joão pedro plácido Como começou a sua ligação com o cinema?
entrevista de tatiana Henriques
João Pedro Plácido juntou à sua carreira como diretor de fotografia um novo desafio: a realização. O resultado foi o documentário «Volta à Terra», que revela um retrato dos habitantes da aldeia transmontana da Uz. A obra será apresentada na secção “Regard Neuf”, do renomado festival de documentários Visions du Réel, que se realiza na Suíça. A METROPOLIS entrevistou João Pedro Plácido sobre o filme, que foi também vencedor da competição portuguesa do Doclisboa’14.
126 metropolis Maio 2015
Na tenra infância, mesmo antes de frequentar a escola primária. Tinha uma tia que, de vez em quando, me deixava no cinema Ávila e no cinema Nimas. Trabalhava ali perto e, no final das sessões, ia buscar-me. Lembro-me claramente do medo que passei desacompanhado na sala de cinema, de olhos semicerrados, com a cena de abertura do «E.T.». Ainda hoje recordo com clareza a luz e o som daquela cena, o ruído feroz dos motores e dos jipes a invadir a floresta à noite. Também me lembro de chorar de alegria e emoção no final. Para um miúdo de 4 ou 5 anos, são experiências que ficam para sempre. Foi aí que começou o prazer de ir ao cinema, de sujeitar o corpo e a mente à experiência semi-hipnótica que é ver um filme. Os meus pais perceberam a minha paixão pelos filmes e ofereceram-me um gravador VHS aos 10 anos. Gravava os filmes da televisão e copiava os do clube de vídeo. Mais tarde montava filmes caseiros com a câmara Hi8 que recebi aos 13 anos, uma verdadeira aprendizagem! Depois foi seguir o curso natural das coisas: Escola António Arroio, Escola Superior de Teatro e Cinema e um ano fabuloso a estudar em Babelsberg, na Alemanha. Seguiu-se a carreira desde assistente, operador de câmara,