Política............................ 26 Ala “hippie” do MinC pesquisa universo digital
Áudio.................................... 32 Aprosom vai à luta na questão dos direitos autorais
Equipamentos...... 36 As ofertas nacionais em luz e maquinária
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ano13nº139junho2004
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editorial Nesta edição de TELA VIVA você acompanha as principais discussões do V Fórum Brasil de Programação e Produção, que promovemos em maio último. Na pauta, o desenvolvimento da indústria nacional do audiovisual. andrémermelstein O governo tem à frente uma missão hercúlea. Afinal, os interesses de cada andre@telaviva.com.br parte da cadeia de produção e distribuição parecem irreconciliáveis entre si. E o mais grave, parece que ainda falta muito entendimento entre todos. Os produtores demandam um espaço na TV aberta que nunca tiveram. Mas se esquecem às vezes que a TV aberta não é só a Globo. O universo do broadcast é formado por centenas de emissoras, muitas vezes empresas de médio porte, para quem expressões como “produção independente” ou “Lei Jandira” soam alienígenas. Para quem freqüentemente a solução para a crise na receita publicitária vem sendo o simples aluguel de espaço na grade, sem maiores preocupações com o conteúdo, muitas vezes em uma política comercial que acaba por predar o próprio mercado em que atuam. Além disso, há questões não menos importantes, como a ampliação do crescimento do cinema, com o cuidado de fortalecer a distribuição nacional; a precariedade da infra-estrutura, que sofre com a pesada carga tributária sobre as importações e equipamentos e dificuldades alfandegárias; e questões de direitos autorais e nacionalização de publicidade estrangeira, para ficar em alguns dos citados no evento. O Ministério da Cultura, mais que em outros momentos da história, está aparelhado e com vontade política de promover uma reforma. Resta saber se o “timing” será aquele que a sociedade demanda, ou se veremos mais um sem-fim de debates e tramitações até que alguma coisa de fato aconteça.
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Acompanhe aqui as notícias que foram destaque no último mês no noticiário online Tela Viva News. Mudanças nas . agências A comissão especial que analisa o proje to que altera o funcionamento das agên cias reguladoras realizou no dia 25 de maio uma audiência pública para ouvir os diretores presidentes da Ancine, ANS (Agência Nacional de Saúde Suplemen tar) e Anvisa (Agência Nacional de Vigi lância Sanitária). O presidente da Ancine, Gustavo Dahl, começou sua fala justificando a impor tância da existência da agência de cine ma, afirmando que o cinema encontrase no “terreno psicossocial” e se trata de um bem de consumo intangível. Especificamente em relação ao proje to de lei, Dahl enumerou três questões que na sua opinião, podem ser aperfei çoadas: contrato de gestão; ouvidoria e; dificuldade operacional pelo fato da agência ter apenas quatro diretores (o projeto de lei suprime o voto de Miner va do diretor/presidente das agências, podendo gerar empates no caso da Ancine). Sobre o contrato de gestão, Dahl lembra que a agência já obedece a uma série de controles públicos em sua atividade, pois precisa prestar contas ao Tribunal de Con tas da União, à Controladoria Geral da União e ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Além disso, na opi nião da Dahl, o contrato de gestão pode causar tensões entre as agências e seus ministérios. A opinião não foi compartilha da pelos presidentes da ANS, Fausto Perei ra dos Santos, e Anvisa, Cláudio Peçanha. Eles afirmaram que já trabalham com con trato de gestão e que isto se mostrou um mecanismo eficiente. Por fim, em relação à criação de uma ouvidoria, Dahl também mostrou-se preocupado com a redação do projeto de lei das agências reguladoras. Na sua opinião, o fato do ouvidor ser indicado pelo Poder Executivo e não ter vincu
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lação hierárquica com a agência pode gerar conflitos. Os dirigentes da ANS e Anvisa disseram que a experiência do tra balho do ouvidor tem sido muito positiva em suas agências. Em relação ao problema de recursos huma nos enfrentados pelas agências regulado ras brasileiras, Gustavo Dahl disse que a Ancine está desde dezembro de 2003 ten tando realizar contratação temporária de colaboradores e que o concurso público deve levar até um ano para ser concluído. Também falou-se a respeito do fato da sede de algumas agências não ficar em Bra sília. Gustavo Dahl, da Ancine, defendeu a permanência da agência no Rio de Janeiro, uma vez que é lá “onde o cinema brasileiro existe há mais de 100 anos”.
Definições no SBTVD Na segunda reunião do Comitê de Desen volvimento do Sistema Brasileiro de Televi são Digital - SBTVD, que aconteceu no dia 6 de maio, o ministro Eunício Oliveira anun ciou que o Ministério das Comunicações já encaminhou ao Ministério do Planejamen to a solicitação de liberação de verbas e recursos do Funttel para as pesquisas do SBTVD. Segundo a assessoria de comuni cação do Minicom, o Comitê já definiu os papéis do CPqD e da Finep (Financiado ra de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia) no processo de defi nição do SBTVD. A Finep, como entidade de apoio técnico, deverá apoiar e subsidiar as ações do Grupo Gestor, ficando respon sável, juntamente com o Grupo Gestor, pela seleção e decisão sobre as propostas para a contratação de convênios e a liberação dos recursos para as instituições convenia das. O CPqD fica como integrador dos pro jetos que comporão o Sistema de TV Digital e acumula também a função de apoiar o Grupo Gestor, realizando o acompanha mento técnico e elaboração dos pareceres sobre os testes resultados dos trabalhos. No dia 20, em cerimônia de posse dos mem bros do conselho consultivo do SBTVD, o
ministro Eunício de Oliveira disse que um dos objetivos do Sistema é “estimular a evolução das atuais exploradoras de serviço de televi são analógica, bem como o ingresso de novas empresas”. Durante a cerimônia, também foi lançado o edital de licitação para a qualificação de instituições interessadas em receber apoio financeiro para pesquisa na área de TV digital.
BNDES aguarda . senadores O presidente do BNDES, Carlos Lessa, afir mou no início de junho que “a bola agora está com o Senado”, sobre o projeto para ajudar as empresas de comunicação em difi culdades financeiras. A proposta apresentada pelo BNDES, pelo menos no que se refere às dívidas, é bem mais modesta do que se che gou a comentar. Segundo a proposta por escrito apresentada aos senadores, serão R$ 2 bilhões “para a indústria de comunicação como um todo”, mais R$ 500 milhões especí ficos para a compra de papel nacional. Não haverá ajuda especial para investimentos, como pediam alguns grupos. Em outros momentos, o BNDES chegou a falar em uma ajuda de R$ 4 bilhões. O docu mento com os detalhes da proposta foi apre sentado no dia 1º de junho aos senadores da Comissão de Educação. Pelos termos colocados no documento, o apoio do BNDES trabalha em três linhas: para inves timentos; para reestruturação de dívidas e; para compra de papel. A oferta mais específica feita pelo BNDES às empresas de mídia diz respeito ao problema do refinanciamento das dívidas. O banco dese nhou uma linha especial para financiamento de dívidas de curto prazo apenas. Serão sempre operações indiretas, ou seja, por meio de agen tes repassadores, para que “as empresas da indústria de comunicações tenham independên cia dos órgãos do governo”. Será exigido ainda pelo banco a apresentação de um programa amplo e detalhado de renegociação dos débi
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tos das empresas que comprove a “efetiva redução do montante total da dívida e/ou o alongamento médio das dívidas”. No tocante a investimentos, o banco sinaliza com seus mecanismos de apoio tradicionais. Segundo o BNDES, não é necessária a criação de um programa espe cífico para esse tipo de apoio (a investimen tos) à indústria de comunicações, já que o BNDES tem mecanismos que podem ser usados pelas empresas.
Recorde na Lei . Rouanet O valor captado através da Lei Rouanet em 2003 bateu seu recorde, porém os investi mentos através do mesmo incentivo para o setor audiovisual caiu. Os números foram apresentados pelo Ministério da Cultura e pela Ancine. Apesar de ainda ser tímida a divisão do bolo de incentivos culturais pelas regiões brasileiras, os resultados de 2003 já permitem que o ministério possa comemorar uma mudança de atitude dos financiadores. De acordo com Sérgio Xavier, secretário de fomento à cultura do MinC, foi captado em 2003 através dos incentivos previstos na Lei Rouanet o valor recorde de R$ 414,6 milhões (o recorde anterior foi obtido em 2000: R$ 344,7 milhões). Além do aumento da captação nacional, o MinC identificou em 2003, em relação ao período 99/02, um cres cimento de 660% (R$ 6,4 milhões) para a Região Norte; 11% (R$ 17,9 milhões) para a Região Centro Oeste; 72% (R$ 28,2 milhões) para o Nordeste; e 47% (R$ 41,7 milhões) para a Região Sul. Os dados foram apresentados aos deputados da Comissão de Educação e Cultura da Câma ra durante audiência pública para discutir a lei de incentivo à cultura, no dia 20 de maio. Em comunicado à imprensa, a Ancine divulgou no dia 21 de maio dados sobre a captação de recursos para a área audiovisual pela Lei Rouanet. Segundo relatório da agência, o volume de recur sos captados em projetos acompanha dos pela Ancine foi crescente em 2001 e 2002, mas caiu em 2003. Segundo a Anci ne, foram investidos em 2000 no audiovi
sual através da Lei Rouanet R$ 12,679 milhões; R$ 26,2 milhões em 2001; R$ 23,95 milhões em 2002; e R$ 18,179 milhões em 2003.
Outro projeto de . regionalização . chega à Câmara A Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara aprovou no dia 26 de maio um requeri mento de autoria do deputado Nelson Proença (PPS/RS) para realizar uma audiência pública para debater o proje to de lei 7.075/2002, do Senado Federal, que trata da regionalização da programa ção das emissoras de radiodifusão. Com a aprovação do PL 256/91, da deputada Jandira Feghali (PC do B/RJ), a Comissão pediu à Mesa Diretora da Câmara o apen samento do projeto do Senado ao da deputada. Como não houve resposta, o projeto retornou à Comissão e o deputa do Nelson Proença foi designado relator. Justamente por isso, o deputado solicitou a audiência pública. Devem ser convida dos: Raul Costa Júnior, da RBS; Flávio Cavalcanti Júnior, do SBT; Paulo Macha do de Carvalho Neto, da Abert; Giba Assis Brasil, produtor independente e; Cacá Diegues, cineasta. A pedido do deputa do João Batista (PFL/SP), também serão convidados representantes da Abratel, Band e Record e a pedido do deputado André Zacarow (PDT/PR) foi incluído o convite à Fundação Joaquim Nabuco. A data da audiência não foi marcada.
Receita da Globopar cresceu em 2003 A Globopar divulgou o seu balanço financeiro referente ao ano de 2003. Os números, apesar de antigos, mostram alguns resultados do esforço do grupo Globo após a concordata, em outubro de 2002. O mais relevante foi o cresci mento das receitas do grupo e do EBITDA das diferentes empresas. O prejuízo tam bém se reverteu, resultado de um saldo cambial favorável em 2003. A dívida do grupo, entretanto, segue elevada e em
processo de reestruturação. A comparação entre os anos de 2002 e 2003, contudo, é difí cil porque mudaram os critérios de alocação dos resultados das diferentes empresas. Os auditores contratados pela Globopar (Ernst & Young) seguem bastante cautelosos em sua avaliação sobre a viabilidade financeira da companhia. Basicamente, os resultados da Globopar conso lidados trazem os números da TV Globo, Net Serviços (proporcional), Sky (proporcional), Globosat, canais Telecine e USA (proporcio nal), Globo.com, Editora Globo e gráfica, além da própria holding. Em 2003, a Globopar teve receita líquida consolidada de R$ 4,123 bilhões, contra R$ 3,665 bilhões em 2002. O EBITDA consolida do foi de R$ 720 milhões em 2003, contra R$ 24,9 milhões negativos em 2002. O resul tado líquido consolidado da Globopar foi de R$ 47,5 milhões em 2003, contra uma perda líquida total de mais de R$ 5 bilhões em 2002. A diferença acentuada nos números se deve à variação cambial e novos critérios para alocação dos resultados das empresas, mas também à melhora na situação financei ra das diferentes companhias consolidadas no balanço, sobretudo as empresas de TV paga. A dívida total garantida por Globopar e TV Globo é de US$ 1,4 bilhão. Somando-se ainda a participação proporcional do grupo nas dívidas das demais empresas e os juros devidos, o total do endividamento vai a US$ 1,927 bilhão. A Globopar fechou 2003 com R$ 388,2 milhões em caixa. A TV Globo segue como a principal fonte de receita do grupo Globo, respondendo por cerca de 70% dos resultados. A receita líquida da TV em 2003 foi de R$ 2,976 milhões (já desconta das comissões de agência), o que significa um crescimento de 19,6% em relação a 2002. O EBITDA da TV Globo em 2003 foi de R$ 336,3 milhões. Apesar do aumento de receita, o resultado líquido foi de R$ 120,8 milhões, contra R$ 220,2 milhões em 2002. A diferen ça se deve ao aumento de vários custos, sobretudo custos de produção e direitos. É interessante notar que a TV Globo, em 2003, celebrou uma série de permutas com alguns bancos. Estas permutas permitiram a conver são de algumas dívidas em horários de exi bição de publicidade. O uso desse espaço publicitário está programado para 2004.
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Sem modéstia Chega ao mercado a Inutilia Truncat, produtora de computação gráfica em 3D criada a partir da união de profissionais com mais de dez anos de experiência no mercado. Os sócios Luiz Felippe Cavalcanti (foto), responsável pela criação; Pedro Paulo Gasparini (novos negócios); e Paola Gaspa rini (foto) que responde pelo atendimento, garan tiram um começo nada modesto para sua opera ção, assinando os efeitos especiais em 3D do longa metragem “Viva Voz” (em cartaz) e os cenários vir tuais da abertura da novela do SBT “Seus Olhos”, entre outros. Em publicidade, trabalharam para os comerciais de Kuat, Speed, Kimberly-Kotex, Dano ne e Tic-Tac. O nome da produtora foi inspirado na expressão “carpe diem et inutilia truncat”, do latim viva intensa mente seu dia e acabe com as futilidades.
Cinema em Goiás O Instituto de Cultura e Meio-Ambiente (Icumam), do cineas ta João Batista de Andrade, está promovendo o projeto Cine ma Popular, que tem por objetivo levar o cinema a cidades que não têm salas de exibição. A intenção é a de democrati zar a exibição cinematográfica, divulgar a produção nacional e formar público. Nos meses de maio e junho, o projeto leva o filme “Narradores de Javé”, da diretora Eliane Caffé, a várias cidades de Goiás, onde está a sede do Icumam. A programa ção está no site www.icumam.com.br
Eliana na telona Foi apresentado no início de junho, em São Paulo, o elenco do longa-metragem “Eliana em O Segredo dos Golfinhos”, co-produção da TeleImage com a Canal Azul. A apresentadora infantil Eliana e os ato res começam a gravar no dia 15 de junho na Riviera Maya, no México. Estão no elenco do filme Daniel Del Sarto (na foto com Eliana), que faz par român tico com a apresentadora Eliana, Fulvio Stefanini, Angela Dip, Fernanda Sousa e Roney Facchini, além dos atores mirins Thomas e João Paulo.
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Flame extra A produtora especializada em filmes de efeitos e computação gráfica Digital 21 investiu cerca de US$ 600 mil na compra de um Flame High Definition, da Discreet. A produtora já contava com um Flame. Com a nova aquisição, está apta a atuar em qualquer tipo de captação em alta definição. Além do Flame, a Digital 21 também comprou novas licenças do sistema 3D Softima ge XSI e a última versão do sistema de composição Combustion. Além disso, a empresa anunciou mudanças em sua estrutura, passan do a contar agora com quatro núcleos: motion design, CGI, composition e atendimento. Pela nova estrutura, o núcleo de motion design será respon sável pela criação de tipologia anima da, comunicação visual, desenvolvi mento estético e artístico. Já o CGI será o núcleo de 3D, para animação, modelagem e textura. O composition deve reunir as criações dos outros núcleos, mais as facilidades dos equi pamentos para composição. O núcleo de atendimento será totalmente volta do para acompanhamento de todos os processos dentro de cada trabalho. Para tanto, a produtora incrementou a equipe de profissionais, contratan do André Waller (ex-EstudiosMega) e Vivien Harris Carelli (ex-Central Globo de Produção). Waller será responsável pela coordenação do núcleo composi tion e Vivien atuará como artista de Flame. Os demais núcleos serão coor denados por Sérgio Cicinelli (motion design), Américo Catão (CGI) e Rober ta Tilkian (atendimento).
Fotos: Divulgação; Rodrigo Dionisio/Divulgação (Eliana e Daniel Del Sarto) e José Henrique Boca/Divulgação (Coberta da Alma)
Che na mídia
A trilha do documentário
A agência de publicida de Overcom criou para o Student Travel Bureu (STB) comercial inspira do no longa-metragem “Diários de Motocicle ta”, de Walter Salles. Produzido pela Casanova Filmes, o comercial foi exibido em salas de cinema de Porto Alegre na primeira semana de exibição do filme. À meia-luz, o público estranhava o fato de a sala ainda não estar totalmente escura no momento em que uma imagem um pouco envelhecida, com trilha adequa da para o cinema, mostrava um texto em inglês - e legendado em português - que falava sobre o jovem que mudou a própria vida e a de milhares de pessoas após cruzar a América Latina de moto e que, na volta, “transformou-se” no legendário “Che” Guevara. No final, a surpresa: o que parecia ser o começo do filme de Walter Salles era, na realidade, um comercial de oportunidade para a agência de viagens STB. A abordagem final do comercial não poderia ser outra: “Viu? Você sempre volta diferente de uma viagem”. A criação, na Overcom, ficou por conta de Keigiro Ueno (que também é diretor de criação), Fabrício Vieira e Daniel Lemos. O atendimento é de Max Rathke e o áudio da Deff Reclame. A direção do comercial é de Gustavo Brandau e Márcio Leite.
O documentário “Coberta da Alma”, dirigido por Hique Montanari e vencedor no Rio Grande do Sul do concurso nacional Doc.TV, do Ministério da Cultura, ganhou um refor ço do barulho. Trata-se do músico, compositor e arranjador Geraldo Flach, que fará a trilha sonora do filme de uma hora de duração. Flach será responsável pela música-tema e pelos arranjos sonoros que marcarão a produção. O documentário retrata uma prática cultural gaúcha pra ticamente desconhecida no país: o ritual chamado “Cober ta da Alma”. De origem açoria na, consiste em escolher um amigo ou parente próximo de uma pessoa falecida para que ele use uma roupa nova, pre senteada pela família, durante a missa de sétimo dia. A partir daí, o “depositário da Coberta da Alma” pode passar a ter vínculos afetivos mais estrei tos com a família, muitas vezes passando até a ser cha mado pelo nome do morto. Além disso, muitas vezes é o próprio falecido quem escolhe com antecipação a roupa póstuma e quem a receberá. As gravações, encerradas em abril, aconteceram no município de Osório e envolve ram mais de 60 figurantes da comunidade local.
De malas prontas Para animar o mercado publicitário carioca, o Clube de Criação do Rio de Janeiro e as empresas Mauro Risch Fotografia Digital, Proview Produ ções, Studio Alfa e Zuêra Produções realizaram uma promoção que sorteou dez passagens para o Festival de Can nes. De janeiro a maio, os clientes dessas empresas receberam cupons promocionais de acordo com os ser viços adquiridos. E no dia 31 de maio, foi realizada uma festa para cerca de 200 convidados e o sorteio. Em clima de alegria, os organizadores anunciaram um próximo sorteio, em setembro. Agora serão dez pacotes de viagem para Fernando de Noronha.
A 30 mãos Os produtores da Mostra Internacional de Cinema, Leon Cakoff e Renata de Almeida, estão investindo em um projeto inovador. Para não deixar passar em brancas nuvens a vinda de tantos diretores importantes para a Mostra, o casal decidiu convidar 15 diretores para criar um longa-metragem. A grande estrela do filme - intitula do “Bem-vindo a São Paulo - Welcome to São Paulo” é a própria cidade, e a receptividade da idéia pelos diretores foi grande. Entre os diretores, estão Phillip Noyce, Jim McBride, Hanna Elias e Maria de Medeiros. Os diretores captaram as imagens que mais chamaram sua atenção na cidade, em câmeras digitais. Todos eles tiveram liberdade para captar o que lhes conviesse, na dura ção que preferissem.
Sotaque paulista no Rio A Sentimental Filme está investindo no mercado do Rio de Janeiro. A produtora paulistana contratou uma agente que representará a empresa naquela praça: a publicitária Daniela Conde. A produtora comemora dois anos de atua ção o que, segundo o sócio da produtora Marcos Araújo, torna o momento propício: “estamos completando 2 anos de atuação e nos sentimos muito maduros para atuar fora de São Paulo”.
Concorrência controlada
Produto para exportação
A FW Comunicação e Marketing, em parceria com a Vértice Tecnologia, lança uma novidade que oferece aos seus assi nantes monitoramento on-line das grades de programação das emissoras e cruzamento des ses dados. A ferramenta, intitulada Controle da Concorrência trabalha identificando, quan tificando e auditando as aparições publicitá rias e de merchandising na mídia televisiva, fornecendo a cada minuto a seus assinantes relatórios via Internet. Os assinantes podem ainda assistir aos principais comerciais em seu computador, ou solicitar serviços como boletins diários via e-mail com a relação de todas as propagandas que foram ao ar no dia anterior. Implantado inicialmente nas emissoras de TV aberta da praça de São Paulo, o projeto é expandir o serviço para as principais capitais da região sul e sudeste até o final do ano.
“A Casa das Sete Mulhe res” estreou no final de maio na emissora italia na Rette4, com o título “Garibaldi Eroe dei Due Mondi”. No dia 26 de maio, a embaixada do Brasil na Itália, em Roma, foi palco do lançamento da minissérie, num even to que contou com a presença do diretor Jayme Monjardim (foto); da atriz Camila Morgado (à direita na foto), que inter pretou Manuela, uma das protagonistas da trama; de Anita Garibaldi (centro), neta da brasileira e do italiano que se conheceram e lutaram juntos na Revolução Farroupilha; do diretor da Rette4 Giancarlo Scheri; e do diretor da Globo TV International Ricardo Scalamandré. “A Casa das Sete Mulheres” já foi comercializada para ser exibida em 17 países e obteve média de audiência de 30% de share quando exibida em Portugal. No Chile con quistou o primeiro lugar de audiência no horário.
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junho de 2004
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Ely Silva pode ser consid erado o primeiro colorista profissional do mercado brasileiro. Ele recebeu o primeiro telecine Ursa, que chegou ao Brasil em 1990, e viabilizou a produção brasileira de cine-VT.
Ely Silva Essa mistura de captação em cinema e exibição em vídeo começou por volta de 1986, mas até o início da década de 90 os telecines existentes no Brasil só trabalhavam com positivo. Era preciso montar e finalizar o filme para depois telecinar a cópia final para vídeo. Com a chegada desse primeiro telecine Ursa é que começamos a telecinar direto do negativo, o que permitiu a correção de cores.
Pela primeira vez, uma mulher assu me a presidência do Grupo de Mídia do Rio de Janeiro. É
Marilene Fer nandes (foto), dire
tora de mídia da Gio vanni, FCB. A posse aconteceu no Dia do Mídia, 28 de maio. Marilene substitui Luiz Fernando Novaes, da DPZ.
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Só depois da implantação desses novos modelos de equipamentos é que se pode dizer que surgiu a profissão de colorista. Antes havia o operador de telecine, que não tinha participação nenhuma no processo do filme. O colorista faz a marcação de luz, trabalha a imagem, precisa reunir duas qualidades fundamentais: bom olho e atitude.
Ely vem da área de informática, mas passou pela operação de VT
A agência Age contratou uma nova dupla de criação para sua equipe. Ricardo John e Rodrigo Castellari são, respectivamente, o novo redator e o novo diretor de arte da agência. Ricardo vem da Talent e Castellari, da Fischer Améri ca. A Publicis Salles Norton também tem novo dueto. São eles Guilherme Facci e Denis Kakazu Kushiyama, que deixaram a Age. Na Giovanni, FCB de São Paulo, a nova dupla é formada pelos cario cas Vico Benevides e Erick Rosa, e já trabalharam na filial da agência no Rio. A agência também contratou diretora de arte Mirian Keiko, vinda da W/Brasil, para fazer dupla com Fer nando Taboada, e Silvio Medeiros, da Lowe Sul, também diretor de arte, para compor com Thiago Carvalho. Fotos: Gerson Gargalaka (Catherine) e Divulgação
e de câmera. Na época em que a finalizadora New Vision decidiu comprar o primeiro Ursa, em 1989, Ely trabalhava como editor. Um ano antes de chegar o equipamento, ele já começou a se preparar para recebê-lo. Comecei a estudar e a ir ao laboratório Líder para entender como funcio nava a marcação de luz, com o Pedro.
Em sua trajetória, Ely acompanhou a chegada de todos os telecines top de linha importados pelas finalizadoras brasileiras. Em 1993, assumiu o Ursa Gold da Casablanca, um modelo mais avançado que o Ursa da New Vision e uma das primeiras dez máquinas desse modelo a serem vendidas no mundo. Em 1997, foi a vez do Estúdio Abertura investir em um Ursa Diamond, uma das primeiras cinco máquinas do mundo. E em 1999 assumiu o C-Reality dos EstúdiosMega, o primeiro equipamento para HDTV do Brasil. Os equipa mentos de telecine sempre serviram principalmente à publicidade, e como a publicidade brasileira é uma das melhores do mundo, tive a oportunidade de trabalhar com equipamentos de última geração.
No início, o grande desafio da nova atividade era não só dominar os comandos da máquina, mas desenvolver uma linguagem própria para o formato. Havia muito preconceito no início e dúvidas quanto à segurança em se colocar o negativo na máquina. Também faz parte do meu trab alho essa questão institucional, de divulgar e mostrar o que pode ser feito.
Hoje o telecine é indispensável na área de entretenimento, na produção de filmes e seriados, por isso o trabalho do colorista também está se tornando mais sofisticado. O que no início era basicamente a transferência de imagens para a publicidade, hoje é um processo complexo de colorimetria e técnica para todas as mídias. Então o col orista está começando a participar do processo como um todo, está sendo chamado para atuar ao lado da direção de arte e da fotografia na criação do ‘look’ do filme. Aos poucos, o colorista está se transformando no que hoje já chamamos de supervisor de imagem.
René Sampaio é o novo
diretor da produtora carioca TV Zero. Depois de dois anos na Carade cão, o diretor brasiliense agora faz parte da equipe de cinco diretores, formada por Roberto Berli ner, Ronaldo Soares, Lean dro Corinto e Octávio Sco pelitti. René Sampaio foi premia do em diversos festivais com seu curta “Sinistro”.
Rodrigo Ricardo (foto) assu miu, em maio, um grande desafio em nome da Academia de Filmes. Por residir em Los Angeles, ele representará a produtora no merca do norte-americano, focando espe cialmente a Califórnia e a Flórida. Sua experiência inclui um vasto trabalho como diretor de produção e produtor de locações para co-pro duções internacionais. Depois de oito anos no atendimento de pós-produção e efeitos especiais da Casablanca, Roberta Reiga do é a nova aquisição do RTV da Publicis Salles Norton. Roberta passou por várias áreas da finalizadora e agora passa para o outro lado. Em seu lugar na Casablanca está Paola Maluf, com mais de 20 anos de experiên cia no mercado de produção audiovisual. Paola já foi pro dutora e coordenou o atendimento da Side Cinema, mas recentemente vinha trabalhando em uma revista.
A Giovanni, FCB de São Paulo está promovendo mudanças em sua área de mídia. Marcelo Bicudo (2) é o novo coordenador de mídia do grupo de Cristiano Cezar, atendendo Intelig Telecom e BMW Motorrad. E Eliana Bueno (1), a Lica, foi promovida. Ela assume todo o planejamento de mídia dos clientes e passa a cuidar das concor rências da agência. Celso Alfieri é o novo diretor de arte da W/Brasil. O profissional deixou a Carillo Pastore Euro RSCG para assumir o posto na equipe de Washington Olivetto.
Uma nova produtora estreou em São Paulo em maio, capitaneada pelo dire tor Carlos Manga Júnior, o Mangui nha. A Republika, com sede na Vila Madalena, também tem como sócios o produtor Paulo Vainer, que vem da Zohar Cinema, e os diretores Gus tavo Leme e Izabel Jaguari be. A produtora também tem uma parceria com a Copacabana Filmes, do
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Rio de Janeiro, de Carla Camurati e Bianca Costa. A equipe da produtora ainda inclui Maya Montenegro (diretora de atendimento), Simon James Gre gory (diretor-executivo), Zeca Meira (coordenador de produção), Vivi Donegá (coordenadora de pós-pro dução) e Kátia Lunderman (pro dutora cultural).
Estado sólido
Universo 3D A Alias anunciou na última NAB, que aconteceu em abril, em Las Vegas, o software de animação Maya 6. Os melhoramentos são frutos de sugestões e críticas feitas por usuários das áreas de produção audiovisual, desenvolvimento de jogos e indústria gráfica. A nova versão conta com otimizações na criação e animação de personagens. A ferramenta Maya Hair, por exemplo, conta com um mecanismo desenhado para permitir acrescentar cabelos compridos aos personagens. A partir disso, é possível criar novos “penteados” ou deixar os cabelos soltos, deixando por conta do software o cálculo para dar movimentos mais realísticos. O software está ainda melhor equipado para adicionar roupas aos personagens ou animar criaturas peludas. Com o Maya Fur agora é possível fazer a renderização de pêlos com o uso da tecnologia Mental Ray. Os usuários de Macintosh também serão beneficiados com a nova versão, já que o Maya agora é uma aplicação “MachO”, o que permite de desenvolvedores de plug-in usem a linguagem Xcode, do pacote da Apple Developer Tools. Além disso, o tempo de renderização no Mac está entre 20% e 50% menor que nas versões anteriores. O software conta ainda com maior integração a ambientes de produção. O Maya agora pode trabalhar integrado ao Photoshop. Os arquivos PSD podem ser lidos e gravados pelo Maya, mantendo a estrutura de layers. As versões para as plataformas Windows, Linux e Mac OS X contam agora com um web browser. Além de facilitar a procura por documentação e tutoriais do software, o navegador, compatível com Java Script, permite que os usuários criem e visualizem páginas interativas que contenham scripts MEL (Maya Embedded Language).
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A Panasonic lançou sua primeira câmera baseada na tecnologia de gravação e mídias estado sólido P2. Anunciada na NAB de 2003, a tecnologia mostrava-se promissora, mas ainda não era realidade. Na época a Panasonic demonstrou apenas protótipos. Na última NAB a empresa lançou a camcorder AJ-SPX800 Camputer DVCPRO P2. Ao eliminar todas as partes móveis da câmera, a Panasonic garante que a AJ-SPX800 é extremamente confiável e resistente a acidente como choques e vibração ou a ambientes frios, empoeirados e úmidos. O equipamento conta com três CCDs de 2/3” capazes de trabalhar a 24 e 30 quadros por segundo com varredura progressiva ou a 60 quadros interlaçados, podendo gravar nos formatos 25 Mbps DVCPRO e 50 Mbps DVCPRO50. As imagens são gravadas em cartões de memória em estado sólido P2 usando arquivos MXF, o que garante compatibilidade em ambientes IT para transferências de arquivos. A câmera trabalha nos aspectos 16:9 e 4:3 com 750 linhas de resolução e sensitividade F13 a 2000 lux. A AJ-SPX800 conta com cinco slots para cartões P2, garantindo até 80 minutos de gravação no formato DVCPRO e 40 minutos em DVCPRO50, quando usando cartões de 4 Gb. A capacidade pode crescer na medida em que novos modelos de cartões, com maior capacidade, sejam lançados. Um sexto slot pode ser usado para cartões de rede wireless ou um encoder MPEG-4. Além disso, a câmera oferece uma porta USB 2.0 e pode ter ainda uma porta (opcional) IEEE-1394. Enquanto a câmera está sendo usada em gravações, é possível substituir cartões de memória. Assim, enquanto é feita a gravação, pode-se tirar um dos cartões P2, descarregar seu conteúdo em um laptop e colocá-lo de volta na câmera sem perder nem um momento de gravação.
Fotos: Divulgação
Da edição ao DVD A Adobe lançou no Brasil na segunda quinzena de maio o Adobe Video Collection, pacote com as novas versões dos softwares de edição de vídeo, efeitos, sonorização e autoração de DVD da empresa: Adobe Audition 1.5, Adobe Premiere Pro 1.5, Adobe After Effects 6.5 e Adobe Encore DVD 1.5. A característica mais interessante do pacote é a total integração entre os softwares, através do formato PSD. Todos os programas reconhecem, por exemplo, as camadas (layers) do Premiere ou até do Photoshop. Dentre as novidades, o Premiere Pro 1.5 agora inclui o suporte à importação e exportação de formatos padrão do mercado, como EDL e AAF (Advanced Authoring Format), o que permite que seja usado em ambientes de edição com mixagem, onde é comum a mudança entre sistemas de edição. O software de edição tem novas e avançadas ferramentas que incluem todo o processo de pós-produção de DV até o vídeo de alta definição. Além disso, o Premiere Pro suporta a câmera 24P DV da Panasonic, a DVX 100. Também traz suporte para placas HD de vários fabricantes. A ferramenta Project Manager permite que os editores retirem rapidamente o material não utilizado, consolidem arquivos para transporte ou arquivem e gerenciem a transição entre a edição offline e online. A nova edição do software conta ainda com corretor de cor inspirado no Photoshop CS, que simplifica o processo de correção de cor e dos níveis de uma imagem, de um quadro ou de uma timeline. O After Effects 6.5 também apresenta novos recursos, como o Animation Presets, que permite salvar qualquer combinação de propriedades de camada, incluindo as propriedades de animação, aplicando-as com facilidade a outras camadas. Mais de 250 Animation Presets de texto foram incluídas para criar animações sofisticadas e mais de 60 novos efeitos permitem que os usuários
criem efeitos visuais, entre eles raios de luz e partículas em 3D. Para correção de cor, o After Effects conta agora com o Color Finesse, da Synthetic Aperture, um sistema profissional de correção de cor por ponto flutuante de 32 bits. Além disso, o controle de movimento do After Effects 6.5 Professional foi aperfeiçoado para permitir maior exatidão e flexibilidade. A versão 1.5 do software de edição de áudio, mixagem e masterização Adobe Audition conta agora com o recurso Spectral View, que permite aos usuários isolar e selecionar visualmente todo som que inclua um intervalo de freqüências com determinada duração para aplicar efeitos ou editar aquele som. Outro recurso em destaque é a nova ferramenta Pitch Correction, que permite que os usuários corrijam desempenhos vocais fora do tom e criem efeitos especiais com base em tom. O software conta ainda com mais de 500 novos loops de música produzida sem royalties, totalizando mais de 5 mil músicas. Já o Adobe Encore DVD 1.5, software de autoria em DVD, tem uma nova Library Palette, que pode ser utilizada para organizar menus, botões, backgrounds, estilos de texto e formas vetoriais. A ferramenta Style Palette permite armazenar efeitos usando as camadas do Photoshop, como sombreados, brilho e chanfrados para modificar rapidamente a aparência dos elementos de menu do DVD.
Novos mercados Segundo o gerente para a área de licenciamento e canais da Adobe, Luis Maian, a empresa está investindo no crescimento do mercado corporativo. São empresas, não necessariamente ligadas à área de produção, que adquirem sistemas de edição para produzir material interno de treinamento, divulgação etc. “Com a proliferação das filmadoras digitais (DV), esse segmento vem crescendo. As próprias áreas de marketing
Adobe lança pacote com novas versões de seus softwares de pós-produção
Color Finesse: ferramenta de correção de cor do After Effects.
O Encore DVD importa arquivos do Photoshop mantendo suas layers.
e eventos das empresas conseguem ter uma pequena estrutura para a produção própria”, conta Maian, explicando que a estratégia agora é preparar os canais (distribuidores e integradores) para este mercado. A entrada em novos mercados é também uma maneira de aparecer para empresas onde a Adobe não era tão conhecida e, assim, mostrar que seus softwares têm um desenvolvedor. Seria uma maneira de evitar a pirataria, o maior desafio enfrentado pela companhia no Brasil. “É uma característica de todo o mercado de software”, diz Maian. Ele conta que a pirataria global vem caindo, de 85% há cerca de oito anos para 56% dos usuários atualmente, segundo dados da Business Software Alliance, mas continua num patamar muito e danoso para a indústria.
Receitas para Da nova regulamentação às iniciativas locais, evento debate as soluções para a consolidação da indústria audiovisual
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De um lado, o governo, que atra vés do Ministério da Cultura elabo ra e prepara-se para publicar em breve um novo marco regulatório para a indústria do audiovisual no Brasil (leia matéria a seguir). De outro lado, associações de produto ras e entidades da sociedade civil se organizam para ampliar mercados e estimular a produção. No meio, a Ancine, cujas políticas começam a mostrar resultados consistentes. Esse é o cenário armado no audio visual nacional, tema do V Fórum Brasil de Programação e Produção, que reuniu em São Paulo no final de maio produtores, distribuidores e exi bidores de TV, cinema e vídeo. Mencionada em praticamente todos os debates, a TV aberta mostrou
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Manoel Rangel, do MinC, que trabalha na elaboração de um novo marco regulatório para o setor.
que “corre por fora” das discussões, e por razões nem sempre claras a todos. Há uma grande diferença entre as que não querem participar desse pro cesso, caso das grandes redes, habitua das a um modelo vertical e centraliza do de produção, e as que não podem, caso das pequenas e médias emissoras locais, que lutam contra a queda nas receitas publicitárias. O debate sobre a abertura das gra des para a produção independente, por exemplo, precisa levar em conta as diferentes realidades do País. É o que defendeu Roberto Amaral, pre sidente do grupo catarinense SCC, afiliado local da RedeTV!. Segundo ele, a realidade fora dos grandes cen tros não permite que os radiodifu sores assumam os riscos da compra de produção independente. Amaral defende que os modelos viáveis de produção independente são a venda de espaço na grade, em que os produ tores assumem todo o risco no custo da produção, e a divisão de receitas, onde produtor e veiculador dividem os riscos e também o lucro, “mas em geral é crítica a questão da falta de empreendedorismo. Ou seja, na rela ção entre produtores independentes e radiodifusores, ninguém quer assumir os projetos como negócio”. O presiden te da SCC defende que as emissoras se tornem um “shopping center atrativo, com um mix de marcas (programas)”. Assim, para Amaral, as TVs deveriam dar credibilidade a essas “marcas” e
“A realidade fora dos grandes centros não permite que os radiodifusores assumam os riscos da produção indepen dente”, diz Amaral, da SCC.
exigir um padrão de qualidade míni mo para que a credibilidade do canal não se perca. Para Rogério Gallo, da Bandeiran tes, “a TV não pode ser uma colcha de retalhos”, o que poderia descarac terizá-la. “A TV tem que manter uma identidade. O produtor precisa estar ‘ligado’ ao que acontece na emissora, para desenvolver programas a qua tro mão, oferecer produtos dentro das necessidades do canal”, completa. Para Gallo o modelo de revenue-share (compartilhamento de receitas) gera um comprometimento por parte do radiodifusor maior do que nos casos de loteamento de espaços na grade, garantindo chamadas durante a pro gramação do canal. Mesmo assim, “o radiodifusor sempre prefere vender aqueles programas onde não precisa dividir a receita”, pondera. Fotos: Gerson Gargalaka
crescer daredação
telaviva@telaviva.com.br
O modelo de negócios defendido pelo Mesmo com as dúvidas e a polêmica sócio da Prodigo e diretor da ABPI-TV sobre modelos de negócios, para Rogério Adriano Civita, no qual os produtores Gallo, existem vantagens para os radiodifu independentes desenvolvem produtos para sores na produção independente. “Existem posteriormente oferecer aos canais, não foi bons projetos e boa qualidade técnica nas visto com bons olhos no deba produtoras. Além disso, as te por Gallo e por Fernando emissoras precisam redu Dávila, da TV7. Ambos acre zir custos”, justifica. Gallo ditam que esse modelo traz critica, entretanto, a falta muito risco ao produtor. “É de visão de longo prazo fundamental que as TVs divul quando se trata da relação guem o que estão buscando entre emissoras de TVs para suas grades de programa e produtores independen ção, para que os produtores tes. “as duas partes que possam desenvolver projetos rem ganhar uma em cima mais direcionados”, defende da outra, jogam pensando Fernando Dávila. Para ele, a apenas nos 15 minutos ini compra de espaço na grade é Gallo: compartilhamento ciais de jogo”. “o pior dos mundos” para o de receitas gera maior produtor independente. “O comprometimento do Co-produção programa jamais terá chama radiodifusor que Se as grandes questões, das ao longo da programa loteamento da grade. como a produção indepen ção”, explica. dente na TV aberta, ainda
não encontraram seu remédio, fórmulas de ação local têm dado bom resultado. A regra que dá aos programadores de TV por assina tura internacionais a opção de investir em co-produções com produtores independen tes locais 3% de suas remessas ao exterior, como alternativa ao pagamento da Condeci ne de 11%, rendeu bons frutos. Durante o evento, Sean Spencer, da TAP (Television Association of Programmers - Latin Ameri ca), e a ABPTA (Associação Brasileira de Programadores de TV por Assinatura), sua representação local, apresentaram um vídeo comemorando o resultado atual da regra dos 3% (cuja arrecadação até o momento foi de R$ 22 milhões). Marcus Fernandes, do canal Nickelodeon, afirmou que o programa “Patrulha Nick”, coproduzido com a TeleImage, já está entre as melhores audiências do canal, ficando atrás apenas dos desenhos da série “Bob Esponja”. Segundo Fernandes, a regra dos 3% estimu lou o escritório da programadora em Miami a investir na produção nacional. Sobre essas comemorações, Leonardo Monteiro de Barros, sócio-produtor da Cons piração, chegou a sugerir que e regra subisse para 6%. “Meus sócios acham que deveria ir para 9%, mas eu me contento com 6%”, brincou. Leonardo lembrou que as co-pro duções entre produtoras independentes e canais de TV por assinatura não começou no Brasil após a criação da regra dos 3%. “A
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legislação aumentou o ração; e cultura mundial. o evento trouxe uma visão do conti volume de co-produções Sobre o Brasil, Daniels nente europeu sobre a defesa do conteú e obrigou os executivos diz que o canal tem neces do nacional. O consultor belga Henri dos canais a entender sidades de programação Roanne-Rosenblatt expôs as iniciativas o trabalho e os custos local, mas lembrou que a tomadas no âmbito da União Européia do conteúdo que costu concorrência para “produ para fomentar e proteger seu mercado mam comprar”. Além ções globais”, que serão audiovisual. Ele descreveu programas disso, para o sócio da distribuídas em toda como o Televisão sem Fronteiras, o Conspiração a parce a área de cobertura do MEDIA e o Eurimages, que existem ria estabelecida com os canal, é muito grande. O desde o final da década de 80. A linha programadores, na sua canal chega a 170 milhões geral dos programas é o fortalecimento da grande maioria nortede lares em 146 países e integração entre os países-membros. americanos, fez com Segundo Daniels, do é distribuído em 25 lín O primeiro determina as regras que os mesmos apren National Geographic, guas. Recebe cerca de 2 para a penetração de emissoras de TV dessem algumas regras apenas 15 ou 20 mil propostas de co-produ européias em outros países que não o de direitos autorais, produções são aceitas ção por ano, das quais ape seu de origem. Já o Eurimages é um pro muito diferente das por ano, em mais de nas entre 15 e 20 são sele grama de incentivo à produção que prevê regras de copyright em 2 mil propostas. cionadas para “produções que cada projeto envolva ao menos três prática nos Estados Uni globais”. Segundo Daniels, países diferentes. Pelo programa, que dos. Isso facilitaria futuros contatos da as produtoras geralmente são escolhidas tem orçamento anual de cerca de Ä 30 indústria de produção brasileira com com ajuda dos representantes regio milhões, já foram realizados mais de os norte-americanos. nais do canal, sempre levando em mil filmes. Vale lembrar que a Conspiração tem conta a qualidade do projeto apresenta De um modo geral, diz Henri Roan em mãos uma das principais parcerias do e o histórico da produtora. ne-Rosenblatt, os países tratam com de co-produção com programadoras. Letícia Muhana, diretora do canal muita atenção a questão do audiovi Trata-se da série “Mandrake”, em par GNT, aplaudiu a idéia da regra dos 3% sual na Europa, seja individualmente, ceria com a HBO, que terá suas fil para programadores internacionais, seja no âmbito da Comissão Européia, magens iniciadas em 5 de setembro. mas fez questão de deixar claro que como uma política de preservação de A produção, orçada em mais de R$ 5 o governo deveria pensar, também, identidades. milhões, está em fase de pré-produção em mecanismos que estimulassem as pro Ele mostrou ainda os detalhes dos e será um produto exibido inicialmen gramadoras nacionais a investirem em programas de incentivo à produção de te em toda a América Latina. O canal, co-produções. Segundo Letícia, o lado diversos países. A íntegra da apresen aliás, já fechou outra grande parceria perverso da regra existente é que hoje tação, com dados detalhados sobre os no País, desta vez com a O2. A produ pode ser mais vantajoso mudar um canal programas, está disponível no endere tora está co-produzindo com a HBO a para Miami porque os estímulos para pro ço www.paytv.com.br/arquivos/henri série “Carnaval”. dução no Brasil são maiores para os roanne.ppt. Maurício Dias, diretor da produtora canais estrangeiros. Mas vale lembrar Grifa, diz que teve sua primeira co-pro que apenas os canais internacionais Novos mercados dução em 1996, com o canal GNT, pagam a Condecine de 11% sobre o O mercado europeu é, aliás, um dos mais mas que a regra dos 3% trouxe a faturamento líquido importantes alvos dos produ possibilidade de exportação de conteú e que a regra dos 3% tores brasileiros no que se dos. “Com os 3%, precisamos entrar é uma alternativa a refere à co-produção. Fernan no mercado, e não brigar com ele. esta contribuição. do Dias, da ABPI-TV, expôs Adaptar-nos às exigências dos canais Além disso, Vera o projeto de busca de co-pro estrangeiros, mas sem perder a ‘lin Zaverucha, assessora duções no mercado interna guagem brasileira’”. especial da presidên cional desenvolvido em con Convidado especial do evento, o cia da Ancine, após a junto com a Apex, a agência responsável pela escolha de projetos afirmação de Letícia de promoção de exportações de co-produção internacionais no Muhana, lembrou do Ministério do Desenvolvi canal National Geographic, Geoffrey que as produções do mento, MinC e Sebrae (leia Daniels, explicou o processo e os cri canal podem usar o matéria completa sobre o pro térios para escolha de um projeto e artigo 1º da Lei do jeto em TELA VIVA 138). O Quirós, da Apex: de uma produtora parceira do canal. Audiovisual. acordo foi assinado durante Como temas principais para co-pro Além das discus apoio do governo às o Fórum, pelo presidente da dução, a National Geographic busca sões sobre mecanis co-produções com Apex, Juan Manuel Quirós, e ciência e tecnologia; aventura e explo mos de co-produção, TVs estrangeiras. da ABPI-TV, Marco Altberg.
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o futuro da grade Além do debate das questões mais pre mentes da atividade audiovisual, o V Fórum Brasil abriu também espaço para uma discussão mais conceitual: o futuro das grades de programação, frente à digi talização dos meios e às mudanças nos hábitos dos espectadores. “A grade do futuro pode não ser nem gene ralista, nem segmentada. Na verdade pode ser que nem exista mais grade, cada um poderá montar sua própria programação”, disse em sua apresentação inicial o superin tendente comercial do SBT, Antônio Athay de. Ele destacou que há uma tendência entre os anunciantes da TV aberta em patro cinar programação que se encaixe no perfil de hábitos do seu consumidor, e não mais em definições sócio-econômicas. Busca-se, sim, uma personalização. “Não conta mais apenas saber se o perfil de consumo é públi co A, B ou C; o anunciante está voltado ao hábito do telespectador”. Para ele, a grande questão sobre a multiplicidade de canais que vai resultar da digitalização da TV aber ta é sobre quem vai pagar a conta, uma vez que o setor se sustenta com verba de publi
A meta do projeto é co-produzir, em dois anos, 120 horas de conteúdo, envolvendo 70 produtoras e movimen tando US$ 60 milhões. Sérgio Sá Leitão, responsável pela for mulação do projeto Film Comissions no Ministério da Cultura, expôs as parcerias que o MinC vem desenvol vendo com diferentes áreas do gover no para viabilizar a exportação de conteúdo nacional e de serviços de pro dução. Segundo Sá Leitão, estão envol vidos em diferentes projetos, além do MinC, o Ministério das Relações Exterio res; o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, através da Apex; a Secom; e o Ministério do Turismo. Sobre o projeto de criação de uma Film Comission nacional, Sá Leitão diz que devem ser criados birôs regionais que estarão sobre o guarda-chuva da Film Comission. “É importante vender o serviço de produção e as locações bra sileiras no exterior, mas não em detri mento do mercado local. O conteúdo
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cidade e hoje, na TV, ela está em cerca de 80% concentrada na emissora-líder, ou seja, a Rede Globo. Outro fenômeno recente é a busca do anun ciante por uma comunicação diferenciada da publicidade convencional. Gustavo Dia mant, gerente de marketing da fabricante de bebidas Diageo (Smirnoff, J&B, Johnnie Walker entre outras) afirmou que nem sem pre na TV (aberta ou fechada) o anunciante encontra um programa adequado ao públi co que determinada campanha pretende atingir, sendo necessária a execução de outras ações de marketing (merchandising, etc). Já Luiz Gleiser, da Rede Globo, traçou um paralelo com o mercado norte-ameri cano, mostrando o desenho dos grandes grupos de mídia que através de aquisições e fusões controlam o conteúdo em suas diversas cadeias de distribuição: TV aberta, TV fechada, estúdios de cinema, Internet etc. Com o advento da TV aberta digital, surge uma nova força naquele mercado, que é a dos broadcasters oferecendo paco tes de canais, como as programadoras de TV por assinatura.
rar a infra-estrutura “que está trabalhando próxima à sua capacidade máxima”.
Cinema e TV O namoro do cinema com a TV também esteve no palco do V Fórum Brasil de Programação e Produção. A parceria tra vada entre a Globo, através das Globo Filmes, e produtores cinematográficos foi tema de apresentação e de discus sões. “A Globo Filmes é parte da estraté gia de defesa da produção cultural brasi leira”. Foi assim que Carlos Eduardo Rodrigues (Cadu), diretor geral da empre sa, definiu o papel da divisão. “Defender a produção cultural brasileira, por que não, é defender o próprio interesse merca dológico da Globo, já que nós vivemos dessa produção”. A Globo Filmes, diz ele, não dá lucro. No máximo, empata os custos, mas nem de longe recupera o que gasta em mídia com as produções que co-produz, afirmou. Aliás, esse ponto foi central na discussão entre o diretor da Globo Filmes e a diretora da Con ceito A, Thereza Trautman, para quem a Globo cria uma situação falsa ao dizer que apóia com mídia, e não com dinheiro, algumas produções. Para Thereza, usar brasileiro também tem mídia para tornar-se sócio dos que ser desenvolvido lá filmes é “o mesmo que impri fora”, lembrou. mir dinheiro”. Carlos Eduar Além do projeto da do Rodrigues respondeu que ABPI-TV, o MinC vem “é preciso de uma vez por trabalhando em parceria todas que se entenda que a com o projeto FilmBra mídia colocada pela Globo zil, que visa a venda em algumas produções tem de serviços de produção valor e não é algo gratuito”. no mercado publicitário A Globo Filmes, segundo internacional. Segundo a apresentação de seu diretor, Eitan Rosenthal, presi tem como principal caracterís dente do FilmBrazil, “é tica o aporte de recursos artís fácil vender o Brasil lá ticos e mídia cruzada nas fora, mas temos pouco Política audiovisual obras que co-produz. Serão o que vender. A indús dez filmes feitos em 2004, con européia preocupa-se tria nacional ainda é tra 22 realizados pela Globo há anos com a muito pequena”. Para Filmes de 98 a 2003. “Quando preservação das poder aumentar a com lançamos um filme estamos identidades nacionais, petitividade brasileira, concorrendo com os block contou Henri Eitan vem trabalhando busters internacionais, não junto ao governo para Roanne-Rosenblatt. com os filmes que não são resolver questões legais feitos pela Globo Filmes. e burocráticas. Além disso, diz que é Isso mostra que é possível competir necessário capacitar a mão-de-obra e melho com qualquer tipo de conteúdo”.
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exibidores na hora de apenas otimizando o programar trailers e uso de espaço físico de escolher que filmes e equipamentos (são exibirá. “O principal cinco estúdios e nove argumento usado pelos ilhas de edição, entre distribuidores para outros recursos), mas convencer a exibir um também cruzando as filme é o investimento diferentes experiên em mídia”, explica de cias de produtores e Luca. diretores em todas Ao final do primei as modalidades de ro dia, os participantes Gil Ribeiro, da Mixer: audiovisual. puderam conhecer em união de experiências O resultado fala detalhes o case da pro mostrou-se lucrativa. por si. Ao contrário dutora Mixer, na ver do que se poderia dade uma fusão entre produtoras supor, a mega-produtora não cor de televisão (Radar TV), publi tou postos de trabalho após a fusão, cidade (Jodaf e Pizza), cinema mas sim aumentou de 64 para 117 (Luz, de Cacá Diegues) e Internet o número de funcionários. A união (RDigital), além de uma progra também já demonstra frutos finan madora de TV por assinatura. A ceiros. O faturamento somado das idéia do projeto é criar uma verda empresas cresceu 110% em um ano deira indústria de produção, não (os valores não foram revelados).
Alguns casos, diz Cadu, mostraram mais sucesso e maior integração com a televisão, como foi o caso de “Cida de de Deus”, que de alguma maneira alavancou também a série “Cidade dos Homens”, que também deve virar filme em 2005. Mas a ligação com um produto televisivo, como no caso de “Os Normais” não é uma regra da empresa, afirmou. Hoje a Globo Filmes participa com mídia em cerca de um terço dos lançamentos do mercado bra sileiro (dez filmes). “É preciso ter em mente que a nossa prioridade tem sempre que ser o mercado interno, é isso que vai viabilizar a nossa indústria”. Segundo o diretor do grupo exibidor Severiano Ribeiro, Luiz Gonzaga de Luca, a participação da Globo Filmes em uma produ ção é algo levado em conta pelos
Na boca do forno
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Aqueles de boa memória hão de se lem brar do prazo de 15 dias, mencionado em 13 de outubro do ano passado pelo ministro-chefe da Casa Civil, José Dir ceu, para a publicação do decreto que transformaria a Ancine em Ancinav (agência do cinema e do audiovisual) e daria as novas diretrizes à indústria do audiovisual brasileira. É com quase oito meses de atra so, portanto, que o MinC anuncia agora que “muito brevemente” será conhecido o texto que promete reor ganizar o setor no País. A informação foi dada pelo secretário-executivo do Ministério da Cultura, Juca Ferreira, na abertura do V Fórum Brasil de Pro gramação e Produção. Segundo o assessor especial do MinC, Manoel Rangel, existe hoje uma dispersão regulatória no setor de comu nicação social e audiovisual, de modo que os diferentes pontos da cadeia de valor, como TV aberta, TV por assina tura, cinema e produção independente, não trabalham de forma integrada para o bem de todos. É fundamental, por tanto, diz ele, pensar em um “marco legal amplo e que contemple a realidade
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MinC promete nova regulamentação do audiovisual “para breve”. Projeto ainda passa pelo CSC e pelo Congresso. imposta pelas novas tecnologias e ajude a resolver os problemas imediatos”. O resultado dessa análise é o texto que está para ser publicado, de cujo conteúdo a sociedade ainda não tomou conhecimento. Nem mesmo a forma pela qual será publicado é conhecida, pois segundo Rangel, é apenas no final do processo que a Casa Civil decidirá se
Para Gustavo Dahl, da Ancine, mudanças podem vir por etapas.
editará uma medida provisória, um pro jeto de lei ou algum outro instrumento. O que o assessor do MinC garante é que ainda haverá muito debate público sobre o assunto, pois o texto será envia do, após sua publicação inicial, ao Con selho Superior de Cinema (CSC) e em seguida ao Congresso Nacional. O risco, comentam alguns observa dores do setor, é que a proposta se torne uma segunda Lei Jandira, a lei que regu lamenta a regionalização da TV aberta, cuja tramitação polêmica se estende há mais de 11 anos no Congresso Nacio nal, por não conseguir consenso entre os diferentes setores atingidos. Os ânimos das diferentes partes puderam ser sentidos no debate de abertura do Fórum. Estavam presen tes representantes das emissoras, das produtoras independentes de TV, das produtoras de som, das empresas de infra-estrutura e do cinema, além da Ancine e do próprio MinC. Para o representante da televisão,
uma mudança que envolva a TV aberta pas da ABPI-TV (associação dos produtores). Sua saria necessariamente por uma revisão na proposta é que as TVs abertas abram espa Constituição, algo dificílimo de ser ço em sua grade para a feito, ainda mais em ano eleitoral. distribuição de conteú Além disso, uma discussão como do independente, “mas essa precisa, necessariamente, tra não apenas conteúdo tar das questões ligadas às novas terceirizado a produto tecnologias de comunicação, disse res independentes ou José Francisco de Araújo Lima, na forma de aluguel representante da Abert e das Orga de espaço. Queremos nizações Globo. Ou seja, a TV aber participar de todo o ta não quer ninguém enfiando o processo criativo”, afir dedo na cobertura do seu bolo. mou. Não é o que pensam os repre Além da questão sentantes dos outros segmentos, pre maior, da definição de sentes ao debate. Geraldo Moraes, “Para mudar o marco regula um novo marco regula presidente do Congresso Brasileiro tório será preciso mexer na tório e de um modelo de de Cinema, não quer que os seto Constituição”, alertou Araú desenvolvimento para res sejam vistos de forma separada. jo Lima, pela Abert. o audiovisual, há ques “Cinema e televisão estão intima tões paralelas, mais ime mente ligados. As discussões têm diatas, e nem por isso que ser em conjunto”, afirmou. Para os pro menos importante. Edina Fujii, representan dutores independentes de TV, o problema é te da infra-estrutura no Conselho Superior mais imediato, diz Marco Altberg, presidente de Cinema, chamou a atenção para o fato de
o parque de produção nacional estar sucatea do e com pouco investimento, o que inviabi lizaria o setor caso aumentasse o volume de produções. “Se começarem a produzir mais filmes, não haverá equipamento para todos”, disse. A questão está ligada, entre outros fatores, aos pesados impostos de importação de equipamentos. Outro pro blema é que a infra-estrutura acaba tendo que ser co-produtora dos filmes, no caso do cinema, pois não consegue cobrar os valores que obtém com a publicidade, por exemplo. Há ainda questões relacionadas à pira taria e aos direitos autorais, como as levantadas por Tula (Arthur) Minassian, presidente da Aprosom, associação das produtoras de som (veja matéria na página 32). O presidente da Ancine, Gustavo Dahl, mostrou-se cético em relação a uma grande mudança de cenário, principalmente em relação à TV aberta. “Há 40 anos vejo essa discussão indo e voltando. O pacto é com
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plicado, mas merece ser buscado”, afirmou. Dahl é mais pragmático: baseado nos bons desempenhos da Ancine nos últimos dois anos no tocan te ao fomento do cinema e de alguma produção independente, principalmen te para TV paga, ele aposta que as mudanças possam vir por etapas. No cinema, ela começou, “mesmo sendo difícil transformar todas as idéias em realidade”. Cumprida a mudança no cinema rumo à autosustentabilidade e projeção nacional e internacional, as mudanças passariam para o setor de produção independente, depois quem sabe para a televisão, ao
sabor do momento e da possibilidade polí tica, por exemplo. Para Manoel Rangel, o problema é complexo, estrutu ral, e não pode ser solucionado sem deba te amplo. Mas com medo de que o tal debate acabe se prolon gando por um tempo excessivo, os debatedo res acabaram propon do um pacto informal, independente do
Para Moraes, do CBC, cinema e TV devem ser tratados pelo governo como uma coisa única.
marco regulatório, entre to artes envolvidas, em que a TV, especialmen te o broadcast, cedesse a algumas demandas dos produtores indepen dentes de vídeo e cine ma. Perguntado sobre a proposta, o represen tante da TV deixou bem clara sua posição. Com cara de distraído, e com seu jeito sempre muito bem humorado, Araújo Lima respondeu na lata: “Pacto? Que pacto?”.
Ancine faz balanço
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A Ancine divulgou durante o Fórum alguns dados recentes de sua gestão: existem hoje no Brasil 579 projetos de produções audiovisuais cujas captações foram aprovadas pela agência do cine ma. São, ao todo, R$ 1,2 bilhão aprova dos, dos quais R$ 263 milhões foram efetivamente captados. Incluídos nesse bolo, há 76 projetos em fase de finaliza ção e 71 já concluídos. Cerca de 70% (261) das produto ras que recorrem à Ancine para ter a aprovação de projetos têm apenas um pedido em carteira, ou seja, tiveram a aprovação de apenas um projeto. Outros 19% (72 produtoras) têm dois projetos aprovados. Cerca de 7% (26 produto ras) têm três projetos. Quatro produto ras (1%) têm quatro projetos e 12 (3%) têm cinco ou mais projetos aprovados pela Ancine. Esse ano, o mecanismo de arrecada ção da Condecine deve trazer aos cofres públicos cerca de R$ 20,69 milhões, con tra R$ 19,26 milhões em 2003. Pelo arti go 3º da Lei do Audiovisual devem ser injetados no setor mais R$ 48 milhões, contra R$ 41,6 milhões em 2003. Já as programadoras internacionais devem recolher cerca de R$ 21 milhões em 2004 pela regra dos 3%. Foram R$ 14,3 milhões em 2003. São, portanto, cerca de R$ 90 milhões somados todos os mecanismos de arrecadação em que a Ancine baseia a aprovação de projetos. Há ainda 250 documentários em fase de captação de recursos ou com
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recursos já captados, perfazendo um total de R$ 70 milhões. Um dado curioso mostrado pela Ancine é o peso que o cinema de longa-metragem ainda tem nos proje tos aprovados pela agência. A maioria das obras se enquadra nesse gênero. Em relação às peças de ficção, 295 são para cinema e em longa-metragem. Dez são séries de televisão e apenas três são telefilmes. Entre os documentários aprovados, 117 são para cinema e em longa-metragem. Outras 59 são séries para televisão, 35 são médiasmetragens para cinema e apenas seis são longas-metragens para TV. Obras de ficção representam 63% dos proje tos aprovados pela Ancine, 36% são documentários e apenas 1% das peças está no gênero animação. Os números da Ancine também mostram as dificul dades do gênero animação no Brasil: apenas 18,3% dos valores autorizados pela agência são efetivamente captados, enquanto em documentários e obras de ficção esse percentual fica em torno
de 47%. Ou seja, quase metade do que as empresas se propõem a conseguir no mercado acaba efetivamente se convertendo em verbas para projetos audiovisuais. Em termos de rentabilidade, segun do a Ancine, os dois últimos anos mostram uma melhora de cenário para o cinema. Enquanto em 2002 houve 31 filmes nacionais em cartaz, com público de cerca de 7,2 milhão de pessoas, com captação de R$ 47,8 milhões e rendimento de bilheteria de R$ 39,9 milhões. Em 2003 foram 27 filmes, com 22 milhões de pagantes e renda de R$ 134 milhões, contra uma captação de R$ 51,8 milhões. Pelas contas da Ancine, computados todos os pontos da cadeia, os filmes pro duzidos ainda são dependentes da captação pelos incentivos fiscais. Em 2002, essa dependência foi de R$ 37,3 milhões. Em 2003, mesmo com a melhora de bilheteria, os filmes ainda precisaram dos recursos captados, mas menor proporção: R$ 20,6 milhões.
Projetos em andamento na Ancine Etapa Total de Projetos com Valores Valores projetos captação autorizados (R$ mil) captados (R$ mil) Em captação 413 101 744.469 33.846 Em preparação 19 19 40.299 18.365 Em finalização 76 76 162.255 89.463 Finalizados 71 71 177.013 121.405 Total 579 267 1.124.037 263.079 Fonte: Ancine
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política
Ministério da Contra-cultura
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O que pensa e como trabalha a “divisão
hippie” do MinC, cuja função é pensar Para ler essa matéria sem maiores desconfortos, recomen damos algumas premissas: aceite que o mundo hoje, com a como a realidade digital vai reestrutuevolução das tecnologias digitais, vive um momento novo e rar os modelos culturais existentes promissor, pelo menos em termos de potencialidades. Novas possibilidades de comunicação, negócios, novas formas de trabalhar, ainda que os desafios concretos sejam imensos. Admita também que a realidade digital está deixando o han, Frei Betto e mais uma centena de livros sobre assuntos mundo mais complexo e difícil de ser explicado. Admita que absolutamente díspares, mas que, no limite, podem ser combi existe uma geração de pessoas que convive com uma realida nadas para explicar a revolução digital de hoje e seu impacto de muito diferente da sua, muito mais avançada no que se sobre a cultura. “Isso aqui é a divisão hippie do ministério”, diz refere à interação com a tecnologia, e que essas pessoas, uma Cláudio Prado, o coordenador da área de cultura digital, que é hora ou outra, vão fazer parte do seu círculo de convivência ligada à Secretaria de Políticas Culturais do MinC. social ou profissional. E, por fim, aceite que há algo mais por Mas qual a função de uma “divisão hippie” em um órgão trás de coisas como Internet, algo além de um espaço para com funções políticas e executivas? Pode parecer estranho, lojas de CDs e eletrodomésticos venderem seus produtos. mas a função da área de cultura digital é fazer a ponte entre a Colocadas essas condições, vamos à reportagem. revolução que a realidade digital tem provocado na sociedade e Existe um lugar no Ministério da Cul a atuação do Ministério da Cultura. tura em que leis, normas, editais e orça Ainda que os meios culturais estejam mentos não estão no centro das atenções. entre os mais afetados por tudo o que a É um lugar em que o que importa é, de tecnologia tem proporcionado nos últimos certa forma, a falta de responsabilidade. anos, as políticas para a área cultural não Na verdade, é um lugar onde se olha para conseguem nem de perto acompanhar esse frente, muito para frente, e também para movimento. Hoje, por exemplo, a produção uma realidade presente mas pouco enten audiovisual já vive uma realidade digital dida. Falamos da coordenação de cultura inexorável. O mesmo vale para produção digital do MinC. É uma sala pequena, musical, por exemplo. No mundo digital, onde trabalham poucas pessoas, onde a reprodução, o plágio, a reciclagem de em lugar de compêndios legais e regula idéias e obras, a gestão dos direitos, tudo mentos pode-se ver nas estantes livros isso se confunde e ao mesmo tempo ali de Timothy Leary (pensador do movi menta novos ciclos criativos. E não existe, mento psicodélico), Manuel Castells (um até hoje, uma resposta regulatória a altura, dos maiores estudiosos da Era Digital), nem se sabe se ela é possível. É, de certa Domenico de Masi (aquele do ócio criati Claudio Prado, do Minc: “a política forma, por essa razão que a área de políticas vo), João Antônio Zuffo (da USP), Piérre não entende facilmente o que acon culturais existe dentro do MinC. Levy (pensador da Era Digital), Michio tece hoje com a “A minha tese é que o digital respon Kaku, Herbert Marcuse, Marchall Mclu realidade digital.” de a uma mudança de paradigmas maior,
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a uma mudança cultural muito ampla que vivemos hoje. Rede, conexão e compartilhamento são características desse novo momento em várias áreas, não apenas na tecnologia de comunicação”, diz Cláu dio Prado, homem que conviveu com o atual ministro da Cultura em Londres, quando Gilberto Gil vivia seu exílio, e que foi pro dutor musical no auge do movi mento tropicalista, com grupos como os Mutantes e os Novos Baianos no currículo. A área de cultura digital também tem a função de fazer uma ponte com uma área estratégica do governo e que está trazendo frutos polêmicos e inéditos: trata-se da área do governo ele trônico, coordenada em parte pelo ITI (Instituto de Tecno logia da Informação, ligado à Presidência da República). É de lá que emana a orientação em favor, defesa e estímulo do software livre (o governo quer adotar softwares livres em seu dia a dia para cortar custos e fomentar o desenvolvimento de aplicações brasileiras). “Essa parte do governo está conectada diretamente à revolução digital que o mundo está vivendo, e essa mudan ça é de natureza cultural em sua origem”, diz Cláudio Prado. Ele pondera que a dificuldade de se avançar no entendimento das questões digitais é grande e tende a ficar cada vez mais complexas, “simplesmente porque as coisas acontecem muito antes da regu lamentação acontecer”. Exemplo prático: Charlie é um artista da era digital. Seu trabalho é, criar imagens e animações gráficas que são utilizadas em outros trabalhos de outros artistas: projeções, cenários, outras obras audio visuais. Como as imagens são, na verda de, bits, não há fronteira entre a repro dução, a cópia e o trabalho original. As coisas se confundem no desenvolvi
mento do trabalho artístico. Charlie vive de suas imagens, criadas digital mente, algumas originais e algumas recriadas a par tir de obras já existentes. Seu trabalho também serve de material criativo para outros artistas. É comum nesse meio, artistas usarem obras de outros artistas. Usam também imagens e sons que não têm necessaria mente conotação artística. São simples mente registros, mas que ao serem processados adqui rem a característica de uma obra que pode ser considerada, para fins legais, como artística ou cultural. É um fenômeno idêntico ao efeito que o sampler teve sobre a música, em que obras musicais são retrabalhadas dando origem a outras obras. Note-se que nesse universo, os concei tos de originalidade, de cópia, de reciclagem estão misturados. “Também não existem fronteiras para a distribuição desse conteú do. Não tem como evitar que satéli tes transmitam de fora para cá ou do Brasil para fora. Ou que conteúdos trafeguem pela Internet. Essa realidade gera paradoxos e nós, como reguladores, não conseguimos e não conseguiremos nunca acompanhar. Nossa função aqui é mostrar isso para o governo, para a sociedade, do menino de rua ao sena dor. É um trabalho de ‘evangelização’, de pregação”. Não adiantaria, contudo, difundir as mudanças resultantes da rea lidade digital se não houvesse respaldo do resto do governo. “Nossa inspiração é sempre o trabalho que está sendo feito pelo pessoal do software livre no gover no. Eles querem plataformas abertas, querem passar essa cultura para a socie dade. Nós também. Internet e software
livre foram concebidos para se desenvol verem de forma anárquica e universali zante, e esse movimento é inexorável. Isso não é coisa da esquerda, é coisa do movimento contra-cultural da década de 60 e 70, é coisa do movimento hippie”.
Viagem eletrônica
Em um Ministério da Cultura de inspiração tropicalista, coisas inusitadas e inovado ras acontecem. Por exemplo, uma mani festação do ministro Gilberto Gil durante a semana de software livre, realizada recentemente no Congresso Nacional, em que ele disse, em seu discurso, “que houve uma migração contra-cultural das viagens de LSD para os laboratórios de alta tecnologia e para o sonho da realida de virtual”. É essa origem comum entre o movimento contra-cultural que floresceu na Califórnia nos anos 60 e 70 e a realidade da cultura digital de hoje que o Ministério da Cultura tenta resgatar. Para Cláudio Prado, a política, tradi cionalmente conservadora, não entende tão facilmente a revolução que acontece hoje com a realidade digital. “Alguns entendem. Tem até uma frente parla mentar em defesa do software livre, por exemplo, mas é claro quem nem todos sabem exatamente o que estão fazendo lá, não perceberam as questões mais profundas que estão por trás de uma adoção pelo governo de uma plataforma de softwares aberta”. Para o coordenador da área de cultura digital do MinC, uma forma de começar a fazer as pessoas entenderem as implicações da revolução digital é mostrando o lado econômico. “Novas tecnologias digitais trazem, de cara, uma imensa redução de custos nas atividades de um modo geral. Mas esse é só um pequeno aspecto de algo muito maior. O paradoxal é que a tecnologia digital, se por um lado existe porque foi impulsionada pela voracidade do lucro, por outro leva a um movimento que rompe com a estrutura do capitalismo,
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como o conceito de software livre”. As pessoas que trabalham na área de cultura digital não são advogados nem espe cialistas em legislação. Não escrevem textos legais. São apenas pessoas que conhecem e convivem com as tecnologias e têm interes se em entender o significado daquilo para a sociedade, e como aquilo pode ou não ser transformado em políticas públicas. “Tenho três jovens trabalhando comigo, mas são cen tenas de colaboradores que trabalham com a gente, pessoas de todas as áreas que partici pam em rede de nossos grupos de discussão 24 horas por dia. É uma área minúscula aqui dentro, mas gigantesca lá fora”. Resultados Caberia, então, perguntar se Cláudio Prado e seus “hackers” (no bom sentido, já que para ele os hackers são os criadores da cul tura digital) têm alguma ambição política. Têm? “Como a gente vai criar uma política, vai legislar sobre uma coisa que a gente não entende o que é? Como se regula a Internet, por exemplo? Dá para fazer, dá para fechar o acesso, mas não faz o menor sentido”. Filosofias à parte, a área de cultura digital do MinC precisa de resultados práticos para continuar se justificando. É assim que funciona o jogo de poder e a política no governo, mesmo em um minis tério tropicalista. E há alguns indícios bem claros do que vai surgir, de concreto, do setor “hippie” do ministério de Gilber to Gil. “A preocupação com a inclusão digital, por exemplo, é algo que está sempre no nosso horizonte de ação. Aqui vemos a Internet como um paradigma a ser persegui do na questão da compreensão da cultura digital; a banda larga como uma política pública a ser implementada e, em última instância, a interatividade como condição necessária para todas as atividades cultu rais. Tudo isso se traduz, por exemplo, na criação de estúdios multimídia pelo Brasil, que é a unidade zero do ponto de vista cul tural da inclusão digital e que é um progra ma desse ministério”, diz Cláudio Prado. Nesse sentido, também os olhos do Ministério da Cultura se voltam para o polpudo Fust, o Fundo de Universalização das Telecomunicações, que tem mais de R$ 3 bilhões para programas de inclusão
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digital e que até hoje não teve nem um cen tavo aplicado em programa algum devido a entraves regulatórios. “Temos conversas já avançadas com o Ministério das Comunica ções e com a Anatel nesse sentido. A nova visão da realidade digital é que o centro do mundo deixa de ser geográfico. A glo balização digital é includente”. A criação de estúdios multimídia de acesso popular, diz Prado, é uma política que está atrelada a um movimento de fomento ao desenvol vimento de aplicações gráficas baseadas em software livre. Se hoje a maior parte dos programas de tratamento de imagem e sons é de natureza proprietária, o que será coerente com a linha de ação do governo é buscar o desenvolvimento e o incentivo de uso de alternativas abertas e gratuitas, algu
Para a área de cultura digital do MinC, o desafio é entender a complexidade do mundo dig ital que está surgindo e suas implicações. mas já disponíveis. Mas o desafio maior do Ministério da Cultura diante da inexorável realidade digi tal é o problema da propriedade intelectual. O ministro Gilberto Gil, na condição de artis ta, sente na pele as vantagens e desvanta gens de criar em um mundo em que a cópia, a clonagem e a recriação são tão simples, facilitadas pelas tecnologias digitais. Discos seus são encontrados a R$ 5 em qualquer esquina, ou sem custo adicional na Internet. O lado bom disso é a difusão sem fronteiras e a possibilidade de trabalhos criativos que recriam a obra original. O lado ruim é que alguém, que não o artista ou a cadeia econô mica a ele associada, pode estar ganhando muito dinheiro, para não mencionar os agravantes relacionados à criminalidade que uma indústria clandestina pode ocasionar. Para a dimensão do setor da cultura digital do MinC, o desafio é ainda maior. É pensar como resolver a questão autoral sem que isso atrapalhe o processo de compartilha mento, troca e evolução artística associado aos meios digitais. “Vamos pensar na Internet e no soft
ware livre, que são duas entidades que traduzem muito bem a cultura digital de nossos dias e cuja essência é a ausência de patentes, e nem por isso as possibilidades comerciais são inviabilizadas”, diz Prado. Como a indústria de música ou, cada vez mais, do audiovisual, vai sobreviver à luz da realidade digital? Para ele, o avanço da distribuição de bens intelectuais pelos meios digitais é inexorável. Além disso, não se fala apenas em cópia, mas em clo nagem, já que não há perda de qualidade. “Considerar isso um atraso é estar fechado do ponto de vista comercial a uma lingua gem analógica. O lado positivo disso tudo é a universalidade, a possibilidade das coisas serem conhecidas e tocadas sem frontei ras”. A questão, segundo Cláudio Prado, é como as pessoas e empresas vão viver dessa nova realidade. “É algo que ainda pre cisamos pensar muito e para a qual não há resposta terminadas. Há indícios de cami nhos, como o Creative Commons”. Para quem quer iniciativas concretas do MinC, esse é um bom exemplo. O que é o Creative Commons? Segundo Cláudio Prado, “é uma ‘sacada’ do Lawrence Les sig, grande advogado norte-americano da Universidade de Stanford que percebeu o problema dos direitos autorais e propôs um modelo alternativo”. A motivação de Lessig vem do movimento quase irracional que se vê nos EUA de empresas que tentam, por exemplo, patentear seqüências genéticas que estão dentro de todos os seres humanos ou de pessoas que processam filmes porque apareceu, no fundo de uma cena, uma roupa que pode ter sido inspirada em uma peça comercial. “A proteção autoral, como é hoje, é absolutamente restritiva. Nesse modelo de licença que está sendo proposto pelo Creati ve Commons e que o Ministério da Cultura apóia plenamente, você como criador tem a possibilidade de liberar alguns direitos, ou todos, sobre sua obra”. Liberar direitos não é algo que as pessoas costumem fazer na economia tradicional. Afinal, proprieda de intelectual é a base do capitalismo (daí todas as brigas internacionais pela quebra de patentes de medicamentos, ou políticas de bio-segurança para a Amazônia, ou a batalha da indústria fonográfica contra as tecnologias de compartilhamento de arquivos ou o bloqueio que os estúdios de
cinema fazem às salas dotadas de meca nismos de projeção digital). Mas é algo necessário e praticado no meio cultural digital. Há sites de compar tilhamento de imagens, por exemplo, em que só tem direito de usar imagens de outros quem coloca as próprias à dispo sição dos demais. A música eletrônica é fundamentada na recriação de peças cria das por terceiros. Os blogs da Internet podem ser obras intelectuais coletivas. O próprio Linux, e todos os softwares abertos, estão baseados no princípio de que um cria sobre o trabalho do outro, todos movidos pelo bem comum de fazer uma coisa melhor. Ou ainda, para dar um exemplo nem tão digital, mas relacionado com uma inovação tecnológica, a própria máquina de fotocópia: é por ali que a maior parte do conhecimento acadêmico se dissemina, e lutar contra é quase impos sível. E isso tudo está acontecendo há bem menos do que duas décadas. O que o Ministério da Cultura fez, com um exemplo prático dado pelo ministro Gilberto Gil, foi dizer para artistas e criadores brasileiros que usem os princípios do Creative Commons (CC, cujos detalhes podem ser conhecidos na página da organização: www.creati vecommons.org). O que são esses princí pios? Basicamente, são regras de compar tilhamento. Você cria e diz o que quer que os outros façam com a sua obra, sem burocracia. Há ícones padronizados e regras de conduta, mas a adoção é voluntá ria. Gil colocou uma de suas músicas sob o domínio público pelas regras do CC. “Oslodum” é, hoje, ferramenta de tra balho e inspiração para outros músicos. Para conseguir dar esse passo,o artista Gilberto Gil precisou negociar duro com sua gravadora, a Warner, que vive ainda do modelo analógico de negócios. “O Creative Commons não compete com o direito autoral tradicional. Ele o complementa para a realidade digital. É a possibilidade de adaptação a novos modelos de negócio”, diz Ronaldo Lemos, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas responsável por adaptar os princípios do Creative Commons à legislação brasileira. “Não foi nada complicado. A legislação autoral no Brasil restringe tudo. Com o
Ronaldo Lemos, da FGV, está adap tando o Creative Commons à lei brasileira.
uso das regras do Creative Commons o proprietário intelectual sobre uma obra simplesmente vai abrindo, voluntariamen te, aos poucos os direitos, na medida dos seus interesses”. É uma forma de dizer, por exemplo, libero para que outros usem minha obra, mas não ganhem dinheiro com ela. Ou que usem a obra apenas para fins educativos ou qualquer outro tipo de licenciamento imaginável. Não haverá uma lei, norma ou regula mento dizendo que as pessoas podem usar o Creative Commons. Elas simplesmente adotam, se quiserem. O papel do MinC é dizer que aquilo é legal e está ajustado à realidade brasileira. Em poucos meses de existência, o Creative Commons tem mais de um milhão de obras licenciadas pelo seus princípios em todo o mundo. Grava doras norte-americanas como Opsound (www.opsound.org) e a Magnatunes (www.magnatunes.com, cujo slogan é “Música pela Internet sem culpa”) já trabalham com esse princípio de licen ciamento. “O que o Creative Commons permite é criar um universo criativo de domínio público, em tempo real”, diz Lemos. Transição O problema é avisar o velho modelo que as coisas estão mudando. Por exemplo, no Brasil, o Ecad, responsável pela coleta dos
direitos sobre obras musicais, vai cobrar uma taxa pela exibição pública de qualquer música, seja ela vinculada ao Creative Com mons ou não. E se a música estiver liberada para uso público, o dinheiro vai ficar para o Ecad e não vai para o artista. São distor ções de um modelo que está mudando. “São heranças de um sistema analógico que estão aparecendo agora. O mundo digital vazou todo esse modelo, agora ele pre cisa ser repensado”, diz Cláudio Prado. “O Ecad é uma das encrencas dentro do sistema que está surgindo, é um contrasenso. Eu levanto o problema apenas, mas ainda não tenho uma solução”. O Ecad já anunciou que cobrará, prova velmente a partir de agosto deste ano, direi tos autorais sobre músicas veiculadas na internet. A medida vale não apenas para download mas também para a escuta. Os valores ainda não estão definidos, mas poderão chegar a 7,5% nos sites em que houver faturamento. Para a área de cultura digital do Minis tério da Cultura, o desafio é entender a complexidade do mundo digital que está surgindo e suas implicações. “A cópia é legítima, não é culposa. Nós mesmos somos cópias genéticas e culturais. Não quero dizer que as pessoas não possam viver de seu trabalho, mas temos que pensar em outros modelos. O lado posi tivo da cultura digital é maior do que o maléfico. A cultura digital é desestrutu rante, mas não tem como ser proibida”, diz Prado. Existe ainda um outro desafio que a área de cultura digital precisa pensar: a preservação da identidade cultural nacio nal, que é uma das funções do MinC. Com a realidade digital, as fronteiras da comunicação caíram. “Não vejo pro blema. Os Mutantes, os tropicalistas pegaram o que veio de fora e fizeram algo muito melhor, criando em cima. As empresas de comunicação brasileiras podem fazer a mesma coisa. O risco que existe é, na verdade, as rádios analógicas que preferem tocar música americana de quinta qualidade. As empresas e os artis tas vão se deparar com outros modelos de negócio, outras fronteiras culturais e éticas. É o movimento contra-cultural de volta!”, diz Cláudio Prado.
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áudio fernandolauterjung fernando@telaviva.com.br
Em alto e bom som
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Prejudicadas pela legislação
e pela pirataria, produtoras de A medida provisória 2228, de 2001, a mesma que criou a Ancine, ao legislar tendo em vista o cinema, acabou pre som se articulam para recuperar judicando as produtoras de áudio especializadas em publi cidade. É o que diz Tula Minassian, presidente da Apro a indústria de áudio nacional. som, associação que reúne produtoras de áudio. Segundo Minassian, as campanhas internacionais entram no Brasil veiculada, cobrando por um tempo e número de inserções pagando apenas uma taxa de nacionalização. “Comerciais previamente acordados. “Atualmente, as aprovações são como os da Nike, que custam entre US$ 1,5 milhão e US$ 3 feitas com muito imediatismo. Por isso, mandamos arqui milhões, entram no Brasil pagando uma taxa de, no máxi vos MP3 para as agências de publicidade ou para as fina mo, R$ 84 mil”, explica. “Antigamente, a nacionalização lizadoras”, conta o presidente da Aprosom. Com isso, os envolvia a obrigatoriedade de narração feita no Brasil e a clientes passam a ter a matriz da trilha de áudio em mãos, produção da trilha sonora, caso contrário, deveriam repas e acabam reutilizando esse material sempre que precisam. sar cachês para músicos brasileiros”, argumenta. “Para evitar o uso sem o pagamento dos direitos, envia Com a nova legislação, as produtoras de filme acabam mos com o MP3 um ‘Alerta Aprosom’, com uma cópia produzindo a locução e pagam a taxa, tirando as produtoras da lei de pirataria. Isso ajuda a esclarecer o que o cliente de áudio do processo de nacionalização de um filme comer pode fazer com aquele material, mas não ajuda em nada cial. A briga da Aprosom agora é para que sejam revistas as na fiscalização”, diz. regras de nacionalização de comerciais. Além disso, existe outro problema ligado ao MP3. A associação, que tem mais de trinta anos de existên Antigamente, as produtoras enviavam cia, passou por um enfraquecimento e perdeu uma cópia física para cada rádio que iria sua representatividade durante cerca de dez veicular um comercial. Assim, sabiam anos. “Nosso primeiro trabalho (o da atual dire quantas rádios estavam veiculando toria) foi recuperar a Aprosom, que contava a peça e podiam cobrar proporcional com apenas 25 produtoras. Hoje são 50”, diz mente de seus clientes. Hoje, o cliente Minassian. Segundo ele, esse número repre acaba enviando uma cópia do arquivo senta cerca de 10% das empresas no mercado que recebe, tirando todo o controle brasileiro, “mas são justamente as 50 maiores, das produtoras de áudio. Além disso, e estamos trabalhando para atrair um número as redes de rádio cresceram muito. maior”. “Nunca sabemos quantas rádios liga Para reconquistar a credibilidade da asso das a uma rede estão veiculando o ciação e ainda fortalecer as produtoras liga comercial, uma vez que enviamos uma das a ela, a Aprosom criou um manual de cópia apenas para a cabeça de rede”, normas, que deve ser seguido para todos os Tula Minassian explica Minassian. trabalhos pelas associadas, e um selo Apro O diretor da Aprosom diz que, após tempos sem som. saber quem procurar para resolver seu problema, esta beleceu contatos com a Ancine e com o Ministério da Uso indevido Cultura e que ambos aceitaram abrir um diálogo com Outro problema que assola o mercado de produção sono a associação para que seja solucionado o problema da ra é a pirataria. A culpa, em parte, é do mesmo vilão que nacionalização. Além disso, a Secom também já foi ataca a indústria fonográfica: o MP3. O que acontece é acionada para entrar na discussão. “Agora sabemos em que as produtoras de áudio, antes do MP3, enviavam uma que campainha tocar”, brinca Minassian. matriz para cada uma das mídias em que a produção seria
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Foto: Gerson Gargalaka
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m aking of M i x d e e sp o rt e s Continuando a campanha iniciada ano passado, a agência Z+ criou dois novos filmes que misturam de forma bem humorada tipos diferentes de esportes. No primeiro filme, os personagens batiam bola com suas bicicletas - um mix de bicicross com futebol. Em uma das novas versões, os jogadores de futebol de salão se tornam capoeiristas, num jogo acrobático. E no outro filme, o jogador de futebol Luís Fabiano encara um jogo de futebol americano. Segundo o diretor Gustavo Leme, em ambos os filmes a produ
ção de casting teve de ser rigorosa. Os recursos de pós-produção também foram bastante limitados, por isso os filmes exploraram todas as possibilidades de iluminação, com gravações noturnas e imagens em contra-luz. “Optamos por isso porque se filmás semos durante o dia o filme se tornaria uma superprodução. Teríamos que encher as arquibancadas, ou com figurantes ou com computação gráfica. E só tínhamos uma diária. Pesquisei vários filmes, da Nike, da Reebok, que são muito simples e têm uma linguagem muito legal”, completa.
Movimentos f a n t á s t i c o s No filme “Futcapoeira”, o roteiro inicialmente não previa um jogo muito acrobático. “A idéia era explorar a ginga, mas sugeri que fizéssemos movimentos fantásticos, inspirados no Cirque du Soleil”, conta Gusta vo. Foi preciso encontrar capoeiristas excelentes, com características físicas semelhantes às dos jogadores reais. “Fizemos um teste grande, com mais de 50 capoeiristas. Escolhemos mais ou menos 15, e desses tiramos os seis que atuaram no filme”, conta. Os capoeiristas aparecem sempre de cos tas, fazendo jogadas com movimentos da capoeira. Todas as cenas foram filmadas na locação, uma quadra de futebol de salão oficial em São Paulo. A computação gráfica entrou em cena apenas no final, para a aplicação das bolas, mas nada foi rodado em fundo azul.
Coreografia especializa d a No caso do futebol americano, mais difícil do que montar o time foi conseguir os uniformes. “Não existem times de fute bol americano no Brasil e não conseguimos encontrar os uni formes para comprar. Pensamos até em mandar fazer os uni formes. Felizmente, encontramos um dos maiores fanáticos pelo esporte - o técnico Paulo Autuori - que não só emprestou os equipamentos como deu uma consultoria completa para a produção”, explica o diretor Gustavo Leme. Autuori ajudou a coreografar os jogadores e no fim acabou também fazendo uma ponta no filme: ele é o juiz.
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lizandradealmeida lizandra@telaviva.com.br
Bola oval
Além de Autuori, a estrela desse filme é o jogador Luís Fabiano, que em pouco tempo se familiarizou com a bola oval de futebol americano e fez todas as acrobacias ao vivo. A única bola aplicada foi a última, quando marca um golaço na trave de nove metros. A filmagem aconteceu na pista de atle tismo do complexo esportivo do Ibirapuera, que foi preparado para parecer um campo de futebol americano. “Mantivemos os holofotes ligados e em quadro, para criar uma luz com flair, uma ilumina ção épica que compensasse o vazio das arquibanca das”, explica o diretor.
icha técnica fCliente Penalty • Produto Institucional • Agência Z+ • Diret or de Criação Zezito Marques da Costa e Alan Stro zemberg • Criação Luis Filipin, Pablo di Nallo, Kevin Zung e José Ricardo Novoa • Produtora Repúblika Filmes • Direção de cena Gustavo Leme • Fotografia Hebling Jr. • Casting Schumacher, Franklin, Simi, Bebeto e Leandrinho • Direção de Arte Isabelle Carboni • Trilha A Voz do Brasil • Montagem Carlos Pans • Pós-produção Estúdios Mega
Filmagens precisas Os dois filmes partiram de story boards bastante detalhados, pois foram rodados em uma única noite - o que exige toda a precisão. Durante as filmagens, o próprio diretor operou uma câme ra Bolex 250, de 16mm, cujas imagens também foram aproveitadas na edição. “Mesclamos com imagens mais sujas, para dar um clima nervoso ao filme”, diz Gustavo.
equipamentos pauloboccato
paulo@telaviva.com.br
Opção nacional
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Uma das grandes novidades para o mercado de pro dução audiovisual lançada na última Semana ABC de Cinematografia, realizada entre os dias 10 e 14 de maio no Rio de Janeiro, tem o selo 100% nacional. A empresa paulista Aircam apresentou um Crane Car desenvolvido inteiramente no Brasil. O equipamento consiste de uma grua acoplada a uma picape F-250 adaptada, com controle de movimentos de cabeça e monitoração a partir da cabine. A tecnologia foi desenvolvida durante três anos pelos proprietários da empresa e já está disponível para locação no mer cado desde o começo do ano. Como a Aircam, outras empresas, como Mattedi, DMS e Comerciall inves tem na fabricação de equipamentos de iluminação e, principalmente, maquinária. Esse pequeno parque industrial ainda sofre com as resistências de parte do mercado ao produto doméstico e com a falta de uma política de financiamento que permita investir em pes quisa e pensar em escalas maiores de produção. Mas já alcança um certo destaque em relação a outras categorias de equipamentos para cinema e vídeo, principalmente por utilizar, em grande parte, materiais abundantes no Brasil, como alumínio, ferro e aço inox. O segmento também leva vantagem pela proximida de com os clientes, no caso da necessidade de assistência técni ca e reposição de peças. A empresa carioca Mattedi é uma das mais tradicionais do ramo, investindo há 13 anos na fabricação de tripés, travellings, gruas e suportes. Formado em escolas técni cas e na prática de efeitos especiais mecanizados para cinema e vídeo, o proprietário Aylton Antonio Mattedi, começou com uma pequena empresa de manutenção. “Eu vivia tendo que inventar traquitanas para resolver
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Empresas brasileiras investem na fabricação de equipamentos para maquinária e iluminação de cinema e vídeo problemas de movimentação de câmera, já que o mercado brasileiro sempre foi carente em equipamentos desse tipo, por conta dos altos custos de importação. No começo dos anos 90, decidi fazer um projeto de tripé para vídeo inteira mente nacional. Na época, fui chamado de maluco”, recorda. Mattedi brinca ao comparar seu primeiro projeto de tripé a “um Fusca que entrou no mercado na época para concorrer com BMWs. Mas eu percebia que, em muitos casos, um Fusca resolvia perfeitamente o problema. Só que demorou bastan te para as pessoas entenderem isso”. Ao longo dos anos, a empresa foi aprimorando seus equipamentos e entrando em outros segmentos, sempre baseada em muita pesquisa. Atual mente, a Mattedi conta com seis modelos de tripé, gruas, tra vellings, suportes e plataformas para utilização em cinema e vídeo, além de teleprompter e da cabeça remota MRH-20. Projeto premiado A história desse equipamento ilustra bem as dificuldades de quem pretende atuar no ramo. Em 1997, com o projeto da cabeça remota, a Mattedi venceu um prêmio de tec nologia dado pela Firjan (Federação das Indús trias do Estado do Rio de Janeiro), concorrendo com 95 empresas dos mais variados segmentos. Animado, Mattedi saiu em busca de financiamen to, mas nenhum banco se animou a investir. “Resol vi investir por conta própria”, conta o proprietário. E tem sido assim a maior parte do tempo. “É complicado con seguir capital, seja público ou privado, quando se tem uma empresa pequena num mercado dominado por pro dutos estrangeiros”, analisa. O jeito é recorrer a parcerias. A Mattedi, por exemplo, trabalha em conjunto com alunos do curso de Engenharia de Robótica
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Teleprompter TPM 592C, da Mattedi: software roda em português, inglês e espanhol.
Fotos: Divulgação
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da UFRJ, coordenados pelo profes sor Vítor Romano. “Eu analiso as carências do mercado, crio as idéias e aí chamo o pessoal de engenharia para os projetos descritivos e dese nhos”, explica Mattedi. Mas a cons trução é feita, na maior parte, inter namente, numa estrutura que envol Após três anos de pesquisa, a Aircam colocou no mercado o Crane Car. ve cerca de 20 profissionais. “Em alguns casos, recorremos a terceiros, Sua grua pode ficar rente ao chão e atinge 4,2 m de altura. como no caso do teleprompter TPM 592C, que teve o software desenvolvi do por um profissional contratado”, e começar a alugar”, diz. A empresa, Car Industries, com a intenção de com diz. O equipamento é dotado de suporte aliás, continua atuando nesse segmen prar. Eles acharam meio estranho, pois físico, desenvolvido internamente, espe to, sendo uma das maiores locadoras de os equipamentos que eles constroem lho semi-reflexivo e monitor colorido de rádios do mercado, e também atua na são basicamente para locação. Aí perce 15”. O programa roda em três idiomas: sonorização de eventos. “Depois de um bemos que esse era o caminho - e eles português, inglês e espanhol. Entre os certo tempo, o pessoal da O2 me pediu foram muito legais, deixando que ficásse outros destaques da casa estão a grua que fizesse um ventilador grande, para mos uns dias por lá para aprendermos”, MC 6000, que pode ser usada com câme um comercial de moda que consistia conta Martins. “O processo levou três ras de cinema, e o travelling TRV-1000, de um lava-rápido de mulheres. Surgiu anos e contamos com a assessoria de além das portáteis mini-gruas e ligeiri meu primeiro equipamento desenvolvi diversos diretores de fotografia, assis nhos. A maioria dos equipamentos é vol do para locação, um simulador de vento tentes de câmera e maquinistas”. tada para venda direta (principalmente que batizei de Tufão”, diz. O Crane Car é dotado de uma grua para produtoras e emissoras de TV) e fixa, com limitadores de altura que per revendas, mas alguns só existem para Bons ventos, altos vôos mitem controlar os tetos mínimo (rente locação. “No caso da grua, por exemplo, Desde então, a Aircam não parou mais. ao piso) e máximo (4,2 m), em tilt, e não compensa investir em escala”, diz Os equipamentos da casa incluem três coluna central com posição cambiável, Mattedi. unidades do Tufão II, simuladores de para pan de até 360º. A cabine da pica Locação é o foco da Aircam, onde a vento ligados a controladores eletrôni pe é toda adaptada: a cabine simples maioria dos equipamentos desenvolvi cos programáveis, que propiciam uma foi transformada em dupla, com capa dos com tecnologia própria conta com variação linear de 50 a 1,7 mil rpm, com cidade para cinco pessoas; os painéis e apenas uma unidade. “São equipamen curva de resposta em tempo real, e 120º chassis foram reforçados e modificados tos muito caros, para uso muito especí de movimento giratório, que deve ser para suportar as estruturas da grua, dos fico, e não há condições de construí-los feito manualmente pelo maquinista. A monitores e dos controladores, além em escala”, explica um dos sócios da empresa também se destaca no ramo de de todo o cabeamento; e o banco do empresa, Homero Martins. A Aircam filmagens aéreas, onde conta com os co-piloto pode ser invertido 180º em surgiu em 1993, mas Martins trabalha equipamentos Side Mount, para fixação menos de cinco minutos. Da cabine, é no setor há mais de 20 anos. “Comecei lateral na aeronave, adaptado a partir possível controlar a pressão da suspen como mecânico de helicópteros e, no iní de importados, e Nose Mount, para fixa são e a pressão de cada pneu indivi cio dos anos 80, fui contratado por uma ção frontal, desenvolvido internamente. dualmente. Além disso, há um monitor empresa que tinha acabado de comprar Para movimento de câmera, a Aircam LCD 8” para o motorista e outro para um Tyler Mount, equipamento usado desenvolveu a Monster, maior grua para o co-piloto, normalmente o assistente para fixação da câmera em filmagens cinema da América Latina, que sobe a de câmera. No banco traseiro, com três aéreas. Eu ia acompanhar as filmagens 9,5 metros com até dois técnicos (260 lugares, está instalado um monitor LCD e comecei a conhecer o pessoal de cine kg de carga), a 12,5 metros com um téc tela plana de 14”, com ângulo de visão ma e tomar gosto pela coisa”, conta. O nico (160 kg de carga) e a até 15 metros de 170º, além de suportes para contro início como empresário aconteceu por com cabeça eletrônica (90 kg de carga), ladores de movimentos de cabeça, que acaso. “O Magrão, da 5.6, estava fazen com tempo de montagem e desmonta podem ser feitos por manivelas (Crank do um comercial de Chevette e precisa gem estimado em duas horas e meia. Wheels), Pan Bar (C.A.T.) ou joysticks. va de rádios para a comunicação entre Mas o grande hit da casa promete Um rádio-base no painel do veículo per o helicóptero e o carro de cena. Ele me ser o Crane Car. “Quando pensamos mite a comunicação no interior da cabi encarregou de arrumar os rádios e pagou em ter um equipamento como esse, ne, por meio de alto-falantes instalados pelo aluguel. Eu achei bacana aquela his visitamos dois dos maiores fabricantes nas portas, e também com o exterior. tória e resolvi comprar vários rádios americanos, a Shotmaker e a Camera Na parte traseira, pode ser acoplado um
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Tow Dolly, para reboque de carro de cena. Os cuidados se estendem à cor do veículo, em preto fosco para evitar refle xos indesejáveis. Tanto a grua Monster quanto o Crane Car são alugados com a cabeça eletrônica Hot Head II, da norte-americana Egripment, que permi te movimentos em três eixos (pan, tilt e RollAxis).
Tufão II: de 50 a 1,7 mil RPM.
Leveza
Na linha de movimentos de câmera para capacidade para até 16 kg de carga. Um o mercado de vídeo, um fabricante tradi dos destaques da casa é o Travelling de cional no mercado brasileiro é a DMS, Produto, um chapéu alto montado sobre há 13 anos atuando no segmento. “Nós uma base de alumínio que pode ser fixa começamos dando manutenção para da a tripés de luz, sendo indicado para equipamentos importados e logo perce pack-shots. Já o Travelling de Manguei bemos que havia espaço para investir ras é dotado de um sistema de rodas na produção de maquinária nacional. que corrige a falta de paralelismo entre Apanhamos bastante, porque aqui as as mangueiras utilizadas como trilhos, pessoas costumam considerar que o permitindo movimentos de câmera dife equipamento brasileiro é sempre pior renciados. O equipamento tem grande que o importado, mesmo que sejam os dois do mesmo tipo e faixa de preço”, diz Eduardo Soares, um dos sócios da empresa. Soares explica que essa visão continua bastante forte, mas já sente uma pequena mudança de postura. “As pessoas começam a perceber as facilidades de ter um período maior de garantia e um custo de manutenção bem mais baixo”, opina. Além dos tripés, a DMS conta hoje com travellings e gruas, com Nose Mount: desenvolvido
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pela Aircam, é instalado frontalmente em helicóptero.
facilidade de transporte, sendo leve e podendo ser levado no porta-malas de um carro. Também portátil é a Grua DMS, que alcança até 3,5 m de altura e suporta carga de 22 kg. A empresa também fabrica o Giro cam, sistema de controle de pan e tilt via cabo, e lanças que permitem transformar a Grua DMS em um Mini-Gib. No segmento de acessórios e tripés de iluminação, uma das empresas de maior destaque é a Point de Luz, coope rativa de ex-funcionários da LocAll que assumiram a fabricação dos produtos desta empresa, hoje dedicada ao mercado de locação. A Point de Luz foi formada em 1998 e tem como representante exclusiva de vendas a empresa Comerciall Represen tações. “Nossa linha de produtos inclui dimmers, refletores, tripés de iluminação e vários tipos de acessórios, e estamos bem estabelecidos no mercado. Atualmente, é muito comum a compra de equipa mentos nacionais. Primeiro, pelas dificul dades de importação, com altos impostos e constantes greves da Receita Federal; depois, porque chegamos a um nível de aprimoramento muito grande. E também pela facilidade de manutenção”, explica Martim Francisco, gerente de vendas da Comerciall. “Nosso mercado principal são as revendas”, diz. Entre os mais vendidos da empresa, que também atende ao merca do de teatro e eventos, estão as conhecidas Garras Loc.All, desenvolvidas internamen te e que já são reproduzidas por outros fabricantes do setor.
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