesmos objetivos, métodos, materiais, recursos financeiros e humanos, cujo intuito é obter resultados que tragam maior compreensão sobre o desenvolvimento de juvenis de tartaruga-verde servido de base para um manejo compartilhado destas populações. Além de utilizar dados pretéritos do Karumbé coletados nas temporadas de trabalho desenvolvidas durante o verão no Uruguai, o projeto “Corredor Marino Brasil-Uruguay” vem desenvolvendo, pela primeira vez, o monitoramento nas quatro estações do ano, avaliando suas variações ao longo dos gradientes de temperatura superficial do mar. Para tanto, foram capturadas tartarugas com temperatura da água a 14ºC, nunca antes registrada em capturas intencionais, e seguem-se realizando monitoramentos a temperaturas da àgua próximas dos 10ºC, a qual pode levar à hipotermia de boa parte do estoque de juvenis de tartaruga-verde presente na área, seguida de encalhes em massa. Para a realização das atividades de campo necessárias ao monitoramento das tartarugas marinhas, o projeto “Corredor Marinho Brasil-Uruguay”, além contar com uma equipe fixa de trabalho, recebe estudantes e profissionais voluntários, nacionais e estrangeiros, interessados em ter experiência prática com tartarugas marinhas. Dessa forma, novos participantes trazem energia, idéias e experiências ao desenvolvimento das atividades, enquanto o Projeto oferece experiência prática e teórica em conservação de tartarugas marinhas em áreas de alimentação. Para isso, são ministrados cursos teóricos de pesquisa e conservação de tartarugas marinhas em áreas de alimentação, de forma a potencializar a aprendizagem a respeito do trabalho prático que será desenvolvido.
Resultados e Discussão Ao longo do primeiro ano, mais de 30 participantes de 14 nacionalidades participaram das atividades em ambas as áreas de estudo. O projeto valoriza a participação de voluntários, pois acredita que através destes VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil participantes, novos projetos de conservação de tartarugas marinhas em áreas de alimentação poderão ser desenvolvidos em outras regiões do mundo, sempre evidenciando o trabalho integrado e focado na conservação de espécies ameaçadas de extinção e em seus habitats, além da valorização das comunidades tradicionais costeiras. Além disso, por acreditar que a investigação apoia a conservação na medida em que seus resultados e conclusões são extendidos às comunidades locais envolvidas com as tartarugas marinhas (assim como se faz à comunidade científica), o Projeto “Corredor Marinho Brasil-Uruguay” está engajado com o desenvolvimento de atividades ligadas à educação ambiental, valorizando o ambiente no qual as comunidades estão inseridas, respeitando as diferentes realidades culturais, econômicas e sociais entre as duas áreas e demonstrando a importância de sua cultura na conservação dos recursos naturais. No Uruguai, atividades de extensão de educação ambiental já vem sendo realizadas desde 2002. No Brasil, entretanto, o Projeto “Corredor Marinho Brasil-Uruguay” ainda necessita concretizar suas atividades de extensão. Assim, utilizando métodos de baixo custo voltados a atividades recreativas e artísticas (e.g. MartinezSouza et al. 2009), o projeto pretende: difundir a informação da presença de tartarugas marinhas na região e a importância das áreas protegidas, tanto no Brasil quanto no Uruguai, para estas espécies; conscientizar a população quanto às ameaças cotidianas à biodiversidade e às tartarugas marinhas; e compartilhar ações individuais e coletivas que podem promover uma sociedade mais justa através da responsabilidade ambiental e social, respeitando diferenças e valorizando semelhanças. Desta forma, através da pesquisa que está sendo desenvolvida, o projeto “Corredor Marinho BrasilUruguay” pretende obter maiores conhecimentos sobre a ocorrência das tartarugas marinhas na região do ASO, intercambiar experiências de monitoramento com novos profissionais, potencializar a formação de novos projetos de conservação e valorizar a biodiversidade e cultura das regiões estudadas, promovendo uma sociedade mais justa, ambiental e socialmente responsável ao longo da costa do Atlântico Sul Ocidental, pois, como disse o artista Joaquin Torre Garcia, “Nosso Norte é o Sul”.
Agradecimentos/Financiadores O Projeto agradece as comunidades de Itapirubá e de La Coronilla por receber-nos de “braços abertos”, a direção da APA da Baleia Franca e do Projeto TAMAR/SC pela parceria e autorização de atividades (SISBIO 19216-1), ao Karumbé e a FURG pelo apoio logístico, a MORMAII e a todos os voluntários que participaram de nossas atividades. O autor agradece a CAPES pelo apoio financeiro.
Referências Bibliográficas Estrades, A., G. Martinez-Souza, L. Alonso, e M. López-Mendilaharsu. 2009. Estudios de marca-recaptura de juveniles de tortuga verde (Chelonia mydas) en Uruguay: crecimiento, movimientos y fidelidad de hábitats. Páginas 176-178 in 4º Jornadas de Conservación e Investigación de tortugas marinas de Atlántico Sur Occidental (ASO), Mar del Plata. Frazier, J. 2002. Marine turtles and international instruments: the agony and the ecstasy. Journal of International Wildlife Law and Policy 5:1-10. Martinez-Souza, G.L. Berrondo, e L. Alonso. 2009. Estrategia de educación y conservación de tortugas marinas en Cerro Verde, Uruguay. Páginas 176-178 in 4º Jornadas de Conservación e Investigación de tortugas marinas de Atlántico Sur Occidental (ASO), Mar del Plata.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil KARUMBÉ 2011: AVANCES EN LA CONSERVACIÓN DE LAS TORTUGAS MARINAS EN URUGUAY.
Andrés Estrades1
1
Karumbé, Av. Rivera 3245, Montevideo, Uruguay (tortuguayo@gmail.com).
Palabras-clave: Investigación, Educación ambiental, Áreas Marinas Protegidas, Medicina de la Conservación, Contaminación. Introducción Uruguay forma parte de una región importante para la alimentación y el desarrollo de varias especies de tortugas marinas en el Atlántico Sur Occidental. De las siete especies de tortugas marinas que existen en el mundo, cinco están citadas para aguas uruguayas: verde (Chelonia mydas), cabezona (Caretta caretta), siete quillas (Dermochelys coriacea), olivácea (Lepidochelys olivacea) y carey (Eretmochelys imbricata) (Achaval 2001; Estrades et al. 2007). La supervivencia de estas especies se encuentra amenazada a nivel global y regional, por una gran variedad de factores causados por el hombre. En Uruguay las principales causas de mortalidad de tortugas marinas son la captura incidental en las redes y anzuelos de los barcos pesqueros industriales y artesanales. Asimismo, desde el año 2007, se detectó un gran incremento en el número de tortugas afectadas por la ingesta de todo tipo de basura marina (Asaroff et al. 2009). Karumbé es un grupo de biólogos, veterinarios, educadores, investigadores, pescadores y estudiantes organizados en una asociación sin fines de lucro. Nuestra misión es proteger la biodiversidad marina en peligro, principalmente a las tortugas marinas y sus hábitats, y promover el desarrollo sustentable de las comunidades pesqueras, buscando alternativas para reducir el impacto de las actividades humanas en estos animales migratorios. Karumbé utiliza la investigación, la educación ambiental y la rehabilitación como herramientas para la conservación de las tortugas marinas. Karumbé trabaja en conjunto con diferentes actores nacionales e internacionales, entre ellos el Gobierno Nacional, Universidades de Latinoamérica y Europa, ONGs, Museos, Redes, Foros y Sociedades. En el presente trabajo se presentan avances y logros de nuestro programa de investigación y conservación, en los últimos dos años de trabajo en las áreas ecología, pesquerías, contaminación, varamientos, medicina para la conservación, educación ambiental y áreas marinas protegidas.
Resultados y Discusión Karumbé ha realizando convenios de trabajo con varias universidades de Uruguay, Latinoamérica y España. El resultado es el desarrollo de nuevas oportunidades para jóvenes investigadores, generando catorce tesis de investigación (dos doctorales, dos maestrías y diez de grado). En el área de ecología nos hemos enfocado en el estudio de la estructura poblacional de la tortuga verde (Chelonia mydas) en el AMP Cerro Verde, Rocha (Martinez-Souza 2011). Adicionalmente han sido publicados trabajos de observaciones puntuales de epibiontes en C. mydas y dieta de C. caretta (Alonso et al. 2010; Carranza et al. 2010) VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil En el área de pesquerías hemos continuado con el desarrollo del programa de seguimiento de la pesca artesanal, trabajando con los pescadores clave en ocho localidades costeras del Río de la Plata. Mediante el monitoreo en conjunto con los pescadores, hemos logrado cuantificar el impacto de las redes costeras en las tres especies más comunes (C. mydas, D. coriacea y C. caretta) (Rivas 2010; Viera 2010) En el área de contaminación hemos estado trabajando en el estudio del impacto de los plásticos (Murman 2011) y análisis de toxicidad en el ADN en las tortugas (Borrat et al. 2010). El monitoreo de los varamientos viene desarrollándose interrumpidamente desde el 2001. En el periodo comprendido por este trabajo, se registraron observaciones inusuales como lo son crías de C. caretta, y juveniles de E. imbricata (Velez-Rubio 2010). En el área de medicina para la conservación se ha estado trabajando en la generación de información de la salud de las especies C. mydas y C. caretta (Ferrando 2010) Adicionalmente nuevas técnicas se están evaluando con fin de mejorar los tratamientos de las tortugas en rehabilitación. Nuestras capacidades de acción se han fortalecido con la creación de un centro de rehabilitación ubicado en Montevideo, de funcionamiento anual. En el área de educación ambiental hemos concretado la reapertura del Centro de Tortugas Marinas (CTM) en La Coronilla, con 12000 visitantes en los meses de verano (enero-marzo 2011). En abril 2010 se inauguro el CTM-Montevideo, de carácter anual, con 85000 visitantes en 14 meses. Desde el año 2006, las organizaciones Averaves, Cetáceos Uruguay y Karumbé, aunaron esfuerzos y conformaron el proyecto ARENAS con el desarrollo del libro “Los ecosistemas costeros uruguayos: una propuesta para educadores”, cuyo público objetivo son maestros de escuelas costeras de Colonia, San José, Montevideo, Canelones, Maldonado y Rocha (Trimble et al. 2010). El surgimiento del Sistema Nacional de Áreas Protegidas (SNAP) en Uruguay ha sido apoyado por Karumbé desde su inicio en 2005. En el marco del SNAP, la inclusión de las áreas protegidas de Cabo Polonio y Cerro Verde ha sido de vital importancia para la conservación de las tortugas marinas en sus principales zonas de alimentación y desarrollo en Uruguay. Actualmente se trabaja en conjunto con el SNAP para la creación de nuevas áreas marinas protegidas, así como en el desarrollo del plan de manejo de las áreas existentes Karumbé trabaja en equipo abordando la biología de la conservación desde un punto de vista multidisciplinarlo. Durante 12 años hemos sentado las bases para un programa de investigación, manejo y conservación de las tortugas marinas. El cúmulo de información registrada permite, hoy en día, comprender mejor la biología de las tortugas marinas en las costas uruguayas así como también afianzar los programas de conservación a largo plazo.
Referencias Bibliográficas Achaval, F. 2001. Actualización sistemática y mapas de distribución de los reptiles del Uruguay. Smithsonian Herpetological Information Service 129. Alonso, L., A. Estrades, F. Scarabino, e J. Calcagno. 2010. Conchoderma virgatum (Spengler, 1790) (Cirripedia: Pedunculata) associated with sea turtles in Uruguayan shallow coastal waters. Pan-American Journal of Aquatic Sciences 5:166-168.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Asaroff, P., S. Demichelis, A. Fallabrino, e A. Estrades. 2009. Residuos sólidos antropogénicos: una grave amenaza para la tortuga verde juvenil Chelonia mydas, en Uruguay. Resúmenes de las 4º Jornadas de Conservación e Investigación de Tortugas Marinas en el Atlántico Sur Occidental, Mar del Plata, Argentina. Borrat, V., M.N. Caraccio, A. Marquez, e S. Villar. 2010. Evaluación del estado de la tortuga verde (Chelonia mydas) mediante el uso de biomarcadores de genotoxicidad en el Área Protegida “Cerro Verde e Islas de la Coronilla” próxima al Canal Andreoni. Página 48 en Simposio “El Monitoreo Ambiental y su Abordaje desde Diversas Disciplinas”, 1º Congreso de Zoologia – X Jornadas de Zoologia del Uruguay. Carranza, A., A. Estrades, F. Scarabino, e A. Segura. 2010. Loggerhead turtles Caretta caretta (Linnaeus) preying on the invading gastropod Rapana venosa (Valenciennes) in the Rıo de la Plata Estuary. Marine Ecology 32:142147. Estrades, A., M.N. Caraccio, F. Scarabino, e H. Caymaris. 2007. Presencia de la tortuga carey (Eretmochelys imbricata) en Uruguay. Página 51 en Resúmenes 3º Reunión Sobre Investigación y Conservación de Tortugas Marinas del ASO. Piriápolis, Uruguay. Ferrando, V. 2010. Bioquímica sanguínea de la tortuga verde juvenil (Chelonia mydas) en Cerro Verde, Rocha, Uruguay. Tesis de Grado. Pasantía Final. Facultad de Veterinaria. Universidad de la Republica, Uruguay Martinez-Souza, G. 2011. Avaliação da dinâmica populacional de tartarugas-verdes (Chelonia mydas) em duas áreas de desenvolvimento de águas temperadas do Atlântico Sul Ocidental, mediante o uso de modelos hierárquicos e de captura-recaptura. Poyecto de Doctorado, FURG, Brasil. Murman, M.I. 2011. El impacto de los desechos antrópicos en individuos juveniles de tortuga verde (Chelonia mydas), Cerro Verde, Uruguay. Universidad CAECE, Argentina. Rivas, F. 2010. Captura incidental de tortugas marinas Chelonia mydas y Dermochelys coriacea en Bajos del Solís, Uruguay. Facultad de Ciencias, UDELAR. Uruguay Trimble, M, M. Ríos, C. Passadore, M. Szephegyi, M. Nin, F. Garcia-Olaso, C. Fagúndez, e P. Laporta. 2010. Ecosistemas costeros uruguayos: una guía para su conocimiento. Averaves, Cetáceos Uruguay, Karumbé. Editorial Imprenta Monteverde, Montevideo-Uruguay. Viera, N. 2010. Captura incidental de tortugas marinas por la pesquería artesanal que opera en la costa oeste del estuario del Río de la Plata. Facultad de Ciencias, UDELAR, Uruguay Velez-Rubio 2010. Southermost record of post-hatchling Caretta caretta in the Atlantic Ocean. 30th Annual Symposium on Sea Turtle Biology and Conservation, San Diego, USA.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil TARTARUGAS AO MAR: UM MERGULHO NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Juliana de Azevedo Barros1, Carla Valeria Leonini Crivellaro1, e Rodrigo Moreira da Silva1
Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental, Maria Araújo 450 Cassino, Rio Grande RS 96207-480 Brasil. (barros_juliana@hotmail.com).
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Palavras-chave: Tartarugas marinhas, relato de experiência, educação ambiental.
Introdução Em setembro de 2005, eu, estudante do segundo ano de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) cheguei ao Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA) para iniciar meu estágio no Projeto Tartarugas Marinhas no Litoral do Rio Grande do Sul. O NEMA é uma instituição não governamental, uma associação privada, sem fins lucrativos que tem como principal objetivo a harmonização da relação ser humano-ambiente, a partir do reconhecimento do seu habitat e da conscientização dos seus valores e limitações. Atua na planície costeira há 26 anos, executa projetos continuados apoiados em ações coordenadas de educação, monitoramento, pesquisa e conservação, com vistas à gestão ambiental. Durante o estágio conheci sobre a biologia e ecologia das tartarugas marinhas, fiz saídas de praia para contagem desses animais, e enfim, comecei meu projeto de conclusão de curso. Minha pesquisa foi com a dieta de tartarugas-verdes no litoral do Rio Grande do Sul. Formei-me bióloga e logo ingressei no Mestrado em Oceanografia Biológica da FURG, sendo o tema da minha dissertação a dieta da tartaruga-cabeçuda. Segui no NEMA, uma instituição que tem a vertente da Educação Ambiental presente em todos seus projetos. Além disso, o “ambiente NEMA” permite a integração entre os projetos e a popularização da ciência. Sendo assim, não tive como não ser influenciada pela vertente da Educação Ambiental, de forma que não me bastou a pesquisa, aflorando em mim a necessidade de também ser uma educadora ambiental. Meu objetivo aqui é contar a minha trajetória de pesquisadora e como venho me constituindo como educadora ambiental.
Metodologia As experiências no NEMA me proporcionaram muitas percepções e novas referências conceituais e metodológicas. Entre essas referências está a metodologia das Ondas elaborada pelo NEMA, com uma abordagem interdisciplinar que envolve as ciências do ambiente, a arte e a educação psicofísica, parte de uma concepção de micro para macro escala, levando a reflexão e (re)conhecimento das potencialidades e limites da relação ser humano-natureza (Crivellaro et. al 2001). Aliada às Ondas está a pesquisa qualitativa, a qual referenciará este relato de experiência. O método empregado para a elaboração desse relato foi o de observação participante, o qual Triviños (1987) descreve ser uma técnica que privilegia a pesquisa qualitativa, onde “observar” não é simplesmente olhar. Observar é destacar de um conjunto algo especificamente, prestando atenção, por exemplo, em suas características. Nesse processo, o observador, ao mesmo tempo, pode modificar e ser modificado pelo contexto (Menezes et al. 2005).
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil No presente trabalho, eu, Juliana de A. Barros, vislumbro e descrevo meu olhar sobre a minha experiência de pesquisadora a educadora ambiental, tendo como pano de fundo as tartarugas marinhas e as vivências no NEMA, a partir de minhas percepções sobre este processo.
Resultados e Discussão Meu interesse na Educação Ambiental surgiu a partir da análise dos conteúdos gastrointestinais das tartarugas marinhas, quando comecei a encontrar uma quantidade impressionante de lixo no estômago e intestino desses animais. Nesse momento, comecei a me questionar sobre a necessidade de informar as pessoas. Sim, conhecer o que as tartarugas comiam era importante, inclusive para descobrir que a questão dos resíduos sólidos é uma das maiores ameaças para as tartarugas marinhas no Rio Grande do Sul. Mas, seria em vão se essa informação não chegasse às pessoas que na nossa costa vivem ou se utilizam dela de alguma maneira. Um novo universo de possibilidades surgiu e, como uma tartaruga em busca de alimento, mergulhei em busca de aproximar a produção científica do processo educacional. Estava num ambiente (NEMA) propício a conhecer o campo da Educação Ambiental, além disso, a coordenação do projeto que participo incentiva a participação em outras atividades da instituição. Sendo assim, nada foi por acaso. Dentro das possibilidades que me foram oferecidas, nos projetos que trabalhei e trabalho, a partir de temas como a pesca, a biodiversidade marinha, as cadeias tróficas, o conhecimento dos habitats do local onde vivemos (marismas, molhes da barra, estuário, praia arenosa, entre outros), passei a utilizar as tartarugas marinhas como signo e símbolo do local onde vivemos, possibilitando a partir desses animais o diálogo sobre a conservação da natureza e o pertencimento ao lugar onde vivemos. As tartarugas marinhas são animais carismáticos e por isso são no mundo todo utilizadas como símbolo e bandeira da conservação marinha (Frazier, 2005). Além disso, suas histórias de vida, bastante complexas, possibilitam uma gama de assuntos a serem trabalhados nas atividades de educação ambiental, como as palestras, as oficinas e os cursos ministrados no NEMA. O fazer Educação Ambiental no NEMA tem inicio a partir de uma concepção de meio ambiente vinculada à visão sistêmica da vida. Meio ambiente como “o lugar determinado ou percebido, onde os elementos naturais e sociais estão em relações dinâmicas e em interação. Essas relações implicam processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e sociais de transformação do meio natural e construído” (Reigota, 1994). Antes de estar no NEMA, achava que a Educação Ambiental era falar de ecologia. A mudança desse conceito aconteceu, de forma que passei a ver a necessidade de abordar outras questões dentro das atividades que realizava nos projetos que trabalhei. Comecei a incorporar dentro de minhas práticas conceitos e conteúdos relacionados à economia, política, ética e cultura. No NEMA passei a enxergar o meio ambiente na sua totalidade, em perceber as relações sociais que este espaço possibilita. As primeiras experiências com a Educação Ambiental no NEMA foram nas “Oficinas de Verão”, cursos oferecidos anualmente para a comunidade que, em geral, tem como público as crianças. A primeira oficina que participei foi sobre Origami, logo veio a oficina de tartarugas marinhas, repetida nos anos seguintes (2009, 2010 e 2011), entre outras. Foi muito bom participar dessas oficinas, a curiosidade e empolgação das crianças são impressionantes. As oficinas de verão são atividades bem pontuais, mas a impressão que tive é que aquelas crianças não vão esquecer algumas das informações que receberam. Depois do mestrado comecei a integrar a equipe do Projeto Ondas que te quero mar – Educação Ambiental para comunidades costeiras, que é responsável pela Educação Ambiental do NEMA. Junto a equipe do projeto Ondas, meu primeiro trabalho foi no projeto chamado Ambientes Criativos e atendia pré-adolescentes da 4ª secção da Barra, bairro de Rio Grande, onde ministrávamos oficinas interdisciplinares de fotografia, arte e VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil ciências do ambiente. Por ter uma maior duração, foi possível estabelecer laços, conhecer os pré-adolescentes melhor, saber sobre a escola, a família, enfim, entrar no universo delas, assim como elas nos nossos e isso fez toda diferença. Foi muito gratificante. Atualmente, participo do Projeto Pescadores por Natureza, que trabalha com as pescarias de arrasto no Rio Grande do Sul, desenvolvo ações de Educação Ambiental nas escolas, a partir de palestras e com pescadores, na sala localizada no Porto Velho de Rio Grande. Essa experiência tem me trazido uma grande satisfação pessoal, além disso, tenho percebido a importância da Educação Ambiental na conservação das tartarugas marinhas. A sala permite a construção de relações de amizade e respeito com os pescadores, fazendo com que o conhecimento seja produzido e compartilhado. Ainda não me considero uma educadora ambiental em sua totalidade, pois muito preciso aprender sobre seus conceitos e teorias. O que faço hoje, que aqui me atrevo a chamar de Educação Ambiental é baseado na prática e na metodologia que o NEMA me proporcionou e no diálogo com os educadores ambientais que tenho a possibilidade de conviver nessa instituição. Por outro lado, me sinto educadora no momento que a partir da minha prática há a troca de conhecimento nas relações que são construídas. Essas trocas e relações que me refiro me proporcionam imensa satisfação, talvez indescritível. Essa experiências, não sei ao certo em que momento, me levaram a repensar quem eu sou, minhas relações pessoais e minha vida profissional. A partir daí, hoje já não me basta a pesquisa científica se não vier acompanhada do processo educativo.
Referências Bibliográficas Crivellaro, C.V.L., R. Martinez Neto, e R.P. Rache. 2001. Ondas que te quero mar: educação ambiental para comunidades costeiras. Porto Alegre, RS: Gestal. Frazier, J. 2005. Marine turtles: The role of flagship species in interactions between people and the sea. Maritime Studies 3/4:5-38. Menezes, R.B., A.F. Monteiro, e R.M. da Silva. 2005. Vivências pessoais como observador de bordo: um relato de experiência. Livro de Resumos da 2º Jornada de conservação e pesquisa de tartarugas marinhas no Atlântico Sul Ocidental. Rio Grande, RS. Reigota, M. 1994. Meio ambiente e representação social. São Paulo: Cortez. Triviños, A.N.S. 2001. Bases teórico-metodológicas da pesquisa qualitativa em ciências sociais. Caderno de Pesquisa Ritter dos Reis.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil ACTIVIDADES DE EXTENSIÓN DE LA BASE CIENTÍFICA DE KARUMBÉ EN CERRO VERDE, URUGUAY, AL LARGO DE 2010-2011
Gustavo Martinez-Souza1, Mauro Russomagno1, Bruno Techera1, e Laura Berrondo1
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Karumbé, Avda. Gral Rivera 3245, CP 11200, Montevideo, Uruguay.
Introducción La investigación es el camino para conocer y comprender la realidad de las tortugas marinas y las amenazas que afectan a sus poblaciones. Pero la investigación solamente apoya la conservación cuando sus resultados y conclusiones son extendidos a las comunidades locales involucradas con las tortugas marinas, así como se hace a la comunidad científica. Al entender esto, Karumbé desarrolla eventos de extensión que involucran comunidades costeras y turistas, a respecto de sus actividades de investigación en el área de Cerro Verde (Rocha), una de las principales zonas de alimentación para la tortuga verde (Chelonia mydas) en el Uruguay. Karumbé ha venido desarrollando estas actividades en la zona desde sus comienzos, pero se hacían en los meses de verano. Con la ampliación de las actividades de la Base Científica durante todo el año, en el año 2010 las actividades de extensión pasan a ser planeadas por estación de año, permitiendo crear un programa de extensión a largo plazo. El objetivo de este trabajo es difundir las actividades de extensión desarrolladas por Karumbé en las comunidades aledañas a Cerro Verde en los años 2010 y 2011 y así incentivar la réplica de las mismas en otras zonas costeras del Atlántico Sur Occidental. A la hora de describir estas actividades, creímos conveniente separarlas por estación.
Actividades llevadas a cabo en verano Las actividades llevadas a cabo en los meses de verano son las “Jornadas de la tortuga” y la comparsa de carnaval “Ritmos del Mar”. Las “Jornadas de la tortuga” fueran desarrolladas en la playa La Moza (Santa Teresa), playa de Los Pescadores (Punta del Diablo), y en la playa de La Coronilla. El objetivo de estas actividades es informar sobre la ocurrencia de las especies de tortugas marinas presentes en Uruguay y mostrar la importancia de la zona como área de alimentación. En dichas jornadas se realizaron exposiciones de tortugas marinas (C. mydas), charlas, canciones, juegos, recolección de basura y finalmente la liberación de las tortugas junto a los turistas y pobladores locales. En el año 2010, se desarrollaron 20 jornadas de la tortuga, contando con la participación de más de 4000 personas. En 2011, no fueran desarrolladas las “Jornadas” porque Karumbé concentró sus esfuerzos en la reapertura del centro de interpretación, “Centro de Tortugas Marinas de La Coronilla - CTMU”, el cual está ubicado junto a la Base Científica. El CTMU es un importante punto de información para la comunidad local y visitantes, convirtiéndose así en un atractivo turístico para la zona. En los meses de febrero de los dos años, nos sumamos a los festejos de carnaval en la Comunidad de La Coronilla, con la comparsa “Ritmos del Mar”. En el año 2010, el tema del desfile fue “Las cadenas alimenticias en el agua, la tierra y el aire”. A lo largo de un mes, los niños eligieran el animal que querían representar, prepararon los disfraces, crearon la coreografía y fueron aprendiendo acerca de los mismos y de la importancia de cada uno de éstos en la cadena alimenticia, más allá del tamaño y lugar que ocupe en el ambiente. El desfile final contó VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil con 60 niños, más los padres y vecinos que nos acompañaron. En el año de 2011, la comparsa Ritmo del Mar fue desarrollada junto al Festival “Salvemos a las Tortugas Marinas” (actividad llevada a cabo en otoño), permitiendo la participación de todos los niños en edad lectiva.
Actividades llevadas a cabo en otoño En el otoño de 2010 y 2011, se realizaran en la escuela de La Coronilla (No 29) y de Punta del Diablo (No 96), el 7º y 8º Festival “Salvemos a las Tortugas Marinas”. El festival es desarrollado a lo largo de una semana de clases, con actividades artísticas, recreativas, deportivas y de investigación. Teniendo como apertura una obra de teatro protagonizada por técnicos y voluntarios de Karumbé. Siguiendo la línea de diversidad emocional, el objetivo del festival es sensibilizar a los estudiantes sobre nuestra responsabilidad ciudadana en la conservación del medio ambiente del que formamos parte todos por igual. En el año 2010, el tema del festival fue “Nuestra playa, un hogar especial”, en el cual, nos propusimos involucrar otros animales marinos presentes en nuestras costas: el chucho (raya del genero Myliobatis), el tiburón, la tonina, la ballena franca, el gaviotín y el lobo marino; y así destacar la importancia del ecosistema marinocostero de la zona. Por otro lado, resaltar nuestra contribución en la degradación del ambiente, asociada a la producción y uso irracional de basura, basándonos para esto, en la importancia de las tres R’s (Reducir, Reutilizar y Reciclar). Bolsas de tela fueran donadas a todos los estudiantes y docentes para el uso continuo y reducción de las bolsas plásticas en los comercios locales. Cada niño distinguió su bolsa con divertidos dibujos, convirtiendo cada bolsa en única y así fortaleciendo su utilización. En el marco del festival, los 323 niños participaran de “Olimpíadas de la Tortuga”, divididos en seis equipos identificados con los animales descriptos anteriormente. Cada equipo investigó acerca del animal y de la costa uruguaya, pintó banderas y chalecos, compuso canciones, y participo de actividades deportivas durante el día de cierre del festival, donde al final se entregaron medallas a todos los niños, fortaleciendo así, la idea de que lo importante no es ganar, sino, participar, compartir y divertirse aprendiendo. En el año 2011, siguiendo con esta última idea y además incorporando y dando valor a la cultura local, se trabajó con los animales nativos, introduciendo el concepto de especie invasora. Este año, el tema del festival fue “Los tambores transmiten la buena nueva, los invasores no son inmortales (Eduardo Galeano)”. En el marco de las “Olimpíadas de la Tortuga”, los 340 niños fueran divididos en 4 equipos: Mulita, Puma, Carpincho y Ñandú, animales autóctonos que insignia las nuevas monedas de Uruguay, referentes a la conmemoración de los 200 años de ideología patria uruguaya. Cada equipo, tuvo actividades de investigación, buscando informaciones acerca del animal y de un pueblo pre-hispánico americano (Mayas, Incas, Charrúas y Guaraníes). Los equipos hicieron canciones, pintaron una bandera, máscaras de los animales (en el marco de la comparsa “Ritmos del Mar”) y un afiche en la pared de la escuela. El Festival contó con actividades diarias deportivas a lo largo de la semana. Junto a las actividades de los Festivales y Olimpiadas, se recolectaron más de 20.000 tapitas de botellas, las cuales fueron entregadas a la radio FM Coronilla, y usadas para la confección de colchas para los hospitales públicos.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Actividades realizadas en invierno En el invierno de 2010 y 2011, fueron desarrollados actividades en el “Mes de la Conservación”, llamando así al mes de junio, ya que es en este mes que se conmemoran el Día Mundial del Medio Ambiente (día 5), el Día de los Océanos (día 8), el día de la Tortuga Marina (día 16) y el Día del Árbol. Tortugas marinas fueron liberadas y plantados árboles autóctonos y plantas acuáticas en el sistema ecológico de tratamiento de agua de la escuela de Punta del Diablo, desarrollado por la ONG CEUTA.
Consideraciones Finales Las actividades de verano, otoño e invierno fueran consideradas exitosas. En la primavera no fueran desarrolladas actividades de extensión. Pero la propuesta a futuro es continuar con el desarrollo de estas actividades involucrando a jóvenes del Liceo (12 a 18 años). Consideramos que la continuidad que se le ha dado al festival, y a partir del año 2010, el establecimiento permanente en la zona a lo largo de todo el año, han sido importantes porque, por un lado, han consolidado el trabajo desarrollado con los estudiantes y colaborado en la construcción de una identidad asociada al cuidado del medio ambiente, formando ciudadanos transformadores de la realidad actual. Por otro lado, han profundizado el relacionamiento con las comunidades, lo que redunda en una mejor comunicación y por ende en un mejor desarrollo de las actividades, entendiendo que somos parte de la misma lucha en la conservación de nuestros recursos. Y por último, han ayudado a consolidar las ideas en el equipo de trabajo, aclarándonos acerca de nuestra propia responsabilidad como ciudadanos en la conservación del medio ambiente y en la formación de una sociedad más justa. Fortaleciendo así, nuestros propios objetivos, analizando los resultados y aprendiendo del proceso. Cada día de trabajo, cada actividad, cada emoción sentida por el equipo, es lo que nos da fuerza para seguir por medio de esta propuesta de trabajo que tiene a las tortugas marinas como especie bandera, luchando por la conservación y la protección de la naturaleza y sabiéndonos parte de ella.
Agradecimientos/Financiamientos Los autores agradecen a todos los técnicos y voluntarios de Karumbé, a todos los docentes y niños que participaran de las actividades y al Rufford Small Grants por el apoyo financiero.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil TARTARUGAS MARINHAS (TESTUDINE: CHELONIIDAE): ESPÉCIE-BANDEIRA COMO FERRAMENTA PARA CONSERVAÇÃO EM UBATUBA, LITORAL NORTE DE SÃO PAULO
Juliana S. P. Gusmão1,*, e Marcelo N. Schlindwein1
Universidade Federal de São Carlos – UFSCar – Campus Sorocaba. Rodovia João Leme dos Santos, km 110, CEP 18052-780, Bairro Itinga, Sorocaba, SP.
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* (juliana_spg@hotmail.com).
Palavras-chave: Chelonia mydas, interação com pesca, diversidade biológica, políticas públicas ambientais, turismo sustentável.
Introdução A perda de diversidade biológica na Terra, nos últimos 50 anos, atingiu uma taxa cem vezes maior que o normal, o que acredita-se ser a “sexta extinção”, cuja causa deixa de ser um evento natural e se deve às atividades humanas. Neste contexto se insere a biologia da conservação que é, por definição, uma ciência multidisciplinar desenvolvida como resposta à crise na qual a diversidade biológica se confronta atualmente (Frankham et al. 2008). A conservação brasileira evoluiu da preocupação estética em 1930, para a preocupação com as espécies, passando para a ênfase em conservação de comunidades e daí para a promoção social das pessoas que vivem no interior ou entorno das unidades de conservação. Nos anos 80, o aparecimento de projetos com objetivos específicos (Tamar, Peixe Boi, entre outros) possibilitaram combinar dinamismo com liberdade da estrutura burocrática governamental e, até hoje, têm liderado as iniciativas na conservação brasileira por apresentarem soluções inovadoras para a enorme gama de obstáculos à conservação, desenvolvidas em conjunto com as comunidades diretamente relacionadas ao problema (Rodrigues 2002). A região de Ubatuba tem um ecossistema diversificado e complexo, e uma população que vive intimamente relacionada com esse. Os pescadores conhecem bem a aparente abundância de tartarugas marinhas que podem ser observadas próximas a costões rochosos; são indivíduos juvenis de tartaruga verde (Chelonia mydas), espécie-bandeira e ameaçada de extinção, que buscam abrigo e alimento nesta porção do litoral norte de São Paulo e dependem da conservação dos ecossistemas costeiros para sobreviverem. Para entender como as tartarugas marinhas têm influenciado na criação de políticas públicas ambientais, ações efetivas de conservação e educação ambiental no município de Ubatuba, o presente trabalho traz um levantamento bibliográfico sobre a biologia das espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, mais especificamente sobre as espécies ocorrentes em Ubatuba, e suas interações com a pesca. Levantamentos sobre as ameaças locais e análise da efetividade e influência do Projeto Tamar-ICMBio existente no município também foram realizados.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Metodologia Ubatuba localiza-se a 230 km da capital paulista (23°26’S – 45°04’W), no litoral norte do Estado (Fig. 1) (Castro e Bruna 2002). Segundo o site da Prefeitura (2010), sua extensão total é de 748,02 km2, com a população estimada pelo IBGE 2009 de 81 mil habitantes, dos quais 97% estão na área urbana. Estima-se que a população flutuante possa chegar a um milhão de habitantes no auge da temporada (Ferreira et al. 2008).
Figura 1. Mapa do Brasil mostrando a localização de Ubatuba (esquerda) e mapa detalhado da área de Ubatuba mostrando o litoral abrigado da região. Modificado de Gallo et al. (2006).
Fez-se um levantamento bibliográfico onde foram fundamentais os trabalhos de Gomes et al. (2006), Sanches (1999), e as informações contidas no site oficial do Projeto Tamar - ICMBio para a caracterização da biologia das espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil. Os livros de Droguett e Fonseca, 2005, de Marcílio (2006) e o estudo de Castro e Bruna (2005), foram a base para contextualizar histórica e contemporaneamente o município com relação à cultura popular, ocupação do território, pesca e economia local, principalmente. A leitura e referência ao livro de Suassuna (2007) foi importante para entender a relação do Projeto Tamar-ICMBio com a sociedade brasileira como um todo, seu histórico e contexto de criação, sua política de relação com as comunidades de pescadores em que interage, e as diretrizes adotadas por esta instituição governamental visando a conservação das tartarugas marinhas. Como subsídios gerais foram utilizados artigos de internet, revistas, capítulos de livros e artigos científicos para complementar os elementos de discussão, além da experiência prática do estágio realizado na base do Projeto Tamar-ICMBio de Ubatuba de 04 de julho a 04 de agosto de 2010, no qual foi possível acompanhar as ações gerais do projeto frente às especificidades locais.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Resultados e Discussão O Projeto Tamar-ICMBio desenvolve ações de pesquisa, conservação e educação ambiental no centro de visitante e nas escolas do município visando a conservação marinha tendo como símbolo as tartarugas. O resultado desta ação é que muitas pessoas entram em contato com a base ao encontrarem um animal na praia, atitude que reforça a eficácia das tartarugas marinhas como embaixadoras do meio ambiente, e o respeito que tem o projeto no Brasil (Projeto Tamar-ICMBio 2010). Para o município de Ubatuba fica claro que, não fosse o Projeto Tamar-ICMBio pouco seria conhecido a respeito das tartarugas marinhas deste litoral, bem como nenhuma ação em nível municipal teria se desenvolvido para protegê-las. É fato, portanto, que o projeto modificou a forma como os moradores locais percebem as tartarugas: se antes elas eram um item de consumo, hoje são animais que precisam de proteção e um álibi para atrair os turistas à região. Em razão do sucesso e influência do Projeto Tamar-ICMBio, as tartarugas marinhas tornaram-se um símbolo no município, estão nos prédios, placas de restaurantes, artigos de artesanatos e em muitos outros itens. O centro de visitantes do Tamar contribui para o desenvolvimento do turismo da cidade e os técnicos do projeto geralmente são consultados pela prefeitura para dar parecer sobre assuntos que envolvem o meio ambiente. Durante o estágio realizado foi possível observar que bastava ter rede na água que pelo menos uma ocorrência de afogamento de tartaruga era registrada. Como os afogamentos de C. mydas em redes de pesca constituem um dos principais problemas em Ubatuba, seguido da ingestão de lixo, a maioria das atividades de pesquisa desenvolvidas pelo Tamar visam diminuir a mortalidade das tartarugas marinhas em redes sem afetar negativamente a pesca local; os resultados são apresentados aos pescadores das diferentes comunidades para propor acordos ou mesmo influenciar na criação de leis de proteção. Em Ubatuba, a ocorrência de C. mydas juvenis é alta o ano todo indicando ser um local para o desenvolvimento desta espécie. E, através de análises genéticas, sabe-se que os indivíduos têm origem de diferentes populações, inclusive de outros países, o que torna o local importante para o desenvolvimento de ações de conservação podendo chamar a atenção para a cooperação internacional (Barrera 2009; Projeto Tamar-ICMBio 2010). Ao entender que políticas públicas ambientais são ações desencadeadas pelo Estado com vistas ao bem coletivo e que essas ações podem ser desenvolvidas em parceria com organizações não governamentais, percebe-se a influência do Projeto Tamar-ICMBio como instituição híbrida (vinculada ao Estado e ONG) para elaborar estas políticas em nível federal, estadual e municipal. As tartarugas marinhas, pela sua importância para o ecossistema e poder como espécies-bandeira junto à sociedade e órgãos públicos, devem ser usadas cada vez mais como ferramentas para gerar políticas públicas ambientais que visem à proteção de habitats, sem, com isso, prejudicar as famílias de pescadores que outrora tinham nesses animais um complemento alimentar, uma vez que elas são capazes de agregar valor econômicoambiental à localidade, podendo gerar renda através do turismo sustentável.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil Referências Bibliográficas Barrera, E.A.L. 2009. Análise da captura acidental de tartarugas marinhas em artes de pesca artesanal na desembocadura sul da Baía de Paranaguá, litoral do Paraná. Dissertação de Mestrado - Centro de Estudos do Mar, UFPR. Castro, D.M.L., e G.C. Bruna. 2002. Políticas públicas de ocupação e desenvolvimento sustentável: o caso do município de Ubatuba. Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental, Cancún, México. Droguett, J., e J.O. Fonseca. 2005. Ubatuba: espaço, memória, cultura. Editora Arte & Ciência, São Paulo, SP. Ferreira, C.J., M.J. Brollo, M.E. Ummus, e T.D. Nery. 2008. Indicadores e quantificação da degradação ambiental em áreas mineradas, Ubatuba (SP). Revista Brasileira de Geociências 38:141-152. Frankham, R., J.D. Ballou, e D.A. Briscoe. 2008. Fundamentos de genética da conservação. Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira de Genética. Gallo, B.M.G., S. Macedo, B.B. Giffoni, J.H. Becker, e P.C.R. Barata. 2006. Sea turtle conservation in Ubatuba, southeastern Brazil: a feeding area with incidental capture in coastal fisheries. Chelonian Conservation and Biology 5:93-101. Gomes, M.G.T., M.R.D. SANTOS, e M. HENRY. 2006. Tartarugas marinhas de ocorrência no Brasil: hábitos e aspectos da biologia da reprodução. Revista Brasileira de Reprodução Animal 30:19-27. Marcílio, M.L. 2006. Caiçara: terra e população. Editora: Edusp, São Paulo, SP. Prefeitura de Ubatuba. 2010. Disponível em: http://www.ubatuba.sp.gov.br/. Acessado em 20/10/2010. Projeto Tamar - ICMBIO. 2010. Disponível em: http://www.tamar.org.br/interna.php?cod=64. Acessado em 20/10/2010. Rodrigues, E. 2002. Biologia da conservação: ciência da crise. Ciências Agrárias 23:261-272. Sanches, T.M. 1999. Tartarugas Marinhas. Disponível em: refere/tartarugas.pdf. Acessado em 28/09/2010.
www.anp.gov.br/brnd/round5/round5/guias/sismica/
Suassuna, D. 2007. Um olhar sobre políticas ambientais: o projeto Tamar. Ed. Thesaurus, Brasília, DF.
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil SESSÃO ESPECIAL
APRENDIENDO A TRABAJAR EN RED BUSCANDO LA EFECTIVIDAD DE LAS ACCIONES DE CONSERVACIÓN EN LA REDUCCION DE LA PESCA INCIDENTAL DE TORTUGAS MARINAS EN EL PACIFICO ORIENTAL
Sandra Andraka1, Moisés Mug1, Alejandro Imbach2, Claudia Bouroncle2, Martín Hall3, Nick Vogel3, Liliana Rendón4, David Ortega4, Álvaro Segura4, Lucas Pacheco4, Luis Alonso Zapata4, Erick Villagrán4, Celina de Paz4, Velkiss Gadea5, Pablo Guerrero4, Michael Valqui4, Mariluz Parga6 y Maite Pons7
Programa Marino y de Pesquerías, Latinoamérica y el Caribe, WWF, San José, Costa Rica (sandra.andraka@ wwf.panda.org)
1
Geolatina, 3 Comisión Interamericana del Atún Tropical, 4 Oficinas y consultores WWF en México, Guatemala, El Salvador, Costa Rica, Panamá, Colombia, Ecuador y Perú, 5 Fauna y Flora Internacional, 6 SUBMON, 7 Centro de Conservación e investigación marina (CICMAR). 2
La comunidad de conservación de recursos naturales enfrenta enormes retos en la actualidad ante un impacto antropológico considerable en el medio natural. Grandes esfuerzos y recursos humanos y financieros se invierten para la conservación de la biodiversidad y los recursos marinos pero en general no se aplican sistemas que permitan medir la efectividad de esta inversión, es decir, ¿están funcionando realmente nuestras acciones?, ¿se están alcanzando los objetivos de conservación? Las organizaciones de conservación tenemos la responsabilidad de ser estratégicos en nuestras inversiones y buscar demostrar la efectividad de nuestras acciones. La Alianza para las Medidas de Conservación [Conservation Measures Partnership (CMP)] ha desarrollado una serie de herramientas y conceptos, llamados los estándares abiertos, para diseñar, manejar y llevar a cabo acciones, monitorear, evaluar y aprender, con el fin de incrementar al máximo la efectividad y eficiencia para obtener el mayor beneficio de la conservación en función del manejo adaptativo. Un carácter intrínseco a los estándares es que están disponibles en forma libre al público en general y que no pertenecen a ninguna persona u organización y por lo tanto pueden ser redistribuidos libremente La organización mundial de conservación, WWF, entre otras organizaciones, como miembro de CMP aplica los estándares abiertos en sus programas y proyectos como es el caso del programa de reducción de la captura incidental de las tortugas marinas en el Pacífico Oriental. El programa comenzó en 2004 en Ecuador debido a una solicitud del gobierno y el sector industrial y artesanal a la Comisión Interamericana del Atún Tropical (CIAT) para buscar una solución conjunta y constructiva a la captura no deseada de tortugas marinas en las pesquerías de palangre. El punto de partida era la experiencia de la Administración Atmosférica y Oceánica (NOAA) con los anzuelos circulares en pesquerías de Estados Unidos de América. WWF se incorporó un poco más tarde en 2004 uniéndose a la filosofía y principios del programa y desde entonces la iniciativa se ha expandido a 8 países más: México, Guatemala, El Salvador, Nicaragua, Costa Rica, Panamá, Colombia, y Perú. La incorporación de WWF aportó, además de su capacidad técnica, su estructura de gestión a través de sus técnicos y oficinas en todos los países, dando al programa un carácter de red de tipo regional. En cada país se crearon equipos muchas veces de manera fortuita y por interés de participar, con la incorporación de coordinadores de WWF trabajando en colaboración con oficiales de las VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil autoridades de pesca, algunos pescadores emprendedores y otros miembros del sector pesquero con interés en mejorar las pesquerías. El programa se originó por la CIAT, a través del enfoque visionario de Martín Hall, con un enfoque de la difusión de una innovación, es decir, la propagación de una idea nueva - en este caso el anzuelo circular y las mejores prácticas para tortugas marinas - que busca un cambio en una estructura de un sistema social, - el sector pesquero - mediante la comunicación - principalmente talleres, encuentros en pequeños grupos o individuales en el día y día, y con observadores, como agentes de cambio, tomando datos de un experimento para evaluar la efectividad de los anzuelos circulares con los J a bordo de embarcaciones voluntarias en diferentes pesquerías. Los principios rectores del programa establecidos desde el inicio son: 1. Nadie quiere lastimar o matar tortugas; 2. Nadie quiere dejar a los pescadores sin trabajo; 3. La participación de los pescadores y las embarcaciones en el programa es voluntaria; y 4. Obtener datos de la mejor calidad en condiciones de pesca comerciales de la “vida real”. Sus principios, objetivos y accionar originales se han mantenido pero se han añadido otros y fusionado en un proceso de planificación que WWF realizó en 2007 usando los estándares abiertos con el fin de enmarcar ese conjunto de acciones emprendidas para alcanzar objetivos y metas definidos en un proceso de manejo adaptativo ideal cuyo desarrollo permitiera medir avances, tomar decisiones y documentar y compartir el aprendizaje. El objetivo último es reducir la captura incidental y mortalidad de tortugas marinas en las pesquerías de palangre del Pacífico Oriental. Uno de los retos es medir este objetivo y la contribución que el programa hace para lograrlo. Por esta razón, en la planificación se usaron proxies, indicadores indirectamente relacionados con el tema, que nos permitan medir el progreso. Por citar algún ejemplo, 611 embarcaciones han participado voluntariamente en el programa de observadores, pero más de 680 (con o sin observador) han cambiado sus anzuelos y prácticas en el manejo y liberación de tortugas marinas. Más de 160.000 anzuelos circulares han sido intercambiados y más de 240 eventos de capacitación, educación o presentación de resultados se han realizado con más de 15.000 pescadores. También están documentados como indicadores cambios en políticas para promover el uso de anzuelos circulares, que se han genera por el programa. Adicionalmente, los datos recolectados por los observadores también nos indican progreso hacia los objetivos como tasas de reducción de 50% con anzuelos circulares en algunas pesquerías. Es decir, los proxies y los datos generados nos permiten entender mejor las pesquerías y usarlos para tomar decisiones con un enfoque ecosistémico considerando otras especies además de las tortugas marinas y que con un mayor análisis nos pueden dar estimaciones hacía el objetivo final que es la reducción de la captura incidental de tortugas marinas. Lo más importante en este proceso, además de medir y analizar el avance hacia objetivos y resultados comunes, es probar los supuestos y definir que ha funcionado y que no, con el fin de adaptar las acciones. Esto se materializa en la generación de lecciones, lo cual es un poco arte y ciencia, y llevan a un aprendizaje como red. Las lecciones generadas son muchas y van desde anécdotas, resultados estadísticos y técnicos propiamente o supuestos generales del enfoque de trabajo y manejo de un programa. A continuación se mencionan un extracto de algunas de las categoría: tecnológica y científica - se ha aprendido en si sobre las características de la pesquería artesanal de palangre que presenta particularidades por flota, tipo de arte y modo de operación; se han encontrado tasas de reducción de captura incidental de tortugas marinas de 50% con anzuelos circulares C16 en pesquerías de atún-tiburón según la flota y el país, se conoce como manipular mejor las tortugas en las condiciones de esta pesquería, 99% de las capturadas en palangre de superficie son encontradas vivas; trabajo con diferentes sectores – ha resultado valido el enfoque de abordar la problemática desde los pescadores, sin imposiciones, pero a la vez es fundamental que las autoridades se apropien del proceso desde el inicio para contar con ambos sectores; tiene que haber una comunicación fluida, constante y transparente con todos los VOLTAR PARA SUMÁRIO / VOLVER AL SUMARIO
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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlântico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianópolis, Brasil sectores (pescadores, gobierno, industria, entre otros); trabajo en red y enfoque regional – es fundamental tener objetivos comunes a largo plazo entre todos los actores; trabajar de manera cooperativa en red puede ser de una manera orgánica o una sistemática, sin excluirse entre ellas, según las necesidades y condiciones, pero a la vez es un reto armonizar los intereses de los interesando; la tortuga marina ha sido un elemento de biodiversidad que ha sido reconocido regionalmente para mejorar las pesquerías; la iniciativa regional ha sido empujada y adoptada en muchas ocasiones por individuos pero debe ir ligada a estructuras sociales o institucionales para asegurar su permanencia en el tiempo; las herramientas de planificación han facilitado la consecución de objetivos pero hay que saber combinarla con la genialidad de los individuos. En definitiva, la iniciativa ha pasado por un ciclo en el que se realiza la incorporación de un proceso formal de aprendizaje – que requiere de su propio tiempo - a la acción de conservación, en un red con un enfoque de colaboración entre sectores de conservación y pesca y no confrontación, y que puede ser compartido con otras iniciativas que enfrentan la problemática de la captura incidental de tortugas marinas incluso en otras latitudes, como es el Atlántico Sur, creando las bases para una cooperación e intercambio sur-sur.
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