Revista Tela Viva 70 - Junho 1998

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Nº70 JUNHO 98 http://www.telaviva.com.br

biografias dão lucro

A TECNOLOGIA DOS NOVOS

AS ESTRATÉGIAS DAS TVs E

no mundo do cinema

DISPLAYS DE PLASMA

DA PUBLICIDADE NA COPA


N達o disponivel


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E D I T O R I A L

Este símbolo liga você aos serviços Tela V iva na Internet. Ô Guia Tela V iva Ô Fichas técnicas de c o m e r c i a i s Ô Edições anteriores d a T ela V iva Ô Legislação do audio v i s u a l Í N D I C E

GENTE na tela

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SCANNER

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C A P A

Precariedade e pirataria na retransmissão de TV

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cinema

Cinebiografias

20

publicidade

Anunciantes na Copa

24

MAKING OF

30

audiovisual

Restauração de filmes

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profissão

Direção de atores

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TECNOLOGIA

Displays de plasma

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FIQUE POR DENTRO

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AGENDA

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Mais uma vez o governo perde a chance de desvincular serviços diferentes pendurados numa mesma legislação e de clarificar processos, direitos e deveres na exploração do serviço de radiodifusão. O Decreto nº 2.593 (15/05/98), publicado no Diário Oficial de 18 de maio, mantém os serviços de retransmissão educativa e especial para a Amazônia Legal sem a possibilidade da inserção de programação local. A nova regra parece ter o intuito de impedir o uso eleitoreiro desses tipos de emissora, embora para estas eleições a coibição não surta efeito, uma vez que o decreto ainda precisa ser normatizado. As permissões dadas pelo governo às retransmissoras educativas e retransmissoras mistas da Amazônia Legal têm fins completamente diferentes. Mas por estarem submetidas à mesma regra geral para a inserção de programação e publicidade local sempre foram, e ao que tudo indica continuarão sendo, motivo de questionamentos por parte dos radiodifusores brasileiros. As primeiras recebem gratuitamente a programação das geradoras educativas a que estão vinculadas; estão instaladas em municípios e regiões onde, geralmente, existem emissoras comerciais; e não podem veicular comerciais. As últimas pagam para receber a programação das redes nacionais; têm como função promover a integração das chamadas “fronteiras de desenvolvimento do País”, conforme a Lei nº 5.173 (27/10/66), ao cenário nacional; e podem vender espaço publicitário local. Em comum tinham apenas a palavra retransmissão e a possibilidade de ter um canal de televisão sem ter de pedir aprovação ao Congresso Nacional. Agora nem isso, pois caso queiram manter seu status as RTVs educativas dependerão apenas da análise do Minicom porém as microgeradoras deverão concorrer a editais. O decreto além de eliminar a função precípua das microgeradoras cria um impasse jurídico, pois permite que as mesmas veiculem propaganda regional, isto é, estas emissoras passariam a ser verdadeiras “torneiras”, o que não é permitido pelo Art. 27 do mesmo decreto. O segmento das educativas, por sua vez, reconhece publicamente que está infestado por emissoras que, “de educativas só têm o nome e que nada mais são do que instrumentos políticos e comerciais, dados como objetos de barganha aos amigos momentâneos do poder”. Será que o novo e talvez ainda inexperiente ministro das comunicações assinou um decreto sem notar os desdobramentos e pressões que, certamente, vai sofrer de deputados, senadores e entidades detentoras de retransmissoras educativas ou vinculadas às atividades na Amazônia Legal? Ou será que ao desengavetar repentinamente o problema da retransmissão de TV, misturando mais uma vez coisas diferentes no mesmo balaio, sua motivação foi a de criar um caminho e um jeito próprio de administrar e mostrar, desinteressadamente, seu cacife aos políticos pouco confiáveis do esquema governamental? Os próximos dias dirão.

Edylita Falgetano


GENTE NA TELA

C O R R E R IA A P R O VADA Fotos: Divulgação

CORRENDO MUNDO Guilherme Ramalho, sócio da Trattoria di Frame, está de malas prontas para a Zagreb, na Croácia. O rapaz vai até lá receber o prêmio Animania, no 13º Festival Mundial de Animação de Zagreb, que recebeu pelo filme “50 maneiras”, da DM9DDB para a Cervejaria Antarctica. Único latino-americano premiado, Guilherme corre o risco de não voltar tão cedo. O Festival de Zagreb acontece de 17 a 21 de junho, mas em seguida acontece o Festival Internacional de Filmes de Animação de Anecy, na França, para o qual o filme “Galo”, feito para a Telesp, foi selecionado. Paula e Ana Maria

Paula de Melo Saraiva está encantada com a loucura que vem enfrentando em seu novo emprego. Paula atuava como atendimento da Salatini Filmes, onde dividia espaço com outros três profissionais em São Paulo. Agora, na Movi&Art, ela tem a mesma função, mas trabalha apenas ao lado de Ana Maria Colombaro. A correria, porém, não assusta a moça, que já entrou no ritmo.

DU P LA DI N Â MI C A O filme “Tolerância”, escrito por Carlos Gerbase e Jorge Furtado, com a direção do primeiro, está em fase de captação de recursos. O filme, que será produzido pela Casa de Cinema de Porto Alegre, tem como tema os limites da tolerância humana, mostrando a vida de um casal dividido entre a traição e o amor. Gerbase tem no currículo o prêmio Kikito, do Festival de Gramado, pelo filme “Verdes anos” e está participando do Guarnicê de Cine-Vídeo com o filme “Sexo e Beethoven - o reencontro”. Furtado já escreveu mais de 50 roteiros para a televisão além de ter escrito e dirigido nove curtas, entre eles, “Ilha das flores”, que levou o Urso de Prata do Festival de Berlim. Atualmente ambos trabalham na Rede Globo, onde escreveram juntos o roteiro de “Memorial de Maria Moura” além de outras minisséries.

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TENTÁCULOS EM SP O Dimas Studio, uma das mais conhecidas produtoras de áudio de Campinas, está completando seu atendimento em São Paulo com a contratação de Eugênio de Cápua Sigaud. O objetivo é prospectar novas agências na capital. Sigaud traz em sua bagagem passagens por produtoras como Miksom e Abertura, além de ter participado da produção de programas nas rádios Capital e Eldorado e TV Manchete e Cultura.

ÓRFÃOS PAULISTAS Carlos Gerbase

Jorge Furtado

A Crosspoint, representante da Avid no Brasil com sede no Rio, está revendo sua atuação em São Paulo com a contratação de revendas para o atendimento direto. Marcelo Porto, operador e editor, atuará como revendedor e será um ponto de apoio na cidade para atender os consumidores em emergências e para garantir a satisfação do cliente. Lucian Pereira, da Virtual Media, também foi cadastrada como revenda, ampliando a equipe paulista.


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GENTE NA TELA

JUS AO NOME

Q UALI F I C A Ç Ã O

Foto: Divulgação

Para chegar à qualificação de System Integrator a Tecnovídeo vem investindo desde julho do ano passado em capacitação de pessoal - com ênfase em Ricardo Murata - e num centro de treinamento, demos e suporte avançado para plataforma Silicon Graphics, coordenado por Danilo Nereu Nunes. As mudanças motivaram também uma renovação nos endereços da empresa. Yunosuke Murata, presidente da Tecnovídeo, Artur Oguri Jr., além dos departamentos comercial e financeiro da empresa, mudaram-se para o local em que o Grupo Tecnovídeo nasceu: Rua Sumidouro, 325, em São Paulo. O Centro de Treinamento Tecnovídeo fica na Rua Urussuí, 71 - cj. 101, no bairro da Itaim Bibi.

Foto: André Jung

HISTÓRIA SE APRENDE CONTANDO

Adriana de Castro

O “Jornal onze e meia”, da Rede Record, ancorado por Adriana de Castro, com as últimas informações sobre os fatos do dia e o resumo das principais notícias que serão destaque no dia seguinte, não necessáriamente entra neste horário. Tanto Adriana quanto a equipe lutam para que o telejornal faça jus ao nome. Mas ao invés de atender à reivindicação, o diretor de programação, Eduardo Lafon, sugere a mudança do nome do programa noticioso, proposta inimaginável para a turma do “Onze e meia”. Mesmo enquanto descansa fazendo o que mais gosta caminhar pelos parques, visitar museus e ler muito (além de namorar) - Adriana está sempre ligada no trabalho procurando extrair o melhor do que vê e aprende para incluir na pauta do telejornal e atualizar os telespectadores ligados na Record neste horário.

DOMíNIOS Alix Mamming Sheppard Berkes, Ângela Podolsky e Rubens de Almeida são os novos contratados da Miksom. Sob a direção de Alix, o trio chega para reforçar o time da casa desenvolvendo o marketing e novos negócios da produtora. Para dar mais funcionalidade ao tráfego interno Carlos Augusto e José Francisco Ortali ampliaram seus domínios territoriais incorporando mais uma casa às suas instalações da Av. Brasil.

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Valdir Cimino (de azul) e alguns voluntários.

Contribuir para o desenvolvimento cultural de crianças internadas em hospitais ou residentes em instituições assistenciais, valendo-se para isso da leitura de obras infantis, brincadeiras, da criatividade e do bom humor de seus voluntários. Este é o objetivo da Associação Viva e Deixe Viver, um projeto pessoal do publicitário Valdir Cimino, gerente de comunicação mercadológica da Rede Globo, e também o primeiro contador de histórias da associação. Em 1997, Valdir Cimino começou a contar histórias para as crianças do Hospital Emílio Ribas, uma vez por semana. Hoje são mais de 50 voluntários, levando carinho e distração às crianças, seis dias por semana. Além destes, outros 20 cuidam da parte operacional da associação, divididos em “células”: administração, comunicação e relacionamento. Para ampliar a “área de cobertura” da associação, levando esta experiência a outras entidades, Cimino procura conquistar voluntários dispostos a dedicar algum tempo por semana a brincar, contar histórias ou desenvolver atividades ligadas às artes plásticas, cênicas e afins. Os interessados em servir como voluntários podem ligar para o telefone: (011) 881-3459.


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GENTE NA TELA

Depois de captar para seis longas, entre eles “Ed Mort”, de Alain Fresnot, e “Kenoma”, de Eliane Caffé, a Kinema Marketing e Gestão Cultural está acabando a captação para a primeira produção de sua produtora-irmã, a DTB Produções. Ambas pertencem a Dardo Toledo de Barros, que está filmando seu primeiro longa a partir deste mês. A produtora estréia com o projeto “Sau Paulu”, uma ficção com toques documentais que fala sobre o universo dos imigrantes de São Paulo. O título é uma referência ao sotaque estrangeiro, que será explorado nas várias correntes migratórias que ocuparam a cidade. Entre os atores escalados estão Walmor Chagas e Claudio Fontana, além das participações especiais de Diogo Vilella e Carla Camuratti. O filme conta a história de um operador da Bolsa de Valores que faz uma operação errada e perde tudo. Separa-se da mulher e vê seu melhor amigo morrer. No fundo do poço, encontra um amigo do pai já falecido, que conhece histórias sobre seu passado. É a partir desse encontro que o personagem principal sofre uma virada e o enredo se desenrola. No meio do filme, aparecem depoimentos de imigrantes conhecidos, como a cantora Fortuna, o jornalista David Drew Zing e o confeiteiro Olivier Anquier. A relação entre as partes, porém, permanece em suspense até o final do filme.

O OUTRO GAROTO Foto: Divulgação

MESMO DONO

Moreno e Fábio

Na frente das telas, Carlos Moreno brilha como a estrela de Bombril, encarnando personagens dos mais variados, como Che Guevara, a tia, a professora, o Joãozinho, e outras figuras anônimas e conhecidas. A última versão, feita especialmente para a Copa do Mundo, é de Moreno como Ronaldinho, com a dentuça à mostra e a inconfundível língua presa. Nos bastidores está o figurinista e maquiador Fábio Namatami, que vem acompanhando o trabalho de criação de Washington Olivetto, e de direção de Andrés Bukowinksi, da ABA, há muitos anos. “É muito divertido trabalhar com o Carlinhos. Qualquer lacinho que você coloca nele já vira um personagem”, comenta.

O TOQUE DO OBOÉ O cineasta Cláudio MacDowell acaba de chegar de Los Angeles trazendo, na bagagem, seu primeiro longa, “O toque do oboé”, finalizado. O filme, com som Dolby, foi mixado por José Luís Sasso, na JLS Facilidades Sonoras, teve o som óptico feito na Warner e a cópia master e os internegativos feitos nos laboratórios CFI (L.A.). Premiado pela HBO e distribuído pela Riofilme, o longa deve ser lançado comercialmente depois da Copa.

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N O VA C UL T U R A “Nós vamos buscar a audiência, deixar de ser uma emissora low profile.” Palavras de Rogério Brandão, que toma posse como diretor de programação da TV Cultura no dia 12 de junho. É bom esclarecer que entrar na guerra por melhores índices de audiência não significa lançar mão de atrações de mau gosto. As diretrizes são o maior comprometimento com “o novo e a inteligência”. A meta é triplicar a média de audiência que hoje chega a um ponto. Uma das novas atrações é a criação do “Domingo melhor”, “vai ser uma opção à programação da TV paga”, ressalta Brandão. A idéia é também investir na seara teenager. A primeira mudança é a ampliação do “Turma da Cultura”, que deve dobrar o tempo de duração, isto é, ter uma hora. A emissora também deve se abrir mais para as produções independentes. Já foi gravado o piloto da série “Oficinas” (que aborda os profissionais envolvidos em teatro, música, cinema), produzida por João Rodard e pelo videomaker Marcelo Tas. “Vai ter o mesmo impacto para os teens que teve o ‘Castelo RáTim-Bum’ para a molecada”, afirma Brandão exultante. Para assumir o novo cargo terá de abandonar o “Domingão do Faustão”, na Globo. As mudanças na Cultura também atingiram o jornalismo. Desde o dia 12 de maio Marco Antônio Coelho é o novo diretor de jornalismo. Cargo que ocupou durante dez anos na TV Gazeta. O vínculo com a Fundação Cásper Líbero, mantenedora da Gazeta, permanece, mas apenas como consultor. Na Cultura, Coelho vai estar à frente de dez programas, incluindo documentários e esportes. O novo comando promete alterar o conteúdo do telejornalismo da emissora. “Vai ser mais reflexivo e analítico”, define Coelho.


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I N T E R C Â MBI O

M E M Ó R IA N A R E D E

Durante a 43ª convenção anual da Broadcast Education Association (BEA), realizada em Las Vegas, em abril, a Univap TV deu início a um intercâmbio de programas com o Ohio Broadcast Center, trazendo para os cursos de televisão o primeiro material interativo (CD-ROM) com um curso completo de TV. A Univap TV é uma produtora voltada para a área de educação ligada à Universidade do Vale do Paraíba, em São José dos Campos, e trabalha com alunos dos cursos de comunicação da universidade. É a única produtora do gênero a ser filiada à BEA, de onde tirou as diretrizes para desenvolver seu esquema de trabalho.

A Rede Bandeirantes de Comunicação está na Internet com um site completo, que dá conta das operações de rádio e TV. O site foi construído pela Dialdata Internet Systems, com a tecnologia VDOLive, sob a coordenação do casal Beatriz Peine e Daltony Nóbrega. Com essa parceria, o site pôde ser enriquecido com imagens e sons de programas diários da TV, que ficam no ar por uma semana. Além da programação atual, o site conta com um atrativo a mais: disponibilizou parte do arquivo de imagens da TV e sons da rádio, colocando no ar relíquias como a fala do astronauta Neil Armstrong ao pisar na lua e cenas de programas como “Perdidos na noite”, de Fausto Silva, “Chacrinha”, “J. Silvestre” e outras pérolas dos 30 anos de programação da Band. O site está em www.redeband.com.br.

A produtora-escola oferece cursos de extensão na área de televisão, para complementar a formação dos alunos e treinálos para o dia-a-dia da produção televisiva. Com um estúdio de 150 m2, a Univap TV trabalha com equipamentos Betacam componente e digital, contando com três câmeras analógicas e oito digitais Sony, duas ilhas não-lineares e duas analógicas e uma unidade móvel de produção. Com toda essa estrutura, a produtora já assina um programa de 25 minutos, que vai ao ar aos sábados na Rede Vida.

E X I G   N C IA A Tecnovídeo, tradicionalmente conhecida como representante exclusiva da JVC Professional, é o mais novo reseller da Alias|Wavefront e do software Jaleo, para edição não-linear e composição. Ela também tornou-se recentemente a primeira Commercial System Integrator da Silicon Graphics para atender à integração software + hardware dentro dos segmentos de TV, filme e animação no Brasil. A empresa decidiu “quebrar” a tradição de comercializar exclusivamente equipamentos JVC para adaptar-se às exigências do mercado. “Os próprios fabricantes japoneses estão se unindo às software houses e à indústria de hardware dos EUA. Estamos seguindo essa tendência”, diz Artur Oguri Jr., diretor comercial da Tecnovídeo. Como reseller de Alias|Wavefront, a empresa vem promovendo a venda de pacotes promocionais do software Maya a preços competitivos. A mesma estratégia será utilizada em breve com o Jaleo. (leia também Gente na Tela)

MALU Q UI N H O 2 O filme “O Menino maluquinho 2”, produção do Grupo Novo de Cinema dirigida por Fernando Meirelles e Fabrizia Pinto, entra finalmente em cartaz. A estréia nacional acontecerá em 10 de julho, em 100 salas de cinema do País. O produtor Tarcísio Vidigal diz não temer a concorrência com as finais da Copa e aposta que o filme será a sensação das férias escolares. 10

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P R O P O S T A P A R A E X IBI Ç Ã O O diretor de fotografia Jorge Monclair luta pela implantação de uma proposta que pode significar mais um passo na solução para os problemas de exibição da produção nacional: a instituição de um ticket-ingresso válido para salas de cinema que exibam filmes brasileiros. O ticket seria distribuído entre funcionários de empresas que pagam ICMS aos Estados, gerando cerca de 32 milhões de novos espectadores por ano. O sistema é simples: o ticket é trocado por ingressos nas bilheterias das salas; o dono da sala, então, desconta-o em qualquer agência do Banco do Brasil, ficando com uma parcela da receita. A verba para os descontos viria do montante de 2% do ICMS que é repassado pelos Estados à União, sendo determinada pelo Confaz. As salas cadastradas estariam associadas em consórcios, ligados a fundos de investimento em exibição com recursos provenientes da Lei do Audiovisual, sob a chancela de um banco. “Os sistemas multiplex mudaram o panorama do mercado exibidor: as salas se tornaram vitrines para outras mídias, com lançamentos maciços dos filmes, que ficam pouco tempo em cartaz. Com isso, o circuito tradicional está sendo alijado do sistema e necessitará de filmes fora do esquema das majors, como os independentes e os filmes brasileiros”, explica Jorge Monclair. “Entre outras vantagens, o ticket-ingresso vai permitir que os custos de produção no Brasil sejam melhor planificados. Em mercados mais organizados, por exemplo, os produtores têm um teto de investimento de acordo com o tipo de filme e o público-alvo, porque há uma margem de lucro com a exibição mais ou menos constante, uma média do comportamento do mercado de salas. Com o ticket, esse tipo de cálculo poderá ser feito também no Brasil”, completa. O autor afirma que o projeto já foi entregue para apreciação de vários deputados federais.


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BI C H O S Q U E V E N D E M Campeã de recall em diversas avaliações, a campanha da Parmalat e seus mamíferos foi desbancada pela da Folha de S. Paulo e seu ratinho estropiado. A exemplo do interesse despertado pelos mamíferos, que viraram bichinhos de pelúcia, a redação do jornal não pára de receber telefonemas de leitores e espectadores pedindo exemplares do sofrido ratinho. Os telefonemas já viraram motivo de trotes entre os próprios jornalistas, que transferem as ligações dos leitores uns para os outros, garantindo que alguém pode resolver o problema. Acostumada que estava a ver seus bichinhos no top da lembrança popular, a DM9DDB foi investigar o que estava acontecendo. O diretor de mídia da agência, Valdir Vieira da Silva, garante que o resultado se deveu ao fato de a campanha com o craque Ronaldinho atuando no gol ter entrado mês passado no ar e promete reação para o próximo mês. “Em abril, ainda estávamos veiculando a campanha anterior”, conta.

MUDA N Ç A S N A L E I A Secretaria do Audiovisual deve baixar, neste mês, algumas mudanças no funcionamento da Lei do Audiovisual. A primeira delas vincula a negociação dos certificados no mercado secundário (ou seja, recompra ou revenda) à conclusão do projeto e à existência de um contrato de distribuição firmado. Essa exigência não vale para a aprovação de projetos na lei e nem para a produção de curtas. O investidor em longas ou séries que quiser revender seus certificados, terá de notificar a Comissão de Valores Mobiliários, que consultará o produtor, para saber se as etapas exigidas foram cumpridas. Além disso, as produções terão 18 meses, a partir da conclusão da captação ou do início das filmagens, para serem finalizadas. Casos excepcionais que exijam maior tempo de execução, como documentários, filmes de animação e filmagens interrompidas por motivo de força maior, serão tolerados.

K I N E S C O P IA P A R A B R A S IL E I R O S O laboratório 4MC, em parceria com a CDI Virtual Films, está disponibilizando o serviço de kinescopia para o Brasil. O laboratório, que tem clientes como Filmtrust e Red Hot Productions, transforma vídeos broadcast, digital ou analógico, em filmes de 16 ou 35 mm. Segundo o produtor João de Bártolo, da CDI, a vantagem é que as imagens podem ser editadas antes de passar pelo processo da kinescopia, diminuindo bastante o custo de um filme. O preço fica em torno de US$ 35 mil para transformar um longa-metragem e US$ 1,5 mil para 30 segundos de filme. Pelo tamanho das câmeras digitais atuais, o processo pode ser uma saída para quem precisa gravar em lugares de difícil acesso.

P A R C E R IA A T É O F IM A CW Vídeo Produções e a Finaliza, ambas de Curitiba, fecharam um acordo operacional para investir na área de finalização. A CW trabalha com vídeos institucionais e empresariais, além de ser a maior duplicadora de vídeo do Paraná. A Finaliza, dirigida por Aldo Bernardes, é uma das primeiras tentativas locais de oferecer serviços de finalização terceirizados. Segundo Bernardes, que trabalhou durante dez anos na Sir Produções como editor, as produtoras curitibanas costumam ter seu próprio parque de equipamentos. Com o investimento na área de finalização, acredita o parceiro, será possível incentivar o mercado local, abrindo brechas para a criação de novas produtoras, mais enxutas. Para equipar a nova finalizadora, Aldo Bernardes e sua parceira Ingrid Bruinjé estiveram na NAB, pesquisando novos equipamentos. A empresa já conta com uma ilha Betacam e um Avid, mas pretende ampliar em breve sua estrutura. “Só não decidimos ainda onde vamos investir”, afirma Bernardes. O direcionamento para esse novo mercado, explica Ingrid, visa preencher uma lacuna no mercado local. “Pretendemos nos especializar nesse setor”, promete a diretora.

N O B R A S IL O presidente e CEO da Tektronix, Jerry Meyer, esteve pela primeira vez no Brasil para conhecer o potencial do mercado brasileiro nas áreas de atuação da empresa e definir futuros investimentos no País. Meyer afirma que “a América Latina é um dos mercados prioritários para as estratégias internacionais da empresa”, que busca oportunidades para a formação de alianças que devem complementar seu portfólio de produtos. A Tektronix anunciou que, a partir de junho, como fruto de sua política de investimentos no Brasil, estará em funcionamento seu novo Centro de Distribuição e Logística. Localizado em Alphaville, abrigará os laboratórios da empresa, possibilitando um ganho de cinco dias no tempo de resposta dos serviços de assistência técnica. O investimento para fazer o centro foi de US$ 500 mil, para reduzir de 30 para cinco dias o prazo de entrega dos equipamentos comercializados. A Tektronix e a Mitsubishi anunciaram durante a NAB, o fechamento de um acordo para o desenvolvimento e comercialização dos encoders, decoders e multiplexers de MPEG-2 para HDTV e também da mesma linha para SDTV. A Mitsubishi foi a fornecedora destes aparelhos durante os testes e avaliação das normas da ATSC. TELA VIVA junho DE 1998

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E S P Í R I T O BAIA N O

VI N H E T A S

Tudo que diz respeito a festa interessa à Hal Video Produções, de Salvador. Responsável pela cobertura do carnaval baiano e pela distribuição de fitas por todo o mundo, a Hal cobre shows e também participa da produção de alguns deles, alugando telões, vidiwall e retroprojetores, que às vezes são o próprio cenário do show. Em uma das apresentações da Banda Cheiro de Amor, por exemplo, o fundo do palco era decorado por uma projeção de 8 x 3 metros.

É da Intervalo Produções a assinatura das novas vinhetas do programa “Vale a pena ver de novo”, da Rede Globo. Mário Barreto, ex-funcionário da casa e proprietário da produtora de computação gráfica, conta que este é o terceiro trabalho realizado para a emissora. Além das vinhetas globais, a Intervalo também está preparando as vinhetas da Embratel, com a Noir Filmes para a Thompson Rio.

Em um ano eleitoral como este, a Hal também vai atacar em comícios e campanhas políticas. Segundo o diretor Hélder Gomes, a produtora está colocando à disposição um vidiwall com gerador próprio e equipamento de som, que pode ser montado em 20 minutos. Além disso, Gomes conta que a produtora está adquirindo um novo sistema, com uma tela de 9 x 7 metros, cuja imagem é formada por nove projetores, como se fosse um vidiwall. O sistema pode ser usado em áreas externas e a tela pode ser reduzida para 4 x 3 metros, com melhor definição de imagem.

N A S E LVA

S U C E S S O S AUD Á V E L A Aguilla Comunicação, produtora paulistana especializada na área de saúde, está comemorando o sucesso da série “Saúde Brasil”, que vem sendo exibida às terças e quintas na TV Cultura durante os meses de maio e junho. A primeira fase da série, composta de dez episódios, vai ganhar uma reprise, enquanto a emissora finaliza outros programas que também terão exibição garantida na educativa paulista. Os programas são temáticos e abordam problemas de saúde comuns, com ênfase para a prevenção e orientação básica. Com o patrocínio de diversos laboratórios farmacêuticos e até bancos, os programas também são distribuídos em vídeo para escolas, centros de saúde e faculdades.

Ao mesmo tempo em que produzia o novo comercial dos cigarros Hollywood para a Souza Cruz, mais uma superprodução, desta vez sobre a Fórmula Indy, a Zohar Cinema também estava envolvida em um projeto fascinante de documentário. A partir de uma idéia de Manuele Franceschini, produtor associado à Zohar, está sendo rodado “Jungle pilots”, sobre a vida dos pilotos que se arriscam transportando mercadorias e ajudando em situações de emergência nos céus amazônicos. Rodado em Super 16 mm, o documentário é dirigido pelo norte-americano David Meyer e pelo próprio Franceschini. “Jungle pilots” já está com seu destino selado no mercado internacional. Franceschini conseguiu o apoio da Radiant Filmes, produtora norte-americana especializada em documentários (entre eles está “Banana is my business”, sobre Carmen Miranda). A Radiant obteve verba da National Geographic, que transformou o projeto em um episódio de sua série “Explorer” e será distribuído para todo o mundo. No Brasil, deve ser exibido no Discovery Channel. A Zohar também está produzindo o comercial de lançamento do novo carro da Fiat, o Marea, ao lado da filial mineira do Studio Cerri.

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Beto Costa *

PIRATARIA :

PEDRA NO SAPATO DA REGIONALIZAÇÃO

A precariedade das instalações prejudica ...

Postos retransmissores irregulares roubam audiência regional das afiliadas e furam os mapas de cobertura. O fim do roubo do sinal só deve acontecer a longo prazo, quando as transmissões estiverem totalmente digitalizadas, o que possibilita a codificação do sinal.

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... a imagem que chega na casa dos telespectadores.

Não há como negar, a regionalização é uma tendência. Talvez, a fórmula mágica vislumbrada pelas emissoras abertas para enfrentar a maior oferta de programas das TVs por assinatura. Tanto que as grandes redes tocam a pleno vapor seus projetos expansionistas. A lógica é que o incentivo à produção regional e local atrai o interesse da comunidade o que acaba impulsionando a arrecadação publicitária das afiliadas. Mas, na contramão destes interesses, cresce uma prática ilegal: os postos retransmissores piratas. A real extensão do problema está longe de ser dimensionada. As redes sequer têm uma estimativa do prejuízo causado pela pirataria. Calcula-se que estejam em funcionamento no Brasil cinco mil postos retransmissores irregulares. Se for considerado que os piratas estão, principalmente, em lugarejos com população na faixa dos mil habitantes, são cinco milhões de telespectadores furando a regionalização, já que recebem o sinal nacional, sem inserção de anúncios estaduais e regionais.

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Um dado da indústria de antenas faz crer que a pirataria acontece de forma quase incontrolável. Existem seis milhões de parabólicas instaladas no País. E para montar um posto retransmissor pirata basta apenas uma parabólica e adquirir também a chamada perereca, que é o transmissor caseiro construído de restos de outros transmissores e que não custa mais que R$ 1,5 mil. Metade do preço de um transmissor “bem nascido”, como gostam de se referir os engenheiros aos equipamentos de boa qualidade. O curioso é que as retransmissoras fora da lei repetem o sinal das redes com baixa qualidade, inclusive com risco de interferência, causam prejuízo institucional e ao faturamento publicitário, mas não existe, hoje, nenhum esforço para detê-las. As grandes redes admitem que pouco ou nada fazem. “Tanto o SBT, quanto as demais redes são um tanto passivas quando se trata de investigar a pirataria”, reconhece Alfonso Aurin, responsável pelo gerenciamento de rede do SBT.


Equipamentos instalados em postos retransmissores ...

As emissoras fazem vistas grossas, porque é melhor permitir que o sinal chegue aos rincões perdidos pelo interior do Brasil, nem que seja pirata. A questão é estar na casa destes telespectadores, não importa de que maneira. Um pouco também por reconhecer a função social e de entretenimento desempenhada pela TV nas pequenas comunidades. A pirataria só é combatida quando causa interferências e mesmo assim, depende basicamente de denúncias. A responsabilidade pela fiscalização dos postos retransmissores recentemente foi transferida do Ministério das Comunicações para a Anatel - Agência Nacional de Telecomunicações. Amontoam-se pedidos de habilitação e os trabalhos de fiscalização e lacre dos postos pirata estão atrasados. “A Anatel não tem estrutura, nem dinheiro para realizar este trabalho”, afirma Dermeval Gonçalves, superintendente da Rede Record. Apesar de ser consenso entre os dirigentes das grandes redes que o combate à pirataria praticamente inexiste, a Anatel mantém-se silenciosa, não respondendo às insistentes solicitações para expor sua versão.

uso político Já foram registrados casos de pirataria em São Paulo, precisamente em São Vicente, mas a prática é mais freqüente em lugares bem longe das capitais. Para se ter uma idéia: já foram lacrados postos com potência superior a 100 W - as rádios pirata que tanto espaço na mídia ocupam, transmitem com no máximo 10 W. Como os postos retransmissores (legalizados ou piratas) são normalmente administrados pelas

... não respeitam normas para seu bom funcionamento.

prefeituras, não é preciso ser muito criativo para imaginar que um retransmissor pirata pode ser usado como instrumento de manipulação política. Tem até golpistas arrancando dinheiro de político que não conhecia a “novidade”. Uma história ocorrida no sertão baiano ilustra bem a situação de descontrole do espectro da radiofreqüência no Brasil. Um verdadeiro faroeste caboclo. Mais ou menos assim. Faltavam poucos meses para as eleições municipais. E o prefeito sem esconder de ninguém seu empenho em eleger o sucessor. Um instalador de antenas parabólicas de Salvador (que obviamente prefere não ser identificado) realizava muitos negócios e percebeu a oportunidade de mais um. Com a licença do prefeito instalou uma antena parabólica para captar os sinais das emissoras abertas que estão presentes no satélite Brasilsat B1. Aproveitando a torre da companhia telefônica, montou três transmissores em UHF para que toda a cidade pudesse captar os canais. O serviço foi oferecido de graça por “um período de A

demonstração” que coincidentemente terminou na semana anterior ao pleito. Disposto a não deixar a população sem TV, o prefeito pagou R$ 50 mil ao instalador de antenas. Dinheiro suficiente para montar pelo menos três postos piratas com três pererecas cada um. Como 98 é ano eleitoral, fica difícil acreditar que as autoridades responsáveis vão deixar as populações do interior do Brasil, digamos, sem poder acompanhar a cobertura das eleições pela TV. E vai ter muito prefeito ganhando voto ao possibilitar aos seus eleitores assistirem à Copa do Mundo.

contra a pirataria Retransmitir um sinal sem autorização da Anatel é ilegal. Está no Código Brasileiro de Telecomunicações, uma lei de 20 anos atrás cujos infratores estão sujeitos a multas, e, na pior das hipóteses, o lacre do transmissor. Nada muito pesado. Como a estrutura fiscalizatória é insuficiente, parece que não é pela

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A pirataria não é o único problema no gerenciamento das grandes redes de TV. Muitos postos retransmissores outorgados pela Anatel funcionam precariamente, transmitindo um sinal de péssima qualidade. Pior para o telespectador que recebe uma programação cheia de fantasmas e chuviscos, imaginando até que a responsabilidade é das emissoras. As redes têm sua parcela de culpa, mas não se cansam de recomendar às prefeituras para que sejam consultadas antes de implantar um posto retransmissor. Existe até um manual de orientação. “Quando existe um bom aterramento, regulador de voltagem, sistema de refrigeração do ar o equipamento se comporta bem. Quando se pendura o equipamento de qualquer jeito nunca vai funcionar bem”, explica José Wander Lima de Castro, gerente de rede da Record. Em Jundiaí, na Grande São Paulo, funciona um posto retransmissor considerado modelo que está em funcionamento há mais de um ano. “Foi um acordo do pool de emissoras com a prefeitura de Jundiaí, que bancou os equipamentos. A parte legal ficou por nossa conta”, afirma Alfonso Aurin do SBT. “Agindo desta forma não existe a possibilidade de o equipamento dar defeito”, sentencia Castro. O posto de Jundiaí é uma exceção que as grandes redes sonham que um dia se torne regra.

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via legal que as redes vão ter o problema resolvido. As três maiores emissoras do país em audiência e faturamento (Globo, SBT e Record) já perceberam que a pirataria não vai acabar por decreto, mas sim com o uso de tecnologia digital para transmissão de sinais. O Brasil ainda engatinha nessa área. Nos Estados Unidos as transmissões em HDTV começam em novembro próximo, mas por aqui o Ministério das Comunicações ainda não definiu o padrão digital de transmissão, que tem a vantagem de poder ser codificado, portanto passível de bloqueio. A Globo está na frente da corrida digital. As transmissões com esta qualidade já ocorrem em sete Estados - Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Pará, Bahia, Mato Grosso e São Paulo. “Nosso objetivo é ter uma cobertura regular e completa do território nacional. Para isto, todo equipamento novo que está sendo adquirido na rede é digital. Hoje, todo sinal que estamos colocando no satélite está subindo digital”, explica Luís Carlos Navarro, diretor de planejamento da Central Globo de Afiliadas e Expansão. A Globo, que sempre procurou construir postos retransmissores próprios, como forma de preservar a qualidade de seu sinal, ataca em duas frentes. No interior de São Paulo, aproveitou a estrutura existente para o microondas

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O Estado de Minas Gerais é considerado o mais crítico em número de postos de retransmissão: calcula-se que existam mais de mil deles. “É um Estado que tem 900 municípios, e cada um deles têm várias cidades e distritos. Com isso, dá para imaginar a quantidade de localidades sem outorga”, explica Luís Carlos Navarro, diretor de planejamento da Central Globo de Afiliadas e Expansão. “Lá tem muito político, o que facilita a abertura destes postos por motivos eleitoreiros e, por outro lado, dificulta a fiscalização e a regularização”, reclama uma fonte que já foi ligada aos trabalhos de fiscalização no Minicom. Em Santa Catarina, também é grande a incidência de postos piratas, principalmente no Vale do Itajaí. Um região montanhosa, que apesar de abrigar cidades de médio porte como Blumenau e Joinville, é constituída por muitas pequenas localidades, onde é difícil a recepção dos canais abertos.

analógico, que por desgaste natural já pedia troca, para montar uma rede de enlace digital. Desde o ano passado, Bauru, São José do Rio Preto e São José dos Campos transmitem nestas condições. O microondas digital tem uma série de vantagens sobre o analógico: “Percorre distâncias maiores com potências menores e ganhos de qualidade. A transmissão digital não capta interferência, nem leva fantasma”, explica Navarro. Nos outros seis Estados, principalmente por dificuldades de acesso às áreas de cobertura optou-se pela transmissão digital via satélite. Mas esta estratégia de atuação tem as suas limitações - faltam canais de satélite para atender às necessidades de todas as emissoras e os preços de locação estão literalmente nas alturas. Por enquanto, a digitalização está dando seus primeiros passos. Navarro constrói o cenário de como será o combate aos piratas quando o processo estiver finalizado: “Quando ficar tudo

digital, ninguém vai poder captar o nosso sinal sem estar cadastrado. Caso houver problema, através do servidor central, é possível desabilitar o endereço do receptor irregular”. A Globo investe o dobro do que gastaria para trocar equipamentos analógicos para digital. A previsão é de que em cinco anos esteja transmitindo 100% digital, mas este é um processo que depende também da melhoria da estrutura de telecomunicações disponível. A estratégia da Record é diferente, está condicionada ao menor número de emissoras regionais que possui. Daí a opção da emissora em transmitir o sinal digital via satélite. Cinco Estados - Minas Gerais, Bahia, Goiás, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul - já utilizam transmissão com uplinks. “Microondas é melhor para pequenas distâncias, até 100 km é viável. Em Estados em que não temos muitas afiliadas o custo operacional da transmissão via satélite é mais

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interessante. Permite cobrir um Estado inteiro de uma vez só”, explica José Wander Lima de Castro, gerente geral de retransmissão e expansão da Rede Record. A emissora está desembolsando cerca de US$ 1 milhão para implantação da cada uplink com cobertura de um Estado inteiro. O investimento é pesado, mas os piratas ainda vão ficar no ar durante o período de transição. “Você pode desabilitar um receptor de receber o sinal digital, mas ele vai poder continuar buscando o sinal digital que está lá no satélite”, constata Castro. O SBT é ainda mais cauteloso quanto ao timing da digitalização. A emissora deve investir US$ 1, 5 milhão para até meados de 99 subir todo sinal digital. Por enquanto, as transmissões via uplink ocorrem em Minas Gerais e Mato Grosso. “Hoje, levamos o sinal digital até as afiliadas e elas repassam por MMDS. O que já melhora bastante a qualidade de áudio e vídeo”, constata Alfonso Aurin, responsável

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DECRETO

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RETRANSMISSÃO

O governo publicou no Diário Oficial do dia 18, do mês passado, o Decreto n º 2.593 (de 15 de maio de 1998), que trata da retransmissão e repetição dos sinais de TV. O decreto ainda precisa ser normatizado para que os serviços se adaptem às novas regras. As retransmissoras, sejam elas educativas ou da Amazônia Legal, não mais poderão inserir programação local própria. Todavia, o uso dessas emissoras com fins político-eleitorais deverá ser coibido somente após as próximas eleições, dada a necessidade de normatização do novo decreto. As “torneiras”, prática adotada por algumas emissoras regionais de TV para inserir publicidade local, continuam inviabilizadas. As geradoras só poderão efetuar a divisão do sinal para veicular comerciais diferenciados para a sua área de cobertura no caso de não haver nenhuma geradora de rádio ou televisão instalada na localidade. O decreto reafirma a impossibilidade de veicular publicidade e qualquer tipo de apoio cultural pelas retransmissoras educativas e garante às microgeradoras - retransmissoras especiais instaladas na Amazônia Legal - a possibilidade de inserção de publicidade local. Ficou estabelecido que as entidades que atualmente executam tais serviços têm direito de solicitar ao Minicom sua mudança de status para geradora caso queiram se submeter às novas regras. Mas o precedente vai ser tema de inúmeras discussões e muitas ações judiciais.

pelo gerenciamento de rede no SBT. No entendimento de Aurin, a regionalização deve sempre ser feita via enlace terrestre. Além da falta de canais para transmissão digital via satélite, ele prevê dificuldades também com um problema que vai atingir em cheio os orçamentos das pequenas prefeituras. “Um receptor analógico custa R$ 250 e o digital R$ 2 mil. Enquanto esta tecnologia não baratear fica difícil popularizá-la”.

Enfim, tudo indica que a pirataria ainda vai continuar. A digitalização é uma solução a longo prazo, mas depende da resolução de problemas de infraestrutura e pesados investimentos. Enquanto isso os postos piratas continuarão a ser uma pedra no sapato da regionalização.

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* Colaboram Fábio Koleski e Edylita Falgetano


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Luiz Montes

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CINEBIOGRAFIA: uma vida na tela

Paulo Betti e Malu Mader em “Mauá” As biografias sempre tiveram vocação para render dinheiro no mercado editorial literário. O cinema também vem explorando este nicho, relatando a história daqueles que já fizeram História.

Relatar a vida de personalidades traz o apelo de um modelo a ser seguido (ou não) pelos demais mortais que habitam este planeta. O cinema americano, atento ao gosto e ao interesse do público desde suas origens, tem aproveitado bem este mercado para faturar em cima das venturas e desventuras da vida real. A quantidade de filmes produzidos obrigou até a se batizar esse subgênero de cinema: são os bio-pic redução para biography pictures - ou, em bom português, cinebiografias.

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Marco Nanini e Marieta Severo em “Carlota Joaquina”

No Brasil, as cinebiografias começam a ganhar espaço no mercado audiovisual. Desde “Carlota Joaquina - princesa do Brasil”, o primeiro filme brasileiro que fez sucesso de público nos anos 90, o cinema nacional vem enumerando uma lista de personalidades e personagens históricos que estão se tornando temas de filmes. E existem bons motivos para isso. O primeiro motivo é econômico. Hoje, os filmes nacionais estão muito mais expostos ao gosto e à apreciação de investidores em potencial, quase todos do meio empresarial. E, para atingir os investidores, é preciso temas que tenham um apelo fácil e imediato. “Quando se vai oferecer um projeto para uma empresa, a pessoa não lê o roteiro. Ele pergunta: sobre o que é o filme? Se o projeto tem uma referência que tenha eco na mídia, melhor”, conta Paulo Halm, um dos roteiristas de “Mauá - o imperador e o rei”, dirigido por Sérgio Rezende e em filmagem

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Marcos Palmeira e...

com Paulo Betti no papel de Barão de Mauá, primeiro grande empresário brasileiro e pioneiro em uma série de atividades estratégicas para o país. Segundo Joaquim Carvalho, produtor e também roteirista de “Mauá”, a captação de recursos, para um orçamento de R$ 6 milhões através das leis do Audiovisual e Rouanet, foi muito mais fácil por causa do personagem do filme. “Enquanto a média de filmes leva de dois a três anos para captação dos recursos, eu fechei essa fase em um ano e dois meses. O personagem facilitou muito por ter grande trânsito no meio empresarial”. O filme ainda conta com o apoio da TV Cultura através do PIC e um financiamento - inédito no caso de um filme estrageiro - do Liverpool Film Office, organismo estatal dedicado à produção cinematográfica na Inglaterra. Um outro motivo para a produção de cinebiografias é que a indústria de cinema no Brasil ainda é incipiente e,


assim, existe uma certa inibição em se optar por histórias contemporâneas e originais. “Isto é fruto da insegurança do cinema brasileiro, que ainda não tem um chão firme para pisar”, comenta Halm. E o roteirista, que também assina a cinebiografia “Quem matou Pixote?”, elabora mais outra tese: “Enquanto o público americano tem um fascínio pelo vencedor e quer conhecer sua fórmula do sucesso; o nosso público quer ver

Brasil e verifiquei que ela ainda não foi apresentada ao público em geral”, fala Dora Lima, produtora de “Anita”, ainda em captação de recursos para um orçamento estimado em R$ 5 milhões. O filme tem direção de Ruy Guerra, roteiro de Joaquim Assis e Cláudia Ohana como protagonista, co-produtora e, também, responsável pela iniciativa de filmar a história de Anita Garibaldi, seu romance com o revolucionário italiano e sua

... Antonio Fagundes, “Villa-Lobos” moço e velho.

uma manifestação pela vida, ver um personagem que seja conhecido, ver o que ele fez e como ele fez. O público brasileiro quer descobrir na tela pessoas de verdade”.

inconsciente coletivo O filme biográfico também pode ser encarado como um veículo para rever a História do Brasil. E, beirando os 500 anos do seu descobrimento, o compromisso do cinema em resgatar o passado do nosso país é quase um consenso entre os produtores entrevistados. “Optei pelo tema porque o público gosta, e gosta porque não conhece muito a nossa história. E que personagem melhor do que Mauá? Partícipe ativo do período conhecido como Império Brasileiro, é um narrador por excelência”, explica Carvalho. “É o nosso inconsciente coletivo. Eu fui mais uma que se empolgou com uma personagem da história do

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participação na Revolução Farroupilha. Se é mais fácil captar recursos, o aspecto mais trabalhoso de uma cinebiografia é a pesquisa para apurar todos os fatos sobre a vida do biografado. Em “Villa-Lobos - uma vida de paixão”, Zelito Vianna, que dirige, produz e assina o roteiro com Joaquim Assis, conta que leu várias biografias do compositor e obteve mais de 100 horas de entrevistas com pessoas que o conheceram. “Levei uns três anos para chegar numa biografia definitiva e, depois, três anos para me livrar dela”, conta Vianna. Seu depoimento revela uma verdade que persegue os cinebiógrafos: é tanto material de pesquisa que se corre o risco de perder o eixo do filme. “Você vive o dilema entre o compromisso histórico com o seu personagem e a necessidade de contar uma história acessível e coerente em duas horas de filme”, conclui o diretor. Ana Maria Magalhães roda em julho seu primeiro longa-metragem,

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“Lara”, sobre a vida da atriz Odete Lara, e conta que também sofreu dificuldades com o excesso de informação biográfica para um roteiro de 115 páginas. A solução? “Tem de se conciliar respeito ético com liberdade estética”, responde a diretora, “afinal, é um filme de ficção e não um documentário”. Ana Maria contou com a própria Odete Lara como consultora para o roteiro de Paula Cavalcanti e optou por mudar o nome dos personagens para não identificar nenhuma pessoa aos personagens do filme.

superproduções

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A pesquisa não se reduz ao processo de elaboração do roteiro. Continua na pré-produção e na filmagem, quando se tenta reproduzir o ambiente vivido pelo personagem. O caso de “Villa-Lobos” não foi exceção. Com 80% das filmagens já feitas com recursos captados via Lei Rouanet e ainda levantando fundos pela Lei do Audiovisual para concluir os outros 20%, o filme está orçado em R$ 5 milhões e teve uma equipe grande para os padrões do cinema brasileiro: 110 profissionais. Esse número se explica pelo rigor exigido com a representação das épocas - de 1900 a 1960 -, contando com uma equipe só de pesquisa histórica no set. Com o orçamento de R$ 3 milhões só para a filmagem, Ana Maria diz que está fazendo o possível para cortar gastos, e assim, não perder a agilidade do filme no ritmo lento de uma superprodução. Mas lembra: “Tem cenas dos anos 20 até os anos 70. Para filmar, tudo tem de ser preparado com muita antecedência e os gastos são inevitáveis”. O diretor de “Villa-Lobos” concorda: “É dinheiro para uma fábrica e nós não estamos habituados a isso. Uma produção desse tamanho te obriga a um nível de planejamento e diminui o seu grau de liberdade, mesmo oferecendo condições excepcionais de filmagem”. As “condições excepcionais de

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filmagem” não se referem só ao número de profissionais na equipe. A pré-produção dura mais que a média; no caso de “Lara”, por exemplo, a pré-produção foi de dois meses, tempo suficiente para se fazerem testes de negativo, figurino e maquiagem e preparar toda a cenografia para, depois, continuar com mais 11 semanas de filmagem. Além disso, a estrutura de uma superprodução viabiliza filmagens em grande número de locações, inclusive em outros países. Em “Anita” estão programadas algumas cenas na Itália, enquanto “Mauá” teve trechos rodados na Inglaterra e “VillaLobos” conta com cenas em Paris. Até em relação ao equipamento, tem-se a oportunidade de usar o que há de mais sofisticado no mercado, como é o caso do filme de Vianna, que filmou com câmeras Panavision e captou o som em Nagra digital.

público-alvo Existe um público-alvo para as cinebiografias? “Esse é um dos riscos que nós corremos”, comenta Ana Maria Magalhães, “não despertar o interesse do público que não conhece a figura central do filme”. Joaquim Carvalho não considera esta possibilidade. Ao contrário, o produtor de “Mauá” desenvolve uma proposta ambiciosa e bastante direcionada ao potencial públicoalvo de seu filme: “vamos ver se nós conseguimos reunir até 500 mil estudantes”. Para isso, Carvalho planeja uma promoção na área estudantil de rede pública e procura parceiros no meio empresarial para viabilizar a idéia em contexto nacional: um concurso de monografias sobre o Barão de Mauá onde os primeiros colocados terão estadia de três meses na Inglaterra, para fazer um curso especializado em inglês. Uma iniciativa que reúne o prazer do cinema com um incentivo educacional.


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PUBLI C IDADE Lizandra de Almeida *

QUEM DÁ AS CARAS NOS JOGOS As redes brasileiras de televisão tiveram de correr para preparar o terreno, para os jogos da Copa do Mundo, anunciantes pagaram caro por produções e mídia esperando que os jogadores

Campanha institucional.

da Seleção Brasileira tenham um desempenho compatível aos seus investimentos.

Enquanto as emissoras disputaram nos bastidores a transmissão dos jogos da Copa do Mundo, os anunciantes projetam um retorno considerável com a mídia que adquiriram. Todos são unânimes ao explicar o motivo que os levou a comprar uma cota de patrocínio ou participação nos jogos da Copa: a visibilidade que um evento como esse oferece, principalmente por se tratar de um país cuja cultura está indissociavelmente ligada ao futebol. Mas cada um tem uma estratégia para atrair seu público. A Philips, um dos mais tradicionais anunciantes de grandes eventos esportivos, como Copa do Mundo e Olimpíadas, comprou cotas que lhe dão o direito de entrar nos quatro intervalos que sucedem o espaço reservado aos patrocinadores. Pagou US$ 12 milhões, por quatro breaks, em cada jogo transmitdo. Segundo Mauro Rabello, diretor de atendimento da Carillo Pastore EURO 24

Slogan da Philips.

Vinheta da Nestlé.

RSCG, agência que atende a Philips, a estratégia da empresa é antecipar a venda de aparelhos de televisão, já que muitos consumidores decidem trocar o seu às vésperas de grandes eventos. Por ser a marca líder de mercado, a Philips quer anunciar apenas televisores durante a Copa, com uma campanha metalingüística, mostrando que a Copa acontece em cada país participante e é exclusiva da televisão. A campanha, que já está no ar desde abril, mostra as

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pessoas torcendo em frente ao televisor e foi criada no Brasil com versões para o Chile, México e Peru, onde a empresa também investe na mídia televisiva. Rabello explica que a opção pela Globo deriva de seu peso junto ao mercado. A Parmalat comprou o top de cinco segundos que vai ao ar antes dos jogos de todos os campeonatos futebolísticos exibidos pela Rede Globo, o que custou à multinacional italiana US$ 15 milhões. Desse total, explica Octávio Florisbal, superintendente comercial da rede, “30% referem-se ao direito de anunciar durante a Copa”. A opção da Parmalat é explicada pelo gerente de mídia da DM9DDB, Valdir Vieira da Silva: “Por ser colado ao jogo, o top é sempre visto”. A empresa também veicula filmes de 30 segundos, capitalizando em cima de sua marca e anunciando seu carrochefe, o leite, e seus derivados. A partir de um comercial que mostra o craque Ronaldinho como goleiro, defendendo-se dos mamíferos atacantes, a agência criou um novo top, que já entrou no ar em jogos da Copa do Brasil, antes mesmo da Copa. A agência não descartava a possibilidade de criar um novo filme, mas deve insistir nos mamíferos.

cerveja & gol Anunciante tradicional do esporte global, a Cervejaria Kaiser também está no grande pacote do futebol da líder de audiência. A relação entre cerveja e futebol, explica o vicepresidente de marketing da empresa, Cristiano Ramos de Souza, é clara: “Os valores são muito parecidos, são os valores do Brasil”. Na linha de frente da guerra pelo


BANDEIRANTES A Rede Bandeirantes prefere não revelar os valores de suas cotas, mas, na edição de dezembro de Tela Viva, estimava-se um valor de US$ 18 milhões por cota de participação nos jogos de todo o ano. Brahma, Caixa Econômica Federal, Nestlé, Penalty, Peugeot e Tramontina reservaram seus espaços antes, durante e depois das partidas. A indústria de eletroeletrônicos LG desembolsou cerca de US$ 5 milhões para estrelar o top de cinco segundos. O último anunciante a entrar no bolo da Band foi a Pepsi, que banca a chamada para as atrações que sucedem as partidas.

G L O B O Além de testar a primeira transmissão de HDTV para o Brasil (leia box “Futebol em alta definição”), o aparato da Rede Globo mobiliza uma equipe de 140 profissionais, entre técnicos e jornalistas. O estúdio da emissora foi construído no Parque de Exposições da Porta de Versailles, de onde são transmitidas as matérias apresentadas nos telejornais da casa. Para isso, um satélite fica com sinal aberto 24 horas por dia. As cotas valem entre US$ 45 e US$ 31 milhões, dependendo do pacote (que pode incluir outros campeonatos de futebol). Na líder de audiência, o pacote completo está nas mãos de empresas dos ramos com presença mais forte na mídia: Banco Itaú, Grendene (Rider), Cerveja Kaiser, Guaraná Brahma e Volkswagem. A Parmalat comprou o top de cinco segundos.

M A N C H E T E A Rede Manchete anuncia a presença de uma grande equipe, com 150 integrantes. Além das duas câmeras a que cada emissora tem direito para fazer imagens exclusivas dos jogos, a Manchete também dispõe de um arsenal técnico para fazer a cobertura jornalística do evento. Isso inclui uma unidade móvel com seis câmeras, VTs, equipamento de iluminação e mesas de edição. Todo o equipamento foi comprado exclusivamente para a cobertura da Copa. “Além dele, dispomos de um caminhão uplink - locado na França - para a transmissão via satélite de nossas imagens exclusivas”, explica Paulo Ramalho, gerente técnico da rede.

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R E C O R D A Record, que vinha lutando para ser incluída no pool desde o ano passado, mantendo ações nas justiças brasileira e mexicana, finalmente conseguiu o direito de transmitir os jogos da Copa. No dia 8 de maio, a Justiça Mexicana reconheceu os direitos de transmissão do evento francês para a Record, liberando as credenciais pedidas, bem como garantindo espaço no International Broadcasting Center (IBC), destinado à instalação das emissoras na França. Não bastasse ter perdido na Justiça, a OTI - Organização Ibero-americana de Televisão - ainda vai ter de agüentar a equipe da Record em seu próprio território. Como os espaços já estavam todos tomados ficou determinado judicialmente que a organização divida seu próprio espaço físico para abrigar os enviados especiais da Record. A emissora já estava preparada para cobrir o evento, independente da transmissão ou não dos jogos: alugou uma casa para abrigar a equipe de 50 profissionais, reservou hotéis e locou câmeras digitais. Agora a rede também tem acesso a dois satélites da Panamsat, privilégio de todas as emissoras credenciadas, mas ainda usa as dez horas de transmissão diárias previamente reservadas no transponder do satélite da Embratel. Ao lado da Lorenzetti, foram fechadas cotas estaduais, para São Paulo, com o Banespa e a rede de varejo Lojas Cem. A rede permitiu às suas afiliadas a venda de mídia regional para a Copa, para correr atrás do prejuízo. Restavam em maio ainda duas cotas nacionais a serem vendidas, que incluem participação nos 35 jogos que a emissora pretende exibir, além de boletins diários.

S B T O SBT é a emissora menos empolgada com o evento. A equipe toda conta com 60 profissionais saídos do Brasil. Lá, a emissora pretendia contratar mais 20 pessoas para dar suporte à produção. A Line Up Engenharia, por sua vez, enviou para a França uma equipe de engenheiros e técnicos para apoiar as equipes do SBT e do canal fechado ESPN. Seus técnicos participam da instalação dos sistemas e do apoio técnico, durante 70 dias.

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consumidor, as cervejarias disputam entre si a primazia das cotas e investem na exclusividade. “Cotistas do ano anterior têm preferência na opção por pacotes especiais”, afirma Souza, e o futebol global representa o que há de maior em termos de pacote de mídia televisiva. O executivo afirma que, até hoje, todos os estudos realizados para verificar o retorno foram positivos para a parceria. A desvantagem de um pacote tão amplo, porém, é seu caráter nacional. “Como compramos antecipado, não temos como diversificar e investir diferentemente em regiões que nos interessam mais ou menos. Mas no final, compensa, porque, apesar do preço, sai bem mais barato do que a mídia avulsa e garante o prestígio da marca junto ao maior exibidor”, avalia Souza. Os investimentos da Kaiser na mídia da Globo somaram US$ 36 milhões, de acordo com o executivo, valor que costuma sofrer reajustes a cada ano. “Tradicionalmente, os pacotes que incluem a Copa são mais altos. Mas a lei da oferta e da procura costuma fazer com que os preços de mídia na Globo subam todos os anos. A vantagem é que a emissora sempre entrega mais do que vende: o número de jogos transmitidos costuma suplantar a quantidade prometida”, sublinha. A indústria de bebidas Brahma, apesar de não entrar em detalhes quanto à sua estratégia de marketing, cercou-

milhões, a Brahma está também no SBT, com a marca Skol, e na Band, com Brahma Chopp.

tradição no esporte

Ivete Sangalo & Brahma.

Identificação de valores.

se por todos os lados. Está na Globo com seu guaraná, cuja campanha é marcada por um jingle cantado pela baiana Ivete Sangalo. Filmado em Parati (RJ), o comercial foi criado pela Carillo Pastore. Com uma verba anual de marketing estimada em US$ 200

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A indústria automobilística francesa Peugeot, que está anunciando sua entrada no mercado produtivo brasileiro, começou cedo a negociar sua participação na vice-líder da disputa pela audiência futebolística, a Rede Bandeirantes. As tratativas vêm de um ano atrás, explica o gerente de marketing da empresa, Caio Maia, e por isso foi possível acertar um acordo. A Peugeot já patrocina o esporte na Band e, desde que o acordo foi selado, seu nome vem associado à Copa em todos os boletins. O retorno previsto, segundo Maia, é de cerca de US$ 30 milhões. “Este é o número mencionado pela emissora em seus relatórios”, afirma. A campanha da empresa, baseada em sua linha de automóveis, foi feita pela Carillo Pastore EURO RSCG, que ganhou a conta graças ao alinhamento mundial da multinacional francesa. Com cotas na Bandeirantes e na Manchete, a Nestlé marca presença na Copa do Mundo com vários dos muitos produtos de sua linha. De acordo com o gerente de mídia da companhia, Amadeu Nogueira de Paula, a decisão de adquirir cotas na Copa também se baseou em um estudo, feito pela agência que os


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atende, a DPZ. O trabalho mostra que 42% do público de futebol é formado por mulheres. “Essa pesquisa nos animou, pois mostra que a participação de nosso público-alvo é quase metade da audiência”, analisa. A Nestlé inovou nas vinhetas. “Nossos produtos não são anunciados pelo locutor do jogo, que se refere a todos os patrocinadores com o mesmo ânimo, mas por 16 vinhetas com sonoplastia e som ambiente próprios”, explica de Paula, que também é presidente do comitê de mídia da Associação Brasileira de Anunciantes. Em sua avaliação, a opção pela compra de duas cotas em emissoras diferentes deve representar uma visibilidade semelhante à de uma única cota na Rede Globo. Para justificar-se, cita números: a Bandeirantes atinge 32,997 milhões de domicílios, em 2.829 municípios e com 40 emissoras. A Manchete, por sua vez, leva seu sinal a 2.008 municípios, atingindo a 26,208 milhões de residências, por meio de 25 emissoras. A Caixa Econômica Federal elegeu a Bandeirantes por sua tradição esportiva, corroborando com a decisão tomada na última Copa, em 94, quando a empresa obteve um recall considerado positivo. Sua participação no esporte da Band já vem de três anos, o que tem gerado boas condições de negócio e bonificações, explica Ana Luísa

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Pela primeira vez uma Copa do Mundo é transmitida pelo padrão digital ATSC. E neste campeonato o Brasil já estava com a classificação garantida. A Globo, em acordo com a norteamericana ComarkDigital Services (CDS), transmite os jogos para o Brasil em HDTV. A CDS fornece toda a infra-estrutura da transmissão, do envio do sinal digital via satélite da França até a transmissão terrestre em São Paulo. A empresa cuida do gerenciamento do projeto, da engenharia, dos equipamentos e da integração do sistema com a estrutura da Globo. São usados transmissores de estado sólido em UHF, alimentados por moduladores digitais 8-VSB (padrão norte-americano de modulação digital) para a transmissão aérea. As imagens podem ser vistas por aqui na sede da emissora em São Paulo e em alguns pontos selecionados, onde estão instalados os televisores digitais.

França Budó, gerente de publicidade e propaganda da Caixa. Sua campanha também inclui rádio, outdoor e mídias alternativas como painéis eletrônicos, além de promoções como a distribuição de tabelas de jogos para clientes e funcionários. A Caixa, que é atendida pela McCann-Erickson e Agnelo Pacheco, encomendou uma campanha com conceito institucional, mas que pode agregar produtos. “Estamos no ar desde o início de junho com uma campanha institucional, mas se for necessário poderemos incluir produtos na mesma estrutura”, explica Ana Luísa.

oportunidade Aproveitando a entrada da Rede Record (leia box na pág. 25) no páreo, a indústria de chuveiros Lorenzetti garantiu sua participação no Mundial da França com uma cota nacional, investindo cerca de

US$ 4 milhões, entre mídia, criação e produção de filme e vinhetas. “Não pretendíamos entrar na TV este ano”, explica Carlos Botelho, diretor comercial. “Mas consideramos a oportunidade boa, por ser um canal que atinge todas as classes sociais. Nós não queremos falar por segmento, por isso divulgamos nossos produtos na Record. A Globo, para nós, é totalmente impraticável”, analisa. A participação de apresentadores populares como Carlos Massa, o Ratinho, e Ana Maria Braga também motivou a Lorenzetti. Seu contrato prevê a inserção de merchandising durante as edições do programa “Note e anote”, de Ana Maria, transmitido diretamente da França. Com a decisão tomada no dia 20 de maio, a empresa acionou a Young & Rubicam para criar sua campanha na última hora. * Colaborou Isabel Di Navarra

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UM S O N H O N O C A R O Ç O D O ABA C A T E Uma família de judeus lituanos vem para o Brasil em 1963 e se estabelece no bairro paulistano do Bom Retiro. A história mostra, principalmente, o relacionamento entre os dois filhos do casal, representado pelos atores norte-americanos Elliot Gould e Talia Shire, e outros adolescentes, no contexto do período pré-golpe militar, sob a perspectiva do amor e do preconceito. O filho mais velho é matriculado em um colégio católico e lá se depara com dificuldades de relacionamento pelo preconceito dos colegas. O rapaz, vivido pelo ator estreante Edward Boggis, é apoiado pelos pais. Mas a situação se inverte quando ele se apaixona pela personagem de Taís Araújo, negra e militante política. O núcleo da família negra é representado por Jair Rodrigues e Jairzinho, seu filho, que também são pai e filho no filme. O filme é baseado em livro infantojuvenil com o mesmo título, de autoria do escritor e médico gaúcho Moacyr Scliar.

Produção A história do filme começou em 1996, quando o livro de Scliar caiu nas mãos do diretor e roteirista Lucas Amberg, que o adaptou. Ainda em 96, o roteiro foi encaminhado para a Lei do Audiovisual e durante o ano passado a Amberg Filmes captou os recursos. Orçado em US$ 2,1 milhões, por ser um filme de época, a captação atingiu US$ 1,2 milhões, vindos principalmente do Banespa. Foi com esse valor inicial que o diretor produziu e filmou, mas será preciso completar a captação para 30

Fotos: Divulgação

Sinopse

Jair Rodrigues e Jairzinho também são pai e filho no filme. finalizar imagem e som. que viveu durante 12 anos nos O filme de Lucas Amberg despertou Estados Unidos, onde estudou e a atenção da grande imprensa por realizou curtas-metragens e roteiros. causa do casting, encabeçado pelos “O espírito da produção foi o de atores Elliot Gould e Talia Shire, mas um trabalho industrial, como é a sua produção teve características televisão brasileira ou o cinema mais interessantes do que a vinda norte-americano”, acredita Suzene. dos atores estrangeiros. É claro Tudo isso para cumprir um que a presença de duas figuras cronograma apertado, com verba conhecidas do cinema mundial no estreita e 27 locações. A opção set já estimula, e muito, a equipe por locações foi feita, justamente, e os demais atores. Mas toda a em função dos custos. Amberg produção contou com um esquema explica que seria necessário uma bastante racional, o que permitiu que equipe maior e mais recursos para tudo fosse rodado em 28 dias, dois a a construção de todos os cenários menos do que o previsto. previstos. Ao todo, a produção Um dos motivos que ajudou nessa envolveu 87 pessoas, dos quais proeza foi o pré-planejamento quatro eram estrangeiros: o diretor preciso e os storyboards desenhados de fotografia Hanania Baer, o pelo diretor. Segundo a produtora primeiro assistente de direção Suzene Pinheiro, todas as cenas Eddie Ziv, que comandava o set, o tinham seu croqui. consultor e produtor Alan Amiel e o Dois tipos de experiência também gaffer Victor Lefelman, que já viveu foram combinados na produção. no Brasil e fala português, mas hoje Com anos de trabalho em minisséries mora em Israel. e novelas da Rede Globo, Suzene As cenas foram filmadas em inglês já tinha consciência de como é o e português, já que o filme já trabalho industrial em produções tem distribuição confirmada nos audiovisuais, a exemplo do diretor, Estados Unidos. Os atores brasileiros

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Fichas técnicas de c o m e r c i a i s

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de montagem. A finalização deve ser feita no Brasil, em Lightworks, para que o filme fique pronto a tempo de ser inscrito no festival de Gramado.

Casting

disseram suas falas em português e inglês, mas serão dublados na versão estrangeira, assim como os atores estrangeiros serão dublados em português. Segundo Amberg, os membros norteamericanos da equipe foram peçaschave para a realização do filme dentro do prazo previsto. A correria foi fruto do aperto orçamentário, que obrigou a produção a trabalhar em locações como casas de famílias, que se dispuseram a dividir seu espaço com a equipe. Suzene afirma que a equipe também foi um pouco maior do que outras com quem atuou, mas foi o suporte fundamental para segurar o cronograma. Todo o planejamento incluiu uma “opção chuva”, ou seja, para cada dia de filmagem estava prevista uma alternativa em caso de contratempos. “Não fizemos nada em estúdio e ainda tivemos sorte pois, pela primeira vez em minha carreira, não tivemos um acidente, ninguém passou mal, não tivemos problemas de horário com atores. Isso numa produção grandiosa, que mudava de locação todo dia, percorrendo São Paulo sem parar”, conta Suzene. Muitos dos componentes da equipe já tinham trabalhado, há pouco tempo, no filme de Hector Babenco, “Coração iluminado”, o que também

Reconstituição de bailes dos anos 60. garantiu a coesão do grupo. A produtora acredita que a experiência foi bastante importante, para todos os que participaram e para o próprio mercado de produção brasileiro, que vai precisar se adequar ao ritmo de produção industrial. “Só com um esquema forte de produção é que nós teremos pessoas com o pique adequado”, acredita a produtora. As negociações com a equipe, apesar da pouca verba, fluíram bem em função da certeza da distribuição internacional. No caso da locação dos equipamentos, porém, ainda há algumas distorções no mercado, na opinião de Suzene. “Os preços de locação ainda estão altos e com a demanda repentina dos novos longas os donos das empresas acham que podem cobrar o preço que quiserem. Mas agora há mais facilidade inclusive para importar alguns equipamentos, o que vai obrigar o mercado a se adequar à realidade. É o caso das lâmpadas, por exemplo. Nós importamos legalmente as nossas e saiu mais barato do que se pagássemos hora/lâmpada. Alugamos todo o equipamento no Brasil, mas gastamos muita discussão. Apesar do pouco dinheiro, negociamos pagando adiantado, o que acabou significando preços razoáveis.” O filme agora está entrando em fase

Os atores mais experientes do casting, como Antônio Abujamra, Everton de Castro, Taís Araújo e Cecil Thiré, entre outros, não receberam uma preparação especial. Os 16 adolescentes, quase todos pouco experientes, fizeram um workshop de duas semanas, com oito horas diárias de preparação. Quase todos falavam inglês, explica Amberg, o que facilitou o contato com os atores estrangeiros e também a filmagem da versão em inglês do filme. Para a seleção dos atores, foi acionado um diretor de casting no Brasil e outro nos Estados Unidos, que apresentou várias opções de elenco ao diretor, até a escolha final de Elliot Gould e Talia Shire. Nenhum ator estava pré-escolhido e outros nomes foram citados antes da confirmação dos dois.

Maquiagem Por ser um filme de época, a construção de maquiagem e cabelos exigiu extensa pesquisa da maquiadora Ana McLaren. Os atores que representam os pais, vividos por Talia e Gould, têm cerca de 50 anos e também deveriam aparecer mais novos. A falta de tempo foi o grande problema para Ana, que chegou a fazer uma caracterização em apenas 40 minutos. Gould aparece mais jovem, com cerca de 35 anos. “Não dava para deixá-

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antes teríamos tido mais lo realmente com essa tranqüilidade. Quando aparência e não tínhamos as filmagens começaram, tempo para fazer um lifting. estávamos adiantados, mas Por isso, apenas tingimos no meio já ficamos meio a barba e os cabelos apertados”, explica. de preto e colocamos Entre os golpes de sorte da os peies, os cachinhos produção, um ficava apenas típicos dos judeus”, do outro lado da rua. Para conta a maquiadora. O Elliot Gould e Talia Shire, presença estrangeira no elenco. ambientar internamente a rejuvenescimento de Talia casa da família retratada no filme, F I C H A T É C N I C A também se baseou em truques a produção buscava uma casa com simples: o cabelo Título: Um Sonho no Caroço do Abacate características dos anos 60 vazia, mas só preso, bem esticado, por baixo Produtora: Amberg Filmes Ltda. conseguiu encontrar casas habitadas. A de uma peruca, também ajuda a Diretor: Lucas Amberg escolhida ficava exatamente em frente esticar a pele. Roteiristas: Lucas Amberg e Andrew à produtora e seus habitantes foram Deutsch (EUA) A atriz trouxe dos Estados Unidos extremamente pacientes. Consultor do projeto: Alan Amiel (EUA) uma maquiagem própria para o A casa que representou a Diretor de fotografia: Hanania Baer (EUA) set, de tonalidade lilás. Segundo fachada era um sobrado e, por Editor: Brian Varaday (EUA) Ana McLaren, a maquiagem dessa Elenco: Nazareth Amaral isso, o diretor de arte falseou cor é especial para cinema e, 1º assist. direção: Eddie Ziv (EUA) uma escada no ambiente interno. quando aplicada em peles muito 2º assist. direção: Sônia Assunção (Lô) O quintal foi filmado em outra rosadas, suaviza o vermelho do Constinuísta: Sônia Branco casa, na mesma rua da primeira, e rosto e parece mais natural à 1º assist. câmera: Marcelo Rocha decorado com vasos de antúrios e iluminação cinematográfica. Gaffer: Victor Lefelman (Israel) costelas-de-adão. A pesquisa de maquiagem, Coord. produção: Suzene Pinheiro O ambiente interno foi decorado assim como de figurino, foi feita Dir. produção: Elizabeth Ganymedes com móveis da própria família, Produção da Set: James Lloyd principalmente em revistas, como a além de outras peças alugadas em Prod. Locação: Fábio Castilho Fatos e Fotos, da época. “Também antiquário e emprestadas de famílias Diretor de arte: Francisco de Andrade Neto usamos muitas fotos de arquivos judaicas. A maior dificuldade, Coord. prod. arte: Ilka Hempfing de famílias judaicas, além de Figurinista: Mariza Guimarães porém, foi para produzir carros e reportagens, para reproduzir, por Maquiadora: Ana McLaren objetos muito próprios da época. exemplo, uma manifestação pela Mais uma vez, a falta de uma Reforma Agrária que aconteceu em Direção de arte estrutura cinematográfica brasileira 63”, diz a maquiadora. fez a equipe de arte bater muita Com a maioria dos integrantes perna por São Paulo. “Recorremos Assim como a maquiagem, a pesquisa do elenco adolescente, a maior ao Clube do Fusca, Clube do DKW, cenográfica também se baseou atividade de Ana foi a cobertura saímos atrás de um Gordini, já que principalmente em fotos e revistas. de espinhas. “A garotada não existem locais especializados em “Procuramos ser muito realistas, tanto tinha muita espinha, que não locação”, explica Andrade Neto. nos ambientes gerais como nas casas desaparece simplesmente com Entre os objetos mais interessantes judaicas, que não podiam ter elementos pancake. É preciso fazer uma descobertos pela cenografia estão destoantes”, conta o diretor de arte, camuflagem mesmo, com um carrinho de pipocas, ainda em Francisco de Andrade Neto. Com tantas corretivos e a aplicação de uso, e algumas bicicletas aro 28, locações para cuidar, Andrade Neto pós translúcidos e compactos”, todas pretas, assim como brinquedos, trabalhou com cinco pessoas e passou o acrescenta. Além de cobrir patinetes, garrafas de leite. “Além de tempo todo produzindo e desproduzindo espinhas, outro trabalho chegou a descobrir quem tem, temos de ver simultaneamente. “Conseguimos dar causar calos nas mãos de Ana: os quem não usa e pode emprestar”, conta. Mas acho que se tivéssemos cortes de cabelo, aos quais todo o completa Andrade Neto. começado a pré-produzir uma semana casting foi submetido.

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Paulo Boccato

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A ARTE DA RESTAURAÇÃO Apesar da carência de recursos, várias entidades lutam pela preservação da memória do cinema brasileiro.

O cinema é uma arte vulnerável: cerca de 40% dos filmes produzidos em todo o mundo estão irremediavelmente perdidos. No Brasil, a situação é mais grave. Calcula-se que mais de 90% de nossos filmes mudos já não existam e, das produções sonoras, boa parte caminha para a deterioração e perda total por falta de condições de armazenagem e trabalho constante de recuperação. Entre os filmes coloridos, a situação é ainda mais dramática, já que faltam matrizes em condições para se preservar os tons originais das obras. Filmes relativamente recentes, como “Xica da Silva” e “Pixote”, estão ameaçados por um problema comum no cinema brasileiro: o costume de se tirar várias cópias de um mesmo negativo original. “Esse processo danifica o negativo e acelera o esmaecimento das cores e a perda de outras características originais da obra”, explica Patrícia de Filippi, responsável pelo setor de restauro da Cinemateca Brasileira. Para evitar esse tipo de problema, os restauradores recomendam uma prática hoje obrigatória nos Estados Unidos: as cópias devem ser tiradas a partir de internegativo, ficando o negativo original preservado. Para filmes em cores, o ideal é que, do negativo 34

original, sejam tiradas três matrizes em preto-e-branco, com filtros yellow, cian e magenta, num processo semelhante ao usado na época do Technicolor. “Esse procedimento garante uma sobrevida de cerca de 100 anos para o filme, em suas cores originais”, garante Patrícia.

o velho e o novo As instituições que cuidam do restauro de filmes no Brasil são aquelas que têm os maiores acervos do país: Cinemateca Brasileira, criada em 1954; a Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, fundada em 1957; e o Departamento de Cinema do Centro Técnico Audiovisual (CTAV) da Funarte, depositário da produção de documentários do Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE), criado em 1936. Ao lado dessas três instituições, a Cinédia Estúdios Cinematográficos, com um acervo de obras importantes da ficção brasileira entre os anos 30 e 60, luta para levantar recursos para a recuperação de seus filmes. Por não haver um padrão técnico, o trabalho de restauro envolve muita pesquisa e nem sempre os recursos tecnológicos mais avançados, como a utilização de processos digitais, são necessários ou desejáveis. A fidelidade à cópia original provoca muitas discussões. No restauro de “O descobrimento do Brasil” (1937) feito pelo CTAV houve intervenções que provocaram polêmica. Os letreiros foram digitalizados, trabalhados em Photoshop e reimpressos em película, em trucas tradicionais de animação. Mauro Domingues, do Decine-CTAV-

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Funarte, defende a opção. “Nossa função não deve ser apenas restaurar os filmes, mas torná-los agradáveis para as novas gerações. Por isso, as partes muito danificadas devem ser retrabalhadas na medida dos recursos existentes, sem descaracterizar a obra. Houve, inclusive, o acompanhamento do Zequinha Mauro, diretor de fotografia e filho do diretor, em todas as alterações feitas”, explica. “Se um pesquisador quiser ver os letreiros originais, eles estão preservados em nosso acervo; mas a cópia para exibição deve ser a melhor possível”, completa Domingues. O negativo dessa cópia foi feito com o Duplicate, da Kodak, muito caro e dependente de importação para chegar no Brasil. A trilha sonora da obra de Mauro também foi intensamente retrabalhada. O filme incluía uma suíte composta por Villa-Lobos e alguns trechos de música de procedência não identificada. “Com a assessoria de maestros especializados, identificamos o que era e o que não era de autoria do Villa-Lobos e começamos a estudar que trechos seriam incluídos na cópia restaurada”, conta Edvaldo Mayrinck Jr., coordenador de serviços técnicos do CTAV e responsável pela recuperação do som no filme. A opção foi utilizar apenas os trechos da suíte, sincronizados e remixados de acordo com as exigências da narrativa. O trabalho de recuperação da trilha foi feito com o sistema No Noise, do Sonic Solutions, na empresa Cineluz (o CTAV acaba de adquirir seu próprio Sonic Solutions, dispensando a terceirização dessa etapa nos próximos trabalhos), completado por um trabalho com


equipamento analógico da Dolby, pertencente ao próprio CTAV.

sucesso cinqüentão A viabilidade econômica da exibição de cópias restauradas, apoiada na idéia de tornar o filme agradável para novas gerações, é uma aposta da Cinédia, que busca recursos para o projeto “Clássicos do Cinema”, que inclui a restauração, copiagem, distribuição e exibição de dez títulos produzidos pelo estúdio. O acervo herdado pela proprietária, Alice Gonzaga, de seu pai Adhemar Gonzaga, um dos pioneiros do cinema industrial brasileiro, foi vitimado quase totalmente por uma enchente que assolou o Rio de Janeiro em 1996. De lá para cá, Alice luta para conseguir recursos para deter o processo de deterioração das cópias e negativos. “Tínhamos um armazenamento muito eficiente contra incêndios, mas jamais pensamos em inundação”, lamenta. Após a tragédia, Alice já conseguiu restaurar seis longas, entre eles “Ganga bruta” e “Lábios sem beijos”, de Humberto Mauro, e “O ébrio” (1946), de Gilda Abreu. O restauro deste último, na verdade, era um projeto anterior a 96. “Fizemos uma remontagem da versão original, já que o filme que chegou às salas e conquistou um dos maiores públicos da história do cinema brasileiro, tinha 20 minutos a menos”, explica. O trabalho consumiu dois anos e algumas características originais da obra foram propositalmente mantidas. “Não queríamos tornar o filme asséptico, por isso mantivemos aquele chiadinho peculiar dos filmes antigos. O caráter analógico da gravação das músicas também foi preservado, evitando um Vicente Celestino artificial, com som digital”, afirma Alice. Para isso, a trilha foi reequalizada no Sonic Solutions, onde também foram retirados os bumps causados pela perda de fotogramas; posteriormente, foram colocados um processador espectral e um redutor de ruídos analógicos na saída do Sonic para um Nagra, onde foi gravada a trilha

utilizada para a mixagem final. Na parte de imagem, buscou-se uma uniformidade na marcação de luz. “Tínhamos um contratipo original da Cinédia, um master do MAM e vários materiais não utilizados, com padrões de luz distintos. A saída foi equiparar tudo em um padrão médio, muitas vezes sacrificando um trecho de ótima qualidade para que não se criasse uma discrepância muito grande em relação a outro trecho muito deteriorado”, detalha Hernani Heffner, responsável pela pesquisa e acompanhamento técnico do processo. FILMES RESTAURADOS PELA CINEMATECA l “São Paulo,

sinfonia de uma metrópole” (1929), de Adalberto Kemen l “Simão, o caolho” (1952), de Alberto Cavalcanti; l “O saci” (1953), de Rodolfo Nanni; l “Sinhá moça” (1953), de Tom Payne; l “Sol sobre a lama” (1962), de Alex Vianny; l “Ganga zumba” (1963), de Carlos Diegues; l “À meia-noite levarei sua alma” (1964), de José Mojica Marins; l “Terra em transe” (1967), de Glauber Rocha l “Fome de amor” (1968), de Nelson Pereira dos Santos l “Bang bang” (1968), de Andrea Tonacci.

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FILMES RESTAURADOS PELO MAM

“Capitu” (1967) e “O desafio” (1965), de Paulo César Saraceni; l “Tocaia no asfalto” (1961), de Roberto Pires; l “Esse mundo é meu” (1964), de Sérgio Ricardo; l “Os fuzis” (1963) e “Os cafajestes” (1962), de Ruy Guerra; l “Menino de engenho” (1967), de Walter Lima Jr; l “O bandido da luz vermelha” (1968), de Rogério Sganzerla l “Crônica da cidade amada” (1965), de Carlos Hugo Christensen. l

Os próximos projetos incluem: l “Estrela da manhã” (1949), de Jonald; l “Balança mas não cai” (1955), de Paulo Wanderley l “Tudo azul” (1952), de Moacir Fenelon

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A U D I O V I S U A L

INTERCÂMBIO DE EQUIPAMENTOS A Cinemateca do MAM tem um trabalho constante de restauração, em convênio com o Centro Cultural Banco do Brasil, mas depende de um intercâmbio com a Funarte e a Cinemateca Brasileira, além dos laboratórios Líder, do Rio de Janeiro, para levar adiante seus trabalhos, já que não possui equipamentos próprios. Há apenas dois copiadores ópticos para filmes encolhidos no País: um deles pertence à Cinemateca Brasileira, que por estar envolvida com projetos de restauração sistemáticos, incluindo um programa financiado pela Secretaria do Audiovisual e pelo IPHAN que já completa três anos, só pode disponibilizá-lo para outras entidades em casos de extrema urgência (filmes com desaparecimento iminente), e o outro à Funarte, onde estão sendo copiados filmes encolhidos que pertenciam ao acervo do Arquivo Nacional. Os laboratórios comerciais também não estão equipados para trabalhar com certos tipos de filmes deteriorados. “Por seu caráter de produção em grande escala, eles não podem atender a casos muito específicos”, explica Hernani Heffner.

HOUVE UMA VEZ UM FILME...

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A recuperação de um dos maiores clássicos da história do cinema brasileiro começou com uma paquera. No início da década de 50, um estudante de Física sentiu-se tão atraído por uma bela garota que não hesitou em convidá-la para um passeio. A garota recusou o convite, pois iria assistir a um filme brasileiro da época do cinema mudo. O rapaz não gostou nem um pouco, mas resolveu que o esforço de agüentar esse tipo de filme teria suas compensações. Foram. Ao final da projeção de “Limite” (1931), o clássico de Mário Peixoto, Saulo Pereira de Mello, o estudante, estava apaixonado. Pelo filme. Teve início uma relação de cerca de 20 anos entre Pereira e “Limite”, resultando no primeiro trabalho de restauração de uma obra cinematográfica brasileira. Depois de cair de amores pelo filme em 1952, o então estudante Pereira tornou-se amigo de Mário Peixoto, do fotógrafo Edgard Brazil e do físico Plínio Süssekind da Rocha, também fiel seguidor da película. Acompanhou várias projeções do filme, assistindo à sua cópia em nitrato. “O nitrato possui uma gama de contrastes muito mais intensa que as cópias em acetato, padrão atual. Nesse tipo de cópia, era possível perceber a imensa originalidade da fotografia de Edgard Brazil”, conta Pereira. O nitrato deixou de ser utilizado por ser altamente inflamável, sujeito a combustão espontânea se submetido a mudanças bruscas de temperatura. O filme, porém, começou a mostrar sinais de deterioração. Com seus conhecimentos de Física e boa dose de paixão, Pereira começou a estudar os procedimentos necessários para recuperar o filme, algo nunca feito no País. Depois de muito trabalho, contratempos e pesquisa, Pereira descobriu que o negativo mais adequado para o trabalho era o Duplicate Pan Chromatic, da Kodak, três vezes mais caro que o usual e indisponível no Brasil. Ele tem um grão mais fino e sensibilidade muito baixa, levantando o coeficiente de contraste. Na falta do filme ideal, partiu-se para uma solução técnica interessante: a impressão em um positivo, de grão bem mais fino, e sua revelação como negativo, com ajuste de densitometria para se chegar bem próximo da gama de cinzas do original. Para os trechos do filme que estavam “melados” (onde havia liberação de água, ácido nítrico e ácido nitroso, formando manchas na película), o acaso foi responsável pela solução: um pedaço deixado casualmente no sol teve o processo de decomposição estancado. “Descobri que a salvação para essas manchas eram os raios infra-vermelhos. Um banho de luz tradicional não serviria para deter o processo”, diz Pereira. A dupla de físicos conseguiu recursos para levar o trabalho adiante, chegando a uma cópia final em 1972. “Conseguimos um contratipo que já é suficiente para provocar admiração nas pessoas, mas a cópia em nitrato jamais será equiparada”, completa.

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PROFISSÃO Mario Luis Buonfiglio

DIRECAO DE

A T ORE S Não é tarefa fácil identificar as razões que levam ao encanto as mais numerosas platéias por um determinado personagem em uma novela ou filme. No trabalho de direção de ator, não se fixam regras e por isso vários métodos podem entrar em cena.

Diferente da produção em equipe, o trabalho de interpretação é individual, apoiado nas características principais da idéia e da ação. A televisão combinou muito bem esses ingredientes e popularizou o gênero novelesco que funciona até hoje, ao contrário das previsões da classe intelectual. Quem tem mais de 30

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anos de idade certamente se recorda de personagens carismáticos como o “Carlão”, interpretado por Francisco Cuoco em “Pecado capital”, da Rede Globo, ou o incrível Paulo Gracindo, como o célebre prefeito de Sucupira, em o “Bem amado”, de Dias Gomes. Provando que é possível ter vida inteligente fora da teledramaturgia global, em “Xica da Silva”, da Rede Manchete, nunca havia se visto um elenco novo e tão entrosado numa trama inteligente que durou 11 meses e bons números no Ibope. Na publicidade poucos atores conquistaram um público tão fiel como Carlos Moreno, o garoto propaganda da Bombril, ou o personagem Teobaldo, que lançou a gíria “boko moko” nas campanhas da Antarctica nos anos 70. É claro que estas figuras tão populares nasceram de um trabalho intenso de direção e de interpretação. Só que atrás da câmera nem tudo é tão maravilhoso assim. Há anos a Rede Globo investe na formação de profissionais para o mercado. Além de oficinas para

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treinamento técnico (de câmeras, cenógrafos etc.) e das tradicionais oficinas de atores e autores, que atraem uma verdadeira avalanche de inscrições para freqüentar tais cursos, este ano, entre 6 de maio e 30 de junho, 24 diretores (sendo que sete não fazem parte do quadro de funcionários da emissora) estão assistindo às palestras, coordenadas por Paulo José, que enfocam os mais diversos aspectos da direção. Existe a promessa da Globo em realizar uma segunda oficina de direção no segundo semestre.

sem hora Para Beto Silvera, ex-aluno de Eugênio Kusnet, e responsável pela implantação da Oficina de Atores da Rede Globo, ser ator é ter o problema da hora certa para representar. “É diferente de um escultor, que pode ter uma inspiração às três horas da manhã e fazer o seu trabalho.” Quanto à direção, de um modo geral, reconhece que “os atores ficam um pouco dependentes do diretor, esperando um trabalho maior de preparação. E isso nem sempre acontece. Mesmo que o diretor seja um preparador de atores, no momento da gravação, estará preocupado com uma série de questões técnicas”, observa Silvera. Carlos Fariello, ator e assistente de direção na montagem “Buster”, do grupo XPTO, lamenta que isso ocorra. “Existem duas situações no mercado. Uma delas é aquela em que diretor gosta de dirigir atores e atores que gostam de ser dirigidos. A outra forma é o inverso. Tem diretor que trata o ator como mais um elemento de estúdio e acha que em televisão é apenas decorar texto e interpretálo com naturalidade. Eu quero ser dirigido até porque só o diretor tem um entendimento de toda a obra. Sou completamente aberto para aquilo que o diretor pretende”, afirma Fariello. Na sua carreira, uma das passagens mais importantes foi o trabalho de stand-in que fez para o filme “O beijo da mulher aranha”, de Hector


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A publicidade é outra reveladora de talentos, e as características de produção são semelhantes à da TV.

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Babenco, em 1983. Na época, trabalhar com atores de outros países era mais difícil e a função de Fariello era gravar todas as cenas do ator William Hurt primeiramente em vídeo e experimentar outras marcações, a pedido de Babenco. Outro ator, Fred Botelho, fez as cenas de Raul Julia. Quando William Hurt e Raul Julia chegaram para as filmagens no Brasil, grande parte do trabalho de direção já havia sido experimentado, reduzindo em muitas horas o trabalho da equipe e dos protagonistas. “O trabalho que o Babenco fez com os atores teve como base o teatro. Ele foi alguns meses antes para Nova York e num apartamento vazio, fez diversas reuniões com o Hurt e o Julia para estudar o texto, construir os personagens, o intelecto etc. Eu acho que este tipo de trabalho é o ideal, embora reconheça que em televisão nem sempre há tempo para isso”, completa Fariello.

polêmica Com a experiência adquirida na formação de atores para televisão, Beto Silvera mantém uma consultoria para o núcleo de dramaturgia do SBT e acredita que a televisão não é tão maquiavélica assim. “Para ser considerado um bom diretor, é preciso no mínimo cumprir o roteiro, às vezes com 30 cenas por dia. O que precisa e falta, não para todos os atores, é a mentalidade de se trabalhar antes da gravação. São pessoas sérias, mas que não sabem fazer isso

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em casa, embora a maioria tenha vontade. Noventa por cento ou mais dos atores com que eu trabalhei não sabem abordar um texto e acabam fazendo clichês. Imagine uma novela com 180 capítulos. O clichê pode agradar nos dez primeiros, depois não se agüenta mais”, critica. A publicidade é outra reveladora de talentos, embora tenha características de produção semelhantes à televisão. Fernando Meirelles, diretor de cinema, TV e de filmes publicitários da O2 Filmes, achou uma maneira particular de trabalhar com atores. Antes da publicidade, sua experiência com interpretação foi na Rede Cultura, com o programa “Castelo Rá-Tim-Bum”, onde a interpretação era mais caricata. “O trabalho de dirigir é primeiro pegar as pessoas certas, que já tenham o clima do personagem. Em publicidade tem muito isso, não interpretar nada, deixar a pessoa ser ela mesma. No caso do longa que eu dirigi, o “Menino maluquinho 2”, onde tive a oportunidade de trabalhar com atores profissionais, fiquei encantado”, revela Meirelles. Preparando-se para o próximo longa “Se eu fosse você”, Meirelles está descobrindo como se aproximar do trabalho do ator. “Com a minha pequena experiência com atores estou percebendo que com cada um é necessária uma abordagem diferente. Tem atores onde você passa a marcação e eles criam em cima. Outros mais técnicos, já querem, além da marcação, que eu passe toda a expressão. No filme trabalhei com atores de diferentes escolas, como por exemplo o Stênio


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Garcia, que é mais naturalista, ou o Pedro Bismark (o personagem Nerso da Capitinga) que não tem muita psicologia, pois é desenhado mais de fora para dentro. Eu gosto quando o ator inventa, põe caco e traga coisas. O mais importante é a pessoa entender e criar o personagem”, completa Meirelles.

imaginação consciente Segundo Beto Silvera, existem vários macetes que podem mascarar um mau ator. Por isso, a base dessa arte é o desenvolvimento do autoconhecimento. “Pegar uma pessoa que está acostumada a se ver só como exterior e fazê-la se enxergar interiormente é um trabalho difícil. Tem pessoas no meu curso que se afastam quando chega esse momento. É um mundo desconhecido para elas”, lembra Silvera. Preparando-se para editar o livro “Desenvolvendo uma paixão”, que aborda os processos criativos do ator, Silvera dispara também argumentos em relação à comparação entre ator de teatro e de televisão. “É uma polêmica meio esquisita. A meu ver a boa interpretação é muito mais difícil na televisão do que no teatro. É mais difícil você mentir estando em close para um espectador que está a

metros de distância. Quando se fala de ator de teatro com vícios teatrais, na verdade não são vícios, mas sim maneirismos que não funcionam na TV. O trabalho de ator se realiza em público e deve nascer de um momento privado, onde ele possa se expor realmente e experimentar”.

gerente de produção da emissora, e com especialização em teatro infantil, coordenou todo o trabalho de preparação do Luciano, Cynthia, Mari, Fabiano e o pequeno Oscar. Formado pelo Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul, Crescente começou em televisão com o programa “Pandorga”, exibido na TVE, que criança é coisa séria misturava atores infantis e bonecos. “Sempre achei viável a participação No programa “Turma da Cultura”, da de crianças na TV. Quando apareceu Rede Cultura - reconhecida como a a ‘Turma da Cultura’, eu sabia que emissora que mais se preocupa com o elenco tinha de ser diferenciado. a qualidade da sua programação Nós resolvemos bancar essas idades infanto-juvenil -, cinco atores, com diferentes dos personagens e criar realmente uma turma fora do programa. Na preparação, tudo foi baseado em técnicas teatrais, onde eu dispunha de vários meios, como improvisação, É mais difícil atuar estando em close interpretação, relaxamento e textos na TV do que num escritos pelas próprias palco de teatro. crianças”, observa Crescente. idades entre seis e 15 anos, interagem Como o programa é muito ágil e com o espectador mirim ao vivo usa um cenário vertical, o diretor através da Internet, telefone ou fax. trabalhou com os atores noções Além disso são criadas situações de ritmo e espaço, procurando onde se representam histórias da canalizar todo o potencial positivo vida de outras crianças. Para que o das crianças. “Também fizemos um resultado na tela fosse convincente, trabalho em cima de tipos, mostrando um trabalho apaixonado e minucioso um personagem diferente do foi iniciado cerca de 45 dias antes personagem núcleo. Essa versatilidade da estréia. Luiz Eduardo Crescente, é fundamental”, completa.

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TE C NOLOGIA Emerson Calvente

DISPLAYS DE

PLASMA

Os displays de plasma oferecem um ângulo de visibilidade aproximadamente duas vezes maior que os LCDs (Liquid Crystal Displays) e qualidade de imagem com menos distorção que o convencional CRT (Cathode Ray Tube).

Sem dúvida, as características da nova televisão digital também serão definidas pela nova geração de displays que utilizam a tecnologia de plasma. A principal característica desta tecnologia é a composição do pixel dividido em três subpixels correspondentes a R, G e B, sendo que cada subpixel é controlado individualmente no circuito. O resultado é uma gama de contrastes muito acima da imagem tradicional dos vídeos analógicos e muito próxima à fotografia. Apesar de volumosos e pesados, os monitores de CRT são tradicionalmente predominantes devido a sua boa qualidade de imagem e baixo custo. Tratando-se de computadores, os displays de cristal líquido são uma boa alternativa, principalmente para os computadores portáteis, pois são leves, finos e consomem pouca energia. Mas esses displays são muito 44

pequenos, têm limitados ângulos de visibilidade e as mudanças de desenho de tela são muito lentas para aplicações multimídia. Os displays de plasma combinam a qualidade de imagem e a flexibilidade do tamanho de tela dos CRTs com as características portáteis dos LCDs. Os PDPs (Plasma Display Panels) são planos, leves (pesam cerca de 1/6 dos tubos de raios catódicos) e finos: têm de 1/10 a 1/15 da espessura dos CRTs. Devido à sua espessura, capacidade de montagem em forma de muro, boa luminosidade e grandes ângulos de visibilidade, os displays de plasma são utilizados para possibilitar a visão à distância em locais com um grande número de pessoas. Os PDPs podem substituir os vidiwalls de CRTs pois trabalham com dados ou imagens gráficas em movimento e resolvem as dificuldades de manuseio e montagem. Desde a década de 60, a empresa japonesa Fujitsu tem sido uma das pioneiras na pesquisa, desenvolvimento e fabricação de displays de plasma. Os PDPs de 21 polegadas da Fujitsu são utilizados em ambientes de televisão, computadores e terminais de informação, como nas plataformas do trem bala na Estação Central de Tóquio. Recentemente, o display de alto contraste de 42 polegadas foi mostrado nas Olimpíadas em Atlanta e atualmente é utilizado pela rede de televisão americana CBS no programa “CBS Evening News”. No Brasil, segundo a Genebrás Eletrônica, subsidiária da Fujitsu em

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São Paulo, além das aplicações em locais públicos como um informativo eletrônico, também o home theatre é um possível mercado consumidor. O preço aproximado do modelo PDS4203, da Fujitsu, é R$ 20 mil. A Rede Globo está utilizando dois displays de plasma nas edições do telejornal local “SP TV”. Segundo Marcelo Landi Matte, diretor regional da emissora em Belo Horizonte (MG), ainda este ano pelo menos um aparelho deve ser testado na entrada do prédio para melhorar a recepção a clientes e visitantes. Para Matte, que adiou a decisão de comprar os displays para compor o cenário de seu novo telejornal, “o aparelho ainda está muito caro e pequeno. O ideal seria um vidiwall, mas neste caso o problema seria o preço”.

tecnologia A tecnologia de displays de plasma da Fujitsu utiliza um processo de descarga eletrônica similar às luzes fluorescentes comuns e tem a mesma característica de retardo (delay). Esse problema foi resolvido pela contínua “preparação” das partículas de fósforo: iluminando-se o painel a um baixo nível, ele mantém-se ativo, respondendo imediatamente às descargas de elétrons. Mas a contínua iluminação causava baixo contraste, devido à presença constante de brilho, ainda que em baixo nível. A nova tecnologia de direcionamento do PDP de alto contraste eliminou o problema, atingindo a proporção de 400:1. A produção industrial desse PDP de 42 polegadas iniciou-se em outubro de 1997, com expectativa de quatro mil unidades por mês. Os displays de 21 polegadas da Fujitsu pesam 4,8 kg (cerca de 1/4 do CRT equivalente) e sua espessura mede 35 mm (aproximadamente 1/15 do CRT). A série Plasmavision da Fujitsu, com 42 polegadas e 16 milhões de cores, é ideal para DTV, HDTV e computador. Pesa 39,5 kg e tem espessura de apenas seis polegadas e vida útil de 30 mil horas. Devido a essas características, os displays podem ser


Além de ser uma alternativa para computadores e para a HDTV, o display de plasma é ideal para apresentações a grande número de pessoas. facilmente montados em forma de muro, ao contrário dos CRTs. Os PDPs oferecem um ângulo de visibilidade horizontal e vertical de mais de 160° (equivalente ao dobro de um LCD) o que permite a visão de um grande número de pessoas posicionadas em diversos ângulos. A superfície do display é completamente plana, eliminando qualquer possibilidade de distorção ou aberração e oferecendo uma imagem clara de um canto a outro do display. Ao contrário do CRT, no qual a emissão de elétrons é controlada por uma bobina de deflexão, os elementos da imagem no PDP são individualmente e unicamente controlados por um circuito eletrônico semicondutor. Esse método de controle torna o display livre de distúrbios causados por campos magnéticos externos. O display pode ser utilizado próximo a áreas de alta voltagem sem que ocorram interferências na imagem. Comparando-se ao LCD e ao CRT, é fácil aumentar o tamanho de um display de plasma. Segundo a Fujitsu, “displays de 60 polegadas diagonais podem ser esperados para o futuro”. Sem perder tempo, a JVC lançou o GD-V213PZE, um display de plasma de 20 polegadas, pesando 16 kg e com apenas 8 cm de espessura. O flat panel da JVC tem entrada de vídeo composto (BNC), Y/C para S-VHS, RGB (VGA) e porta RS-232C. Atendendo às necessidades da televisão digital de alta definição, a Sony lançou na NAB’98 o Flat Panel Monitor PFM-500A1W. Este display tem um conversor de varredura que reproduz uma grande variação de sinais de vídeo existentes (NTSC, PAL, HDTV) e sinais provenientes do computador com freqüência horizontal variando de 15,6 a 80,0 kHz. É possível selecionar a proporção da tela entre os padrões

4 x 3 e 16 x 9. O transporte deste monitor de 42 polegadas, 47 kg e 15,2 cm de espessura, é facilitado por quatro alças localizadas na parte traseira e a fixação é simplificada pela presença de “pés” retráteis. Entre os recursos adicionais encontra-se a visualização na tela de instruções e comandos, disponível em cinco idiomas: inglês, francês, alemão, espanhol e italiano. Fazendo jus ao slogan “A arte do entretenimento”, a Pioneer apresenta o PDP-V401 Plasma Display Panel, com 40 polegadas diagonais, 31 kg e apenas 8,8 cm de espessura. O display de plasma da Pioneer foi desenhado para possibilitar uma grande variedade de configurações de instalação. A parte traseira traz uma série de perfurações para facilitar a montagem no teto ou em forma de muro. Seja qual for a configuração de instalação necessária, o excelente ângulo de visão (160° -

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H I S T Ó R I C O Década de 60 - Início da pesquisa e desenvolvimento da tecnologia de displays de plasma. 1979 - Desenvolveu-se o fundamento básico de um tipo de tecnologia de display: AC (alternating current), a estrutura da superfície de descarga. 1984 - Desenvolveu-se a estrutura da superfície de descarga de três eletrodos (TSD). 1989 - Produção em massa da primeira tela de plasma colorida do mundo, de 20 polegadas diagonais e com apenas três cores: vermelho, verde e laranja. 1993 - Produção em massa da primeira tela de plasma totalmente colorida do mundo, de 21 polegadas. 1996 - Produção em massa da primeira tela de plasma de 42 polegadas totalmente colorida.

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T E C NO L O G I A

C A R A C T E R Í S T I C A S

D O S

P D P s

Marca Modelo Diagonal Proporções (polegadas)

Quantidade de Pixels (H x V)

Dimensões (L x A x P) (mm)

Peso (kg)

Ângulo de Visibilidade

Contraste

Fujitsu JVC Philips Pioneer Sony

Plasmavision PDS-4203 PDS-4204

42

4 x 3 16 x 9

852 x 480

1035 x 640 x 150

39,5

160°

400:1

GD-V213PZE 42 PW 9962 PDP-V401 PFM-500A1W

20 42 40 42

4 x 3 04 x 3 16 x 9 4 x 3 4 x 3 16 x 9

- 852 x 480

508 x 405 x 80 1185 x 750 x 115

16 45

- -

- 350:1

640 x 480 852 x 480

916 x 714 x 88 1035 x 635 x 152

30,8 47

160° 160°

-

horizontal e verticalmente) se mantém, bem como a qualidade de imagem, livre de qualquer distorção ou influência de campos magnéticos. De olho no mercado para consumidores do home theatre, a Philips associou a boa qualidade de imagem oferecida pela tecnologia de plasma e as excelentes características sonoras do sistema Dolby Pro Logic Surround para lançar a Flat TV Color

Television 42 PW 9962. Compatível com a DTV e o computador, a Flat TV de 42 polegadas tem entre outros recursos a seleção de proporção (4 x 3 ou 16 x 9), split screen que permite a visualização de duas imagens e a função closed caption. Em tempo de preparação para a TV digital, a qualidade é a primeira vantagem que vem à cabeça do consumidor. É pena que a atual

produção televisiva esteja passando por um período de pobreza visual e esvaziamento temático, mas como se estima que ainda há pelo menos cinco anos até que uma televisão brasileira inicie os primeiros testes, esperamos que até lá a programação possa ser merecedora de sua tecnologia e satisfazer um dos maiores prazeres do brasileiro: assistir televisão.

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FI Q UE POR DENTRO

C I N E S UL 9 8

P A R A O N D E VAM O S ? Preocupados com o resultado de suas produções cinematográficas, os alunos de cinema da Universidade Federal Fluminense que organizam o 3º Festival Brasileiro de Cinema Universitário incluíram em sua programação filmes que ainda não tiveram a oportunidade de serem assistidos pelo público. Para ampliar a discussão sobre exibição e distribuição dos filmes nacionais, foram programados os longas “O círculo do fogo”, de Geraldo Morais, finalizado em 1990, e “Insônia”, filme de 1991 formado por três episódios, dirigidos por Emanuel Cavalcanti, Nelson Pereira dos Santos e Luiz Paulino, que nunca foi lançado.

C U R S O D E F O T O G R A F IA Antônio Penido, diretor de fotografia com mais de 30 longas na carreira, acaba de montar um curso completo de fotografia para cinema e vídeo que pretende ministrar em várias cidades do País. O curso passa pelos princípios básicos da fotografia e temperatura de cor, tipos de câmeras, lentes e filtros, exposição, estilo, laboratório, efeitos e escolha das equipes, e tem duração de três semanas. As turmas devem ser pequenas, de 20 a 25 integrantes, pois estão incluídas aulas práticas. A Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio de Janeiro foi a primeira entidade a investir no curso, durante o último mês de janeiro. Interessados devem entrar em contato com o próprio Penido, pelo telefone (021) 557-1555.

De 18 a 28 de junho, no Centro Cultural Banco do Brasil, acontecerá o Cinesul 98 V Mostra Latino-Americana de Cinema, Vídeo e Debates. A mostra de cinema abrange nove filmes originários da Argentina, Venezuela, Cuba, México, Uruguai e Jamaica. A programação de vídeos é dividida nos módulos Música América e Videosul, com participação de vídeos de vários países. Dia 25 será o debate Difusão da Imagem Latino-americana; com a participação de Roman Chaulbaud, Rafael Montero, Don Lettes e Pablo Rodriguez; seguido da noite de autógrafos do livro Cineastas Latino-americanos, da mediadora do debate, Maria do Rosário O enceramento do Cinesul 98 será com a entrega do Troféu Mercosul - Grupo Brasil a duas personalidades do setor audiovisual brasileiro.

C E R IM O N IAL Guia do Cerimonial - do trivial ao formal, de Sara Ester Gomes, é um guia completo para quem não quer fazer feio ao participar ou organizar cerimônias. A autora faz uma abordagem geral, que vai da prática de organização de eventos - planejamento, responsabilidades e providências - àqueles que ministram cursos e palestras. Sara atuou na Assessoria de Assuntos Internacionais do Ministério das Comunicações e, atualmente, está na assessoria do secretário executivo do mesmo órgão. O livro pode ser encontrado nas grandes livrarias ou diretamente com a autora através dos telefones (061) 988-9921, 311-6263 e 225-2864.

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SÓ CURTAS Já estão abertas as inscrições para o 9º Festival Internacional de CurtasMetragens de São Paulo, que acontece de 20 a 29 de agosto na capital, com projeções previstas para o CineSesc, Espaço Unibanco de Cinema, Centro Cultural São Paulo e Museu da Imagem e do Som. O festival não é competitivo e visa o intercâmbio de idéias e experiências relacionadas ao curta-metragem. Podem se inscrever curtas de até 35 minutos concluídos em 1997 ou 1998, em 16 mm ou 35 mm. Os interessados deverão mandar para a sede do evento até 30 de junho a ficha de inscrição preenchida, cópia VHS do filme, lista de diálogos em inglês e português e duas fotos coloridas. Regulamentos, fichas de inscrição e outras informações podem ser solicitadas à Associação Cultural Kinoforum, organizadora do evento, na Rua Simão Álvares 784/2, CEP 05417-020, São Paulo. Telefax: (011) 8529601e 852-5769. E-mail: spshort@ibm.net.

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AGENDA j

Diretor e Editor Rubens Glasberg Editora Geral Edylita Falgetano Editor da Home Page Samuel Possebon Editor de Projetos Especiais André Mermelstein Redação Diogo Schelp, Edianez Parente, Fábio Koleski, Fernando Lauterjung (Assistente) Colaboradores Beto Costa, Emerson Calvente, Lizandra de Almeida, Luiz Montes, Mario Buonfiglio, Paulo Boccato Sucursal de Brasília Carlos Eduardo Zanatta Edição de Arte Nilo Viegas e Claudia Intatilo Produção Gráfica Rubens Jardim Editoração Eletrônica Geraldo José Nogueira Capa Nilo Viegas Comercial Manoel Fernandez (Gerente): Almir B. Lopes, Alexandre Gerdelmann e Patrícia M. Patah (Contatos); Ivaneti Longo (Assistente) Coordenação de Circulação e Assinaturas Gislaine Gaspar Coordenação de Marketing Mariane Ewbank Administração Vilma Pereira (Gerente); Gilberto Taques (Assistente Financeiro) Serviço de Atendimento ao Leitor 0800-145022 Internet http://www.telaviva.com.br E-Mail telaviva@telaviva.com.br Tela Viva é uma publicação mensal da Editora Glasberg - Rua Sergipe, 401, Conj. 605, CEP 01243-001 Telefone (011) 257-5022 e Fax (011) 257-5910 São Paulo, SP. Sucursal: SCN - Quadra 02, sala 424 Bloco B - Centro Empresarial Encol CEP 70710-500 Fone/Fax (061) 327-3755 Brasília, DF Jornalista Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965) Fotolito/Impressão Ipsis Gráfica e Editora S.A Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg A.C.R. Ltda.

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15 - Curso de sonorização da SPX. SPX, São Paulo, SP. Início da turma de segunda a quinta. Tel. (011) 3666-6950. 15 a 19 - Curso: “Edição analógica”. AD Videotech, São Paulo, SP. Tel. (011) 573-4069, r. 119. Fax: (011) 571-8659. E-mail: advideotech@cst.com.br. 15 a 26 - Curso: “A imagem criativa”. AD Videotech, São Paulo, SP. Tel. (011) 573-4069, r. 119. Fax: (011) 571-8659. E-mail: advideotech@cst.com.br. 15 a 26 - Oficina de especialização em TV: “TV movies, estrutura e forma de produção”. EICTV, Havana, Cuba (*). 18 a 28 - Cinesul 98 - V Mostra Latino Americana do Rio de Janeiro. CCBB, Rio de Janeiro, RJ. Tel. (021) 240-4929. Fax: (021) 262-4917. 20 - Curso de sonorização da SPX. SPX, São Paulo, SP. Início da turma de sábado. Tel. (011) 3666-6950. j

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2 a 6 - II Jornada Iberoamericana de TV. Capitolio de la Habana, Havana, Cu­ba. Tel. (537) 78-1819. Fax: (537) 33-3408. 4 a 25 - Curso: “Introdução à filmagem”. AD Videotech, São Paulo, SP. Tel. (011) 573-4069, r. 119. Fax: (011) 571-8659. E-mail: advideotech@cst.com.br. 6 a 17 - Curso: “Realização e roteiro”. EICTV, Havana, Cuba (*). 13 - Curso de sonorização da SPX. SPX, São Paulo, SP. Início da turma de segunda a quinta. Tel. (011) 3666-6950. 6 a 31 - Curso de cinema: direção, ro­teiro e produção. CIMC, São Paulo, SP. Tel. (011) 575-6279. Fax: (011) 574-0854. 13 a 17 - Curso: “Edição analógica”. AD Videotech, São Paulo, SP. Tel. (011) 573-4069, r. 119. Fax: (011) 571-8659. E-mail: advideotech@cst.com.br. 13 a 24 - Curso: “Roteiro cinemato­ gráfico I”. EICTV, Havana, Cuba (*). 13 a 31 - Curso: “Fotografia cinema­to­

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gráfica I”. EICTV, Havana, Cuba (*). 18 - Curso de sonorização da SPX. SPX, São Paulo, SP. Início da turma de sábado. Tel. (011) 3666-6950. 19 a 24 - Siggraph’98. Orlando, EUA. Tel. (1-312) 321-6830. Fax: (0-312) 321-6876. E-mail: siggraph98@siggraph.org. Internet: www.siggraph.org/s98. 27 a 14/8 - Curso: “Teoria e prática do mergulho e da fotografia e filmagem submarina”. EICTV, Havana, Cuba (*). 27 a 14/8 - Curso: “Fotografia cinema­ tográfica II”. EICTV, Havana, Cuba (*). 27 a 31 - Curso: “Edição analógica”. AD Videotech, São Paulo, SP. Tel. (011) 573-4069, r. 119. Fax: (011) 571-8659. E-mail: advideotech@cst.com.br. ag

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3 a 14 - Curso: “Roteiro cine­mato­ gráfico II”. EICTV, Havana, Cuba (*). 4 a 6 - Feria Mundial de la Radio y Televisión. Miami Beach Convention Center, Miami, EUA. Tel. (1-305) 638-5005. Fax: (1-305) 638-0571. E-mail: lacn@paxcc.org. 8 a 29 - Curso: “Introdução à filma­ gem”. AD Videotech, São Paulo, SP. Tel. (011) 573-4069, r. 119. Fax: (011) 571-8659. E-mail: advideotech@cst.com.br. 10 a 14 - Curso: “Edição analógica”. AD Videotech, São Paulo, SP. Tel. (011) 573-4069, r. 119. Fax: (011) 571-8659. E-mail: advideotech@cst.com.br. 10 a 21 - Curso: “A imagem criativa”. AD Videotech, São Paulo, SP. Tel. (011) 573-4069, r. 119. Fax: (011) 571-8659. E-mail: advideotech@cst.com.br. 18 a 20 - Brasil New Media Show - Broadcast & Cable’98 (Congresso Técnico da SET e Congresso Nacional da Abert). Anhembi, São Paulo, SP. Tel. (021) 512-8747. (*) Informações sobre os cursos da EICTV podem ser obtidas com o Projeto Pro-Arte em Bú­zios (RJ), fone/fax (0246) 29-1345, e-mail: proarte@novanet.com.br ou em São Paulo no Nacla, fone/fax (011) 3666-8538, e-mail: acoirups@mandic.com.br.


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