Crítica de «Whiplash - Nos Limites»

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Whiplash - Nos Limites Realização: Damien Chazelle Actores: Miles Teller, J.K. Simmons, Melissa Benoist

V

igoroso e magnetizante, «Whiplash – Nos Limites» é uma bela surpresa emoldurada por magnífica música. Andrew (Miles Teller) é um jovem que está numa das melhores escolas de música do mundo para aprimorar as suas aptidões para tocar bateria. Solitário e algo arrogante e pretensioso, a sua única companhia são as suas baquetas. Entretanto, cruza-se com Fletcher (J.K. Simmons), um professor obstinado com a busca da perfeição – recorrendo para isso a métodos muito próprios –, que encontra algum potencial em Andrew. Mas será o jovem capaz de aguentar tamanha pressão? A narrativa da obra é fluida, não dando espaço para que o espectador se aborreça – muito pelo contrário, já que o interesse é constante e crescente. A realização de Damien Chazelle é sensível e focada

nos detalhes, enaltecendo a virtuosidade dos actores, o que eleva verdadeiramente a qualidade do filme. O ainda jovem Teller dá aqui provas de ser – tal como a sua personagem – um diamante em bruto, com ainda muito para limar. A sua resiliência e entrega à personagem são admiráveis, dignas de nota. Mas as atenções viram-se para o veterano J.K. Simmons, brilhante na sua interpretação, fazendo com que não consigamos tirar os olhos do actor, tal é a força dramática e expressiva que materializa na sua personagem. A química entre os dois actores acaba por ser o grande trunfo para o desenvolvimento profícuo da obra. A excelente qualidade musical é a cereja no topo do bolo, munindo a narrativa de momentos acirrantes. «Whiplash – Nos Limites» questiona até onde somos capazes de ir para alcançar a

perfeição, bem como o melhor de nós mesmos. Mas será que há limites nesta demanda? A obra mostra ainda as amarguras e consequências da competição feroz, tão habitual quando se trata do universo referente aos melhores dos melhores. Não há espaço para moralismos ou julgamentos, retratando-se de forma imparcial os dois lados de uma mesma história, feita literalmente de sangue, suor e lágrima (o leitor entenderá o singular quando vir o filme). Damien Chazelle conseguiu transformar um tema nem sempre fácil de abordar em Cinema, o jazz, numa espécie de thriller, com um ritmo alucinante, fazendo com que «Whiplash – Nos Limites» se traduza numa obra pejada de emoção, explosão dramática e muitas batidas inesquecíveis. Tatiana Henriques Fevereiro 2015 metropolis 23


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