A vez dos escritórios

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A vez dos escritórios O futuro dos escritórios e ambientes corporativos esteve presente na primeira Casa Office

por ] Rafaela Tasca

fotos

]

Divulgação

“Um escritório que fecha negócio sozinho” esse era um dos slogans adotado pela mostra Casa Office, em São Paulo. A versão Casa Cor para os ambientes corporativos teve o tema “Inovação e sustentabilidade” como eixo norteador de seus 50 ambientes apresentados. Ali, grandes nomes da arquitetura, decoração e paisagismo revelaram que é possível elaborar um ambiente de trabalho com beleza e contribuir com a preservação do planeta. Com a consciência de que o lifestyle urbano dos dias atuais é de homens e mulheres que trabalham mais fora de casa e, conseqüentemente, passam mais tempo em seus locais de trabalho; um dos desafios dos profissionais foi o de equacionar espaço, 31


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conforto e eficiência. A premissa da arquitetura contemporânea corporativa é de que mudanças no espaço de trabalho contribuem para o desempenho da organização, a produtividade, a qualidade do trabalho e integra pessoas às atividades. Assim, o briefing para os arquitetos e profissionais do setor permanece ancorado na tríade: estrutura da empresa, recursos humanos e modo de funcionamento. A expertise nesse assunto passa por escritórios que trabalham exclusivamente com projetos corporativos e contam com serviços integrados que vão desde o conceito do projeto até o gerenciamento de sua implantação. Entre os materiais, a presença da madeira certificada já não foi mais tratada como novidade. Sua obviedade se deve à passagem conceitual de ser um material agregado ao “estilo consciente” a uma necessidade da construção. Afinal, a lei brasileira já atua em financiamentos para o setor apenas

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(Página Anterior e acima) Consultoria de Negócios de Fernanda Marques: sofisticação e eficiência. (Abaixo) A alta tecnologia sustentável marcou presença no projeto da Athie Wohnrath.

mediante a apresentação da certificação de extração da madeira. Tudo em prol do ambiental! Pool de profissionais Com sua já tradicional elegância que marca presença nas mostras da Casa Cor (lembram da escada branca apresentada em 2007?), Fernanda Marques elaborou em generosos 283m² uma “consultoria de negócios” e levou o prêmio na categoria “Mais sofisticado”. O projeto contou com recepção, sala de reuniões, estações de trabalho,

duas posições de coordenadoria, uma gerência, sala de diretoria e um lounge a céu aberto para descompressão. Aliás, áreas dessa natureza foram exploradas em vários espaços, especialmente em grandes projetos expressando mais um item da sustentabilidade: o bem-estar dos usuários. No pique do ecológico, Fernanda pontuou por ter valorizado sobremaneira a luz natural, com divisórias e janelões de vidro. “Levei em consideração as condições de trabalho, por isso, o ambiente além de bonito, está iluminado e bem ventilado.”, destaca Fernanda. Na linha de grandes escritórios, a Athie Wohneath apresentou sugestões sustentáveis valiosas e não à toa levou o prêmio de ambiente “Mais Sustentável”. Na lista: tinta à base d´àgua, vidros, iluminação com led, coleta seletiva de lixo no ambiente interno e sistema de ar-condicionado que renova o ar interno com fluxos adequados e baixo consumo de energia. Para o sistema de comunicação trouxe o sistema voip, salas com projetores e espaços destinados a teleconferência. Tudo em um espaço de ambientes integrados. Ambos projetos mostraram que sustentabilidade nem sempre está relacionada à rusticidade. Há uma alta tecnologia já à disposição no mercado que é comprometida em promover benefícios ambientais – ou, ao menos, minimizar os impactos. A arquiteta Emília Garcia, também criou espaços ecologicamente corretos, o “Green Bar” e o “Business Hall”. Na concepção: móveis com madeira de reflorestamento, tapetes de fibras naturais, sofá de lona de caminhão e revestimento com pastilhas de bambu. As pastilhas de vidro ecoglass (Prêmio Planeta Casa 2008) fizeram parte da composição.


[aRQUITETURA] Andrade Azevedo Arquitetura Corporativa seguindo o mote da inovação tecnológica e praticidade. A versatilidade do espaço tem seu ponto alto na mesa com monitores tela plana e de estrutura retrátil que permitem que o conteúdo digital da reunião possa ser acompanhado por todos os participantes quando acionado. Heloísa Dabus também se valeu dos vidros UBV e da irreverência. Trouxe nos vidros o canelado branco, aplicado como divisória em sua

Fernando Brandão em sua “Sala do Presidente a Beira de um Ataque de Nervos“ – utilizou vidro pirâmide da UBV como divisória de seu espaço e o pirâmide preto como revestimento. O arquiteto, irreverente e conhecido pelos projetos da Livraria Cultura em São Paulo e projetos de stands das Alpargatas, trouxe à Casa Office um projeto mais ancorado em possibilidades medianas, caracterizado pela escassez de espaço e teto baixo.

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Interessante observar que mesmo em oposição aparente e de difícil combinação, elementos clássicos como a moldura dourada nas obras e espelhos conseguiram ser harmonizados com a modernidade dos vidros e, até mesmo, o toque irreverente de um dado gigante. Um grande jogo de sensações possibilitadas pelas mãos de Brandão. Outra premiação foi para a “Sala de Reuniões” projetada pelo escritório

(Nesta página) Com sua irreverência e ousadia, Fernando Brandão abusou dos vidros pirâmides como revestimento e divisória.


[aRQUITETURA] (À esquerda) “Sala de Reuniões” projetada pela Andrade Azevedo trouxe a versatilidade dos monitores retráteis. (À direita e abaixo) Piso vinílico e automação no projeto “Sala Multimídia”, de Heloísa Dabus.

“Sala Multimídia”. Seu projeto aliou a produtividade do ambiente de trabalho à alegria e o humor. Formas arredondadas em um clássico preto e branco em composição com o amarelo-gema trouxeram ousadia e irreverência. A alta tecnologia também se fez presente. Heloísa agregou um sistema de automação que comanda a iluminação e todos os equipamentos de áudio, vídeo e telas de projeção de última geração. Esses 85 m², ainda trouxeram piso vinílico com paginação colorida, cadeiras do designer Chistophe Pillet e mesas

com tampo deslizante para garantir flexibilidade ao usuário. O “Security Center” desenvolvido pelos arquitetos Leonardo Hermenegildo, Percival Campos Barboza e Ernesto Martinez Tuneu também merece atenção. Representantes da “arquitetura de segurança”, eles apresentaram um sistema de monitoramento de última geração em um ambiente com pisos especiais para passagem de cabos e portas blindadas. Uma possível característica do modelo sustentável é a ocupação flexível, que permite rearranjar a

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[aRQUITETURA] configuração do espaço de modo específico para diferentes tipos ou fases de trabalho. Emblemático nesse quesito foi a solução apresentada por João Paulo Beugger, da Piratininga Arquitetos, que utilizou módulos independentes para sua diretoria e levou o prêmio de inovação da mostra na categoria de projeto “Mais Inovador”. O ambiente de 30 m² é composto por módulos independentes feitos em metal e vidro, posicionados em rotação. O tratamento cenográfico do local, que deu o ar de edifício antigo, revela um alto poder de adaptação da estrutura. Assim, a “Sala da Diretoria” de Beugger traz como proposta a ocupação de edifícios existentes com estruturas industrializadas. Multiplicidade inteligente Outra necessidade das empresas é investir no aprimoramento e treinamento dos profissionais e aplicar de maneira inteligente os recursos necessários as instalações. Moema Wetheeimer em seu “Learning Club” trouxe essa proposta inspirada por uma paleta de cores cinza, branca e roxa. Mobiliário sobre rodas, peças dobráveis e removíveis, tecnologia da informática e automação. A mesa, no formato “nutcracker”, com seus

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(Acima) Ocupação flexível na “Sala da Diretoria” da Piratininga Arquitetos. (Abaixo) Multiplicidade inteligente e ecológica no projeto de Moema Wetheeimer.

diversos formatos de uso, permite tipologias diferentes de reuniões. Fone de ouvido wi-fi à disposição auxilia nas necessidades para trabalhos individuais. Versatilidade de um ambiente que pode ser utilizado para reuniões, workshops e aulas. O interessante é que o projeto permite interatividade por parte do usuário. “O layout ideal com as necessidades de cada um é simulado através de um software instalado na entrada do escritório. A sala pode ser reservada, online, com antecedência. O usuário escolhe, inclusive, o tipo de layout que deseja, de modo a acomodar melhor a atividade que irá exercer.”, afirma Moema. O pensamento da sustentabilidade esteve muito oportunamente presente na redução do consumo de telefone e de viagens. Projeções e videoconferências – inclusive individuais – reduzem gastos

com viagens. Qualidade acústica, luminárias leds integradas ao sistema rgb para efeitos de cor e luz. O flip-chart foi substituído por um moderno quadro branco imantado na parede para anotações e que tem o recurso e-beam, um scanner de parede que permite transmitir em tempo real ou imprimir qualquer texto ou imagem que for desenhado no quadro. Poltronas com pranchetas adaptadas abrigam laptops e porta copos. O projeto optou por carpete em placas, reciclável e que facilita o reaproveitamento em caso de mudança. A mesa muda de altura, caso se opte por uma reunião mais informal. A seleção foi criteriosa efeita com fornecedores de preocupação ambiental . Em seu espaço, Moema potencializou o ecológico através da tática da multiplicidade que evita os desperdícios e aproveita o investimento feito pela empresa. [ ]


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