8ºb por trás daquela foto

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O Projeto Partindo da leitura do livro Por trás daquela foto, feita pelos alunos do 8º ano, nasceu o projeto interdisciplinar Por trás daquela foto: um olhar sobre Sorocaba, envolvendo as áreas de Português, História e Geografia. Em Por trás daquela foto, os alunos se defrontaram com oito textos produzidos com base em fotografias, escolhidas pelos diversos autores. Neles, ganham espaço questões históricas, geográficas, autobiográficas e literárias, trazidas pela fotografia e traduzidas por meio da escrita de ensaios e contos. No Estudo do Meio Roteiro Histórico-Cultural de Sorocaba, realizado com os professores de História e Geografia, os alunos fotografaram os locais visitados e aprenderam sobre a história da cidade e a geografia de sua região central. Nas aulas de Português, conheceram o gênero conto e foram motivados a escrever textos ficcionais a partir de uma fotografia tirada durante o Estudo do Meio. O resultado, um livro de contos, considera a fotografia como texto visual que, aliada ao texto verbal, desperta memórias, provoca paixões, registra fatos, conta, explica, revela, constrói e desconstrói. Professores Rafael Bochini, Ana Luíza Bastos e Patrícia Souza.



Sumário “Mil anos”....................................................................06 De odiado a amado......................................................08 A história perdida.......................................................10 Baltazar e a índia Iara................................................13 O guerreiro imortal......................................................15 O pequeno fundador....................................................18 Amor à primeira vista.................................................21 A vida de Pedro..........................................................25 Um grande herói..........................................................28 História de amor em Sorocaba......................................31 Meu pai, meu herói.....................................................33 Mudanças de João, a partir de seu trabalho ................. 37 O Tropeiro e a sorocabana...........................................41 O bandeirante do tempo..............................................43 Anexo: Fotos e mapas de Sorocaba.............................47


“MIL ANOS”

ANA CAROLINA MUÑOZ BLAITT

19/09/2013

“eu te amei por mil anos, eu

te amarei por mais mil...” Hoje, dia 19 de setembro de 1963, faríamos exatamente 50 anos de casados, me lembro daquele dia como se fosse ontem... No começo, era apenas um casamento arranjado como qualquer outro daquela época, 19 de setembro de 1913, era essa a data que eu realizaria o sonho de me casar. Tudo bem, esse não era exatamente meu sonho, afinal eu sonhava em me casar com a pessoa que me amasse de verdade, e não com um cara que meus pais escolheram por ser de uma família rica. Meus pais o escolheram pelo simples fato de que se eu, Allyson Drew, filha de Carlos Drew juntamente com Melissa Freitas, me casasse com Edward Farias poderia mudar o futuro da família Drew. Edward era um cara legal, mas eu não o amava e esse era o problema! Eu me recusava a casar com um cara que eu não amasse, não precisava ser um príncipe montado em um cavalo branco, mas sim o cara certo. Naquela época, eu não podia fazer nada, meus pais o escolheram e eu teria que aceitá-lo, eu querendo ou não.

Finalmente, havia chegado o tão esperado dia, o dia do meu casamento. Mesmo não sendo do jeito que eu esperava, eu estava muito ansiosa, esse precisava ser o dia mais perfeito da minha vida. Eram sete horas da noite, hora de entrar na igreja. Entrei pela porta da Igreja Catedral de Sorocaba, localizada no centro da cidade, lá no altar estava Dom Aguirre, que iria celebrar o nosso casamento, e Edward.

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No começo, eu pensava que nós não iríamos nos dar muito bem casados, pois temos personalidades diferentes. Ele era sério e culto, eu era extrovertida e agitada; ele era calmo e sereno, eu era animada e nervosa, ou seja, éramos totalmente diferentes, mas como dizia minha prima, “não se completam quebra-cabeças com peças iguais”, e ela infelizmente, ou felizmente, estava certa. Sim, eu acabei me apaixonando pelo Edward. Nós nos tornamos mais do que marido e mulher, nos tornamos amigos, irmãos. Um dia, estávamos Edward e eu caminhando pelo parque da cidade, quando vimos algumas crianças brincando umas com as outras e então Edward me fez uma pergunta que eu nunca tinha parado para pensar sobre ela. “Você não gostaria de ter filhos um dia?” E eu respondi com um apenas “não sei, e você?”

Drew Farias. Após alguns meses, Jullie nasceu. Me lembro de ser a pessoa mais feliz do mundo, ela era a menina mais bonita que eu já havia visto na minha vida. Infelizmente, Edward não era um pai muito presente na vida de sua filha. Com o passar dos anos, Jullie foi sentindo muita falta de sua presença, mas Edward era o único que colocava dinheiro dentro daquela casa e eu entendia o motivo de sua falta de presença. Um dia, no ano de 1932, quando Jullie tinha em torno de doze ou treze anos, bateram na porta de casa e disseram que Edward teria que ir para a Guerra Paulista, guerra que ocorreu entre os meses de julho e outubro de 1932. Confesso que fiquei muito aflita com essa informação, afinal, ir para a guerra era algo perigoso e qualquer coisa poderia acontecer. O que seria de minha filha se seu pai morresse? Eu não poderia responder a essa pergunta. Edward estava muito tranquilo com essa informação, porém eu já esperava isso dele, afinal ele era um homem muito sereno e calmo. Dois meses e meio depois de Edward ter sido enviado para a guerra, três soldados foram enviados até minha casa para dar a informação de que Edward havia falecido. Meu mundo caiu com essa informação, ele era o amor da minha vida e estava morto. O que seria de mim a partir daquele dia? E minha filha, como reagiria com aquela informação? Jullie entrou em uma forte depressão depois que recebeu a notícia e acabou falecendo dois anos depois da morte de seu pai. Eu? Eu também havia entrado em depressão, porém eu estava lá, triste, trancada entre quatro paredes, não queria mais sair de casa, não comia direito, não queria saber de mais nada, apenas queria receber a notícia que ele estaria voltando para casa naquele exato momento. “eu te amei por mil anos, eu te amarei por mais mil...”

Então ele me disse que sim, que gostaria de ter filhos. Um mês depois, eu e Edward descobrimos que eu estava grávida de uma linda garotinha. Decidimos que seu nome seria Jullie 7


De odiado a amado

BRUNO CABRAL

Baltazar Fernandes era uma pessoa que era odiada por todos. Ele era rico, e por isso se achava o melhor do mundo, tratando todos os seus criados como se fossem um monte de lixo. Mesmo sendo odiado por todos, ainda era amado por uma pessoa, que ele também amava, sua mãe. O pai de Baltazar, porém, já era morto, e desde o dia em que ele morreu, Fernandes e sua mãe passaram a ficar muito mais tempo juntos. Em uma tarde normal como todas as outras, aconteceu a coisa mais temida por Baltazar, sua mãe foi sequestrada! Ele já temia isso,

pois ela já tinha sofrido uma tentativa de sequestro que teve fracasso, mas desta fez não eram as mesmas pessoas. Fernandes ficou muito triste e depois pensativo, para achar um jeito de salvar a mãe. Como não era burro, sabia que seria muito mais fácil com ajuda, então fez algo que achou que nunca faria: pediu ajuda aos criados. Mas não achou ninguém, somente achou um bilhete que dizia onde sua mãe estava, e lá foi ele atrás dela. Para achar sua mãe não foi difícil, ela estava em uma pequena casa que só tinha um andar. O 8


difícil foi descobrir que os sequestradores eram os seus próprios criados! Mas o que mais doeu foi quando sua mãe disse que aquilo era planejado, com a intenção de que ele visse que é errado ser mau com as pessoas. Todos esperavam que ele concordasse com a mãe, porém ele surtou e foi correndo até um pequeno penhasco onde pretendia se matar. E os criados foram atrás dele. Quando todos eles viram Baltazar, gritaram: — Não, Baltazar, não se mate!

Baltazar então viu a besteira que estava fazendo e saiu de perto do penhasco, abraçou sua mãe e pediu desculpas a todos os seus criados. Então, aproveitou para perguntar a todos se algum deles queria largar o emprego, e ainda disse que bancava quem quisesse deixá-lo. A resposta surpreendeuo, pois todos disseram que queriam continuar trabalhando em sua casa, a resposta também o comoveu. E depois de um segundo, Baltazar deu uma olhada pela paisagem e gostou muito do lugar, mas isso é outra história.

— É tarde demais — disse Baltazar. — Não é, apenas não se mate neste penhasco, por favor! — Eu já disse, não adianta mais. Pensaram então estar tudo perdido, pois ele estava na ponta do penhasco. Mas, inesperadamente, Fernandes olhou para trás e viu todos os seus criados lá, quase chorando de medo de ele se jogar. E foi aí que ele viu que, mesmo os empregados sendo odiados por ele, ainda o seguiram para evitar que ele se jogasse. Foi aí que descobriu algo que não sabia: a amizade.

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12/ 8/ 13

A HISTÓRIA PERDIDA Por Eduardo Magalhães Oliveira

Vocês já devem ter ouvido falar de Rafael Tobias de Aguiar, um soldado que comandou a revolução liberal em 1842. Foi ele que, com uma equipe de 1500 homens, tentou invadir São Paulo para depor o presidente da província na época. Mas há uma parte oculta dessa história. Meu nome é Miguel Fernandes Santos, e lutei ao lado de Rafael na guerra para proteger a

catedral de Sorocaba, que na época, servia como base para a revolução liberal. A história começou assim: eu me alistei para me juntar ao exército de Rafael em 1841, e desde lá tive uma relação bem forte com ele, pois na base em que treinávamos, eu era o mais fraco fisicamente, mas tinha bom conhecimento de mapas e

estratégias de guerra. Então acabei me juntando á uma associação especial do quartel que debatia estratégias de guerra, escolhido pessoalmente por Rafael. Em julho do mesmo ano, eu acabei me envolvendo em uma batalha da qual que não me orgulho muito, pois fiquei escondido atrás das trincheiras o tempo 10


inteiro, enquanto Rafael e alguns de seus melhores homens expulsaram os conservadores que estavam tentando invadir nosso quartel, mandados pelo presidente da província na época, o Barão de Monte Alegre. Acabei sendo denominado pelos meus companheiros de o “maior covarde do exército”, mas, mesmo assim, mantive uma relação bem forte com Rafael e ele acabou me convidando para treinar em sua residência. Lá conheci sua belíssima esposa, a Marquesa de Santos, ex-amante de Dom Pedro I, com quem já tinha seis filhos. Nesse período, acabei me envolvendo bastante com Rafael, mas não sabia se gostava de mim realmente ou se só estava com pena de mim. Essa dúvida foi desmentida logo, pois em setembro do mesmo, ano travamos outra batalha. Dessa vez, fiquei na linha de frente ao lado de Rafael e logo ele afirmou:

— Vamos, Miguel, suba no meu cavalo!

e essa chance chegou antes do imaginado.

E juntos cortávamos e atirávamos sem dó naquele bando de conservadores estúpidos que não queriam que nosso país fosse livre. Foi um dos grandes momentos de minha vida, em que finalmente me sentia como um homem corajoso, em vez do maior covarde do exército.

Em dezembro, estávamos detendo outros conservadores que tentaram invadir a catedral de Sorocaba. Eu estava ao lado de Rafael, matando o exército de Dom Pedro II que estava tentando tomar o lugar.

Rafael me fazia sentir como um homem especial, já que desde que nasci não fui querido por minha família. Eu não tinha amigos e era constantemente zombado pelos meus colegas, mesmo sendo grande estrategista. Então fui ao exército esperando que lá fosse ao mínimo respeitado pelos outros tenentes. E foi isso que ele me fez sentir. Comecei a ver nele tudo o que sempre quis ter quando era mais jovem: para mim ele era um pai, um irmão e meu melhor amigo. Sempre estive esperando uma chance de retribuir tudo o que fizera por mim

Eu estava com a guarda baixa em um momento da luta, e não percebi que um dos inimigos estava mirando em mim e se preparando para atirar. Só percebi o que estava ocorrendo quando Rafael gritou: — Cuidado, Miguel! Depois, se jogou na minha frente para tentar me proteger e acabou levando um tiro de raspão na perna, pois o inimigo estava surpreso pela incompetência do general inimigo ao se jogar na frente de um soldado que estava prestes a levar um tiro. Parecia que o ferimento tinha sido leve, pois Rafael mesmo assim 11


continuou batalhando e matando o inimigo sem dó, mas só percebi o quanto idiota havia sido minha distração depois da batalha, quando fui à casa de Rafael para saber se ele estava bem e vi que estava de cama, pois a bala havia perfurado sua perna. Comecei a visitá-lo todos os dias para cuidar dele, pois, mesmo ele negando, a culpa pelo ocorrido era minha. E o pior de tudo isso era que Rafael tinha planejado ir ao Rio de Janeiro depor o Barão de Monte Alegre. Eu fui perto dele para pedir desculpas pela milésima vez, pois sabia que não ia ter como Rafael lutar com a perna quebrada, mas foi o pedido dele que me surpreendeu ainda mais, porque ele havia me pedido para substituí-lo, ou seja, comandar sua tropa de 1500 homens contra as forças do Barão! Eu fui obrigado a aceitar, porque, se não aceitasse, o Brasil perderia talvez a sua única chance

de se tornar independente. Então fui ao Rio de Janeiro disfarçado para não correr riscos e foi lá que começou a maior batalha de minha vida até agora. A luta foi sanguinária e vi tanto os homens do inimigo quanto os meus próprios serem mortos e vi o quanto difícil era ser um líder. Foi então que algo muito inesperado aconteceu: Rafael surgiu no meu lado e me ordenou para voltar para Sorocaba e levar a mulher e os filhos em segurança até o porto. Quando perguntei o porquê disso, ele me respondeu: — Só acho melhor fazer isso, porque acho que não há como ganharmos essa luta e é melhor deixar minha família em segurança. Se eu não voltar em duas semanas, peço que leve minha família ao Rio Grande do Sul. Há alguns rebeldes da Guerra dos Farrapos lá e tenho certeza que vão acolhê-los.

Rafael chegou a tempo. Ele me contou que fora massacrado pelas forças imperiais e que, por sorte, conseguiu fugir. Fiquei vivendo com Rafael e sua família no Rio Grande do Sul até que Rafael me disse para voltar a Sorocaba com dois de seus filhos, pois imaginava que ia ser preso ou morto em breve e me esclareceu para cuidar de seus filhos com se fossem meus. Essa foi a última vez que ouvi falar dele. Nunca contei essa versão da história para ninguém, nem para seus filhos, mas espero que seu nome esteja escrito com muita honra e bravura, porque é isso que ele merece por ser tão boa pessoa e tão bom amigo.

Então, fiz o que me foi pedido e, por sorte, 12


BALTAZAR E A ÍNDIA IARA GABRIELA RAMPIM

12/08/2013

Hoje, quando passei pela estátua de Baltazar Fernandes, me lembrei de meu avô contando suas histórias. Todas as vezes que eu ia à sua casa, ele tinha uma história nova. Uma história mais empolgante que a outra. A história de Baltazar Fernandes era a de que eu mais gostava. Eu sempre pedia para contá-la. E imediatamente ele começava: “Baltazar

Fernandes

era

um

grande bandeirante. Nasceu na cidade de São Paulo. Adorava passar pelos campos de Sorocaba em suas viagens pelo sertão. Quando passava pelo vilarejo, ficava impressionado com as árvores, flores e com tudo o que via. Baltazar

mudou-se

para

a

pequena vila, e junto com ele trouxe 400 índios, entre crianças, homens e mulheres. Sua primeira casa em Sorocaba se localizava no atual bairro do Jardim Sandra. Baltazar Fernandes tinha 74 anos. Viúvo do segundo casamento e com 14 filhos, 3 homens e 11 mulheres, sendo a mais velha filha do primeiro casamento. Uma das índias que veio para

me olhando diferente!

Sorocaba se apaixonou por ele. Seu

Neste momento, ela ficou envergonhada. Não sabia o que responder.

nome era Iara. Todos os dias a índia o

A principal preocupação de Baltazar Fernandes era fundar um povoado

esperava e o admirava secretamente. Um dia, ele perguntou para a

para ser lembrado para sempre. Trabalhava bastante. Ergueu uma cruz de madeira no lugar mais alto como era de costume para a época. Diante da cruz, os índios vinham fazer as suas rezas. E a índia Iara estava sempre presente.

índia: — Está tudo bem com você? Todas as vezes que eu passo você fica

Em uma destas ocasiões, Iara resolveu se declarar para Baltazar. Ela não aguentava mais este sentimento.

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Isto significava que Sorocaba era uma

era muito mais interessante, pois fazia

Vila e que havia Lei e Justiça. Este

as vozes dos personagens. A voz que eu

— Sim, vossa senhora.

Pelourinho nunca foi utilizado para

mais gostava era a do Baltazar, pois era

— Tenho uma coisa para lhe

amarrar ou castigar os escravos.

muito engraçada.

— Senhor Baltazar? — perguntou a índia.

Sempre

que

o

meu

avô

dizer. Bom, vamos lá, é.... que.... eu

Baltazar trouxe para Sorocaba os

estou loucamente apaixonada pelo

monges de São Bento. Entregou-lhes a

terminava uma história, fazia algumas

senhor! – e continuou – No dia em que

Capela de Nossa Senhora da Ponte,

perguntas para ver se eu realmente

o senhor me perguntou o que estava

algumas terras, gado e escravos índios.

havia prestado a atenção. Não era uma

acontecendo,

A índia Iara foi uma das índias

atitude

escolhidas para viver no convento da

rabugentos, porque eu adorava suas

— Vossa senhora, me desculpe.

capela ajudando os monges. E assim,

perguntas. Eu sempre prestava muita

Não posso começar um romance. Tenho

todas as vezes em que ela olhava para

atenção e assim sabia responder todas

74 anos!

Baltazar, se lembrava da sua conversa

elas. Quando respondia, parecia que era

com

a minha vez de contar a história para

fiquei

envergonhada.

Perdoe-me!

— Eu sei. Não tem problema... Apenas

gostaria

que

soubesse.

ele

e

ainda

o

olhava

Aos 80 anos, Baltazar faleceu, e

Baltazar saiu envergonhado e pensativo. Naquele dia ficou arrasado.

Como a índia Iara não tinha

Não sabia o que fazer. Decidiu ir à

conseguido superar a sua paixão,

Capela de Nossa Senhora da Ponte

chorava todos os dias sem parar. Não

pensar no que a índia havia falado, já

aguentava

que lá era o lugar que mais o inspirava.

conseguia deixá-la feliz. Toda semana,

Esta Capela foi construída por ele e seus

ela ia ao túmulo de seu amado, lá ficava

índios no lugar mais bonito e alto do

conversando horas e horas com ele.

povoado. É a mesma igreja que hoje

Todos

chamamos de Igreja de Santana do

enlouquecido.

Mosteiro de São Bento, ou Igreja de São Bento.

chatos

e

tristeza.

acharam

que

A pergunta de que eu mais gostava era:

na Igreja seu corpo foi sepultado.

a

idosos

ele.

apaixonadamente.

Desculpe-me! Sinto muito!

daqueles

— Se você fosse a índia Iara, você também se mataria?

Ninguém

ela

havia

Depois de tanta tristeza, Iara não resistiu. Ela tomou um veneno e se

O

tempo

passou.

As

casas

matou. Sua vizinha foi visitá-la e

aumentaram no povoado. As primeiras

entregar um bolo que tinha feito. Bateu

ruas começaram a surgir. Quando o

muito, mas muito na porta do quarto.

número de casas chegou a 30, contadas

Esmurrou tanto que a porta quebrou. A

somente as casas dos brancos e dos

mulher viu Iara morta e ficou aflita. Saiu

mamelucos, inclusive as casas distantes

desesperada, contando para todos no

nos sítios, Sorocaba teve condições de

convento e para toda a vizinhança.

ser Vila. Sorocaba ia ter uma Câmara e Juízes!

No

velório

da

índia,

todos

ficaram muitos abalados, pois não O

Pelourinho

foi transferido

simbolicamente para a nova Vila. O

esperavam que

ela se mataria por

causa de seu amor.”

Pelourinho era um poste de madeira

Esta era a história que o meu avô

com uma espada da Justiça em cima.

contava. Porém, quando ele contava,

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O Guerreiro Imortal

HUGO MACHADO CHAVES

A casa número 42 da Rua das Cerejeiras estava quieta e com um aspecto misterioso naquele frio dia de julho. As tábuas de madeira rangiam, as árvores haviam entregado suas folhas ao cortante vento do anoitecer, e não havia uma pessoa sequer na rua esburacada. Dentro da biblioteca mofada da casa, mexendo nos livros empoeirados, havia um menino. Seu nome era Nilton. Apesar de aparentar sete anos, tinha doze (o que era motivo de gozação na escola), era loiro, de cabelos curtos e sebosos e estava usando um suéter vermelho vinho que sua avó havia lhe dado. Sua paixão era

a leitura. E tinha muita sorte, pois seu avô era dono da maior biblioteca que ele já havia conhecido. Ao mexer em um dos livros, escrito na capa: “A história de Sorocaba”, Nilton achou uma seção dedicada a apenas um homem: Rafael Tobias de Aguiar. Nilton ficou curioso sobre o fato de terem investido tanto tempo falando desta figura que Nilton (que se considerava um conhecedor da história) desconhecia. E, apesar de ter lido cada parágrafo, Nilton sentia que ainda havia mais a ser contado. Então, desceu as escadas para o andar de

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baixo, onde seu avô estava sentado em sua poltrona favorita lendo seu jornal e fumando seu cachimbo. Era um homem alto e pançudo e tinha cabelos curtos, lisos, brancos e bem penteados. Nilton perguntou ao avô quem era o homem do livro e por que ele parecia ser mais importante do que os outros. “Eu sabia que este dia iria chegar”, falou seu avô com os próprios botões. “Coloque roupas mais formais, vamos dar uma saída”, disse ele, repentinamente dirigindo-se a Nilton. Após chegarem à praça, que aparentemente era seu destino, tiveram que caminhar um pouco para chegar ao centro da mesma. Lá havia uma estátua, que era de Tobias de Aguiar (agora Nilton tinha certeza que ele era absolutamente importante). A praça estava deserta, cheia de folhas voando e gangorras balançando sozinhas com o vento. “Meu querido neto... eu tenho uma história para te contar e quero que você preste muita atenção...”, sussurrou o avô de Nilton. “Este homem foi muito importante não só para Sorocaba, mas para toda a história”. “Tudo começou no século VIII...” Nilton poderia ter achado que seu avô estava brincando, mas ele conhecia sua cara de brincadeira, e definitivamente não era essa. Na verdade, Nilton nunca tinha visto seu avô tão sério. “Rafael Tobias de Aguiar era cavaleiro escocês da Idade Média, famoso e todos sabiam seu nome. travava batalhas por sua vila

um era Ele em

campos, praias desertas e montanhas. E, apesar de toda sua fama, era um homem humilde e levava uma vida simples com sua mulher e filhos.” Nilton estava a esse ponto com o olhar fixado no rosto barbudo e bochechudo de seu avô, enquanto ele contava a história. “Porém, em uma dessas batalhas, travada em defesa de sua vila sobre ataque, o inimigo atravessou-lhe a espada no centro de seu peito. Sua última visão fora sua mulher e filha sendo capturadas, e Deus sabe o que seria feito com as coitadas.” Nilton simplesmente não podia acreditar no que estava ouvindo. Como seu avô sabia de tudo isso, e com tantos detalhes? “Pensando estar morto, abriu os olhos e sentiu uma luz ofuscante vindo direto em seus olhos. Mas não era a luz divina. Era a luz solar. Não estava morto! Ouvia uma voz ao longe pedindo ajuda. Eram sua esposa e sua filha! Tentou levantar-se, mas estava muito ferido. Depois de um tempo, apareceu um senhor de meia idade, que lhe fez uma grande revelação: Rafael era um Highlander! Foi-lhe explicado que os Highlanders são imortais e só podem morrer através do degolamento, por isso não estava morto.” Nilton estava imerso em um transe entre sonho e realidade que não conseguia explicar. “Tobias depois soube que sua esposa e filha estavam mortas, e jurou vingança. O senhor que lhe ajudou revelou que se chamava Ramires, que também era um Highlander e que iria treinar Rafael para ajudá-lo em sua vingança.” “Depois de anos treinando, Rafael

O GUERREI

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descobriu que os assassinos de sua família haviam descoberto uma máquina do tempo alienígena, e que tinham viajado para o futuro.” Nilton estava começando a entender onde isso iria parar. “Rafael pegou suas coisas e despediu-se de Ramires por um tempo (pelo menos era isso que pensava)”. “Depois de chegar à Escócia do futuro, Tobias descobriu que seu inimigo já estava bem longe. Ele se surpreendeu com o fato de existirem outros continentes que, na sua época, ainda não haviam sido descobertos. Tobias seguiu os rastros dos bárbaros e chegou aqui!” Apesar de Nilton já ter percebido isso antes, não deixou de ficar surpreso com a confirmação. “Ele pegou um meio de transporte mais rápido e alcançou seus inimigos, assim, conseguindo finalmente sua vingança. Seus planos de voltar para a Escócia do passado infelizmente se frustraram, pois a civilização atual havia descoberto a máquina do tempo e a estavam desmontando para seu estudo.” “Rafael ficou em Sorocaba e entrou em cargos políticos. Foi, inclusive, presidente da província de São Paulo por quatro anos!” Nilton achou que não poderia ficar mais impressionado. Porém, nada o havia preparado para o que viria a seguir. “E agora, meu neto, eu espero que tenha acreditado em tudo isso, se não, você não vai acreditar no que vou lhe dizer agora...” Nilton estava se contorcendo de curiosidade e entusiasmo. “Eu sou Rafael Tobias de Aguiar”.

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12 de agosto de 2013- Isabela Viliotti

O PEQUENO FUNDADOR

“ERA UM FANTASMA OU UMA PESSOA QUALQUER?”

A história que contarei é sobre

um

grande

cavaleiro,

forte e corajoso, que teve três filhos. Essa história foi contada por um senhor. Esse cavaleiro vivia em uma mansão velha e abandonada. Por quê? Eu não sei, mas é uma boa questão... Estava eu sentada em um parque, pensativa e curiosa, com um grupo de estudantes ao meu lado, aprendendo sobre um fundador chamado Baltazar Fernandes.

Fiquei

bastante

intrigada, quando, sem querer, eu fiz a seguinte pergunta ao senhor que estava ao meu lado:

“Quem foi esse homem?” Então

pais o matricularam em uma

começou a história. ‘Quando eu era bem pequeno — disse o senhor — costumava histórias

ouvir

sobre

ele,

Quando ele cresceu, os

grandes Baltazar

Fernandes. Baltazar Fernandes era filho de um nobre rico e poderoso. Também era filho de uma burguesa rica. Eles viviam em uma mansão velha, porém

escola militar. Ele não gostava de lá, mas continuou. Em uma noite, seu pai estava preocupado com algo e sua mãe também. Ele escutou dois homens com sua mãe e seu pai, até escutar dois tiros. Baltazar se escondeu e não o acharam. Os homens estavam querendo pegar Baltazar, sorte que ele se escondeu.

linda, em São Paulo. Baltazar era apaixonado pela natureza e

Os dois homens foram

por uma linda menina que

embora e Baltazar foi ver seu

passava por lá: Elloisa.

pai: “Baltazar, continue o que

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eu comecei. Vá à casa da sua

tiveram três filhos: Berenice,

livre

Tia Amélia e conte a ela o

João e Ana Eliza.

contou a mesma história que

que eu te falei” e seu pai morreu.

Eles cresceram e dez anos depois a mais amada

Quando foi à casa da

Elloisa

morreu

de

sua Tia Amélia, contou tudo

tuberculose. Todos ficaram

o que seu pai lhe disse e

muito tristes, até que chegou

falou de sua morte.

ao

Baltazar continuou na escola militar, justamente o que

ele

não

guerreou espanhóis

queria,

contra que

e os

tentavam

conquistar suas terras. Ele continuou o que o pai lhe pediu até virar general, um dos

melhores.

Meses

se

passaram e Baltazar fundou uma pequena cidadezinha chamada Sorocaba. Lá não possuía revoltas, tinha paz e

ponto

de

Baltazar

enterrar sua amada com suas próprias mãos. Ele também imaginava

que

se

continuasse na velha mansão abandonada,

sua

Neto

havia morrido também. Sem querer,

novamente,

perguntei de novo se ele havia morrido mesmo e ela respondeu que sim. Fiquei meio espantada.

filho João se casar e ter o

conversando

Baltazar Fernandes Filho e

um fantasma ou uma pessoa

esse Baltazar Filho se casar e

qualquer?

ter o Baltazar Neto, que sou eu’.

comigo?

Bem que pensei que

Claro

que

eu

ia

você

não

achou

ele era Baltazar Fernandes Neto? Eu também achei. Mas revisando: é claro que eu adorei essa história e já entendi porque ele morava no casarão velho.

“transparente”, se é que você me entende... Bom,

mas

continuando: depois dessa eu não dormiria mais! Que susto que eu levei! Ele ficou lá a noite inteira (eu passei por lá algumas vezes) cada vez que eu me aproximava dele, ele ia desaparecendo e depois

que

ele

ia

criança,

Vou falar agora o que

Elloisa. Eles namoraram por

eu achei estranho: Depois de

novamente...

um tempo e depois ele

um tempinho eu bati a foto

realmente

pediu

em

maravilhosa e a professora

sem conseguir dormir!

casamento. Eles se casaram e

que estava dando aula ao ar

quando

a

mão

dela

Era

ele estava meio pálido e

estranho o homem falar que

Baltazar

eu

aquele senhor que estava

Ele perguntou seu nome:

de

Fernandes

ficou anos e anos lá até seu

sério:

amor

Baltazar

havia morrido, quem era

menina linda como sua mãe.

o

continuou e disse que esse

seus amados também. Ele

ele havia contado, mas fala

Era

Neto falou, mas depois ela

o Baltazar Fernandes Neto

pracinha e conheceu uma

— respondeu a linda dama.

o senhor Baltazar Fernandes

estaria em paz e a alma de

agradecer pela história que

— Meu nome é Elloisa

estudantes

Pense comigo: já que

Um dia, ele estava em uma

minha rosa branca?

os

mente

lei, natureza e tranquilidade.

— Qual é seu nome,

para

se

afastando, ele ia aparecendo Agora

estou

amedrontada

e

Certo, se você me 19


entendeu, o que vocĂŞ acha que

era aquele senhor no meu lado que

estava

conversando

comigo? Um fantasma ou uma pessoa qualquer?

20


AMOR À PRIMEIRA VISTA

LAURA SCARANCI

Essa história aconteceu no ano de 1842, na cidade de Sorocaba, uma pequena cidade localizada perto de São Paulo. Nesse ano, estavam acontecendo Revoltas Liberais. Foi um dos movimentos que agitou o Brasil durante o Império. Tudo começou quando um dos enviados do rei português, Sérgio Ramos, foi para vila de Sorocaba, assim podia comandar todo o gado que passava pela vila. 21


Os anos passaram e Sérgio continuou morando em Sorocaba, gostava da cidade, porque além de ser muito importante, tinha muitos amigos e ganhava muito dinheiro com o comércio. No ano de 1845, uma dama portuguesa chegou à cidade, sua família veio a pedido do rei. A dama se chamava Helena Rodrigues, era uma mulher linda, tinha cabelos ruivos e olhos verdes, tinha apenas 18 anos, mas era muito inteligente e apaixonada por livros, novelas de cavalaria, principalmente. Um dia, Helena estava andando pela cidade e encontrou uma praça muito bonita, junto com a praça tinham dois canhões que foram usados nas revoltas liberais. Helena sentou do lado de uma grande árvore, pegou um livro de romance e começou a ler. Um pouco depois, Sérgio chegou à praça. Ele amava aquela praça, ia lá todo dia, lia livros de cavalaria. Quando ele viu Helena, ficou impressionado com a beleza da moça. Ele ficou olhando por um tempo

até que ela percebeu e olhou pra ele assustada, ela era uma menina tímida, então ficou muito assustada. Ela perguntou o que ele queria e ele respondeu que lia nesse lugar sempre e que apenas ficou surpreso de ver a moça ali, ela respondeu: — Perdão, não sabia que você lia aqui, eu já estou indo, pode ficar. E ele falou: — Não peça desculpas, não fez nada, eu que devo pedir desculpas, te assustei. Ela falou que ele não tinha feito e falou que estava indo, ela se apresentou e ele também e depois foi embora. Ele ficou pensando em Helena, em como ela era bonita e como sua voz era doce e macia, e ela pensava a mesma coisa dele, do jeito que a olhou e como ela se sentiu. Nesse mesmo dia, teve um jantar com todos os nobres de Sorocaba. Helena e Sérgio foram. Os pais de Helena estavam esperando nesse jantar ver pretendentes para sua filha, mas Helena não queria se casar, porque, diferente das mulheres de sua época, ela acreditava em amor e esperava algum dia encontrar sua alma gêmea. O jantar começou, todos chegaram. Sérgio também havia chegado. Helena estava atrasada, na verdade, não estava com a mínima vontade de ir nesse jantar, mas tinha que ir. Quando ela chegou, todos pararam para olhála. Ela estava maravilhosa, parecia uma princesa. Quando Sérgio a viu, ficou enfeitiçado, paralisado com sua beleza. Ela foi para a mesa em que seus pais estavam e vários cavalheiros pediram para dançar com ela, mas todos eram escolhidos pelo seu pai então, ela apenas dançou uma música e se sentou. No final da festa, Helena não aguentava mais ficar dançando com os escolhidos pelo pai, então foi para o jardim e quem estava lá? Sérgio. Ele olhou para ela e disse:

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— Não sei se lembra de mim, mas nos encontramos mais cedo na praça. Ela respondeu com um sorriso no rosto: — Eu me lembro de você, Sérgio Ramos. Os dois começaram a conversar e descobriram que tinham muitas coisas em comum, Sérgio tinha 22 anos, um pouco mais velho que Helena, ela explicou para ele que estava cansada de seus pais quererem arranjar um noivo pra ela e não ligavam para opinião dela. Ele disse que também acreditava em amor, que por mais que todos falassem, ele sempre acreditou e acreditava que existia o amor verdadeiro. Estava ficando tarde e os pais da dama estavam procurando-a, mas não estavam achando. O irmão de Helena foi procurar por ela e quando a viu com Sérgio, ficou muito bravo, pois damas não podiam conversar sozinhas com homens desconhecidos e não aprovados pelos pais, o irmão pegou a irmã pelo braço e a levou pra fora. Ele prometeu não contar para o pai, mas falou para ela nunca mais encontrar esse homem e que, se encontrasse de novo, iria contar para o seu pai. No dia seguinte, ela novamente foi ler na praça e ele também. Quando ele chegou perto, ela se levantou rapidamente e disse que não podia falar com ele, mas ele não entendeu o que tinha acontecido, então ela explicou e saiu correndo. No dia seguinte, Helena não foi na praça e Sérgio ficou decepcionado, pois estava apaixonado. Vários dias passaram, mas os dois não se encontraram mais, apenas na mente dos dois. Helena foi fazer um passeio em uma trilha um pouco afastada da vila e quando

estava saindo de casa, Sérgio a viu e a seguiu. Ela andou, andou e andou e ele continuou a seguindo. No meio do caminho, aconteceu um acidente. Um cavalo apareceu do nada e atropelou a dama, que caiu no chão toda machucada. Sérgio saiu correndo pra socorrê-la, ela ficou surpresa de vê-lo lá, mas ao mesmo tempo muito feliz, pois ela também estava apaixonada. Ele a pegou no colo e a levou correndo para vila. Quando chegaram à vila, ele a levou para sua casa e a pôs em um sofá. Quando ele a pôs no sofá, ela segurou-o e o beijou, os dois ficaram envergonhados. Depois do beijo, ele disse que estava apaixonado e ela também, ele saiu e chamou um médico, ela estava bem apenas alguns machucados básicos que foram cuidados no momento. Depois de o médico ter saído, ela disse: — Preciso ir, não posso ficar aqui, se meus pais descobrem, eles me mandam de volta pra Portugal e nunca mais vou te ver. E ele respondeu: — Se você for pra Portugal, eu irei junto porque, como eu disse, estou apaixonado por você. Eles se beijaram e ela foi embora sorridente, os dois 23


passaram a noite toda pensando sobre isso, pensando um no outro e no que estava acontecendo. Será que ele era sua alma gêmea? O tempo foi passando e os dois continuaram se encontrando e cada vez estavam mais apaixonados. Desde que eles tinham se conhecido na praça, havia passado quatro meses e nesse período eles descobriram que eram almas gêmeas e que se amavam verdadeiramente. Os dois decidiram que iam contar para os pais, pois não dava mais para esconder. Eles queriam se casar, mas os pais não aceitaram. Helena disse que queria se casar e o pai ficou mais bravo e expulsou Sérgio da casa. Ela disse que se ele saísse, ela também sairia, mas o pai não ligou e expulsou os dois. Helena ficou devastada, pois amava Sérgio, mas não podia fugir de casa, deixar sua família, mas era o que ela tinha que fazer e fez. Os dois se mudaram porque em Sorocaba todos sabiam o que havia acontecido, então não dava mais para morar lá, eles foram para o Rio de Janeiro tentar começar uma vida nova. Tudo estava indo muito bem, os dois estavam felizes e Helena estava grávida, mas aconteceu um problema. Sérgio começou a passar muito mal, mas não sabia por quê. Ele ficou de cama por meses e Helena estava desesperada, porque temia ter um filho sem o pai e o

homem de sua vida. Um dia, ele começou a passar mal e estava quase morrendo e Helena disse para ele chorando: — Sérgio, por favor, eu te amo, você não pode me deixar, o que vai ser de mim sem você, por favor, você é o amor da minha vida. Quando a respiração dele foi ficando cada vez mais baixa, Helena não estava mais aguentando e ele disse pra ela: — Eu te amo muito, seja forte, você vai conseguir, eu nunca amei alguém como eu te amei, por favor, nunca se esqueça de mim. Depois de falar isso, ele foi fechando os olhos e soltando a mão da esposa, que estava chorando. Anos se passaram, Helena teve o filho, mas nunca se casou de novo, a única pessoa que ela amou a vida todo foi Sérgio e, mesmo depois de sua morte, ela continuou usando sua aliança até seu último dia de vida.

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Lucas Guazzelli

A vida de Pedro

Não sei quanto tempo de vida ainda me resta, não sei se são segundos, horas, dias ou minutos, só sei que este tiro ainda me dará estragos. Bom, para vocês entenderem esta frase acima, vou ter que contar toda minha história, de quando eu era criança até agora. Meu nome é Pedro Henrique Albuquerque da Silva Filho. Nome grandinho, né? Mas sou mais conhecido somente como Pedro. Nasci em Barbacena, vivi com uma família grande com 12 pessoas: Pedro, meu pai, Lucicreide, minha mãe, Giacomeli, Elvico, Guimarães, Cida e Silmara, meus irmãos, Cristina, Miguel, Renato e Paula, meus tios, e Claudio, meu primo, filho de Renato e Paula. Na escola em que eu estudava, chamada Santa Clara, minha turma era: Manuel, Juvenal, Alexandro, Albertina, Maria Ângela, Eric, Flavio, Catarina, Plinio, Maria Augusta, Angélica, Florinda, Vânia, Clara, João, Antôni, Gustavo, Augusto, Marcel, Mario César. Manuel e o Plinio eram meus melhores amigos, me lembro da vez que depois da aula, combinamos de colocar pregos na cadeira da professora. Fomos à loja de ferramentas, onde compramos cada um dez pregos. No outro dia, quando nosso alvo se 25


levantou para falar com a diretora que estava na porta, nós três, que sentávamos na frente, aproveitamos o momento e atiramos os pregos na cadeira. Distraída, a professora sentou na cadeira, a dor foi instantânea, ela saiu correndo por toda a sala de aula ou lugar de estudo, como costumava dizer a professora, alvo e, naquela hora, motivo de piada por toda a escola. Mas nossa alegria durou pouco, porque Mauro, a pessoa que mais me odiava, viu minha travessura e logo foi contar o autor de tal proeza. Como de costume, fomos encaminhados para a sala da diretora e ela, como já era de se esperar, mandou suspensão para nós três. Chegando em casa mais cedo, tive de me explicar... Então, depois de muita gargalhada de meu irmão mais velho Giacomeli, que trabalhava em casa como artesão, com meu pai, fiquei o tempo de suspensão trancado no meu quarto, o que não foi bem legal. Já adulto, com 21 anos, fui me alistar no exército, fiz vários amigos, como o cabo Geraldo, o Tenente Warley e os soldados Thiago, Juan, Pedro, Agustín, Pablo, Téo, Cristino, Murilo, Nicolas, Lucas, Felipe, Miguel, Gabriel, Rafael, Pedro, Paulo, João, Luan, Marcelo, Eduardo e Leonardo. Vou contar guerras a que eu sobrevivi, de qual lado eu estava. Primeiro, fiquei no batalhão 15 de Mariana, onde conheci o tenente Warley, que de primeira vista era um homem bravo, com cara de poucos amigos, mas na verdade ele era um homem muito amigo e eu só descobri isto quando ele me salvou. Era dia 31 de maio de 1834, nós estávamos em Punta Cana a trabalho. Estávamos indo para a parte da cidade mais pobre e mais perigosa, quando juntaram uma galera armada e apontaram para mim. Nessa hora, passou um filminho na minha cabeça, de repente o tenente voltou e atacou uma granada neles e, por incrível que pareça, eles saíram correndo. No dia 15 de fevereiro do ano 1839, por inutilidade, essas foram as poucas palavras que ele me disse aquele dia que eu fui expulso do exército. Eu voltei para a casa e com meu pai e meu irmão Giacomeli, comecei a trabalhar como artesão. Era uma rotina que eu particularmente achava entediante, que era de limpar os instrumentos que eu e meus companheiros de trabalho usávamos e ter que fazer roupa, sapatos e etc, coisa que eu não levava jeito. Depois de ser expulso do trabalho, me dediquei a escrever, coisa que eu também não levava jeito. Depois de alguns anos, juntei dinheiro trabalhando de artesão e faz tudo na oficina de meu pai e abri meu próprio negócio, uma padaria. Me esforcei muito, minha padaria começou a gerar lucro, comecei a acumular fortunas e a conquistar clientes, me lembro bem de alguns clientes, como a gentil Dona Filomena, sempre alegre com aquele cachorrinho bagunceiro, Coralov sempre bravo, não gostava de ninguém, e do Leandro, um menino de dez anos que vinha aqui para comprar meus maravilhosos doces. Um dia, um ladrão entrou em meu estabelecimento, tentou fazer Coralov de refém. O sujeitinho apanhou feio de meu cliente furioso, levou chute, mordida, levou de tudo. Foi parar no hospital, levou cinco pontos na cabeça e depois foi preso. Após muitos anos, revi meus companheiros: o cabo Geraldo, o tenente Warley e os 26


soldados Thiago, Juan, Pedro, Agustín, Pablo, Téo, Cristino, Murilo, Nicolas, Lucas, Felipe, Miguel, Gabriel, Rafael, Pedro, Paulo, João, Luan, Marcelo, Eduardo e Leonardo, já que o meu antigo batalhão estava em Barbacena. Conversei com o tenente e ele me falou: — Há quanto tempo, meu amigo! — Pois é. – respondi. — Sem você no batalhão, ele ficou chato – afirmou meu amigo. — Imagino! – questionei. — Rá, rá, rá, rá! — ele riu. — Agora sou dono de uma padaria, um dia tentaram me roubar e fazer um cliente de refém, mas ele espancou o ladrão. Ele teve que fazer até ponto na cabeça – contei. — Eu também tenho uma história meio esquisita, é assim: junto com São Paulo, nós, Minas, fomos para Sorocaba para batalhar contra o Rio por causa da revolução liberal. Nós nos preparamos para a batalha perto de uns canhões, mas os inimigos nem apareceram por lá e nem usamos os canhões! — disse o tenente. — Nossa, que esquisito! — exclamei. — Pois é – concordou o tenente — E como está a família? — Vamos ter um novo integrante! Meu irmão Giacomeli vai ser pai! — exclamei. — Nossa, que ... — ia dizendo Warley. Foi nessa hora que o soldado Nicolas alertou: — Recuem, rebeldes se aproximam! Todos ficaram em suas posições, quietos para começarem a abrir fogo, quando o tenente virou-se e falou: — Fique com a arma! E ele se levantou e saiu correndo a caminho de outro esconderijo. De repente, levou um tiro e caiu duro no chão. Por sorte, só foi um susto, mas tentei ajudá-lo e também levei um tiro, fiquei agoniando horas no chão, sem ninguém me achar.

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Um Grande Herói

Numa pequena e pacata cidade do interior de São Paulo chamada Fartura, todos viviam tranquilamente, até aparecer um velho louco, gritando e correndo de um lado para outro, para quem pudesse ouvir. O velho dizia que uma suposta doença, muito grave e contagiosa, transmitida pelo ar, estaria chegando e iria contaminar e matar a todos. Num primeiro momento, as pessoas ouviram suas palavras com estranheza, sem dar qualquer importância a ele, mas o pobre lunático continuou gritando, até que as autoridades locais o retiraram do meio das pessoas. Passados alguns dias, a vida continuava normalmente, quando subitamente

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um garoto chamado Dreison, de 15 anos de idade, ficou doente; foi levado a um médico que, após examiná-lo, não conseguiu chegar a um diagnóstico. Ele percebeu que se tratava de uma doença totalmente desconhecida até aquele momento. O pobre garoto, em estado grave, precisou ficar internado. A história se espalhou de boca em boca e o povo ficou sabendo da doença sem cura do menino Dreison. Uma das pessoas lembrou-se daquela gritaria que muitos haviam ouvido dias atrás e então decidiram procurar aquele velho misterioso, deduzindo que poderia tratar-se de uma maldição rogada por ele contra a população. Mas, no meio do caminho, concluíram que poderia ser uma péssima ideia, visto que se caso ele realmente fosse um bruxo tão poderoso, poderia lhes rogar outra praga ainda pior, então todos desistiram e ficaram aguardando a evolução do quadro de Dreison. Decorridos dois dias, Dreison morreu, sem se chegar à definição da causa de sua morte. Aterrorizada, a população ficou enlouquecida, tentando fugir da

cidade, porém o médico alertou-os, dizendo que todos deveriam permanecer, estabelecendo algo parecido com um isolamento. Se mais alguém estivesse contaminado, acabaria disseminando a doença para as outras cidades sucessivamente. Também precisariam impedir que pessoas de fora chegassem a Fartura; para tal, utilizaram todos os meios de comunicação que dispunham naquela época, até mesmo sinais de fumaça. Uma vez avisadas às autoridades sanitárias, ficaram aguardando alguma orientação, porém nenhum representante da Sanitária era enviado para lá. Enquanto isso, as pessoas de Fartura ficavam doentes, uma depois da outra. Foi então que várias das pessoas que não estavam ainda doentes, perceberam que se eles não fugissem daquele lugar, eles iriam morrer. Já o prefeito Jones tentava acalmar o povo, dizendo que tudo estava sob controle, que o incrível hospital da cidade iria dar um jeito. Dias se passaram, até que, em vez de alguma ajuda das autoridades, apareceram invasores espanhóis querendo dominar aquele local, que pertencia aos portugueses. Os dominantes, vendo a situação de pavor geral que pairava entre os habitantes, 29


alegaram que eles tinham a cura para a praga que os atingia. Desta forma, a maioria da população se rendeu pacificamente, sem lutar, em troca desse remédio milagroso. O prefeito, incrédulo, desconfiado dos espanhóis, chamou Luís, irmão do falecido Dreison, pedindo-lhe que fosse à cidade vizinha procurar ajuda. Luís saiu escondido da cidade, correndo sem parar em direção ao sul, buscando socorro para seu povo, quando encontrou o famoso bandeirante Brigadeiro Tobias e sua pequena frota de soldados. Ao escutar atentamente sua história, compadecido com a tragédia, o bravo guerreiro e seus amigos decidiram ir ajudá-los e resgatá-los dos espanhóis. Em relação à doença misteriosa, o Brigadeiro logo deduziu que deveria tratar-se da doença que ele infelizmente já havia visto antes, a varíola. Antes de ir em direção a Fartura, Brigadeiro Tobias mandou um dos soldados que viu que a cidade estava realmente dominada pelos espanhóis, bem como que o povo havia sido escravizado. Diante dessa informação, o Brigadeiro precisou bolar um plano

para salvá-los, pois numericamente os espanhóis estavam em grande vantagem. O Brigadeiro Tobias chamou o corajoso Luís e, após uma demorada conversa, convenceu-o a voltar para o seu povo e juntar-se aos seus amigos, espalhar o combinado e, no dia da missa semanal, que era celebrada na igreja, no lugar mais alto da cidade, colocar o plano em ação. Ao soar os sinos da igreja, vários escravos começaram a brigar, os soldados espanhóis, enfurecidos, tentaram controlar a confusão em vão. Os rebeldes chegaram a derrubar as portas da igreja, gritando sem parar, e avançaram em várias direções da muralha que envolvia a cidade. Enquanto isso, outros escravos, manuseando o canhão central, sorrateiramente conseguiram abrir o portão principal da fortaleza, permitindo que a tropa do Brigadeiro Tobias entrasse na cidade. Após uma sangrenta batalha, finalmente tomaram o controle da cidade de Fartura, a favor do império português. Uma vez que os invasores já haviam sido expulsos, o Brigadeiro Tobias transmitiu o que havia aprendido sobre a varíola ao médico da cidade e, a partir daí, os doentes puderam receber o tratamento devidamente. Por fim, conseguiram acabar com aquela grande corrente de contaminações, com orientações de higiene e isolamento em enfermarias somente das pessoas mais gravemente doentes. Graças à ajuda do Brigadeiro Tobias30


História de amor em Sorocaba Bom, pessoal, estou aqui pra contar pra vocês uma história de amor que não é das mais comuns, porém é muito bonita também. Tudo começou na praça onde está essa estatua aí, sabe, da foto? Então. É que na verdade esse homem é um tropeiro, é como um soldado desconhecido, um anônimo, que representa todos aqueles personagens históricos que sucederam aos bandeirantes na história do Brasil. Durante 150 anos, eles fizeram a ligação de Sorocaba com o Brasil, transportando mercadorias nos lombos dos animais e semeando cidades. E Sorocaba, que foi a sede dos tropeiros e das feiras de muares, para onde acorriam homens de negócios de todo o país, rende, neste belo monumento equestre, mostrando o tropeiro em sua montaria, a eterna homenagem

a esta legendária figura. Mas não vim aqui pra falar isso pra vocês e sim sobre Pedro e Isabella. Tudo começou quando a mãe de Isabella se divorciou de seu pai e conheceu o pai de Pedro, que também estava divorciado. Depois que o relacionamento de Isabel, mãe da menina, e Lucas, pai do garoto, começou a ficar mais sério, eles decidiram levar as crianças para se conhecer nessa praça aí que eu falei em cima. A menina lindinha, assim como o Pedro fofinho, entre a idade de 7 e 8 anos, foram à praça com seus pais e, a partir daquele dia, Pedro disse ter se apaixonado pela menina. Depois desse dia, os dois passaram a ter uma paixão meio disfarçada na infância, assim como uma amizade incrível que eles adquiriram conforme iam passando os anos. Todos os dias,

Estátua Baltazar Fernandes, Sorocaba SP depois da escola, como eles não moravam na mesma casa, pois Isabella morava com o pai e Pedro também, os dois iam à praça e ficavam conversando em cima de uma árvore antes ir pra casa. Tornaram não só melhores amigos, mas confidentes, cúmplices. Devia ressaltar a vocês que o pai de Isabella não gostava de Pedro e de sua família, pois achava que eles haviam “roubado” a Isabel dele e teriam roubado a menina dele também. Aos 10 anos de idade, Pedro se declarou apaixonado por ela, e a garota, sem saber o que fazer, pulou da árvore e foi correndo em direção a sua casa, e ficou pensando nisso o dia inteiro. Nos outros dias, os dois agiram como se nada tivesse acontecido, e não contaram a ninguém sobre o que havia acorrido. Depois de um mês, Isabella, em uma de suas

Maria Belloti 31


conversas com o menino, disse que também gostava muito dele, porém os dois continuaram sendo apenas amigos. Aos 12 anos, Isabella e Pedro deram o seu primeiro beijo, não na praça, mas sim na casa de uma das amigas deles, Maria, em uma festa no último dia de aula, quando a vontade falou mais alto. Depois disso, os dois davam um beijo pra cá, outro pra lá. Passaram algum tempo nisso. No aniversário de 14 anos de Isabella, Pedro estava decidido a ir a sua festa de aniversário e pedi-la em namoro na frente de sua família e amigos, pois estava cansado daquela situação. Mas, quando Pedro chegou à casa da menina, o pai de Isabella estava na porta, e então Pedro evitando conflitos, virou as costas e decidiu ir para a casa. No caminho, Pedro encontrou seu amigo Gordo, que lhe perguntou: — Por que você está indo para o lado contrário da casa da Isa? Pedro lhe disse: — Estou indo embora, porque você sabe que o pai de Isabella não gosta de mim, e quando eu cheguei em frente a casa dela, ele estava lá, então pra não estragar um dia tão importante para a Isabella, decidi vir embora. Gordo compreendeu, porém conseguiu convencer Pedro a voltar lá na casa da menina e pedi-la em namoro. Quando Pedro chegou à casa da garota, cumprimentou seu pai de longe e foi falar com a sua amada. Então Isabella, por impulso, deu um beijo em Pedro, que ficou surpreendido com o ato inesperado da menina. Quando o pai de Isabella estava indo falar absurdos para ela e para Pedro, Isabel chegou com Lucas e interrompeu tudo aquilo. Antes de o menino ir embora, ele pediu para

todos esperarem e então pediu a garota em namoro. Com os aplausos dos amigos, só então se retirou da casa de Isabella. Seu pai, indignado, foi até a porta para brigar, mas com um grito da menina de dentro de casa na calada da noite, ele resolveu entrar e cuidar de sua filha. Enquanto Pedro ia embora, ouvia um sermão de Lucas e Isabel, mas estava em outra dimensão, apenas pensando no que tinha feito e o que Isabel tinha pensado daquilo. Pedro dormiu abraçado com o celular, esperando uma mensagem de sua amada. Às 5 horas da manhã, recebeu uma mensagem dizendo, “Quer saber a resposta? Sim, porque eu te amo, Pedro, e muito, já disse que daqui a alguns anos quero me casar com você, mas não responda essa mensagem, pois estou totalmente de castigo. Até amanhã na escola, um beijo, Isabella.” O menino não se aguentava de alegria, ele dizia que fora o dia mais feliz da vida dele. E então Pedro e Isabella estavam namorando, os meninos com inveja do menino namorando a menina mais bonita da escola, e as meninas com uma certa inveja de Isabella por estar namorando um menino tão desejado, alto e moreno como Pedro. Os anos se passaram e Pedro e Isabella continuaram se vendo e cada vez mais se gostando. Namoraram dos 14 até os 17 anos na escola, até que eles se formaram, Isabella iria fazer faculdade de Direito e Pedro iria fazer Educação Física. Mesmo com as diferenças, eles irem estudar em cidades diferentes, continuaram namorando, até que Pedro se formou no mesmo dia que descobriu que Isabella estava grávida. Então ele se mudou pro Rio de Janeiro, onde ela estava fazendo faculdade, e foi cuidar da

menina, trabalhar e cuidar dos filhos. Em um feriado que teve em meio a essas mudanças, Isabella pediu a Pedro que fosse com ela para Sorocaba para ver a família e contar a novidade, que estava vindo um filho por aí. Quando eles chegaram na escola, Pedro pôs uma venda nos olhos da menina e a levou para a praça, onde pediu-a em casamento. Depois, como nos velhos tempos, foram para a casa da menina dar as boas-novas para a família. O pai dela estava com novidades também, pois ia se casar com uma outra moça, e por isso não implicava mais tanto com Pedro e Isabella. A família gostou muito da notícia, apesar de se preocupar com Isabella, pois ela estava fazendo faculdade, deixaram que os dois seguissem a vida. Então, pessoal, essa é uma história de amor que aconteceu aqui mesmo em Sorocaba, não vou dizer que eles viveram felizes para sempre, que isso aí não existe, não, eles passaram muitas dificuldades no início, e ainda passam, porque não é fácil. Isabella conseguiu se formar, tiveram uma filha com o nome Luiza e um menino com o nome Gustavo, e a Luiza dava muito trabalho, mas eles concordaram em enfrentar, mais uma vez essa juntos.

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Donec Egestas Scelerisque dolor:

Meu pai, meu herói Agosto 1661

Sorocaba

Gabriela Lemos

Olá, sou Joaquina e vim contar uma história para você. Aconteceu faz tempo, no ano de 1661.

bastante

Bom, minha família não era LIGULA SUSPENDISSE NULLA uma das mais ricas, nem uma das RHONCUS TEMPOR mais pobres. Eu era apenas uma garota feliz com saúde e comida. MAECENAS ALIQUAM MAECENAS NOSTRA Não me lembro muito bem de Dolor mauris, vel eu libero cras. Interdum at. como foi, poiselementum era bemest, pequena. Eget habitasse ipsum purus pede porttitor class, ut adipiscing, aliquet sed Meu padrasto, Júlio,libero na auctor, imperdiet arcu per diamodapibus duis. Enim eros in vel, na volutpat Ut enim época trabalhava roça,nec. ganhava unt ut labore et dolore magna aliqua.

pouco, mas o suficiente. Minha Continued on Page 2 mãe, chamada Maria, cuidava de mim e das minhas três irmãs SOCIIS MAURIS IN INTEGER Carolina, Beatriz e Josiane, varria, Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur lavava pratos, adipiscing os elit, set eiusmodcozinhava, tempor inciduntou et labore et dolore magna aliquam. Ut enim unt seja, fazia tudo o que uma dona de ut labore et dolore magna aliqua. Dolor casa faz. Já meu pai, pai de mauris, vel eu libero cras. Interdum at. Ut verdade, conheço e nunca enim ad trenz não ucu hugh ipsum monugor. conheci. Só sabia Continued queon Page ele3 trabalhava de “caçar índios”, mas não A DOLORentendia NETUS NON ALIQUET muitoFELIS bem desse Lorem consectetur adipiscing elit, set eiusmod trabalho, sempre tentava entrar et labore et dolore magna aliquam. Ut enim ad

nesse assunto minha minim veniam, quiscom nostrud exerc. mãe, Dolor mauris, vel cras. Interdum Irure mas elaeu libero sempre tinha at.uma dolor in reprehend incididunt ut labore et desculpa trocar de assunto. E dolore magnade aliqua. Continuedse on Page eu também não sabia ele5 33


Donec Egestasou Scelerisque dolor: nos tinha morrido tinha abandonado mesmo. Sempre ficava brava com minha mãe, pois nunca entendia o problema dela não me contar sobre meu verdadeiro pai. Mas também não podia reclamar muito, porque meu padrasto era super legal comigo.

Sabe, às vezes eu tinha a impressão de que todas minhas irmãs sabiam o que tinha acontecido com meu pai, porque junto com minha mãe, elas sempre desviavam de assunto. Bom, não quero continuar falando sobre minhas tristezas, pois o que passou, passou. Certo dia, houve uma polêmica em meu bairro. Isso nunca era comum na época, pois era um silêncio só, e na verdade o “bairro” que estou falando não era exatamente um bairro, era a cidade toda mesmo, pois naquela época, nada era construído ainda e tudo muito pequeno. A polêmica que estava dizendo, pode parecer muito simples para você, até para mim agora é simples, porém, antes foi um choque. Havia um riozinho perto da minha casa. Certo dia, acordei bem cedo, umas quatro horas da manhã, com um barulho de estourar os ouvidos. Fui ver o que era na janela da sala que dava de frente para o riozinho.

Quando cheguei lá, meu padrasto, minha mãe e minhas irmãs já estavam vendo com uma cara de espanto. Todos abriram um espaço para eu ver. Tinha um monte de pó, tijolo e móveis espalhados pela rua. A rua ainda não era cimentada, era de barro, já era suja com tudo aquilo, então aumentou a sujeira. E era impossível de andar de carroça ou de cavalo por lá. Enquanto víamos o desastre, escutamos alguém bater na porta. Quando meu padrasto foi abrir, viu que era seu amigo, o Douglas. Ele entrou, sentou e começou a nos contar o que era tudo aquilo. Ele estava contando que era uma construção de casas, para mais pessoas morarem ali. Também tinha avisado que não iria ter serviço na roça aquele dia, pois era impossível chegar até lá com a rua interditada. E ainda falou que aquelas pessoas que estavam se mudando tinham mais dinheiro. O Douglas era um cara legal, ele sempre ia à minha casa para jantar aos domingos e levava suas filhas, que tinham a mesma idade que a minha. Quando ele foi embora, a pé mesmo, comecei a pensar o que ele havia dito que os novos vizinhos 34


“tinham mais dinheiro”. Fiqueidolor: triste com Donec Egestas Scelerisque o fato de que talvez as novas pessoas não fossem legais.

caçador de índios. Será que eles são colegas de trabalho? Ficava me perguntando.

Passado um mês, meu padrasto tinha voltado ao trabalho e as casas já haviam sido construídas, para a minha surpresa.

Na manhã seguinte, perguntei para minha mãe o que era um trabalho de “caçar índios”. E ela falou que os bandeirantes caçavam índios para trabalhar nas lavouras.

Certo dia, alguém bateu na porta, achei estranho, pois a única pessoa que nos visitava era o Douglas, mas não poderia ser ele, pois estava na hora de serviço. A Carolina, minha irmã mais velha, atendeu a porta e ficou assustada, pois era um homem desconhecido, chamado “Fernandes”. Ele falou que era nosso novo vizinho, fazia parte do governo e era bandeirante. Explicou também que só foi lá nos visitar para cumprimentarnos. Quando ele foi embora, fiquei pensando: “O que é ser bandeirante?” “Como dá para ser isso?” “Isso ganha bastante dinheiro será?” “Então ele é rico igual o Douglas falou?” “Rico e chato?”. Então, resolvi perguntar para minha mãe o que era ser um “bandeirante”. Ela me explicou que era um trabalho de “caçar índios”. Na hora fiquei paralisada por saber disso, lembra o que eu falei no começo dessa história? Meu pai era um

Não entendia muito bem dessas coisas, então, deixei quieto e fui brincar. Tinha passado uma semana e o vizinho veio de novo conversar com a gente. Ele entrou e contou que tinha pedido para o governador de outra cidade, dar o título de Vila para Sorocaba (título de vila da época é igual cidade hoje em dia). E ele conseguiu o que queria. Ficamos muito felizes com a notícia, pois agora sim nossa VILA se tornaria importante, com mais atenção das nossas necessidades. Não sei por que, mas o Fernandes me deixava feliz, parecia familiar para mim. Bom, diante desse dia, a nossa Vila era bem melhor, porém mais movimentada. Com vizinhos super legais, mas o mais legal era o Fernandes, sempre ia à casa dele e um 35


Donec Egestas Scelerisque dolor:

dia vi um quadro escrito: “Baltazar Fernandes, bandeirante fiel e disciplinado”, e uma medalha do lado. Perguntei a ele se esse tal de Baltazar era seu filho, irmão ou até pai. Ele respondeu que era ele próprio, mas se apresentou como Fernandes para minha família, por motivos pessoais. Não tinha entendido, mas deixei quieto, pois minha mãe sempre falava que não era educado ficar se intrometendo na vida de outras pessoas. Passado um tempo, quando eu já estava mais velha, minha mãe me contou sobre meu pai. Ela não sabia onde ele estava, por isso antes não me contou, mas quando resolveu me contar, era porque já tinha descoberto quando viu na casa do Fernandes o quadro com a medalha. Agora, nesse exato momento, no ano de 1717, eu estou com 61 anos, na casa do meu pai, pai de verdade e fico feliz de poder chamá-lo de Baltazar Fernandes. Você deve estar se perguntando o porquê de ele e minha mãe terem se separado, mas é uma longa história...

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MUDANÇAS DE JOÃO, A PARTIR DE SEU TRABALHO! Giovanna Buffo Colégio Uirapuru

Sorocaba

João chegou a sua casa e disse para sua mãe que a professora de Português havia passado um trabalho muito importante, que interferia no passeio da escola que eles tinham feito. O objetivo desse passeio, que na verdade foi um tour por Sorocaba, era que o aluno tirasse fotos dos centros históricos que havia visitado. Como João não era um aluno muito bom, a professora achou que ele não iria entregar o trabalho ou iria entregar bem mal feito. João foi rever as suas fotos e, de repente, passou por uma foto do Baltazar Fernandes. João achou a foto muito interessante, e logo foi falar para sua mãe que a foto do passeio ele já havia escolhido. — Mãe, olha a foto que eu achei e quero realizar meu trabalho a partir dessa foto!

Estátua Baltazar Fernandes Av. São Paulo Sorocaba

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— Nossa, filho, adorei essa foto, você sabe quem é esse homem em cima desse cavalo? – perguntou a mãe. — Claro que sim! Ele é o bandeirante Baltazar Fernandes, o fundador de Sorocaba!!!! A mãe de João ficou tão orgulhosa de saber que o menino já sabia quem era o homem em cima do cavalo que resolveu subir até o quarto de João e ver quais eram as fotos que o menino havia tirado. Quando ela começou a ver as fotos, ela percebeu que havia outra foto do Baltazar Fernandes. De pronto, ela falou para João: — Filho, por que você não coloca essa foto aqui no seu trabalho também? Afinal, esse também é Baltazar Fernandes. Depois que João e sua mãe conversaram bastante e trocaram várias ideias, João resolveu contar a história do Baltazar Fernandes, porque o trabalho de Português era contar uma história a partir da foto que cada aluno escolhera. João começou o trabalho escrevendo: — No ano de 1654, Baltazar Fernandes fundou a cidade de Sorocaba junto de seus quatro genros castelhanos. Naquele tempo, chamavam os paraguaios de castelhanos. Nesse mesmo ano, Baltazar Fernandez edificou casa à beira do rio Sorocaba e, na colina a capela da Nossa Senhora da Ponte, onde hoje é localizada a Catedral Metropolitana de Sorocaba, na Praça Coronel Fernando Prestes, doada em 1660 com terras, plantações e escravatura indígena, aos beneditinos. Posteriormente, houve a fundação do Mosteiro de São Bento. A atitude positiva de Baltazar Fernandes em relação à Igreja Católica era certamente devido a ele precisar mascarar a sua origem judaica. Baltazar Fernandes, assim como muitos outros bandeirantes, era judeu.

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Baltazar Fernandes também matou com um tiro na cabeça o padre Diogo de Alfaro, enviado pela Inquisição para investigar os “hereges” paulistas. Em 1661, Baltazar Fernandes foi para São Paulo, falar com o governador geral Côrrea de Sá e Benevides. Baltazar queria que Sorocaba deixasse de ser um povoado e virasse uma vila (denominação dada às cidades naquela época). O governador atendeu a seu pedido e, no dia 3 de março de 1661, Sorocaba foi elevada à categoria de Vila. Tornou-se então a Vila de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba. De imediato, Sorocaba ganhou sua Câmara Municipal. Nesse mesmo dia, foram nomeados os principais componentes da Câmara: Juízes: Baltazar Fernandes e André de Zunega; Vereadores: Cláudio Furquim e Paschoal Leite Paes; Procurador: Domingos Garcia, acompanhado do escrivão Francisco Sanches. João desceu correndo as escadarias de sua casa e foi contar para a sua mãe, que estava esperando-o descer, que ele havia acabado o trabalho. Sua mãe ficou muito orgulhosa novamente de ver que Joãozinho, aquele menininho tão pequenino, já havia crescido, já era um menino independente, claro, em relação às tarefas, e já tinha 13 anos. Como a tarefa era para o dia 19/06/2013, João ainda tinha que levar o trabalho para imprimir, porque a professora queria que o trabalho fosse entregue impresso para ela... João e sua mãe foram ler tudo o que o garoto havia escrito e sua mãe disse que ela achava que estava correto. No dia seguinte, João acordou disposto para escola, trocou-se rapidinho, ajudou a sua mãe a pôr e tirar a mesa do café, subiu para escovar os dentes, desceu novamente, pegou a sua mochila e foi para

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escola. Chegando na escola a primeira aula que João tem na terça-feira é Português, todo entusiasmado, foi avisar a professora que ele tinha acabado o trabalho e também aproveitou e perguntou se ele já poderia entregá-lo.... A professora de Português ficou tão contente porque João havia mudado o seu jeito e feito um trabalho maravilhoso.... Os amigos de João começaram a colocar defeitos no trabalho de João. João começou a cada vez ficar mais nervoso com a situação. Como João nunca foi um menino estudioso, os alunos que já haviam terminado o trabalho, que na maioria eram nerds, começaram a falar que o trabalho de João estava totalmente errado, porque os trabalhos dos colegas nerds estavam diferentes do de João. Isso acabou gerando uma confusão que a professora de Português teve que tomar providências. Naquele momento, João estava chorando porque para ele o trabalho dele era o melhor, mas para seus colegas era o pior. Depois que João se acalmou e conversou com a professora, ela quis falar com a classe a respeito do que estava acontecendo. Ela disse apenas uma frase que marcou muito todos os alunos que haviam tirado sarro do João: — As pessoas mudam no decorrer dos anos, e essa mudança ocorreu agora na vida de João, ele deixou de ser um menininho que só pensava em brincar e passou a um menino estudioso... a história do João ficou bem melhor do que 90% das histórias que eu já recebi até agora, então eu acho melhor todos vocês cuidaram cada um de sua vida e fazer melhor todos os trabalhos que eu mandar a partir de agora...

FIM... 40


Donec Egestas Scelerisque dolor:

O TROPEIRO E A SOROCABANA Outubro 2013

Texto: Maria Júlia de Freitas Vantroba

Foto: Maria Carolina Silveira Franco

Em um tempo não muito distante, havia homens chamados de tropeiros que viviam pelo Brasil em busca de venda e troca de mercadorias. Pelo fato de serem só os homens, se sentiam sozinhos ao longo de suas viagens, sem suas companheiras. Um grupo de tropeiros que passaram por Sorocaba encontraram mulheres que estavam dispostas a ajudar em comércios, em troca apenas de mantimentos. Os homens, que além da falta de mulheres, queriam mais trabalhadores em suas feiras, aceitaram. Na primeira semana de trabalho, eles ensinavam com cada detalhe como deveriam fazer e não fazer, como teriam que se vestir, para que os outros homens comprassem seus mantimentos, como deveriam receber os compradores, entre outras exigências.

Maria Júlia de Freitas Vantroba 8º ano B

Foto tirada por Maria Carolina Silveira Franco

No primeiro mês, elas já estavam dominando no trabalho, vendendo 70% a mais do que quando os homens vendiam sozinhos. Porém, no primeiro mês, também ocorreu o primeiro beijo de um casal, o tropeiro e a sorocabana. Aconteceu de uma forma especial. 41


Estavam em uma praça de onde os tropeiros partiam, conversando sobre os amores passados. Donec Egestas Scelerisque dolor: Valentine e João Carreiro se olharam de uma forma em que seus olhos brilharam quando disseram da pessoa que amavam. Diante daquele segundo, os dois perceberam semelhança no olhar e logo o sino da igreja tocou e os dois deram um beijo. E assim foi durante dois meses, até que eles discutiram por ciúmes de Valentine. Apareceu uma nova mulher, Jussara, que estava disposta a ajudar em serviços comerciais, iguais ao que Valentine e suas amigas faziam. Carreiro aceitou sua ajuda, pois trabalhavam por gosto e mantimentos e não por dinheiro, e com isso, Valentine ficou furiosa por ter que dividir seu grande amor. Foram três semanas horríveis tanto para Valentine quanto para Carreiro, os dois se amavam, mas estavam separados por Jussara, a pior das inimigas, pois apareceu com o objetivo de ajudar, mas para Jussara ela queria apenas o João Carreiro. Logo após três semanas de separação, Valentine e Jussara conversaram a respeito de João Carreiro e chegaram a uma conclusão, o grande amor seria Valentine e Jussara apenas uma amiga para ela e uma trabalhadora para Carreiro. Carreiro aceitou e assim continuou como era pra ser, o grande amor e a trabalhadora. Os três se davam muito bem e foi isso o que fez o grupo de tropeiros de João Carreiro vender mais de 80% do que vendiam e também fez com que a cidade de Sorocaba recebesse mais imigrações por terem bons recursos. Com esse fato de receber mais imigrações, João Carreiro recebeu a permissão de permanecer

mais dois meses em Sorocaba e ganhou um cavalo que nomeou de Galopeiro. Os três, o homem, a mulher e o cavalo, viveram juntos em dois meses o que poderiam viver em uma vida inteira, cheia de carinho, amor, beijos, risadas. João Carreiro, Valentine, Jussara, os outros tropeiros e as mulheres foram para Sorocaba uma salvação, pois fizeram ganhar imigrantes que a cidade não ganhava há anos, fizeram também a sociedade machista acreditar que as mulheres podem trabalhar igual aos homens. Então, depois de todas essas missões serem cumpridas, chegou a hora dos tropeiros partirem para o próximo destino. Levaram apenas três dias para arrumarem tudo. Na hora de escolherem de onde iriam partir, Carreiro decidiu que seria o lugar mais especial para ele, onde deu seu primeiro beijo em Valentine e ganhou o companheiro para todas as horas, Galopeiro. Valentine, muito triste e desanimada por não poder ir junto ao seu amado para os próximos destinos, teria que deixar Carreiro partir. O tropeiro e a sorocabana se despediram, Galopeiro e Valentine também e assim foi o homem com seu cavalo, prometendo à sua amada Valentine que um dia ainda voltaria para buscá-la. Após um tempo, onde foi o primeiro beijo de João Carreiro e Valentine, ou seja, de onde ele partiu, Sorocaba recebeu um monumento de um homem que foi o escolhido para representar todos da mesma área e trabalho que o dele, os tropeiros, não somente para Sorocaba, mas para o Brasil inteiro, sendo assim João Carreiro o escolhido por ter um monumento em homenagem aos tropeiros. 42


O Bandeirante do Tempo

Donec Egestas Scelerisque dolor:

Victor Hoefling Padula

Alberto Fernandes era um arqueólogo nascido na cidade de Sorocaba, no interior do estado de São Paulo. Alberto sempre fora fascinado pela história de sua cidade natal e o envolvimento dessa história com sua família. Alberto estava em busca de um livro escrito por um de seus descendentes, Baltazar Fernandes. O arqueólogo suspeitava de que o livro que ele procurava era uma autobiografia perdida de Baltazar, que poderia ser encontrada embaixo da estátua de Baltazar Fernandes, localizada no centro de Sorocaba. Um dia, Beto, como também era conhecido, decidiu cavar embaixo da estátua à procura do livro. Então, com a autorização da prefeitura da cidade, Alberto começou a cavar. Após muito tempo cavando, ele achou uma caixa, dentro dela estava o tal livro, cuja capa estava em perfeito estado, nessa capa estava escrito: “O bandeirante do tempo”. Quando Alberto chegou em sua casa, não se conteve e começou a ler... “Se você está lendo esse livro, provavelmente saiba quem eu sou, caso não saiba, meu nome é Diogo Fernandes, sou um inventor do século XXII, e eu simplesmente vou contar uma parte da história de Sorocaba nunca escrita em nenhum livro além deste”.

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Alberto, aoScelerisque ler aquilo quase morreu de decepção. O trabalho de sua vida Donec Egestas dolor: não passava de um livro narrativo, que não tinha sido escrito por Baltazar Fernandes, e provavelmente era um conto de fadas, pois nem passamos da metade do século XXI, Alberto, após essa experiência desistiu da vida de arqueólogo e foi virar professor. Por 40 anos ninguém tocou ou soube do livro que ele encontrou, até que Alberto, que estava bem velhinho, decidiu ler o livro por fins de diversão... “... Nossa história começa na cidade de Sorocaba em 2113, quando eu, Diogo Fernandes, acabei tornando realidade os projetos da minha mais nova invenção, uma Máquina do Tempo. Eu pretendia voltar no tempo até o século XVII para obter os registros históricos de Sorocaba nessa época. Em 2025 todos os registros históricos da cidade foram digitalizados e salvos em um computador que ficava na prefeitura, mas em 2062, um vereador, que estava vendo um jogo do Brasil na Copa do Mundo, jogou a xícara de café para o alto quando a seleção marcou um gol, e acabou acertando e quebrando o computador. Chega de conversa e vamos à nossa história. Após uma longa viagem em um túnel cheio de luzes coloridas, minha viagem no tempo tinha se completado. Após ter desmaiado, fui acordado por um sujeito que disse que seu nome era André de Zunega, mas poderia chamá-lo de capitão André, depois ele disse: — Senhor, qual é seu nome? Como eu não queria atrapalhar o tempo e espaço, dei a ele um nome adequado para a época. — Baltazar Fernandes. — Baltazar, se é que posso chamá-lo assim, está tudo bem com o senhor? Você estava deitado no chão completamente imóvel. — Eu fui expulso de minha casa, estava com muita fome e acabei desmaiando, onde estou?

The Collector, 1234 Main Street, Any Town, State ZIP www.apple.com/iwork

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123-456-7890

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— OEgestas senhor está na serra Donec Scelerisque dolor:

de Araçoiaba, gostaria de ir jantar em minha

casa? — Sim, se não for incomodar. Quando cheguei ao endereço combinado, a família de André estava pronta para me receber, sua mulher e ele estavam parados na porta da casa e puxaram conversa: — Baltazar, por que usas roupas tão estranhas? — perguntou a mulher de André — Eu tenho umas antigas do André, se quiser usá-las pode usar. Se o senhor quiser, pode se estabelecer por aqui, qualquer coisa para ajudar um sujeito que perdeu sua casa e dinheiro. — Nossa, muito obrigado por tudo, e eu uso essas roupas que eu mesmo fiz, e pelo que parece, não levo muito jeito. Após muitas mentiras que eu contei, eles começaram a falar um pouco sobre a região acabei percebendo que Sorocaba não existia! Mas ela já deveria ter sido construída muito tempo atrás, isso ou meu bisavô que era arqueólogo e me contava histórias de Sorocaba mentiu para mim. Ele nunca lembrava o nome do fundador, então se o fundador não era importante na história da cidade, não teria problema eu dar uma forcinha pra ele, decidi então que iria incentivar André a ser o fundador da cidade. No dia seguinte, acordei André para participar de uma bandeira, que era uma viagem longa que era feita para procurar escravos indígenas e ouro. Só que eu iria levar-lhe onde estava a futura Sorocaba, não procurar ouro ou muito menos escravizar indígenas. Mas para mim, um imprevisto ocorreu, encontramos cinco indígenas caminhando na floresta, desarmados. Então, André disse: — Vamos capturá-los, se eles recuarem, matamos um. Eu estava morrendo de medo, pois era totalmente contra a escravidão, mas tinha que ser feito. Caso contrário, André poderia perceber que não era do mundo dele, e eu alteraria todo o espaço-tempo.

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Donec Egestas Scelerisque dolor: André pulou em cima de um índio, que se recusou a ir com ele. Então, ele o matou com uma espadada no peito. Os outros, para não terem o mesmo destino, foram conosco.

Ao chegar ao local, que é a futura cidade de Sorocaba, comecei a incentivar André: — Nossa, que terra linda! Eu poderia muito bem construir uma vila aqui. — É verdade. O solo é bem plano, o que é bom para criação de gado e agricultura. Acho que irei construir uma casa pra você aqui, Baltazar. E depois de ter discutido muito com ele, ele me convenceu a construir tal vila com os escravos que nós achamos e escravos que ele já tinha. Então, construí minha casa e um mosteiro, nomeei-o como Mosteiro de São Bento, comecei uma pequena fazenda e me casei. Minha esposa morreu dois anos depois de ter meu filho com ela, mas isso despertou uma vontade dentro de mim, fiquei tanto tempo no passado que esqueci meu próprio tempo. Então, comecei a viajar várias vezes no tempo e me tornei um bandeirante do tempo, navegando, explorando, guerreando e comecei a fazer o que um bandeirante fazia dentro da história. Explorar. Explorei história e escrevi vários livros como este, que estão espalhados por monumentos históricos pelo mundo.” Alberto terminou de ler e se encheu de esperança, desistiu de viver uma vida monótona, e voltou a ser arqueólogo. Foi viajar em busca de outros livros perdidos de seu bisneto “Baltazar” Fernandes, o Bandeirante do Tempo.

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123-456-7890

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Anexo

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)

POR: Ana Julia Marietto

CATEDRAL

FONTE: GOOGLE MAPS

Catedral Metropolitana de Sorocaba

Praรงa Coronel Fernando Prestes, Sorocaba - Sรฃo Paulo


POR: ARTHUR CAMIS

MOSTEIRO DE SÃO BENTO

FONTE: GOOGLE MAPS

Baltazar Fernandes

LOCALIZAÇÃO DO MOSTEIRO DE SÃO BENTO


Por: Bruno Fernandez Scatuzzi

PRAÇA DO CANHÃO

Praça Dr. Artur Fajardo, conhecida como Praça do Canhão

Rua XV de Novembro, s/n

Trajeto do Colégio Uirapuru à Praça do Canhão


POR: DANIEL PRECIADO ESPITIA

CATEDRAL

FONTE: GOOGLE MAPS

Monumento localizado na praรงa Cel. Fernando Prestes

Praรงa Cel. Fernando Prestes, Centro - Sorocaba CENTRO DE SOROCABA)


POR: Guilherme Goes

PRAÇA DO CANHÃO

FONTE: GOOGLE MAPS

Praça do Canhão

Localizada no centro de Sorocaba, no cruzamento das ruas Souza Pereira e XV de Novembro


de FIGUEIREDO SOFIA DE FIGUEIREDO GALANTE

POR: Letícia Santana Rodrigues e Sofia de Figueiredo Galante

CATEDRAL

Catedral do Centro de Sorocaba, localizada na Praça Coronel Fernando Prestes

Praça Coronel Fernando Prestes, Centro Sorocaba, SP, Brasil

Trajeto do Colégio Uirapuru à Catedral


POR: Lucas Roberto

MOSTEIRO DE SÃO BENTO

FONTE: GOOGLE MAPS

Estátua de Baltazar Fernandes - Mosteiro de São Bento, em Sorocaba

Mosteiro de São Bento - Largo São Bento - Centro, Sorocaba - São Paulo


POR: Mateus Seiffert Mattos

PRAÇA DO CANHÃO

Praça Dr. Artur Farjado, conhecida como Praça do Canhão

Praça Dr. Artur Farjado

Trajeto do Colégio Uirapuru à Praça do Canhão


POR: Murilo Crisp

MONUMENTO AO TROPEIRO

FONTE: GOOGLE MAPS

Monumento ao Tropeiro

Localização: Av. São Paulo e Rua Pedro José Senger


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https://maps.google.com.br/maps?h

FONTE: GOOGLE MAPS

POR: Patrick Esben Lerdrup Olsen

MONUMENTO AO TROPEIRO

Monumento ao Tropeiro

Avenida São Paulo e Rua Pedro José Senger


Pedro Otテ。vio Passos Rapace

MOSTEIRO DE Sテグ BENTO

FONTE: GOOGLE MAPS

Estテ。tua de Baltazar Fernandes

Largo de Sテ」o Bento, Centro de Sorocaba - SP


POR: Pedro Pamplona

MOSTEIRO DE SÃO BENTO

Baltazar Fernandes

Largo do São Bento – Sorocaba – São Paulo

Trajeto do Colégio Uirapuru ao Largo do São Bento


POR: Victor Hugo Pumarino

CATEDRAL

FONTE: GOOGLE MAPS

Catedral de Sorocaba

Localização da Catedral, em Sorocaba - SP



Créditos Coordenadora Geral: Maura Maria Morais de Oliveira Bolfer Coordenadora do 8º ano: Flávia Juliana Frasseto Siqueira de Proença Professora de Português: Patrícia Souza da Silva Professor de Geografia: Rafael Bochini Professora de História: Ana Luiza Marques Bastos Edição e finalização: Equipe de Tecnologia Educacional Geografia Alunos do 8º ano: Amanda Serra Lopes, Ana Laura Camargo, Beatriz Cairo Duarte, Beatriz Pinho Ortiz, Bruno Fernando de Jesus Melaré, Caio Fabregat Morelli, Caio Nader Almeida, Celso Henrique Alcalai Diniz, David Furtado Cavalcante Vecina, Diego Lopes Ponce, Felipe Pessato Hungria, Felipe Tanaka Leite, Flávia Lenz Bannitz Guimarães, Gabriel Macedo Montano, Giulia Diniz de Melo, Gustavo de Campos Barros, Gustavo Ribas Sanches Dias, Julia Prinz Sorger, Juliana Paes de Oliveira Chriguer, Júlia Loretti Britto Silva, Leonardo Coelho Ruas, Lorenzo Casana Agelune, Luciano Aguiar Vettorazzo, Luiza Nestori Chiozzotto, Lívia Mathilde Ruiz Cruz, Maria Júlia Militão Bernardes, Murilo Henrique Pedrão Ferreira, Victor Monteiro Guazzelli, Gabriel Rodrigues Rego, Ana Carolina Muñoz Blaitt, Ana Julia Buso Piccinalli Marietto, Arthur Brito Oliveira Camis, Bruno Fernandez Scatuzzi, Bruno Lomonaco Cabral, Daniel Preciado Espitia, Eduardo Magalhães Oliveira, Gabriela Lemos Monteiro, Gabriela Rampim de Freitas Dias, Giovanna Buffo, Guilherme Comparotto Moreira Goes, Hugo Machado Chaves, Isabela Ferreira Viliotti, Laura Moraes Scaranci Fernandes, Letícia Santana Rodrigues, Lucas Monteiro Guazzelli, Lucas Roberto dos Santos, Luís Felipe Akio Amamura, Maria Atalla Belloti, Maria Carolina Silveira Franco, Maria Júlia de Freitas Vantroba, Mateus Seiffert Mattos, Murilo Oséas Crisp, Patrick Esben Lerdrup Olsen, Pedro Pamplona, Pedro Otávio Passos Rapace, Sofia de Figueiredo Galante, Victor Hoefling Padula, Victor Hugo Pumarino, Allana Friedrich, Ana Carolina Silva Mariano, Ana Clara Mendes Prado, Artur de Mattos Anacleto, Camila Isabela Gimenes Seleguim, Dominyk Zampier Vieira de Souza, Eduardo Ancona Mateus, Felipe Roberto Trinco da Silva, Filipe Valente Faria, Frederico Simões Strangis Cumino, Giovana Tidei de Marco, Guilherme de Almeida do Carmo, Gustavo Franco Pinto Carriel Antonio, Gustavo Peres Pereira Hildebrand Garcia, Hana Lukic Mrgan, Isabella Cristina Bisca Escanhoela, José Rodrigues Leite Neto, Júlia Beltran Fanti, Lara Diana Miguel, Leo Boa Sorte Gonzales, Lígia Andrade Ribeiro, Marina Souza Pinto Camanho, Matheus Florio, Pedro Ernesto Provasi Bazzo, Rafael Augusto Alcalai Diniz, Rafael Ferreira Bruzon, Thiago Coelho Guastini, Victor Gabriel Bassan Battaglini, Victória Fernandes Ranchin.




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