Especial - «Cinderela»

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Era uma vez... a nova Cinderela

A história intemporal e clássica da princesa Cinderela volta a ganhar vida, desta vez com personagens reais. Apesar de algumas mudanças no enredo, elementos como a abóbora transformada em carruagem ou o sapato de cristal não faltarão. Neste especial, fique a saber tudo sobre este renascimento de uma das personagens mais icónicas dos filmes Disney. tatiana Henriques

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a história

«Cinderela» conta a história da jovem Ella (Lily James), que vive como serviçal da sua madrasta (Cate Blanchett) e meias-irmãs (Holliday Grainger e Sophie McShera), que têm uma inveja incomensurável dela. Apesar da situação triste em que vive, a jovem continua a ser bondosa e corajosa, não perdendo a esperança. Entretanto, conhece um belo homem (Richard Madden) na floresta, que nunca havia visto. Os dois apaixonamse um pelo outro sem saberem as suas verdadeiras identidades. Não obstante, o Palácio envia um convite aberto a todas as donzelas para estarem presentes num baile, que estará, à partida, interdito a Ella, por proibição da sua madrasta. Mas este é um conto de fadas e, por isso mesmo, haverá sempre uma carruagem à espera da Cinderela… 28 metropolis Abril 2015


Lily James ais conhecida pela personagem Lady Rose na série de época «Downton Abbey», Lily James ganha agora outro protagonismo ao interpretar uma das personagens mais emblemáticas do mundo Disney: Cinderela. O papel foi oferecido inicialmente a Emma Watson, que acabou por recusar. Não obstante, foi recentemente anunciado que a jovem actriz britânica vai interpretar outra princesa da Disney, Belle, no remake de «A Bela e o Monstro» (1991). Além de Watson, James teve outras concorrentes pela frente, como Imogen Poots, Margot Robbie ou Bella Heathcote, que tentaram a sua sorte em audições, mas seria Lily James a conseguir o papel. “Ia fazer a audição para uma das irmãs mas tinha pintado o cabelo de loiro para «Downton Abbey» e, por isso, pediram-me que lesse para o papel de Cinderela. Passei várias fases, fiz testes de ecrã com ratos vivos e reuni-me com Ken [Branagh] para falar sobre o seu conceito para o filme”, recorda James. A actriz britânica integrará ainda outros projectos, como «Pride and Prejudice and Zombies», a série «War and Peace» (que está a ser filmada na Rússia) e um filme ainda sem título realizado por John Wells e co-

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protagonizado por Bradley Cooper e Jamie Dornan. As raízes artísticas de Lily James residem no teatro e a actriz confessa que adora estar em palco, já que “pode ser completamente diferente todas as noites. Nas filmagens, percebi que podem haver tantas distracções e uma necessidade de fazer tudo de forma subtil. Esse balanço pode ser deveras difícil”. Lily James realça as diferenças nesta nova adaptação cinematográfica que tem Ella (apelidada de Cinderela) como protagonista: “O que torna o nosso filme diferente é que as personagens e as histórias foram reforçadas, não sendo simplesmente sobre a Cinderela ser resgatada por um príncipe, mas é sobre duas pessoas que são perfeitas uma para a outra, que terão coragem para estarem juntas e que serão muito felizes juntas”. “Além disso, temos uma grande oportunidade de criar uma vida inteira além do conto de fadas – que já é tão bonito tal como é –, mas torná-lo mais rico e dar a cada personagem as suas histórias específicas do passado. Gosto do facto de Ken Branagh ter querido manter a história luminosa e mágica, muito similar a um conto de fadas”, acrescenta. Para a actriz, a principal mensagem da obra é “como uma rapariga consegue descobrir a força, e como mesmo nas circunstâncias mais cruéis consegue manter a bondade, a pureza e a positividade”. A protagonista de Cinderela descreve o facto de interpretar o papel de uma princesa da Disney como sendo “incrível, inacreditável e… completamente

Curiosidades

A Disney aposta muito nesta nova obra, oferecendo ainda uma “prenda” aos fãs, ao exibir, juntamente com «Cinderela», a curtametragem que é uma sequela do mega-sucesso «Frozen – O Reino do Gelo» (2013) e que tem como nome «Frozen Forever». A fadista portuguesa Cuca Roseta interpreta uma das músicas que farão parte dos créditos finais do filme. Para a cantora, este foi um desafio que não poderia recusar, já é que é uma fã dos filmes Disney. «Cinderela» foi filmado em alguns locais de Inglaterra e nos famosos estúdios Pinewood. Como se trata de um conto de fadas intemporal, foi decidido que a obra não seria fiel a um período de tempo específico. A cena da transformação de Cinderela foi filmada com uma carruagem de ouro em pleno funcionamento, puxada por quatro cavalos, não sem contar, claro, com a magia posterior que só a equipa de efeitos visuais consegue acrescentar. Sobre essa cena, Lily James diz que “foi o momento mais surreal, quando subi para a carruagem pela primeira vez, foi de perder o fôlego”.

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assustador. Diria que é um cocktail de todo o tipo de emoções. As princesas são óptimas personagens, têm corações enormes e podem ensinar-te sobre a dor da perda”. A responsabilidade aumenta, já que “cada um tem a sua própria percepção da Cinderela, seja oriunda do filme de animação ou dos livros”, salienta a actriz. Além disso, “há vários momentos icónicos no filme que temos de replicar”. Não obstante, este “é um papel de sonho” para James, pois “a Cinderela é tão especial, boa e única”. Para preparar-se para o papel, a actriz teve aulas de equitação seis semanas antes das filmagens e começou numa vida mais saudável, na qual o ioga era um elemento muito presente e em que o objectivo era “tentar ter a postura, encanto e elegância que a Ella teria”. “Investiguei também bastante sobre espiritualidade e li sobre pessoas, como Gandhi, que tinham habilidade para lidar com a vida de um modo que nunca conseguiria. Mas queria fazer com que a Ella parecesse tão real quanto possível”, acrescenta a actriz. Lily James confessou ainda que o que preferiu em ter interpretado Cinderela foi a oportunidade de ter envergado o icónico vestido azul de baile.

Richard Madden

Personagens Ella (Lily James) Ella é uma bela e doce jovem, com um coração puro, adorando a natureza e tratando todos à sua volta de forma generosa e gentil. Foi criada num lar onde tinha carinho e 30 metropolis Abril 2015

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nterpretar um herdeiro do trono não é novidade para Richard Madden, que ganhou reconhecimento após interpretar o papel de Robb Stark na já mítica série «A Guerra dos Tronos». Agora, na pele de um príncipe da Disney, são, contudo, muitas as novidades. Neste filme, a personagem ganha maior destaque do que aquele a que teve direito no icónico filme de animação, o que se tornou num alívio para o actor. “O Ken [Branagh] e eu tivemos inúmeras discussões sobre os novos governantes e como eles se relacionam com os pontos wde vista dos mais velhos. O Príncipe quer fazer o que é melhor para o Reino, mas tem as suas próprias ideias e filosofias sobre a forma como as coisas devem funcionar”, contou

estabilidade, mas tudo mudou quando passou a estar sob os cuidados da sua madrasta e irmãs, que a tratam como uma lacaia. Apesar disso, Ella continua a procurar a alegria nas pequenas coisas da vida, sempre com muito positivismo e coragem.

Richard Madden. A produtora Allison Shearmur refere ainda que “este é um homem que regressa após cinco anos de Guerra, onde enfrentou inúmeros desafios. Não quer que Ella se apaixone por ele por ser bonito, mas sim por ser inteligente, carinhoso e cavalheiro”. Madden afirma que adora “o relacionamento do príncipe com a Cinderela”. “Estas duas personagens têm uma forte afinidade, apesar de estarem afastados”, acrescenta. Kenneth Branagh também abordou a importância desta personagem na obra: “Tinha que ser um homem racional e com sentimentos. Ele é responsável e impetuoso e tem que ganhar o respeito e o amor da Cinderela. Seria um privilégio para ele conquistar essa mulher, assim como ela teria sorte em conquistálo, pois ambos têm um espírito generoso. Ele leva


as suas responsabilidades a sério, tem obrigações reais e um pai que não ajuda muito, mas é muito jovial, vigoroso, tem um sentido de humor algo selvagem e vivaz, tem bons amigos, é um bom ouvinte, tem sensibilidade sem ser ‘fofinho’. É cheio de masculinidade e, nesse sentido, é um belo complemento para ela. E essa maravilhosa química entre os dois actores, Richard Madden e Lily James, esta paixão, também é perpassada por um sentido de humor aguçado”. “A química deles é óptima. Quando eles se olham, sentese uma conexão profunda”, ajunta. Sobre o filme em si, o actor escocês considera que é um conto de fadas que “supera, em tudo, a animação. E fica ainda mais deslumbrante”. “Apesar de ser de época, parece muito mais moderno”, conclui.

Príncipe (Richard Madden) Inteligente, bondoso e cheio de arrojo, o príncipe tem muitas ideias e luta fervorosamente por elas. Herdeiro do trono, ambiciona governar de forma justa e próspera. O príncipe regressou recentemente da guerra

e tenta implementar as suas ideias de paz, enfrentando, contudo, um maior conservadorismo do pai, que tende a não ouvi-lo.

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Cate Blan

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actriz australiana Cate Blanchett há muito que encanta o público e a crítica com a sua força dramática e versatilidade. Já venceu dois Óscares na sua carreira e estreia-se agora no papel da madrasta má que maltrata a princesa do sapato de cristal. “A história de Cinderela é eterna. Então, fazer o papel da madrasta má foi muito emocionante”, confessa a actriz. Tal iconicidade da história faz com que, na opinião de Blanchett, exista “uma expectativa com o legado da Cinderela”. A actriz revela que estava especialmente interessada “em explorar o que torna alguém cruel. Ninguém é puramente mau. Todos têm uma motivação. Ela não é jovem, nem tão bela, nem tão bondosa como a Cinderela. De certa forma, ela tornou-se sua inimiga”. Blanchett não deixa de confessar que foi ainda algo muito interessante de interpretar: “Adoro. Como uma amiga minha disse ‘Num jantar, eu preferia sentar-me ao lado da Lady Tremaine do Fada Madrinha (Helena Bonham Carter) fada madrinha será a Uma senhora muito responsável por Ella ir excêntrica e com ao famoso baile, no qual alguma idade que se perde o seu sapato de preocupa com Ella e deseja que ela seja feliz. cristal. Apresenta-se a Ella como uma mendiga à procura de comida, sendo muito bem tratada pela jovem. A 32 metropolis Abril 2015

Rei (Derek Jacobi) O rei é um governante querido pela sua população e bemsucedido no seu cargo. Com uma saúde débil, preocupa-se em garantir que o Reino seja bem governado após a sua morte, confiando no seu filho para cumprir essa tarefa.


nchett que ao lado da Cinderela’. Foi realmente muito divertido”. Ter uma actriz como Cate Blanchett é, por si só, uma garantia de qualidade, como conta o realizador: “É impossível para alguém como Cate Blanchett, com tanto talento, não adicionar mais um nível de profundidade. Ela definiu o tipo de vida e de amor que teria tido com o primeiro marido e que levou para o segundo casamento, juntamente com a expectativa da vida dela com o pai de Ella”. “A sua participação neste filme evoca imagens de grandes estrelas do passado, como Marlene Dietrich, Bette Davis, Joan Crawford, Lauren Bacall”, acrescentou Branagh. Já Lily James mostra-se encantada por poder contracenar com Blanchett: “[Ela] é uma das minhas actrizes preferidas, por isso, estava muito entusiasmada. Sintome tão sortuda por ter a oportunidade de trabalhar com ela. É incrível vê-la a representar, tão incrivelmente vigorosa e versátil”. Para Cate Blanchett, “uma análise da inveja entre as mulheres é algo interessante

de explorar no ecrã”. “No clássico de 1950, a Cinderela era uma espécie de lacaia, incrivelmente bela, movia-se graciosamente. Realmente não vias o príncipe além do facto de que era belíssimo e que ele a resgatava. O realizador continua a abordar a gentileza dela como um super-poder, o que penso que leva a história para a arena contemporânea (…). O facto de a sua bondade e gentileza triunfarem é, de facto, um super-poder, uma mensagem fantástica no mundo contemporâneo”, acrescentou. Branagh refere ainda o seguinte: “Queríamos mostrar ao público uma versão crível da maldade da madrasta. Temos uma actriz magnífica, a Cate Blanchett, temos um visual maravilhoso para ela, com figurinos incríveis da Sandy Powell. Ela é muito enérgica, mas é complicada, insuportável, e acho que a actualidade vem de não podermos menosprezá-la como uma figura quase caricata. Ela é um ser humano complicado, porque não atrai simpatia, mas entende-se como ela pensa”.

Kenneth Branagh

Grão-Duque (Stellan Skarsgård) Um aliado pragmático da família real, o grãoduque é inteligente e perspicaz, acreditando que o casamento é apenas um negócio. Assim, pensa que o Príncipe deverá casar-se com alguém que seja politicamente valiosa

para a casa real. Ella acabará por interferir nestes propósitos e, por isso, o grão-duque tentará impedir que o Príncipe se case com ela, juntando-se à Madrasta para garantir isso mesmo. Abril 2015 metropolis 33


Helena Bonham Carter britânica Helena Bonham Carter, conhecida pelos seus papéis caracteristicamente excêntricos, interpreta, nesta obra, o papel da Fada Madrinha. “Pensei que seria interessante se não fosse sempre a melhor em tudo, que talvez fosse muito stressada por causa das restrições de tempo que lhe eram impostas e, por isso, ocasionalmente, também cometesse erros”, conta a actriz. “Estavam atrasados para o baile e ela é incrivelmente velha e já não está muito bem mentalmente, o que só a torna ainda mais agradável”, afirma.

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O objectivo era que a Fada Madrinha não fosse demasiado doce ou perfeita, com nuances que uma actriz como Carter consegue tão bem representar, tornando a personagem sua. Helena Bonham Carter contou ainda a forma como pensa que o público poderá ver o filme:

Madrasta – Lady Tremaine (Cate Blanchett) Amarga e com muita mágoa no coração, Lady Tremaine teve os seus sonhos desfeitos, o que a deixou sem esperança na vida. Pretende dar às suas filhas uma vida de luxo e riqueza, voltando a casar-se. Contudo, tem 34 metropolis Abril 2015

“As pessoas vão ver e pensar no que vai acontecer a seguir, mesmo se já conhecerem a história. Todos vão sentir como se estivessem a vêla pela primeira vez”. A produtora Allison Shearmur corrobora: “Esta é uma história que nunca envelhece. Todos queremos acreditar que a bondade e a gentileza triunfarão no final”.

Kenneth Branagh

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ividindo a sua carreira entre o trabalho de actor, argumentista e realizador, o irlandês Kenneth Branagh, nomeado para cinco Óscares, assinou obras como «Hamlet» (1996), «Thor» (2011) ou «Jack Ryan: Agente Sombra» (2014). Um

muitos ciúmes do amor que o marido nutre por Ella, que é mais jovem e bela do que ela. Após a morte do marido, a inveja da madrasta não pára de aumentar, bem como a crueldade e desprezo com que passa a tratar a enteada.

conto de fadas é uma estreia para Branagh e o cineasta confessa que nunca tinha pensado em realizar algo do género, tendo ficado cativado “pelo poder da história e pensei que estava em sintonia com a arte visual que estava a ser desenvolvida”. Além disso, há outros elementos cativantes, como o próprio conta: “É impossível pensar em Cinderela sem pensar na Disney e nas imagens intemporais que assistimos enquanto crescemos. E esses momentos clássicos são irresistíveis para um realizador”. “Vendo o quanto o filme original era amado, estava curioso para saber como seria uma versão com actores reais e o que as pessoas esperam no século XXI”, salientou. Mark Romanek foi o realizador escolhido inicialmente, mas acabou por sair do projecto devido a diferenças criativas. Branagh realça as diferenças nesta obra, pois, “nesta versão, não há donzelas, a Cinderela enfrenta o que vier”. Apesar de haver espaço para “uma maravilhosa abóbora que se transforma numa bela carruagem, com os ratinhos e tudo”, agora a Cinderela e o Príncipe encontram-se antes do baile e “ligam-se nesse momento.


A conexão é real e diferente e não envolve avaliar quanto dinheiro o outro ganha, ou quantas casas tem, ou qualquer coisa relacionada com isso. Penso que isto faz parte de fazer da Cinderela uma mulher independente e de bem consigo mesma. Julgo que vamos surpreender as pessoas pela qualidade emocional do filme. É muito, muito tocante. É muito humano, tem muita compaixão. Acredito que o toque contemporâneo e a qualidade emocional são a base para esta versão clássica e para o mundo luxuoso e sumptuoso que criámos”. Sobre a personagem principal, o realizador é peremptório: “A Cinderela tem um forte sentido de humor e maturidade. Ela assume que as pessoas não têm que ser cruéis e necessariamente más. Ela pode dar a outra face. Ela consegue ver aspectos divertidos. Estes pormenores são apresentados como expressando força e não fraqueza. Tivemos de a manter erguida perante a madrasta: tal como na vida moderna, deseja-se ou espera-se que alguém, eventualmente, se erga perante quem age de forma incorrecta. Ela não é uma

Meias-Irmãs de Ella – Anastasia e Drisella (Holliday Grainger e Sophie McShera) As duas irmãs são mal-educadas e rudes com todos à sua volta. Sempre viveram de forma privilegiada e não valorizam tudo o

menina indefesa ou uma vítima de si mesma. É uma pessoa muito presente, muito positiva e espiritual”, asseverou. “Esta Cinderela é feliz, porque, apesar de levar alguns golpes da vida – a perda de entes amados, a ignorância dos outros –, também consegue aproveitar cada momento, seja um dia

ensolarado ou andar a cavalo. Ela consegue ser divertida, sexy, inteligente e porreira. E tem amor próprio, é uma boa companhia, diverte-se. Não minimiza os seus problemas, que são difíceis, mas não se vê como coitadinha. No filme, emerge esse tipo de força inspiradora, pessoal e espiritual”, arrematou.

que têm. Apesar de serem bonitas por fora e tentarem ser atraentes, a beleza interior é escassa. Ambas têm pouca confiança e lutam pela aprovação da sua mãe, invejando a beleza e encanto natural de Ella, o que faz com que a tratem miseravelmente. Abril 2015 metropolis 35


Cinderela: déjà vu conto de fadas da Cinderela é já uma história muito antiga, que remonta a um conto egípcio, “Rhodopis”, do historiador grego Strabo. Em 1697, surgiu a versão francesa, da autoria de Charles Perrault, que introduzia elementos como a fada madrinha, o sapato de cristal ou a carruagem de abóbora. Os famosos irmãos Grimm também contaram a história, em “Aschenputtel”, em 1812, versão na qual a fada madrinha era um pássaro. No Cinema (e também na televisão), a Cinderela teve muitas vezes direito a destaque. Relembremos alguns exemplos:

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1 - Cinco anos após os irmãos Lumière terem criado o primeiro filme jamais feito, o renomado realizador francês Georges Méliès contribuiu para a cinematografia da Cinderela, com uma curtametragem de 6 minutos que foi considerada, na altura, um falhanço. A história baseavase no conto de Perrault. 2 - Com maior agrado da crítica, o realizador norteamericano George Nichols assinou, em 1911, um filme mudo de 14 minutos, que tinha como protagonistas Florence La Badie e Harry Benham. 3 - O primeiro filme de animação com Cinderela como protagonista surgiu pelas mãos da Disney, em

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1950, no que viria a tornar-se num clássico. Aliás, é considerado pelo Instituto Americano de Cinema como um dos “10 maiores filmes animados de todos os tempos”. A Disney já tinha intenção de adaptar a obra em 1938, mas tal só viria a acontecer uma década depois. O filme foi lançado numa época crítica para o estúdio, que necessitava de um grande sucesso ou arriscava a falência. A aposta viria a ser mais do que certeira, já que a obra teve um orçamento de produção de 3 milhões de dólares e acabou por arrecadar mais de 34 milhões de dólares nas bilheteiras, além da aclamação da crítica e de três nomeações para os Óscares. 4 - A versão musical da história não tardaria, sendo lançado em 1955 o filme «O Sapatinho de Cristal», de Charles Walters. A protagonista era Leslie Caron e o príncipe Michael Wilding, numa obra com banda-sonora assinada por Bronislau Kaper.


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5 - O tele-filme «Cinderella» (1997), de Robert Iscove, retratou a primeira Ella negra, interpretada por Brandy Norwood, tendo ainda no elenco Whoopi Goldberg, Jason Alexander e Whitney Houston. Na sua primeira emissão, reuniu mais de 60 milhões de telespectadores. 4

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6 - «Para Sempre Cinderela» (1998), de Andy Tennant, é uma interpretação pósfeminista?? da história, evitando os elementos sobrenaturais de filmes anteriores. Os protagonistas eram Drew Barrymore e Dougray Scott. 7 - Na série da ABC «Era Uma Vez» (2011- ), que retrata uma cidade pejada de personagens de contos de fadas numa cidade actual, a Cinderela também aparece. A actriz Jessy Schram interpretou a personagem num total de três episódios. 8 - O musical «Caminhos da Floresta» (2014), realizado por Rob Marshall, é a versão mais recente da Cinderela. A obra é baseada no musical de Stephen Sondheim, misturando ainda outras histórias, como a Capucinho Vermelho e Rapunzel. Emily Blunt e Meryl Streep fazem parte do elenco, no qual Anna Kendrick interpreta a Cinderela.

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