Especial - "The Hunger Games: A Revolta - Parte 1"

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THE HUNGER GAMES:

A REVOLTA parte 1 1

Um dos maiores fenómenos mundiais está de volta. «The Hunger Games: A Revolta - Parte 1» traz muitas novidades, sobretudo uma grande mudança de cenário, das arenas para o Distrito 13. É o primeiro filme da saga a ser gravado digitalmente e que não será lançado em IMAX, mas volta a trazer Katniss Everdeen, que tem um sucesso tal que fez com que o nome ‘Katniss’ seja um dos mais populares em 2014 a serem atribuídos às recém-nascidas, tendose registado também um aumento das aulas de tiro ao arco. Neste especial, mostramos-lhe tudo o que pode esperar para esta nova aventura da heroína. Tatiana Henriques

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A HISTÓRIA

Em «The Hunger Games: A Revolta - Parte 1», voltamos a Panem e reencontramos Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence). Contudo, agora, após o final dos Jogos da Fome, tudo está diferente. A protagonista acorda no Distrito 13 – que pensava estar destruído – que é comandado pela Presidente Coin (Julianne Moore). Katniss logo

percebe que todos lhe querem atribuir uma missão que ela não pretende assumir: tornar-se no mimogaio, ou seja, no símbolo da Revolução contra o Capitólio, governado pelo temível Presidente Snow (Donald Sutherland). Além disso, a jovem sobrevivente fará de tudo para salvar Peeta (Josh Hutcherson), seu companheiro nos Jogos da Fome.

Jennifer Lawrence já pouco ou nada tem a provar. Com apenas 24 anos, já venceu um Óscar de Melhor Actriz (por «Um Guia para Um Final Feliz») e recebeu mais duas nomeações da Academia norte-americana. Além disso, arrecadou 2 Globos de Ouro e um BAFTA, entre muitos outros prémios e nomeações. Em «The Hunger Games: A Revolta - Parte 1», Jennifer Lawrence começa a despedir-se da personagem que a catapultou para a fama: Katniss Everdeen. A actriz destronou outras candidatas ao papel, como Emma Roberts e Chloë Grace Moretz. Curiosamente, Jennifer Lawrence já tinha tentado a sua sorte noutra saga juvenil, «Twilight», mas o papel foi entregue a Kristen Stewart. 30 metropolis dezembro 2014

Para construir Katniss, a actriz afirma que não se inspirou noutras mulheres revolucionárias. Apesar de considerar que “provavelmente deveria, teria sido algo muito inteligente”, a verdade é que pensa que “Katniss está tão bem escrita e delineada que não senti necessidade de recorrer a outros materiais para interpretá-la”. Aliás, a actriz revelou ainda outra curiosidade: Katniss não tem propriamente uma inspiração feminina: “Sei que é algo estranho de se dizer, mas nunca pensei numa mulher para interpretar a Katniss. Eu era a única parte feminina dela e considerava que era suficiente porque, de qualquer forma, eu não sou muito feminina”. E será que personagem e actriz têm muito em comum? Jennifer Lawrence responde: “Na verdade, não sou nada como


Katniss Everdeen, a heroína relutante ela, mas a Katniss é uma personagem de sonho. Ela é uma heroína relutante. Está constantemente a mudar e a evoluir. Portanto, mesmo interpretando-a em quatro filmes, nunca fico entediada”. Apesar das diferenças, esta será, por certo, uma personagem que a actriz nunca esquecerá, mesmo a nível pessoal, como explicou em entrevista: “Isto foi o que ela me deu à minha vida: a consciência de sentar-me e destrinçar sobre o que é o correcto a fazer quando há situações complicadas”. “Katniss é uma personagem fácil de admirar. É corajosa e tem um grande sentido de lealdade e amor pela sua família”, diz a actriz, que confessa que “gostava de ser sombria, séria e corajosa como ela”.

Sobre o novo filme, Jennifer Lawrence confessou que chorou quando leu o guião, porque este “era de partir o coração”. “Os dois primeiros livros têm lugar nas arenas e a Katniss colabora com o governo para poder sobreviver. Mas, no terceiro livro, tudo culmina em algo maior, uma revolução. É possível ver o quão poderosa uma voz pode ser”, considera. “Em «The Hunger Games: A Revolta - Parte 1», ela tem muitos entes queridos arrancados da vida dela”, afirmou. “Nesta altura, terá ela realmente a hipótese de escolher? Agora não se trata apenas de salvar aqueles que ela ama”, acrescentou. “É uma altura muito confusa, conflituosa e complicada para Katniss”, salienta o realizador da obra. Muito se altera neste novo filme, como explicou Jennifer Lawrence: “Não se dezembro 2014 metropolis 31


trata mais de continuar nos jogos, vamos para uma guerra de verdade entre o Distrito 13 e o Capitólio. É natural que as coisas fiquem mais pesadas em termos de enredo e de visual, porque, no Distrito 13, ficamos muito tempo na parte subterrânea”. Neste novo filme, Katniss tem direito a um guarda-roupa muito especial, desenhado pelo estilista Cinna (Lenny Kravity). Trata-se do fato do mimo-gaio, que Katniss usa para simbolizar a revolução. Contudo, não se trata apenas de algo meramente estético, tendo também características de protecção, estando pronto para ser usado em contexto de guerra. Sobre a nova vestimenta, a actriz não tem dúvidas: “Adoro que seja assustador e muito intenso ao mesmo tempo que é feminino e bonito. Não é o fato mais confortável do mundo, mas é utilitário”. Além da sua trança, outro aspecto simbólico de Katniss é o uso do arco, no qual é especialista - tal como pôde ser visto nos dois primeiros filmes. E é justamente esse o objecto que Jennifer Lawrence pretende guardar porque, diz a própria, “aquele arco [o que é usado durante as gravações e não as réplicas] diz-me muito”. Jennifer Lawrence não deixa de realçar o ambiente de companheirismo vivido entre toda a equipa do filme, realçando que “o Josh e o Liam são os meus melhores amigos”. A actriz contou ainda sobre o momento em que terminaram as gravações: “Na última noite, deitámo-nos e demos as mãos uns aos outros como cãezinhos. Sentimos o quão forte era aquela relação e o vínculo que tínhamos desenvolvido ao longo dos anos. Partilhámos juntos tantos momentos importantes das nossas vidas”.

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E parece que o sentimento não podia ser mais recíproco, sendo muito elogiada pelos colegas. “A Jennifer não esconde nada. Ela tem a força e a coragem da Katniss enquanto actriz”, diz Liam Hemsworth. Já Natalie Dormer considera que “há tantos meandros delicados na personagem de Katniss. A Jennifer encontra as nuances”. “A Jennifer incorpora a força no silêncio, o que é uma grande parte do carácter da Katniss”, evidencia Francis Lawrence.


O realizador Francis Lawrence O realizador austríaco tem uma carreira muito versátil, tendo realizado filmes como «Constantine» (2005), «Eu Sou a Lenda» (2007), «Água aos Elefantes» (2011) e até um dos videoclipes da cantora Lady Gaga, “Bad Romance”. O primeiro capítulo da saga distópica «The Hunger Games» não foi assinado por ele, mas por Gary Ross. A aventura de Lawrence por Panem começou em «The Hunger Games: Em Chamas» e será ele a concluir a saga, realizando, assim, três dos quatro filmes. Mas muito se altera em «The Hunger Games: A Revolta - Parte 1», como contou o próprio aos jornalistas: “Aproximamo-nos da Guerra. Já não estamos nos Jogos. Mas é a mesma história que se dirige para uma resolução. Tens um cenário mais abrangente”. “Na Parte 2, o nosso caminho dirigir-se-á para as ruas do Capitólio. A Parte 2 é um filme de guerra e a Parte 1 é, de uma forma estranha, um filme de propaganda”, afirmou, existindo assim “duas histórias diferentes, muito díspares”. Com a chegada do movimento do mimo-gaio, poderá esperar-se “muita acção. Vamos ver mais rebeliões e há uma sequência de resgate muito porreira – está no livro, mas vamos expandi-la. Há muita coisa divertida. Mas estes filmes são também muito emocionais”, diz o cineasta, que refere ainda que “serão vistos os primeiros vislumbres da guerra real neste filme. E a escala aumenta”. Elizabeth Banks também falou sobre a nova obra: “Agora trata-se realmente de um verdadeiro filme de acção, já não estamos nos jogos, a fasquia foi elevada. É sobre uma rebelião em grande escala e uma guerra entre o Capitólio e os Distritos. Portanto, todas as cenas de acção são simplesmente fantásticas e melhoradas”.

“Tivemos oito dias de gravação sem ele, mas o essencial das suas cenas estava gravado. Foi trágico e afectou todos durante bastante tempo”. Para contornar a situação, “atribuímos algumas coisas a outras personagens e tínhamos algumas imagens dele que permitem que se sinta que ele esteja na cena quando, na verdade, não está”.

Um dos assuntos aos quais não se consegue fugir quando se fala neste filme é a morte de um dos actores: Philip Seymour Hoffman. O actor interpretava o estratega Plutarch Heavensbee e as gravações estavam a chegar ao final aquando da sua morte. Francis Lawrence fala sobre o assunto: dezembro 2014 metropolis 33


O soldado Gale Apesar de inicialmente ter feito audição para o papel de Peeta, Liam Hemsworth foi escolhido para interpretar Gale, o amigo de infância de Katniss. Curiosamente, o actor também fez uma audição para interpretar Thor, mas foi o seu irmão mais velho, Chris Hemsworth, que conseguiu o papel. Gale tem tido uma presença minoritária nos filmes, mas tudo irá mudar nesta nova história. Com a ausência de Peeta, Gale assume mais protagonismo na vida de Katniss e na própria revolução. “Sabia que tinha de ser paciente nos dois primeiros filmes. Algo que sempre me chamou a atenção em Gale foi o facto de ele ser muito passional. Ele realmente acredita nos valores da moral e insurge-se por uma causa”, disse Liam Hemsworth em entrevista. Sobre a relação entre Gale e Katniss, o actor aborda o assunto da seguinte forma:

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“Primeiramente faço parte de uma equipa que está a espalhar o mote da revolução. Mas, na verdade, tudo se trata de convencê-la [Katniss] a unir-se à revolução e ser o seu rosto. Gale e Katniss conhecemse desde sempre e têm muito amor um pelo outro. Mas a diferença entre eles é que agora o Gale vê todos que tenham algo relacionado com o Capitólio como sendo culpados. A Katniss não vê as coisas assim”. “Ele viu tantas coisas horríveis que aconteceram no seu distrito, em todos os distritos. Está farto” e “a Katniss tem a mente um pouco mais aberta”, justifica. Liam Hemsworth mostra o seu encantamento para com a história da saga e o carisma da protagonista, dizendo que “é uma rapariga que desperta esperança na cabeça das pessoas e permite que a nossa revolução comece. As pessoas enfrentam um mundo


onde ninguém quer viver”. “E essa rapariga, por permanecer ela mesma e não se perder, permite que as pessoas vejam isso e dá a coragem para as pessoas lutarem”, conclui.

o lado do edifício do hospital estava a arder. Fogo verdadeiro, sem efeitos especiais. Estava muito calor e estávamos muito perto das chamas verdadeiras. Como actor, ajuda sentir o calor na cara”.

Agora, Gale assume mais a posição de um soldado, o que obrigou o actor a ter algum treino militar, acabando mesmo por recusar o uso de duplos. “Detesto ir embora e deixar alguém ficar com toda a diversão. Permite-me ver realmente o que a personagem passa ao longo da cena. O Josh e a Jen estiveram nos Jogos da Fome. Agora, eu posso ter também alguma parte física”, confessa Liam Hemsworth. O actor destaca uma das cenas que mais o fascinaram neste filme: “Quando chegámos ao Distrito 8, estávamos a aterrar quase na pista e

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O novo e chamuscado Peeta

O actor Josh Hutcherson tem algumas curiosidades inerentes à sua participação em «The Hunger Games», como o facto de ter lido a trilogia apenas cinco dias antes de as gravações começarem, ter passado quatro horas por dia a treinar com um Navy Seal ou ter sofrido uma concussão após Jennifer Lawrence o ter pontapeado acidentalmente na cabeça durante os ensaios. Mas tudo se releva quando o actor fala da história: “Katniss é uma heroína diferente. Não há muitos papéis ou personagens como Katniss que vejas em grandes filmes. Alguém que é tão persistente e forte, e ser uma mulher também, é tão diferente nestes filmes. Não diferente... mas não é normal. Também acho que as pessoas podem identificar-se com muitos temas da história”. “Penso que é sobre 36 metropolis dezembro 2014

o poder que uma pessoa pode ter para criar uma mudança. Se olhares para as grandes trilogias ou séries épicas, como «O Senhor dos Anéis» ou «Harry Potter», é sobre uma pessoa a tentar fazer a diferença”, concluiu o actor em conversa com jornalistas. Peeta Mellark sempre foi uma personagem doce e absolutamente apaixonado por Katniss, disposto a dar a vida por ela em diversos momentos. Contudo, neste terceiro filme, muito muda e esta será, decerto, a personagem que mais se altera em toda a saga. Josh Hutcherson apreciou o desafio da sua personagem: “Sempre julguei que o arco da história de Peeta é realmente incrível ao longo de toda a saga literária”. “Desde o início que ele é um jovem rapaz vulnerável


(…) aquilo em que ele se torna no terceiro livro é incrível. Estou entusiasmado”. Contudo, também demonstra alguma apreensão: “estou nervoso por retratá-lo porque nunca fiquei louco num filme. Na vida real muitas vezes, mas nunca num filme”, acrescentou. Sobre o novo filme, o actor considera que “vai para um novo lugar, fica bastante intenso e sombrio, pelo que estou bastante entusiasmado para que todos o vejam”. Sendo ainda parte de um triângulo romântico, Josh Hutcherson tem uma proposta ousada para resolver os problemas do trio. Qual? Ora, deixemos o actor explicar: “Vamos fazer isso – como é que se chama quando três pessoas estão juntas num

relacionamento? Um ménage à trois? Isso vai cair bem na América Central”. “Eu sei que Peeta gostaria disso, com certeza. Ele é muito sensível e ligado com as suas emoções. Acho que isso realmente iria resolver muitos dos problemas deles”, acrescentou.

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A expansão em relação ao livro

Como em qualquer adaptação cinematográfica com base num livro, há algumas mudanças em relação à história original. Contudo, neste caso, Francis Lawrence fala mais em “expansão” do que propriamente numa alteração, como o próprio explicou em entrevista: “Em vez de mudar o enredo e as personagens, tivemos a oportunidade de mostrar cenas que poderiam acontecer em diferentes alturas no livro”. “Para nós, é a expansão de um mundo em vez de mudar coisas. Penso que é entusiasmante para o fã ver determinadas coisas. Por isso, pudemos alargar o universo e mostrar novos lugares. Veremos novos distritos desta vez e a extensão aumenta”, acrescenta. Todavia, tudo foi elaborado com o aval da autora, Suzanne Collins, que “tem muitas histórias do passado sobre as personagens e elementos mitológicos, por isso, tem muita informação. Enquanto filmávamos «The Hunger Games: Em Chamas», eu e ela sentávamo-nos aos fins-de-semana e folheávamos “A Revolta”. Dividimos juntos o livro. Ela está sempre disponível para expandir, o que é divertido, e acho que ela gosta de imaginar as coisas que estão a acontecer simultaneamente na história”. Não obstante, o realizador não deixa de afirmar que foram criados elementos que irão “surpreender até fãs do livro”. Uma delas será o momento em que este novo filme termina. “É, de facto, um grande final, e vocês vão ficar lixados”, avisou Jennifer Lawrence. O livro foi dividido em dois filmes, tal como já aconteceu com «Harry Potter», «Twilight» e também acontecerá com «Divergente», o que tem suscitado algumas críticas que consideram que a decisão prende-se apenas com motivos puramente comerciais. Todavia, Francis Lawrence não concorda com esta asserção: “Definitivamente penso que havia material suficiente e que as histórias eram distintas. 38 metropolis dezembro 2014 Depois de ter passado algum tempo a adaptar

“Em Chamas”, cheguei à conclusão que muito foi deixado de parte. “A Revolta” é um filme de quatro horas que vale a pena”. Jennifer Lawrence corrobora o cineasta, afirmando que “a narrativa nos romances está escrita de um modo em que ela vai descrevendo o que se passa, mas não o vemos. No Cinema, podemos agregar essas partes e fornecer mais detalhes, o que permite que a história se amplie. Penso que dividi-la é uma boa decisão, assim não deixamos pormenores de fora”. “Há muita acção e os cenários são verdadeiramente incríveis. Será visto muito mais de Panem e esses distritos porreiros que não foram vistos nos dois primeiros filmes”, considera Liam Hemsworth. “Os livros são narrativas, portanto, tudo surge da perspectiva da Katniss. O que adoro neste filme é que é possível ver o desenvolvimento do Snow e o meu, separadamente. Penso que os fãs vão ficar entusiasmados para ver o que realmente se passa no Capitólio”, disse ainda Jennifer Lawrence.


O caso especial de Effie Trinket

Há, contudo, uma grande diferença na adaptação para filme: a presença de Effie Trinket, interpretada por Elizabeth Banks. No 3º livro da trilogia de Suzanne Collins, a personagem mal aparece e, quando o faz, não é no Distrito 13. No filme, a situação será bem diferente. A explicação é simples e prende-se com a própria autora das histórias. “Quando a Suzanne Collins viu «The Hunger Games: Em Chamas», ligou e uma das primeiras coisas que disse foi ‘a Effie Trinket terá que estar presente nos filmes’”, explicou Francis Lawrence. A opinião é partilhada pela própria actriz que interpreta a personagem: “Estou entusiasmada por fazer parte disto, ir para o Distrito 13 e tomar conta da Katniss durante um pouco mais de tempo”. “A Effie traz tanto calor, diversão e leveza para estas histórias sombrias. Ela é um peixe fora de água neste [filme] e os fãs vão adorar ver como ela se adaptou ao mundo do Distrito 13”. Nos dois primeiros filmes, Effie sempre deu nas vistas pela sua exuberância, com roupas muito vistosas e perucas de várias cores. Agora, já não terá ao seu dispor todos os recursos que tinha no Capitólio. “Todos têm um guarda-roupa semelhante no Distrito 13 e ela, claro, tem que por o seu toque em tudo… ela consegue tornar tudo fabuloso”, salientou Elizabeth Banks. dezembro 2014 metropolis 39


Bem-vindos ao Distrito 13 •

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O Distrito 13 é o último de Panem e julgava-se que teria sido destruído pelo Capitólio durante a primeira rebelião. Todavia, o Distrito continua totalmente operacional, só que apenas de forma subterrânea. Após a rebelião, foi feito um pacto de não-agressão com o Capitólio em que se assegurava que o Distrito não seria incomodado pelo governo, mas teria que sobreviver de forma oculta, fingindo que estaria destruído. O acordo apenas foi realizado porque o Distrito 13 é especializado em armas nucleares e o Capitólio temia que as retaliações pudessem ser demasiado graves. Num distrito que parece “sombrio e algo claustrofóbico”, como caracteriza Liam Hemsworth, todos os dias os cidadãos ficam com uma tatuagem temporária, na qual têm as tarefas diárias que terão de cumprir, tais como as refeições ou actividades relacionadas com o • Comando. Este “não é um lugar para amor, não há gargalhadas ou diversão” e “foi construído centenas de metros abaixo do chão, por isso pode suportar qualquer tipo de ataque ou detecção”, conta Julianne Moore. “No livro, as pessoas são descritas como sendo muito, muito magras, o que considerei interessante porque, basicamente, eles têm vivido dessas pequenas rações”, acrescentou a actriz. Apesar de a maioria da população de Panem julgar que o • Distrito estava destruído, Katniss conheceu duas • pessoas que não pensavam da mesma forma, num episódio que é retratado no segundo livro. Nesse momento, a protagonista encontra Bonnie e Twill, que fogem do Distrito 8 rumo ao 13, alegando que viram na televisão um mimogaio que aparece sempre a voar no canto do ecrã, apesar de o Capitólio referir que são novas imagens do Distrito 13, o que as leva a acreditar que este ainda exista.

Presidente Coin

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A líder do Distrito 13 é a Presidente Alma Coin, interpretada por Julianne Moore, uma personagem dúbia e misteriosa. A actriz confessa que aceitou o papel por causa dos seus filhos, ambos fãs dos livros, que a convenceram. Todavia, Julianne Moore também já revelou em entrevista que leu os livros e que realmente gosta da história, considerando-a “fantástica”, sendo “óptimo fazer parte de algo que é verdadeiramente um fenómeno mundial”. Sobre a sua personagem, Julianne Moore refere que “Coin é retratada com muita parcimónia porque tu não sabes quem ela é, apenas se fala dela a partir do ponto de vista da Katniss, que imediatamente desconfia dela”. A actriz falou também de um momento em particular da história em que, na sua opinião, passamos a conhecer melhor o carácter intrínseco de Coin: “Há uma cena muito interessante quando o Capitólio bombardeia o Distrito 13 e a Coin,


em vez de retaliar, opta por não fazer nada. Penso que isso traduz exactamente quem ela é enquanto líder. Ela não quer arriscar revelar a sua população ou ela própria numa luta quando ela sabe que eles estarão melhor em permanecer escondidos e deixar aquilo explodir”. • •

Conhecedora da história da saga, a actriz considera que “trata sobre aquilo que é o nosso sistema político, como chegámos até aqui, quem somos neste sistema, o que realmente me fascinou”. Julianne Moore vai mais longe, dizendo que “esperança é sobre possibilidade, mudança, sobre ter algum poder pessoal. Penso que, se as personagens em The Hunger Games não têm esperança, tal significa que eles não pensam que possam provocar alguma mudança”.

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Os rebeldes •

No Distrito 13, o propósito é usar Katniss como o mimo-gaio, um símbolo para a revolução nos Distritos, procurando que a jovem sirva de inspiração e modelo para os revoltosos se insurgirem contra o Capitólio. Ora, neste caminho, Katniss descobre assim alguns rebeldes, sobretudo os que irão acompanhá-la nas gravações de vídeos promocionais para serem transmitidos nos restantes distritos. “Com Cressida e a sua equipa, Katniss vê pessoas que dedicaram as suas vidas à causa. Elas escaparam do Capitólio por causa da rebelião e ganharam a confiança de Katniss”, diz Jennifer Lawrence. Passemos a conhecer o grupo:

Cressida (Natalie Dormer) •

A estrela da equipa de filmagens que acompanha Katniss é Cressida, uma realizadora oriunda do Capitólio que usa as suas habilidades artísticas em prol da revolução. Natalie Dormer, mais conhecida pela sua participação nas séries televisivas «Os Tudors» e «A Guerra dos Tronos», é a actriz que interpreta a irreverente personagem. “Cressida é muito interessante porque vem do Capitólio. Ela tomou a decisão consciente de ir para o Distrito 13 e juntar-se à revolução. A Cressida é incrivelmente talentosa e dotada naquilo que faz enquanto realizadora”, declara Natalie Dormer. “Todos sabemos a importância que as relações públicas têm no mundo moderno. Enquanto realizadora, Cressida sabe como uma imagem vai vender e está interessada na iconografia de criar o mimo-gaio. Ela quase não se preocupa se a Katniss está ou não de corpo e alma – desde que cumpra a sua função”, acrescenta a actriz em conversa com os jornalistas.

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Sobre a história da saga, Natalie Dormer é peremptória: “Eles cruzam tantas temáticas. Há a história de amor e o conflito de Katniss com Gale e Peeta. E, claro, há esses grandes temas políticos. Depois, tens sequências de acção fantásticas em que as pessoas têm de tomar decisões verdadeiramente difíceis sobre sacrifício pessoal ou identidade. Não interessa de onde vens – é o ADN humano no seu nível mais básico”.


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Com este novo filme, a actriz passa a integrar um novo mundo com uma grande base de fãs, tal como já acontecia com «A Guerra dos Tronos». “É uma dádiva porque a qualidade está primeiro e principalmente na escrita – e é por isso que chega a tanta gente”, considera. Francis Lawrence acrescenta que, “para ser muito honesto, acho que parte do facto de os jovens terem reagido como reagiram a estes livros e filmes é que eles não estão a ser menosprezados, mas tratados como adultos”. Donald Sutherland, que interpreta o Presidente Snow, foi também muito assertivo quanto à importância da saga, confessando que aceitou o papel “por uma razão específica: para que os jovens eleitores reconheçam a sua obrigação em mudar o governo. Para que possam votar em 2016 e que escolham alguém que os satisfaça. Porque, se eles não o fizerem, estamos perdidos”. Aliás, sobre a personagem que interpreta, o veterano actor afirma que “é um oligarca que existe especialmente nos Estados Unidos, mas também no mundo inteiro, certamente no mundo ocidental, e que precisa de prestar contas”. Não obstante, Natalie Dormer vai aparecer de forma muito diferente daquela em que surge na série televisiva da HBO. Cressida tem parte • da cabeça rapada e uma tatuagem no mesmo local que vai até ao braço. Mas não parece que este tenha sido um entrave para a actriz aceitar o papel: “Quando me propuseram o papel, perguntara-me se eu consideraria rapar a cabeça por completo”, mas “eu e o realizador decidimos que ela pareceria mais funker, mais do Capitólio, se apenas tivesse metade da cabeça rapada”. Aliás,• tal acaba por não ser uma mudança em relação • ao livro, que não refere explicitamente que a personagem seja careca. O processo de rapar o cabelo era feito diariamente, tal como a tatuagem temporária. Para a actriz, o desafio acabou por ser satisfatório: “Tenho sido uma actriz frustrada há algum tempo, à espera de ter mais acção. Agora, o sangue e a sujidade atravessam o meu rosto. Como mulher, é refrescante não ter de parecer bela e perfeita para um papel”.

Boggs (Mahershala Ali)

Boggs é um antigo cidadão do Distrito 13 e um verdadeiro soldado, muito leal a Coin. E é devido às suas origens que Boggs percebe a dimensão do poder do governo: “Vir daquele Distrito faz com que ele saiba o quão perigoso o Capitólio pode ser”, diz o actor Mahershala Ali, mais conhecido pela sua participação na série «House of Cards». Boggs tem como missão proteger Katniss de qualquer perigo, tornando-se uma “espécie de figura paterna para Katniss porque, desde a morte do seu pai, ela não tinha tido nenhum homem que a guiasse ou apoiasse”. Contudo, “ele preferia estar lá fora com as suas tropas, lutando directamente contra o Capitólio”, refere Ali. Sobre Boggs, Francis Lawrence acrescenta que, “a certa altura, a sua compaixão para Katniss e toda a equipa vão realmente partir o coração”. dezembro 2014 metropolis 43


Castor (Wes Chatha

Pollux (Elden Henson)

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Pollux é um Avox, ou seja, foi castigado e retiraram-lhe a língua, sendo também escravo. A personagem foi um criado nas passagens subterrâneas que dão passagem para o Capitólio, um conhecimento que será muito útil no desenrolar da história. “Apesar de tudo por que passou, Pollux ainda escolhe ver a beleza no mundo”, diz Elden Henson. O actor resume as funções da sua personagem: “Eu controlo a câmara que tenho nas minhas costas como uma concha com um comando que se estende até ao meu pulso, o que faz com que as minhas mãos movam para que a lente da câmara foque e mude”, o que acaba por ser “não só tão fixe como parece, mas também realmente confortável e leve, como uma mochila”. Pollux e Katniss partilham um dos momentos mais poéticos – embora mordaz – da obra, quando a protagonista lhe canta uma música, “The Hanging Tree”, numa das visitas ao Distrito 12. “A minha personagem está cativada pela Katniss e olha para ela como sendo a figura que ela está relutante em ser”, conclui Henson.

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Castor é um antigo residente do Capitólio, que conseguiu salvar o seu irmão Pollux da escravidão em que vivia. A fuga para o Distrito 13 deve-se ao facto de ambos terem percebido que “há esperança e queríamos estar no lado certo, a lutar por justiça”, revela Wes Chantham. A principal tarefa de Chatham é filmar o que se passa, sendo esta a sua arma contra o Capitólio. “Se consegues influenciar as emoções e mentalidade de um grupo ou inspirar muitas pessoas através das imagens… isso é algo muito poderoso”, considera o actor. A personagem acompanha Katniss que “pode não querer ser uma líder mas incorpora o espírito da revolução”, conclui Chatham.


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Messalla (Evan Ross)

Messalla, o desertor do Capitólio recheado de piercings, é um dos assistentes de filmagem de Cressida, sendo o conhecimento que tem do Capitólio a sua verdadeira mais-valia. “Faço parte de uma comunidade artística que desiste de tudo o que temos para lutar. Sempre fomos antiCapitólio, mas de uma forma encoberta”, explica Evan Ross. O actor considera que a personagem é o mais “zen” da equipa de gravações, sendo muito sensível às emoções de Katniss: “Ajudo-a a compreender melhor o Capitólio porque sei como funciona internamente. Cresci lá” e “o meu outro trabalho é manter em alta a energia da Katniss enquanto ela filma os vídeos”. dezembro 2014 metropolis 45


Lorde dá música ao mimo-gaio •

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À semelhança de Katniss, uma jovem que tem a sua voz ouvida por muitos, também a curadora da banda-sonora de «The Hunger Games: A Revolta - Parte 1» é dona de uma voz poderosa. Falamos de Lorde, uma cantora e compositora neozelandesa de 18 anos, que arrebatou a crítica e o público com o seu primeiro disco, “Pure Heroine”, tendo sido também eleita como a jovem mais influente do mundo pela revista Time. Lorde foi agora escolhida para um novo desafio: ser a curadora da banda-sonora do novo filme da saga, ou seja, passa por ela a escolha de todas as músicas que preenchem a obra. Não é, contudo, a primeira vez que a cantora visita o mundo de «The Hunger Games», tendo já interpretado a música “Everybody Wants to Rule the World”, que fez parte da banda-sonora de «The Hunger Games: Em Chamas» (2013). Lorde participará na banda-sonora com algumas músicas, uma delas já dada a conhecer: “Yellow Flicker Beat”, tema que a cantora descreve como sendo “a minha tentativa de mostrar o interior de Katniss”. Sabe-se também outros dos artistas que irão contribuir para a moldura musical das aventuras de Katniss e companhia, como são os casos de Kanye West, Bat for Lashes, Chvrches, Grace Jones, Charli XCX, Haim, Q-Tip, Stromae, entre outros. “Fazer a curadoria da banda-sonora para um filme tão ansiado foi um desafio, mas agarrei a oportunidade”, disse Lorde em entrevista. “O elenco e a história são uma inspiração para todos os músicos participantes e, sendo alguém com tendências cinematográficas, estar a par de um processo criativo diferente foi uma experiência única. Penso que, definitivamente, a bandasonora vai surpreender as pessoas”, concluiu.

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