TCC NOTA 10 ARQ | CENTRO DE SAÚDE ESPECIALIZADO EM CÂNCER INFANTIL | MARIA VITÓRIA DOMENE

Page 1

CENTRO DE SAÚDE ESPECIALIZADO EM CÂNCER INFANTIL

o estudo do ambiente hospitalar e como o espaço afeta o tratamento e a reabilitação de crianças com câncer

CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

Maria Vitória de Souza Domene da Silva

CENTRO DE SAÚDE ESPECIALIZADO EM CÂNCER INFANTIL

o estudo do ambiente hospitalar e como o espaço afeta o tratamento e a reabilitação das crianças com câncer

Trabalho Final de Graduação (TFG) apresentado como parte dos pré requisitos para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.

São Paulo 2022/2

BANCA EXAMINADORA

Profª Lúcia Fernanda de Souza Pirró (Orientadora)

Prof° Me. Vanderlei Rossi (Examinador Interno)

Jaqueline Piras Luciano (Examinadora Externa)

Carolina Aparecida de Sousa (Examinadora Externa)

São Paulo | Dezembro 2022

Dedico este trabalho à todos as crianças, cuidadores e equipes médicas que batalham todos os dias contra o câncer, por um tratamento, reabilitação e pela cura.

Nunca se esqueçam que o inverno nunca tarda em se tornar primavera.

AGRADECIMENTOS

Começo agradecendo a todos que fizeram parte desse grande desafio, o desenvolvimento de um projeto que sonho desde que comecei a cursar arquitetura. O caminho da graduação não foi fácil, foi desafiador, desmotivador, mas ainda assim, gratificante. Conheci pessoas que tornaram tudo melhor, compartilhei risadas, conquistas, crises, medos, ansiedade, dias, abraços e recebi em troca as melhores coisas do mundo, me senti acolhida, amada e respeitada, meus medos foram diminuídos e eu me tornei uma versão melhor de mim mesma.

Aos meus pais, Rosa e Robson, devo tudo a vocês. Vocês são a razão pela qual eu sou completamente apaixonada pela área da saúde, aprendi a enxergar o outro lado da medicina e da enfermagem, vi a dedicação constante, a felicidade em cada alta, a tristeza em cada perda e as dificuldades em se manter são, descansado e preparado para cada plantão. Sem o amor, a dedicação, os ensinamentos e o respeito de vocês, eu não teria conquistado tudo o que conquistei.

À minha família, nada seria o mesmo sem vocês. A vida que compartilhamos me faz ter força para aguentar tudo, vocês seguram meu mundo mesmo que não saibam e me dão força para continuar todos os dias. Minha vida pela de vocês, sempre.

À Beatriz, obrigada por caminhar comigo, por me dar a mão, colo e conforto, por aguentar dias difíceis, choros e ansiedade. O resultado desse TFG não seria o mesmo se eu não tivesse tido você ao meu lado, você é minha luz, meu conforto e minha casa. Só espero poder te encontrar em todas as próximas vidas, minha sestra.

À Ynara, obrigada por não me deixar desistir em nenhum momento, por ter me ensinado a apreciar a arquitetura e todo o processo, por ter sido minha força ao longo desses 5 anos,

minha dupla inseparável, minha companheira de projeto, de madrugadas em claro e de trabalhos incríveis ao longo da graduação.

À Lis, obrigada por simplesmente ser a minha melhor amiga, a minha incentivadora, por estar do meu lado o tempo inteiro, por vibrar com as minhas conquistas, elogiar os meus resultados, me acolher e me doar seu tempo, sua casa e sua amizade. Que a gente possa se encontrar nos corredores dos hospitais e compartilhar mais uma etapa da vida.

Ao Guilherme, obrigada por ter voltado para a minha vida, seu jeito leve de levar as coisas, sua atenção e seu carinho deixaram meus dias mais felizes e tranquilos.

À minha equipe do Ateliê, obrigada a cada uma por me aguentar 5 dias por semana, por me ajudarem, por entenderem meu mal humor e cansaço, por me ensinarem sobre arquitetura e deixar tudo mais leve, vocês são uma família para mim.

À arquiteta Jaqueline, obrigada por ter me ensinado e me mostrado o mundo hospitalar, pelas aulas, pelo suporte, pela dedicação e por ter me guiado para um resultado incrível, o qual eu tenho muito orgulho. Você é uma profissional incrível e será ainda melhor como professora.

Ao Vitor e toda a equipe do TCC Nota 10, que me auxiliou, sem toda a força e preocupação o resultado não seria esse.

E por fim, mas não menos importante, agradeço à minha orientadora e professora Lúcia Pirró, que me guiou ao longo dessa trajetória, ao Professor Mestre Vanderlei Rossi por me acolher, incentivar e auxiliar sempre que possível.

RESUMO ABSTRACT

O Trabalho Final de Graduação (TFG) apresenta um anteprojeto arquitetônico que atua como um Centro de Saúde Especializado em Oncologia Infantil no bairro da Mooca, no estado de São Paulo.

Para desenvolvimento do projeto foram utilizados, como base, os conceitos de fenomenologia e saúde humanizada em ambientes hospitalares pediátricos. Em uma pesquisa feita pela autora, foi constatado que os hospitais e centro oncológicos públicos atuais, não atendem com conforto, cuidado e acolhimento as pessoas acometidas pela doença. Sendo assim, o projeto propõe um espaço acolhedor, humano e lúdico, pensado e preparado para o público infantil.

Como normas base, foram utilizadas a RDC-50 e os manuais do SOMASUS, além da legislação vigente da Gestão Urbana de São Paulo e o Estatuto da Criança e do Adolescente.

O anteprojeto tem como proposta o desenvolvimento de um edifício de 13.662,75m², divididos em seis pavimentos e um subsolo, uma área externa bem utilizada com área arborizadas e espaços para brincar e esperar.

Palavras chaves: HealthCare; Arquitetura Hospitalar; Oncologia Infantil; Humanização.

The final work degree presents an architectural draft project that acts as a HealthCare Center specialized in Child Oncology, in the Mooca neighborhood, at São Paulo state.

For developing this project, the concepts os phenomenology and humanized heath in pediatric hospital environment were used as a basis. In the research done by the author, it was found that hospitals and current public oncology centers do not serve their patients with the comfort and care needed. Thus, the project proposes a welcoming, human and ludic environment, designed and prepared for children.

As basic standards, RDD-50 and the SOMASUS manual were used, in addition to the current Urban Management of São Paulo legislation and the Statute for Children and Adolescents.

The draft project proposes the development of a 13.662,75m² building, divided in six floors and a basement, a wall-used and wooded outdoor area, as well as waiting and playing spaces.

Key words: HealthCare; Hospital Architecture; Child Oncology; Humanization.

Eu queria que as pessoas tivessem essa sensação todos os dias. Por que é necessário o fim de uma vida para se aprender a apreciar cada dia? Por que precisamos esperar até ficar sem tempo para começar a conquistar tudo o que sonhamos, quando um dia tínhamos todo o tempo do mundo? Por que não olhamos para a pessoa que mais amamos como se fosse a última vez que a vemos? Porque, se olhássemos, a vida seria tão vibrante. A vida seria tão verdadeira e completamente vivida.

- Cole, Tillie

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

FIGURA 01: Conscientização do Câncer Infantil 18 FIGURA 02: Mortalidade Infantil 2015-2019 | São Paulo 23 FIGURA 03: O Atendimento Pediátrico 31 FIGURA 04: O Que é o Câncer? 33 FIGURA 05: Numero de Casos por Faixa Etária em São Paulo entre os anos de 2018-2020. 33 FIGURA 06: Corpo Humano Infantil - Órgãos Afetados pelos Principais Tipo de Câncer 35 FIGURA 07: Desafios do Descobrimento do Câncer 37 FIGURA 08: Como Mudar o Formato do Ambiente com Pintura? 40 FIGURA 09: Prestwood Infant School Dining Hall 41 FIGURA 10: Hospital Infantil Nemours 41 FIGURA 11: Centro de Oncologia Infantil Princess Máxima 41 FIGURA 12: Centro de Reabilitação Sarah Kubitschek Lago Norte, Lelé. 41 FIGURA 13: Fachada do Hospital Sarah Kubitschek 44 FIGURA 14: Pátio Interno Biofílico 44 FIGURA 15: Corredores Internos | Divisão Leitos 45 FIGURA 16: Corredores Internos | Atendimentos 45 FIGURA 17: Perspectiva Externa 45 FIGURA 18: Planta Térreo | Hospital Sarah Kubitschek 45 FIGURA 19: Entrada Principal 46 FIGURA 20: Área de Espera 46 FIGURA 21: Corredores Internos | Apartamentos 47 FIGURA 22: Apartamento | Internação 47 FIGURA 23: Planta do Primeiro Pavimento 47 FIGURA 24: Tipologias Apartamentos 47 FIGURA 25: Perspectiva Externa 48 FIGURA 26: Conexão Biofilia e Arquitetura 49 FIGURA 27: Cozinha | Espaço de Convivência 49 FIGURA 28: Planta do Pavimento Térreo 49 FIGURA 29: Corte Longitudinal 49 FIGURA 30: Perspectiva Externa 50 FIGURA 31: Pátio Interno 50 FIGURA 33: Planta Terceiro Pavimento 51 FIGURA 34: Cortes AA e BB 51 FIGURA 35: Elevações Oeste e Leste 51 FIGURA 36: Mapa da Cidade de São Paulo 54 FIGURA 37: Mapa da Subprefeitura da Mooca 54 FIGURA 38: Foto Aérea do Terreno de Intervenção 55 FIGURA 39: Mapa de Topografia e Vegetação 56 FIGURA 40: Mapa de Bens Tombados 57 FIGURA 41: Mapa do Gabarito de Altura 58 FIGURA 42: Mapa do Uso do Solo 59 FIGURA 43: Mapa da Hierarquia Viária 60 FIGURA 44: Mapa de Mobilidade Urbana 61 FIGURA 45: Mapa Hospitais e Institutos Especializados em Oncologia - Cidade de São Paulo 62 FIGURA 46: Mapa de Diagnóstico do Bairro da Mooca 63 FIGURA 47: Rua Hipódromo - Terreno de Intervenção 64 FIGURA 48: Rua Hipódromo - Terreno de Intervenção 64 FIGURA 49: Rua Hipódromo - Terreno de Intervenção 64 FIGURA 50: Mapa de Zoneamento - Gestão Urbana de SP 65 FIGURA 51: Consultório Indiferenciado - Exemplo de Layout 66 FIGURA 52: Unidade de Internação com Corredor Central Duplamente Carregado e Sanitários entre Quartos 66 FIGURA 53: Relação Funcional - Internação (Quartos) 67 FIGURA 54: Unidade de Imagenologia com Corredor Duplo 67 FIGURA 55: Diagrama de Setorização 76 FIGURA 56: Planta do Subsolo - Malha Estrutural 77 FIGURA 57: Estudo Estrutural 77 FIGURA 58: Planta do Subsolo - Fluxos 78 FIGURA 59: Planta do Subsolo - Setorização 78 FIGURA 60: Planta do Subsolo - Layout 80
LISTA DE FIGURAS E TABELAS FIGURA 61: Diagrama de Setorização 81 FIGURA 62: Planta do Térreo - Fluxos 82 FIGURA 63: Planta do Térreo - Setorização 82 FIGURA 64: Diagrama de Setorização 83 FIGURA 65: Planta do Térreo - Ambientes 84 FIGURA 66: Planta do Térreo - Layout 85 FIGURA 67: Planta do Primeiro Pavimento - Fluxos 86 FIGURA 68: Planta do Primeiro Pavimento - Setorização 86 FIGURA 69: Planta do Primeiro Pavimento - Ambientes 87 FIGURA 70: Planta do Primeiro Pavimento - Layout 88 FIGURA 71: Diagrama de Setorização 89 FIGURA 72: Planta do Segundo Pavimento - Fluxos 90 FIGURA 73: Planta do Segundo Pavimento - Setorização 90 FIGURA 74: Planta do Segundo Pavimento - Ambientes 91 FIGURA 75: Planta do Segundo Pavimento - Layout 92 FIGURA 76: Diagrama de Setorização 93 FIGURA 77: Planta do Terceiro e Quarto Pav. - Fluxos 94 FIGURA 78: Planta do Terceiro e Quarto Pavimento. - Setorização 94 FIGURA 79: Planta do Terceiro e Quarto Pavimento. - Ambientes 95 FIGURA 80: Planta do Terceiro e Quarto Pavimento. - Layout 96 FIGURA 81: Diagrama de Setorização 97 FIGURA 82: Planta da Caixa D’Água - Ambientes 98 FIGURA 83: Diagrama de Setorização 99 FIGURA 84: Corte AA 100 FIGURA 85: Corte BB 101 FIGURA 86: Elevação 01 | Rua Hipódromo 102 FIGURA 87: Elevação 02 | Rua Hipódromo 103 FIGURA 88: Elevação 03 | Acesso Emergência 104 FIGURA 89: Planta 01 - Detalhe Fachada 105 FIGURA 90: Planta 02 - Detalhe Fachada 105 FIGURA 91: Corte 01 - Detalhe Fachada 105 FIGURA 92: Perspectiva Externa 106 FIGURA 93: Perspectiva Fundo 107 FIGURA 94: Perspectiva Recepção 108 TABELA 01: Estimativas para 2020: Taxa Bruta/1mil. e Número de Novos Casos, Segundo Sexo. 34 TABELA 02: Parâmetros de Ocupação dos Lotes, exceto de Quota Ambiental – Gestão Urbana 65 TABELA 03: Parâmetros de Ocupação dos Lotes –Operação Urbana do Bairro do Tamanduateí 65 TABELA 04: Programa de Necessidades do Centro Oncológico Infantil 69

SUMÁRIO

REFERENCIAL TEÓRICO 28 1 INTRODUÇÃO 16 ESTUDOS DE CASO 42 2 CONTEXTO GERAL CONCEITOS JUSTIFICATIVA OBJETOS PÚBLICO-ALVO FORMULÁRIO DE ENTREVISTA CRONOLOGIA HOSPITALAR ATENDIMENTO PEDIÁTRICO CRONOLOGIA DO CÂNCER O CÂNCER INFANTIL ESTUDOS ESTÉTICOS REFERÊNCIA 01 REFERÊNCIA 02 REFERÊNCIA 03 REFERÊNCIA 04 18 19 23 25 25 26 30 31 32 33 38 44 46 48 50
DESENVOLVIMENTO PROJETUAL 52 3 PROPOSTA ARQUITETÔNICA 74 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSIDERAÇÕES FINAIS 110 114 CONTEXTUALIZAÇÃO DO LOCAL RECORTE DO TERRENO LEGISLAÇÃO PROGRAMA DE NECESSIDADES SETORIZAÇÃO PLANTA DO SUBSOLO PLANTA DO TÉRREO PLANTA DO PRIMEIRO PAVIMENTO PLANTA DO SEGUNDO PAVIMENTO PLANTA DO TERCEIRO E QUARTO PAVIMENTO PLANTA DA CAIXA D’ÁGUA CORTES ELEVAÇÕES DETALHE FACHADA PERSPECTIVAS 54 64 65 66 76 78 82 86 90 94 98 100 102 105 106

INTRODUÇÃO

CONTEXTO GERAL CONCEITOS JUSTIFICATIVA OBJETOS PÚBLICO-ALVO 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5

CONTEXTO GERAL

O estudo em questão propõe para o Trabalho Final de Graduação (TFG) um anteprojeto arquitetônico que atue como um Centro de Saúde Especializado em Câncer Infantil no bairro da Mooca, na cidade de São Paulo.

O tema surgiu de uma paixão da autora para com a arquitetura hospitalar, desde o entendimento e desenvolvimento dos fluxos e funcionamento dos hospitais, até o estudo da relação do espaço com o paciente e como este reflete no processo de tratamento, reabilitação e vivência do enfermo e de seus cuidadores.

A pesquisa aprofundada identificou que apesar de raro, o câncer infantojuvenil é uma das maiores causas de mortalidade desse público além de uma relação complicada entre o paciente, seus cuidadores e os hospitais das redes públicas, principalmente pelo fato de não estarem preparados parar suprir demandas sociais, psicológicas e de suporte aos envolvidos durante este momento delicado. Além disso, com a pandemia, se visualizou a necessidade ambientes da saúde mais humanos e acolhedores, com espaços de convivência e contato com o mundo externo.

Para a elaboração do projeto foram utilizados a norma básica desse módulo de arquitetura, a RDC-50, além de outras bibliografias como os manuais do SOMASUS e trabalhos acadêmicos com temas semelhantes.

Partiu de uma necessidade de suprir fluxos mais horizontais e contínuos, com áreas centrais de cui-

dados que supram os dois lados do edifício, além do mais, pelo gabarito mais baixo do entorno, foi preferível não extrapolar na altura do prédio.

Os conceitos norteadores do projeto foram os de fenomenologia e saúde humanizada em ambientes pediátricos, com o intuito de entender como o público infantil, retirado de sua rotina, reage ao ambiente mais bem pensado, com estudo de cores, uso de vegetação, áreas de estudo e espaços de convivência. O cuidado com a área externa, criação de espaços de espera e de brincar, também foram partidos arquitetônicos.

FONTE: Google Imagens, Modificado pela autora

18 CENTRO ONCOLÓGICO INFANTIL
23DE NOVEMBRO - DIA NAC I O N LA ETABMOCED OA TNAFNIRECNÂC I L
FIGURA 01: Conscientização do Câncer Infantil

Os conceitos apresentados a seguir foram usados para basear o projeto de edificação elaborado. Foram escolhidos os termos centro de saúde, fenomenologia e saúde humanizada em ambientes hospitalares pediátricos.

CENTROS DE SAÚDE

Segundo o DATASUS, Centro de Saúde significa:

Unidade para realização de atendimentos de atenção básica e integral a uma população, de forma programada ou não, nas especialidades básicas, podendo oferecer assistência odontológica e de outros profissionais de nível superior. A assistência deve ser permanente e prestada por médicos generalistas ou especialistas nestas áreas. Podendo ou não oferecer:

SADT e Pronto Atendimento 24 horas. (DATASUS).

Outra definição, trazida pelo Ministério da Saúde diz serem “instituições através da qual se presta uma atenção primária de saúde a indivíduos e famílias, considerando estas como elementos de uma comunidade com os seus problemas, necessidades e comportamento”.

Em questões estruturais, os centros de saúde devem se basear em seu conteúdo funcional, quantitativo de população e nos cuidados a prestar. O Ministério recomenda conceber os Centros de Saúde em módulos funcionais, para responder de forma organizada aos serviços de ambulató-

rio, internação e apoio. Contudo, caso o Centro de Saúde esteja localizado próximo a instituições hospitalares, regionais ou centrais, a internação não é necessária.

Em questões de deveres básicos, um Centro de Saúde deve poder, principalmente, garantir acesso de pelo menos 70% da população que reside a ½ hora de distância. Além dessa garantia básica, os Centos de Saúde devem oferecer diferentes serviços dependendo de seu programa oferecido, por exemplo, para Centro de Saúde com programa de internação deve-se prever de 0,7 a 1,0 camas X 1000 habitantes, também levar em conta uma curta duração de internação, tempo suficiente para prever o diagnóstico e decidir o local de transferência do paciente. Para as prestações ambulatoriais, o Centro de Saúde deve oferecer atendimento de urgência permanente, consultas programadas e visitas itinerantes programadas, de médicos, enfermeiros e equipe.

Segundo o Ministérios da Saúde, há diversos tipos de estabelecimentos que prestam assistência à área da saúde, alguns que valem a pena ressaltar, são:

POLICLÍNICA: Prestação de atendimento ambulatorial em várias especialidades, incluindo ou não as especialidades básicas, podendo ainda ofertar outras especialidades não médicas. Podendo ou não oferecer: SADT e Pronto Atendimento 24 horas.

POSTO DE SAÚDE: Destinado à prestação de assistência a uma determinada população, programada ou não, por profissional de nível médio, com a presença intermitente ou não do profissional médio.

19 INTRODUÇÃO
CONCEITOS

CONCEITOS

PRONTO-SOCORRO: Unidade destina à prestação de assistência em uma ou mais especialidades, a pacientes com ou sem risco de vida, cujos agravos necessitam de atendimento imediato. Podendo ter ou não internação.

HOSPITAL GERAL: Hospital destinado à prestação de atendimento nas especialidades básicas, por especialistas e/ou outras especialidades médicas. Pode dispor de serviço de Urgência/Emergência e SADT. Normalmente de referência regional, macrorregional ou estadual. O que difere o hospital geral do hospital especializado, é que o segundo, o local está destinado à prestação de assistência à saúde em uma única especialidade/área.

HOSPITAL/DIA: Unidades especializadas no atendimento de curta duração com caráter intermediário entre a assistência ambulatorial e internação.

FENOMENOLOGIA

Durante um tratamento oncológico, a criança é obrigada a viver em um novo espaço, diferente de todo o mundo que conhece, passar a ter uma nova rotina, novos horários, realiza exames dolorosos, afastamento do ambiente familiar e da atividade escolar, ela deixa de interagir socialmente com outras pessoas e crianças, afetando seu emocional e podendo desenvolver transtornos de ansiedade e depressão, por exemplo. Mais do que isso, “a arquitetura humanizada nos edifícios hospitalares pode ser uma importante ferramenta terapêutica, que contribui para o conforto do paciente, possibilitando a criação de espaços que transmitem neutralidade em relação a ele, além de acompanhar os avanços da tecnologia.” (MIRANDA apud CORBELLA, 2003). Uma forma de se chegar na humanização do espaço, é através da fenomenologia, esta pode ser definida como A Fenomenologia se ocupa da observação direta da experiência subjetiva, através da interação da consciência e das estruturas cognitivo-emocional-sensorial do ser com o mundo exterior, auxilia na compreensão do nosso próprio comportamento e do mundo exterior, tal como nós o percebemos (MOTTA, 1997, p. 63 apud RIBEIRO, 1991).

Ou seja, a fenomenologia tem a função de entender o indivíduo diante do mundo em que este vive e a forma como se comporta mediante a cada situação, ambiente ou estímulo. Na arquite-

20 CENTRO ONCOLÓGICO INFANTIL

principalmente segurança, para o paciente e seus tutores, transformando a internação e o tratamento da doença o menos traumatizante possível. Esse cuidado com o ambiente e a reação pode ser gerida a partir do uso adequado de cores, iluminação, o contato com a vegetação e o ambiente externo, a personalização dos ambientes de forma lúdica e principalmente, promovendo espaços de brincar e conviver, tornando mais humano, aproximando-se da rotina familiar da criança.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer, o INCA, câncer infantojuvenil, que abrange crianças de 0 a 19 anos é considerada uma doença relativamente rara, a incidência desta acomete de 2% a 5% de crianças em países subdesenvolvidos e menos de 1% em países desenvolvidos, apesar disso, é uma das principais causas de mortalidade infantil entre crianças e adolescentes.

FIGURA

2015-2019 | São Paulo

DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS

DOENÇAS DO SIST. NERVOSO

DOENÇAS DO AP. CIRCULATÓRIO

DOENÇAS DO AP. RESPIRATÓRIO

DOENÇAS DO AP. DIGESTIVO

MAL FORMAÇÃO CONGÊNITAS

CAUSAS EXTERNAS

FONTE: Modificado pela autora, a partir de dados do DATASUS.

O Instituto Nacional de Câncer, o chamado INCA, estimou 8.460 novos casos da doença no ano de 2020, o que corresponde a 1,9% do total de neoplasias malignas. Ainda que nas últimas décadas a sobrevida de pacientes infanto juvenis com câncer tenha aumentado em 5 anos e o INCA estimou, em 2016, que a taxa é de 64% no Brasil, a doença ainda afeta a qualidade de vida de muitas crianças e adolescentes mesmo após a cura da doença. Além disso, a neoplasia

23 INTRODUÇÃO JUSTIFICATIVA
5,7% 8,9% 7,5% 5,2% 10,3% 2,5% 28,9% 30,9%
02: Mortalidade Infantil
NEOPLASIAS

OLÁ esse é um spoiler do resultado de um dos nossos TCCinhos

Se você gostou e quer saber mais sobre o trabalho e o TCC Nota

10, fala com a gente pelo nosso

instagram

@tccnota10arquitetura

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.