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Volta às aulas: hora de reorganizar a rotina O retorno à escola exige novos hábitos, como repensar a hora de ver televisão, de brincar com os amigos, de fazer os deveres, de estudar para a prova e outras atividades que envolvem a família Lourdes Dias Fotos: Aparício Reis
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cordar cedo, freqüentar as aulas, fazer o dever de casa! Voltar à rotina escolar, depois de um divertido período de férias, pode se tornar uma tarefa difícil para algumas crianças. Por isso, é fundamental que os pais as auxiliem nesse período de readaptação. Afinal, depois do descanso, passeios e brincadeiras, chegou a hora de a criançada voltar aos horários regrados e algumas responsabilidades. Com as aulas, os horários precisam ser bem mais rígidos e é preciso normalizar o “relógio” dos filhos. É natural que, no período de férias, as crianças fiquem acordadas até mais tarde, abusem do tempo no videogame e nas demais brincadeiras de que gostam. Conseqüentemente, elas acabam levantando mais tarde. Além da rotina com os horários, o retorno às aulas também envolve o tradicional ritual com organização do material, uniforme, alimentação e transporte escolar. Os pais não
têm como fugir dessas questões. A mudança de hábito, por exemplo, é bastante intensa na vida do casal Marcelo e Daisy de Freitas Correa. Com três filhos, Rafael (8), Gabriel (6) e Júlia (1 ano e nove meses), a volta às aulas implica em adaptações para toda a família. Daisy e Marcelo cursam faculdade. Ela cursa Letras pela manhã e ele Gestão Financeira, à noite. Os meninos estudam no período da tarde. Com o retorno às aulas, a primeira rotina a mudar é a dos horários para dormir e acordar. “Levanto às 6h e os meninos saem da cama entre 8h e 9h. Faço questão que eles tomem o café da manhã cedo e com tranqüilidade para que tenham apetite no almoço. Temos esse cuidado com os horários porque quanto mais tarde eles levantarem mais difícil será disciplinar a refeição, fundamental antes de irem à escola”, observa Daisy, que também coloca limite para o horário de dormir, apesar dos meninos aguardarem, vez ou outra, a chegada do pai da faculdade, o que acontece entre 22h30 e 23h. A mãe, também dona-de-casa, observa que com a volta às aulas, outra mudança significativa está nas despesas. “Com alimentação, por exemplo, calculamos que acresce 30% no nosso orçamento ao mês. O reabastecimento fora do período de compras é natural, principalmente, por se tratar de três crianças. Na contabilidade ainda somamos o custo das duas faculdades e as mensalidades dos meninos. Isso porque a Júlia ainda não está na escolinha. Já o material escolar é uma história
à parte. Afinal, todas as despesas com Educação são computadas em dobro, tanto na parte das crianças, quanto nas nossas. Isso inclui matrículas, uniformes, livros e todo o material necessário para o ano letivo”, afirma Daisy. Neste ano, uma outra mudança terá que ser adaptada à vida de Marcelo, Daisy e os filhos: transferência de escola. Com essa decisão, todos os horários foram remanejados para que a mãe possa leválos. “Não é distante de casa, mas precisa de transporte próprio ou escolar. Pelo menos, por enquanto, deverei levá-los de carro, pois tenho horário livre e, sendo dois, calculamos que o custo com transporte próprio será menor”, ressalta a mãe. A transferência de escola também transforma a rotina do casal Joaquim e Edna Costa dos Reis. As filhas Carolina e Lilian, que cursam a 4ª e 6ª séries do ensino fundamental, respectivamente, têm como nova rotina na volta às aulas a adesão ao transporte escolar no retorno para casa; na ida os pais levam. “O horário de entrada na escola é o mesmo, mas o de saída tem diferença de uma hora. Por isso, optamos, pela primeira vez, pelo transporte escolar. Tivemos o cuidado de buscar referências antes de contratar esse serviço”, observa Edna. Para as garotas, a mudança de escola foi menos traumática do que se esperava. O consolo por perder o contato diário com as amigas da escola antiga está sendo superado pelas novas amizades e o fato de ter vizinhas estudando no mesmo esta-
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belecimento de ensino. “A transferência foi legal porque tem mais meninas na sala e podemos ampliar o círculo de amigos”, afirma Carolina, que parece à vontade com as novidades em sua volta à vida escolar. De acordo com Edna Reis, a transferência de escola exigiu ajustes no orçamento nos dois primeiros meses do ano. “Os gastos extras incluíram uniformes e transporte escolar. As despesas com matrículas, material e alimentação são de praxe. As melhores escolas custam caro e temos que decidir por qualidade de ensino e coerência nos gastos. Toda mudança tem os prós e contras e temos que escolher a escola dos filhos levando-se em conta, também, a sua adaptação ao ambiente. Sabemos que a cultura é uma das heranças que deixamos para eles. Decidimos a mudança, em família, e acredito que fizemos a escolha certa”, ressalta. Para Marli Moran, o retorno às aulas significa a retomada de atividades diárias depois de um período mais prolongado de descanso. Ela tem três filhos que cursam a 3ª e 5ª séries do ensino fundamental e 2º ano do ensino médio. Por questão de confiança e preocupação com a qualidade de ensino, todos estudam na mesma escola e utilizam o transporte escolar há 10 anos. “Essa rotina é mais uma necessidade do que escolha”, diz. Se retornar à escola pode ser complicado, imagine quando a criança vai pela primeira vez... Nesta situação, especialistas sugerem que os pais devem envolvêla no processo de iniciação escolar: da compra do uniforme à arrumação do material. Outra forma de prepará-la é mostrar fotos da infância em situações no colégio. A criança irá perceber que o pai e a mãe também já passaram por isso e se sentirá mais segura. ALIMENTAÇÃO Com o período de volta às aulas, crianças e adolescentes entram, novamente, na rotina e passam a seguir horários, o que é muito bom do ponto de vista alimentar. No entanto, é preciso tomar cuidado com as armadilhas escondidas dentro das merendas. Números do Ministério da Saúde informam que há 70 milhões de obesos no Brasil; isso corresponde a 40% de toda a população. Um agravante é que 80% das crianças e adolescentes obesos de hoje serão os adultos obesos de amanhã. Por isso é preciso um trabalho de base, a começar na seleção do que a criança leva na lancheira. Os pais devem substituir refrigerantes por sucos de frutas, bolachas recheadas por barras de cereais. O ideal é escolher alimentos mais saudáveis.
Material escolar: verdadeira maratona para pais e filhos A corrida pelas papelarias com uma imensa lista de material escolar e o rombo no orçamento nos dois primeiros meses do ano com essa despesa inevitável são preocupações comuns para quem tem filho em idade escolar; seja ingressando na educação infantil ou cursando a universidade. A maratona para efetuar uma boa compra é tarefa árdua para os pais e momento de prazer para os filhos, principalmente, quando têm liberdade em escolher alguns itens da lista. Os pais pesquisam, pedem descontos e buscam formas de pagamento facilitadas para controlar os gastos extras neste período do ano, como matrículas, uniformes e transporte escolar. É o caso de Rosana Derrico, que decidiu, depois de muita pesquisa e reflexão, transferir o filho Dylan (8 anos) de escola. As despesas extras que envolveram a transferência, de matrícula a uniforme, Rosana tentou compensar na compra do material escolar. “Pesquisei o local com menor preço, mas, sem abrir mão da qualidade dos itens solicitados na lista. Gastei dentro do planejado com o material básico, mas as apostilas que ele utilizará considero um preço bem salgado”, afirma Rosana. Concluir a compra do material escolar acompanhado dos filhos Jéssica e Bruno, que iniciaram em nova escola em 2005, foi a maneira mais prática encontrada pelo guarulhense Wilson Santos
para economizar nesta despesa. “Rodamos por quatro papelarias e achamos nas lojas Glória os preços mais acessíveis. Dos produtos básicos, considero o caderno como o item com maior diferença de preços entre os estabelecimentos”, observa Santos.
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A escolha da profissão e os primeiros passos na faculdade Tatiana Soledade Fotos: Aparício Reis
Eles têm entre 17 e 18 anos. Alguns já voltaram e outros voltarão brevemente às aulas, só que desta vez com uma responsabilidade diferente e bem mais séria, já que vão para o banco da universidade aprender uma profissão. Inúmeras moças e rapazes que acabaram de ingressar na faculdade descobrem um novo mundo e acalentam sonhos. Vamos conhecer as histórias de alguns “bichos” guarulhenses.
A Profissional de Educação Física Suas duas irmãs são contadoras e ela também gostaria de ser, mas ao que tudo indica, daqui a quatro anos Dalma Caroline Paz de Lira pegará seu diploma de Educação Física. Aos 17 anos, ela foi contemplada com uma bolsa de estudos integral na FIG (Faculdades Integradas de Guarulhos), por meio do ProUni (Programa Universidade Para Todos / um projeto do governo destinado à concessão de bolsas de estudo integrais e parciais, meia-bolsa, para cursos de graduação e seqüências de formação específica, em instituições privadas de ensino superior com ou sem fins lucrativos). A garota, residente no Jardim Silvestre (região do Pimentas), estudou em escola pública a vida inteira e concluiu no ano passado o ensino médio e um curso técnico de Contabilidade. Ela conta que sempre teve vontade de cursar uma faculdade, só que a de Ciências Contábeis. “Na ocasião em que me inscrevi no ProUni, tive que escolher cinco cursos diferen-
tes em universidades variadas; optei por Ciências Contábeis em duas e o restante por Educação Física, Comunicação Social – Jornalismo e Pedagogia. Não consegui entrar no curso dos meus sonhos, mas vou agarrar com unhas e dentes essa oportunidade que me foi dada de fazer Educação Física. Estou à procura de informações sobre a profissão com alguns amigos. Considero o mercado de trabalho bastante abrangente; pretendo obter a licenciatura para poder dar aulas em diversos locais e, depois da graduação, quero fazer uma pós em Fisioterapia. Além disso, quando eu estiver estabilizada financeiramente na carreira, talvez possa montar uma academia de ginástica na região onde moro”, diz. Dalma ainda revela que se sentia segura para escolher sua profissão aos 15 anos, e não mais
aos 17. “A princípio eu queria ser contadora, porém depois do curso técnico comecei a ter dúvidas, pois vi que a profissão não é um mar de rosas e o mercado de trabalho é complicado. Na inscrição do ProUni tive que fazer as outras escolhas repentinamente”, recorda-se.
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O Jornalista
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O Agrônomo
Diego de Oliveira Pinheiro. Em 2008 ele será um foca – jargão pertinente ao Jornalismo que designa profissionais recém-formados na área. Assim como Dalma, o rapaz, que mora no Jardim Cumbica, sempre estudou em escola pública e agora, ao atingir a maioridade, conseguiu uma bolsa de estudo integral no Centro Universitário Nove de Julho – Uninove, por meio do ProUni. Ele terminou o ensino médio em 2004 e revela que começou a ter vontade de cursar uma faculdade há pouco mais de um ano. “Minhas opções no ProUni foram: Educação Artística em três universidades e o restante Comunicação Social – Jornalismo e Artes Cênicas. Fiz estas escolhas pois gosto das mais variadas formas de arte e de comunicação”, conta. Pinheiro também revela que está começando a buscar informações sobre a profissão e o mercado de trabalho com duas amigas, uma já formada e outra ainda universitária. “Embora eu ainda não tenha muita noção sobre o mercado de trabalho, acredito que depois de formado não terei dificuldades para ingressar, pois sou muito comunicativo. Pretendo iniciar a carreira lidando com jornalismo cultural em um veículo impresso. Ainda não penso em cursar uma pósgraduação; no entanto, tenho a intenção de fazer outra faculdade, a de Artes Cênicas. Quando me inscrevi no ProUni já me sentia seguro para escolher minha profissão, pois adquiri extrema maturidade em um período de doze meses, no qual fiz cursinho prévestibular no projeto Educafro (Educação e Cidadania para Afrodescendentes e Carentes)”, afirma.
“Acho que é hereditário, está no sangue. Meu pai trabalha no Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos cuidando das áreas verdes, e minha mãe é proprietária de uma empresa de paisagismo na cidade; no início do ano passado comecei a ajudá-la e me interessei pelo ramo”, assim Cristiano de Andrade Jorge, 18 anos, explica o porquê de ter prestado vestibular para Agronomia. Ele reside no Parque Cecap, fez o ensino médio em escola particular (assim como uma parte do fundamental) – com conclusão em 2003, e prestou vestibular para Agronomia em dezembro 2004 / janeiro 2005 nas seguintes instituições: Ufla (Universidade Federal de Lavras); Ufscar (Universidade Federal de São Carlos); UFV (Universidade Federal de Viçosa); Unesp (Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”); USP (Universidade de São Paulo); Faculdade Cantareira (São Paulo). “Para garantir, já estou matriculado na Faculdade Cantareira, caso não consiga entrar em nenhuma universidade pública. Antes de prestar o vestibular pesquisei a res-
peito da profissão nos sites das instituições de ensino e também com alguns agrônomos, amigos do meu pai. Desejo me especializar em produção vegetal ou biotecnologia. Sei que o mercado de trabalho é amplo e as ofertas de emprego são boas; no entanto, se após formado eu não conseguir uma colocação, irei trabalhar na empresa da minha mãe”, afirma.
A Dentista
Quando ela era criança queria ser professora, mas o tempo passou e todas as vezes que ia ao dentista observava atentamente como ele trabalhava e lhe fazia inúmeras perguntas; foi
em uma dessas idas ao consultório que Anely Oliveira Lopes, 18 anos, descobriu qual carreira iria seguir. A garota reside no Parque Renato Maia, sempre estudou em escola particular, concluiu o ensino médio em 2003 e prestou vestibular para Odontologia em dezembro/2004 e janeiro /2005 nas seguintes instituições: Unesp (Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”); Unicamp (Universidade Estadual de Campinas); USP (Universidade de São Paulo). “Obtenho informações sobre a profissão com o dentista da minha família, que trata meus dentes desde a infância, e também com uma prima já formada. Pretendo me especializar em Ortodontia, na parte estética e, quando concluir o curso, montar meu próprio consultório. Tenho a consciência de que o mercado de trabalho é bastante disputado; no entanto devemos nos esforçar para alcançarmos destaque”, acredita.
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