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cortéx 2013 que, com apenas 4 anos de existência, ocupa um lugar sólido no panorama dos festivais de cinema. Destacamos a oportunidade ímpar que oferecemos ao público, ao reunir 17 curtas metragens nacionais e 6 internacionais, de elevada qualidade, do melhor que se fez nos últimos dois anos. Destacamos, por último, a mostra retrospectiva dedicada a João César Monteiro e às curtas metragens por ele realizadas. Esta mostra totalmente inédita – nunca em parte nenhuma do mundo foi feita uma mostra com todas as curtas do cineasta – abrirá o Festival, homenageando assim um dos maiores génios de sempre do cinema português. Quais foram os critérios para as obras seleccionadas?
O Festival Córtex, dedicado exclusivamente à exibição de curtas-metragens, chega à sua 4.ª edição, tendo como palco o Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra. Este ano, o grande destaque vai para João César Monteiro. A Metropolis conversou com José Chaíça, um dos programadores do Festival Córtex.
TATIANA HENRIQUES O que pode destacar nesta 4.ª edição do Festival? Este ano destacamos, acima de tudo, a sedimentação do Córtex enquanto competição e mostra de curtas metragens a nível nacional e internacional, sendo actualmente um festival
O facto de não exigirmos estreias, o que é raríssimo acontecer num Festival de Cinema, cria uma série de oportunidades na escolha dos filmes. Procuramos seleccionar os filmes mais emblemáticos dos dois últimos anos, podendo realizar assim uma mostra de alguns dos melhores trabalhos, do circuito nacional e internacional. Outro dos critérios é ter em consideração o público, tentamos sempre oferecer uma programação eclética, com filmes que cumpram o objectivo de ecoar em cada uma das pessoas na sala, filmes que tenham algo a dizer e que se saibam fazer compreender, o que muitas vezes não acontece no mundo as curtas metragens pelo excesso de experimentalismo. Os géneros que temos em competição, vão desde a animação à ficção, passando pelo documentário e experimental.
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O cineasta João César Monteiro é o homenageado deste ano. Porquê esta escolha? O que está planeado para esta homenagem? A escolha pareceu-nos bastante óbvia. Este ano assinalam-se os 10 anos da morte do cineasta, daí esta ser uma oportunidade perfeita para manter o João César Monteiro vivo no panorama do cinema português. Depois de percebermos que nunca tinha sido feita uma mostra com todas as curtas do realizador, a ideia desta homenagem pareceu-nos não apenas óbvia mas perfeita, com um timing brilhante. Foi realizada uma extensa pesquisa de fundo pela Ana Isabel Strindberg, que é a responsável pela organização desta mostra retrospectiva e que teve um árduo trabalho para conseguir localizar as cópias destes filmes que são autênticas raridades, património nacional, que infelizmente não anda a ser tratado com o cuidado que devia. Foi muito difícil localizar as cópias e quase fomos obrigados a desistir desta ideia. No dia 10 de Outubro, vamos exibir as 9 curtas metragens de João César Monteiro, realizadas entre 1969 e meados dos anos 1990, na sua grande maioria serão projectadas em 35mm. Planeamos também convidar personalidades que estiveram envolvidas directamente com o trabalho do realizador, para partilharem num debate aberto as suas experiências, assim como jovens realizadores influenciados pela sua obra. O público também terá a oportunidade ver uma exposição com várias fotografias de João César Monteiro, autênticas preciosidades cedidas pela Cinemateca. É a 4.ª edição do Festival Córtex. Qual é o
balanço ao longo dos anos? O balanço não podia ser mais satisfatório e animador. Somos o Festival de Cinema feito com menos recursos monetários em Portugal e, ao fim de 4 anos, conseguimos estabelecer a nossa posição no circuito dos festivais de cinema, ainda que humildemente reconhecemos que temos um muito longo caminho a percorrer. A sinergia que tem vindo a ser criada à volta deste festival é muito interessante e enriquecedora, e simultaneamente, abrimos as portas da belíssima Sintra, através de um evento cinematográfico, algo que, até à data, nunca tinha acontecido. Vir ao Córtex é aliar o melhor de dois mundos, um passeio à vila mágica antes de uma sessão de bom cinema, por apenas 3€. Quais são os principais objectivos do Córtex? Mantermo-nos fiéis aos nossos princípios no que diz respeito à programação. Queremos continuar a ser uma competição que não exige estreias, queremos ser a montra do que melhor se faz no âmbito das curtas metragens, continuaremos sempre e exclusivamente ligados ao universo das curtas, esse será sempre o nosso foco. Queremos muito que, daqui a uns anos, o Córtex seja não só passagem obrigatória de todos os apreciadores de curtas metragens, mas mais do que isso, tenha criado todo um novo público, contribuindo para suscitar interesse em relação a este formato criando um novo segmento de espectadores. E desejamos muito também poder contribuir cada vez mais e melhor para a expansão das curtas metragens, apoiando e divulgando o trabalho de jovens realizadores.
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