Revista Tela Viva - 148 - abril 2005

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televisão, cinema e mídias eletrônicas

ano 14_#148_abril2005

volta por cima A estratégia de Marcos Mendonça para reverter a crise na TV Cultura

Cinema De Salvador, a proposta de uma distribuidora latina

Pós-produção Como escolher o melhor sistema de composição


N達o disponivel


(editorial ) por André Mermelstein

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Diretor e Editor Diretor Editorial Diretor Editorial Diretor Comercial Diretor Financeiro Gerente de Marketing e Circulação Administração

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Rubens Glasberg André Mermelstein Samuel Possebon Manoel Fernandez Otavio Jardanovski Gislaine Gaspar Vilma Pereira (Gerente), Gilberto Taques (Assistente Financeiro)

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Impressão

Ipsis Gráfica e Editora S.A.

Fronteiras ampliadas

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partir deste mês, o leitor de TELA VIVA ganha um presente. A Editora Glasberg, que edita a revista, fechou um acordo de copyrights exclusivos para a língua portuguesa com uma das maiores editoras de publicações especializadas do mundo, a Primedia. Assim, a cada mês nossos leitores terão acesso a textos selecionados de três revistas de ponta no setor audiovisual: Broadcast Engineering e Video Systems, especializadas em tecnologia de produção, e Millimeter, especializada em pós-produção e efeitos. Buscaremos sempre publicar matérias que tenham relevância para o leitor brasileiro, preferencialmente com a exposição didática de casos de sucesso no uso das modernas tecnologias de produção e análises isentas e independentes de equipamentos e sistemas. É claro que este conteúdo vem apenas somar. Não abriremos mão de sequer um centímetro de nossa cobertura nacional. Acreditamos que nosso diferencial reside aí, no jornalismo local, na proximidade com o mercado brasileiro. Não é à toa que mantemos, mesmo com os altos custos que isso representa, equipes de jornalistas especializados em São Paulo, Rio e Brasília. Não é à toa que TELA VIVA e o noticiário TELA VIVA News são referência na cobertura de TV e cinema no País, freqüentemente citados pelos grandes veículos de comunicação. Afinal, há 14 anos não fazemos outra coisa senão investir em capacitação e preparo de jornalistas e editores especializados. Ainda acreditamos no jornalismo isento e independente, no qual o leitor sabe que pode confiar, e que também traga valor ao anunciante, que associa sua marca a um conteúdo de alta qualidade, inclusive com circulação auditada. É assim, com um olho no Brasil e outro no mundo, que construímos esta revista. Aproveite.

Tela Viva é uma publicação mensal da Editora Glasberg - Rua Sergipe, 401, Conj. 605, CEP 01243-001. Telefone: (11) 2123-2600 e Fax: (11) 3257-5910. São Paulo, SP. Sucursal Setor Comercial Norte - Quadra 02 Bloco D - torre B - sala 424 - CEP 70712-903. Fone/Fax: (61) 327-3755 Brasília, DF Jornalista Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965) Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A Os artigos da Broadcast Engineering® (www.broadcastengineering.com), da Millimeter® (www. millimeter.com) e da Video Systems® (www.videosystems.com) são republicados sob licença da Primedia Business Magazines & Media Inc. Todos os direitos são reservados pela Primedia Inc.

foto de capa: gerson gargalaka

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(índice)

(cartas) Terminei de ler a excelente reportagem sobre a TV digital no País. O editorial está muito bom. Só que chamo a atenção para o pressuposto de que os termos da área são de domínio de todos que lêem a revista. O editor usou a palavra “must-carry”. Desconfio que (...) para boa parte dos leitores da revista o termo é de difícil compreensão. Considero que é importante clarear as expressões. Um abraço Alfredo Vizeu, professor do programa de pós-graduação em comunicação da UFPE Alfredo, Você tem razão. Às vezes partimos, não intencional­mente, do pressuposto de que o conhecimento sobre o jargão é nivelado, quando na verdade sempre haverá quem não está familiarizado com alguns termos (estudantes e outros também). Tentaremos evitar que isso se repita. Em relação ao citado must-carry, é um termo da indústria de TV por assinatura, atualmente em intensa discussão nos EUA, e refere-se à obrigatoriedade das redes de cabo transportarem todos os sinais digitais das emissoras abertas de uma localidade. No caso de transmissões digitais multicast (vários canais), o cabo argumenta que não teria espaço para levar seus próprios canais. No Brasil a questão é prematura, mas nem por isso não deve ser levantada, já que a Lei do Cabo prevê o must-carry dos canais analógicos (como de fato acontece: os canais abertos de uma praça, VHF e UHF, são obrigatoriamente transmitidos pelas TVs a cabo locais).

Novo rumo

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Com a crise equacionada, TV Cultura mostra seus planos de investimento em produção e equipamentos 26

scanner figuras tv por assinatura

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Fusão Sky/DirecTV ameaça o conteúdo nacional?

legislação

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O acesso dos deficientes auditivos à TV

making of artigo

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Desafio ao cinema paulista, por Toni Venturi

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cinema

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Uma saída para a distribuição de filmes ibero-americanos

carreiras

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O dia-a-dia dos compositores e produtores de trilhas

evento

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Expositores da NAB 2005 mostram o jogo 48

pós-produção upgrade agenda

Tela Viva edita as cartas recebidas, para adequá-las a este espaço, procurando manter a máxima fidelidade ao seu conteúdo. Envie suas críticas, comentários e sugestões para cartas@ telaviva.com.br.

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Como escolher um sistema de composição digital

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Acompanhe as notícias mais recentes do mercado

telavivanews www.telaviva.com.br

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( scanner ) Ratinho animado

Projetos Especiais

A Animaking produziu para o SBT a vinheta de abertura do novo “Programa do Ratinho”. Feita em animação com a técnica stop-motion, os personagens Ratinho (Carlos Massa) e Xaropinho aparecem em uma divertida disputa por um pedaço de queijo. A direção é de Paolo Conti, com criação de Arthur Medeiros.

Proprietários na web A Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática aprovou no dia 30 de março o parecer favorável do deputado Nelson Proença (PPS/RS) para o projeto do deputado Edson Duarte (PV/BA), obrigando a divulgação na Internet da relação dos proprietários e diretores das empresas de radiodifusão. Emenda proposta pelo próprio relator acrescentou ao projeto a extensão da obrigatoriedade para as entidades mantenedoras de emissoras de rádio comunitária.

A produtora Cinemacentro Filmes, que atua no mercado publicitário, está selecionando projetos de média e longa-metragem e séries para TV, visando realizar co-produções. Para isso, a produtora, de Enzo Barone, já está recebendo sinopses e roteiros de obras ficcionais e argumentos para documentários. Os projetos devem ser enviados para Eva Laurenti pelo e-mail cinemacentrocultural@. cinemacentro.com.br

Namorados

Feito à mão

Papel, vidro e câmera. Foi o que a produtora de animação TV Pinguim usou para realizar as vinhetas da série “handmade cartoons”, que estão sendo veiculadas desde fevereiro no Cartoon Network em toda a América Latina. “É até um choque quando entra no meio da programação uma animação feita em origami, com técnica de stop-motion”, brinca o diretor da produtora Kiko Mistrorigo. São oito episódios de 15 segundos em que personagens como Dexter, Mac (foto ao lado), Puro Osso, Número 1, Docinho, Coragem, Megas e Edu são montados em dobraduras de papel. A série tem ainda uma vinheta feita em massinha, com todos os personagens, em preto e branco (foto acima), que está sendo exibida pelo Cartoon nos Estados Unidos.

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fotos: divulgação

No filme “Namorados”, da campanha da Blockbuster, criado pela DM9DDB e produzido pela O2 Filmes, um casal de jovens tenta namorar, inibidos pelo irmão mais novo da moça. Diante do impasse, o namorado sugere irem para um lugar mais aconchegante. Pouco depois entra a mãe do menino e, ao notar a ausência do casal de namorados, pergunta ao garoto onde sua irmã foi. “Na Blockbuster”, responde inocentemente o menino. Com criação de Fabio Saboya e Marcelo Siqueira, o comercial foi dirigido por Toniko, com fotografia de Lauro Escorel.

Mais espaço

A Ancine alugou novo imóvel para abrigar o escritório central da agência no Rio de Janeiro. A agência assinou contrato de aluguel com o INSS do prédio de nº 35 na Avenida Graça Aranha, centro do Rio. O imóvel tem 13 andares, uma área total de 4,75 mil m2, e será alugado por R$ 52 mil mensais.


Exclusividade

A nova campanha das Lojas Marisa, assinada pela Giacometti, será toda filmada por uma única produtora, a Made to Create. Os filmes serão dirigidos por Willy Biondani e Luiz Villaça, dois diretores fixos da casa.

Do sul para Sampa A TGD Filmes, de Porto Alegre, abriu as portas em São Paulo, na Vila Olímpia, no mês de março. A nova estrutura da capital paulista terá como executivo de atendimento o Cacá (ex-Produtores Associados e S Filmes). A estrutura também vai contar com Ricardo Hepp (Ricki) que atuou na Tambor e na Jinga.

Energia até a ponta dos dedos Um menino mexe no interruptor do seu quarto, apagando a luz. Com isso, funcionários das empresas de distribuição de energia elétrica do País ficam paralisados. Criado pela W/Brasil e produzido pela Cine, o filme “Interruptor” destaca o trabalho feito pelas distribuidoras de energia, ligadas a Abradee — Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica. O comercial institucional, rodado em Campinas, ressalta a pequena porcentagem que fica com as empresas para a melhoria dos serviços, um terço do valor das contas de luz. O restante é imposto e dinheiro investido na compra de energia. A direção de cena é de Clovis Mello e a direção de fotografia é de Jean Benoit, com criação de Ruy Branquinho. A pós-produção e a finalização são da Digital 21, braço de pós-produção e efeitos especiais do grupo da Cine.

Campanha do Idec

Em março, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) estreou uma campanha publicitária cujo mote é “Cidadania se conquista”. Todos os envolvidos na campanha trabalharam de forma voluntária: a atriz Joana Fomm (como protagonista), a agência DeBrito e a produtora Telenews. São três peças para TV e rádio, cada uma com duração de 30 segundos. As duas próximas peças devem ser veiculadas em junho e setembro. A campanha está centrada na temática de como o consumidor pode garantir seus direitos individuais e, ao mesmo tempo, atuar para o aprimoramento da sociedade. Além dos filmes e dos spots, o Idec lançou o hotsite ww.idec.org.br/campanha_site.asp. Assim como nas campanhas anteriores, o Idec esperava conseguir veiculação voluntária nas emissoras de rádio e TV.

Mais ofertas

Maior atuação A ADLine, dealer da Pinnacle Systems no Brasil, foi nomeada para representar mais uma linha de produtos da fabricante recém-comprada pela Avid. Agora, além dos produtos broadcast, a ADLine representa a linha de gráficos, que compreende toda a família Deko e Thunder.

Novo endereço A Mixer está em novo endereço. A empresa — que reúne em uma mesma estrutura as produtoras Jodaf, RadarTV, Luz, Pizza, Grifa, RDigital e Channels — mudou no final de março para a nova sede em São Paulo, perto da anterior, na Vila Olímpia. Com cerca de 1,5 mil m2, a nova sede fica no condomínio Millennium, na Avenida Chedid Jafet, 222 - torre D (cobertura).

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Uma nova personagem é a estrela de dois filmes da Intelig. Para divulgar as ofertas do 23, a Giovanni, FCB criou a empregada doméstica Robervânia, que vive pendurada ao telefone. Os filmes fazem parte da campanha “Saia da Rotina” e têm criação assinada por Fernando Campos, Murilo Lico, Alessandro Bernardo, Marco Giannelli e Renato Lopes. A direção de criação é de Valdir Bianchi e do próprio Campos. Os filmes foram produzidos pela Pródigo Filmes, com direção de Caito Ortiz.

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O campo no ar

©foto: band/fÁbio nunes

A Band acaba de estrear um novo canal: Terra Viva, 24 horas de agronegócios. Com investimentos iniciais de US$ 3 milhões e 18 meses para o desenvolvimento do projeto, o canal tem sinal analógico aberto às parabólicas de banda C (satélite Brasilsat B1) e está em operadoras de TV paga, como DirecTV, Tecsat e TV Cidade (nas praças em que não usa a bandeira da Net). Para viabilizar a cobertura ao vivo de feiras, leilões e outros eventos em todo o Brasil, o canal montou uma unidade móvel numa carreta de 14 metros de comprimento, Floribella que, como as duas outras unidades móveis, tem infra-estrutura completa e uplink. A redação do Terra Viva, localizada na própria Band, no bairro paulistano do Morumbi, está integrada ao estúdio, que produz 100% de sua grade e ainda passa a ser o provedor de conteúdo específico do setor Clube do Fã para os demais veículos do Grupo Bandeirantes, incluindo os canais abertos e fechados e as emissoras de rádio. O Grupo Bandeirantes é sócio majoritário no Terra Viva (que é uma S.A.), ao lado de seis empresários do setor de agronegócios. Um deles é Jovelino Mineiro, empresário de agricultura e pecuária de São Paulo, com fazendas em vários locais do Brasil. No conteúdo, como explica Aguinaldo De Fiori Filho, diretor geral do Terra Viva, que por enquanto acumula seu antigo cargo de diretor da Band de Presidente Prudente, no interior de São Paulo, há telejornalismo, notícias em formato videográfico sobre tempo, umidade do solo e outras que interessam ao produtor rural, cotações da

BM&F com links ao vivo. Além disso, têm destaques leilões de animais e capacitação à distância. “Queremos orientar o pequeno produtor rural quanto às tecnologias alternativas. Por exemplo, vamos dar treinamento de tratorista para que o profissional aprenda a utilizar uma máquina com GPS.” Como complemento, o canal abre o leque para outros interesses de quem vive no campo: “Temos música, culinária e outros assuntos”, diz o executivo.

Novos programas A TV Bandeirantes também está com uma série de programas novos em sua grade. No dia 21 de março estreou “Clube do Fã”, apresentado por Otaviano Costa. É uma produção independente da Sunshine Entertaiment, empresa promotora de eventos musicais e administradora da carreira de artistas como Leonardo e Alexandre Pires. Por não ter know-how em produção audiovisual, a Sunshine contratou a JPO Produções. Além de cuidar da logística de equipamentos e produção, a JPO ainda cede seus estúdios em São Paulo, onde são gravados os episódios do “Clube do Fã”. A Band e a Sunshine dividem a receita publicitária (comercializada exclusivamente pela emissora). Logo no início de abril, a Band estreou a novela “Floribella” e “Esporte Total na Geral”, ambos no dia 4. “Floribella”, de Cris Morena, é uma comédia romântica, que mistura teledramaturgia com música e dança. Já “Esporte Total na Geral” é um programa diário (de segunda a sexta, às 11h45), ao vivo e apresentado por Beto Hora, Lélio Teixeira e Zé Paulo da Glória, humoristas conhecidos pelo “Na Geral” da Rádio Bandeirantes.

Correção Entrevistada para a matéria sobre Montagem feita na edição passada, a montadora Verónica Sáenz pede que sejam retificadas algumas informações. Em primeiro lugar, que seu nome artístico é justamente Sáenz e não Kovensky. E que ela defende que os montadores complementem sua formação com outros cursos da área de humanas, mas não dispensa a formação em cinema. “Acho que para fazer cinema a pessoa pode vir de qualquer outra formação anterior, não excluo as científicas, e completar com uma formação de cinema para poder obter os conhecimentos técnicos e artísticos que uma boa escola pode oferecer”, afirma. Ela informa também que estudou no INSAS, de Bruxelas, na Bélgica, onde fez especialização em montagem.

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Avid compra Pinnacle A Avid Technology anunciou em março que adquiriu a Pinnacle Systems, em um negócio que envolveu dinheiro e troca de ações. Segundo o anúncio da empresa, a expectativa é que, uma vez concluído o negócio, os produtos profissionais da Pinnacle, como o servidor MediaStream e o sistema de geração de títulos Deko, sejam incorporados aos sistemas de pós-produção da Avid. Os produtos da linha consumer serão a base de uma nova linha que a Avid pretende lançar, visando o usuário doméstico e semipro­fissional. Estima-se no mercado que, concluída a fusão, a Avid será a terceira maior empresa fornecedora de tecnologia para broadcast e audiovisual do mundo.

O papel da mulher A jornalista Claudia Ortiz, da TV Cultura de São Paulo, foi escolhida para ser a representante do Brasil na International Women Broadcasters’ Conference, evento promovido pela TVE (Television Trust for the Environment) realizado nos dias 5 a 8 de abril em Londres. O encontro reuniu mulheres jornalistas representantes de 36 países para discutir e formatar uma série de programetes sobre as mudanças acontecidas desde a Conferência sobre os Direitos da Mulher, que ocorreu em Pequim há exatos dez anos. Após a reunião, cada produtor realizará em seu país de origem uma matéria abordando os temas discutidos. A coletânea dessas matérias resultará num panorama mundial, que será exibido no Brasil pela TV Cultura.

Novo transmissor A TVE Brasil anunciou que, dentro de seis meses, contará com um novo transmissor. O equipamento permitirá à emissora dobrar a potência do seu sinal no Rio de Janeiro, beneficiando todo a região da Grande Rio, inclusive áreas onde a transmissão era deficiente.

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( scanner) Unidade móvel

Mesa controla cinco câmeras

A Lumiere Vídeo estreou no mês passado sua nova unidade móvel ao transmitir, ao vivo pela Rede Vida, a missa-show do padre Marcelo Rossi, a partir de Santa Cruz do Sul/RS. A unidade móvel tem capacidade para cobrir shows, desfiles, feiras, congressos, além de servir para a gravação de DVDs e qualquer tipo de evento realizado no mercado gaúcho. Conta com cinco câmeras Sony DSR-390, para transmissão ao vivo ou para gravação simultaneamente, em DVCam ou Betacam. O caminhão tem mesa de áudio de 28 canais, mesa de corte componente com redundância e no-break, além de contar com local para descanso da equipe dentro da própria unidade.

Lei de Comunicação Social

especial responsável por políticas públicas da Casa Civil, André Barbosa, que conclamou os empresários do setor de radiodifusão e instituições de pesquisa do Sistema proposta de uma Lei de Comunicação Social, cujo Brasileiro de TV Digital a participarem da discussão estudo foi encomendado pelo presidente Lula dessa legislação ampla. Barbosa participou do Fórum como forma de “sustentar” a idéia de uma agência de Políticas Públicas realizado pelo Ministério das reguladora para o audiovisual, Comunicações no final de março, deve vir a público em breve. No em Brasília. O encontro era voltado Seminário Internacional de Cinema especificamente para o tema da e Audiovisual, que aconteceu em TV digital terrestre. Salvador no final de março (leia André Barbosa deu um recado matéria na pág. 40), o secretário aos radiodifusores, ao responder do Audiovisual do Ministério da a um questionamento da Abert Cultura, Orlando Senna, afirmou (associação de emissoras de rádio que o presidente orientou seus e TV). “As tecnologias surgem ministros a dividirem a proposta e impõem novos modelos de da Ancinav em duas, formatando-a negócio. Gigantes desaparecem como uma agência fiscalizadora e nesse processo. Se existem O secretário Orlando Senna, em Salvador. fomentadora, mas ao mesmo tempo resistências é preciso vencê-las dando inicio à elaboração de uma com diálogo”, disse. “É preciso Lei Geral de Comunicação. O secretário afirmou que nas respeitar a história dos grupos, mas também é preciso próximas semanas o presidente assinará decreto instituindo pensar no futuro. Cross-media, novos modelos de negócio, um Grupo de Trabalho Interministerial para elaborar um tudo isso precisa ser colocado sobre a mesa. Feito isso, anteprojeto de lei para regular a organização e exploração veremos de que maneira sobreviver nos próximos 20 ou dos serviços de comunicação eletrônica. 30 anos. Não nos interessa que os grandes produtores de No caso da Ancinav, será uma agência “sem as atribuições cultura nacional, como a TV Globo, sejam desconsiderados regulatórias previstas na proposta original, atribuições essas nesse processo. Mas é preciso perceber que não é o Estado que passam a ser listadas em uma lei específica. Desta forma, brasileiro quem está impondo as mudanças”, completou o terá um desenho semelhante às outras agências reguladoras, assessor especial. que regulam a partir de uma lei específica para o setor”, Para Barbosa, não faz sentido tratar TV digital, a questão explicou. Segundo Senna, “o anteprojeto da Ancinav foi audiovisual e as questões de pluralização da informação de retrabalhado, excluindo-se os dispositivos regulatórios, e será forma separada. “Tudo isso precisa ser parte de um debate reenviado nas próximas semanas ao Conselho Superior de amplo e uma proposta única e de um projeto de Estado, que Cinema, que fará suas últimas considerações e o remeterá ao não esteja vinculado ao governo, a questões ideológicas ou presidente da República”. ao que vai acontecer em 2006 ou 2010.” Ele lembrou que a decisão do governo Lula de dar o TV digital aval para que instituições de pesquisa trabalhassem no A proposta da Lei Geral de Comunicação Social desenvolvimento do Sistema Brasileiro de TV Digital veio da englobará ainda a regulamentação necessária para constatação feita no governo anterior de que nenhum dos o modelo de TV digital. É assim que pensa o assessor três padrões existentes atendia plenamente às necessidades. ©foto: bahia imagens / adenor gondim

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esde que foi pela primeira vez ao cinema, quando tinha uns sete ou oito anos, Rita Teófilo soube que queria trabalhar na área. Mesmo sem ter feito faculdade, procurou fazer vários cursos, incluindo roteiro e fotografia. Enquanto isso, trabalhava e assistia filmes. Como monitora da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, viu que suas paixões — o cinema e a fotografia — podiam assumir linguagens inesperadas, o que avivou sua curiosidade e fez com que ela passasse a ver cada vez mais filmes e começasse a se interessar pela fotografia cinematográfica. A oportunidade de se aproximar do cinema veio rita teÓfilo quando Rita trabalhava como hostess do restaurante Di Bistrô. O dono, apaixonado por fotografia, promovia exposições e com a nova atividade. Eu saía do estúdio, incentivava suas paixões. Um dia passava na loja que me cedia as roupas, decidiu contratar uma fotógrafa me trocava, ia para o restaurante e ficava para produzir fotos do próprio até as 3 horas da manhã. Lá eu ganhava restaurante e Rita pôde mostrar melhor, mas sabia que estava tendo seus conhecimentos de iluminação uma oportunidade de me aproximar da ajudando a montar a luz. Nessa carreira que sempre quis. época, ela também fez algumas O primeiro desafio a enfrentar assistências de produção de não foi dos mais tranqüilos. O estúdio objetos, mas estava produzindo a foto de isso ainda não primeira missão: um um anúncio para a revista era o que queria Playboy. A imagem era de bolo com p  los pubianos um bolo coberto de pêlos fazer na área. Foi quando, pubianos de chocolate. A DE CHOCOLATE. por intermédio missão era produzir o bolo, da fotógrafa, foi chamada para ser de um dia para o outro. Rita acionou produtora no estúdio fotográfico do seus contatos e conseguiu se livrar da fotógrafo e diretor Willy Biondani. enrascada a contento. Consegui através de Sempre cautelosa, achou que não uma amiga entrar na cozinha da doceira estava preparada para o trabalho. Amor aos Pedaços, fomos lá, fizemos o No máximo, poderia ser assistente. bolo, ralamos o chocolate… Sem verba, Driblou o convite como pôde, mas sem carro… Mas eu queria resolver acabou indo fazer a entrevista e não de qualquer jeito. Tanta disposição e a conseguiu escapar: o fotógrafo Alê empatia imediata fizeram com que Rita Ermel, sócio de Biondani, foi com conseguisse desempenhar bem a função a cara dela e não aceitou um não de produtora. como resposta. Rita então decidiu Depois de quatro meses de loucura, conciliar o trabalho no restaurante decidiu ficar no estúdio e deixar o 14

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©Foto: gerson gargalaka

Produtora de monstros

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restaurante. Até esse momento, ainda não tinha conhecido Willy Biondani, com quem estava destinada a trabalhar. Mas por acaso sempre via seus comerciais e fotos e comentava que tinha gostado. Sem saber de quem eram os trabalhos. As pessoas diziam que eu era puxa-saco, mas eu não sabia que os filmes eram dele… Quando finalmente conheceu Biondani, ele a convidou para trabalhar na produção de comerciais. Mas a responsabilidade em relação ao trabalho anterior fez com que demorasse ainda dois meses para mudar de área. Depois foi preciso negociar o cachê, porque Rita já era contratada e ia voltar a ser estagiária. Consegui acertar com ele uma remuneração mínima, que dava pelo menos para eu pagar minhas contas. Comecei do zero, a maioria das pessoas que começa não ganha nada. Nessa época, ele me pagava do próprio bolso. Foi então que Rita descobriu que tinha um talento especial: a enorme quantidade de referências que acumulou ao ver tantos filmes, durante tanto tempo, e a habilidade inata para compreender a linguagem cinematográfica fez com que ela se especializasse na produção de “monstros”, que é aquele filme com cenas de cinema montado depois que a agência passa as referências para o diretor, com o objetivo de mostrar a linha que o diretor pretende seguir. Assisto muitos filmes e essa estética de filmes europeus e orientais que eu gosto tanto têm tudo a ver com o trabalho do Willy. E eu tenho uma memória ótima para filme, me lembro dos movimentos de câmera, da fotografia, de cabeça. Muitas vezes com as referências que eu tenho acabo dando sugestões para o diretor. Gosto tanto do que eu faço que se pudesse eu nem dormia. Lizandra de Almeida


fotos: divulgação

Casting incrementado A Canvas 24p Filmes conta com mais um diretor. Ricardo Elias, formado em cinema pela Escola de Comunicação e Artes da USP, dirigiu programas para diversos canais de televisão como Globo, Cultura, TV Escola e Canal Futura. Estreou em cinema com o lon­ ga “De Passagem”, vencedor de cinco Kikitos na última edição do Festival de Gramado, incluindo Melhor Filme, Roteiro e Direção. O profissional pretende rodar ainda neste ano o longa “Doze Trabalhos”, além de alguns pro­jetos para TV, mas vê o cinema publici­ tário como um novo desafio. Elias passa a fazer parte do casting de diretores da Can­vas 24p, formado por Wiland Pinsdorf, Bruno Carneiro, Renato Lima e Calixto Hakim.

Stella na Estação 8 Stella Rizzo (na foto, à esq.) é a nova diretora publicitária da Estação 8. A convite de Sandra (à dir.) e Cynthia Jonas, Stella chega à produtora para dirigir seu primeiro job: programetes para o depilador Satinelle, da Philips, projeto que vai ao ar no final deste mês de abril e será veiculado exclusivamente nos canais Globosat. Stella já filmou para Pulmann (no México), para McDonald’s, MEC/Brasil, além de ter trabalhado em campanhas políticas. T ela

Animadores unidos Foi eleita, no dia 19 de março, a nova diretoria da ABCA, Associação Brasileira de Cinema de Animação, para um mandato de dois anos. A diretoria é formada por: Andrés Lieban (foto), presidente; Maya Lucas, diretora institucional para governo e associações de classe; Ale McHaddo, diretor institucional para empresas e academias; Leo Cadaval, diretor comercial; Fábio Yamaji, diretor de comunicação; Claudia Bolshaw, diretora de eventos; Marcelo Marão,

diretor financeiro. O conselho ético, fiscal e consultivo é formado por Arnaldo Galvão, Célia Catunda, Céu D’Elia, Marcos Magalhães e Maurício Squarisi.

Atendimento ampliado A publicitária carioca Tina Ramos faz parte agora da equipe de atendimento da Companhia de Cinema. Ela atuava, nos últimos dois anos, como atendimento da produtora JX Plural. Tina tem 20 anos de carreira e teve passagens por grandes agências de propaganda como J. Walter Thompson, Young & Rubicam e DM9DDB.

Profissionais da propaganda A Associação dos Profissionais de Propaganda (APP) tem nova diretoria. Na presidência do conselho e da diretoria executiva da associação está André Porto Alegre (foto), diretor geral da Promocine, responsável pela comercialização dos espaços publicitários do Circuito Severiano Ribeiro. Fazem parte da diretoria também Luiz Lara, da Lew,Lara; João Muniz, da Loducca22; Ricardo Ramos, da TBWA; Alceu Gandini, da Editora Referência; Eduardo Aydar, da Editora Meio & Mensagem; Neussymar Magalhães, da Madia; Milton Weismmann, da Visual Propaganda Aérea; e Dr. Paulo Gomes, da Paulo Gomes Advogados. V iva

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Novo comando comercial O publicitário Luiz Carlos de Carvalho acaba de assumir a direção comercial da Rede Vanguarda, filiada da Globo com emissoras em São José dos Campos e Taubaté, no interior paulista. Ele trabalhou por 20 anos na Globo, em São Paulo e interior do Estado. A emissora justifica a escolha por Carvalho devido a seu desempenho positivo em várias missões e a sua integração com a chamada “política Globo de comercialização”.


( figuras) Filmes gráficos Marcelo Presotto é o novo diretor de filmes gráficos da JX Plural. Há 15 anos atuando no mercado, ele traz sua experiência com parcerias feitas com diretores de cena, a execução de projetos culturais, videoclipes e projetos gráficos. Paralelamente à JX Plural , Presotto continua sócio de Marcelo Lepiane na Cinegráfika. Seus trabalhos incluem abertura de programa-piloto para TV dirigido por Spike Lee, projetos para TV e teatro como projeções e cartazes em parceria com Fernando Meirelles. fotos: divulgação

Production services A Made to Create contratou a produtora executiva Anna Martinez. O objetivo da empresa é desenvolver a área de production services para o mercado internacional. Anna tem 20 anos de experiência no mercado, cinco deles na Ocean Films, especializada em production services (só faz trabalhos para o exterior). No portfólio de clientes de Anna estão empresas como Mercedes Benz, Visa, Diners, Nike, Procter & Gamble, Unilever, Ricky Martin, entre outros. Anna comemora o primeiro contrato, apesar de ainda não divulgar o nome da empresa. Diz apenas que se trata de uma produção italiana, com uma diretora francesa. O comercial, que está sendo produzido no Brasil com equipe brasileira, é para um anunciante italiano e será veiculado apenas na Itália.

Quadro de diretores O gaúcho Paulo Alcaraz Gomes, o Zaracla, faz parte agora do quadro de diretores de cena da Academia de Filmes. Ele tem trabalhado no mercado publicitário para diversas agências gaúchas e traz experiência em produções na área cultural e musical. Recentemente filmou o curta “Bom Pra Cachorro” e o clipe do músico Flu. Zaracla inclui em sua trajetória profissional passagens pela Lux Filmes e Índias Filmes (produtora Uruguaia), além de acumular vivência na Europa e países como Egito, Israel e África do Sul. Seu primeiro curta, “Circo”, foi vencedor de dois prêmios no Festival de Cinema de Gramado em 2002.

Novidades na Alterosa Cinevídeo

Novos diretores

A Alterosa Cinevídeo, de Belo Horizonte, contratou Cristiano Pires, que passa a atuar como executivo de contas da produtora. Pires tem contato com as pessoas do mercado mineiro e conhe­cimento do setor, pois acumulou experiência nos últimos sete anos como analista de produção dos Associados Minas.

Mixer cresce O Grupo Mixer, encabeçado pela Jodaf, continua crescendo e ampliando sua equipe. Em São Paulo, a Pizza Mixer — braço voltado para a produção de filmes de varejo — contratou Carolina Manica para assistente de atendimento e novos negócios. Para reforçar a equipe da produtora de documentários Grifa Mixer chega o produtor executivo Filipe Fratino, com 11 anos à frente do RTV da DM9. Na Mixer Rio, a equipe recebeu um novo diretor, Leandro Corinto (foto), que vinha trabalhando como assistente de direção de Roberto Berliner na TV Zero e, mais recentemente, começou a dirigir videoclipes e filmes publicitários. 16

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A Comissão de Educação do Senado Federal aprovou em março os nomes de Manoel Rangel Neto (foto) e Nilson Rodrigues para a diretoria da Agência Nacional de Cinema (Ancine). Os dois indicados obtiveram votação idêntica: 17 votos favoráveis, um contrário e uma abstenção. Alguns senadores mostraram preocupação em relação ao papel de Rangel nas discussões sobre a Ancinav (ele foi um dos principais articuladores da nova agência no Ministério da Cultura). Rangel lembrou aos senadores que, por iniciativa do presidente da República, a proposta da Ancinav estava sendo reconsiderada e revista no âmbito de uma lei geral de comunicação social eletrônica e que, como diretor da Ancine, seu trabalho seria fortalecer a atual agência dentro dos dispositivos legais existentes.


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( tv por assinatura )

por Samuel Possebon

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Céu concentrado

Principal responsável pela fusão entre Sky e DirecTV diz que intenção da News Corp. é viabilizar a operação de DTH no Brasil e que não há ameaça de invasão estrangeira. Conteúdo nacional será necessidade.

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om exceção da Globo, que pelo menos publicamente não pode criticar a sua parceira de negócios News Corp., todos os demais radiodifusores brasileiros se arrepiam ao pensar na hipótese de um fortalecimento do grupo de mídia comandado por Rupert Murdoch no Brasil. A maior prova disso é que o Conselho de Comunicação Social (CCS), órgão de assessoramento do Senado Federal para questões de comunicação, não aliviou em nenhuma das oportunidades que teve de se manifestar sobre a fusão entre DirecTV e Sky, o principal lance da atual investida da News sobre o Brasil. Como se sabe, Murdoch é o comandante das duas empresas de TV paga via satélite e já deu início ao processo de consolidação das operações no Brasil. Na visão do CCS, por suas deficiências regulamentares, o DTH tem sido “a principal porta de acesso indiscriminado dos conglomerados estrangeiros de mídia à comunicação social do País”, segundo relatório aprovado no final do ano passado, com aprovação de todos os conselheiros, inclusive dos radiodifusores. A TV Bandeirantes já se manifestou publicamente ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra a fusão. Em entrevista à revista PAY-TV em 2004, o presidente do grupo Bandeirantes, Johnny Saad,

no DTH brasileiro. Ele está no conselho da Sky e é quem fala em nome das empresas.

©FOTOS: arquivo

mostrava preocupação com o risco de uma concentração no mercado de DTH. “Como é isso, um cara só vai ser dono do DTH no Brasil? Que regras ele vai seguir? Que transparência vai ser dada? E se ele não quiser transportar o seu sinal, como faz? Você fecha?”, dizia. A própria Globo, como mostra a entrevista de Roberto Irineu Marinho à TELA VIVA de fevereiro deste ano, dizia serem necessários mecanismos de proteção

“Nosso negócio só se viabiliza com conteúdo nacional, isso é parte do jogo.” Bruce Churchill, da DirecTV Latin America

aos grupos nacionais. Desta vez, fomos ouvir Bruce Churchill, CEO da DirecTV Latin America, homem de confiança de Rupert Murdoch e principal responsável pelo processo de consolidação 22

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Resistência Churchill revela que a resistência a grupos estrangeiros e a defesa dos interesses nacionais é algo comum a muitos países e que é algo com que os grupos de comunicação precisam conviver. “Enfrentamos isso todos os dias em todos os demais países do mundo. Passei sete anos tocando negócios na China, Índia, Malásia... No caso da Índia, por exemplo, a StarTV só teve sucesso quando passou a ter programação em híndi. Assim como na Índia, no Brasil quem decide o que quer assistir é o consumidor brasileiro. Foi assim na China, na Malásia, na Itália, no Reino Unido, no México e em todo lugar, até nos EUA. Claro que nós, como um grupo de mídia presente em vários países, entendemos esse movimento”, diz o executivo. Segundo ele, o único caminho de sucesso para uma operação de DTH é trabalhar com programação local. “Nosso negócio só se viabiliza com conteúdo nacional, isso é parte do jogo. Não se deve imaginar que a DirecTV virá só com conteúdo norte-americano para o Brasil, porque isso simplesmente não vai funcionar, ninguém vai querer assistir, e isso não é do interesse da companhia.” Roberto Irineu Marinho, presidente das Organizações Globo, ao explicar sua relação com a News, de quem é sócio na Sky e continuará sendo mesmo após a fusão, conta que a Sky “é uma empresa de distribuição cujo conteúdo nacional é provido por uma empresa brasileira, a Net Brasil”, lembrando que o fato de a Net Brasil


estar estabelecida no Brasil, com sócios brasileiros, dirigida por brasileiros e sujeita às nossas leis “é uma proteção desses valores”. Bruce Churchill vai um pouco mais além nessa explicação e relata que “o grupo Globo e a Globosat não são os únicos provedores de conteúdo brasileiro nem cabe a eles o poder exclusivo de tomada de decisão”, diz. “Eles são sócios e têm obrigações de prover a operação com conteúdo e programação brasileira que for demandada. A Globo não decide sozinha o que comprar, e não tem o poder de forçar a aquisição de nenhuma programação. O grupo Globo funciona como uma espécie de agente provedor de conteúdo brasileiro.” Churchill lembra, contudo, que a Globo é “parceira e acionista e tem sido até hoje o provedor de conteúdo brasileiro de maior sucesso e qualidade. É desse conteúdo que nossa operação precisa”. Ele ressalta que, sempre que a operadora de DTH precisar de algum tipo de conteúdo, a Globo terá prioridade no provimento, mas, se não tiver disponível, outras fontes serão buscadas. Perguntado especificamente sobre o conteúdo de grupos concorrentes da Globo, Churchill diz acreditar que “esses grupos terão sim espaço em nossa distribuição”. Ele explica que a Sky e a DirecTV estão no meio de conversas nesse momento, então ainda é cedo para adiantar detalhes, “mas acredito que teremos outros broadcasters e provedores de conteúdos em nossa plataforma”. Produção A DirecTV é, hoje, uma das únicas operações de TV por assinatura que investe diretamente na produção de conteúdo, com especiais, documentários e musicais. São produções que, em alguns casos, se beneficiam inclusive de mecanismos de fomento. A operadora foi obrigada a partir por esse caminho para se diferenciar competitivamente da Sky, que tem a seu favor todo o peso do conteúdo da Globosat.

OS PASSOS PARA A FUSÃO A fusão entre Sky e DirecTV no Brasil foi anunciada em 2004, mas o processo ainda deve demorar pelo menos até 2006. No momento, quem analisa a fusão é a Anatel, trabalho que deve durar pelo menos até junho. O aspecto mais complexo da análise da fusão é definir o chamado “mercado relevante”, ou seja, o mercado que será afetado pela fusão. Quanto maior o mercado relevante, menores os riscos à concorrência. No caso da fusão entre DirecTV e Sky há duas teses que se opõem. Uma é a de que o mercado relevante é apenas o de TV paga via satélite (DTH), e nesse caso a fusão representa um passo e tanto em relação à concentração, já que as duas operadoras teriam mais de 95% deste mercado no Brasil. Outra tese é de que o mercado relevante é o mercado total de TV paga, e nesse caso mesmo fundidas, DirecTV e Sky não teriam mais do que um terço do mercado, o que não representa exatamente um risco para a competição. Essa é a tese defendida pelas operadoras, que alegam ainda que 70% de seus assinantes estão em áreas onde há concorrência como TV a cabo ou MMDS. Existe um outro aspecto a ser analisado que é o de poder de mercado, e aí entra a questão da exclusividade de programação,

por exemplo. A NeoTV, associação de operadoras de TV a cabo que não têm conteúdo da Globo, argumenta junto às autoridades que a política de exclusividade de programação praticada pela Globo e pela Sky é um risco ao mercado, risco esse que seria potencializado com a fusão. Pede, então, a quebra do modelo de exclusividade como pré-condição para que a operação se concretize. O grupo Bandeirantes pega o outro lado do poder de mercado que as duas operadoras de DTH teriam. Argumenta que se perdem canais de distribuição caso a operação resultante da fusão entre Sky e DirecTV optem por só levar o conteúdo Globo. Hoje, os canais BandNews e BandSports, da emissora do bairro do Morumbi, em São Paulom são viáveis graças à distribuição da DirecTV, o que fica ameaçada com a fusão. Há ainda o caso da Tecsat, a única concorrente em DTH das duas operadoras. É uma operação pequena, de pouco mais de 50 mil assinantes, mas é a empresa que efetivamente enfrenta os maiores riscos com a fusão. Assim que a Anatel terminar a sua análise, o caso segue ao Cade, onde será julgado. Não se espera que o órgão conclua seus trabalhos antes de 2006.

Mas, e após a fusão, será que o conteúdo das duas operadoras será pasteurizado no modelo Sky, que será a plataforma sobrevivente? Churchill não é seguro em relação ao que acontecerá, mas dá uma pista: “Parte dessa programação vem hoje dos recursos incentivados via Ancine e nós realmente esperamos que isso possa continua a acontecer, mesmo com a parceria com a Globo. Se isso for do interesse do consumidor, por que não?”, diz. Sabe-se, contudo, que essa é uma questão que ainda envolve

conteúdos exclusivos, e isso deve impulsionar algumas ações próprias, já que contratualmente a Globo é obrigada a fornecer à Sky a mesma coisa que oferece à Net Serviços (operadora de cabo) e vice-versa. Como a política de Rupert Murdoch é se diferenciar pelo conteúdo exclusivo (vide os volumes absurdos pagos pela Fox nos EUA, também controlada por ele, pelos direitos de alguns eventos esportivos), é de se esperar que alguma coisa na mesma linha aconteça no Brasil. Mas a linha que a Sky e a DirecTV pretendem adotar na defesa da fusão das duas operadoras de DTH é a questão da viabilidade. Bruce Churchill alega que nenhuma das duas operações é viável se continuar sozinha. Somadas, elas chegarão a algo perto de 1,3

Rupert Murdoch, da News Corp., ordenou a fusão em toda a América Latina. muita negociação, dadas as condições com que a Globo prefere trabalhar em relação ao conteúdo. A DirecTV e a Sky, uma vez fundidas, continuarão trabalhando com alguns T ela

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( tv por assinatura ) satélite e uma única tecnologia. Também ganham escala na negociação de programação e na compra de equipamentos, além de se alinharem em relação à plataforma com a DirecTV dos EUA, um gigante de 14 milhões de assinantes. As duas empresas de TV por assinatura via satélite estão no Brasil desde 1996 e já investiram US$ 2 bilhões no negócio. Bruce Churchill diz que a sangria parou. Ou as duas operadoras se viabilizam juntas, ou será complicado receberem novos investimentos. Por isso, Murdoch ordenou a fusão em toda a América Latina. O Brasil, por questões legais (veja box na pág. 23) é o país onde a

Segundo Roberto Irineu Marinho, presença da Globo é garantia de conteúdo nacional no DTH. aprovação anda a passos mais lentos. O processo de fusão entre as duas operadoras de DTH deve ser olhado também por um outro prisma, o da tecnologia. Nos EUA, onde a penetração da DirecTV é muito maior do que no Brasil e onde as pessoas realmente recebem televisão por meio da TV paga, a operadora está liderando o processo de inovação tecnológica e planeja adotar a compressão MPEG-4 nas transmissões de canais em alta definição em uma futura geração de set-tops. Será

que essa realidade pode chegar ao Brasil em algum momento? Segundo Bruce Churchill, “sem dúvida”. Para ele, é só uma questão de quando isso acontecerá. “Sempre fomos 100% digitais, já oferecemos uma experiência digital de televisão. Acho que a migração no nosso caso será muito mais simples. Mas há ainda um longo caminho adiante.” Nos EUA, a base instalada de receptores HDTV ainda é muito pequena, explica. Não existe sequer muita programação em HDTV. “Assim, nos EUA, o processo de popularização da HDTV ainda deve levar uns três ou quatro anos, e o Brasil ainda está muito atrás disso.” A tecnologia MPEG-4 “está distante de chegar ao Brasil comercialmente”, diz Churchill. De qualquer maneira, o desenvolvimento tecnológico do DTH no Brasil deve seguir mais o caminho dos EUA do que o da Europa daqui para frente.


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( legislação)

por Sandra Regina da Silva*

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Sinal verde aos deficientes auditivos

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O estenotipo é usado para legendas ao vivo.

mindo-se várias barreiras, entre elas, nas comunicações. Subentendem-se como barreiras nas comunicações “qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos meios ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa”, diz o Artigo 2º da Lei 10.098. O Artigo 19 da mesma lei define que “os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens adotarão plano de medidas técnicas com o objetivo de permitir o uso da linguagem de sinais ou outra subtitulação, para garantir o direito de acesso à informação às pessoas portadoras de deficiência auditiva, na forma e no prazo previstos em regulamento”. O decreto do final do ano passado deixa esse regulamento para a Anatel, que terá até dezembro de 2005 para definir os procedimentos para a implantação do tal plano de medidas técnicas. Através de sua assessoria de imprensa,

fotos: Divulgação

governo federal deu mais um passo rumo à inclusão social. Desta vez, os beneficiários são os deficientes. O Decreto nº 5.296, publicado em 2 de dezembro de 2004 no Diário Oficial da União, é bastante amplo, mas um de seus artigos trará impacto aos canais de televisão. Apesar de ainda depender de regulamentação da Anatel, o decreto prevê o acesso dos deficientes auditivos à programação de TV. Segundo o IBGE, existiam 5,4 milhões de pessoas com perda auditiva (total ou parcial) em 2000. O decreto regulamenta as leis nº 10.048, de 8 de novembro de 2000, e nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Porém, o assunto que interessa ao setor de TV está contido na Lei 10.098, que estabelece as normas e os critérios para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, supri-

foto: gerson gargalaka

Decreto obrigará canais de TV abertos e fechados a oferecer recursos de acessibilidade, como o closed caption, na sua programação.

“A lei é bem-vinda, mas não faz sentido definir que 100% da programação tenha, por exemplo, closed captions. Precisa haver um equilíbrio, haver bom-senso.” João Mesquita, Rede Telecine

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a Anatel se manifestou afirmando que ainda não há nenhuma discussão concreta sobre o assunto. A expectativa do mercado é de a Anatel definir percentuais e prazos para a implantação dos recursos ou sistemas já definidos no decreto, que são a subtitulação por meio de legenda oculta (ou closed captions/CC) e de janela com intérprete de Libras (Linguagem Brasileira de Sinais). Como toda nova obrigatoriedade legal, esta também causa receios. “Se houver a obrigatoriedade, vamos cumpri-la, mas achamos que não faz sentido definir que 100% da programação tenha, por exemplo, closed captions. Precisa haver um equilíbrio, haver bom-senso. Não dá para impor a totalidade”, afirma João Mesquita, da Rede Telecine, formada por cinco canais pagos de filmes da Globosat. “A lei é bem-vinda para que outros canais também passem a atender essa população, mas acredito que se deve ter exigências principalmente para o primetime”, complementa ele. Para a Rede Record, o jornalismo é a principal ferramenta dentro do objetivo do governo de promover o acesso dos deficientes auditivos aos meios de comunicação. “Fomos consultados sobre a melhor forma de implantação do recurso, e nossa sugestão foi a de oferecer closed captions nos programas jornalísticos gradativamente, até chegar a 100% em cerca de um ano. Para as demais programações, deve-se ter uma estratégia individual”, conta José Marcelo Amaral, diretor de tecnologia da Record. Na Rede Globo, há uma grande

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preocupação em relação a essa legislação. Segundo a emissora, a produção de closed captions é cara e complexa, e, mesmo no médio prazo, somente será viável para emissoras das principais capitais. A Globo considera que a obrigatoriedade deve ser exigida, mas com prazos flexíveis, levando em conta o tamanho dos mercados cobertos pelas emissoras. Sua sugestão é começar com poucas horas diárias para a programação das redes, crescendo paulatinamente para cobrir todo o horário nobre, depois o dia inteiro, e só então chegar na programação regional. A inserção de Libras, também prevista na legislação, não é uma solução que os canais pretendem adotar, pois alegam que essa janela cobre uma área da tela e eventualmente bloqueia a visão de detalhes importantes, prejudicando a grande maioria dos telespectadores. O início Mesmo com os receios existentes no mercado, vários canais já oferecem CC em algumas de suas programações. O primeiro programa com o recurso foi o “Jornal Nacional”, da Rede Globo, em julho de 1997. A emissora informa que a decisão de oferecer o recurso foi por ser a solução ideal para atender aos portadores de deficiência auditiva, sem causar incômodo para os demais telespectadores. Atualmente, existem programas com closed captions na Globo, SBT, Record, TVE/Rede Brasil, TV Câmara, TV Senado e Telecine Pipoca (veja quadro na pág. 30). A Record inseriu CC no final de 2003 no “Jornal da Record”. “A intenção era estender para todo o jornalismo e depois para novelas e futebol, mas no ano passado tivemos que repensar esse projeto, devido à questão financeira. Sabemos que há um público, uma audiência relevante e que não deve ser desprezada, mas o custo é muito alto”, diz Amaral. O projeto, no entanto, não foi simplesmente “en-

“O que incomoda é ter produto, ter projetos para disponibilizar programas para esse público, mas não ter parceria para ampliar o recurso.” José Marcelo Amaral, da Record

Para ele, uma emissora que oferece o CC está demonstrando ter uma responsabilidade social, que é um dos papéis da televisão. “A Record prima por isso. O que incomoda é ter produto, ter projetos para disponibilizar programas para esse público, mas não ter parceria para ampliar, independente da legislação”, completa Amaral. A Rede Bandeirantes ainda não dispõe de programação com legendas ocultas, mas, segundo informou a assessoria de imprensa da emissora, “a Band já está se preparando para implantar o sistema. Uma das preocupações da emissora é atender a essa parcela da sociedade”. Entre os canais da TV por assinatura, a Rede Telecine saiu na frente, ao inserir a legenda oculta no “Cinema com Rubens Ewald Filho”, em 2003. Ao relançar seus canais digitalizados em outubro de 2004, o novo canal Telecine Pipoca

gavetado”. Há um empenho da direção da rede, do departamento comercial da emissora e da Steno do Brasil, empresa terceirizada que faz closed captions ao vivo. “Estamos buscando a melhor equação, um modelo comercial viável”, diz o diretor da Record, o que envolveria uma terceira empresa para patrocinar o CC, criando uma nova forma de mídia para o mercado anunciante. A dificuldade é que, por ser novo, ainda nenhum anunciante patrocinou o CC no Brasil.

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uma janela na tela da tv O Decreto nº 5.296 prevê, além de closed captions, uma janela tipo PIP com intérprete de Libras (Linguagem Brasileira de Sinais). O decreto não deixa claro se a emissora pode optar por um ou outro recurso. Em relação à essa janela, deve-se considerar dois lados. Em primeiro lugar, como afirma Marcelo Camargo, da Drei Marc, oferecer esse recurso representa um custo maior do que closed captions, pois são necessários um intérprete e uma câmera à disposição. Além disso, uma janela polui a programação da TV, de acordo com José Marcelo Amaral, da Record. Para Wagner Medici, da Steno, “o closed caption não incomoda”, pois é acionado somente quando desejado, ao contrário da janela. “Para uma emissora comercial, não acho que seja uma alternativa”, diz Amaral. O outro lado desse recurso está mais centrado no âmbito educacional. A Libras é a primeira língua dos deficientes auditivos.

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O número de alunos com essa deficiência matriculados em escolas é crescente. Segundo o Censo Escolar de 2003, mais de 56 mil alunos se matricularam nas escolas (veja gráfico). Porém, pelo Censo Escolar de 2000, 80% dos alunos surdos ingressos nas escolas não completam o ensino fundamental e apenas 3% completam o ensino médio. A questão é: quantas pessoas com deficiência auditiva são capazes de ler legendas? Vencer a barreira de comunicação não tem sido tarefa fácil para os surdos, ao longo dos anos, segundo a Feneis (Federação Nacional de Integração e Educação dos Surdos), e as iniciativas dos canais que têm oferecido closed captions são muito positivas. As legendas, na visão da entidade, além de manterem os surdos informados, os auxiliam a adquirir com o tempo melhores noções da língua portuguesa. A TV daria, então, um apoio à educação.

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( legislação) o melhor dos demais canais da rede, na captions em sua programação, versão dublada) contemplou na sessão mostra-se preocupada com a “Super Estréia”, exibidas nas noites de obrigatoriedade. Sem poder recorrer domingo, o filme (que estreou na véspera a publicidade ou patrocínio e com o no Telecine Premium) na versão dublada recente corte no orçamento — de com CC. “Temos agora em nosso acervo R$ 30 milhões anunciado 30 filmes dublados com closed captions. recentemente pelo senador Renan Serão 52 filmes por ano”, conta Mesquita, Calheiros, novo presidente da Mesa dizendo que a idéia foi proposta pela Drei Diretora do Senado -, o canal não está Marc, que faz quase toda a legendagem encontrando uma saída para estender dos canais Telecine. Sem decisão de o CC para além da cobertura do estender o CC para outros programas ou Plenário, que dura em média quatro outros canais, pelo menos por enquanto, horas diárias, podendo chegar a sete a programadora considera a iniciativa ou oito horas em dias especiais. claramente como tendo cunho social. “O serviço terceirizado é caro e a “Não vejo vantagem comercial, mas um TV Senado tem programação compromisso social. Temos a obrigação de 24 horas por dia. Não vejo como promover conteúdo para esse público.” oferecer closed captions 100% do A Globo também informa que não tempo”, afirma Marilena Chiarelli, almejou retorno comercial, ao implantar a diretora do canal. solução na sua programação. Ela explica que há quase dois anos O Decreto nº 5.296 também destaca, alguns senadores vinham pedindo no seu Artigo 54, que “autorizatárias e para incluir CC na programação, pois consignatárias do serviço de radiodifusão se sensibilizavam com a demanda do de sons e imagens operadas pelo poder serviço para atender os deficientes público poderão adotar plano de medidas auditivos. “A Primeira Secretaria do técnicas próprio, como Senado, então com o metas antecipadas e senador Romeu Tuma, mais amplas“ do que as acertou no final de “O som ambiente 2004 de acatar esses que serão definidas pela pode ser importante pedidos, e começamos Anatel. Aí entram a TV para criar a a inserir as legendas em Câmara, TV Senado, TVE atmosfera de uma 16 de fevereiro último”, (Rio), TV Nacional (Brasília) e as educativas estaduais. cena. Então, ele deve conta Marilena. Foram A TV Senado, que ainda estar descrito na contratadas, junto à está em fase experimental legenda oculta. ” Steno, 100 horas por mês Marcelo Camargo, da Drei Marc de CC na cobertura do de inserção de closed Plenário. Se o Plenário não totalizar essas 100 horas, o excedente será usado para o “Jornal do Senado”, telejornal de 30 minutos diários. “O primeiro mês é experimental. O difícil é que a grade da TV Senado é atípica, pois depende dos senadores, assim como as comissões, que sabemos quando vão começar, mas nunca quando vão terminar”, conclui.

Os programas com closed captions disponíveis na TV brasileira, em português

EMISSORA

PROGRAMA

Rede Globo A Grande Família Bom Dia Brasil Fantástico Globo Repórter Jornal da Globo Jornal Hoje Jornal Nacional Programa do Jô Supercine Tela Quente Zorra Total (1)

Rede Record (1)

Jornal da Record

SBT

Dois a Um Domingo Legal Hebe Jornal do SBT 2ª Edição Programa do Ratinho SBT Repórter Teleton 2004

Telecine Pipoca, Sessão Super Estréia da Rede Telecine (filmes dublados) TV Câmara

Câmara Agora Jornal da Câmara

TVE - Rede Brasil Arte com Sérgio Brito Atitude.com Caderno de Cinema Conexão Roberto D´Ávila Conversa Afinada Edição Nacional Expedições Justiça sem Fronteira Notícias do Rio Revista do Cinema Brasileiro Sem Censura Sem Censura Especial Stadium Supertudo TV Senado (1)

Os tipos Basicamente, o closed

Cobertura do Plenário

Fonte: Drei Marc/Feneis (1) Fonte: emissoras

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( legislação) foto: gerson gargalaka

caption pode ser feito para programas ao vivo ou inserido em programas pré-gravados. A técnica profissional, a tecnologia envolvida e a aplicação são diferentes. A Drei Marc, do Rio de Janeiro, atua desde 1995 no mercado de tradução e legendas, e em 2003 ingressou no CC em programas prégravados. A diferença entre closed caption e a legendagem é que o som ambiente, quando representa alguma importância, precisa ser passado por escrito para o telespectador com problemas auditivos conseguir entender. “O som, por exemplo, de um helicóptero ou de tiros pode ser importante para criar a atmosfera de uma cena. Então, no closed captions, além da fala, do diálogo, passamos informações adicionais, complementares”, detalha Marcelo Camargo, diretor de atendimento da Drei Marc. O trabalho realizado sobre um programa pré-gravado é mais demorado e mais cuidadoso que o ao vivo. Com a fita Beta do programa, os diálogos são transcritos. Esses diálogos são divididos no formato de legenda (spoting), com a marcação de entrada e saída de cada legenda. Em seguida, são inseridos os complementos da ambientação. Depois, o trabalho vai para a revisão e segue para a finalização. “Precisamos ter muito cuidado com a formatação para não poluir o material. Nesse trabalho é preciso sutileza”, diz Camargo. Com todo esse processo de trabalho, uma empresa especializada

Estenotipista da Steno digita em real time o que os senadores dizem em Plenário para a TV Senado.

em CC pré-gravado precisa ter uma infraestrutura nos moldes de uma produtora audiovisual, incluindo ilhas de edição. Para garantir que o trabalho executado vai ao encontro das necessidades dos deficientes auditivos, a Drei Marc firmou termo de cooperação com a Feneis (Federação Nacional de Integração e Educação dos Surdos), que ajuda na criação da linguagem escrita para esse público. Camargo explica que a principal dificuldade é definir se um complemento deve ser escrito ou deve ser representado por uma onomatopéia. Ou seja, como um surdo entende melhor: “biiiiii” ou “carro buzina”; “vrummmm” ou “carro arranca em alta velocidade”. O CC ao vivo, por outro lado, que é a especialidade da Steno do Brasil, localizada em São Paulo, é feito com um equipamento

regulamentaçÃO ABRANGENTE O Decreto nº 5.296 trata, basicamente, de assegurar o acesso de pessoas portadoras de deficiências ou com mobilidade reduzida a locais e serviços diversos. Por exemplo, é o mesmo que trata da obrigatoriedade de cinemas reservarem no mínimo 2% da lotação do estabelecimento para pessoas em cadeiras de rodas, e outros 2% para portadores de deficiência visual e pessoas com mobilidade reduzida, incluindo obesos. Outro assunto tratado neste decreto diz respeito à TV digital. Segundo o Artigo 56, “o projeto de desenvolvimento e implementação da televisão digital no País deverá

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contemplar obrigatoriamente os três tipos de sistema de acesso à informação de que trata o Artigo 52”, ou seja, circuito de decodificação de legenda oculta, recurso para Programa Secundário de Áudio (SAP) e entradas para fones de ouvido com ou sem fio. Assim, garante-se o direito de acesso à informação às pessoas portadoras de deficiência auditiva ou visual. O mesmo texto coloca outros setores, como o de telefonia fixa e de telefonia celular e os diversos tipos de transporte público, com obrigatoriedade de abrir ou facilitar o acesso para essa população.

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antigo chamado estenotipo ou estenógrafo, que é ligado ao microcomputador. Os profissionais, com fones de ouvido e vendo uma janela na tela do computador, vão digitando o que ouvem — chegam a digitar mais de 200 palavras por minuto. O texto sai corrido na tela e, com freqüência, o profissional precisa corrigir o que digitou em frações de segundos. De acordo com Wagner Medici, diretor de marketing da empresa, esse texto digitado é enviado em tempo real, via modem e linha privada ou discada, para a emissora de TV. “Um encoder na emissora recebe o texto e joga-o na linha 21 do intervalo vertical em real-time”, diz. Aliás, essa é a única semelhança entre o trabalho da Drei Marc e da Steno: a informação escrita e codificada é inserida na linha 21 do intervalo vertical. Com o objetivo de atender todas as demandas, as duas empresas firmaram um acordo de complementaridade. A técnica e a máquina de estenotipia foram desenvolvidas no final de 1800 na Irlanda. Muito conhecido na área jurídica, especialmente nos tribunais norteamericanos, o trabalho utiliza um software que automaticamente marca as linhas e utiliza a tecnologia de transmissão assistida por computador (TAC). Aliás, o início da atuação

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da Steno, fundada em 1994 assim que desenvolveu a teoria para o português, foi nos tribunais de São Paulo e Rio Grande do Sul — a maioria dos tribunais brasileiros utilizava taquigrafia, ao contrário dos Estados Unidos, por exemplo, e é por isso que lá há muitos bons profissionais estenotipistas e, no Brasil, esse número ainda é pequeno. O estenotipo é uma máquina estranha, mas mais estranho ainda é ver um estenotipista tirar um texto ao apertar teclas, ou melhor, várias teclas ao mesmo tempo. Apesar da complexidade aparente, “com controle da língua portuguesa e bons conhecimentos gerais, o conceito teórico pode ser assimilado em três meses”, garante Medici, completando, porém, que, para ter a agilidade necessária para esse trabalho realtime, é preciso uns quatro anos, em média, de muita dedicação. “O segredo está na mão-de-obra”, diz. De

acordo com ele, a busca, sempre, é de 98% programas gravados da emissora, de índice de acerto, que é norma da ABNT. os textos são preparados com A Rede Globo, nos primeiros anos, antecedência, o que proporciona utilizava a estenografia, mas destaca que CC livres de erros e com melhor havia poucos profissionais formatação na tela. no mercado e que Medici conta A Rede Globo que, paralelamente à raramente atingiam a adotou a tecnologia estenotipia, a Steno testou velocidade e o nível de de reconhecimento várias precisão necessários para de voz para ampliar tecnologias, como a um resultado satisfatório. a oferta de CC em de reconhecimento de De acordo com a emissora, a dificuldade a levou a programas ao vivo. voz. “Elas não chegam mudar de tecnologia, e ao nível do trabalho adotou o reconhecimento realizado pelo ser humano de voz, permitindo que ampliasse a oferta em qualidade. O índice de acerto é de programas ao vivo com CC. Por essa muito inferior”, opina. tecnologia, um operador treinado repete diante do microfone todo o conteúdo Outras aplicações de áudio que será transcrito para closed Voltado principalmente para captions. A transcrição é feita por um os deficientes auditivos, o sistema software otimizado para reconhecer com tem outras aplicações: a exibição precisão a voz desse operador. A emissora de programas em locais públicos, informa que o hardware e o software crianças em fase de alfabetização, são de propriedade da TV Globo, mas a interessados em treinar outro idioma operação do sistema é terceirizada. Nos (com o acionamento simultâneo da t

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( legislação) tecla SAP) ou estrangeiros acompanhando o português. Amaral, da Record, lembra, porém, que nem todos os televisores são equipados com a tecla de closed captions. Mas o decreto também indica que todos os aparelhos de TV terão de sair da fábrica com os recursos incorporados. Há até mesmo um artigo que fala que o desenvolvi­mento da TV digital deve considerar o recurso (veja box na pág. 32). O maior empecilho para a emissora é o custo necessário para a implantação. Além de a emissora ter que adquirir o equipamento de inserção, o serviço geralmente terceirizado tem um valor financeiro considerável, na opinião de Amaral. Custos De acordo com a Steno, o investimento básico da emissora é na aquisição do encoder, que está em

A Drei Marc dispõe de infra-estrutura de produtora para inserir o recurso em programas pré-gravados.

torno de US$ 3,5 mil FOB. A hora de CC para programação ao vivo, cobrada pela Steno, varia entre R$ 600 e R$ 700, dependendo de alguns fatores, como se o canal provê a linha privada ou linha discada, do volume de trabalho, entre outros. O CC em programas pré-gravados, por sua vez, custa entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil a hora de programa, de acordo também com alguns fatores, como se o programa chega em português ou outro idioma, se acompanha script, se será necessário pesquisa devido a termos utilizados no programa etc. Independente se ao vivo ou prégravado, as empresas especializadas

em closed captions enxergam que a equação econômica vai fechar. “Todos falam que os canais de TV têm que ter responsabilidade social. Mas também elas são empresas e têm responsabilidade comercial. No início, o custo para inserir closed captions será do canal, mas depois isso vai gerar audiência e vai gerar receita publicitária”, diz Camargo, da Drei Marc. Para ele, a emissora, com CC na sua programação, presta mais um serviço à população e por prestar um serviço diferenciado alavanca sua audiência. O deficiente passa a ter uma opção que não dispunha. O futuro anunciante de CC, indiretamente, permite o acesso do deficiente à programação televisiva, e terá retorno institucional, ganhará a simpatia dos consumidores. “É tudo uma engrenagem”, conclui. * colaborou Carlos Eduardo Zanatta


N達o disponivel


( making of )

por Lizandra de Almeida

l i z a n d r a @ t e l a v i v a . c o m . b r

Acorda e levanta da cama

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om o tema “Tá na hora de acordar para o Honda Fit”, a Fischer América criou uma campanha divertida para o novo modelo deste que é um dos maiores sucessos de vendas da indústria automobilística atual. O filme mostra cenas de pessoas sonolentas, que dirigem pelas ruas de uma grande cidade em suas camas, vestidas de pijama. As camas se movimentam pelas ruas e seus ocupantes só despertam quando cruzam com o Honda Fit. Para colocar a idéia em ação, a produção construiu três “camas-car”, ou seja, camas equipadas com motores de kart, que realmente se movimentavam pelas ruas. Embaixo do colchão, um motorista pilotava as camas deitado. Outras camas foram puxadas por uma cordinha, apagada posteriormente na finalização. Ao todo, cerca de 60 camas foram preparadas para as filmagens. Foram usados vários modelos de camas, quase nenhum repetido e todas elas tiveram de ser devidamente arrumadas, com lençóis, travesseiros e tudo a que se tinha direito. Praticamente todo o filme foi feito em locações na cidade de São Paulo. No

início, a cama sai da garagem de uma casa, no bairro de Alto de Pinheiros. Outras cenas, especialmente as que têm várias camas, foram filmadas no Centro de São Paulo. Em uma das cenas, filmada no Viaduto do Chá, as camas vêm em um sentido e o Honda Fit passa em outro. Várias camas estão estacionadas junto ao meio-fio. Essa cena exigiu um malabarismo a mais da produção, pois mesmo aos finais de semana o Viaduto do Chá não pode ser totalmente interditado. Então foi preciso filmar cada um dos lados da pista e depois reuni-los na finalização. “Foi a cena mais trabalhosa do filme, pois além de termos de filmar em separado, prestando atenção ao trânsito que continuava fluindo do outro lado, também tínhamos de molhar a rua. Levamos praticamente uma diária só para essas tomadas”, explica o produtor Mário Peixoto. “A filmagem em si não foi muito complicada, mas cada vez que tínhamos que movimentar as camas pelo Centro, era preciso desmontar e montar de novo”, conta. Mais de 100 figurantes participaram do filme, mas a grande figura da filmagem foi mesmo uma mulher que mora nas ruas do Centro. Vendo tanta gente de pijama e as camas na rua, ela comentou: “Depois dizem que eu é que sou louca”. fichatécnica Cliente Honda Produto Honda Fit 1.5 Agência Fischer América Criação Jáder Rossetto, Pedro Capeletti e Flávio Casarotti Produtora Movi&Art Direção Guga Sander Co-direção Chanel Basualdo Fotografia Joel Lopes Montagem Artur Martins Trilha Ludwig Van Pós-produção Casablanca

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Um novo formato para uma nova mídia

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rodutos audiovisuais costumam ser feitos para mídias como cinema e televisão. Não é sempre que um projeto é exibido exclusivamente em um posto de gasolina. Mas foi esta a proposta do curta-metragem de seis minutos desenvolvido pela Arte Animada para o posto temático da Petrobras em Ilhéus, Bahia, sobre o escritor Jorge Amado. O filme faz parte de um projeto que alia cultura, informação e turismo, cuja ambientação foi criada pela empresa Futuratec. Em todo o Brasil, a Petrobras está criando esse tipo de posto temático, sempre com temas relacionados à região onde está instalado. No caso de Ilhéus, o posto foi projetado para contar a história do escritor Jorge Amado e apresentar aos visitantes um pouco de seus personagens mais famosos, além

Da esq. para a dir. (acima), Tieta, Dona Flor e seus dois maridos, Jorge Amado e Gabriela; (abaixo) fachadas de casas da terra dos coronéis e o mascote ararajuba.

de proporcionar um passeio pelas histórias das regiões cacaueiras do Sul da Bahia. Coube à Futuratec criar toda a ambientação, o que inclui um papagaio gigante - que é a ararajuba, mascote da Petrobras - em animatronics. O boneco é animado eletronicamente e tem dez movimentos autônomos. Quando o público se aproxima, ele sai por uma porta, se apresenta e chama a atração. Em seguida começa a exibição do filme. Especialista em parques temáticos, a Futuratec produz principalmente peças em três dimensões, com ou sem movimentos. “A ararajuba conversa com o público e movimenta asas, pés, olhos e boca”, explica o diretor da empresa Steven Kahn. A animação feita em 2D exigiu da equipe da Arte Animada, acostumada à publicidade, um nível mais profundo de pesquisa. Ao longo dos seis minutos do desenho, o próprio autor conta sua história e se encontra com personagens como Gabriela e Nacib, de “Gabriela, Cravo e T ela

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Canela”, com a Tieta do Agreste, os Capitães de Areia e muitos outros. “Fizemos uma super pesquisa de vozes também, que tiveram de ser aprovadas pelo autor. Os layouts dos personagens também passaram pela sua aprovação”, explica Ângela Feola, da Arte Animada. fichatécnica Cliente Petrobras Produto Curta-metragem para posto temático de Jorge Amado Criação Jáder Rossetto, Pedro Capeletti e Flávio Casarotti Produtora Futuratec do projeto Prod. do curta- Arte Animada metragem

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Dir. de anim. Trilha

Cleiton Cafeu CPI

Pós-produção

Arte Animada


( artigo )

por Toni Venturi*

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foto: divulgação

Cinema paulista: o desafio da emancipação

* Vice-presidente da Apaci, Associação Paulista de Cineastas, está lançando “Cabra-cega”, seu terceiro longa-metragem.

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epois de uma década de um novo ciclo virtuoso (conhecido como retomada), o cinema bra­sileiro ainda procura se estabe­lecer como indústria cultural rentável. Ao não conseguir desatar o nó górdio que o aflige — distribuição e viabi­lização de investimentos não subsidi­ados —, e após quase 300 filmes, indi­cações ao Oscar e recuperação do prestígio interno, a produção nacional ainda não é um bom negócio. Dentro deste contexto de crescimento e crise (perene), alternando dois tipos de produção — uma de vocação industrial e popularesca à procura do diálogo com a classe média condicionada ao produto americano (Globo Filmes, Diler, Total Filmes etc.), e outra, artesanal e diversificada, responsável pela grande massa de filmes —, o cinema paulista se destaca como o segundo pólo produtor do País. Do ponto de vista estritamente estético, a cinematografia da retomada não é muito ori­ginal. Os filmes conseguiram superar os pro­blemas técnicos de imagem e som. Mas a lin­guagem ficou abrigada no melodrama nar­rativo, que oscila entre o naturalismo tele­ visivo e o realismo internacional dominante. Não criamos uma nova onda. A refe­rência externa do atual cinema latino-americano é o instigante e pujante cine argentino (120 prêmios internacionais e 64 longas produzidos em 2004). Em geral, as escassas provocações no plano estético vieram de filmes realizados por paulistas da nova geração, dos quais se destacam alguns projetos radicais e de experimentação, sem compromissos com o grande público. “Céu de Estrelas”, de Tata Amaral; “Cama de Gato”, de Alexandre Stocler; “1,99”, de Marcelo Masagão; “Tônica Dominante”, de Lina Chamie; “33”, de Kiko Goifman; “Contra Todos”, de Roberto Moreira; “Invasor”, de Beto Brant; “Prisioneiro da Grade de Ferro”, de Paulo Sacramento; “500 Almas”, de Joel •

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Pizzini; e “Latitude Zero” (deste autor) são obras que buscam exprimir as múltiplas realidades do nosso meio, através de um olhar intimamente cinematográfico, mas que redundaram em fracassos de bilheteria. Autoral A produção de São Paulo tem peculiaridades inerentes à sua história e ao meio em que está inserida. Pequenas estruturas de produção, temas urbanos, fortes traços autorais, visão ácida ou irônica e de crítica social estão entre suas características. O conjunto desses micronúcleos espalhados pela urbe configura uma tênue rede de realizadores (produtor e diretor), ainda trabalhando de forma semi-caseira. Num processo de profissionalização crescente, os paulistas enfrentam ainda grandes dificuldades na relação com distribuidores e exibidores tradicionais. Uma das singularidades da retomada é a renovação. Em São Paulo ela foi muito grande. O que vem, naturalmente, abalar a hegemonia do statusquo. Este fenômeno não é privilégio paulista. Três pólos despon­taram nos últimos anos com muito alento: Porto Alegre, Brasília e Nordeste. A nova geração paulista de cineastas veio do curta, da publicidade e do vídeoarte. Um número razoável de diretores estreou na telona e alguns partiram para o segundo longa: Aurélio Michilles (“O Cineasta da Selva”), Ricardo Dias (“Fé”), Cao Hamburger (“Castelo Rá-Tim-Bum”), Paulo Morelli (“Viva Voz”), Nando Olival (“Domésticas”), André Sturm (“Sonhos Tropicais”), Heithor Dhalia (“Nina”), Evaldo Mocarzel (“A Margem da Imagem”), Eliana Fonseca (“Eliana e os Golfinhos”), Luiz Villaça (“Por Trás do Pano”), José Roberto Tore­ro (“Como Fazer um Filme de


Amor”), Ricardo Elias (“De Passagem”) e outros. Fernando Meirelles — com o fenômeno de “Cidade de Deus” — fez a ligação direta com o mercado externo. Com Walter Salles, são duas de nossas grifes internacionais. Outro interessante fato da retomada é o destaque das mulheres à frente dos projetos. Raridade nos anos 80, elas apareceram com vigor e talen­to, como Lais Bodanski (“Bicho de Sete Cabeças”), Lili Café (“Narradores de Javé”), Mara Mourão (“Avassa­ladoras”), Anna Mulayert (“Durval Discos”). Estes jovens (trintões e trintonas) cineastas vêm se somar à geração de ouro da Vila Madalena, do final dos anos 80, que colidiu com a truculenta intervenção Ipojuca-Collor. A maioria deu a volta por cima com filmes que procuraram chegar a um público mais amplo, como André Klotzel (“Memórias Póstumas”), Luis Alberto Pereira-Gal (“Hans Staden”), Alain Fresnot (“Des­ mundo”), Hermano Penna (“Mario”), Guilherme Almeida Prado (“Perfume de Gardênia”) e José Antonio Garcia (“Minha Vida em Suas Mãos”). Os enfant-terrible Djalma Limonge Batista (“Bocage, o Triunfo do Amor”) e Sergio Bianchi (“Cronicamente Inviável”) aprofundaram seus mergulhos autorais. Em contrapartida, Sérgio Toledo (“Vera”) e Walter Rogério (o inédito e maldito “Os Olhos de Vampa”) foram trabalhar em outra seara. Finalmente, Roberto Gervitz, um dos expoentes da turma da Tatu Filmes, está lançando seu segundo longa, “Jogo Subterrâneo”. Também na produção as mulheres se destacaram. Seguindo os passos de Assunção Hernandes e Isa Castro, se formou em São Paulo um novo quadro de produtoras puro-sangue. Zita Carvalhosa, Sara Silveira, Van Fresnot, Rachel Monteiro, Andréa Barata e Débora Ivanov, que forma a trinca da Gullane Filmes com Caio e Fabiano. Ary Pini e Francisco Ramalho completam o quadro de produtores especialistas. Assim, o cinema paulista, um latifúndio sem coronéis, convive em sintonia com a acesa geração dos anos

70: João Batista de Andrade, Carlão Reichen­ bach, Ugo Giorgetti, Suzana Amaral, e seu expoente, Hector Babenco, o maior sucesso de público da retomada, com “Carandiru”. Já uma quarta geração se prepara para sua estréia: Rogério Moura, Rossana Foglia, Christian Saghaard, Chico Teixeira, Carlos Cortes, Phillipe Barcinski, Gustavo Steinberg, Alê Abreu, Reinaldo Pinheiro são nomes que ainda iremos escutar muito.

Reunindo três secretarias (Cultura, Educação e Desenvolvimento Econômico), o CPC elaborou cinco projetos, após um ano de trabalho: n Levantamento de dados da cadeia produtiva para mensurar o mercado audiovisual no Estado de SP. n Formação de docentes do ensino fundamental e médio e cursos técnicos profissionalizantes; n Difusão através do desenvolvi­ mento de um circuito de exibição escolar, alternativo e virtual; n Promoção com a divulgação regular de filmes no Metrô, na CPTM e no Banco Santander; n Fomento à produção, um plano escalonado para incrementar a produ­ ção progressivamente, com um misto de recursos (renúncia fiscal atra­vés de um consórcio de esta­tais e privadas e orçamento direto do Tesouro). Com a criação da Divisão Técnica do Audiovisual dentro do DACH (Departamento de Artes e Ciências Humanas) da Secretaria da Cultura, a classe paulista aguarda com ansiedade a concretização dos projetos apresen­ tados. O ano de 2005 será decisivo. Começaremos a edificar o projeto industrial do cinema paulista ou continuaremos a patinar no (medíocre) patamar vigente? Reproduziremos os erros que levaram a paralisação do Programa PIC-TV ou teremos uma visão estratégica para vencer as nossas próprias limitações? Vamos articular uma política com a futura Ancinav (fomentadora) para uma volumosa produção de filmes (médio orçamento) de qualidade e público, ou permaneceremos na autofagia do mercado de captação dominado pelas majors (distribuidoras multinacionais)? Só o tempo dirá, mas nunca as condições foram tão propícias para avanços importantes: bom material humano e tecnológico, vontade política, produção de qualidade e prestígio, amadurecimento profissional e um consenso civilizado entre os pa­res..

A encruzilhada do futuro A grande questão é que, com exceção da O2 — que tem uma robusta estrutura publicitária —, as produtoras paulistanas são na maioria escritórios-sanfonas, que incham a cada três ou quatro anos, quando se inicia a pré-produção de um filme, e voltam a se tornar minúsculas células, após as filmagens. Esta situação amadora/ artesanal precisa ser atacada com um programa de desenvolvimento de largo prazo que viabilize estruturas de médio porte (não é realista, nem desejável em detrimento da diversidade, pensar em estruturas de grande porte no Brasil). É preciso que os realizadores comecem a considerar as fusões, juntando seu know-how e talento em unidades que passem a filmar e finalizar pelo menos dois projetos ao mesmo tempo. Neste sentido, só um amplo programa estratégico — baseado no mérito artístico dos filmes (valor cultural) e nos resultados de bilheteria (valor de mercado) — pode mudar a atual situação de miserabilidade estrutural. Não é utopia nem loucura pensar um projeto cinematográfico estruturante para São Paulo. Ao contrário, é de se admirar que o estado mais rico da nação, detentor do maior ICMS do País e de um orçamento de R$ 62,5 bilhões (2004), não tenha ainda con­ seguido articular uma política pública para o audiovisual à altura de sua importância. Toda a indústria emergente teve o apoio firme do Estado em nossa história. Foi assim para o petróleo, as indústrias automotivas, a informática e o agronegócio. É com esse espírito que o Conselho Paulista de Cinema (CPC), criado pelo governador Alckmin em 2003, elaborou um programa de fomento para a implantação de uma política audiovisual industrial.

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É preciso que os realizadores considerem fazer fusões, juntando seu talento.

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( cinema )

por Maria Helena Passos, de Salvador

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Distribuição latina Encontro de Salvador propõe empresa multinacional de distribuição de filmes para o mercado ibero-americano.

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distribuição é o principal problema enfrentado pelas cinematografias nacionais de importantes países ibero-americanos. A evidência saltou aos olhos nas discussões realizadas no I Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual, realizado em Salvador na última semana de março. Não por outro motivo, os participantes do evento, patrocinado pelo Ministério da Cultura e o governo baiano, além de estatais como Infraero, Eletrobrás e Bahiatursa, decidiram enviar aos governos dos países representados no evento um pedido para que assinem um protocolo de intenções para a criação de uma estatal de distribuição de filmes em conjunto. A princípio, como informou Orlando Senna, secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura e participante do encontro, a idéia é criar uma estatal de composição acionária apenas quadripartite, no âmbito do Mercosul. Isto porque Portugal e Espanha teriam dificuldades para entrar na iniciativa por conta de limitações impostas, inclusive no âmbito da Comunidade Européia. Outro país cujo represen­ tante aprovou a moção foi o México. Tão apropriada quanto a iniciativa do próprio seminário, em que pese a dose de organização incipiente para um evento realizado em quatro idiomas para uma platéia eminentemente estudantil, a iniciativa de lutar pela criação de uma distribuidora ibero-americana é mais do que providencial. Isso ficou evidente na oportunidade rara que se teve de traçar um panorama da atual

©fotos: bahia imagens / adenor gondim

evolução da produção de cinema e Sem TV audiovisual tanto na Espanha, como em O Brasil é também o único entre Portugal, México, Argentina e Brasil. os quatro países citados (sem incluir Um cômputo permite informar que o México), onde a televisão não é Brasil, Argentina, Portugal e Espanha, em obrigada a destinar recursos para a 2004, produziram 283 longas-metragens. produção audiovisual por intermédio Em conjunto, a Península de arrecadação Ibérica destinou Ä 129 tributária ou outro milhões dos cofres públicos mecanismo de à produção cinematográfica controle público. e audiovisual, o que significa De acordo com uma média de Senna, este é um Ä 670 mil por película. Na objetivo que se Argentina, que destinou afigura ainda bastante US$ 18 milhões, equivalen­ distante nas discussões tes a cerca de Ä 16 milhões, que atualmente são em fundos públicos ao empreendidas para setor, a média cai para Ä 250 a criação da Agência mil, algo como US$ 300 mil Nacional do Cinema por película. e do Audiovisual Como a produção (Ancinav), bem como se encontra em estágio da confecção de uma “Com os fundos ascendente, vale a pena legislação para o setor. indo para o cinema, registrar que o Brasil é o Em sua palestra, ele o filme argentino país cuja produção de informou que o Brasil, foi o mais premiado longas foi a menor no décimo-segundo do mundo.” ano passado, inclusive em mercado mundial em Victor Bassuk, do Incaa, da Argentina comparação ao México. bilheteria de cinema, 40

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com um faturamento da ordem de US$ 130 milhões, já concede ao filme brasileiro uma ocupação de 22% da sala, dado de 2003. Paralelamente, como décimo mercado audiovisual do planeta, bolo em que a fatia do leão é domínio televisivo, o País possui “uma legislação jurássica que rege, melhor dizendo, que não rege os serviços de radiodifusão”, afirmou o secretário. Um dos empecilhos mais relevantes para a criação da distribuidora estatal quadripartite no Mercosul está no fato de que, se o Brasil ainda discute sua legislação para o setor, o Uruguai sequer a possui, embora disponha de um instituto oficial que cuida do setor. No Paraguai, onde existem apenas seis salas de projeção cinematográfica, uma das quais explorada pelo cinema argentino, não há nem órgão de fomento e muito menos, legislação. A despeito de sua qualidade, a produção cinematográfica do Uruguai é quase episódica — “Whisky”, por exemplo, maior sucesso de sua cinematografia recente foi feito em parceria com argentinos. No auge da produção cinematográfica em toda sua história, a Argentina conta com um sistema de reserva de mercado (cota de tela) equivalente a 40 dias por ano nas salas de exibição. Já o Brasil teve em 2004 uma cota que equivale a 51 dias. Entretanto, é bastante mais sólida a estrutura argentina para a divulgação de sua filmografia. De acordo como Victor Bassuk, subgerente do Instituto Nacional de Cine y Artes Audiovisuales (Incaa), a autarquia possui 24 salas sob seu controle, onde são exibidos apenas filmes nacionais e aqueles produzidos pelos países com os quais há acordos bilaterais. É o caso da Itália, por exemplo. Outros convênios firmados com Brasil e Chile tratam de apoio a distribuidores dos dois países. Ligado à Secretaria de Estado, o Incaa se tornou autarquia apenas no atual governo. Com isso, foi possível destinar os fundos legalmente

constituídos para apoiar o audiovisual e o organização e a exploração dos cinema de fato para onde estava previsto serviços de comunicação de massa. que iriam, explica Bassuk. “Talvez por isso Nada disso é sem tempo, mas e muito provavelmente em conseqüência mesmo assim, como declarou à TELA disso, o filme argentino foi o mais VIVA o secretário Orlando Senna, a premiado do mundo no ano passado”, questão da participação de recursos ressalta o subgerente do instituto. da publicidade televisiva nos fundos A produção do país de financiamento vizinho obteve 120 prêmios à produção internacionais, comemorando cinematográfica e uma média de quase dois por audiovisual sequer película produzida. O curioso será aventada. é que, ao contrário da década A oportunidade da de 50, quando cada produção criação da agência e da rondava US$ 1,5 milhão, legislação é intrínseca hoje, elas saem por US$ 300 ao panorama do setor mil, em sua grande maioria. no Brasil. Comparado Técnicos e atores amadores aos cenários da a integram na maioria dos comunicação de massa casos, e nem por isso deixam em Portugal, Espanha, de alocar notória qualidade Argentina e México, aos filmes. é, de longe, o mais Ao contrário do que contrastante. “É crescente a se passa na Espanha e em Décimo maior participação de Portugal, e sobretudo na mercado audiovisual distribuidoras França, o dinheiro que do mundo e quarto internacionais no alimenta as produções e que entre as receitas mercado espanhol.” é angariado junto ao poder publicitárias televisivas, Pilar Torre, do Instituto de público na Argentina advém, Cinematografia y de las Artes o Brasil faturou US$ Audiovisuales de España sobretudo, do imposto de 4 bilhões em 2003 10% arrecadado nas 967 salas de cinema com publicidade televisiva, TV paga, do país, por onde passaram 41,3 milhões locação e venda de vídeos e DVDs, de espectadores em 2004. Isso quer dizer além de bilheteria de cinema. Apesar que pelo menos uma vez por ano cada de ser o décimo-segundo mercado argentino vai ao cinema. Os espectadores cinematográfico mundial, 80% de deixaram o equivalente a US$ 100 milhões seus municípios não possuem sequer nas bilheterias do país. uma sala de exibição. Já 64% deles Mesmo com tudo isso, e como em contam com locadoras de vídeo e o todos os países ibero-americanos, a mercado de DVDs é o décimo-oitavo maioria das estréias a que os argentinos na comparação internacional. assistiram em 2004 foi de produções norteOs brasileiros não chegam a ir americanas: 51% do total, abocanhando uma vez ao ano sequer ao cinema, 82% do faturamento. As estréias foram 178 e a TV paga ainda está em apenas estrangeiras e 61 argentinas em um total 3,5 milhões de lares, enquanto 42 de 312 películas exibidas. milhões de domicílios — 12 vezes mais — recebem as emissões de uma Ancinav light TV aberta que fatura em média Segundo o discurso de Senna na US$ 3 bilhões anuais, recursos abertura do evento, o presidente Lula quase totalmente arrecadados na deve receber na segunda semana de iniciativa privada. abril o anteprojeto final da Ancinav Enquanto a TV brasileira segue elaborado pelo Conselho Nacional de imune a contribuições para o Cinema. Até o final do mês, um grupo de desenvolvimento do cinema, o trabalho interministerial será constituído governo aplicou em tais mecanismos para elaborar um decreto regulando a R$ 127 milhões em 2003 e R$ 135

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( cinema ) milhões no ano lazer fora de casa preferida passado. O valor é infedo povo espanhol. Eles rior a um terço do que a respondem por quase a Espanha, com menos de metade das estréias de um quarto da população filmes norte-americanos, brasileira, dedica em enquanto abocanham apoio oficial ao cinema o equivalente a 14% do e o audiovisual — Ä 110 faturamento de milhões, 45% extraído Ä 691 milhões das bilhetedo faturamento bruto rias, contra 70% arrecadadas tevês espanholas dos por aqueles. Progresprivadas. Os demais sivamente, sobe o custo de Ä 60 milhões que produção médio dos filmes nutrem o Instituto de espanhóis, hoje na casa Cinematografia y de dos Ä 2,45 milhões. Mas há “TVs portuguesas las Artes Audiovisuales contrapesos. “É crescente de España são recursos repassam 4% da a participação de distriorçamentários. Foi assim receita publicitária buidoras independentes para fundo de proque o país financiou, no mercado espanhol. Elas integral ou parcialmente, moção do audiovisual.” importam películas de Elisio Cabral, do Instituto de 134 longas-metragens boa qualidade e grande Cinema Audiovisual e Multimídia de Portugal em 2004. bilheteria cada vez mais”, Hoje, filmes espaninforma Pilar Torre, direhóis atraem mais de um milhão de tora de promoção de filmes e relações espectadores. O cinema é a opção de internacionais do instituto.

Igualmente, a cinematografia portuguesa, atesta Elisio Cabral, que conduz o Instituto de Cinema Audiovisual e Multimídia, contou com Ä 19 milhões em fundos para promoção do audiovisual, dos quais nada menos que 96,2% oriundos de taxa de 4% paga pelas televisões portuguesas sobre sua receita publicitária. O Estado entra com o restante. Em 2004, o cinema português realizou 69 películas e uma nova lei a ser regulamentada prevê que 5% do faturamento das televisões a cabo se destine ao fomento do audiovisual. Em Portugal, ainda não faz efeito o grande motor da cinematografia espanhola: a TV digital. Ela abriu um mercado que impulsionou significativamente a produção na Espanha, ressalta Pilar. Em Portugal, ainda engatinha. No Brasil, sequer nasceu. Mas certamente, pode representar muito aos produtores nacionais.


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( carreiras)

Piração organizada

Para ser produtor de trilhas sonoras é preciso mais do que ter talento para a música. O profissional tem de ser muito rápido no seu trabalho.

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ostar muito de ouvir música, ser apaixonado pelo que faz, não ter preconceitos quanto a estilos e modismos e, principalmente, saber que seu trabalho só existe em função do filme como um todo. O trabalho do compositor e produtor de trilhas sonoras para filmes tem muito de arte e exige um talento especial para a música. Mas nem todo músico profissional tem o timing necessário para condensar em 30 segundos — no caso da publicidade — as idéias que vão ajudar o filme a passar sua mensagem. “É importante entender o espírito de cada projeto, porque a trilha é uma arte aplicada e que exige um trabalho de equipe. Não é só ter talento musical, mas saber identificar outras pessoas que possam fazer coisas específicas, tocar instrumentos que você não toca”, acredita Álvaro Fernando, da V.U. Studio. “É preciso ser muito rápido, porque nosso trabalho é o fim da linha, mas ter tudo muito organizado. Acho que dá para resumir assim: tem que pirar, mas com organização.” Para Marcos “Xuxa” Levy, da Play it Again, para compor trilhas é preciso ser “doente” pela área. “É como um bichinho que pica, é impossível querer fazer isso do nada. A gente fica reparando em tudo. A música é responsável pela emoção que o espectador vai sentir. E, no caso da publicidade, apesar de ser mais simples, não tem como experimentar, e não se pode errar. Então a gente não pára nunca, porque precisa ter todas as referências.” “As referências são fundamentais porque ajudam você a sacar as coisas.

conhecimento musical, mas não necessariamente saber tocar todos os instrumentos. Tem que conhecer tudo, ver filmes, ir a shows.” A serviço do produto final Em geral, o trabalho se desenvolve em quatro etapas. Primeiro vem a reunião de pré-produção, com a agência e toda a equipe de produção. É onde o maestro recebe o briefing. Vem então a reunião de produção, quando o maestro já apresenta a linha que quer seguir. Depois a agência recebe o filme em off-line, já com a trilha composta. E por fim vem a versão on-line, finalizada. Assim que recebe o briefing, Álvaro Fernando começa a compor, com um gravador portátil em punho, onde ele grava as idéias para as músicas, cantarolando. “Aí é que vou para o ProTools, onde as idéias se materializam e dou o acabamento.” Com a facilidade proporcionada pelos equipamentos de edição e mixagem digitais e com os samplers que reproduzem sons de vários A gente tem que ter a noção instrumentos — e “É como um bichinho do que serve ou não para o com os prazos cada cliente, mas não pode deixar que pica, é impossível vez mais apertados querer fazer isso do que as fórmulas da cabeça —, é difícil conseguir dirijam as coisas. Tem que reunir uma orquestra nada. A gente fica ouvir de tudo, de jazz a Tati para produzir uma reparando em tudo. A Quebra-Barraco”, diz Teco trilha de comercial. música é responsável Fuchs, da Lua Nova. Quando isso pela emoção que o Álvaro Fernando acontece, cabe ao espectador vai sentir. ” acredita que, além do maestro reger os Marcos “Xuxa” Levy, da Play it Again conhecimento musical, é músicos, além de preciso ter facilidade de relacionamento produzir e compor. “Mas é preciso e comunicação, pois o trabalho é feito em deixar os cantores e músicos um equipe — não só em relação às pessoas pouco soltos, para que eles coloquem da agência e da produtora de imagem, um pouco deles no trabalho. Senão mas com os músicos que são chamados tudo acaba entrando nas fórmulas”, a cada trabalho e às pessoas da própria diz Teco Fuchs. “Para produzir uma produtora de som. “É preciso ter música com cordas demora no 44

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mínimo um dia e hoje a publicidade não tem esse tempo”, afirma Marcos Levy. “Mas quando a gente consegue, é muito bom. Recentemente gravamos um filme com a banda Funk Como Le Gusta e agora fizeram uma versão em chinês, com tudo cantado e falado em chinês. Foi muito divertido”, completa.

“É preciso ser muito rápido, porque nosso trabalho é o fim da linha, mas ter tudo muito organizado. Acho que dá para resumir assim: tem que pirar, mas com organização.”

Autodidatismo Assim como a maioria dos músicos, quem trabalha com trilha sonora costuma ser autodidata. Os cursos acadêmicos de música em geral são mais voltados para a música erudita e os de publicidade não se aprofundam em som. Não existe uma graduação específica. Álvaro estudou na Escola Municipal de Música, em São Paulo, mas nunca parou de estudar. Está sempre fazendo cursos. Teco Fuchs começou na adolescência, teve banda e depois

Álvaro Fernando, da V.U. Studio

passou a se interessar por trilhas sonoras de cinema. Entrou na publicidade por influên­ cia de amigos. O contato de Marcos Levy com a música também começou cedo. Quando decidiu que queria fazer trilhas sonoras, foi atrás de uma produtora e pediu

estágio. É assim que a maioria dos profissionais entra na área. “Quando alguém vem aqui na pro­ dutora pedir para passar um mês e ver como são as coisas, muitas vezes são de publici­da­ de. Pouca gente tem idéia do que é o tra­balho”, conta Fuchs. “Só se aprende na prática, quando se faz”, diz Levy. Lizandra de Almeida


( evento )

Show de tendências

Mais uma vez, a NAB mostra na capital mundial da jogatina quais são as apostas dos fabricantes de broadcast em tecnologia, equipamentos e formatos de vídeo.

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em Las Vegas. Profissionais de importantes redes norteamericanas, como Ken Aagaard, vice-presidente de operações e produção da CBS Sports, e Ross Levinsohn, vice-presidente da FoxSports Interactive Media, além de fornecedores de tecnologia, debatem as maneiras de usar a Sony mostra a maturidade da tecnologia programação para dispositivos HDV, que já conta com sistema de workflow baseado no VTR HVR-M10N (acima) e a móveis para aumentar a audiência. O camcorder HVR-Z1N (abaixo). painel examina cases de programas de esportes e reality shows e de publicidade que conseguiram permite que as empresas de telecom migrar para as telas de telefones possam competir com os operadores de móveis com sucesso. cabo. O presidente da CNN, Jonathan Já para os brasileiros, que se Klein, explica em uma apresentação encontram no tradicional evento SET como acredita que a IPTV e Trinta, os debates pode ser viável e lucrativa, não devem seguir defendendo a adoção Tema político do linhas políticas (veja de um tripé para garantir programação no evento deste ano abox essa viabilidade: soluções da pág. ao lado). será a “indecência Dos três dias do integradas que suportem vários modelos de negócios na programação”. evento promovido para IPTV; uma cadeia de pela Sociedade valores mais dinâmica; de Engenharia de e tecnologia para gerenciar os direitos Televisão, dois serão dedicados a autorais digitalmente. palestras dos patrocinadores sobre Como não poderia deixar de ser, as tecnologias e os produtos os conteúdos para dispositivos móveis apresentados na NAB. O assunto mais também ganham um debate no show quente será no painel “Panorama Tecnológico Mundial”, com palestras de representantes das indústrias européia, japonesa e americana sobre TV digital.

IMAGENS: Divulgação

s fabricantes já deram o tom da NAB deste ano. O principal evento internacional de equipamentos de broadcast e produção, que acontece, de 16 a 21 de abril, em Las Vegas, mostrará as soluções de workflow das duas gigantes do broadcast: Sony e Grass Valley. Além disso, a tecnologia HDV, apresentada no evento no ano passado, chega à sua maturidade, com novos equipamentos e suporte em soluções para pós-produção. Na questão política, a NAB acompanha um dos assuntos mais discutidos no broadcast recentemente: a indecência na programação e a responsabilidade dos radiodifusores por seus conteúdos. Talvez como reflexo da direita conservadora que governa os Estados Unidos, os broadcasters vêm sofrendo pressões da FCC, a agência que regula o setor de comunicações nos EUA, e do Congresso. A grande maioria das redes seguiu o exemplo dos estúdios norte-americanos, que, entre 1934 e 1968, adotou o Código de Decência para não chamar a atenção dos conservadores daquele país e assim evitar uma regulamentação mais severa. Na NAB, os broadcasters irão discutir como evitar a chamada indecência através de uma “programação responsável”. Em um painel reunindo dirigentes das várias emissoras regionais e das grandes redes e a Kaiser Family Foundation, se discutirá a necessidade de uma programação responsável e alternativas para a regulamentação acerca do conteúdo televisivo. Outro importante tema que será debatido no evento é a IPTV, que 46

Show de tecnologias A NAB 2005 terá, pela primeira vez, uma estação de TV digital, a NAB-HD. Equipada com um estúdio de jornalismo móvel, a estação, feita em parceria com a RTNDA, transmitirá programação ao vivo para o Las Vegas Convention Center (LVCC) e hotéis de Las Vegas. A estação, T ela

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segundo a associação, mostrará aos visitantes todos os pontos técnicos, operacionais e os elementos de gerenciamento necessários para transmitir sinal de DTV em todos os formatos. A transmissão será realizada em formato 720p e também em NTSC, após ser adaptada por uma downconversion, e contará com closed caption e metadados da programação. O sinal ATSC será exibido no LVCC, enviado via fibra para a área Mobile Media do pavilhão, de onde será enviado para um satélite. A emissora KVVU-HD, de Las Vegas, retransmitirá o sinal através de seu canal HD. Já a Watchit Convention Networks (WCN) transmitirá o sinal através de uma rede de vídeo privada para mais de 30 mil quartos de hotel da cidade. Workflow Os dois maiores fornecedores de tecnologia para broadcast focarão suas demonstrações em seu ambientes para fluxo de trabalho. A Sony lança no evento as versões mais modernas de seus produtos, além da apresentação do tema “HD Highway”, com exibições e demonstrações ao público do evento sobre os caminhos que poderão ser utilizados para a migração de infra-estruturas de definição standard até as operações baseadas em alta definição. Segundo a Sony, a empresa uniu os produtos SD já existentes às novas linhas HD, lançando capacidade de produção 24p e up-converters agregados. Assim, a fabricante garante que é possível oferecer formas de migração para usuários de produtos DVCam, XDCam, MPEG IMX, Digital Betacam ou HDCam sem comprometer recentes investimentos SD. Entre os lançamentos está o sistema de fluxo de trabalho HDV para produções de vídeo profissionais, com a camcorder HVR-Z1N e o VTR HVR-M10N, ambos lançados em março no Brasil. Estará também em exposição no estande da Sony uma demonstração de tecnologia de versão de alta definição

distribuição para múltiplas mídias. Sob o selo dMAX estão soluções como a C2MD, voltada para avaliação de sistemas implantados, instalação e configuração de hardware e software, diagnósticos locais e remotos e monitoração. Fazem parte da solução C2MD os softwares baseados em PC Net Central 4.1, para monitoração, e o Grass Valley XMS 3500, para gerenciamento de rede.

Não disponivel

Grass Valley entra na disputa da gravação sem fita com o Venom FlashPak.

Fim da fita A demonstração da Sony da tecnologia de versão de alta definição do sistema XDCam mostra que a corrida pelos formatos de vídeo sem fita já chegou ao HD. Em pouco tempo deveremos ter equipamentos disponíveis no mercado para produção em alta definição tanto baseado no disco com gravação em laser azul, quanto nos cartões P2 da Panasonic. A Grass Valley apresenta no evento o Venom FlashPak, um equipamento para gravação em memória em estado sólido (flash memory) para as câmeras Viper e LDK 6000 mk II. O equipamento permite gravar até dez minutos de material no formato film stream, que capta o conteúdo diretamente dos CCDs da câmera, sem compressão de cor. Usando o formato HD 4:2:2, pode-se gravar até 18 minutos. Mas se trata de um equipamento grande e desajeitado, muito vantajoso para produções cinematográficas, mas sem grande apelo para ENG. Alguns apostam que a demora da Grass Valley em lançar câmeras usando cartões compactos, como o P2, deve-se a um esforço da empresa para lançar um produto com plataforma mais acessível que o DVCPro. A empresa, reforçando a teoria, já anunciou que dará suporte ao formato AVC (Advanced Video Coding). No total, já existem 45 empresas apostando e dando suporte ao formato baseado em MPEG-4. Entre elas, Apple, Adobe, IBM, Sony e Tandberg.

do sistema XDCam Professional Disc da Sony, já adotado por alguns broadcasters brasileiros na versão SD. Já a outra gigante do broadcast, a Thomsom/Grass Valley, que a partir de agora passa definitivamente a se chamar Grass Valley na linha Broadcast & Media Solutions, apresenta a sua nova iniciativa para ambientes de trabalho, o dMAX (digital Media Asset Maximization). Sempre sob o guarda-chuva dMAX, a Grass Valley promete entregar software e middleware para gerenciamento de conteúdo, gerenciamento de ambientes e monitoração sempre para ambientes com suporte ao HD multiformato e voltados à

ponto brasileiro O encontro SET e Trinta 2005 acontece das 7h às 9h na sala N264 do Las Vegas Convention Center. Veja a programação: 18/03 - Segunda-feira: 7h00 \ 7h20 Café da manhã 7h20 \ 9h00 Palestras da New Skies Satellites, Thomson, Tandberg/Phase, Miranda/Libor e PanAmSat. 19/03 - Terça-feira 7h00 \ 7h20 Café da manhã 7h20 \ 9h00 Palestras: Panorama tecnológico mundial / TV digital - da produção HD ao receptor: As visões européia, japonesa e americana desenvolvidas por renomados representantes. 20/03 - Quarta-feira 7h00 \ 7h20 Café da manhã 7h20 \ 9h00 Palestras da Loral, Sony, Tecsys, Embratel e DMT.

FERNANDO LAUTERJUNG

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( pós-produção)

Copyright Video Systems 2005

por Frank McMahon

c a r t a s @ t e l a v i v a . c o m . b r

Ferramentas de composição para todos os gostos Conheça os softwares de composição mais populares e seus plug-ins, com recursos impossíveis de se encontrar em desktops até alguns anos atrás.

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scolher um programa de composição é provavelmente a de­cisão mais central e im­portante que uma finalizadora pode tomar. O soft­ware de composição é o am­ biente onde todos os ele­mentos — vídeo, fotos, áudio, legendas e tudo o mais — são integrados. Os programas de composição atuais trabalham rapidamente e com maior robustez, e incluem recursos de workstations, que não eram encontrados em sistemas desktop até alguns anos atrás. Sistemas como o Adobe After Effects, Discreet Combustion, Apple Motion, Curious gFx, Digital Fusion DFX+ 4 e outros orbitam em torno do valor de mercado de US$ 1.000(1), porque este é o ponto em que os usuários podem arriscar adquirir um ou dois sistemas sem ficarem atados a um único e caro software, ou a um hardware dedicado. Se você estiver a fim de jogar, os programas que apresentamos a seguir oferecem muitos recursos, com preços que permitem arriscar até comprar mais de uma solução. Todos os concorrentes correm atrás de uma fatia de mercado do Adobe After Effects, o que chega a ser irônico, já que o software não teve updates desde o lançamento da versão 6.5, há mais de um ano. Mas isso não importa, já que o programa vem com tantos recursos que optar por ele é dificilmente uma escolha errada. O After Effects é oferecido nas versões regular e profissional, mas mesmo a mais simples tem poder

re­cur­sos que usam muito hard­ ware de vídeo, como partículas. Pegue o programa de criação de gráficos Motion, da Apple, que aproveita bem os avanços das placas de vídeo e promove isso como um de seus grandes benefícios. Se você olhar os requisitos mínimos do programa, verá que pode usar um G4 de 867 MHz. No entanto, o sistema recomendado é na verdade um G5 dual de 2 GHz com 2 GB de RAM. Isso garante muito processamento computacional, mas, em relação à visualização em tela O plug-in CameraPOV, da Profound Effects, simula a visão através de viewfinders de vários tipos de câmera, como infra-ver- em tempo real, a Apple ainda melhas ou câmeras de segurança. recomenda uma boa placa OpenGL tipo Nvidia ou ATI. Esta suficiente para deixar você satisfeito por é a verdadeira força por trás de efeitos muitos anos. O software foi desenhado para de partículas e animação de objetos do trabalhar o máximo possível em tempo real, Motion. e a versão 6.5 acrescentou um robusto su­por­ Ainda que o Motion não tenha te a OpenGL, cache de disco melhorado e vários recursos profissionais do After Efpreview de vídeo pela porta FireWire. fects, como composição 3D real e cores Quando se fala em performance em 16 bits, seu preço é quase um terço do tempo real, não custa lembrar que, não concorrente. importa qual seja sua placa de vídeo, é Ele também tem uma ótima provavelmente hora de trocá-la. A maior interface que acompanha o usuário de parte dos problemas com processamento forma suave (o After Effects pode ficar em tempo real acontece porque as velocidsobrecarregado de janelas rapidamades de CPU se estabilizaram e a maioria dos ente, mesmo em projetos simples). usuários não está fazendo upgrades agresUsuários com plataformas PC e Mac e sivos. Como o valor das placas vem caindo, finalizadoras provavelmente podem, sai mais em conta trocar a sua que atualizar e devem, usar os dois sistemas. O Motodo o computador. tion pode ser usado para visualizações Se você ainda não o fez, é porque não rápidas de projetos e para finalizar deve estar acompanhando a guerra de trabalhos que requerem mais agilipreços dos fabricantes de placas. Uma placa dade, enquanto o After Effects fica para Nvidia ou ATI de US$ 150(1) oferece recursos produções high-end. OpenGL poderosos e pode acelerar todo seu trabalho de composição, especialmente (1) Preço nos EUA 48

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Enquanto o estabelecido After Effects e o crescente Motion possam ser suficientes, a Discreet ainda está na dança, com seu novo Combustion 4. O software tem uma das melhores interfaces do mercado, e seu suporte a OpenGL e preview via FireWire per­ mitem uma operação bem tran­qüi­la. O Combustion é uma delícia de usar. O preço caiu para US$ 995(1) recen­te­ mente, de forma que meros mortais têm acesso a seus ótimos recursos. Um destes recursos que ficava devendo no Combustion era seu recorte. Eu faço uma quantidade razoável de trabalho com fundo verde, e o chromakey interno do programa não chegava lá. Agora, o Combustion 4 acrescentou o Diamond Keyer, “emprestado” do Flame, com um keying de melhor qualidade e com mais opções. A versão 4 também aprimorou as funções de pintura, com opções B-spline, pincéis customizados, grades e réguas. Também há um novo recurso chamado time-warp, para efeitos de slow-motion e aceleração. Outros programas rodeando os líderes incluem o Curious gFx Pro, o DFX+ 4 da Eyeon e o Boris Blue, update do Boris Red. O DFX+ 4 é uma versão simplificada do Fusion, da Eyeon. Deixando de lado alguns recursos high-end do Fusion, a Eyeon baixou o preço e criou um produto alinhado com o After Effects e o Motion. Ainda assim, o programa tem uma ampla gama de recursos, que vão deixar a maioria bem ocupada, como pintura, partículas, recorte e 3D. A empresa também oferece uma biblio­te­ ca de cursos para aprender o programa em seu website, bem como macros bem úteis e scripts, para quem quer ga­ nhar tempo automatizando processos. O gFx Pro, da Curious, vem nas versões 8 bits e (mais cara) 16 bits, assim cada um pode escolher o que for melhor. Seus pontos fortes são a pintura e a rotoscopia até a resolução de 6K, além de excelentes ferramentas de remoção de fios e superfícies animadas. Embora a Curious esteja demonstrando o gFx Pro 2.6 na NAB, a Vizrt assinou uma carta de intenções para comprar a

empresa, pelo seu produto World Maps. Até agora, não foram divulgados os planos para o gFx Pro.

É preciso que mais plug-ins suportem o OpenGL. Poucos hoje o fazem, mas um deles é o DIN (Darkling Interactive Noise), da Darkling Simulations. Ele inclui 13 padrões de ruídos e pode gerar literalmente milhares de variações de texturas orgânicas com parâmetros como definição, tamanho, rotação, colocação, squeeze e jiggle. Há uma opção de controle que permite aplicar o efeito diretamente à fonte e mesclá-lo com outros filtros do After Effects. O Conoa 3D permite a criação rápida e fácil de formas geométricas tridimensionais (cones, esferas, cilindros etc.), e pode mapear fotos ou clipes de vídeo nestas figuras, com luzes e reflexão. O efeito é suave e muito profissional, pois o plug-in interage diretamente com os próprios efeitos de luz e câmeras do After Effects. A empresa alemã Frischluft.com oferece o Lenscare e o Flair. O Lenscare recria efeitos de diferentes lentes, e o Flair tem diversos efeitos especiais, como o Amiga Rulez, que recria efeitos antigos do computador Commodore, esfera de vidro, brilho e um efeito volumétrico. Os plug-ins da Digital Film Tools também recriam efeitos de diferentes lentes, inclusive de filtros, como polarizadores e gelatinas. O plug-in CameraPOV, da Profound Effects, recria o efeito de se olhar pelo visor de qualquer tipo de câmera, de infra-vermelho a câmeras de seguran­ça, com vários parâmetros de ajuste. O fabricante também tem o Useful Things, com mais de 150 efeitos pré-fa­bricados. No site, na seção Profound eXchange, você pode ainda baixar novos aplicativos e scripts (ou macros). O Aurora Water e o Aurora Sky, da Digital Element, também valem uma olhada. São algumas das melhores fer­ramentas de criação de elementos dis­poníveis. As interfaces são fáceis e in­ tui­tivas, e o software traz ótimos efeitos de turbulência e reflexos na água, bem como excelentes formações de nuvens e pôr-do-sol, que podem ser percor­ri­ dos pela câmera 3D do After Effects. A Stagetools oferece o Moving­ Picture, para fazer panorâmicas e

A farra dos plug-ins Uma vez escolhido um sistema de composição, você pode querer expandi-lo. É aí que entram os plug-ins. Alguns progra­mas tem vários destes recursos de grande valor, enquanto outros têm poucas opções. O rei ainda é o After Effects. Há dezenas de recursos adicionais para esse programa, e muitos outros, como o Combustion, aceitam o formato de plug-in da Adobe. Ainda assim, há planos em andamento de alguns desenvolvedores para criar um padrão único

As novidades do Combustion 4 incluem um melhor sistema de pintura, pincéis customizados, réguas e controle de tempo, para slow motion.

de plug-ins, de forma que todos possam trabalhar com qualquer programa. O Open FX é um destes conceitos (openfx.sourceforge.net), cuja inspiração é a criação de um padrão universal para programas de efeitos visuais 2D. O projeto conseguiu participação de empresas como Boris e Discreet, então é interessante ver como se desenrolará. O desenvolvedor de plug-ins The Foundry assumiu a liderança e já começou a produzir no formato OFX. Mas por enquanto os plug-ins para Adobe estão na frente, e há tantos que seremos capazes apenas de arranhar a superfície neste artigo. Uma busca em sites como pluginz.com, toolfarm.com e thepluginsite.com mostra a variedade existente. Os plug-ins apresentados a seguir funcionam no After Effects e na maioria dos programas que suportam plug-ins Adobe. Alguns desenvolvedores oferecem versões separadas para Combustion, Premiere Pro, Digital Fusion, Avid e outros.

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( pós-produção ) O Boris Blue é a atualização do Boris Red, e traz uma mudança completa em relação à versão anterior, além de recursos em tempo real, como shaders animados, objetos 3D, warp, extrudes e partículas.

zooms suaves sobre imagens estáticas (stills). Funciona tanto como plug-in quanto como produto avulso. A Foundry produz três acréscimos para o After Effects: os Tinderbox 1, 2 e 3. A empresa também tem a excelente ferramenta de recorte (keying) Keylight, que já vem com o After Effects 6.5. Da ViviClip, o Video Filters 3 Pro faz a preparação do material antes de ir ao ar, com recursos como correção de cor, color matching, ajuste de cor de pele, temperatura de cor e redução de ruído. A Walker Effects oferece uma suíte profissional de plug-ins, de efeitos de cor à manipulação de canais, além de brilhos e ruídos. Um recurso obrigatório para o Com­bustion é o novo Pro Import C3, da Automatic Duck, que permite exportar a timeline do Premiere Pro para o Combustion. A Digital Anarchy pode ser um tesouro escondido para quem não a conhece. A empresa tem uma ampla linha de plug-ins para Adobe e Discreet, especificamente para o After Effects. O melhor do pacote é certamente o Anarchy Toolbox, com nove plug-ins que fazem distorções, brilhos e outros efeitos por razoáveis US$ 149(1). A Digital Anarchy também vende o codec Microcosm, primeiro formato QuickTime 64 bits RGBA sem perdas. Funciona com vários softwares, como Premiere, Combustion, Final Cut Pro e After Effects.

empolgantes de partículas; Shine, para raios de luz; Starglow, para highlights; 3D Stroke, para formas orgânicas; Sound Keys, para acoplar música à animação; e Lux, para simular luzes visíveis (como um feixe dentro da fumaça). Cada um de seus pacotes é o melhor da categoria. Em trapcode.com você pode curtir alguns vídeos de demonstração. Há uma variedade de opções em ferramentas de recorte no mundo dos plug-ins, já que muitas vezes o keying que vem com os programas não são totalmente satisfatórios. O DVMatte Pro, da DV Garage, é uma dessas ferramentas, com preço razoável, que trabalha com SD, HD ou DV. Oferece diversas pré-configurações de acesso rápido. O vídeo de treinamento que vem com o produto ajuda o usuário a começar a usar o programa imediatamente. A Ultimatte vem sendo um líder em recortes por anos, e seu plug-in AdvantEdge mantém a tradição. É ótimo para trabalhar com clipes de vídeo comprimido e tem boas ferramentas de supressão de elementos e limpeza. O Primatte Keyer, da Red Giant, faz maravilhas removendo grãos do canal alpha para conseguir recortes mais limpos, e consegue até recortar objetos transparentes. Também funciona bem em áreas difíceis, como cabelos e fumaça. A Digital Anarchy oferece o Primatte Chromakey 2.0, excelente para trabalho em fundo verde ou azul. O artista de composição sempre precisa de conteúdos novos e de fácil uso, e há certamente uma série de opções de terceiros no mercado. A GrangerFX produziu o TrinityFX, pacote de transições 3D que vieram do sistema Trinity, da Play Inc. As mais de 500 transições ainda são incríveis, e os wipes 3D pré-renderizados vêm em grande variedade para todos os projetos. Outro pacote especial é o

Pacotão Deixei uma de minhas empresas favoritas por último, nesta arena especial de plug-ins: a Trapcode. Muita gente adora sua suíte de efeitos, que inclui o Particular, com efeitos 50

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BroadcastGems. São coleções de fundos estáticos e animados de nível profissional. O diferencial é que os fundos (backdrops) entram no After Effects como um projeto em múltiplas camadas, permitindo que a partir do template se faça modificações, criando algo completamente novo. É um con­ ceito fantástico, que funciona melhor que fundos estáticos inalteráveis. Outro grande pacote a se observar é o Editor’s Toolkit 1 e 2, da Digital Juice. Trabalham bem em qualquer pro­gra­ma de composição e fazem anima­ções e fundos. A empresa sempre ele­vou o nível em elementos animados, e suas últimas versões confirmam a tradição. Dicas finais Finalmente, quero deixar algumas dicas em composição. Procure sempre programas de empresas pequenas que fazem tarefas específicas, como o Ima­ginate 2.0, da Canopus. O software cria panorâmicas e zooms em múltiplos grupos de imagens still, criando slide­ shows. E faz isso mais rapidamente que o After Effects ou qualquer outro pro­ grama. E não se esqueça de adquirir um encoder profissional, como o Clea­ner XL, da Discreet, ou o Sorenson Sque­eze, da Sorenson Media. O Cleaner vem sen­ do um padrão da indústria por anos, e o Sorenson dá saídas em praticamente qualquer formato existente. Os softwares de composição continuam a evoluir, e alguns kits de ferramentas são realmente impres­ sionantes. A tendência é que se tenha uma maior dependência das placas de vídeo (em detrimento das CPUs) no futuro, à medida em que a criação integre cada vez mais recursos em tempo real. Os plug-ins continuarão es­ ten­dendo as capacidades dos produtos de formas surpreendentes, e o encan­ tamento visual está só começando.Os preços estão caindo, então você pode experimentar várias opções.

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( upgrade )

Evolução do HDV JVC eleva o padrão a um patamar jamais alcançado pelos equipamentos baseados em fitas DV, prometendo levar essa tecnologia até às produções mais sofisticadas de TV e cinema a um baixo custo.

Nova linha ProHD, da JVC: compatibilidade com HDV e recursos de equipamentos de ponta.

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JVC lança na NAB deste ano a linha ProHD, prometendo equipamentos de alta definição de baixo custo e qualidade profissional. Trata-se de uma linha compatível com HDV, mas com vários recursos profissionais só encontrados em equipamentos mais sofisticados de produção em alta definição, inclusive time code e gravação em 24p HD. Para garantir o baixo custo, a fabricante lança mão de tecnologias não-proprietárias, como compressão MPEG-2 e gravação em mídia DV ou em hard disks convencionais. Todos os equipamentos da linha serão capazes de gravar em DV standard definition ou em HD, sendo que os decks poderão executar também fitas DVCAM. Os primeiros modelos ProHD que serão mostrados no evento em Las Vegas são a camcorder GY-HD100 e o VTR BR-HD50E. Ambos os equipamentos oferecem compatibilidade com o formato HDV; gravação em alta definição com varredura progressiva; gravação

progressiva em 24 quadros por segundo com movimento suave (tecnologia até então só disponível em câmeras HD high end); tecnologia de gravação em disco Direct To Edit nos formatos nativos dos principais sistemas de edição não-linear; possibilidade de gravação simultânea em disco ou fita. Não é à toa que a camcorder GYHD100 já está sendo chamada de “XL HD”, em referência aos modelos XL1 e XL2 da Canon, as únicas camcorders Mini DV com lentes intercambiáveis. A nova camcorder da JVC conta com bocal para lentes no padrão baioneta, e esse não é o único recurso que torna o modelo apropriado para uso profissional. No modo DV em definição padrão, a camcorder pode gerar vídeo usando as proporções nativas 16:9 52

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ou 4:3, sendo que os três CCDs do equipamento captam em definição 1280 x 720. A Fujinon desenvolveu especialmente para os CCDs 16:9 de 1/3” uma nova lente zoom de 16x, que acompanha a camcorder GY-HD100. As lentes contam com controle manual preciso para todas as suas funções e usa abertura mecânica. Existe um conversor grande-ângular para a nova lente. Um adaptador da JVC permite ainda usar as lentes de 1?2”, já mais difundidas no mercado. A camcorder oferece ainda a tecnologia patenteada HD Focus Assist, que proporciona um ajuste de foco mais rápido e preciso. A tecnologia funciona exagerando no viewfinder o detalhamento de sombra da parte do objeto que está em foco. Outro dispositivo que ajuda o usuário a economizar tempo ao operar o equipamento é o slot para um cartão SD, que armazena diferentes configurações das diversas variáveis da câmera para diferentes estilos ou tipo de tomadas. Assim, o operador da câmera pode usar a mesma configuração em mais de um equipamento, apenas transferindo o cartão SD de um para outro. Com um acessório para poder usar um hard disk drive removível na câmera, pode-se aumentar o tempo de gravação (a fita Mini DV grava os primeiros 60 minutos da cena e o restante é gravado no HDD) ou ainda gravar a mesma tomada simultaneamente nas duas mídias. Esse recurso permite uma transição mais rápida do material da câmera para a ilha de edição, uma vez que não é mais necessária a transferência do conteúdo da fita para um HDD. A GY-HD100 permite gravar nos formatos HD 720p/25, 720p/24 e

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720p/30, além do formato PAL 625 em 576i/50 e 576p/25, tanto em 4:3 quanto em 16:9. Uma placa interna permite dar a saída do sinal em 720p, em tempo real, nos formatos HDTV 1080i/50, 1080i/60, 720p/60 e 720p/50. Outro recurso profissional disponível na camcorder é a disponibilidade de dois conectores de áudio XLR, com controle independente para cada canal. A GY-HD100 é construída em corpo de magnésio e pode ser usada apoiada ou não nos ombros. Gravador O VTR que será lançado simultaneamente à camcorder, o BR-HD50E, permite que seu usuário transfira conteúdo em definições padrão e alta para ou oriunda de seu sistema de edição. Conversível entre HDV e DV nos modos de execução e gravação, e equipado para executar também DVCAM, o deck pode ser usado para substituir modelos antigos, já agregando a capacidade de usar HDV e o novo formato ProHD. O VTR conta com I/O via IEEE 1394. O mecanismo do equipamento aceita fitas dos tamanhos DV e Mini DV, podendo trabalhar nos formatos 720p/24/25/30/ e 576/50p, quando usando o padrão HDV, e 576i/50/25fps em DV. O painel frontal conta com tela de time code, bits/s e aponta o status do VTR. Com um decoder interno, o VTR pode converter sinal MPEG2 720p para 1080/50i ou 576/50i, para uso em monitores. O BR-HD50E conta ainda com I/O analógicas: vídeo componente, Y/C e composto, assim como controle RS-422. Os equipamentos serão apresentados ao público pela primeira vez na NAB e devem ser lançados comercialmente em junho deste ano.

Novidades HD

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Sony exibe na NAB 2005 as versões mais modernas de seus VTRs HD, como o modelo HDW-S280 com capacidade 24p, que gera menor custo de entrada em produção HDCAM 24p. Desenvolvido para uso em ENG, unidades móveis e produção em campo, o VTR tem tamanho de meio rack e é intercambiável entre os formatos 1080/59, 94i e 50i. O gravador conta com painel de controle com monitor LCD, dial para funções jog e shuttle, um down-converter para saída em SD e um nível de undo para edição. A fabricante japonesa apresenta ainda a câmera HD de multifunção HDC-X310. Este novo produto traz uma interface de fibra óptica, que permite a extensão de cabos até um máximo de mil metros para aplicações de alta definição em estádios, salas de conferência, igrejas ou escolas. Com vários cartões opcionais de inter­face é possível usar a câmera para monitoração em resolução XGA, integrá-la em um sistema SD e ainda dar saída através de uma porta, permitindo usá-la em produções HDV.

Entre os produtos que a Sony apresenta na NAB estão o VTR HDW-S280, com suporte HDCAM 24p, e a nova câmera multifunção HDC-X310.

Gravação sem fita

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Ikegami apresenta na NAB, em Las Vegas, vários equipamentos HDTV, produção de jornalismo sem fita, e um switcher de produção HD/SD. Entre esses equipamentos está a camcorder Editcam HD, que usa o codec da Avid DNxHD, captando imagens a 1920 x 1080. A camcorder trabalha com conteúdo com data rate de 140 Mbps, podendo gravar imagens a 1080/60i, 1080/24p e 720/60p. A gravação é feita em um FieldPak2, que também ganha uma versão mais poderosa, de 120 GB. Na nova versão do hard disk drive FieldPak é possível gravar mais de uma hora de conteúdo HD. O equipamento de gravação pode ser conectado diretamente à ilha de edição. A nova câmera conta com sensor baseado em chip CMOS. Outra camcorder que será apresentada pela Ikegami é a DNS-33W Editcam3, para uso em ENG em definição SD. Trata-se da nova geração de câmeras baseadas no CCD AIT (Advanced Interline Transfer), com 520 mil pixels de resolução. A Editcam também usa o FieldPak2 para gravar o conteúdo, sendo que a versão de 80 MB pode gravar até seis horas de material DV25. Para garantir mais credibilidade nas gravações em campo, FieldPak2 está disponível também com memórias em estado sólido, ao invés de hard disks. A Ikegami apresenta ainda o switcher HSS-3000. O equipamento suporta sinais HD, SD, ou SDI, com um total de até 96 entradas e 64 saídas. O equipamento conta com quatro M/E’s, dois monitores LCD touch screen, controla equipamentos externos.

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Camcorder DNS-33W da Ikegami usa codec da Avid para gravação sem fita. Empresa lança ainda switcher HSS-3000, para sinais HD, SD e SDI.

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( agenda ) > ABRIL

> JUNHO

16 a 21 NAB 2005. Las Vegas Convention Center, Las Vegas, EUA. Tel.: (1-800) 622-3976. E-mail: exhibit@nab.org. Web: www.nabshow.com.

7 Seminário O Marketing Vai ao Cinema. Teatro Gazeta, São Paulo, SP. Tel.: (11) 6221-8406 / 6221-7972.

> MAIO 5e6 II Seminário Brasileiro Esso — IETV de Telejornalismo. Arte Sesc Flamengo, Rio de Janeiro, RJ. Tel.: (21) 2558-8606 / 2285-6347. E-mail: inscricao@ietv.org.br. Web: www.ietv.org.br.

8 a 12 4º Ecocine — Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental. Costa do Sauípe, BA. Web: www.taoproducoes.com.br. 17 a 23 27º Guarnicê de Cinema. São Luís, MA. E-mail: festivalguarnice@yahoo.com.br. Web: www.festivalguarnice.ufma.br.

6 a 12 15º Cine Ceará - Festival Nacional de Cinema e Vídeo. Fortaleza, CE. Tel.: (85) 3288-7772/ 3288-7773 / 3288-7774. E-mail: festivalcineceara@festivalcineceara.com.br. Web: www.festivalcineceara.com.br. 11 a 22 Festival de Cannes. Palais des Festivals, Cannes, França. Tel.: (33-1) 5359-6100. E-mail: festival@festival-cannes.fr. Web: www.festival-cannes.org. 31 a 1º/6 VI Fórum Brasil de Programação e Produção. ITM Expo, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3120-2351. E-mail: info@convergeeventos.com.br. Web: www.convergeeventos.com.br.

> JULHO

15 a 28 Festival de Gramado - Cinema Latino e Brasileiro. Gramado, RS. Tel.: (54) 286-9533. E-mail: festcinegramado@gramadosite.com.br. Web: www.festcinegramado.com.br. 24 a 27 2º Prix Jeunesse Iberoamericano. Santiago, Chile. Informações no Midiativa - Centro Brasileiro de Mídia para Crianças e Adolescentes. Tel.: (11) 3864-1239. E-mail: adri@midiativa.tv. Web: site www.midiativa.tv.

8 a 17 Anima Mundi - Festival Internacional de Cinema de Animação. Rio de Janeiro, RJ. Tel.: (21) 2543-8860 / 2541-7499. E-mail: info@animamundi.com.br. Web: www.animamundi.com.br.

25 a 3/9 Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo. São Paulo, SP. Tel.: (11) 3034-5538. E-mail: spshort@kinoforum.org. Web: www.kinoforum.org.

20 a 24 Anima Mundi - Festival Internacional de Cinema de Animação. São Paulo, SP. Tel.: (21) 2543-8860 / 2541-7499. E-mail: info@animamundi.com.br. Web: www.animamundi.com.br.

> SETEMBRO

> AGOSTO

Festival do Rio. Rio de Janeiro, RJ. Tel: (21) 2543-4968. E-mail: info@estacaovirtual.com. Web: www.festivaldoriobr.com.br.

2a4 ABTA 2005. ITM-Expo, São Paulo, SP. Tel: (11) 3120-2351.

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E-mail: info@convergeeventos.com.br. Web: www.convergeeventos.com.br.

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V iva

9 a 13 IBC. Amsterdam RAI, Amsterdã, Holanda. Tel.: (44-20) 7831-6909. E-mail: registration@ibc.org. Web: www.ibc.org.

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