Recensão do livro "O Homem da Máquina de Filmar"

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o homem da máquina de filmar Manoel de Oliveira marcou a História do Cinema em Portugal, tornando-se num cineasta ímpar e um dos nomes incontestáveis na Sétima Arte internacional. Em Manoel de Oliveira – O Homem da Máquina de Filmar, escrito por Rute Silva Correia, ficamos a descobrir que foi ainda mais do que isso. A obra revela uma investigação cuidada e pormenorizada mas não exaustiva, com uma escrita fluida e apelativa. Além do texto, o leitor poderá deparar-se com um registo fotográfico complementar e de grande interesse, bem como outros documentos que ajudam a enriquecer a biografia, como, por exemplo, recortes de imprensa. Repleto de detalhes interessantes, há que destacar ainda a história algo aprofundada sobre a ascendência de Oliveira, o que contribui para a compreensão de alguns aspectos da vida do cineasta. Assim, é referido que a sua primeira máquina de filmar fora-lhe oferecida pelo pai e que, com ela, filmaria a sua primeira obra, o documentário «Douro, Faina Fluvial» (1931). Percebemos ainda o rumo cheio de percalços que Oliveira teve de enfrentar para poder construir a sua obra, tendo de encarar várias dificuldades para obter financia-

mento para alguns dos seus filmes. Além disso, as suas obras não eram muito bem recebidas pelo público, estando contra a corrente da época que o cinema nacional vivia. Este carácter “alternativo” e único das suas obras seria, aliás, sempre uma das suas marcas. O livro mostra-nos ainda outros interesses de Oliveira, como a sua dedicação pelo salto à vara e a paixão pelo automobilismo, além de outras questões, como quando foi preso pela PIDE. O destaque é, sem dúvida, Oliveira, mas a obra complementa a informação com apontamentos paralelos sobre a História do Cinema em Portugal e de outras figuras importantes na vida de Oliveira, que influenciaram directamente a sua obra. Não obstante, a história do Portugal é também explanada ao modo que se avança na leitura. Directo, recheado de informação mas sem preencher toda a plenitude da história que poderia ser abordada, Manoel de Oliveira – O Homem da Máquina de Filmar é um retrato relevante e inestimável sobre a história de um nome singular do Cinema português. Tatiana Henriques Maio 2015 metropolis 73


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