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passado e presente cinecoa 2013
O Cinecoa está de volta para a sua 3ª edição. Vila Nova de Foz Côa volta a ser palco de um Festival diferente, mas que já começa a deixar a sua marca no panorama português. A Metropolis conversou com João Trabulo, Director Artístico e Programador do Festival, sobre os destaques desta edição.
TATIANA HENRIQUES
O que pode destacar na edição deste ano do Cinecoa? Para esta 3ª edição do festival, destacamos em primeiro lugar a homenagem a Luis Buñuel, com um conjunto de filmes do realizador espanhol e duas exposições de fotografia, uma no Museu do Douro intitulada “O México Fotografado por Luis Buñuel” com um conjunto de fotografias tiradas pelo realizador nos anos 50 no México, e uma outra no Museu do Côa com um conjunto de fotografias estereoscópicas de meados de 1900 provenientes da colecmetropolis
ção de Leonardo Buñuel, pai do realizador. Esta homenagem a que nós demos o nome de Viva Buñuel será contemplada ainda com um filme-concerto de L’Age D’Or com música original de Jozef Van Wissem (músico e colaborador de Jim Jarmusch) a encerrar o Festival. Além da homenagem a Buñuel, temos ainda um Panorama retrospectivo da obra do cineasta canadiano Denis Côté (vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim deste ano com o filme Vic+Flo Saw a Bear) que vai acontecer na Cinemateca Portu-
hoje um dos cineastas mais inovadores e talentosos do cinema de autor contemporâneo, com uma obra muito pouco conhecida e divulgada entre nós. Luís Buñuel é um dos mestres da história do cinema e pareceu-nos essencial mostrar a grandiosa dimensão da obra do cineasta que teve, como sabem, um percurso invulgar ao longo da sua carreira. Acresce o facto de mostrar-mos o filme Las Hurdes rodado nos anos 30 numa região muito próxima e semelhante a Vila Nova de Foz Côa mas do lado espanhol. A Teresa Villaverde é uma escolha natural de uma componente nacional de cineastas importantes e interessantes que queremos dar a conhecer, depois de termos mostrado nas edições anteriores do Festival filmes de Manoel de Oliveira e António Reis com uma adesão maciça de público, o que não deixou de ser surpreendente até para nós. Pode dizer-se que o Cinecoa acabou por ser afectado pela actual crise económica? Vic+Flo Saw a Bear guesa e no Porto, no Passos Manuel e Museu Soares dos Reis, com a presença do realizador. Destacamos ainda um Focus com a cinematografia integral de Teresa Villaverde que nos honra com a ante-estreia nacional do seu último filme que estreará no festival de Veneza. O Cinecoa dedica um espaço especial nesta edição a Denis Côté, Luis Buñuel e Teresa Villaverde. Por que a escolha recaiu nestas figuras? Em relação ao Denis Côté a escolha parece-nos evidente. Ele é
Tudo e todos somos afectados pela crise actual. Acho que vivemos tempos de total devastação intelectual, moral, cultural... O que tem o Cinecoa de único? É um festival de cinema do interior do país, o que já é raro. Depois, o Cinecoa não é um festival que segue modas nem pretende ser um resumo do que acontece noutros festivais, uma vez que a programação assenta em critérios de reconhecimento e homenagens a cineastas do passado e do presente, em permanente diálogo com a história do cinema.
metropolis
21 Qual é o balanço do Festival ao longo dos anos? O Festival cresceu em número de sessões e convidados e a adesão do público superou as expectativas, tal como acontecera na primeira edição, com as sessões do festival a ultrapassar os 2.500 espectadores. Não podemos ignorar a nossa ambição de ver o número de espectadores aumentar para a 3ª edição do Cinecoa. O Cinecoa tem sido também uma oportunidade para o diálogo com outras disciplinas. Ateliês, colóquios, filmes-concerto com música ao vivo, performances e muitas outras actividades abriram espaço para novas experiências de ver filmes. Na 2ª edição do festival foi ainda criado o COALAB, uma plataforma para a apresentação de projectos de cinema ainda não finalizados. O objectivo desta plataforma é atrair investidores, directores de festivais de cinema internacionais, agentes e comissários de compras de canais de televisão europeus e outros profissionais da área. O COALAB teve na sua primeira realização um variado leque de participantes, com 10 projectos a concurso provenientes de 6 países diferentes com os seus realizadores/produtores presentes no festival. A Fundação Calouste Gulbenkian é um dos patrocinadores oficiais do COALAB, juntamente com outras entidades de reconhecido mérito que vêem nesta plataforma um conceito único e essencial no actual panorama de estruturas de apoio ao cinema e a cineastas emergentes.