Entrevista a Richard Starzak e Mark Burton

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Richard Starzak e Mark Burton em entrevista

a ovelha choné - o filme

A ovelha mais divertida de todas está de volta, mas agora no grande ecrã. «A Ovelha Choné – O Filme» só chega às salas de cinema portuguesas em Setembro, mas, antes disso, teve estreia no Monstra – Festival de Animação de Lisboa, no qual integrou a secção de competição de longas-metragens. A METROPOLIS entrevistou os realizadores e argumentistas da obra, Richard Starzak e Mark Burton, sobre o desafio de passar a Ovelha Choné da televisão para o cinema. tatiana henriques Maio 2015 metropolis 131


O que tem a Ovelha Choné de tão especial? Richard Starzak: Tornou-se global, a partir da série televisiva. Penso que há várias razões para isso, uma delas é não haver diálogo, as comédias mudas são universais e penso que as pessoas se reconhecem no pequeno rapaz de 10 anos que tenta fazer coisas longe dos seus pais. Mas não é apenas adorado por crianças, certo? Mark Burton: Não, de forma alguma. Era suposto ser um programa para crianças, mas nunca quis fazer algo só para os miúdos. Gosto de comédias que me façam rir, havia uma tradição nisso e eu queria continuar. Felizmente funciona com uma geografia muito ampla e várias faixas etárias. Após o sucesso na televisão, porquê fazer agora um filme? M.B.: Já que não há dialogo, alguns episódios são bastante cinematográficos, parecem filmes. Sentimos, no modo 132 metropolis Maio 2015

como as personagens iam crescendo, que podíamos contar histórias maiores. Tornou-se bem-sucedido a nível mundial e pensámos, há quatro ou cinco anos, que um filme seria uma boa ideia. Como surgiu o argumento para o filme? R.S.: Primeiro, os episódios são de apenas 7 minutos, teríamos que ter uma grande ideia para o filme. M.B.: Queríamos que as personagens tivessem uma vida emocional maior. Quando assistimos a um filme, queremos envolver-nos emocionalmente com as personagens e que estas sejam diferentes no fim em relação ao início.

Começámos com eles numa quinta mas, provavelmente, deveríamos ir para outro lugar que pudéssemos explorar e a cidade era o lugar óbvio porque é o oposto. Sabíamos que queríamos uma comédia sólida para o século XXI, assistimos a filmes antigos, a preto e branco, de Charlie Chapplin e de Jacques Tati, um realizador e actor belga. Ficámos inspirados por esses filmes e algumas das personagens e das situações no filme são, de certa forma, inspirados por esses mestres da comédia do passado. Tentámos fazer algo que as crianças adorassem. Tratando-se de uma obra cinematográfica e não da série televisiva, quais foram


calhar podia fazer melhor do que isto” [risos]. Mark Burton: Penso que talvez haja demasiados, mas um bom filme de animação é uma grande experiência para a família assistir reunida. Os meus filhos assistem, por exemplo, ao «Toy Story». Os filmes que vimos na nossa infância têm um lugar no coração, é uma forma de arte muito forte.

os principais desafios na realização da obra? R.S.: Bem, é contar uma história maior, é bastante difícil e massivamente diferente em relação à série. Temos de encontrar uma história que possa durar 80 minutos, tem uma história emocional para as personagens. É como andar numa corda bamba o tempo todo, ao longo de todo o processo, para manter a história do ponto de vista da Ovelha Choné, o que este está a pensar e, além disso, queremos entreter o espectador. É possível falar-se de uma sequela? M.B.: Possível? Nada é impossível!

R.S.: Temos ainda uma série de curtas-metragens que estamos a trabalhar, ainda na parte da ideia das mesmas. Quais são os vossos próximos projectos? R.S.: Pessoalmente, ainda estou a trabalhar na série da Ovelha Choné e estamos a preparar um especial de Natal de meia hora. O que pensam sobre o cinema de animação actualmente? R.S.: Continuo a estar atento aos filmes da Pixar, a Disney parece também estar a voltar a fazer filmes interessantes após um mau período. Gosto sempre de ver filmes de animação, mas penso sempre “se Maio 2015 metropolis 133


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