influĂŞncias japonesas Big Hero 6 - Os Novos HerĂłis 96 metropolis Janeiro 2015
s
A animação da Disney deste Natal fica a cargo de «Big Hero 6 - Os Novos Heróis». Nesta aventura passada numa São Francisco com reminiscências nipónicas, os protagonistas são um novo grupo de heróis divertidos e atrapalhados, com um robô especialmente carismático. Fique a conhecer todos os pormenores deste novo filme de animação. tatiana henriques Janeiro 2015 metropolis 97
N
esta história, baseada numa série de banda-desenhada da Marvel, o protagonista é Hiro Hamada, um jovem de 14 anos que já é um génio da robótica, apesar da sua natural imaturidade. O seu irmão, Tadashi, ajuda-o a potenciar todos os seus conhecimentos. Um dia, após ocorrerem estranhos eventos na cidade de San Fransokyo, Hiro acaba por formar uma equipa de improváveis super-heróis: o robô Baymax, Go Go Tomago, Wasabi, Honey Lemon e Fred. O grupo une-se para solucionar um perigoso mistério, aliando-se às tecnologias que tão bem sabem utilizar.
98 metropolis Janeiro 2015
Origem: Marvel Apesar de ser baseado na história homónima de banda-desenhada da Marvel, verificam-se muitas alterações nos nomes das personagens, nas suas etnias, histórias passadas e outros pormenores da narrativa. Os realizadores atentam que a série de banda desenhada que deu, em última análise, origem ao filme, era pequena e não muito conhecida. Don Hall, um dos realizadores da obra, conta mais um pouco sobre esta ligação entre a história da Marvel e o filme propriamente dito: "Quando era criança, adorava as bandas
desenhadas da Marvel. Fui incentivado a explorar o universo da Marvel e um dos projectos que encontrei chamava-se Big Hero 6. Nunca tinha ouvido falar disto, mas gostei do título e das suas influências japonesas – soava muito bem". "Desde o início que nos disseram para fazermos à nossa maneira", salientou. Hiro e Baymax: dois amigos inseparáveis O grande élan da obra traduz-se na curiosa relação entre Hiro e Baymax. Chris Williams, o outro realizador de «Big Hero 6 - Os Novos Heróis», afirmou, em entrevista, que "o filme é sobre a relação dos dois. Decidimos desde o início que a relação central seria entre Hiro e Baymax, enquanto Hiro luta para lidar com a perda do seu irmão. Queremos que a história seja muito divertida e engraçada, mas, ao mesmo tempo, existe uma profundidade emocional que vai muito além do que as
Curiosidades O design do rosto de Baymax assemelha-se ao de um sino tradicional japonês que se chama Suzu. O realizador Dan Hall contou em entrevista que a inspiração resultou de uma visita que fez a um templo no Japão. O nome do vilão, Yokai, significa "espírito" ou "fantasma" em japonês.
pessoas poderiam esperar". Don Hall acrescenta o seguinte: "Tadashi, o irmão mais velho de Hiro, criou este robô inovador, Baymax, para cuidar das pessoas. Ele é um desejo programado, que pergunta 'Como posso ajudar?'. Está cheio de compaixão. E Hiro é um teenager que perdeu o seu rumo – as personalidades dos dois jogam entre si de uma forma que é ao mesmo tempo engraçada e comovente”. "A história acompanha a viagem emocional de Hiro e Baymax, após a trágica morte do irmão de Hiro. Ele cresce perto do robô, encontra uma nova esperança e sai do seu desespero", conclui Chris Williams. Janeiro 2015 metropolis 99
O produtor Roy Conli realça também a importância da família, aquela que já nasce com as personagens e uma outra que se encontra posteriormente, considerando que este é o principal enfoque do filme: "É um tema poderoso com que o público se vai relacionar". "As nuances das relações em filmes profundamente emocionais como «Bambi» (1942) ou «O Rei Leão» (1994) são tão interessantes. Há algo sobre essas histórias que realmente toca as pessoas", assinalou.
Baymax: robô especial = desafios únicos O karaté foi a modalidade escolhida pelos realizadores para incrementar as habilidades do robô Baymax, mas havia um pequeno problema… o volume da personagem. Tal trouxe dificuldades acrescidas à equipa de animadores, que visitaram um estúdio de artes marciais para se inspirarem e pensarem no melhor modo para por aquela ideia em prática. Aliás, alguns especialistas foram requeridos para executar alguns dos movimentos de joelhos para que se pudesse simular de forma mais crível as movimentações de Baymax. Já para coreografar e executar as sequências de voo protagonizadas por Hiro e Baymax, os realizadores consultaram Jason McKinley, um especialista em voo que colaborou noutras obras da Disney passadas nos ares: «Aviões»
Curiosidades Tal como é apanágio em qualquer filme da Marvel, também em «Big Hero 6 - Os Novos Heróis» Stan Lee tem direito a cameo. Neste caso, o icónico criador de algumas das mais famosas personagens da Marvel é retratado como o pai de Fred, que aparece num dos quadros da casa da personagem. A equipa responsável pela animação do filme é composta por 103 membros, ou seja, mais 15 animadores do que o filme «Frozen - O Reino do Gelo» (2013).
(2013) e «Aviões: Equipa de Resgate» (2014). Robótica a quanto obrigas Grande parte do filme depende da relação intrínseca com o mundo da robótica. Por isso, houve a necessidade de investigar de forma profunda este universo, o que levou a que Hall passasse bastante tempo com investigadores no Carnegie Mellon. "Tivemos grandes conversas sobre robôs na cultura pop". "E aprendi que eles estavam realmente a pesquisar sobre robóticas simples, incluindo este robô insuflável e nada ameaçador. Ele podia fazer coisas simples como escovar os dentes de alguém, mas as possibilidades eram infinitas", disse. "Uma grande parte deste filme é sobre Hiro a transformar este robô enfermeiro com compaixão num guerreiro com algumas consequências perigosas”, afirmou ainda Don Hall. Um cenário único Segundo o director artístico Scott Watanabe, o filme passa-se num futuro alternativo após o terramoto de 1906, no qual a cidade de São Fran-
100 metropolis Janeiro 2015
Fotos: os realizadores, Chris Williams (esquerda) e Don Hall (direita)
cisco teria sido reconstruída por imigrantes japoneses, que teriam recorrido a técnicas que permitiriam maior movimento e flexibilidade aquando de um evento sísmico. Após esta reconstrução, a cidade ganharia um novo nome, San Fransokyo, por combinar arquitecturas oriundas do Japão e dos EUA. Aliás, tal miscelânea pode ser vista no filme, que retrata a ambiguidade arquitectónica. A ideia surgiu da mente do realizador Don Hall: "Pensei em São Francisco, que é cool, mas pensei: 'E se fosse São Francisco misturada com Tóquio?'. Torna-se mais interessante para um cenário – mais lúdico e exótico. Era algo que poderíamos criar. E as possibilidades visuais destas duas cidades – bastante diferentes esteticamente – tornaram-se num local cool para a história", explica. Todavia, o produtor Conli realça também a importância fundamental da banda desenhada da Marvel: "Os materiais originais deram-nos 6 filhos muito interessantes e brilhantes que podíamos explorar. E porque decidimos levar tudo para outra dimensão, fomos capazes de reinventar as personagens para o público de hoje".
Um mundo recheado de personagens Foram criadas 670 personagens para «Big Hero 6 - Os Novos Heróis», um número que possibilita a sensação de maiores multidões, criando um nível mais elevado de credibilidade, graças ao sistema Denizen, que pertence aos Walt Disney Animation Studios. A comparação com outros filmes de animação não deixa margem para dúvidas quanto à megalomania deste novo projecto. Ora, foram criadas 80 personagens para «Entrelaçados» (2010), 185 para «Força Ralph» (2012) e 270 para «Frozen: O Reino do Gelo» (2013). Cada uma das 670 personagens pode ter até 32 combinações diferentes de roupas, bem como 32 díspares tons de cabelo e de pele. Assim, se houvesse, por exemplo, uma festa em São Fransokyo, poderiam ser convidadas 686,080 personagens absolutamente únicas, sem que houvesse qualquer repetição.
Janeiro 2015 metropolis 101
Big Hero 6 - Os Novos Herói Baymax Construído por Tadashi Hamada, trata-se de um robô com um aspecto "abraçável", que tem como propósito ser um companheiro pessoal de cuidados de saúde. Assim, Baymax rapidamente faz um diagnóstico ao seu paciente, procedendo, de imediato, ao devido tratamento. Nesta versão, o robô tem 1,83 m de altura e pesa 34 kg. Contudo, para Hiro, Baymax pode ter ainda outras utilidades, como super força, voo e habilidades de combate. Assim, no seu super fato, mede mais de 2,13m e consegue erguer até 454 kg. Baymax tem um pestanejar padrão de 9 formas. Zach Parrish, o responsável de animação, detalha a importância deste pestanejar: "Jogamos com a velocidade do seu pestanejar ao longo do filme, mas na maior parte, é um piscar padrão. É a quantidade de tempo que damos ao público para pensar antes de ele pestanejar que diz muito – quanto mais tempo dura, mais tempo ele está a processar. Um pestanejar duplo mostra confusão. Usamos isso algumas vezes no filme. Poderia ser uma escolha de actuação também para uma personagem humana".
102 metropolis Janeiro 2015
Hiro Hamada A mente por trás do grupo Big Hero 6 é Hiro Hamada, um jovem de 14 anos que tem uma especial aptidão para a robótica. Após percorrer um caminho tortuoso nas lutas de botes, Hiro tenta ingressar no Instituto de Tecnologia de San Fransokyo, quando um trágico evento acontece. A partir daí, Hiro conhece um novo e inseparável amigo, Baymax, com quem começa uma importante missão.
is - personagens Go Go Tomago Go Go Tomago é o elemento mais rígido do grupo, mas ela extremamente rápida. O sarcasmo e as pastilhas elásticas são companheiros inseparáveis. No seu super fato amarelo, a personagem consegue alcançar elevados níveis de velocidade graças a discos magnéticos e escudos. Segundo Lorelay Bove, do Departamento de Arte do filme, há uma razão simples para o super fato de Go Go Tomago ser amarelo: é que Tomago em japonês quer dizer "ovo".
Fred Fred é fã de banda desenhada e ficção científica, tendo uma paixão assinalável por filmes de monstros. Descontraído e despreocupado, Fred não hesita, contudo, em aliar-se ao grupo de heróis, para o qual contribui com o seu super fato que liberta fogo, além de conter garras e poder dar grande saltos. Para desenvolverem o movimento e postura de Fred, os animadores observaram surfistas, snowboarders e skateboarders.
Honey Lemon A estudante de química é dócil e muito optimista, contribuindo para a união do grupo. Apesar da sua aparência nada intimidadora, Honey Lemon é corajosa, possuindo um conhecimento em alquimia que possibilita a criação de misturas inovadoras, que ajudam o grupo a sair de vários sarilhos.
Wasabi Wasabi é o elemento mais cauteloso e temeroso do grupo. Neurótico e muito inteligente, é obcecado pela organização e pouco dado a aventuras. Contudo, acaba por juntar-se de bom grado ao grupo formado por Hiro. As suas técnicas de artes marciais são auxiliadas por lâminas de plasma, que o tornam num lutador resiliente. Janeiro 2015 metropolis 103