Livro Stuart

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1. PREFÁCIO Quando visitei o Museu de Blindados de Bovington, no sul da Inglaterra, na década de 1980, fui recebido pelo seu diretor. Ele fez questão de me acompanhar pessoalmente mostrando vários blindados recuperados e funcionais, que se moviam por meios próprios, desde os primeiros construídos antes da Primeira Guerra Mundial, a até alguns mais recentes como o T-62 russo. Em um lugar especial estava um blindado Cascavel, da Engesa, com uma bandeira do Brasil solenemente pendurada nas tesouras do teto do galpão. A partir de então, tive, pela primeira vez, a sensação que a indústria de defesa do Brasil começava a incomodar os mais tradicionais fabricantes mundiais. O diretor disse que eles tinham recuperado alguns motores do M3 Stuart que funcionavam perfeitamente, mas que apesar deste carro de combate ser tão importante para os ingleses pela sua atuação nas campanhas do Norte da África na Segunda Guerra Mundial, o museu não havia conseguido nenhum exemplar para colocar em seu acervo. Ele me pediu para verificar a possibilidade de o Exército Brasileiro ceder um exemplar para tanto. No retorno ao Brasil, numa visita ao Quartel-General do Exército, em Brasília, levei ao Departamento do Material Bélico (DMB) uma carta que deu início à doação de um M3 àquele museu. Hoje, temos a satisfação de ver o M3 Stuart em Bovington com a pintura do Exército Brasileiro e com a matrícula EB11–209. Meu primeiro contato com os M3 começou com meu ingresso na Bernardini, em 1976, para a introdução de potentes sistemas de informação, que hoje seu celular, com certeza, é pelo menos 2000 vezes melhor e maior; claro, não em tamanho. Sob meu ponto de vista, o M3 pareceu inicialmente um ser jurássico, digno de museus, com sua estrutura toda rebitada, e equipado com motores radiais refrigerados a ar, parecidos com os aeronáuticos anteriores à era dos jatos, cuja condução era feita por meio de alavancas diretas sobre os mecanismos. Com o tempo fui gostando daquele admirável pequeno blindado e reconheço que foi uma escola em tempo integral para os desenvolvimentos feitos no Brasil posteriormente, e que escola! Os autores deste livro, engenheiro Reginaldo Bacchi, que conheço há muitos anos, o minucioso Hélio Higuchi e o engenheiro e pesquisador especializado Paulo Roberto Bastos Jr., trabalharam intensamente na busca de informações da trajetória dos M3 no Brasil. Entrevistaram inúmeras pessoas, militares e civis, que tiveram contato com os veículos, enfrentando enormes dificuldades de obtenção de dados fidedignos, porque os M3 e seus derivados brasileiros X1, foram parte de um tempo onde muito pouco se documentava e se formalizava em contratos, programas, desejos, normas ou qualquer documentação escrita.

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