Entrevista a Paulo Barrosa (Cinanima 2013)

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A Animação encanta espinho 37ª edição do cinanima TATIANA HENRIQUES

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Cinanima, Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho, chega este ano à 37.ª edição, com a premissa de mostrar o melhor do cinema de animação. Serão também realizados vários workshops, sempre com o cinema de animação como mote e inspiração. A Metropolis conversou com Paulo Barrosa, responsável pela programação, sobre os destaques desta nova edição. Quais são os grandes destaques da 37.ª edição do Cinanima? Todo o destaque vai para a secção competitiva, que é o núcleo do festival, e onde teremos, seguramente, à semelhança dos anos anteriores, o que de melhor se faz hoje no mundo em cinema de animação.

Depois de mais de três décadas de actividade, qual é o balanço possível ao longo deste tempo? O balanço é francamente positivo. O Cinanima foi fundado pela Cooperativa de Acção Cultural Nascente no período de efervescência cultural que se seguiu à Revolução de Abril, sem qualquer objectivo comercial ou lucrativo. Fazer o festival teve sempre como principal razão o gosto pelo cinema de animação e o prazer de partilhar esse gosto. Ao longo de quase quarenta anos, muitas coisas aconteceram: alguns festivais desapareceram, outros foram criados de raiz, os modos de fazer cinema de animação diversificaram-se com a introdução das tecnologias digitais, os canais de produção sofreram modificações radicais, alterou-se a relação do público com o cinema, a própria composição social da população da cidade de Espinho, onde se realiza o metropolis

festival, sofreu grandes transformações. Num contexto acelerado de mudança, o Cinanima soube não só permanecer, como conseguiu adaptar-se, crescer e desenvolver-se, mantendo bem claras as suas características identitárias: as de um grande e prestigiado festival internacional de cinema de autor, não comercial, em que o convívio e a troca de experiências entre os participantes e destes com o público em geral são os vectores essenciais da sua dinâmica interna. É claro que uma atitude deste tipo, ao privilegiar a componente artística sobre a comercial, coloca desafios permanentes, num tempo em que fazer cultura séria é, de novo e cada vez mais, um acto de resistência. Em quantas secções se divide o Festival? A secção competitiva integra as diversas categorias da competição internacional


de curtas-metragens, a competição de longas-metragens, o prémio António Gaio e os prémios Jovem Cineasta Português, estes dois últimos destinados a filmes nacionais. Da secção não competitiva fazem parte as “Sereias Animadas”, onde serão apresentados filmes que, apesar de não terem sido seleccionados, nos pareceram ter qualidade para merecerem ser projectados, no que se pretende que seja uma visão panorâmica do cinema de animação que se faz actualmente. Este ano decidimos apresentar duas “Sereias Animadas” especiais, uma delas em que será projectada uma longa-metragem grega que adapta de uma forma crítica e contemporânea o livro “Da Terra à Lua”, de Jules Verne, e uma outra, subordinada ao tema “História do Cinema de Animação”, que incluirá a obra prima de Bertold Bartosch, “L’Idée” (um filme muito belo e extraordinariamente inovador na época em que foi realizado), e um documentário sobre Benjamin Rabier, o autor do emblema de “La vache qui rit” e, em última análise, do personagem de Tintin. Ainda na secção não competitiva apresentaremos sessões temáticas (“Cinema e Literatura”, “Uma noite na Ópera”), retrospectivas de cinematografias (Galiza, Itália, Suiça e Roménia) e de autor (Paul Bush e Joachen Kuhn, membros do júri presentes no festival). Como vem sendo hábito, haverá diariamente sessões dedicadas às crianças e jovens. Estas sessões, que costumam ser bastante concorridas, são especialmente

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importantes na formação de novos públicos, ao mostrarem um cinema de animação não comercial, diferente daquele que é visto nas televisões. Além dos filmes em si, que outras actividades farão parte desta edição do Cinanima? Na sua edição 2013, o Festival reserva um espaço especial na sua programação para conferências com alguns nomes consagrados do universo do cinema de animação: Adrea Martignoni falará sobre “O Som na Animação”, Jochen Kuhn sobre “A Pintura na Animação” e Severiano Casalderrey, em “O Cinema de Animação na Galiza”, abordará alguns dos principais momentos da história do cinema de animação galego. Durante o festival serão organizadas diversas oficinas. Os temas incluem Construção de um Storyboard, Animação Performativa, Recortes Animados e Criação

metropolis

de BD/Fanzines. Estas oficinas funcionarão durante o dia, à semelhança dos anos anteriores, mas a grande novidade deste ano serão as “Noites Cinanima”: em colaboração com o IPCA (Instituto Politécnico do Cávado e Ave) os serões da sala polivalente no Multimeios de Espinho vão estar disponíveis para cinco oficinas relacionadas com ilustração e animação. A organização destas oficinas enquadra-se na estratégia global do Cinanima e na criação do seu Serviço Educativo, que pretende dar um relevo crescente às actividades de formação inicial e continuada em cinema de animação. Uma palavra de destaque para as sessões de perguntas e respostas que, à semelhança do que aconteceu no ano passado, prometem ser uma oportunidade única de discussão livre e informal entre realizadores, estudantes e público.


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