Revista Rio do Peixe Edição 2

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O PROJETO

A revista Panorama foi criada com o objetivo de resgatar histórias de caçadorenses e narrar a cidade de um jeito que você ainda não viu. A busca por temas sensíveis e de grande relevância, aliada a profundidade e literalidade jornalística dão as matérias um toque especial. O objetivo da Panorama é, literalmente, tratar um mesmo tema sob todos os ângulos e trazer ao leitor informações que ampliam a sua visão sobre o assunto. Como publicação bimestral procura suprir as lacunas deixadas pelas publicações diárias e semanais e traz conteúdos amplamente pesquisados e textos envolventes que proporcionam uma leitura agradável e prazerosa a quem dispuser de algum momento do dia para aprender, se emocionar e se surpreender. Além das matérias, a publicação também dispõe de colunistas – especialistas em suas áreas – que escrevem sobre curiosidades e temas atuais relacionados à sua especialidade.

QUEM FAZ

O NOME

Panorama, ao pé da letra, significa vista ampla e abrangente sob todos os ângulos de coisas ou assuntos. Ou ainda, grande quadro circular, disposto de forma que o espectador, colocado no centro, veja os objetos como se Rever conceitos também é o que faz a entrepouco dominando mais de três meses da estivesse no topo de umaPassados montanha, todoe meio o horizonte em volta. Luciane Pereira. A professora, que hoje é euforia da produção, eis que me sento frente ao vista É desta forma, que imaginamos o nosso leitor.emSubmerso em com páginas que levam a ele todas as informações a cada Nãodaé maior cidade do meio-oeste catarivice-prefeita computador e começo a pertinentes escrever aos nossos leito-assunto. a toa que algumas pautas a 63 dez páginas. nense conta de como é ser mulher em um meio ainda res oqueocupam os espera de nas cinco próximas páginas desta A exemplo revistas nacionais, como a Piauí, acreditamos que matérias com uma ou duas predominantemente masculino. segunda edição. páginas não dariam o panorama necessário que envolve cada pauta. E a Revista Rio do Peixe estreia uma nova ediForamque meses corridos, que acimaade tudo, comE é assim, como o nome, queremos revista seja: um panorama O espaço “Arte da Gente” vai trazer a cada ediDa escolha das pautas a revisão, que toria. de assuntos variados pensadores. selecionados especialmente para oonosso leitor. ção a história de um artista da região. Inauguramos pude perceber foi evolução. PÚBLICO ALVO Aqui estamos, com uma nova edição, com vinte com toda a beleza e requinte da arte sacra barroca A Panorama traz páginas assuntos com foco social e humanista procura dar de Marisa Mariani Lusa. A artista pelas mãos a mais de informação, conteúdo e varieda- e feita profundidade aos temas os abordando em seus diversos aspectos. A revista, conta como iniciou na arte e os detalhes do desende. em sua maioria, traz textos jornalisticamente literários e – por trazer diversos volvimento de suas peças. No meio cultural, a Rio do Fugimos do óbvio, buscamos nos diferenciar, e ângulos de um mesmo tema- dispõe mais páginas para uma mesma matéria Peixe ainda conversou com a jornalista e escritora, dessa vez trouxemos conteúdos muito mais diverdo que revistas convencionais. Portanto, seu público é, especialmente, pessoas que admiram a boa e que lançou um livro sobre a hissificados, porém, com a mesma profundidade de Mariana Piacentini, velha leitura, e, maisassunto do que isso, se propõem a tirar um momento para tória de Onélio Francisco Menta. que nos propomos a fazer. apreciar as histórias. No Empreender, uma imperdível entrevista Fusca, Impala ou Landau? Escolha umas das Leituras rápidas, em que os olhos correm pelas páginas, não funcionarão com o empresário máquinas viaje nas histórias dos antigomobilistas com a Panorama. Porém, um ede nossos objetivos é exatamente cativar este Assis Pereira. No ramo da inmais de vinte anos, o empresário fala apaixonados por suas relíquias de outras décadas. público arredio e o formar leitor, fazê-lo se identificar com as formática históriasháde pessoas da terrinha e criar nele otambém gostoaecarona o apreço pela leitura mais elabempreendedorismo e tecnologia. Aproveite da Lucimara e sobre orada. Aproveito o espaço para dar as boas-vindas às conheça a história da professora, que assim como Débora Cunha de Almeida, quase 50 % dos brasileiros tirou a carteira de habi- nossas novas colunistas, CONTATO QUEM SOMOS litação, mas passou mais de dez anos de sua vida Jéssica Haidée Gomes e Alessandra Zanoni. Elas Para fazer a Panorama contamos com a colaboração de muitas pessoas. sobre comportamento, beleza e bem-estar, dependendo daescrevem boa vontadede dosforma amigosvoluntária por causa efalarão Entre elas, nossos colunistas que contribuem trazendo assuntos, curiosidades e tendências da medo mais que sentia em dirigir. e interessante. para a publicação serdo ainda abrangente O setor comercial e financeiro, afinal, o que move e a faz área. Débora como psicóloga, Jéssica como esteNesta edição,que, você ainda vaiéficar por dentro daa revista existir é comandado pelo empresário Eduardo Antonio Bassegio. história do Clube de Pôquer de Caçador. Um clube ticista e nutricionista e Alessandra como fisioteraTodo o design, diagramação e estilo gráfico da Panorama é realizado criado há pouco mais de oito meses, que ganha no- peuta, especialista em dermato-funcional e pilates. por Kevin Lemes. Kevin despertou o gosto pela criação ainda adolescente e Agradeço aos nossos novos e velhos parceiros vos adeptos todos os dias. Azar ouos raciocínio? Essa e ferramentas aprendeu de forma autodidata a trabalhar com programas por nos permitirem dar continuidade ao projeto, que resposta quem tem é o empresário e fundador do da área. A produção das matérias e a edição final fica por conta da jornalista muito a crescer e oferecer a Caçador e clube, Paulo Henrique Barilka, que há dez anos pra- ainda tem Karoline Bertotto.Karol ética formada Jornalismo pelo Centro Universitário de região. o esporteem da mente. União da Vitória (Uniuv) e trabalha em meios de comunicação desde os 17 Por fim, desejo a todos uma divertida, instiganE você já falou para alguém sobre o seu deseanos. Não satisfeita com o jornalismo atual realizado pelos jornais e sites te e prazerosa jo em ser um doador de órgãos? Não? Então, essa de notícia se aventurou e entrou de cabeça neste novo projeto, em que elaleitura! Até a próxima. hora de revernarrativo seus conceitos e refletir sobre o a criatividade utiliza como método éoajornalismo e pode extravasar e vontade de usar o jornalismo como uma ferramenta da sociedade e uma assunto. Karoline Bertotto - Jornalista possibilidade de romper as barreiras entre um mundo ainda muito desumano e desigual.

Mais páginas e mais informação

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EDIÇÃO 02

REDAÇÃO Karoline Bertotto CRIAÇÃO / DIAGRAMAÇÃO Artur Mendes de Oliveira DESIGN / PUBLICIDADE / ANÚNCIOS Artur Mendes de Oliveira

• 06 - DOAÇÃO DE ORGÃOS, possibilidade de vida • 14 - Fisio Saúde • 15 - Entrelinhas da Psique • 16 - EMPREENDER: Mudanças a mil por hora • 18 - Reino Animalia • 20 - Mulher sim, “enfeite” nunca • 24 - Paixão sobre quatro rodas • 40 - EDITORIAL: Velho Estilo • 41 - Dirigir: Independência ou fobia?

DEPARTAMENTO COMERCIAL Thiago Cavalett Helton Ferreira FOTOGRAFIA Karoline Bertotto Oliveira Fotografias Todas as matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores. A opinião das pessoas que publicam nessa revista, não refletem necessáriamente a opinião da revista. Todas as publicidades são de inteira responsabilidade de seus anunciantes

• 52 - Menta: jornalista transforma história de prefeito em livro • 54 - Poquer: o esporte que mais cresce no mundo • 58 - ARTE DA GENTE: Arte sacra barroca

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• 60 - Camarim • 62 - Nutrindo Ideias

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PRISCILA SANTOS

SUMÁRIO

LUZ DAS SETE FOTOGRAFIAS

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LUZ DAS SETE FOTOGRAFIAS

PRISCILA SANTOS

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R E P O R TA G E M

POR KAROLINE BERTOTTO

FOTOGRAFIA KAROLINE BERTOTTO | ARTUR OLIVEIRA

DOAÇÃO DE ÓRGÃOS, QUALQUER PESSOA PODE SER DOADORA DE ÓRGÃOS, AINDA QUE NÃO MANIFESTE EM VIDA A VONTADE DE DOAR. A DECISÃO CABE À FAMÍLIA. NO BRASIL, A TAXA DE ACEITAÇÃO É DE 55,7%, SEGUNDO O MINISTÉRIO DA SAÚDE

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POSSIBILIDADE DE

VIDA

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Sete.

Esse é o número de pessoas que um único doador pode salvar. “Sete pessoas que estão na fila, em sofrimento, que estão levando uma vida totalmente limitada, podem ser salvas”, afirma Edevar Tomiozzo Júnior, enfermeiro chefe do Hospital Maicé de Caçador, e também membro da Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) daquele hospital. Rins, córneas e fígado são os transplantes mais comuns realizados atualmente. De acordo com Tomiozzo, isso se deve ao fato de que estes podem aguardar um tempo maior para serem retirados e acomodados em um receptor. “As córneas podem ser retiradas até seis horas após a parada cardíaca, e podem levar de 12 a 18 horas até chegarem ao banco de córneas”, explica, sobre o motivo que faz com que os transplantes de córneas sejam os mais realizados no mundo todo. Cada órgão tem seu tempo de vida. Coração e pulmões duram- no máximo- quatro horas, depois de retirados eles precisam imediatamente estar funcionando no corpo do receptor. “É por isso que a quantidade de transplante cardíaco ou pulmonar é bem inferior ao restante dos órgãos, em virtude da logística de tempo”, ressalta o enfermeiro. Tomiozzo salienta que é por isso também, que o receptor precisa estar próximo e que grande parte das captações e transplantes tem de ser realizados com pacientes que estejam no mesmo Estado. Há, obviamente, que se respeitar uma fila de espera, em que, primeiramente, o órgão é destinado para o Estado, não havendo ninguém compatível para receber o órgão, aí, então, ele é disponibilizado para a Central Nacional para constatar se há alguém compatível para recebê-lo. Em Caçador, o processo de captação conta com a utilização do Aeroporto Carlos 8

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Alberto da Costa Neves, que antigamente impossibilitava o transporte noturno, pela falta de iluminação. “Hoje ele conta com iluminação. Isso nos ajudou muito, pois tínhamos essa dificuldade, à noite não podíamos captar”, lembra. Até 2013, se houvesse uma captação à noite, o avião tinha que pousar em Joaçaba e a equipe médica vinha de carro até Caçador, prejudicando muito a logística. “Tendo teto e clima favorável, hoje a gente consegue utilizar o aeroporto normalmente. Geralmente, mini aviões fretados de uma companhia prestam o serviço para Central de Transplante”, explica. Por questões de ética, o nome do paciente receptor nunca é divulgado. A equipe da captação não sabe para onde o órgão irá. Há um número, denominado RGCT, que serve como identificação para todos os órgãos. Por este registro, a central sabe de quem foi coletado e qual paciente irá receber. O Hospital Maicé faz captação de órgãos desde 2009. Durante estes seis anos já foram realizadas cerca de 20 captações. Conforme comenta Tomiozzo, Santa Catarina possui uma equipe muito atuante na área, o que faz do Estado referência em captação e transplante de órgãos do país. Já o Brasil também é considerado uma referência no assunto na América Latina.

Diagnóstico de morte encefálica e abordagem da família Nos casos de doador morto, a única maneira de acontecer a doação de órgãos é quando

ocorre morte encefálica, que evolui para uma morte cerebral, ou seja, o cérebro para de funcionar. As principais causas que levam para evolução de uma morte encefálica são: traumatismo de crânio, devido à arma de fogo ou acidente de trânsito, vítima de afogamento, acidentes vasculares, ruptura de aneurisma, ou, até mesmo uma parada Setembro 2015


cardíaca quando é revertida após dez minutos. Nesses casos, falta oxigênio no cérebro, o coração volta, mas o cérebro já teve perda de massa. Em todas estas situações, os batimentos cardíacos permanecem, a maioria dos órgãos continua funcionando, porém, o cérebro não recebe mais nenhum estímulo. O tempo que uma pessoa sobrevive à morte encefálica depende da patologia e varia de 1 a 4 dias. Porém, a partir do momento que ocorre a morte encefálica o organismo já começa a se deteriorar e os órgãos entram em decomposição. “Tem que ser tudo muito rápido”, salienta. A partir do momento que a equipe constata uma morta cerebral inicia-se uma bateria de exames e testes clínicos, que comprovem se o cérebro está morto ou não. “Até então a gente não pensa em doação de órgãos, mas no diagnóstico do paciente. Quando sai o resultado positivo para morte encefálica, nós solicitamos autorização para que antes de o corpo ser encaminhado até o IML, possamos abordar a família”, explica outro enfermeiro, membro da CIHDOTT, Rafael Leandro Rodrigues. Neste momento, a equipe dá a notícia da morte e explica sobre a possibilidade da doação dos órgãos. “Colocamos a decisão na mão da família. Não podemos interferir na decisão em hipótese alguma. A obrigação do hospital e da equipe perante o diagnóstico de morte encefálica é oferecer essa possibilidade. É direito dela e é dever nosso oferecer, se ela disser que não, não vai ser feito e pronto. Se ela disser que sim, a gente vai fazer”, afirma. Porém, mesmo que a resposta seja positiva, a equipe dá um tempo para a família pensar e orienta que converse com o restante dos familiares. “Temos de evitar conflito familiar. Algumas vezes, na mesma família, dois membros são a favor e dois são contra a doação e não entram em um consenso. Quando isso acontece, a equipe nem faz questão de que ocorra a doação, porque isso vai gerar um atrito familiar”, explica. Conforme destacam os enfermeiros, Setembro 2015

o ideal é que em vida a pessoa deixe claro o seu desejo de doar. “Não adianta deixar papel escrito, não é mais colocado na identidade, o recomendado é falar para as pessoas em vida”, orienta Tomiozzo. Dada a autorização, a equipe inicia o processo, entrando em contato com a Central de Órgãos, que passa a rastrear os possíveis receptores. Assim que é localizado o receptor, uma equipe de médicos captadores de Florianópolis vai até a cidade onde se encontra o doador e inicia o processo de captação dos órgãos, que são embalados de uma forma bem delicada. O mesmo médico que faz a captação no doador, também é o que vai fazer a acomodação no paciente receptor.

“Hoje você está de um lado, amanhã pode estar do outro” A frase acima é do enfermeiro Rafael Leandro Rodrigues. O profissional, que trabalha diretamente com possibilidades de doação de órgãos acredita que a doação serve, muitas vezes, como um consolo. “A família perdeu um ente querido, mas sabe que os órgãos dele estão vivendo em outras pessoas”. Rafael questiona sobre a finalidade dada aos órgãos. “O que você prefere: Doar os órgãos para que outras pessoas possam viver ou jogá-los na lata de lixo?”, indaga. O enfermeiro e colega de Rafael, Tomiozzo Junior, compartilha da mesma opinião. “Se acaso eu morrer, eu sei que existem muitas outras pessoas que estão precisando, e os meus órgãos poderão ser aproveitados. Porém, um dia, eu posso ser uma dessas pessoas que esteja precisando de um órgão e eu vou ter a esperança de ter uma pessoa com o mesmo pensamento que o meu e que faça essa doação. Então, eu sou doador, mas também poderia ser receptor”, exemplifica. www.revistariodopeixe.com

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Alma nobre Em um casebre de madeira frestada, erguido sob um solo distante, quase 17 quilômetros da civilização, abriga-se a família Nascimento. Naquele mesmo casebre, no Assentamento Hermínio Gonçalves, em Caçador (SC), Pâmela Natália Vilalba passou os últimos anos de sua vida, ao lado do marido Cristiano do Nascimento e dos quatro filhos, que mais tarde, viriam a ser cinco, com a chegada de Larissa Vitória. Ali também moram Ivete Oliveira do Nascimento, mãe de Cristiano, Luiz Valdir do Nascimento, seu pai, e Geovana, a irmã mais nova. Aquele mesmo ambiente pobre, onde um dia viveu Pâmela, hoje, apesar de sua morte, pulsa vida e riqueza de espiritualidade. A família Nascimento, construída por Luiz e Ivete, foi iniciada bem longe de onde a família reside atualmente. O casal se conheceu em Pato Branco, sudoeste do Paraná, e lá casaram-se e tiveram quatro de seus cinco filhos. Mas foi ali, no assentamento, que Pâmela e Cristiano, filho de Luiz e Ivete, constituíram uma nova família. Moradores do local há cerca de doze anos, a família sobrevive da agricultura, prestando serviços como meeiros em épocas de safras, principalmente, do cultivo de tomate.

Chamada por Deus Terça-feira, 25 de maio de 2014. Pâmela já estava no último mês de sua quinta gestação. Muito inchada, a mulher de 29 anos queixou-se de dor de cabeça, o que fez com que o marido, Cristiano, a levasse até o hospital. No pronto atendimento, Pâmela e Cristiano foram atendidos por um médico, que orientou que voltassem para casa e caso houvesse piora nas dores, retornassem para o hospital. “Mas ele já devia ter internado ela”, comenta Ivete com tom de indignação. Mesmo ainda com dores, Pâmela retornou para sua rotina no assentamento. Na sexta-feira, dia 30, Ivete recorda que a nora tomou chimarrão e conversou normalmente com todos. No sábado, 31 de maio de 2014, Pamela não acordou. Estranhando a demora da mãe em acordar, a filha mais nova do casal decidiu chamar a avó para ver o que estava acontecendo com a mãe. Imediatamente, Ivete acionou os Bombeiros, que foram até o local e encaminharam Pâmela para o hospital. Já na unidade, o primeiro procedimento realizado pela equipe médica foi uma cesariana de urgência, realizada em cerca de três minutos. Apesar da falta de oxigênio, o bebê, que mais tarde ganharia o nome de Larissa Vitória, estava salvo. Pâmela era hipertensa e fazia acompanhamento com medicamento específico. Porém, durante a noite, não há como precisar o horário, a pressão arterial teve um pico, que provocou o acidente vascular cerebral (AVC), e em seguida, a morte cere10

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bral da mulher. Os médicos tentaram reanimá-la e a internaram em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde Pâmela continuou respirando por aparelhos durante quatro dias. Sem nenhum sinal de melhora, a equipe já havia constatado a morte cerebral da mulher como um quadro irreversível. Na terça-feira, dia em que completava uma semana do atendimento de Pâmela no plantão, Cristiano, Ivete e Luiz Valdir foram chamados para comparecerem ao hospital. Sem conhecimento da rotina médica, Luiz Valdir associou o chamado dos médicos a uma boa notícia. “Nós saímos com a esperança de que ela tinha melhorado e estava boa, já que era pra ir nós três”. Mas quando se deparou com três médicos e uma psicóloga os pedindo para sentar, percebeu que havia se enganado. “Infeliz-

mente, nós fizemos o que tinha que fazer, mas ela não voltou”, repete Luiz, as palavras que mudaram a vida de sua família completamente. A mãe e a única irmã de Pâmela moram na Argentina e foi preciso que o Consulado da Argentina em Florianópolis localizasse as familiares para informar de sua morte. Ainda no hospital, logo após a notícia do falecimento de Pâmela, Luiz Valdir, Ivete e Cristiano receberam outra informação, que contrastava com a situação a qual estavam passando. “Nos perguntaram o que a gente pensava sobre a doação de órgãos, reforçaram que não éramos obrigados a aceitar, porém queriam que pensássemos no assunto”, conta o senhor de 47 anos de idade, que, apesar do pouco estudo, possui desenvoltura e carisma ao se expressar. Pâmela e Cristiano estavam juntos há Setembro 2015


pouco mais de sete anos e a mulher é lembrada pelo sogro como uma pessoa boa, que sempre concordava com as decisões tomadas pela família que a acolheu. “Ela era sadia, sempre trabalhando, era mais forte do que eu”, foram as únicas palavras ditas por Cristiano durante toda a entrevista. Palavras, que aparentemente demonstram o inconformismo do marido com a morte precoce e repentina de sua parceira. Algumas horas depois, Cristiano e os pais já tinham a resposta sobre a colocação dos médicos. “Tantas vidas estão esperando por um órgão, ela já, foi não tinha mais volta. Nós pensamos, em segundo lugar, nas crianças. A gente nunca sabe o dia de amanhã. E para nós, é muito melhor poder ajudar do que depender dos outros. Concordamos com a doação por livre e espontânea vontade, e pedimos pra Deus que nos desse a menina, pois os médicos nos desenganaram”, relembra Luiz Valdir. Autorizados por toda a família, a equipe médica iniciou imediatamente o procedimento de captação dos órgãos de Pâmela. A partir daquele momento, a família passou a acreditar que Deus havia chamado Pâmela para junto dele para conceder a vida a, pelo menos, outras cinco pessoas. “Infelizmente ela teve de partir, mas é reconfortante saber que Deus levou um, mas retornou quatro ou cinco vidas, graças a nossa decisão”, afirma. O coração de Pâmela, a família sabe que está batendo em um homem, que reside em Curitiba. Essa é a única informação que tiveram. “Nós queríamos conhece-lo, mas até agora ele não se manifestou. Não queremos nada, apenas conhecer quem está com o coração dela”, afirma Ivete. Pâncreas, fígado e rins também foram captados e acomodados em outras quatro pessoas. “Para nós foi uma alegria. Nós sempre estamos faceiros e rezando no dia a dia por essas pessoas que estão vivas graças a Pâmela. Lá de cima ela tá vendo o que fizemos e tá feliz, com certeza”, acredita Luiz Valdir. Apesar de já estar no 9° mês de gestação, como Pâmela teve morte cerebral, a bebê que estava em seu ventre sofreu falta de oxigênio, oque ocasionou paralisia cerebral. “A única coisa que nós fizemos foi entregar nas mãos de Deus, que ele nos desse força e saúde para criarmos a menina”, relembra Luiz Valdir. A vida da criança foi considerada uma vitória não apenas pela família, como também pelos próprios médicos que acompanharam o caso. Desta forma, pai e avós optaram por acrescentar ao nome Larissa, já escolhido pela mãe, Vitória, em homenagem a vida de Pâmela, que partiu, mas deixou a filha para acalentar a família. Pâmela, Cristiano e o filho mais velho

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“AS ORAÇÕES ME FIZERAM MANTER A FÉ E A SERENIDADE” COM RINS POLICÍSTICOS, ANGELA FOI SUBMETIDA AO TRANSPLANTE RENAL E RECEBEU O ÓRGÃO DE QUEM SEMPRE ESTEVE AO SEU LADO Na família de Angela, todos os sete irmãos, incluindo ela, herdaram a doença genética da mãe: rins policísticos. Porém, dos sete, apenas Angela e a irmã Loiri tiveram complicações mais graves por conta da doença. “O rim vai se enchendo de cistos e nos locais onde eles se formam, ele para de trabalhar. O rim trabalha apenas onde não há os cistos, ou seja, vai reduzindo sua capacidade de filtragem com o passar do tempo”, explica Angela Correia, analista de RH. Em um dia comum, Angela fazia atividades físicas, quando sentiu-se mal e descobriu que a pressão havia subido. A pressão continuou alta por alguns dias, o que fez com que a mulher procurasse o médico. “Fiz vários exames e descobri que tinha rins policísticos”, comenta. De acordo com Angela, existem pessoas que morrem por outros motivos ou até em decorrência da síndrome e não ficam sabendo que a tem. Alguns conseguem conviver com a doença tranquilamente. Esse é o caso de seus outros cinco irmãos. “Às vezes, a pessoa tem rins policísticos e passa a vida toda sem saber que tem o problema, porque aquilo nunca afeta nada, não aparece e se a gente não for fazer exames, ou se não tiver outro sintoma, não descobre”, afirma sobre a síndrome, que é progressiva e até o momento irreversível. Ter descoberto a doença ainda no início possibilitou à Angela, que acompanhasse a evolução do seu quadro. “Fiquei 12 anos fazendo o acompanhamento da situação, por meio de um exame chamado dosagem de creatinina, até que não teve mais jeito. Nos últimos anos, entre 2012 e 2013, o quadro piorou tanto, que eu não tive outra escolha”, lembra. Como ainda não existem medicamentos que façam parar de crescer os cistos ou, pelo menos, estabilizar, a única solução é a hemodiálise ou transplante. Porém no caso de Angela, a hemodiálise não era viável, pois além do problema nos rins, ela possui trombofilia. Ainda assim, tentou o procedimento por quatro vezes 12

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sem sucesso. “Para fazer hemodiálise, você tem que fazer a ligação de uma veia a uma artéria, porque é necessária uma veia de calibre maior pra que ela resista ao fluxo de sangue que vai entrar e sair do corpo da pessoa, porém em pessoas com o problema que eu tenho, ocorre trombose na veia, tranca, entope e não funciona”, explica. Desta forma, Angela não tinha outra alternativa que não fosse o transplante. “Como eu não consegui fazer hemodiálise, depois das tentativas de fístula meu marido começou a fazer os exames pra ver se era compatível”. Juntos há dezoito anos, Angela e o marido, Elori Durval Alves, iniciaram uma bateria de exames para verificar a compatibilidade entre os dois. Em um primeiro momento, houve a frustração. “Em Florianópolis os exames constataram que não éramos compatíveis”, lembra Elori, que aconselhado pelos médicos, resolveu fazê-los novamente em um hospital de Curitiba para confirmar o primeiro resultado. “Em Curitiba, os exames foram todos compatíveis”. Para haver compatibilidade diversos fatores são levados em conta, como a questão sanguínea, e, principalmente, os anticorpos. Na contraprova realizada em Porto Alegre veio a confirmação, Elori poderia ser o doador de Angela. “Foi uma feliz coincidência sermos compatíveis”, diz Angela. No dia 3 de agosto de 2013, o casal submeteu-se a cirurgia de captação e acomodação do órgão. O transplante foi realizado no Hospital São José, em Joinville, referência em problemas renais. “Após a doação eu senti um alívio, uma sensação de dever cumprido”, afirma Elori. Em três dias, Elori recebeu alta do hospital. Angela, porém, teve algumas complicações sérias no pós-cirúrgico, que a fizeram ficar internada por cerca de 60 dias. “Em todo o tempo que passei no hospital, eu nunca me desesperei, e tenho certeza que foi por causa das orações que eu consegui manter a fé e a serenidade”, acredita.

Vida Nova Felicidade. Esse foi o sentimento que invadiu Angela ao ser confirmado que o marido podia ser seu doador. “Fiquei muito feliz porque o transplante era a única chance que eu tinha, já que não conseguia fazer hemodiálise. Até hoje eu sou muitíssimo grata a ele, por se disponibilizar a fazer todos os exames de compatibilidade e se sujeitar a tirar uma parte de seu corpo e doar para mim”, afirma. Elori não se envaidece com o comentário da esposa e considera apenas que o que fez foi um ato de amor. “Não vejo como algo tão especial assim, acho que qualquer um no meu lugar faria”, comenta modestamente sobre a atitude que teve. Após o transplante, a analista de RH afirma que leva uma vida normal. “Procurei cuidar a alimentação, praticar atividade física controladamente, sem impacto, por causa dos cistos”, conta. Os únicos cuidados que tem de ter são com relação à medicação. “Preciso tomar os remédios no horário certinho”, salienta. Por todas as complicações que teve, os próprios médicos consideraram a vida de Angela um verdadeiro milagre. Depois de tudo o que passou, Angela também passou a acreditar que ainda tem uma missão para cumprir neste plano. “Alguma coisa muito especial”, acrescenta. Após todas as provações, ela admite que a forma de enxergar a vida mudou muito. “A vida passa a ter outros valores, em relação a coisas materiais, principalmente. Antes eu as valorizava mais. Hoje eu quero mais é estar com a família, passar momentos bons, visitar mais meus parentes”, afirma. Para aqueles que, de alguma maneira, estejam passando por situação semelhante a que passou, Angela aconselha: “Diria para terem bastante fé, acreditar em Deus faz toda diferença porque dá forças para lutar. E o problema tem que ser enfrentado, não adianta fazer de conta que não existe. Não é fácil, mas dá certo”. Setembro 2015


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COLUNA

FISIO SAÚDE Alessandra Zanoni

Graduada em Fisioterapia, especialista em dermato-funcional pelo Centro brasileiro de estudos sistêmicos de Curitiba PR/ e Instrutora de Pilates e Neopilates, formação em auriculoterapia e gameterapia.

Ilumine a sua pele, conheça o Dermaroller! Com microagulhas, super finas, o aparelho de dermaroller, ou microagulhamento, promove resultados clínicos bastante satisfatórios na pele. É um tratamento simples, de baixo risco e eficiência comprovada. Após o preparo da pele, é realizada a rolagem das microagulhas. Estas penetram na pele por inúmeras vezes, formando micro canais que possibilitam a reação das células e a liberação de fatores de crescimento, induzindo a produção de colágeno e elastina, que pode ser observada após a primeira sessão de tratamento com DERMA ROLLER, tendo sua pele com aspecto notadamente rejuvenescido. Além disso, o procedimento contribui para a circulação sanguínea, aumentando o suporte nutricional e de oxigênio local, o que acelera a eliminação de metabólitos e toxinas. Indicado para tratamento de: – Rejuvenescimento facial – Melhora de rugas e linhas de expressão – Tratamento de acne não inflamatória – Tratamento de cicatrizes – Melhora de Celulite – Melhora de Estrias

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Vantagens: – Aumento da produção de colágeno – Realinhamento e restauração das ligações (pontes) antigas de colágeno. – Preservação da epiderme durante o procedimento – Não causa dano permanente à pele – Pode-se controlar a dor durante o procedimento – Não causa sangramento importante – Baixo risco de infecção – Ausência de risco de causar descomias. O numero de sessões, vai depender de que região irá tratar, normalmente é indicado de 4 a 6 sessões, com intervalo de 4 a 6 semanas cada, intercalando com hidratações. O uso do dermaroller é contraindicado para pessoas com tendência a queloides e dificuldades de cicatrização, O resultado do tratamento só poderá ser julgado objetivamente entre 6 e 8 semanas. Não há nenhuma restrição quanto a idade para realizar o tratamento, porém, como em todos os tratamentos estéticos vai depender da avaliação de cada paciente. Ilumine a sua pele, agende sua avaliação!

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COLUNA

ENTRELINHAS DA PSIQUE Debora Cunha de Almeida

Graduada em Psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná, Mestranda em Desenvolvimento e Sociedade na UNIARP. Psicóloga Clínica - Harmonia Consultório de Psicologia e Consultoria, Docente na UNIARP.

Interessante poder escrever, sobre aquilo que escolhi ser, ter como minha profissão, que é antes de qualquer coisa minha paixão, a Psicologia. Da palavra grega Psique (alma ou atividade mental) e logía (estudo), a ciência dos processos mentais e do comportamento do ser humano e suas interações com o meio ambiente, físicos e sociais. Como Jorge Luiz Brand, cita: “O ser humano é o mais complexo, o mais variado e o mais inesperado, dentro todos os seres do universo conhecido. Relacionar-se com ele é, por isso, a mais emocionante das aventuras. Em nenhuma outra assumimos tanto risco. De nos envolver, de nos deixar seduzir, arrastar, dominar, encantar...”. O Psicólogo tem que ser apaixonado pelo ser humano e suas nuances, temperamentos, problemas, alegrias, autoestima, depressões, ansiedades. Pois necessitamos além de ouvir, precisamos escutar o que nos é dito por palavras, olhares, gestos, através das ações e nas entrelinhas da vida. Por isso

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concordo com Brand, quando diz que é o mais complexo mas também o mais transparente, é uma aventura pois temos que estar prontos ao atendimento sem saber como seu paciente vem e qual novidade nos terá para contar. Envolve o risco do auxílio, do acolhimento, do passo a passo do tratamento, com empatia. Por isso nos seduz, encanta e domina nossas ações, pois fazemos com amor, dedicação e profissionalismo. Agora em agosto, no dia 27 fizemos 53 anos de profissão regulamentada no Brasil, somos jovens, ainda temos muito que aprender e ensinar. Esta data faz com que nos lembremos do que juramos na formatura, mas também, que temos que fazer o correto, seguir nossa Ética Profissional, e ao principal a nosso cliente o sigilo do que escutamos não contar suas histórias, seus segredos e suas vidas. Combinado então, a cada coluna, viremos explicando com carinho sobre a psicologia e a nossas ações. Até Breve.

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EMPREENDER

MUDANÇAS A MIL POR HORA ACOMPANHANDO A EVOLUÇÃO DESENFREADA DA INFORMÁTICA, EMPRESÁRIO CONTA QUE O NEGÓCIO DEU UM GIRO DE 360 GRAUS E VOLTOU A DESEMPENHAR ATIVIDADES E ATENDER CLIENTES, QUE HAVIA PERDIDO PELAS CIRCUNSTÂNCIAS DO MERCADO O espaço ‘Empreender’ desta edição conta a história de Assis Pereira, empresário que há mais de 20 anos atua no ramo da informática. No decorrer da entrevista, Assis conta sobre como é empreender no ramo e relembra as diversas mudanças às quais teve de adaptar o negócio para que pudesse se manter vivo e inserido no mercado. O empresário, que não dispensa um plano de negócios bem elaborado, admite que, assim como a maioria dos brasileiros, pecou e sofreu no início de seu empreendimento pela falta de conhecimento e visão administrativa. Porém, buscou o conhecimento que ainda não tinha e a atualização constante na área de domínio, o que resultou na consolidação da Compi Informática, como uma das maiores revendas e assistências técnicas, que atende não apenas Caçador, mas outros municípios de Santa Catarina. Qual foi o seu primeiro emprego? Meu primeiro trabalho com carteira assinada foi na Cia Olsen. Aos dezesseis anos, iniciei no Senai fazendo um curso de Técnico em Eletricidade Industrial, ao mesmo tempo trabalhava na Olsen como auxiliar de eletricista, oque serviu como um aprendizado. Como e por que escolheu o ramo da informática? Trabalhei em diversas empresas desempenhando funções na manutenção elétrica. Após isso, passei a trabalhar com a manutenção de máquinas de escrever, registradoras de supermercados, calculadoras e balanças eletrônicas. Como eu já tinha uma base de elétrica, quando os produtos passaram do mecânico para o eletrônico eu acompanhei essa evolução. Depois de trabalhar em alguns estabelecimentos do ramo em Caçador, em 1988, recebi o convite para trabalhar em uma empresa em União da Vitória (PR) na área de informática. Fiquei lá durante quatro anos, depois de dois anos virei gerente da assistência técnica. A partir de que momento decidiu ter seu próprio negócio? Como eu sou daqui da região, minha esposa e toda a família também, em 1992 tomei a decisão de retornar a Caçador e montar minha própria revenda e assistência técnica. A região tinha carência e o mercado estava em expansão. No início, atendíamos grandes 16

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empresas, porém com a ampliação da informatização, essas empresas passaram a ter a própria equipe de T.I interna. Com isso, esse mercado passou a se fechar e nós tivemos que abrir novos mercados. Mudamos o perfil do cliente, do produto e do atendimento. Com essa mudança de mercado, sentimos a necessidade de abrir as portas para o varejo. Tivemos de aparecer um pouco mais, ter uma fachada e estar na rua. Desta forma, em 2002, compramos o ponto onde estamos até hoje. Essa aquisição fazia parte do nosso plano de nos manter vivos no mercado. Após alguns anos, as grandes redes de varejo passaram a vender computadores com grandes condições de pagamentos, as quais nós, enquanto revenda, não tínhamos como competir em preço e, principalmente, prazo. Nesse período, muitas

“PRATICAMENTE TODAS AS PEQUENAS EMPRESAS QUE FECHAM, NÃO FECHAM POR FALTA DE CLIENTE OU DE SERVIÇO, MAS POR FALTA DE GESTÃO”. revendas ficaram pelo caminho. Nós, voltamos a trabalhar com produtos para pequenas empresas, passamos a trabalhar com automação comercial. Estabelecemos parcerias com fabricantes de impressoras fiscais, relógio ponto. A Compi continua atendendo ao varejo, mas voltamos a atender aqueles clientes que atendíamos no início, agora com outros produtos. Em 20 anos, demos um giro de 360 graus e hoje passamos a representar produtos que nos colocaram de volta no mercado. Qual a maior dificuldade em se manter em alta no mercado? Se os veículos evoluíssem tecnologicamente como a informática, em termos de performance, velocidade e economia de combustível, hoje, uma Ferrari faria mil quilômetros com um litro de gasolina e custaria dois mil dólares, talvez. Há cerca de 25 anos, os primeiros HDs eram de 10 megas e custavam

o valor de um carro zero quilômetro, hoje, os HDs menores são 500 gigas e custam pouco mais de dois mil reais. O processo de evolução da informática é muito rápido e isso faz com que quem atua na área tenha que entender essa mudança. Já passamos por várias transformações no mercado, isso fez com que a maioria das empresas que iniciaram na mesma época que nós iniciamos não conseguissem se manter no mercado até hoje. Algumas conseguiram fazer o processo de evolução, mas a maioria delas não conseguiu se manter, porque o ramo exige mudanças constantes, e isso exige investimentos, treinamentos. O profissional tem de ser autodidata, estar sempre estudando e pesquisando, porque as mudanças no setor estão a mil por hora. Qual a principal dica que você daria para alguém que pretende ter seu próprio negócio? Quem quer montar o próprio negócio, tem que ter perfil de empreendedor. A partir do momento que você monta teu próprio negócio, bota na cabeça que você vai trabalhar e se incomodar no mínimo 50 % a mais do que como funcionário. Falo isso, porque fui funcionário e hoje sou empresário. Segundo, fazer o estudo de mercado e uma planilha de custos. As pessoas sonham em ter o próprio negócio, mas montam sem saber qual é o custo, se o mercado é viável, se vai conseguir competir com a concorrência, sem planejamento. Aí, a tendência em dar errado é muito grande. Hoje, para quem está iniciando e não tem experiência, o Sebrae, por exemplo, oferece treinamentos com custo muito baixo, que ajudam a montar um plano de negócios. Muitos empresários dominam o produto que vão trabalhar, mas não entendem nada de administração e é onde erram. Praticamente todas as pequenas empresas que fecham, não fecham por falta de cliente ou de serviço, mas por falta de gestão. Como ter sucesso no ramo escolhido? Assim como na vida pessoal, para ter sucesso em uma atividade é preciso gostar do que faz. Qualquer profissional que trabalhar na área que não gosta será frustrado e não terá resultado. Ele pode até sobreviver, mas vai se arrastar a vida toda. Ele tem que gostar do negócio, fazer o planejamento e ser persistente. Não pode desistir nos primeiros obstáculos. Existem as tempestades, mas depois passa e vem o tempo bom. Setembro 2015


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COLUNA

REINO ANIMALIA Paula Lichtenberg CRMV/SC 06590

Graduada em Medicina Veterinária pelas Faculdades Integradas do Vale do Iguaçu de União da Vitória. Apaixonada pelos animais, mas amante de gatos e cavalos, ela pretende se especializar e atuar na área de Reprodução em Equinos.

Cirurgias que são consideradas mutilação Para muitos, algumas raças como Pinscher, Poodle, Pitbull, Rottweiller entre outras, “necessitam” de corte de cauda ou orelha para ficarem, esteticamente, mais apresentáveis. Muitos ainda acham que (por exemplo) para ser “um Pitbull de verdade” ele precisa, obrigatoriamente, estar com as orelhas cortadas para deixá-las levantadas e, assim, representar a raça. Talvez, o que muitos destes não sabem é que essas práticas e outras são consideradas mutilação em pequenos animais, pois são cirurgias danosas e desnecessárias feitas apenas por estética sem levar em consideração o bem-estar animal, além de comprometer o comportamento natural de cães e gatos. Desde 15 de fevereiro de 2008 (Resolução nº 877), o CFMV (Conselho Federal de Medicina Veterinária) proibiu a cordectomia (cirurgia realizada para retirada das cordas vocais), a conchectomia (para levantar as orelhas) e a onicectomia (extração de unhas de gatos), porém a caudectomia (corte da cauda) era apenas não recomendada. A partir de 18 de junho de 2013 uma nova Resolução (nº 1027) foi instaurada para proibir definitivamente a última prática citada anteriormente. Todo veterinário deve ter conhecimento que, se infringir essas normas, estará sujeito a processo ético-profissional e poderá perder o diploma. Porém, há algumas semanas andando pelas ruas de Florianópolis passaram por mim o dono e o seu cão com as orelhas enfaixadas, quer dizer: ainda existem profissionais realizando mutilação. Lembrando que a população em geral pode se dirigir ao Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) de seu Estado para denunciar os profissionais que fazem esse tipo de cirurgia.

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Nós sabemos que, hoje em dia, cada vez mais existem denúncias e processos correndo por conta de maus tratos aos animais, por isso considero de total importância trazer essa informação para os meus leitores ficarem mais atentos. E para finalizar, uma dica: enquanto existirem pessoas sustentando essa crueldade, ela continuará acontecendo...

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MULHER

MULHER SIM,“ENFEITE”

NUNCA INSERIDA EM UM MEIO PREDOMINANTEMENTE MASCULINO, A VICE-PREFEITA DE CAÇADOR SEMPRE LUTOU COM MUITO ENTUSIASMO E PERSISTÊNCIA PARA DERRUBAR OS TABUS E PRECONCEITOS COM RELAÇÃO À MULHER, SEJA NA ESFERA POLÍTICA, NO MERCADO DE TRABALHO OU EM QUALQUER OUTRA SITUAÇÃO EM QUE ELES POSSAM ESTAR. Não por acaso que lançamos nesta revista o espaço Mulher, este, historicamente reivindicado em uma sociedade ainda excludente. Principalmente, quando pensamos em mudanças no empoderamento feminino na política. Ser capaz de traduzir a trajetória delas como figuras atuantes e contemporâneas muito além das fronteiras do espaço privado normativo é um grande desafio. Abrimos estas páginas conhecendo a professora, militante política e vice-prefeita de Caçador (SC), acima de tudo, mulher e mãe: Luciane Regina Pereira. Filha de mãe costureira e de pai carteiro, conviveu desde muito cedo com as adversidades sociais, sobretudo, cresceu e foi educada em plena redemocratização do país. Professora por paixão e política por determinação, Luciane narra curiosidades de sua história e de suas lutas que decorrem de uma família onde a mulher é a ‘Chefe de Família’.

CARREIRA NA EDUCAÇÃO Inspirada por sua mãe, que também é precursora histórica e professora aposentada do município, a caçula de cinco irmãos escolheu a carreira. “Com 17 anos comecei a lecionar na Escola Henrique Júlio Berger, mesma escola em que fui alfabetizada. Trabalhei na Escola por 25 anos”, relata Luciane. Enquanto professora, trabalhou ainda por mais de duas décadas na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Caçador, onde desempenhou, muitas vezes, o papel de fisioterapeuta, fonoaudióloga, terapeuta ocupacional e professora. “Eu era uma mãezona, trabalhava junto com os pais. Acompanha20

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va as crianças no médico, em suas casas, era um trabalho muito comprometido e desafiador. Fiz questão que meus filhos crescessem nesse meio, inseridos desde pequenos em um mundo em que aprendessem a respeitar e compreender as diferenças, eles nunca tiveram qualquer tipo de preconceito. Foi ali, nesta vivência, que eu aprendi que preconceitos são pensamentos deformados que nós mesmos criamos e reproduzimos. Ter trabalhado na Apae ainda trouxe aprendizados em nossa família”. Ainda sobre os encantos e desarranjos da profissão de educadora, Luciane destaca que cada aluno é um desafio. “Têm aqueles que entram sabendo multiplicar, escrever e aqueles que entram com um saber diferente do da escola, uma história e trajetória muitas vezes sofrida. E eu preciso mostrar para mim mesma que eu consigo superar essas adversidades já concebidas, na sala de aula. Ver que aqueles que tinham menos condições de conseguir, hoje são pós-doutorados é muito compensador. Eu poderia muito bem estar afastada, mas estar em sala de aula é desafiar a própria condição normativa das crianças”, enfatiza ela, que atualmente leciona para as turmas do 5º ano da Escola Estadual Graciosa Copetti Pereira.

INGRESSO NA POLÍTICA Embora as mulheres representem mais da metade da população e do eleitorado nacional, apenas 13% dos cargos eletivos no Brasil são ocupados por elas. Como mostra a base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dos 64678 cargos escolhidos para exercer mandato político em 2012 e 2014, apenas 8499 são mulheres. “Ocupar um cargo político em que poucas estão inseridas têm suas muitas facetas e responsabilidades. Como é ser mulher em um meio em que ainda é predominantemente ocupado por homens? É o desejo de falar de algo que tem a ver com ética de vida articulada a prática cotidiana, micropolíticas feministas, decisões que diferem do movimento da autoimagem ou da valorização do ego. Visões que são rechaçadas o tempo todo pelo modo operar do mundo prático, ritmado, enrijecido, de perspectiva colonizadora, branca, ocidental e patriarcal”. Luciane é a segunda mulher a ocupar um cargo no Executivo de Caçador, 28 anos depois que a primeira vice-prefeita do município, Oneide Olsen, foi eleita, em 1983. Para a atual vice-prefeita, mesmo com a possibilidade de contar com mais duas mulheres no Legislativo do município, além de ter a primeira Presidente mulher no país, a política vem mudando em passos lentos: “Me sinto à prova. Não é fácil entrar em um meio que era exclusivamente masculino. Sei que esse mandato é espelho de várias lideranças femininas e eu não quero em nenhum momento deixar um recado negativo. Quero dizer que nós mulheres podemos, sim, de igual pra igual!”. Enquanto política e mulher sofreu preconceito inúmeras vezes e ainda sofre. “Por exemplo, como vice, represento o prefeito onde ele não puder estar. Quando o prefeito está presente, não há necessidade de eu sentar em uma mesa de autoridades, pois ela já está devidamente constituída. Porém, em várias situações em que a mesa é composta só por homens, sempre tem alguém que diz: ‘Vamos chamar a vice para enfeitar um pouco’. Nessas situações eu chego a ser grosseira, porque mulher que tem projetos não enfeita a mesa, ocupa espaço. Eu não sou enfeite e nunca fui. Em todas essas vezes eu fui obrigada a fazer essa declaração, e isso é constrangedor”.

VICE-PREFEITURA Em 2011, com a cassação do prefeito, o município precisava de duas pessoas que tivessem estabilidade e quisessem trabalhar. Desta forma, por meio de uma eleição indireta, Imar Rocha e Luciane Pereira foram aclamados prefeito e vice-prefeita, respectivamente. “Foi uma excelente aliança, independente de partidos políticos esSetembro 2015

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távamos ali para cumprir as demandas da sociedade civil. Iniciamos na prefeitura em abril de 2011. Até então, nunca tive aspiração de um cargo eletivo. Eu sempre achava que não teria como conciliar as minhas ideologias com os acertos políticos. Entretanto, foi minha surpresa saber que eu conseguia, sem perder as minhas convicções”. Permaneceu como vice-prefeita de Rocha por dois anos. Por tratativas políticas, Luciane não pode concorrer ao cargo de prefeita, assim reconfigurou o lado popular e feminino na chapa que a elegera novamente como vice-prefeita em 2012. Depois de eleita, muitas eram as preocupações que passavam pela cabeça da representante das mulheres de Caçador. “Apesar de não serem reconhecidas como devem e de não terem direitos necessários garantidos, as mulheres seguem como uma espécie de força que se recria em silêncio. Ora, por que não dar a elas o poder? Por que não podemos representar aqui mesmo na esfera pública, sobretudo, no governo?”, indaga.

MUDANÇAS NECESSÁRIAS Inserida no meio político desde muito jovem, Luciane acredita que muitas coisas poderiam ser diferentes. Entre elas, a professora destaca três pontos mais urgentes: “Além de lutar por um espaço real para a mulher na política e não apenas atuarem como figurantes, vejo também, como grande problema da nossa democracia: o financiamento de campanha. Hoje, os grandes interesses econômicos bancam a campanha de determinados candidatos porque lá na frente todo esse dinheiro que eles investiram será colocado com os interesses deles ou da sua empresa. Isso faz com que a política se desvie da sua função inicial, que é governar para o povo, e passa a ser um grande negócio. Por isso, hoje nós temos escolas sucateadas, estradas esburacadas, o próprio poder público está desacreditado. O ser político deixa de ser um objetivo comum e se transforma em um objetivo particular. Outro ponto que deveria mudar é o interesse pessoal. Ser polí-

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tico é trabalhar para a ‘coisa pública’. Eu não entendo como determinados políticos conseguem estar na política para construir um projeto pessoal, isso não deveria existir. Mas quem tem o poder de mudança é o povo. Porque é o povo que decide quem entra”.

CANDIDATURA À DEPUTADA ESTADUAL Em 2014, Luciane aceitou o convite do partido e se lançou candidata ao cargo de deputada estadual. “Todo mundo dizia que eu era louca, mas quem está na política tem que avançar”. Eleita pelo povo, Luciane acredita que tenha de mostrar para seus eleitores, que mulher também tem coragem. “Eu não me importo com o número de votos. Quero tirar esse estigma de só quem já está lá é quem ganha. Podemos nos organizar, temos que fazer esses enfrentamentos e ter coragem. A minha decisão de concorrer foi justamente para fortalecer esse espaço de mulher”, afirma. Além da desvalorização da mulher, Luciane acredita que candidatos com projetos pessoais atrapalharam seu pleito. “Poucas pessoas fazem a análise de que o candidato que é daqui está representando não só a cidade, mas a região. Em vez de somar os votos para que mais de um daqui se eleja, dividem os votos e ajudam candidatos de outras cidades a ganhar. Simplesmente porque é um nome que já tem fama e que geralmente tem acordos já firmados por trás. É como um cantor, ator ou empresa, que por ter fama, as pessoas acreditam que é de confiança. Eu quero saber qual o benefício que ele está trazendo para nós e o nosso município? Nós sempre tivemos dois representantes, porém com essa fragmentação de votos acabamos ficando com um só. Era para somar, mas assim, perdemos politicamente”.

CENÁRIO POLÍTICO ATUAL Luciane afirma estar chateada com a generalização a qual sofre o Partido dos Trabalhadores. “No cenário político, absolutamente tudo

o que está acontecendo de corrupção é culpa do PT, mas ninguém parou para pensar que a corrupção não começou hoje. Porém hoje, nós estamos conseguindo desvendá-la. Posso dar um exemplo para vocês, que o primeiro a ser preso por divulgar interesses pessoais do então ditador Getúlio Vargas com a Petrobrás foi Monteiro Lobato - aquele mesmo, o escritor -, foi preso em 1941. A coisa está aí há muito tempo!”. Para Luciane, existe, atualmente, um grande processo nacional de demonização do PT. “É muito difícil em tempos atuais onde a própria mídia indecente controla grandes noticiários. Em alguns momentos me sinto insegura em dizer que sou do PT ou de que ideias sou a favor”. Conforme acredita, a grande mídia ajuda a ressaltar apenas os pontos negativos do partido. “Por interesse político, existe um mesmo crime com dois julgamentos, se for do PT é culpado e se for de outro partido é inocente. Toda pessoa tem seus pontos positivos e negativos e eu acho que quem erra tem que pagar, mas todos, não só alguns”, defende. Para ela, há que se destacar as grandes conquistas e melhorias obtidas pela população durante a última década. “A vida dos meus filhos hoje é muito melhor do que a minha antes. Há um maior poder de compra, dentro das possibilidades. Hoje, todas as pessoas têm a oportunidade de estudar, ir para o exterior. Eu, que sou professora, nunca tive um salário base federalizado e hoje nós temos equiparação no Brasil todo”.

FUTURO NA POLÍTICA Sobre a carreira política, Luciane afirma que nada está decidido e que seu futuro não depende apenas da própria vontade. “Como política, eu gosto muito desse espaço de mulher conquistado, de provar que a gente pode, porém eu não trabalho sozinha. Temos uma equipe que conversa e discute as possibilidades como um tudo, e é essa equipe que avalia e toma a decisão sobre o meu futuro político. Como a gente trabalha coeso, eu respeito a decisão que for tomada. Como diria Flora Tristan: ‘Tenho todos contra mim. Os homens porque peço a emancipação da mulher, os proprietários, porque reclamo a dos assalariados’”.

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Este ano, o Sindicato dos Empregados no Comércio de Caçador (SEC) realizará assembleia no dia 16 de setembro de 2015.

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VOCÊ É PARTE IMPORTANTE DESSA

LUTA

SETEMBRO 19HS - NO SEC

Convenção Coletiva de Trabalho

São acordos entre sindicatos de trabalhadores e empregadores, que estabelecem garantias de mais direitos e reajuste de salário para os trabalhadores.

Principais Bandeiras de Luta: - Aumento real nos salários; - Piso salarial de 1.150,00; - Vale alimentação para todos os comerciários; - Regulamentação do horário de funcionamento do comércio; - Melhorar o ambiente de trabalho e os cuidados com a saúde do trabalhador.

SEC

Sindicato dos Empregados no Comércio de Caçador


N C A PA

o Brasil, ao contrário de países vizinhos como Argentina e Uruguai, dificilmente, encontram-se autos antigos pelas ruas. A maioria deles foi substituída por populares modernos. Os poucos que se vê, geralmente, pertencem a colecionadores, que exportam os automóveis de outros países. A extinção destes automóveis no Brasil aconteceu na década de 1970 com a criação de dezenas de usinas de ferro. Estas usinas derretiam carros antigos para fazer o ferro. Com isso, a maioria dos modelos antigos brasileiros se extinguiu. Hoje, grandes colecionadores importam carros antigos, principalmente, dos Estados Unidos, Argentina e Uruguai.

ASSOCIAÇÃO DE CARROS ANTIGOS DE CAÇADOR Vizinhos de porta, por volta de 2006, Léo Schneider e Altamir Antunes começaram a trocar ideias a respeito da paixão que tinham em comum: o amor por carros antigos. Eles acreditavam que era necessário instigar a cultura do antigomobilismo. Em uma dessas conversas, Léo teve a ideia de criar um Clube de Carros Antigos de Caçador. Em julho de 2006 foi criado o clube, que começou com apenas cinco associados. Assim que foi fundado, os membros realizaram um evento, que reuniu cerca de 20 carros, na época, no Posto Beira Rio.

PAIX SOBRE QUATRO RODAS POR KAROLINE BERTOTTO

CHEIOS DE ESTILO E PERSONALIDADE, OS AUTOMÓVEIS ANTIGOS FASCINAM E DESPERTAM CURIOSIDADE MESMO DEPOIS DE DÉCADAS DE EXISTÊNCIA

FOTOGRAFIA KAROLINE BERTOTTO | ARTUR OLIVEIRA

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Alguns anos mais tarde, com o aumento no número de associados, os idealizadores decidiram registrar o clube, mas descobriram que por ser uma entidade cultural e sem fins lucrativos, o nome exato não era clube e sim associação. Já como associação, a entidade continuou a crescer. O encontro aos domingos tornou-se rotineiro. E o evento, que no início contou com pouco mais de duas dezenas de veículos, passou a ser realizado no Parque Central da cidade contando com a participação de veículos antigos de toda região. “No Encontro de Carros Antigos de Caçador não participam apenas admiradores do antigomobilismo, mas a família inteira, do avô aos netos. É um evento que resgata as lembranças e histórias das pessoas”, afirma Altamir, confirmando que assim, a associação cumpre com o seu objetivo que é o de disseminar a cultura do antigomobilismo para todas as pessoas, sem distinção. “Acredito que o evento incentive as pessoas a conservarem os carros antigos da família, cria essa cultura, e não a de simplesmente se desfazer dos veículos, como foi feito na década de 70”, ressalta Léo. Quase dez anos depois de sua criação, todos os anos o evento bate recorde de público. Esse ano, a organização estima que passaram pelo parque no sábado e no domingo cerca de 30 mil pessoas. O evento é aberto à comunidade, mas como tem um objetivo filantrópico,

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30 MIL

Foi o número de pessoas que passaram pelo Parque Central José Rossi Adami nos dias 16 e 17 de maio

1.500 QUILOS

de alimentos foram arrecadados espontaneamente e distribuídos para instituições carentes do município

430 CARROS

de mais de dez cidades da região foram expostos durante os dois dia de evento

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EMPRESAS e patrocinadores se envolveram e auxiliaram de alguma forma para fazer com que o evento acontecesse

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ocorre a arrecadação espontânea de alimentos. Este ano, cerca de mil e quinhentos quilos foram arrecadados e distribuídos para instituições carentes do município. Atualmente, a Associação conta com 42 associados. Como uma sociedade aberta, para ser sócio é necessário apenas pagar uma mensalidade pequena para contribuir com jantares e almoços promovidos pelo grupo. Nem mesmo possuir um carro antigo é requisito para entrar. “Se quiser se associar sem ter carro, pode também. Tivemos dois casos em que se associaram e gostaram tanto que foram procurar um carro antigo para comprar”, afirma Léo. Além de trocarem experiências sobre suas paixões, os encontros são a oportunidade que os associados têm de tirarem suas relíquias da garagem e se sentirem pertencedores de verdadeiras riquezas.

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R E P O R TA G E M

IMPALA SEMPRE!

Léo Schneider, 74 anos, é considerado o maior antigomobilista de Caçador. Atualmente, Léo possui sete carros antigos, entre os que coleciona e também aqueles que restaura para venda. A paixão por carros, o administrador aposentado acredita que veio do berço. O primeiro carro o qual tem lembrança é um Pontiac 1948, que o pai veio a vender em 1967. Mas entre todos os modelos, há um que Léo não esconde a preferência. “Se tivesse outro carro e o Impala, eu escolheria sempre o Impala”, admite. A imponência do Sedan de grande porte construído pela divisão Chevrolet da General Motors e introduzido no mercado em 1958 também formou uma legião de fãs do modelo, que colecionam exemplares únicos e inteiramente restaurados. 30

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No final da década de 1980, Léo adquiriu um Impala branco, 1965. Em seguida, adquiriu outro veículo do mesmo modelo, ano 1967, com lataria vermelha. “O Impala vermelho eu comprei desmontado e fui recuperando aos poucos”, afirma sobre o conversível. De acordo com Léo, apesar de serem do mesmo modelo, a semelhança dos dois se restringe a parte da mecânica. Externamente, possuem características diferentes. Apesar da protuberante elegância do automóvel, Léo afirma que a mecânica foi o quesito que mais pesou em suas escolhas. “A mecânica da Chevrolet é muito robusta, porém simples, e as peças são intercambiáveis. Elas gastam pelo tempo, mas dificilmente dão problema, costumam durar bem mais”, explica o aposentado. Além dos Impalas, Léo Setembro 2015


LÉO SCHNEIDER PROFISSÃO: ADMINISTRADOR IDADE: 74 ANOS CARRO: IMPALA 1967 CIDADE: CAÇADOR

ainda possui uma Caravan 1980, uma camionete 1978 e dois opalas, que está restaurando para vender.

80 MILHAS POR HORA Há mais de 30 anos com os automóveis, Léo afirma que já vivenciou diversas histórias envolvendo os veículos. Uma delas, bastante pitoresca, aconteceu logo depois que comprou o Impala branco, 1965, em Curitiba. “Fui buscar o carro em um final de semana. Viemos eu e o mecânico, e eu queria andar a 80 km e o carro não ia”, relembra Léo, que na hora pensou ter fechado um péssimo negócio. Setembro 2015

Léo continuou a viagem com o carro em 80, porém o detalhe é que o veículo contabiliza em milhas, o que significa que o motor estava pegando 120 quilômetros por hora e não apenas 80, como Léo havia pensado. Ainda na mesma viagem, o aposentado lembra-se de outra situação. “Nós saímos de Curitiba com o tanque cheio, mas quando chegamos na serra, o tanque de gasolina estava no zero, paramos e abastecemos . Subimos a serra, e eu vi que a gasolina estava acabando de novo, quando abri a tampa do carburador, o buraco era tão grande que eu cortei um pedaço do arame do lacre, dobrei e coloquei dentro do giclê”. O proprietário acredita que para o carro andar, abriram o giclê, e a gasolina entrava de montes. Depois que tampou o buraco, o combustível não alterou mais. www.revistariodopeixe.com

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PAIXÃO QUE ESTÁ NO SANGUE

Ainda bem jovens, Selvino e Sandoval Caramori ganharam do pai aquele que seria o primeiro carro dos dois, um Jeep Willys, motor seis cilindros, ano 1959. O Jeep permaneceu sob a posse dos irmãos por alguns anos, até que Sandoval decidiu abrir mão do veículo, e Selvino, que já era apaixonado por antigomobilismo, ficou com o Jeep, o qual mantem até hoje. “Eu sempre gostei de carro. Tanto carro novo, quanto carro antigo. Sempre gostei muito de manutenção, motores, turbos, essas coisas que estamos lidando todo dia na empresa e também particular”, conta Selvino Caramori Filho, empresário do ramo de transportes e atual presidente da Associação de Carros Antigos de Caçador. Selvino possui, atualmente, diversos carros antigos restaurados em sua coleção, porém o Jeep Willys e um Ford Landau 1981 são os xodós do colecionador.

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Os dois carregam histórias e lembranças da família das quais jamais irá esquecer. O Landau, que pertencia a seu pai, acompanhou ele, seus três irmãos e os pais em uma viagem cinematográfica. “Como meu pai tirava poucas férias, em 1982 minha mãe deu um ultimato nele e o fez tirar um tempo para a família. Ele acabou tirando mais dias que o planejado, a viagem durou cerca de 35 dias”, lembra. A bordo do veículo, a família rodou mais de 12 mil quilômetros, saindo de Curitiba (PR) com destino a Belém (PA). “Fizemos a viagem pelo litoral, depois voltamos por dentro. Foi muita aventura, porque na época, as estradas do norte do país tinham pouca estrutura”, recorda. Durante a viagem, conheceram diversas cidades. Em cada uma delas, a família descia para conhecer a igreja e a rodoviária da cidade. A igreja,

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SELVINO CARAMORI PROFISSÃO: EMPRESÁRIO IDADE: 50 ANOS CARRO: LANDAU 1981 CIDADE: CAÇADOR

porque a mãe de Selvino, dona Terezinha, sempre foi muito religiosa, e as rodoviárias por causa do pai, empresário e pioneiro do ramo de transportes. A decisão por fazer a viagem de carro, Selvino explica: “É o melhor jeito de poder conhecer as cidades, tanto as capitais como o interior. De carro você conhece muito mais um país ou estado do que de avião”, acredita. Além de ter acompanhado a família durante a aventureira viagem de 35 dias, o Galaxie Landau também é o carro dos casamentos. “Nossas esposas, irmãs e muitas primas foram levadas a igreja e ao baile com esse carro”, afirma. E é por todas estas lembranças, que quando a família decidiu

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abrir mão do veículo, Selvino resolveu mantê-lo em sua coleção. “Carros antigos, além de manterem histórias vivas, têm toda uma cultura por trás”, comenta, citando a importância do Jeep na 2° Guerra Mundial e a história do Fusca, interligada a da Alemanha. Selvino, que desde o início da Associação faz parte da diretoria, enquanto presidente afirma que tem uma meta. “A Associação quer fazer um Museu de Carro Antigo em Caçador. Queremos montar o projeto para trabalhar as leis de incentivo à cultura e conseguir parceria com empresas locais e da região, para que daqui a alguns anos possamos ter um Museu de Carros Antigos, retratando a história de Caçador junto com o automobilismo”, revela.

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IDALINO ROSO PROFISSÃO: APOSENTADO IDADE: 84 ANOS CARRO: FORD A 1929 CIDADE: JOAÇABA 34

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PARCERIA OCTOGENÁRIA Chapéu palheta alinhado na cabeça, camisa azul acinzentada, gravata borboleta em tom mais escuro, colete e calça sociais, sapatos brilhosos, e um sorriso que, despretensiosamente, revela as marcas dos seus 84 anos de existência. É desta forma, que Idalino Roso faz questão de se apresentar todas as vezes em que expõe o seu fiel companheiro de longa data: um Ford A 1929. A elegância do figurino de seu Idalino remonta um passado em que vestir-se bem fazia parte do cotidiano das pessoas. Época em que o requinte dos automóveis era acompanhado por senhores de smoking, colete e chapéu. Com raios tão grandes que lembram aos de uma bicicleta, as rodas do Ford A dão destaque ao modelo, que surgiu como uma inovação da Ford para alavancar as vendas e voltar ao topo do ramo automobilístico, o qual estava perdendo para a General Motors. O Ford A surgiu para substituir o já desgastado modelo T. Ele foi o primeiro a usar o conjunto padrão de controles de driver com pedais de embreagem, mudança de velocidades, acelerador e freios convencionais, além do tanque de combustível localizado no capô. O modelo A teve sua produção em massa nas décadas de 1920 e 1930. Muito jovem na época, seu Idalino foi adquirir um exemplar do clássico já nos anos

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50. “Eu tenho um Fusca 1966, uma Brasília 1978 e um Ford 1931, mas o Ford A 1929 é o meu xodó, pois foi o primeiro carro que comprei”, revela. Com uma diferença de idade de apenas dois anos e juntos por quase 60, a paixão pelo carro se transforma em orgulho. “Sempre participo de encontros de carros antigos e me sinto feliz em ver as pessoas se divertindo e tirando foto com ele”, conta, afirmando que ao contrário de muitos proprietários, tem zelo, mas não tem ciúmes do veículo. Para seu Idalino tudo vira uma grande diversão. O idoso que mora em Joaçaba (SC) conta que já rodou mais de mil quilômetros indo até Asunción, no Paraguai, por duas vezes. “Eu também já fui rodando com ele para as cidades de Porto Alegre (RS) e para São Paulo (SP)”, conta orgulhoso. Além de participar de eventos especificamente automobilísticos, os companheiros octogenários desem-

penham outras atividades. “Principalmente casamentos”, ressalta Roso. O aposentado transforma seu Ford em um carro de aluguel e dá lugar ao chofer, que transporta a noiva para a igreja e até o baile. Apesar de cultivar seus modelos antigos, seu Idalino admite que a modernidade já chegou em sua casa. “Minhas filhas e netas possuem carros modernos, mas eu prefiro os meus”, revela. A paixão pelas relíquias ele também passou para as próximas gerações. “Final de semana toda a família, inclusive minhas filhas e netas, faz questão de sair com os autos antigos”, afirma.

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ALEMÃO BRASILEIRINHO

Com design tão ou mais marcante que o de uma garrafa de coca-cola, o fusca representava, há cerca de vinte anos, 30% da frota de carros no país e já foi preferido por 83% dos brasileiros. Durante cerca de 60 anos, o carrinho – um dos seus muitos apelidos carinhosos – habitou o imaginário de pessoas do mundo todo. O conceito de carro do povo, sua atuação na Segunda Guerra Mundial, as competições e brincadeiras em torno do Fusca, fizeram do Volkswagen sedan, certamente, o carro mais popular do século passado. O Fusca influenciou a vida de milhões de pessoas. Presente no dia-a-dia de mais de 150 países por mais de sessenta anos, o Volks se tornou 36

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protagonista do sonho do carro popular. Impulsionador da indústria automobilística, gerador de empregos e de tecnologia. E por tudo isso, formou uma legião de fãs e adoradores, que zela por seus carrinhos e que não deixa que nenhuma piadinha sobre sua aparência, tamanho e seu característico ronco o faça menor que qualquer automóvel de época. Há loucos e aficionados por todos os tipos de carros, os por fuscas são os fuscamaníacos. Altamir Antunes é membro da Associação de Carros Antigos de Caçador. Apaixonado pelo “besouro”, ele conta que o primeiro carro que Setembro 2015


ALTAMIR ANTUNES PROFISSÃO: CORRETOR DE SEGUROS IDADE: 55 ANOS CARRO: FUSCA 1971 CIDADE: CAÇADOR

comprou foi um Fusca. Com o passar dos anos, Altamir trocou de carro, mas em 2005 teve a oportunidade de retomar a antiga paixão. “Eu resolvi guardar uma relíquia, um Fusca 1971, totalmente restaurado dentro da sua originalidade, pra começar a minha coleção”, lembra. Em 1986, o Fusca deixou de ser fabricado no Brasil. Apenas em 1993, por um pedido do então presidente Itamar Franco, as produções de Fusca foram retomadas, porém o seu retorno durou apenas dois anos, quando deixou, definitivamente, de ser fabricado. Em 2011, Altamir adquiriu um Fusca 1995, da última série de fuscas Setembro 2015

fabricados no Brasil. Para os amantes do Fuque, Fuquinha, ou, simplesmente, Fusca, o carrinho tem cheiro, curvas e um barulho peculiar e insubstituível. “O fusca é um charme, ele faz parte da história do Brasil. É o alemão brasileirinho, e por isso eu sou apaixonado pelo Fusca e mantenho duas relíquias, espero poder manter por muitos anos ainda essa lembrança”, comenta. Nos finais de semana, os dois exemplares de sua coleção saem da garagem e ganham as ruas. Os besouros de Altamir também conquistaram o carinho do resto da família. “Geralmente, no final de semana, minha esposa e eu pegamos um deles para ir ao supermercado”, conta. www.revistariodopeixe.com

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EDITORIAL MODA

Velho Estilo REVISTA RIO DO PEIXE O saudosismo está no ar. Há alguns anos, o vintage entrou com tudo no mundo da moda. Ainda no embalo dos automóveis antigos, a Revista Rio do Peixe produziu um editorial em que aliou o requinte de uma época que já não existe mais com o estilo marcante de looks e acessórios modernos. Para completar a composição, makes e cabelos divos endeusaram ainda mais a beleza de Brenda Laysa. O ensaio contou com a parceria de Cleyton Albuquerque e Léo Schneider, que gentilmente cederam seus veículos para comporem o cenário.

As próximas páginas desta edição comprovam que o velho e o estilo nunca saem de moda!

MODELO

BRENDA LAYSA MAQUIAGEM

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Brenda veste blusa Rock com colete e shorts jeans estonados da Lady Rock, chap茅u e acess贸rios Dubai

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Brenda veste macaquinho Lily floral de cetim, com bolsa e acess贸rios Dubai

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Brenda vestecamisa Maju verde com detalhe em renda, shorts-saia animal print da Indaax, com bolsa e cess贸rios Dubai

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Brenda usa vestido de moletinho da Cute Pets, com bolsa, cinto e acess贸rios Dubai

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R E P O R TA G E M

DIRIGIR:

INDEPENDÊNCIA OU FOBIA? NO BRASIL, APROXIMADAMENTE 40% DAS PESSOAS HABILITADAS TÊM MEDO DE DIRIGIR POR KAROLINE BERTOTTO

FOTOGRAFIA KAROLINE BERTOTTO | ARTUR OLIVEIRA

Sentar no banco do motorista, apertar o cinto e girar a chave na ignição pode representar uma ação corriqueira, que traz sensação de liberdade para algumas pessoas. Para outras, a cena descrita acima é sinônimo de tensão, medo e até mesmo fobia. De acordo com Fábio Santana, instrutor de trânsito, especializado em treinamento para alunos já habilitados, em 90% dos casos, o medo acontece por falta de habilidade de operação do carro. Foi percebendo essa deficiência na aprendizagem, quando trabalhava em uma autoescola 48

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convencional, que Fábio começou a estudar novas possibilidades de treinamento com pessoas que têm medo de dirigir. “No período em que trabalhei em autoescola percebi que não dá tempo de trabalhar a questão do trânsito. A aula fica praticamente inteira voltada para o teste, e a operacionalização fica em segundo plano. Então, desenvolvi técnicas para melhorar essa habilidade necessária”, explica. Além de exercícios de coordenação motora e conhecimento do trânsito, o instrutor passou a se utilizar da Programação Neurolinguística (PNL) para alcançar resultados com seus alunos.

A PNL é uma forma de programar a mente por meio do uso da linguagem. “Eu criei palavras chaves, as quais estou sempre repetindo. A psicologia acredita que a partir de 20 vezes você grava. Então, eu repito as ações, basicamente, 20 vezes por aulas. Em dez aulas, repeti duzentas vezes. Isso vai ajudar a memorizar e a fazer com que o aluno se sinta mais confiante, pois ele prova várias vezes pra si mesmo que aquilo dá certo”, afirma. O instrutor conta que coloca seus alunos em situações no trânsito e os mostra que eles são capazes. “Existe uma cultura no trânsito, um comportamento meio padrão e a pessoa com Setembro 2015


medo não entende isso. A partir do momento que ela entende, ela começa a se familiarizar”.

DO CÔMODO À NECESSIDADE Quando completou dezoito anos de idade, ao contrário da maioria dos jovens, Lucimara Ribeiro não se interessava em dar entrada ao processo de habilitação. Era Luiza, sua mãe, quem insistia para que a filha tirasse a CNH. “Minha mãe ficou muito doente, e ela não podia mais tirar carteira porque tinha problemas de saúde, então ela insistiu muito e ao completar 18 anos eu tirei a carteira”, lembra. Lucimara passou nos testes, foi habilitada pelo Detran, mas, contrariando as expectativas da mãe, nunca mais dirigiu. Na autoescola, ela conta que aprendeu a dirigir em uma rua sem movimento, bem diferente da realidade. Dirigir, para ela era um fardo. Quando passou no teste de baliza, último de todos, pensou: “Pronto, acabou”, como quem sabia que dali não iria mais. “Eu saí uma única vez com a minha irmã, tinha acabado de tirar a carteira. Peguei o carro pra dar carona pra ela, mas ela me desesperou mais ainda, porque ela começou a gritar que tinha um carro da polícia, mas eu estava habilitada, não havia nada de errado. Nós voltamos para casa no meio do caminho e meu pai a levou. Ela me apavorou demais. Depois daquele dia eu não quis mais pegar”, admite. Para Lucimara, o fato de não dirigir não era um grande problema em sua vida, pois tinha a sorte de morar próximo ao trabalho e a universidade. “E quando não era perto, conSetembro 2015

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PERFIL DAS PESSOAS QUE TÊM MEDO DE DIRIGIR Um ponto que chama atenção é o que diz respeito ao perfil das pessoas com medo de dirigir. De acordo com o livro “Vença o medo de dirigir”, de Neusa Corassa, trata-se de pessoas extremamente responsáveis, que dão conta dos compromissos assumidos. São confiáveis, organizadas, detalhistas, sensíveis e inteligentes. Preocupam-se com os problemas dos outros e procuram não ferir quem quer que seja. O instrutor Fábio ainda acrescenta que, geralmente, são pessoas perfeccionistas e muito teóricas. “Se você foi uma criança que andava de bicicleta, balanço, você adquire uma noção de espaço e equilíbrio, exercita o reflexo. Ao contrário de uma criança que foi protegida a vida toda e passou a maior parte do tempo em casa”, compara. Conforme ressalta, dirigir é uma atividade basicamente prática, que necessita dinamismo. Coincidentemente ou não, Fábio afirma que a maioria de seus alunos são professores, como é o caso de Lucimara. A autora divide-os em dois grupos: os que já passaram pela experiência de um acidente e aqueles com elevado grau de ansiedade. “É pensando nesse perfil que a gente desenvolve várias atividades. É preciso trabalhar várias outras áreas na pessoa para que ela consiga se desenvolver. Uma coisa comum das autoescolas é que se a pessoa quer aulas extras, a metodologia ainda vai ser a mesma, não há nenhum diferencial ou acompanhamento específico”, aponta Fábio.

DE ACORDO COM CORASSA, 98% DAS PESSOAS COM MEDO DE DIRIGIR SÃO MULHERES.

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tava sempre com meu pai que me levava e buscava dos lugares”, conta. A professora chegou a renovar a habilitação, mais uma vez atendendo ao pedido da mãe, que já não caminhava mais e tinha medo de ter que depender do marido e dos genros, sem que eles estivessem presentes. “Eu fiz a renovação, mas acho que apenas para ter um documento que tem RG e CPF, porque nunca tomei coragem de dirigir”, ironiza. Quando casou, a preocupação com o assunto diminuiu. “Meu ex-marido dirigia, então eu sempre aproveitava as caronas dele”, revela. Foram oito anos na mesma rotina, até que um dia, Lucimara se divorciou. “Como o carro estava no meu nome, eu tive que ficar com ele. Não podia vendê-lo enquanto rolava o processo de separação porque era um bem em comum”, explica. Lucimara tinha um carro na garagem e uma dívida mensal de 700 reais. Além de pagar a parcela do veículo parado, por recursar- se a dirigir, ela ainda desembolsava mais 150 reais por mês para pagar o transporte do filho até a escola. “Todos falavam que com esse valor eu passaria o mês inteiro se colocasse gasolina e usasse meu carro”, lembra. Para que as peças do veículo não danificassem, devido ao desuso, o cunhado de Lucimara era quem o retirava da garagem e dava algumas voltas com o veículo fazendo bateria e motor funcionarem.

“QUANDO VOCÊ TEM MEDO, PRECISA DE UM GRANDE MOTIVO” Miguel tinha apenas oito meses, era ainda bebê de colo, e estava enfebrado por causa de um resfriado muito forte. Lucimara agasalhou o filho e dirigiu-se até o médico. Na volta, como de costume, ela e o menino esperavam a condução no ponto de ônibus, quando o tempo virou e uma tempestade caiu. “A consulta terminou 15h30, mas chegamos em casa quase 17h30, por causa dos horários do ônibus. Eu fiquei com tanto ódio por não dirigir, que no outro dia procurei a autoescola. Meu filho foi meu principal motivo”, afirma. Decidida a tentar, Lucimara matriculou-se nas aulas de volante, pois há quase dez anos não dirigia e sequer se lembrava dos procedimentos. “Fiz doze aulas na autoescola. Quando tinha alguém que sabia dirigir junto comigo, eu ia até São Paulo, se fosse necessário”, afirma sobre a segurança que sentia quando alguém habilitado estava ao seu lado. As aulas terminaram, mas a coragem não apareceu. Lucimara sabia dirigir, porém o carro continuava na garagem. Um dia, seu cunhado, o mesmo que tirava o carro de Lucimara da garagem para rodá-lo, decidiu ajudá-la, ensinando-a a dirigir em seu carro. Era domingo, Lucimara estava no volante com o cunhado no banco do caroneiro e o filho Miguel no banco de trás. Como Lucimara ainda não tinha completo domínio do carro, ao entrar em uma rua íngreme, não reduziu a velocidade e acabou batendo na lateral de um carro, que vinha em sentido contrário. Logo depois que bateu o carro, todos desacreditaram da professora: “Ago-

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ra não vai mais dirigir”, diziam. Mas, além da necessidade, ela também tinha um grande motivo, o filho pequeno, que não lhe deixou desistir. Luiza, irmã de Lucimara, que também não dirigia, conheceu o instrutor de trânsito especializado em habilitados, Fábio Santana, e apresentou o profissional à irmã. Lucimara entrou em contato com Fábio, que agendou uma avaliação. O objetivo da avaliação, de acordo com o instrutor, é conhecer o nível de aprendizado e as dificuldades do aluno. “Uma volta na quadra é o suficiente. Neste momento é analisada a forma que a pessoa lida com a situação, o que ela sabe, seu comportamento e, principalmente, o perfil”, explica. Após a avaliação, Fábio define um número aproximado de aulas e as técnicas que irá utilizar com cada aluno. De acordo com o instrutor é muito importante que haja um relaxamento antes do início das aulas. “A gente tenta baixar a frequência e adrenalina da pessoa para poder começar o treinamento, porque se não, ela não memoriza nada, não presta atenção em nada e não desenvolve a coordenação”, afirma. Fábio, que trabalha como instrutor há sete anos e há quatro atende esse público em específico, afirma que a maioria dos alunos apresenta problema de coordenação motora e domínio da embreagem. “A pessoa entende, mas não se coordena”. No caso de Lucimara, Fábio estipulou um pacote de dez aulas e afirmou que ela iria dirigir, caso ela não dirigisse, ele devolveria o dinheiro. “Eu fui sincera e respondi que ele corria um sério risco de me devolver o dinheiro”, lembra a aluna rindo. Durante as aulas, com o instrutor junto, Lucimara não tinha maiores dificuldades, já estava bastante acostumada com a operacionalização e conseguia dominar os comandos do carro com facilidade. Porém, quando o instrutor não estava junto o medo entrava em ação. “O problema não era dirigir, o problema era que eu precisava ter alguém que dirigisse junto porque se eu não conseguisse, esse alguém levaria o carro pra mim”, explica. Seguindo a metodologia, Fábio fez cerca de cinco aulas com Lucimara em seu carro e ao sentir a melhora no desempenho da aluna, iniciou as aulas com o carro dela.

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O que a impedia de dirigir, conforme revela, era o medo de bater novamente. “Fiquei muito tempo sem passar pela rua onde eu bati o carro. Tinha muito medo de bater, não apenas pelo prejuízo material, mas pelo medo de atingir alguém”, desabafa.

O DIA EM QUE LIBERTOU OS MONSTROS Lucimara já havia feito as dez aulas com Fábio, mas o medo ainda a impedia de sair sozinha com seu carro. Não contente com o que havia acontecido, Fábio resolveu insistir. “Ele combinou de passar em minha casa no horário que levo meu filho pra creche, pois ele iria me acompanhar, não no meu carro, mas com o carro dele atrás”. Fábio atrasou-se e Lucimara começou a suar com a possibilidade de ter de levá-lo sozinha. “Eu tirei o carro da garagem, deixei na subida, e pensei: e agora?”. Para alívio da professora não demorou muito e Fábio encostou o carro na frente da sua casa. A ideia do instrutor foi deixar o celular de Lucimara no viva voz para orientá-la, caso fosse necessário, enquanto a acompanhava com o seu carro logo atrás. Fábio acompanhou Lucimara até a escola onde ela dava aula. Na volta, os dois utilizaram a mesma técnica, cada um em um carro, o instrutor seguiu Lucimara até a casa dela. No mesmo dia, à tarde, Lucimara decidiu que iria trabalhar de carro. Na saída da garagem, enroscou a traseira do carro no portão, mas o incidente não lhe desencorajou, decidiu fazer o trajeto mesmo assim. “Daquele dia em diante passei a sair todos os dias. Comecei a pegar alguns macetes, dar voltar maiores pra me livrar das subidas e pegar as preferenciais, porque eu tinha medo de o carro parar, mas não deixei mais de ir”, recorda.

TUDO NO SEU TEMPO Logo que começou a sair com seu carro, Lucimara fazia apenas o trajeto até a escola do filho e ao trabalho. A primeira vez que teve de ir ao centro foi salva por um carro de som. “Em um dia

de pico, eu fiquei atrás de um carro de som, que andava a 20 quilômetros por hora, porque todos os outros carros andavam rápido demais”, lembra rindo. Lucimara conta que ainda tem medo de movimento. “Muita gente na rua me apavora bastante”. Com relação a manobras e estacionamento, a motorista admite: “Ainda tem muita coisa que eu não faço, mas estou progredindo”. Depois que venceu o medo, a professora afirma que a vida melhorou bastante. “O carro facilita muito a locomoção, facilita a vida, principalmente, com filhos pequenos. Eu perdi proposta de emprego que exigia habilitação por não dirigir. Vale a pena fazer um esforço, encarar o medo”, destaca.

OS PERIGOSOS INSTRUTORES DA FAMÍLIA Mais da metade das pessoas que dirigem procuraram, antes de entrar na autoescola, aprender a dirigir com um familiar ou conhecido. De acordo com o instrutor de trânsito, Fábio Santana, essa prática pode ser perigosa e frustrante em alguns casos. “Quando você já dirige há algum tempo, faz no automático e não consegue explicar exatamente como você fez para desenvolver aquilo. Pais, tios, namorados podem dirigir muito bem, mas eles não conseguem desmembrar tudo e explicar passo a passo, porque não sabem exatamente como faz. Como não têm os pedais que um carro adaptado tem, estarão com mais medo do que o aprendiz. Por melhor e mais calma que seja a pessoa, tem uma barreira enorme para dar certo”, avalia. De acordo com Fábio, para que o aluno consiga desenvolver uma coordenação básica para a próxima fase, as quatro primeiras aulas são focadas em exercícios de arrancar e parar, várias vezes. Depois, o aluno vai para o trânsito para colocar em prática o que aprendeu nessas primeiras aulas. “Em dez aulas eu dou um intensivo de tudo para que ela possa treinar sem ninguém. O que na maioria dos casos ela não consegue desenvolver com o marido, irmão ou o pai. Porque eles não conseguem explicar ou têm mais medo que ela”.

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ONÉLIO FRANCISCO MENTA JORNALISTA CAÇADORENSE TRANSFORMA HISTÓRIA DE POLÍTICO EM LIVRO Quando ainda era criança e mal sabia o significado das letras, Mariana já era instigada pelo pai e tinha incessante fome pelo saber. Era através da sopa de letrinhas, que ele lhe dava, que a menina instigava em si o anseio pela formação de palavras e a descoberta de um mundo até então indefinido e misterioso. Aos nove anos, Valdir aguçou, mais uma vez, a vontade da menina e lhe deu de presente um dicionário de antônimos e sinônimos. “Com aquele dicionário comecei a fazer rimas. Eu pegava a palavra mais esdrúxula possível e fazia os meus versos”, lembra a jornalista e escritora Mariana Piacentini. A vontade de escrever, Mariana saciou ao entrar para o jornalismo. Aos quinze anos, acompanhada do pai, ela decidiu pedir uma oportunidade no Jornal Folha da Cidade e, a partir de então, não largou mais da carreira. Ao longo dos anos, a jornalista sempre teve vontade de produzir algo maior, mas era tomada pelo medo da crítica. Já em 2011, Mariana contou o desejo que tinha à amiga e diretora da Câmara Municipal de Vereadores de Caçador, Nilse Fátima de Nascimento, que apoiou a jornalista e lhe apontou a direção para que concretizasse o sonho de ser escritora, sugerindo que pesquisasse a história de Onélio Francisco Menta. “Finalmente, criei coragem e comecei a fazer. Escolhi o Menta pela credibilidade. Todo mundo gosta dele independente das siglas partidárias”. A coragem de Mariana aliada à falta 52

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de registros do personagem deram início a confecção daquele que seria o livro da história do ícone do PMDB em Caçador. “Menta foi o único prefeito de Caçador eleito três vezes e ainda não tinha nenhuma homenagem ou registro de sua história. Quando eu comecei a escrever o livro, outra coisa que me chamou atenção é que o mandato dele está ligado a minha vida inteira, porque ele começou em 1983, que foi o ano em que nasci, então eu pude fazer essa ligação também”. Quando iniciou os trabalhos, Mariana contou com a parceria da filha de Onélio, que foi fundamental para o desenvolvimento da obra. “Primeiro, eu fui conversar com a Karin, filha dele. Contei para ela sobre a ideia, e ela disse pra eu ir conversar com seu pai”, lembra. Karin acompanhou todo o processo, desde as indicações de pessoas que iriam fazer parte, até as entrevistas, correções e filtragem. “Quando eu falei para o “seu” Onélio a ideia, ele gostou de imediato, mas disse que não tinha muita coisa para contar”, conta Mariana, que sorri ao lembrar a modéstia do senhor, então com 85 anos de idade. A partir daí, Mariana começou a saga das entrevistas com Menta e todas as pessoas que pudessem contribuir com relatos sobre a história da liderança. Na época, a jornalista trabalhava na prefeitura, havia começado a graduação, e passava as madrugadas transcrevendo as entrevistas, que compõem o livro. “Para melhor retratá-lo, a obra foi dividida em Setembro 2015


períodos marcantes de sua vida. A cada fase, um causo para contar, ilustrando momentos especiais com gosto de infância. Um a um, transformados em crônicas que realçam o temperamento de Onélio Francisco Menta, no livro apresentado por: Francisco, quando menino; Onélio, quando jovem e empresário; e Menta, como pessoa pública de sucesso que é”, detalha a autora. A jornalista destaca ainda uma quarta fase da publicação, que são os depoimentos de pessoas renomadas no cenário político municipal e estadual, em que ele é todos em um só. “Com os depoimentos de Luiz Henrique da Silveira, Casildo Maldaner, Eduardo Pinho Moreira, Gilberto Comazzetto, e demais companheiros; além de representantes de outras siglas, como Reno Caramori, Fernando Driessen, Ardelino Grando, entre outros, a gente acaba conhecendo Onélio Francisco Menta por inteiro”, afirma. Conforme ressalta a autora, diversos fatos pitorescos referentes à amizade, acertos políticos, histórias de campanhas, entre outras memórias relacionadas à trajetória de Caçador fazem parte da obra.

AGRADECIMENTOS A jornalista agradece aos patrocinadores que acreditaram e compraram sua ideia: Temasa, Adami, Auto Coletivo e PMDB. “Ao Romualdo Machado que me auxiliou com a parte de captação dos valores. A família de Onélio Menta, que me permitiu contar um pouco da história dele para a comunidade. Ao Onélio, que abriu seu coração para mim e confiou que eu iria transcrever - o máximo possível- o que ele sentiu, foi e é, e apresentar um pouco do que as pessoas pensam a seu respeito para a sociedade. A minha família, que acreditou e me fez acreditar em mim. A Nilse, que me deu a ideia de fazer a biografia do Menta, e a imprensa, que me ajudou a divulgar a obra graciosamente”. Setembro 2015

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CAÇADOR POQUER

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O ESPORTE QUE MAIS CRESCE NO MUNDO RECONHECIDO COMO UM ESPORTE DA MENTE PELA ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE ESPORTES DA MENTE- EM 2010- E PELO MINISTÉRIO DOS ESPORTES NO BRASIL, O PÔQUER ESTÁ SENDO INSERIDO NAS UNIVERSIDADES COMO FORMA DE ENSINAR A LIDERAR EQUIPES, LIDERAR PROJETOS E, INVARIAVELMENTE, TOMAR DECISÕES

POR KAROLINE BERTOTTO FOTOGRAFIA ARTUR OLIVEIRA

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á aproximadamente dez anos, o empresário caçadorense Paulo Henrique Barilka, conhecido pela maioria das pessoas apenas por Paulinho, conheceu o pôquer através de amigos e passou a frequentar clubes da região e a participar de eventos estaduais. Na época, quando contou à família que era adepto do jogo, Paulinho enfrentou olhares tortos, receio e resistência. “Eu participava dos campeonatos de pôquer com meu psicológico totalmente comprometido, pois sabia que não tinha aprovação da minha família para estar fazendo aquilo”, conta. O jogo de cartas, criado há centenas de anos, diverge quanto à sua origem. Enquanto alguns atribuem a origem do jogo à Dinastia Sung, na China, no século X, outros apontam o seu início com o jogo Persa chamado “As Nas”, do século XVI. Ainda há alguns historiadores do jogo que afirmam que sua origem está em uma palavra francesa, “poque”, que era o nome de um jogo desse país. Segundo essa teoria, o jogo foi levado da França para os Estados Unidos através de um grupo de colonizadores franceses que teriam fundado a cidade de Nova Orleans. Teorias a parte, o pôquer é considerado um jogo que exige habilidades matemáticas, compreensão clara do risco e recompensa, disciplina, e, principalmente, bem estar psicológico. “O pôquer é um jogo de informações incompletas e por serem incompletas, os jogadores precisam de habilidades para vencer”, explica Paulinho. Dez anos após iniciar no pôquer, o empresário acredita que aos poucos, o jogo está se popularizando e desmistificando todo o preconceito existente acerca de sua legalidade. “É importante salientar que jogos de azar são aqueles em que o participante depende mais de 50% da sorte para vencer, estes jogos são proibidos por lei. No pôquer, a sorte implica apenas 20%, todo o restante é a habilidade do jogador”, explica. Fato que comprova a licitude do pôquer é a vencibilidade 12 vezes consecutivas de campeões mundiais. “Se dependesse principalmente da sorte, seria impossível a mesma pessoa conquistar tantas vezes um campeonato”, salienta. De acordo com Paulinho, apesar de não ser tão popular por aqui, o Brasil já possui certa tradição e conta com dois campeões mundiais. Além disso, o ídolo do futebol brasileiro, Neymar Júnior, é garoto propaganda do maior site de pôquer do mundo, o Poker Stars.

DA DISCRIMINAÇÃO AO ÊXITO A discriminação a qual sofria quando iniciou no pôquer era tanta, que Paulinho chegou a pensar, algumas vezes, em abandonar o esporte. “A Setembro 2015

maioria das pessoas não conhece o jogo, mas tira suas próprias conclusões e julga como bem entende. Minha família, especialmente, minha mãe, sempre queria que eu parasse de jogar, pois acreditava que o pôquer poderia influenciar negativamente na minha vida. Assim também pensavam meus ex-chefes e colegas de trabalho”, afirma ele, salientando que em momento algum deixou de cumprir suas obrigações e compromissos profissionais ou familiares por causa do pôquer. Ainda assim, Paulinho não era compreendido, tampouco, o esporte o qual se dedicava. Ele permaneceu no trabalho por algum tempo, mas logo decidiu apostar e montar o seu próprio negócio em parceria com um amigo. Paulinho se arriscou no ramo da gastronomia, o qual não possuía nenhuma experiência. O sócio desistiu do negócio logo nos primeiros meses, e ele resolveu continuar sozinho. Tocando seu próprio restaurante, Paulinho não precisava mais ouvir críticas e comentários preconceituosos dos chefes sobre as competições de pôquer, que continuava participando. Ter autonomia profissional também fez com que a sua família repensasse o julgamento que fazia sobre Paulinho jogar pôquer. “Quando eu, finalmente, tive o apoio da minha família, as competições facilitaram muito pra mim, porque estou com o meu psicológico em dia”, conta. A esposa, segundo ele, se reúne para jogar com as amigas. O filho do casal de 7 anos já iniciou no xadrez, mas Paulinho afirma que em breve pretende ensiná-lo o pôquer também. www.revistariodopeixe.com

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Com a aprovação de quem mais importa, Paulinho teve a ideia de tornar o hobby um negócio. “Chamei meu amigo, Gilberto Gonçalves, empresário do ramo de transportes, para abrirmos juntos, um clube de pôquer. No fim, o jogo acabou se tornando mais um negócio, que já está gerando dois empregos”, conta. Foi batendo de frente com o preconceito, que o empresário já conquistou notáveis colocações em competições estaduais e nacionais, como é o caso do 154° lugar no Curitiba Sul Milion, em que mais de dois mil e trezentos jogadores participaram.

“[...] JOGOS DE AZAR SÃO AQUELES EM QUE O PARTICIPANTE DEPENDE MAIS DE 50% DA SORTE PARA VENCER, ESTES JOGOS SÃO PROIBIDOS POR LEI. NO PÔQUER, A SORTE IMPLICA APENAS 20%, TODO O RESTANTE É A HABILIDADE DO JOGADOR”

CAÇADOR PÔQUER CLUBE Em Caçador, o esporte possui diversos adeptos. Muitos deles reúnem-se em casa, onde fazem os famosos home games. “Como já são muitas pessoas, resolvemos criar o Caçador Pôquer Clube, que realiza seus torneios no Clube Caçadorense de Bochas todas as terças, quintas e sábados”, conta Paulinho. Conforme o idealizador, o Clube conta, atualmente, com cerca de 100 participantes entre assíduos e esporádicos. “O pôquer é, talvez, o esporte que mais cresce no mundo. Segundo estudiosos, muitos jogadores do xadrez estão migrando para o pôquer”, comenta. Reconhecido oficialmente como um esporte da mente, o pôquer é o único jogo em que homens e mulheres disputam de igual para igual. Segundo Paulinho, dedicar de um tempo para ler sobre o jogo, participar de fóruns e conversar com outras pessoas que jogam são formas de evoluir tecnicamente no pôquer.

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MICHEL DETÉM MELHOR RESULTADO CAÇADORENSE ATÉ O MOMENTO O pôquer entrou na vida de Michel Thomaz de Souza como uma mera brincadeira. “Em 2010, comecei a jogar pôquer virtualmente com os amigos. Começou como uma brincadeira e continua sendo um hobby”, afirma o comerciante. Do pôquer online, Michel passou a jogar o pôquer live com os amigos em casa. Em 2011, o caçadorense decidiu participar do campeonato catarinense, que foi realizado em Chapecó. De aproximadamente 200 jogadores, ele conquistou o 6° lugar da competição. Naquele mesmo ano, inscreveu-se para o campeonato brasileiro, que foi realizado na capital paranaense. Na competição nacional, cerca de 800 inscritos participaram e Michel ficou em 9° lugar. “Foi uma ótima colocação, além de que obtive um bom prêmio”, comenta. O 9° lugar em Curitiba lhe rendeu o melhor resultado caçadorense já obtido em competições de pôquer até o momento. De acordo com o jogador, ler e estudar bastante sobre o assunto foram os diferenciais que o levaram às boas colocações. “Mas o jogo depende muito de lógica e raciocínio, como é um jogo de estratégia é mais a habilidade individual de cada um que leva ao resultado”, acredita.

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Michel também teve a oportunidade de participar de um campeonato mundial de pôquer, em Las Vegas, nos Estados Unidos. O caçadorense jogou um torneio paralelo ao torneio principal e afirma que teve bom desempenho. “No ano que eu fui, o brasileiro André Akkari ficou campeão mundial, e eu estava lá na torcida”, conta. Michel acredita que a conquista de Akkari foi muito importante para o pôquer no Brasil. “Akkari foi o segundo brasileiro a se consagrar campeão mundial e isso abriu mais portas para o pôquer no Brasil”, afirma. Conforme ressalta, atualmente, existem profissionais que se dedicam exclusivamente ao pôquer, o que não é o seu caso. “Para mim é apenas um hobby, participo aleatoriamente de torneios menores, pois os campeonatos duram cerca de cinco dias e eu não tenho esse tempo disponível”, explica. Bem ao contrário de Paulinho, Michel conta que a aceitação de sua família com relação ao jogo foi tranquila. “Virou um esporte da família, meu irmão e pai também jogam. Minha esposa entende que não é um jogo de azar, mas de habilidade, então, eu não tive problemas, nem sofri descriminação”, afirma o comerciante, reconhecendo, porém, que, infelizmente, ainda há muitas pessoas fora de seu convívio, que têm preconceito com o jogo.

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ARTE DA GENTE

ARTE SACRA BARROCA: DETALHES E REQUINTE ÍMPARES

Os primorosos trabalhos em crochê da avó e a dedicação da mãe com dom e carinho especial pelos bordados fizeram parte da vida de Marisa Mariani Lusa desde quando ainda era criança. Não demorou muito para que a menina fizesse transparecer a veia artística e o gosto por trabalhos manuais, os quais herdou de família. Ainda na infância, Marisa tinha os olhos voltados para a pintura. “Fazia desenhos e pinturas em cadernos”, lembra. Mais tarde, ela conta que aprendeu a pintura em tela e também em tecido. “Também aprendi a pintar porcelana, mas a que eu me apaixonei foi pela pintura barroca”, admite. A paixão pela arte sacra barroca, conforme Marisa, teve início há quinze anos, em uma viagem à Florianópolis, onde avistou uma vitrine com peças em pintura barroca. “Tentei descobrir alguém que ensinasse, mas não encontrei. Então, 58

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comecei a pesquisar em revistas e na internet e fui desenvolvendo técnicas. Tudo o que eu via de pintura barroca, experimentava. Hoje, trabalho com técnicas as quais fui aperfeiçoando e outras que eu criei”, conta a artista, que é autodidata. Quando começou com a arte barroca, Marisa fazia as obras e dava de presente. “Com isso, as pessoas começaram a me procurar para adquirir as peças e me incentivaram para que passasse a fazer isso profissionalmente”, conta. Atualmente, a artista caçadorense recebe encomendas de diversas cidades do país. “Tenho muitos clientes em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis”, cita. Algumas peças da artista ganharam reconhecimento e destino internacional sendo enviadas ao Canadá. Em Caçador, cidade natal de Marisa, ela

afirma que os seus trabalhos sempre tiveram boa recepção e que as pessoas valorizam as suas obras. Entre as peças mais procuradas, estão os santos populares de cada região, além dos budas, que estão em alta e há grande procura. “Eles representam positividade, desapego”, explica.

PARTICULARIDADES A pintura barroca, de acordo com Marisa, é desenvolvida em sete etapas. “Para chegar ao resultado final são sete camadas de tinta. Entre elas, a base, tinta a óleo e as aplicações de folha de ouro para as partes douradas”, explica. As peças são em gesso ou cerâmica. Por vezes, Marisa conta que é questionada por algumas pessoas sobre sua escolha em trabalhar com gesso, porém a artista acredita que a porosidade do maSetembro 2015


terial dá um efeito final diferente e o acabamento fica melhor. Anjos de asas em folhas de ouro, budas e peças sacras fazem parte de seu acervo. “Todas elas, após pintadas, passam pelo nosso Astro Rei, o Sol, pois é sob os seus raios que verifico as imperfeições”, afirma. A expressão do rosto, conforme destaca, é a parte mais delicada do trabalho. “Conforme a curvatura da sobrancelha você dá a expressão. A maioria dos santos da igreja católica, da arte sacra barroca, tem expressão carregada de sofrimento, e eu procuro atenuar o sofrimento dos personagens, dando serenidade às expressões”. Outra particularidade da artista caçadorense é a de destacar por meio de sua pintura sempre o lado bom, neutralizando o lado negativo da imagem. “O São Miguel Arcanjo, por exemplo, anjo guerreiro, combatente do mal, tem a seus pés um “diabinho”, o qual pinto em um tom “terra”, dando cores e ênfase ao anjo e neutralizando o mal com uma cor neutra”.

DEDICAÇÃO É O SEGREDO O segredo do sucesso, Marisa dá a dica: “Ao pintar uma peça, a faço com dedicação e paixão, com muita paz de espírito e carinho, e acredito, realmente, que toda essa boa energia que me envolve, passe para a peça, e que esse trabalho fique também tomado por essa energia positiva. Trabalhar com a “arte” é gratificante, não tem limites”, afirma. Setembro 2015

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COLUNA

CAMARIM Jéssica Haidée Gomes

Olá pessoal, nesta coluna iremos falar sobre beleza, maquiagem, cuidados com a pele, enfim, um mundo que está ganhando cada vez mais espaço em nosso dia a dia, afinal, quem não gosta de se cuidar? Nada melhor para iniciarmos do que falar sobre os cuidados que devemos ter com nossa pele, antes, durante e depois da maquiagem. Devemos desenvolver uma rotina diária para tratar nossa pele, tenha um lugar para colocar seus produtos de maneira organizada e de fácil acesso para não esquecê-los. O ideal é consultar um dermatologista para descobrir quais os produtos são mais adequados para nosso tipo de pele e após essa consulta começar a nos habituar com esse cuidado. Ao acordar, lave seu rosto com sabonete próprio com leveza, não é necessário usar pressão para que o sabonete tenha mais efeito. Logo após, passe um tônico sem álcool, pois os que contêm álcool podem arder sua pele e aquelas

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Maquiadora profissional, designer de sobrancelhas e nutricionista clínica e estética. Professora no curso de Maquiador Profissional no SENAC, unidade Caçador-SC. Já realizou diversos cursos com renomados maquiadores do Brasil. Proprietária do Espaço Nutri & Bella.

pessoas com pele sensível podem ficar com o rosto avermelhado. Os movimentos do tônico devem ser suaves também e em batidinhas para que ele penetre na pele e faça sua função. O hidratante é de extrema importância mesmo se sua pele for oleosa, pois para que ela fique com aspecto bonito e saudável deve ser bem hidratada, apenas cuide com o tipo utilizado. Por último, mas não menos importante, o protetor solar, ele ajuda a proteger a pele dos raios UVA e UVB, evita manchas e envelhecimento precoce. Durante a noite, a rotina muda um pouco, pois utilizamos um demaquilante para retirar a maquiagem e fazer a limpeza mais grosseira de impurezas que possam ter entrado em contato com nosso rosto no decorrer do dia, como poeira e fumaça. Também não utilizamos o protetor durante a noite, salvo em casos indicados pelo dermatologista. E para preparar antes da maquiagem? Utilizamos todos os passos, porém acrescentamos um

primer para diminuir os poros e fixar mais a base. O primer também deve ser escolhido de acordo com a sua pele, pois existem os mais fluídos e os mais densos, que são utilizados para diferentes fins. Pele bem cuidada é o primeiro passo para um rosto impecável e uma maquiagem bem elaborada. Nos vemos na próxima edição!

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COLUNA

Keila Paloschi CRN/SC 4122

NUTRINDO IDEIAS Graduada em Nutrição pelas Faculdades Integradas do Vale do Iguaçu – Uniguaçu. Atualmente é Responsável Técnica pelo Serviço de Nutrição e Dietética (SND) do Hospital Maicé – Caçador/SC

Gordura Trans: A vilã em nosso prato Gordura trans é o nome dado à gordura vegetal que passa por um processo de hidrogenação natural ou industrial e está presente nas batatas fritas, nos bolos, nos biscoitos cream cracker, nas bolachas recheadas, no chocolate, nos salgadinhos, no sorvete, na pipoca de micro-ondas, na margarina e em muitos outros alimentos industrializados. A adição dessa gordura é responsável pelo sabor, crocância e maior estabilidade dos produtos. A participação de alimentos industrializados contendo gordura trans na dieta contemporânea é traço marcante do padrão alimentar atual da população. Seu consumo causa impacto na saúde, tanto no desenvolvimento de doenças crônicas quanto no estado nutricional. Embora seja de origem vegetal, ela é modificada industrialmente e, graças a esse processo, o corpo humano não consegue absorvê-la. Mas, além de sua inutilidade, ela é responsável por diminuir o colesterol bom (HDL) e aumentar o ruim (LDL). Além de todos os malefícios para a saúde, ela ainda provoca o acúmulo de gorduras nas paredes dos vasos sanguíneos: aterosclerose, podendo acarretar um ataque cardíaco ou um acidente vascular cerebral (AVC).

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Entretanto, as recomendações sobre o consumo de gordura trans são controversas e sua notificação nos rótulos dos alimentos é uma questão de saúde pública ainda pouco esclarecida cientificamente. A vilã já é proibida em países como Dinamarca e Suíça, que decidiram que seu uso é ilegal. No Brasil, desde 2006 está em vigor uma resolução criada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária que obriga as empresas a informar nos rótulos a quantidade de gorduras trans presente nos alimentos. A FDA, a agência americana que regula medicamentos e alimentos, anunciou em junho que os alimentos com gordura trans devem ser retirados do mercado em um prazo de três anos. “Os óleos vegetais parcialmente hidrogenados (PHO), principal fonte das gorduras trans nos alimentos processados, não são em geral considerados seguros para serem utilizados na alimentação humana”, afirmou a FDA. Apesar disso, algumas empresas ainda omitem a presença do ingrediente “zero de trans” quando, na verdade, ela está ali. Prefira os alimentos naturais aos industrializados e, quando consumi-los, leia atentamente as informações do rótulo.

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CHEGOU NA REGIÃO A CLÍNICA DA FAMÍLIA O MAIS NOVO CONCEITO EM ODONTOLOGIA FEITO PARA VOCÊ!

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