Revista T&D nº 142

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ANO 32 - NÂş 142

Entrevista com o Comandante do ExĂŠrcito Brasileiro

R$ 18,00


EB

| ENTREVISTA |

Uma nova Força Terrestre para o Exército de sempre O comandante do Exército fala à T&D 10 TECNOLOGIA & DEFESA

este início de novo ciclo de governo no Brasil, até agora lamentavelmente conturbado, as Forças Armadas também renovaram seus comandos e, pelo que vêm demonstrando, ainda que – e mais uma vez - duramente afetadas pela complicada situação econômica do País, continuam a sinalizar para a sociedade como se fossem o farol de uma ilha de serenidade e vigilância, certamente atentas aos interesses maiores da Nação. É evidente que, como os demais setores da vida nacional, essas instituições estão a cultivar um grau de preocupação muito grande em função das medidas e ajustes que estarão sendo implementados para, segundo o Poder Central, reencontrar o equilíbrio, o crescimento e a prosperidade. E nem poderia ser diferente. Desde o advento da Estratégia Nacional de Defesa e seus documentos complementares, a partir de 2008, uma série enorme de estudos e planejamentos foi posta em prática visando conferir à estrutura militar nacional um perfil de modernidade e de adequação à estatura que o Brasil vem ganhando no cenário mundial. As crises passam e os programas elaborados na área de defesa podem, sem dúvidas, contribuir para a superação mais rápida de tempos sombrios como os vividos hoje em dia. Esta, por sinal, é uma questão ligada intrinsecamente às características específicas das Forças Armadas e seus instrumentos de trabalho, na atualidade, extremamente dependentes de uma tecnologia em constante evolução, um fato que pode colocar em risco o que já foi feito e se está tentando fazer, em função de atrasos ou adiamentos ditados pela insuficiência ou inexistência de recursos. Guiados pelos dogmas de “Hierarquia e Disciplina”, pilares da caserna, os militares resignadamente acatam mais essa dose de sacrifício, o que não significa que estão de acordo, principalmente pelas consequências funestas a que podem ser submetidos os projetos em andamento e aqueles que precisam ser iniciados. Serão anos de pendências que resultarão em desatualização, perda de conhecimento e mão-de-obra altamente especializada, entre outras. Isso, ironicamente, envolve um segmento da indústria nacional que em 2014 respondeu por 3,7% do Produto Interno Bruto, o PIB. Para conversar sobre esses e outros assuntos pertinentes à Força Terrestre, o general-de-exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, atual comandante do Exército, concedeu a entrevista a seguir para este número de Tecnologia & Defesa. É natural do Rio Grande do


Sul (Cruz Alta) e oriundo da Arma de Infantaria. Ingressou no Exército em 1967 através da Escola Preparatória de Cadetes, de Campinas (SP), e dentre os inúmeros e destacados cargos que ocupou estão o de chefe da Assessoria Especial de Gestão de Projetos do Estado-Maior e vice-chefe do Estado-Maior do Exército. Em 2011 foi promovido ao mais alto posto da ativa, tendo exercido o comando do Comando Militar da Amazônia. Ao ser indicado para a função atual era o comandante do Comando de Operações Terrestres (COTER). Considerado uma referência entre seus pares e por aqueles que o conhecem pessoalmente, mesmo que de modo algo superficial, o general Villas Bôas, que também se caracteriza pelo bom senso, franqueza e firmeza de propósitos, secundado por um AltoComando não menos conceituado e de reconhecida competência, é a figura do líder capaz de avançar com segurança por caminhos tortuosos contribuindo para levar ao lugar onde é preciso chegar esta instituição tão cara a todos os brasileiros, o seu Exército. Tecnologia & Defesa - O Exército, evidentemente, evolui seu pensamento e suas doutrinas. Diante das novas formas de conflitos que vêm sendo registradas pelo mundo, como os chamados de Quarta Geração, com diversos tipos de atores, ou com o emprego de equipamentos outros, e não armamentos, como a Força Terrestre brasileira se prepara, dentro daquilo que chama de Transformação”? General-de-Exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas - O Exército Brasileiro, acompanhando a evolução dos conflitos mundiais e alinhado com o pensamento do Ministério da Defesa, vem evoluindo também a sua doutrina, um dos vetores de transformação da Força Terrestre. As chamadas guerras ou conflitos híbridos, cujo entendimento ainda não é universalizado, incluem ações no mar, no ar, em terra, no espaço, no espectro eletromagnético e no ciberespaço. Podem envolver, de forma simultânea, táticas e armas convencionais de guerra, táticas irregulares, guerra cibernética, terrorismo e atitude criminosa comum no espectro do Teatro de Operações. A atuação nesse contexto enseja grande flexibilidade e obtenção de um repertório de capacidades específicas das Forças Armadas, particularmente da Força Terrestre, inclusive por ser a que possui maior contato com a população. Dessa forma, o próprio Teatro de Operações assume proporções multi-

dimensionais, abandonando a noção apenas física, passando a incorporar as dimensões humana, situacional e informacional, dentre outras, tornando mais difícil a sua compreensão e o gerenciamento das ações militares. Outro aspecto importante desse cenário é a inserção em proporções significativas do componente civil no âmbito das ações, seja por intermédio das agências governamentais, seja pela participação da sociedade como fator fundamental influenciando as decisões das autoridades militares. Neste sentido, o Exército Brasileiro concebeu o seu novo Conceito Operativo, enfatizando a abrangência das ações necessárias para sobrepujar os desafios da condução de operações que proporcionem os resultados desejados pela Nação. Para isso, a Força Terrestre norteia-se por capacidades que lhe permitam conduzir operações militares no amplo espectro dos conflitos, considerando a sua evolução desde a paz estável, passando por situações de crise e até um eventual conflito bélico. Significa dizer que o Exército Brasileiro está preparado para ser empregado em operações de guerra e de não-guerra, atuando em defesa dos interesses da sociedade, em conjunto com as demais Forças Armadas ou de forma singular, num ambiente interagências, utilizando-se de táticas, técnicas e equipamentos adequados às demandas dos conflitos modernos. T&D - Em consonância com a Estratégia Nacional de Defesa (END) e visando preparar o Exército para essas novas realidades do século 21, a Força Terrestre colocou em prática os Programas Estratégicos do Exército (PEE), indutores dessa transformação. Entretanto, em função da atual conjuntura econômica, bastante adversa, quais são as consequências para esses programas, e como a Força está se adequando para levá-los adiante num ambiente de crise? General Villas Bôas - Ao passo em que assistimos a uma acelerada evolução tecnológica em todas as partes do planeta, o combate moderno nos impõe novos desafios. Esse combate envolve novos sistemas de armas, cada vez mais

sofisticados e letais, sendo a fluidez e a iniciativa das operações características marcantes no campo de batalha. O domínio dos vetores aéreo e antiaéreo são condições fundamentais para se obter a necessária liberdade de manobra. Os meios eletrônicos, capazes de monitorar e interferir no espaço eletromagnético, consistem em um valioso multiplicador do poder de combate. Nesse contexto e alinhados com a Estratégia Nacional de Defesa (END), os sete Projetos Estratégicos do Exército (PEE) tornaram-se verdadeiros indutores do processo de transformação por que passa a nossa instituição. Uma Força Armada tem necessidade constante de modernização e atualização dos meios de que dispõe para cumprir as missões que a Nação lhe confia. Não pode, pois, descurar da responsabilidade da prontidão, da busca da eficiência nem da inquietude do aprimoramento profissional de seus quadros. É com tal entendimento que o Exército Brasileiro (EB) percebe a necessidade de modernizar seus equipamentos e sistemas, agregando-lhes as mais recentes inovações tecnológicas. Sendo assim, é dever do EB substituir materiais obsoletos e os que já ultrapassaram seu ciclo de vida útil, assim como planejar e adquirir materiais e equipamentos modernos que possam impactar no resultado de uma eventual situação de conflito. Sobre os efeitos da atual conjuntura econômica e seus reflexos nos PEE, observa-se a possibilidade de impactarem diretamente nos planejamentos, particularmente, por eles terem sido realizados num cenário diferente do atual. Entretanto, ressalta-se que todo planejamento está sujeito a mudanças e, caso seja necessário, os gestores deverão implementá-las da melhor maneira. É o que já está ocorrendo com os PEE, fruto da redução de recursos, com o replanejamento e adequação das metas estipuladas. As alterações no orçamento balizarão os gestores a realizarem ajustes no tempo previsto para o desenvolvimento e conclusão dos projetos. Os mesmos objetivarão reequilibrar a equação envolvendo escopo, tempo, qualidade e custo, e garantir a continuidade e melhor execução dos nossos Projetos Estratégicos.

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Voando sobre o

Monte Castello m frente aos hangares de Rimini-Miramare os dois A-129 Mangusta CBT do 48ª Esquadrão de Helicópteros de Combate estavam sendo abastecidos e armados pelos mecânicos e especialistas. Perto, um NH-90, do 3º Regimento de Helicópteros de Operações Especiais, e que recém havia chegado de Viterbo, preparava-se novamente para decolar. O som dos rotores postos em marcha e a movimentação dos militares na linha de voo dava a ideia de que uma operação militar estava em vias de acontecer. Além do comandante da unidade, que pilotava a aeronave de transporte, estava o coronel Massimo Meola, piloto de Piaggio 180, e do suboficial Gabriele Rigon, há 35 anos piloto de CH-47 Chinook, e que divide seu tempo entre os campos de batalha e as passarelas de Milão, já que é um dos mais famosos e requisitados fotógrafos de moda da Itália. 38 TECNOLOGIA & DEFESA

Esta “operação militar” havia sido idealizada semanas antes por este jornalista. O que no primeiro momento pareceu impossível de realizar, afinal, seriam necessárias aeronaves de combate e de operações especiais, várias horas de voo, autorizações, uma missão de reconhecimento aéreo no local e uma profunda coordenação entre todos os envolvidos, junto a muitos recursos financeiros, é claro. Tudo para atender a um civil brasileiro. Da mesma forma que Julio Cesar, a sorte foi lançada e ela veio apenas um dia antes, quando parecia que não daria certo. Mas deu, e foi depois de uma reunião de coordenação com o general comandante da Aviação do Exército Italiano e de todas as unidades envolvidas, e em meio à correria dos preparativos finais da Italian Blade, o grande exercício da aviação de asas-rotativas da OTAN na Europa. Tal decisão aconteceu após o general dizer que os


Fotos: Agusta Westland

italianos são muito gratos pelos sacrifícios feitos pelos soldados brasileiros na “liberação da Itália”, como eles chamam aquele período da Segunda Guerra Mundial. Logo após a decolagem seguimos nosso voo em direção ao objetivo, inicialmente a 1.500 pés, passando sobre importantes cidades italianas. Nos bordos da aeronave podíamos observar à distância os dois Mangusta que faziam nossa escolta e se comunicavam conosco o tempo todo. Eles voam mais baixo e parecia que esquadrinhavam o solo em busca de hipotéticas ameaças, como se estivessem numa zona de guerra, pois aeronaves militares não decolam para voar rota mas para cumprir missões operacionais mesmo que elas sejam simuladas. O visual era magnífico e podia-se ver a beleza do interior da Itália com seus mosteiros, igrejas, cidades muradas, fortalezas e dezenas de pequenas vilas medievais. Passados cerca de 30 minutos o relevo começou a mudar e as montanhas tomaram o lugar dos morros. Estávamos atravessando a cordilheira dos Apeninos e alcançado aquela que no transcurso da Campanha da Itália era a Linha Gótica, uma das últimas grandes defesas alemãs. Estávamos próximos do nosso destino. Reduzimos o nível de voo e também a velocidade, quando logo depois o piloto disse que estávamos chegando, autorizou a abertura da porta lateral e a aeronave começou a pairar. Estávamos voando sobre o Monte Castello, cenário da mais importante batalha travada pelos soldados brasileiros durante a Segunda Guerra Mundial. Abaixo, os dois Mangusta fizeram evoluções coordenadas e realizaram manobras táticas conduzindo o apoio aéreo aproximado, simulando ataques de precisão com mísseis Tow contra casamatas no cume do Monte. Com seus sistemas eletro-ópticos e canhões giratórios identificavam e neutralizavam os ninhos de metralhadora, onde estavam as temíveis “lurdinhas” que tantas baixas ocasionaram nas fileiras brasileiras. Tal ação durou apenas alguns minutos e terminou com um lançamento simulado de foguetes, num desfecho que simbolizou a importância que teve o fogo de barragem da Artilharia Divisionária para sua tomada. Assim seria a tomada do Monte Castello 70 anos depois. Quando pensei que a missão havia terminado, veio uma grande surpresa. Os dois A-129 Mangusta CBT ficaram um

ao lado do outro e desceram ao pé do Monte Castello, onde fizeram voo pairado sobre o Monumento ai Caduti Brasiliani. Como se estivessem em silêncio, os dois helicópteros guarneceram por vários minutos o monumento que homenageia os integrantes da Força Expedicionária Brasileira que ali caíram em combate. Do seu modo os helicópteros da Aviação do Exército Italiano prestavam sua continência àqueles bravos soldados desconhecidos, oriundos do longínquo Brasil e que deram suas vidas lutando pela liberdade do povo italiano. Foi simplesmente emocionante e de arrepiar.... A oportunidade de voar sobre o Monte Castello tal qual fizeram os corajosos pilotos da Esquadrilha de Ligação e Observação, a ELO, foi um momento muito especial, principalmente por se fazer isso quando se comemoram os 70 anos dessa gloriosa batalha. Quando a porta do helicóptero foi fechada e seguimos em direção a Bolonha e fui para meu assento, onde permaneci por longos momentos em silêncio refletindo o acontecido. Meus olhos se encheram de lágrimas e o coronel Meola percebeu isso, e com um olhar emotivo de italiano saiu do seu assento para me abraçar, pois aqueles que passaram por guerras sabem reconhecer tais emoções e, principalmente, sabem honrar os sacrifícios que tantos outros guerreiros anônimos fizeram por eles. (KDK)

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| TECNOLOGIA |

Simulação

Militar Santa Maria na vanguarda Roberto Caiafa

simulação militar tem como foco o adestramento para o combate ligado ao preparo do homem para enfrentar um ambiente operacional que se assemelhe ao de uma possível guerra, e os modernos Exércitos, equipados com material sofisticado, perceberam que os campos de instrução tradicionais tornaram-se cada vez mais exíguos, longínquos e sujeitos a questões de preservação ambiental conflitantes com a realização de exercícios. Nesse cenário, sobram poucas raias adequadas para o tiro real, sobrecarregando a capacidade de desdobramento de grandes unidades, já bastante limitada por uma série de fatores externos à instrução como questões orçamentárias refletidas nos custos de munições, combustíveis, alimentação, atrito e desgaste de material, etc. Como resultado, o adestramento pleno da tropa para enfrentar as imposições do combate moderno fica prejudicado. A utilização de dispositivos de simulação de modo sistematizado visa à redução desses e outros custos e, principalmente, o desenvolvimento da capacidade operacional do Exército Brasileiro nos diferentes teatros de emprego encontrados no extenso território nacional e recriados na simulação integrada. 18 TECNOLOGIA & DEFESA

MODALIDADES A simulação integrada, coordenada pelo Comando de Operações Terrestres (COTER), é dividida em três modalidades: a construtiva, a virtual e a viva. As duas primeiras estão em andamento no Centro de Instrução de Blindados (ver T&D 141), e no Centro de Adestramento e Simulação de Posto Comando (CAS/PC). Trata-se de uma ferramenta amplamente utilizada pelas Forças Armadas de países desenvolvidos. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), por exemplo, usa sistemas de simulação integrada para a preparação final e certificação dos combatentes das nações integrantes, visando os enfrentamentos dos atuais conflitos internacionais nos mais variados cenários, sempre buscando uma concepção de amplo espectro. A simulação viva é o grau mais avançado de verificação do adestramento e certificação. É desenvolvida em ambiente real, no terreno, e, neste caso, acontece no Campo de Instrução Barão de São Borja (Saicã), na Guarnição de Rosário do Sul (RS). Busca o enfrentamento da tropa avaliada e de uma Força Oponente (ForOp) capaz e devidamente preparada para criar as dificuldades reais como as deparadas


Fotos do autor

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|ESPECIAL ITÁLIA I |

A-129 Mangusta

Na moderna arena de combate, um helicóptero italiano bom de briga

T&D foi à Itália conhecer as operações do Mangusta, um dos mais poderosos helicópteros de ataque da atualidade

Kaiser David Konrad, enviado especial à Itália 30 TECNOLOGIA & DEFESA


Fotos: Agusta Westland/ ExĂŠrcito Italiano

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|ESPECIAL ITÁLIA I I|

Tecnologia & Defesa foi conhecer a mais importante unidade de combate da Aeronautica Militare e a primeira linha de defesa aérea no Mediterrâneo Kaiser David Konrad, enviado especial à Itália 64 TECNOLOGIA & DEFESA


Scramble

Fotos do autor

Alerta de Defesa Aérea

Os Eurofighter Typhoon italianos em ação

A Base Aérea de Grosseto está localizada na região da Toscana, às margens do mar Mediterrâneo, e estrategicamente posicionada no centro da “bota italiana”. Ela é a casa do 4º Stormo Caccia e dos seus 9º e 20º Gruppo, sendo a principal ala aérea de combate da Força Aérea. Devido à sua proximidade geográfica, dentre outras responsabilidades, possui o “sagrado privilégio” de garantir a segurança do espaço aéreo sobre Roma e a Cidade do Vaticano. Criado em 1931 e equipado inicialmente com o Fiat C.R. 20 foi empregado nos territórios da África Oriental Italiana e teve seu batismo de fogo na Guerra Civil Espanhola. Durante a Segunda Guerra Mundial participou de diversas campanhas tendo operado nas colônias e em missões de escolta de bombardeiros até Malta. Durante TECNOLOGIA & DEFESA 65


| EXERCÍCIO |

SUBEX-REF

2015:

Fuzileiros Navais aprimoram capacidade operativa Ronaldo Olive

entro do atual cenário mundial, não são mais esperadas gigantescas operações militares de desembarque anfíbio como aquelas presenciadas na Segunda Guerra Mundial e imortalizadas por incontáveis e épicas produções cinematográficas. Por outro lado, ocasionais projeções em terra, de eficazes forças de combate vindas do mar, para atuar em situações bem específicas e localizadas continuam devidamente consagradas e recebem a correspondente atenção dos planejadores militares. Nas respectivas escalas de grandeza, os diversos países que contam com tropas e meios especializados para tal precisam manter-se em dia com os sofisticados processos envolvidos neste tipo de ação e, constantemente, aprimorarem sua capacidade operativa. No Brasil, o Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) tem feito exatamente isso ao longo dos anos através de numerosos exercícios de adestramento, um dos quais, o SUBEX-REF 2015, foi realizado no final do mês de junho último na região de Itaóca, no litoral sul do Estado do Espírito Santo. No 82 TECNOLOGIA & DEFESA

caso específico da recente manobra, foi dada ênfase às ações de apoio ao combate, atividades quase nunca aparentes a um olhar externo, mas sempre indispensáveis ao sucesso de uma operação. No CFN, esta responsabilidade está, basicamente, nas mãos do Comando da Tropa de Reforço (TrRef), sediada na Base de Fuzileiros Navais da Ilha das Flores, município de São Gonçalo (RJ). A base fornece o necessário apoio de administração de pessoal, saúde, transporte, segurança e todos os demais serviços que possibilitem o devido aprestamento dos meios ali aquartelados, o Batalhão de Viaturas Anfíbias (BtlVtrAnf), a Companhia de Apoio ao Desembarque (CiaApDbq), a Companhia de Polícia (CiaPol) e a Unidade Médica Expedicionária da Marinha (UMEM). A TrRef está diretamente subordinada ao Comando da Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE), a área eminente operativa dos combatentes anfíbios da Marinha do Brasil. Além das unidades localizadas na Ilha das Flores, também tem sob sua jurisdição o Batalhão Logístico


Fotos do autor

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