Entrevista a Claudia Hahn Raabe (Kino 2015)

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festivais

A KINO – Mostra de Cinema de Expressão Alemã está de regresso para exibir em Lisboa, Porto e Coimbra um conjunto de filmes da Alemanha, Áustria, Luxemburgo e Suíça. Entre novidades e as secções já habituais, o propósito continua ser o de mostrar o que de melhor se tem feito no cinema de expressão alemã. A METROPOLIS conversou com Claudia Hahn-Raabe, directora do Goethe-Institut Portugal, sobre a edição deste ano da KINO. tatiana henriques 158 metropolis Fevereiro 2015

Quais são os principais destaques desta edição da Mostra? O filme de abertura «Die Geliebten Schwestern», sobre o triângulo amoroso entre o poeta Schiller e duas irmãs, «Jack», que aborda o tema de crianças negligenciadas na nossa sociedade, o muito premiado «Das Finsterne Tal», que conta com a presença do seu realizador, assim como o documentário «Master of the Universe», recentemente premiado como Melhor Documentário Europeu 2014. De que se trata a rubrica “Novas Tendências”? A rubrica vai mostrar dois exemplos do novo movimento german mumblecore que está a dar que falar no actual cinema alemão e que se distingue por produções de low budget e muito improviso, uma vez que os realizadores não se querem sujeitar às


(pag. esq.) «Die Geliebten Schwestern»; (cima) «Das Finsterne Tal» (baixo esq.) «Jack», «Master of Universe» regras do financiamentos ou às lógicas do mercado. Além disso, inclui ainda a série Next Generation com curtas-metragens realizadas por finalistas das mais importantes escolas de cinema da Alemanha. Assinala-se em 2015 os 70 anos do final da II Guerra Mundial. De que forma a Mostra vai marcar a efeméride? A KINO vai assinalar os 70 anos do fim da II Guerra Mundial com dois ciclos: o ciclo MOSTRA PARA ESCOLAS que vai exibir filmes que abordam o tema a partir da perspectiva de jovens protagonistas que viveram as atrocidades da Segunda Guerra Mundial e outros que enfrentam hoje

a memória do Holocausto, e o segundo ciclo, “Produções DEFA após 1945”, vai exibir alguns dos filmes mais representativos sobre o nacionalsocialismo e o pós-guerra, produzidos pelos estúdios da DEFA. O que é a “KINOzinha”? A KINOzinha vai exibir filmes de animação para os mais pequenos que foram exibidos no conceituado festival de cinema DOKLeipzig. O que tem de único e diferente o cinema de expressão alemã? Trata-se de um cinema que aborda sobretudo questões existenciais e ontológicas, usando uma linguagem cine-

matográfica muito peculiar, e que lança um olhar sobre a actualidade muito claro, directo e sem rodeios. O que pensa do cinema de expressão alemã actualmente? Penso que se está a dar uma mudança importante com a nova geração de realizadores que prefere fazer cinema de uma forma muito independente, sem se sujeitar às regras do financiamento estatal. E essa liberdade criativa resulta numa linguagem cinematográfica irreverente e imprevisível que desafia os nossos hábitos de ver cinema.

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