Crítica - X-Men: Dias De Um Futuro Esquecido

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; 0HQ 'LDV GH 8P )XWXUR (VTXHFLGR Realização: Bryan Singer Actores: Patrick Stewart, Ian McKellen, Hugh Jackman

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randioso e impactante, «X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido» é o melhor filme da saga dos mutantes. Mas será isso suficiente? Nesta nova obra, intercalada entre passado e futuro, os X-Men enfrentam a maior guerra de sempre, estando à beira da extinção devido à perseguição dos Sentinelas, os implacáveis robôs que têm como única missão matar todos os mutantes. Para evitar uma catástrofe incontornável, Wolverine (Hugh Jackman) é enviado ao passado (através da sua consciência) para a década de 1970, de modo a evitar que Mística (Jennifer Lawrence) cometa um assassinato que viria a comutar o destino da espécie mutante. A sua missão é clara e objectiva mas nada fácil: convencer os irascíveis e irresponsáveis jovens Charles Xavier (James McAvoy) e Magneto (Michael Fassbender) que têm de unir-se e controlar 16 metropolis Junho 2014

Mística. Enquanto isso, no futuro, os mutantes sobreviventes tentam evitar que sejam destruídos pelos Sentinelas antes que Wolverine possa concluir a sua árdua tarefa.

a solução encontrada foi simples e muito clara, não tornando a obra confusa. A fotografia não é particularmente tocante, mas também não decepciona. A banda-sonora é um dos aspectos positivos da obra, estando em Bryan Singer sabe fazer filmes permanente harmonia com a X-Men, não tivesse sido ele a narrativa, sendo um bom comfazer nascer a saga no Cinema. O plemento à mesma. realizador percebe a história dos heróis da banda desenhada e «X-Men: Dias de Um Futuro enaltece a sua presença e suEsquecido» junta o elenco da per-poderes no grande ecrã. «Em trilogia original e da nova fase X-Men: Dias de Um Futuro Esque debutou em «X-Men: O quecido», Singer é competente e Início» (2011). Com uma união criativo, caracterizando de forma obscena de talento e actores iniludível as diferenças entre pas- renomados (muitos deles nosado, retratado de forma irides- meados a Óscares e oscarizados, cente e brilhante (simbolizando entre outros prémios), revela-se a esperança), e futuro, mostrado uma desilusão o mero desfilar como obscuro e inóspito, numa de personagens, muitas delas total falta de alento para a realcom poucas ou nenhumas falas, idade vivida. Um dos grandes quase não passando de simples desafios deste filme seria a forma cameos. A dimensão mais incomo as alterações do passado trincada das personagens fica se repercutiriam no futuro, mas reservada para Mística, Wolver-


de este ter este título, numa altura em que se sentia morto por dentro, tentando sobreviver a si próprio. A cena em que Charles Xavier do passado e futuro conversam é mesmo uma das mais marcantes da obra, brilhantemente representada por McAvoy e Stewart. Realce ainda para uma brilhante nova adição na equipa, Quicksilver (Evan Peters), um mutante incrivelmente rápido que rende o melhor momento do filme.

ine, Charles Xavier e Magneto. É assim uma oportunidade desperdiçada e algo chocante em ter actores como Patrick Stewart, Ian McKellen, Halle Berry e Ellen Page em papéis diminutos. O maior desperdício de talento é mesmo o do brilhante Peter Dinklage, que interpreta um vilão insosso e pouco chamativo. Apesar de o actor ser fantástico e tentar incrementar a personagem de algumas nuances, esta é demasiado limitada. Mística é a rainha e senhora da obra, em que tudo depende dela. Ela tem de optar em ser Raven (a menina com compaixão que cresceu com Charles), Mística (a assassina impiedosa que Magneto ajudou

a moldar) ou, quem sabe, simplesmente pensar por si própria. É desta escolha que se definirá o futuro mutante. Jennifer Lawrence brilha no papel da vilã titubeante e destemida, conseguindo atribuir à personagem o medo e uma profunda incerteza. Hugh Jackman volta, mais uma vez, a ser Wolverine (claramente o papel da sua carreira) e é sempre uma interpretação interessante, sobretudo aqui, em que o mutante das garras afiadas tem um papel muito pouco comum na sua história: o de mediador paciente e diplomático. James McAvoy é, todavia, o actor que mais se destaca na obra, interpretando Professor X bem antes

A narrativa de «X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido» é coesa, mas linear, faltando complexidade e alguma alma à história, carecendo, sobretudo, de um retrato mais intrínseco das personagens. Além disso, a história do filme fala da extinção de uma espécie e em vez de abordar de forma mais pungente o assunto, aproveitando o facto de os mutantes serem sempre renegados pela restante sociedade, são as cenas de acção que acabam por preencher a amálgama da narrativa. Ainda assim, esta é contada de uma forma dinâmica, prendendo o espectador, tendo ainda alguns momentos surpreendentes e pouco previsíveis, com um final particularmente magnetizante. Este não é, como talvez se pretendia, o melhor filme de sempre de super-heróis – esse posto continua a pertencer à perfectível trilogia Batman, realizada por Christopher Nolan. Não obstante, não deixa de ser uma tentativa categoricamente válida, mostrando que os mutantes continuam a ter lugar no Cinema, num novo fôlego imponente e magnificente, como nunca se tinha visto num filme X-Men. Tatiana Henriques Junho 2014 metropolis 17


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