ANO 31 - Nº 139
R$ 18,00
Aviação Naval Brasileira Presente e futuro
Entrevista com o diretor-geral de Material da Marinha
an 0 :7 BA CO
Promovendo o desenvolvimento tecnológico e a capacitação
os
Marinha do Brasil
Paulo Maia Brasil, potência econômica emergente, no momento, não tem nenhuma ameaça formalmente definida. Entretanto, o seu crescimento e a disputa de espaços e mercados, além da posse de importantes reservas hídricas e de petróleo e gás natural podem, no futuro, causar choques com interesses antagônicos. Por isso é necessário prover a nação de uma capacidade de defesa crível e estruturada, quando possível com sistemas produzidos localmente. Como já é de conhecimento, a Estratégia Nacional de Defesa (END) em suas diretrizes enfatiza a necessidade de as Forças Armadas terem capacidade de dissuadir a concentração de forças hostis nas fronteiras terrestres e marítimas brasileiras e de impedir-lhes o uso do espaço aéreo nacional. Mas adiante esclarece que para dissuadir, é preciso estar preparado para combater. Em consonância com a END cada uma das Forças Singulares preparou seus Planos de Articulação e Equipamento, no caso da Marinha do Brasil (MB), o PAEMB, que inclui projetos relativos a equipamentos, articulação com a indústria e recursos humanos em curto, médio e longo prazos.
ThyssenKrupp
O PAEMB estabelece quais são os meios precisos para constituição de um Poder Naval compatível com as necessidades atuais e futuras sempre considerando a importância do País no cenário mundial e as responsabilidades constitucionais da instituição. Apesar da importância desses documentos e o rigor técnico utilizado pelos especialistas na elaboração dos planos
de cada Força que, implementados, contribuiriam para o fortalecimento da Base Industrial de Defesa (BID) nacional, o fato é que não existem garantias que mesmo parcialmente o planejamento previsto seja realizado, notadamente em função de condicionantes político-econômicas. O Comando-em-Chefe da Esquadra da MB tem como responsabilidade proteger uma área marítima de aproximadamente 4,5 milhões de km² que concentra em seu subsolo um grande volume de petróleo e gás, com destaque para as regiões do pré-sal, e por onde se realiza mais de 95% das atividades de importação e exportação, através de linhas de comunicação marítima que se estendem por todos os oceanos do planeta. Para cumprir com essa missão este comando conta hoje com apenas 13 navios de escolta, que são a corveta Barroso, seis fragatas da Classe Niterói, três fragatas da Classe Greenhalgh, e três corvetas da Classe Inhaúma, o que significa um navio para cada 346.000 km² (área equivalente ao Estado de Goiás). Vale lembrar que sempre existem unidades indisponíveis, em períodos programados de manutenção. A corveta Frontin, incorporada à Esquadra em março de 1994, foi transferida em setembro para a Reserva do Serviço Ativo da Armada, por força dos contingenciamentos orçamentários, e a história da MB tem mostrado que navios que passam a esta condição nunca mais retornam a atividade, sendo geralmente canibalizados para fornecerem sobressalentes. Na verdade, são registros que demonstram o grau de prioridade que o Governo Federal confere ao Poder Naval nacional.
Classe Meko 600 Tripulação: Deslocamento: Comprimento: Boca: Propulsão: Velocidade máxima: Alcance: Sensores: Armamento: Aeronaves:
Fragata Sachsen, base do projeto da Classe Meko 600
190 militares. 5.800 toneladas . 143 metros. 17,4 metros. 2 motores diesel e 1 uma turbina a gás. 29 nós. 6.000 milhas náuticas/ 15 nós. radares de busca, de varredura eletrônica e de busca e guiagem dos mísseis antiaéreos e sonar. Canhões; metralhadores; mísseis antinavio; mísseis de defesa antiaérea; e torpedos. Dois helicópteros NH90 e VANTs. TECNOLOGIA & DEFESA 21
Modernização dos AF-1
Nariz do AF-1C 1022 sendo preparado para receber o radar Elta 2032 Os caças, quando chegam à Embraer, são desmontados e submetidos a rigorosa inspeção, com um trabalho minucioso e profundo de revitalização das células. Para a instalação de alguns equipamentos foram necessárias certas mudanças estruturais para sua melhor adequação, mas sempre mantendo o centro de gravidade da aeronave, não alterando as características de voo. O primeiro protótipo da versão biplace (AF-1C), será o 1022, que já está sendo preparado para receber os novos aviônicos e sensores. Por possuir dois cockpits, verifica-se diferenças no sistema de refrigeração dos sensores no nariz. Vai efetuar os mesmos ensaios feitos pelo AF-1B ainda este ano e, uma vez aprovado, será a vez do 1023 (AF-1C) ser montado e entregue.
INCREMENTOS O radar escolhido para equipar os AF-1B/C é o IAI ELTA - 2032. Por ser multifunção, com alcance
AF-1 no hangar onde ocorre a modernização
estimado de 120 km no modo ar-ar, ele permite variados tipos de missões como interceptação com mísseis ar-ar de curto alcance ou BVR (Beyond Visual Range - além do alcance visual). O acréscimo de 160 kg no nariz vai agregar capacidades que permitirão aos pilotos enxergar mais longe e utilizar os novos recursos como o gerenciamento tático. No modo marítimo, em missões de ataque naval, o alcance estimado de 250 milhas possibilita a identificação de alvos, determinação de distâncias e o lançamento de mísseis com segurança. O radar também pode ser usado em ataque ao solo, utilizando armas inteligentes. Atualmente, a Marinha possui os mísseis AIM-9H Sidewinder recebidos quando da aquisição dos 23 caças junto ao Kuwait, porém está estudando qual será o novo míssil a ser utilizado nos AF-1B/C. O escolhido poderá
# Revisão Geral das Aeronaves (PMGA) # Revisão Geral dos Motores (em Israel) # Novo radar (Elta 2032) # Novo HUD (Head-Up-Display) # Dois displays táticos 5”x7”, Color Multi-Function Display (CMFD) # HOTAS (Hand-On-Throttle and Stick) # Computador principal que executará todos os cálculos de navegação e balísticos para o emprego dos armamentos # Novo sistema de geração de energia, com a substituição dos atuais geradores e conversores # Sistema OBOGS (On Board Oxygen Generation System), que gerará o oxigênio proveniente da atmosfera para os tripulantes, sem a necessidade de abastecimento das atuais garrafas # Novos rádios Rohde & Schwarz M3AR, de comunalidade com os da Força Aérea, para realizar, automaticamente, comunicação criptografada e transmissão de dados via datalink # Instalação do Radar Warning Receiver (RWR) # Instalação do terceiro rádio VHF capaz de transmitir dados via datalink enquanto permanece com a escuta dos órgãos ATC (Air Traffic Controler) # Revitalização do piloto automático, integração do radar altímetro e do TACAN # Sistema inercial (EGI) de última geração # Integração dos instrumentos do motor e estações de briefing e debriefing, possibilitando melhores condições de preparar a missão, garantindo um maior aproveitamento, economia de utilização dos aviônicos, melhor disposição das informações geradas em voo para treinamento das equipagens e avaliação das missões
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André Olive
CiaOpEst, que constitui o Grupo Especial de Retomada e Resgate (GERR), primariamente envolvida nas missões descritas por seu próprio nome. Tal estrutura permite a organização, por tarefas específicas, de “grupamentos operativos” e “destacamentos” para cumprir qualquer missão de interesse da Marinha, dentro do contexto das Operações Especiais, devendo ser ressaltado que a atuação do “Tonelero” se dá, predominantemente, em ações terrestres, enquanto que missões em ambiente aquático são responsabilidade primária do Grupamento de Mergulhadores de Combate (GruMeC), da Marinha do Brasil (MB). Durante muitos anos, os caçadores do Corpo de Fuzileiros Navais estiveram equipados com o fuzil britânico Parker-Hale M85, uma arma de repetição com ação manual no ferrolho e alimentada por carregador tipo cofre, destacável, com capacidade para dez cartuchos calibre 7,62x51mm. Pesando, com luneta, 5,7 kg, possui cano flutuante de 623mm e comprimento total de 1.150mm, sendo seu corpo feito em material sintético em caracte-
rística cor verde. A luneta usada hoje é uma Leopold Mark 4, norte-americana, com retículo Mil Dot iluminado, embora alguns exemplares ainda estejam com a original Schmidt & Bender 6x42, fabricada na Alemanha. Apesar das reconhecidas qualidades da arma, as quase duas décadas de uso constante começaram a cobrar seu preço, levando a MB a estudar o mercado internacional em busca de uma substituta não somente à altura, mas, também, com características superiores. De qualquer maneira, o M85 permanece em uso nas funções de instrução e formação de novos caçadores.
O ÚLTIMO RECURSO A escolha da nova arma incidiu no Ultima Ratio, fabricado na França pela empresa PGM Précision, encontrando-se este fuzil em uso por unidades especiais de mais de dez nações e já amplamente empregado em combate, como no Afeganistão, Bósnia e Iraque. Seu nome vem de um termo original em latim, Ultima Ratio Regis (O Último Recurso dos Reis), que era gravado
nos canhões do rei francês Luís XIV e que acabou se tornando o slogan da artilharia. Em calibre 7,62x51mm e alimentado por carregador destacável de 10 tiros, é de repetição por ação manual no ferrolho, cujo trancamento na caixa da culatra é feito por três engranzadores. O gatilho é do tipo com dois estágios de pressão progressiva (1-1,8 kg), podendo ser ajustado para valores à escolha do operador. Seu cano básico, totalmente flutuante, tem 550mm de comprimento (quatro raias, passo de 1:12 polegadas), pesa 6,3 kg, possui sulcos longitudinais de resfriamento na área próxima à câmara e um eficiente freio de boca. Uma importante característica do Ultima Ratio é a facilidade com que permite a troca de canos para, por exemplo, uma unidade com supressor de ruído integral (7,1 kg de peso e 400mm de comprimento) para uso com munição subsônica. O simples afrouxamento, com chave hexagonal Allen, de 5mm, de quatro parafusos existentes no lado direito da caixa da culatra permite a remoção do cano e a colocação do outro, tarefa que não chega a demorar um minuto. AtenteTECNOLOGIA & DEFESA 63
| MARINHA DO BRASIL |
“Tecnologia própria é
independência” Sob esse lema trabalha um dos mais representativos centros de excelência do País, o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) Ivan Plavetz
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Sierra Nevada
Boeing
No desenho acima, o Dream Chaser, da Sierra Nevada Corporation, projeto que, ao final, não foi selecionado pela NASA. Abaixo, uma arte demonstrando a aproximação da CST-100 para acoplagem na ISS de desenvolvimento tecnológico e inovação, o Commercial Crew Program foi estruturado em fases (Commercial Crew Development - CCDev), com a seleção pela NASA de propostas enviadas pelas indústrias, e consequente disponibilização de recursos para desenvolvimentos iniciais. Em agosto de 2012, na terceira fase do processo de seleção (CCDev-3), a NASA selecionou três iniciativas, distribuindo mais de US$ 1 bilhão em recursos para a continuidade dos desenvolvimentos: o veículo Dream Chaser, da Sierra Nevada Corporation, a cápsula Dragon lançada a bordo do foguete Falcon 9, ambos da SpaceX, e o CST-100 associado ao lançador Atlas V, proposto pela Boeing. No último mês de setembro, uma nova etapa foi iniciada, com a seleção dos projetos da Boeing e da SpaceX, que a partir de 2017 passarão a ofe-
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| VEĂ?CULOS |
Conhecendo as garras do
Lince
T&D esteve no complexo da CNH/IVECO para conhecer de perto o LMV, concorrente do programa VTBM-LR Paulo Roberto Bastos Jr. / Roberto Caiafa
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