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BRUNO NOGUEIRA
Há muitos anos fui desafiado a encontrar um projecto para fazer com a Orquestra Metropolitana de Lisboa. A proposta tinha tanto de entusiasmante como de assustadora - esta coisa da “carta branca” é uma vertigem que pode ser um estoiro bom ou mau. Saltando muita história, em 2011 estreámos então no Teatro São Luiz o espectáculo Uma Bizarra Salada, com encenação de Beatriz Batarda, e com a Luísa Cruz, eu, o maestro Cesário Costa, e a Orquestra Metropolitana de Lisboa no elenco. Pegámos em textos do autor alemão Karl Valentin, e foi uma alegria levar a palco um universo que era desconcertante, insano, cómico, e romântico, tudo ao mesmo tempo.
Quando a Aida Tavares (directora artística do São Luiz) nos desafiou a voltar a levar a cena este espectáculo, era fácil esquecer a frase feita “nunca voltes ao sítio onde foste feliz”. Não se deixem enganar, essa frase foi pensada por alguém que se cansou de ser feliz.
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E assim foi. Os textos não mudaram, mas mudaram muito os tempos e o meu olhar sobre eles (textos e tempos). Desta vez tenho a companhia da Rita Cabaço, que vem brincar comigo e com a orquestra, e com quem descubro novas coisas passados estes anos todos, nos textos e nos tempos. Ter feito este espectáculo com a Luísa Cruz há 12 anos, e revisitá-lo agora com a Rita, são dois dos muitos presentes que me foram dados nesta profissão. Mantém-se a orquestra, e a belíssima direcção musical do maestro Cesário Costa. O olhar delicado, certeiro e inesperado da Beatriz Batarda, é uma sorte ainda maior que faz com que esta Outra Bizarra Salada seja uma aventura nova, com memórias doces. E o São Luiz, casa onde encontro sempre a feliz razão pela qual volto.
Não sei como vai correr para quem estiver sentado a ver na plateia, mas para quem está em palco é uma noite muito feliz. Quem me dera que a pudessem levar convosco.