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2 Arte urbana e espaços públicos
arte urbana e espaços públicos
02.
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Segundo Patrícia C. Philips, a Arte Urbana
“é potencialmente enriquecida e alterada por uma multiplicidade de assuntos filosóficos, políticos e cívicos. (...) Evidentemente, Arte Pública não é pública somente por estar em espaços externos, ou em algum espaço público identificável, ou porque é algo que quase todos podem aprender; é pública porque é uma manifestação de atividades artísticas e de estratégias que tomam a ideia de público como gênese e assunto a ser analisado”. 1
Tomando este sentido, se compreende que a Arte Urbana não é definida apenas por sua localização pública (praças, ruas, sob viadutos) mas sim, pelos assuntos e a temática que aborda e como são recebidos.
Deve-se compreender que a Arte Urbana é diferente de outras manifestações artísticas que ocupam o espaço público, como os monumentos históricos, bustos e esculturas. Estes, por sua vez, como explica Augé sobre monumentos,
“[...] não são diretamente funcionais, imponentes construções [...] em relação às quais cada indivíduo pode ter a sensação justificada de que, para a maioria, eles preexistiam a ele e a ele sobreviverão”. 2
Tais monumentos estão ligados a ideia de datas comemorativas, figuras históricas e a função decorativa, que nem sempre levam em conta suas relações com os locais que as abrigam.
Por outro lado, as manifestações de Arte Urbana estão diretamente ligadas com o espaço público, como parte da produção do espaço urbano socialmente construído. Na Arte Urbana “a cultura é socialmente situada e especialmente vivida. Suas significações são espacialmente encarnadas” (PALLAMIN, 2000, p. 29). Se torna uma prática crítica, que evidencia pontos de tensão que marcam a cidade e buscam iluminar questões voltadas ao seu processo de construção. Trazendo a debate questões e reflexões ligadas à dinâmica
social. Estes pontos de tensão nas cidade podem ser resultados pelo conflito de diferentes interesses, os processos que transformam a cidade e forma que ela é vista.
(1) PHILLIPS, Patricia C, apud KARA JOSÉ, Beatriz. Espaços Públicos e Manifestações Artísticas. p. 7.
E como a busca pelo apontamento dessas questões é comum encontrar a mistura da arte com o ativismo, que trazem à tona questões de debate público, como habitação, a exclusão social, o racismo, processo de gentrificação e percebe-se “um modo de expansão da política à arte” (PALLAMIN, 2000, p. 49). Tornando o espaço urbano como um local de debate,
“Quando não confronta uma política com outra, o
protesto encontra apoio na poesia, na música, teatro, e também na espera e na esperança extraordinário (...)” 3 .
no do
Conforme coloca Argan,
“Na condição atual da cultura se permite até mesmo que (...) um objeto possa ser contemporaneamente arte e não-arte, a qualificá-lo ou não como arte bastando a intencionalidade e atitude do artista e também do espectador” (ARGAN, Giulio Carlo, 1984).
Essa condição atual torna a “apropriação da coletividade” sobre a arte urbana subjetiva, principalmente quando se trata de manifestações como o grafite, o espectador pode interpretá-lo como “não-arte”, ligado ao seu repertório estético e cultural ou mesmo por uma questão de conflito de interesses, dada a disputa simbólica que existente pelos espaços públicos. É comum marginalizar e vandalizar essas práticas, principalmente quando vindo das camadas sociais mais frágeis.
(3) LEFEBVRE, Henry, apud PALLAMIN, Vera M. Arte Urbana São Paulo: região central, 2000.