Especial - «Missão Impossível - Nação Secreta»

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tatiana henriques

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A saga cinematográfica de ação frenética e feitos miraculosos está de volta para o quinto filme: «Missão Impossível: Nação Secreta». Prepare-se, assim, para acrobacias incríveis numa viagem extrema que passa por Casablanca ou Viena, sempre com Tom Cruise a liderar a cruzada, seja como ator ou como produtor. Fique a saber, neste especial, os pormenores desta nova missão impossível e explosiva.

A história: Ethan Hunt (Tom Cruise) está de

volta para uma missão, aparentemente, impossível: tentar erradicar o Sindicato, uma organização secreta internacional altamente treinada, que tem como objetivo destruir a agência de espionagem FMI (Força de Missão Impossível). Há muito que se desconfia da existência do Sindicato mas só agora Ethan pode afirmar com certezas que esta organização existe, apesar de a CIA também não acreditar. Agora, Ethan terá de fazer de tudo para salvar a sua equipa, encontrando ainda pelo caminho uma misteriosa espia, Ilsa Faust (Rebecca Ferguson).

As coordenadas de um franchise inesquecível Tudo começou com a série de televisão «Missão Impossível», criada por Bruce Geller e que teve como protagonistas Greg Morris, Peter Lupus e Peter Graves. A série foi emitida de 1966 a 1973 e, curiosamente, o Sindicato era o principal antagonista. A viagem cinematográfica começou em 1996 com o lançamento do filme homónimo, com Brian De Palma na cadeira de realizador e Tom Cruise como ator e estreando-se enquanto produtor. “«Missão Impossível» (1996) foi o primeiro filme que produzi e agora cá estamos para o nosso quinto filme. Adoro fazer estes filmes. Adoro o género da espionagem, adoro esta personagem, 36 metropolis Agosto 2015

adoro o fantástico desafio de fazer estes filmes e adoro a oportunidade de convidar todos os tipos de artistas para criarem estas aventuras incríveis e cheias de suspense. Acima de tudo, adoro ver o divertimento do público com estes filmes. É uma coisa que sempre quis com qualquer filme que faça: dar ao público algo muitíssimo divertido”,conta Tom Cruise O produtor J.J. Abrams (e realizador do terceiro filme do franchise) também falou sobre as características intrínsecas destas missões: “Há algo na saga ‘Missão Impossível’ que é incrivelmente delicioso e que tem evoluído


com o tempo – este grupo de pessoas que usa todos os recursos e ferramentas à sua disposição para lutar pelo bem”. “Uma das coisas que o Tom decidiu logo no início sobre os filmes da saga é que ele queria diferentes realizadores para cada filme. Ele queria que cada um tivesse a sua própria vida criativa, assim, enquanto todos os filmes seguem de forma contínua o género de espionagem, cada filme tem o seu próprio caráter e personalidade. Tens sempre as personagens que gostas, um ótimo vilão e sequências de ação incríveis – mas é sempre refrescante”, acrescentou.

Simon Pegg, que interpreta Benji Dunn pela terceira vez, contou por que é, para si, tão especial este franchise: “Aqui estamos, 20 anos depois, e continuamos a salvar o mundo, portanto esta história ainda tem obviamente muito para dar. O mundo mudou e as missões tornaram-se mais complexas, mas continua a haver muitos vilões que devem ser parados e penso que «Missão Impossível» é uma realização desses propósitos. Há seriedade nesta ideia mas, ao mesmo tempo, interpretamos isso com um sentido de aventura e diversão”.

a sua posição de liderança na equipa. “Esta saga aborda as complicações da amizade que acontecem quando há enorme pressão nestes tipos. Em quem confias e em quem não deves confiar? Quem vai estar realmente lá para ti quando tudo correr mal? Quem vai permanecer à tona? E como podem eles trabalhar juntos para fazer as coisas acontecer? Penso que «Missão Impossível: Nação Secreta» é sobre um aspeto interior do verdadeiro trabalho de equipa que enfrenta o puro mal”, considera Cruise

Neste novo filme, Ethan Hunt assume cada vez mais Agosto 2015 metropolis 37


tom cruise

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Há muito que o nova-iorquino Tom Cruise vem conquistando Hollywood. Notabilizou-se em «Top Gun – Ases Indomáveis» (1986), mas foram muitos os filmes em que participou a que o público aderiu em massa. Além disso, foi nomeado para três Óscares por «Nascido a 4 de julho» (1989) e «Jerry Maguire» (1996), na categoria de Melhor Ator, e «Magnolia» (1999), em que concorria na categoria de Melhor Ator Secundário. Não obstante, um dos marcos da sua carreira é o franchise ‘Missão Impossível’, no qual teve sempre uma envolvência muito maior do que simplesmente enquanto ator. Esta é uma saga com características específicas e Tom Cruise evidenciou do que se trata, para ele, um filme ‘Missão Impossível’: “De cada vez que penso ‘Já vi de tudo e já estive em qualquer desafio de ação que um filme pode ter’, o próximo filme introduz novos desafios de todo o tipo, porque estamos constantemente a colocar mais pressão, não só nas cenas de ação, mas também na narrativa e nas personagens. Para mim, o derradeiro filme ‘Missão Impos-

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sível’ nunca é apenas sobre ação e suspense – apesar de adorarmos inovar nesse aspeto. Trata-se realmente da combinação de ação, intriga e humor com esta experiência muito particular e de cortar a respiração que criamos para o público. Trata-se de dar aos espectadores a maior sensação de aventura e dimensão enquanto mantemos o sentido clássico de cinema. Fazemo-lo mais do que nunca em «Missão Impossível: Nação Secreta»”. O protagonista também tem mudado ao longo dos filmes, tornando-se mais um líder do que alguém solitário com uma missão. Cruise fala sobre a sua personagem: “O Ethan evoluiu. Ele está a aprender


a ouvir os outros enquanto continua a seguir o seu instinto. Penso que ele progrediu realmente quando se trata de compreender as pessoas como elas são, incluindo ele próprio. Sempre o vi como alguém altamente hábil, que tem um elevado nível atlético e que será persistente em seguir até ao fim aquilo que ele acredita estar certo – mas ele não é um super-herói, é muito humano”. Para Tom Cruise, fazer um filme da saga implica um trabalho prévio intenso, sobretudo com uma preparação física rigorosa: “Gosto de passar meses, meses e meses antes a preparar cada sequência”. “Vou para cada filme com a expectativa de aprender novas coisas e novas formas de fazer coisas em que já tenho competências”, ajuntou. Para este filme em particular, Tom Cruise teve a colaboração do coordenador de duplos Wade Eastwood, que afirmou que não poderia haver melhor parceiro para o trabalho criativo de duplos do que Cruise: “O Tom é tão bom nisto que poderia ter sido um ótimo duplo se já não fosse um ótimo ator. Trabalhar com ele é como trabalhar com o melhor duplo, à exceção de que ele combina interpretação com a ação de uma forma única. Ele faz 100% das suas acrobacias – e isto não é conversa para os jornalistas, é a verdade”. “A melhor parte de trabalhar com o Tom é que

ele nunca está satisfeito. Ele está sempre a perguntar: ‘Como podemos melhorar isto?’. É emocionante e ambos chegámos a «Missão Impossível: Nação Secreta» a acreditar que iríamos criar as melhores acrobacias em que já estivemos envolvidos. Estivemos sempre à procura dos pequenos e únicos momentos que fazem com que a ação neste filme seja nova e diferente.

Foto: Simon Pegg

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super-cruise a anatomia de uma cena

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O filme começa com um momento absolutamente inesquecível: o protagonista viaja literalmente na asa de um avião. Poderia, eventualmente, parecer que a única forma de levar a cena para o grande ecrã seria digitalmente, mas desengane-se, foi tudo feito ao vivo. É claro que tal só foi possível porque se tem no elenco alguém como Tom Cruise. Aliás, ninguém ficou surpreso pelo facto de o ator querer fazer todas as suas cenas de ação. O produtor J.J. Abrams até brincou com a situação em entrevista: “Penso que uma das coisas mais difíceis em fazer um filme ‘Missão Impossível’ é tentar convencer o Tom a não fazer todas as acrobacias que põem a sua vida em risco”.

e estava muito entusiasmado quando fui para aquele local do avião. Estava a pensar apenas no público, nas cenas que tínhamos de fazer, na interpretação”, recordou. As emoções e os riscos inerentes à filmagem de uma cena como esta tiveram de ser repetidas oito vezes, até McQuarrie considerar que tinha o material necessário. Abrams realçou a importância de uma cena tão arriscada: “É uma ideia entusiasmante porque vivemos num mundo de artifício. Tudo o que vês hoje em dia é difícil de acreditar que é real, por isso há algo que o Tom faz nestas acrobacias – sem efeitos visuais que qualquer um usaria – que faz com que o filme se torne mais um grande evento”.

Cruise conta como foi gravar a cena inicial, que dificilmente fugirá da memória do público: “Não consegui dormir na noite anterior”. “Sabia que logo que levantássemos voo, se algo corresse mal, ninguém poderia fazer nada. Mas no próprio dia senti-me muito confiante em relação à nossa equipa, ao piloto, ao Wade…

Quanto ao futuro do franchise, algo é já certo: este filme, que agora estreia, não será o último. O ator adiantou no programa «The Daily Show» as novidades relativas à próxima obra: “Estamos a começar a trabalhar nele agora. Provavelmente, vamos filmar no verão de 2016”.

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Ilsa Faust é um dos papéis mais importantes do filme e, para interpretá-la, foi escolhida uma atriz quase desconhecida. Trata-se da sueca Rebecca Ferguson, que se notabilizou graças à série «The White Queen» e participou recentemente em «Hércules» (2014). O realizador e coargumentista McQuarrie conta por que foi a atriz a escolhida: “Ela ficou com o papel porque foi uma surpresa total. Quando vi, pela primeira vez, a Rebecca numa gravação, ela era algo muito distante daquilo que eu julgava que estava à procura. Mas eu e o Tom simplesmente olhámos um para o outro e dissemos “é ela”. Vimos imediatamente que tinha a energia que queríamos – era independente, elegante, cheia de graciosidade e maturidade. Ligámos-lhe para fazer uma leitura com o Tom e houve logo um clique. Recostámo-nos e assistimos à química”. Rebecca Ferguson fala sobre a sua personagem: “A Ilsa é o Ethan Hunt em feminino. E é por isso que ele, de certa forma, encontra o seu par nela. O que adoro na Ilsa, enquanto personagem, é que ela tem um lado muito duro e uma vulnerabilidade que se entrelaçam. Por isso, ela é muito forte, como o Ethan, 42 metropolis Agosto 2015

mas também penso que é alguém com quem nos podemos relacionar”. “Sempre adorei os filmes ‘Missão Impossível’. Adoro o facto de que podes sempre esperar o inesperado. Sabes que haverá a tecnologia mais fantástica, acrobacias e atores entusiasmantes. Este filme é uma grande jornada, mas uma jornada com emoções”, acrescentou. Todavia, havia algo que Ferguson não tinha: experiência em filmes de ação. Mas a atriz conseguiu dar a volta à situação com a sua vontade em experimentar coisas que, até então, a assustavam. “A Rebecca apenas teve algumas semanas de treino antes de começarmos as gravações. Não havia muito tempo e ela foi muito honesta ao dizer que tinha claustrofobia e um grande medo de alturas mas, quatro semanas depois, lá estava ela a saltar do telhado da Vienna Opera House! Ela nunca fingiu que não tinha medo, mas esforçou-se e tornou-se tão notavelmente competente que penso que ela teve uma ótima experiência”, afirmou McQuarrie. A atriz dá a sua perspetiva sobre o período intenso de preparação para o filme: “Eram seis horas por dia e seis dias por semana de treinos de acrobacias, a aprender as especificidades de bater, mergulhar, saltar e mover. O treino foi muito detalhado e específico. Ao mesmo tempo, estava à procura do modo pessoal da Ilsa de se mover e combater. Pensei nela muito como um gato, alguém que lança as garras para alguém que a ataque. Ela usa a pura dinâmica do corpo para derrotar vários adversários. Durante o treino, encontrámos este estilo dela de luta robusto, bruto e animalesco que é realmente porreiro e diferente de qualquer homem”. “Penso que ela é uma atriz incrivelmente poderosa e carismática. Ela exala elegância e inteligência. Eu e o Chris falámos imenso sobre o que pretendíamos para a Ilsa e queríamos

Rebecca Ferguso


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uma mulher muito forte, alguém igualmente poderosa e misteriosa, que fizesse o público olhar para ela, torcer por ela e ficar algo chocado com ela. A Rebecca nunca tinha feito este tipo de ação antes, mas, felizmente, ela é uma atleta por natureza. Ela

própria não acreditava o quão boa poderia ser até o treino começar. Quando trabalhámos juntos, dizia-lhe constantemente ‘tens muito talento para isto’. É verdade. A sua coordenação, o modo como se move, é instintivamente poderoso. Julgo que fomos

bastante sortudos em encontrá-la e também penso que o público ficará verdadeiramente cativado por ela”, conta Tom Cruise.

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Como em qualquer bom filme de ação, há lugar para um vilão muito especial. Neste caso, trata-se de Solomon Lane, um antigo espião britânico que enveredou pelo lado negro da espionagem devido à sua formação no Sindicato. Tal como aconteceu com Rebecca Ferguson, também foi escolhido alguém inesperado para interpretar este importante papel: Sean Harris, que ficou mais conhecido pela sua participação na série «Os Bórgia» e no filme «Prometheus» (2012). “O Sean é um homem muito gentil, humilde e de voz suave, por isso foi muito entusiasmante ver como ele se transformaria naquela personagem sombria. Ele criou alguém que exala manipulação calculista e penso que vai ser bastante assustador para o público vê-lo em ação”, revela Tom Cruise. Desta vez, este vilão tem também uma característica única: é incrivelmente parecido com Hunt. “Uma das coisas mais divertidas neste filme é que o vilão consegue estar de igual para igual com Ethan. O Sindicato é uma espécie de anti-FMI, os agentes foram treinados como na FMI, mas trabalham para o lado do mal”, afirma J.J. Abrams. “Neste filme, o Ethan e a sua equipa enfrentam um terrível vilão que é como um jogo para eles, alguém que os desafia física, intelectual e emocionalmente”, acrescenta Cruise.

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Recentemente, Christopher McQuarrie revelou em quem se inspirou para a criação de Lane: nada mais nada menos do que Joker. “O mal é um conceito muito difícil para mim. A ideia de um vilão que é mau por ser mau é absurda. A não ser que tenhas alguém como o Heath Ledger na pele do Joker que era do género ‘Estou aqui pela anarquia’ e acreditas que a sua filosofia é a de que ele não tem filosofia”. O produtor David Ellison também abordou o caráter singular deste vilão: “Nunca se viu o Ethan a enfrentar alguém que tem tamanha

capacidade de competir a nível intelectual e físico: esta é a missão em que o Ethan conhece verdadeiramente o seu par. O que é fantástico no Solomon Lane é que de cada vez que pensas que o Ethan está um passo à frente dele, na verdade, está atrás. Eles jogam uma fantástica partida mental e física de xadrez”.


sean harris

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Quem também se junta pela primeira vez ao franchise é o ator Alec Baldwin, que interpreta o papel de Alan Hunley, alguém que acreditará muito pouco nas palavras de Ethan Hunt. “O Alec certamente não desaponta. Ele é incrivelmente interessante enquanto líder da CIA que é um antagonista natural do Ethan e traz alguma pressão para toda a equipa”, afirma Tom Cruise. “O Hunley tem um papel muito importante na história e o Alec é outra grande personalidade que se junta à mistura. Ele pode fazer parte da resistência contra a FMI, mas ele não é exatamente um vilão. Ele é um vilão e também a

voz da razão, apesar de não conseguir escapar ao facto inquietante de que aquilo que a FMI faz parece funcionar. Ele traz uma perspetiva realmente divertida”, revela a produtora-executiva Dana Goldberg. Para Alec Baldwin, esta foi também a oportunidade de ter uma aventura cinematográfica mais ousada e desafiante do que normalmente acontece: “Este é um grande, grande, grande filme de ação com cenários luxuosos, um elenco incrível e acrobacias alucinantes – coisas que apenas podem ser feitas em filmes”. “Esta saga tem sido tão bem sucedida porque eles acertaram na primeira vez, depois na segunda, terceira e quarta. Ao longo de todo este tempo, pôde ver-se o Tom a tomar as rédeas e tornar-se numa particular estrela de ação. Logo, tinha expectativas elevadas para este quinto filme porque sabia que a combinação com o Chris McQuarrie iria ser fantástica”, concluiu.

alec baldwin

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Christopher McQuarrie tem feito carreira em Hollywood enquanto argumentista e realizador, tendo já vencido um Óscar de Melhor Argumento Original por «Os Suspeitos do Costume» (1995). O principal responsável pela entrada de Christopher McQuarrie é Tom Cruise, que o escolheu após ter trabalhado com o cineasta enquanto argumentista em «Valquíria» (2008) e «No Limite do Amanhã» (2014) e enquanto realizador em «Jack Reacher» (2012). “O Chris tem uma mente fantástica. Ele é um argumentista extraordinário e um extraordinário cineasta e estava entusiasmado por ver a sua sensibilidade aplicada a este género. Eu e o Chris partilhamos algo, que é o facto de termos a necessidade de tornar cada momento o melhor possível”, atentou Tom Cruise. “O mais especial que o Chris traz para este filme é a sua capacidade de escrever uma cena de uma forma que muito poucas pessoas atualmente fazem. Além disso, ele tem uma ideia para a ação que é extraordinária, na qual ele quer fazer tudo, tanto quanto possível. Há sempre um elemento de efeitos especiais, é inegável. Mas, ao contrário de outros realizadores, o Chris obtém tudo através da câmara. Estúdios, acrobacias, ação física – fazemos tudo de forma real”, revelou o produtor-executivo Don Granger. A participação de McQuarrie começou, justamente, pelo argumento, como o próprio explica: “Queria que este filme juntasse a equipa de sonho de ‘Missão Impossível’ e dar a todos os membros da agência FMI um papel maior”. Além disso, outro dos propósitos era levar a saga por um caminho ainda desconhecido: “Lembrei-me de duas coisas que nunca vimos: um vilão que fosse uma verdadeira ameaça física para o Ethan e uma mulher forte e independente com quem

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Ethan Hunt teria mesmo de competir. Essas eram as minhas prioridades. Queria mesmo ter uma mulher num papel igualitário. Até agora, as mulheres têm tido um papel mais funcional neste universo da ‘Missão’ mas com Ilsa Faust, mudámos um pouco as coisas”. É precisamente Ilsa que alerta Ethan para a existência de uma enorme ameaça, o Sindicato. Aliás, a existência do mesmo é mencionada no filme «Missão Impossível: Operação Fantasma» (2011) e McQuarrie retomou o assunto nesta nova toma. “No início, eu e o Tom tínhamos decidido que não queríamos seguir a linha do Sindicato. Mas, quanto mais lutávamos contra isso, mais orgânico se tornava para o argumento”. “Ao longo de toda a saga, sempre houve a sensação de que o Ethan é um herói relutante. Isso tem sido algo central no seu encanto, ele está sempre a perguntar-se ‘é realmente isto o que eu estou destinado a fazer?’. Mas ele nunca conseguiu ficar longe das missões em que ele fosse preciso e penso que ele percebeu que a FMI é a sua família e isto é o que ele é. Ele agora entende que isto é onde ele pertence”, adiu McQuarrie.

Chris McQ


stopher Quarrie

Durante todo o processo de produção do filme, houve algo que sempre se manteve: a forte ligação entre McQuarrie e Cruise. “O Tom tem sido mesmo o cerne da ‘Missão Impossível’ em todos os sentidos e ele está tão inerentemente ligado com a personagem e a narrativa

que acaba por ter um sexto sentido único no qual todos confiamos. Adoro trabalhar com ele, apesar de vermos a realização de duas formas diferentes. Eu sou mais lógico, ordem e resolução de problemas. O Tom é mais emocional e cria mais desafios”. O ator Alec Baldwin também deu a sua opinião

sobre o multifacetado Tom Cruise: “O produtor Tom é muito idêntico ao Tom ator: muito vigilante. E ele cria um tom que é fantástico para isto porque é, numa palavra, intenso. Há gargalhadas e camaradagem mas a concentração volta sempre para o trabalho”.

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As Missões do Passa 3. 2. 1.

MISSÃO IMPOSSÍVEL

1968-1973

1

. Série televisiva da Desilu Productions, a partir de 1968 assumida pela Paramount Television. Criada por Bruce Geller, centrada nos agentes da IMF (Impossible Missions Force), transformou-se num grande sucesso durante toda a sua produção, de alguma maneira aproveitando a moda das aventuras de James Bond, com especial incidência nos conflitos da Guerra Fria. Ao longo de sete temporadas, forma produzidos 171 episódios, com a participação de actores como Steven Hill, Barbara Bain, Peter Graves, Martin Landau e Leonard Nimoy — foi aqui que nasceu o lendário tema musical composto por Lalo Schiffrin.

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MISSÃO IMPOSSÍVEL

2

1988-1990

. De novo com chancela da Paramount, este é um típico “revival” da televisão americana, retomando, 15 anos mais tarde, a herança dos agentes da IMF. Em qualquer caso, Peter Graves surgiu como o único repetente do elenco original, retomando a personagem de Jim Phelps. Com muito menos impacto que a série original, existiu apenas durante duas temporadas, num total de 35 episódios.

MISSÃO IMPOSSÍVEL

1996

. Com a ideia de um novo tratamento da série, 3neste caso um “revival” cine-

matográfico, há vários anos sustentado pelos estúdios da Paramount, acabaria por ser Tom Cruise a assumir o projecto na dupla condição de actor e produtor. O primeiro filme da nova “franchise” seria mesmo o projecto de lançamento da companhia de produção que Cruise criou com Paula Wagner. Ethan Hunt, agente da IMF interpretado por Cruise, passou a ser o herói. Com Brian De Palma a dirigir e um novo tratamento do tema de Schifrin, assinado pelos U2, seria, desde logo, um imenso sucesso (terceiro filme mais rentável de 1996, após «Independence Day» e «Twister»).


ado 5.

4. 6.

MISSÃO IMPOSSÍVEL II

4

2000

. Com o realizador chinês John Woo em alta no mercado americano, sobretudo depois de «Operação Flecha Quebrada» (1996) e «A Outra Face» (1997), seria ele o convidado para dirigir a primeira sequela da nova franchise. A sequência de abertura, com Hunt/Cruise a subir umas escarpas no deserto do Utah, foi muito comentada pelo facto de Tom Cruise (tal como noutros momentos de outros títulos da série) recusar a utilização de duplos.

MISSÃO IMPOSSÍVEL 3

5

2006

. De todos os títulos da franchise, foi o que esperou mais tempo para ser produzido — seis anos desde o anterior (pelo meio, Tom Cruise surgiu, por exemplo, em «Relatório Minoritário» e «Colateral», respectivamente em 2002 e 2004). É também o único dos cinco que marcou a estreia absoluta de um realizador: J. J. Abrams — de facto, até aí, ele tinha-se afirmado apenas como produtor ou argumentista (por exemplo, do blockbuster «Armageddon», de 1998, dirigido por Michael Bay).

MISSÃO IMPOSSÍVEL: OPERAÇÃO FANTASMA 2011 Outra escolha algo ines6Brad.perada para a realização: Bird assumiu a tarefa de

dirigir o quarto título da franchise, depois de o seu nome se ter imposto como um dos novos magos do desenho animado digital, nomeadamente através de «The Incredibles» (2004) e «Ratatouille» (2007) — aliás, para a composição da banda sonora, Bird convidou Michael Giacchino, que já colaborara com ele nesses dois títulos. Foi o primeiro da série a tirar partido das câmaras IMAX e também, claro, das respectivas salas de projecção.

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