Revista Tela Viva - 89 Janeiro de 2000

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Nº89 JANEIRO 2 0 0 0 www.telaviva.com.br

BOOM INTERATIVO A convergência entre TV e Internet

produtoras fazem

o marketing das

finalização in house

emissoras de tv


N達o disponivel


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EDITORIAL

E s t e símbolo liga você aos s e r viços Tela V iva na Internet. Ô G uia Tela V iva Ô Fichas técnicas de comer c i a i s Ô Edições anteriores da Te l a Vi v a Ô Legislação do audiovisua l Ô Programação regional Í NDI C E

SCANNER

4

CAPA

Interatividade da TV

FINALIZAÇÃO

Pós-produção doméstica

TELEVISÃO

Estratégias de marketing

MAKING OF

8

14

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LEGISLAÇÃO

programação local

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PRODUÇÃO

Seriado em HDTV

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PROGRAMAÇÃO REGIONAL

Bahia

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FIQUE POR DENTRO

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AGENDA

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A definição do padrão para as transmissões de DTV. A convergência da TV com a Internet. Muito trabalho e decisões marcam o último ano do milênio para os broadcasters brasileiros. Virar provedor de conteúdo para a web pode estar tirando o sono de muitos radiodifusores. Mas, além disso, a vida das televisões também será afetada pela concorrência (e até mesmo briga) entre os diversos grupos com o surgimento de novos mecanismos na disputa pelos direitos de transmissões esportivas. Durante muitos anos Globo e Bandeirantes se enfrentaram fora dos campos, quadras e ringues para levar aos seus telespectadores as pelejas (muitas vezes pouco organizadas) travadas por clubes, times ou lutadores. A profissionalização de atletas e clubes conseguidas pela implementação das leis Pelé e Zico deixou para trás a balbúrdia dos campeonatos e gerou interessados tanto no patrocínio da programação quanto dos times além de permitir a entrada de grupos interessados na exploração de marcas e torneios. O resultado da equação profissionalismo mais players com grande fôlego financeiro é a alteração do mercado. A exemplo dos Estados Unidos, onde os direitos de transmissão dos campeonatos de futebol americano e basquete atingem níveis quase estratosféricos levando as emissoras de TV a uma revisão de seu modus operandi para conseguir pagar a veiculação dos jogos, no Brasil está se oferecendo cada vez mais dinheiro aos times de futebol e, obviamente, se cobrando cada vez mais caro das emissoras para que a paixão nacional possa ser assistida pela telinha com pipoca, guaraná e muita cerveja. Os patrocinadores dos clubes em muitos casos são também os detentores dos direitos de transmissão dos inúmeros campeonatos criados para expor marcas. Se por um lado exigem grandes compromissos das federações quanto ao uso de marcas, publicidade de placas nos estádios, lisura em relação à venda de ingressos etc., tais players têm mais força no processo de negociação com TVs abertas e fechadas. Fechar contratos por períodos cada vez mais longos como garantia das possibilidades de exploração interessa tanto aos detentores dos direitos quanto às TVs. Globo; Bandeirantes; Hicks, Muse, Tate & Furst; Traffic; e outros grupos vão fazer de 2000 um divisor de águas. O eventual evento esportivo passa a fazer parte da grade da programação para criar o hábito no telespectador. Em 98, ano da Copa da França, a Globo vendeu suas cotas de patrocínio por R$ 180 milhões. Para este ano os anunciantes tiveram de desembolsar um total R$ 250 milhões pelas inserções. As transmissões esportivas tiveram uma alta valoração e são hoje vendidas como programas caros para que a emissora possa se ressarcir dos altos direitos pagos. Não bastasse o tremendo imbróglio entre atletas, clubes, federações, confederações e players, as TVs abertas além de concorrerem entre si ainda enfrentam os canais fechados e o pay-per-view. Os clubes que dependiam de estádios lotados para aumentar seu patrimônio agora contam com os patrocinadores e também com a mídia eletrônica para abarrotar seus cofres. Os atletas “estrangeiros” já podem começar a pensar em arrumar as malas e voltar a proferir suas frases feitas em língua pátria pois o cenário (e o salário) tropical começa a se assemelhar ao internacional. A Globo pode ter dado um grande passo ao comprar os direitos das Copas de 2002 e 2006. Mas a queda de braço é forte e com certeza muitos desdobramentos e estratégias surgirão neste ano, pois nada, ou quase nada, vai sobrar para ser negociado nos próximos anos para a confecção de canais mais afinados com os fanáticos torcedores. Porém muito mais caros e onerosos tanto para as televisões quanto para os patrocinadores.

Edylita Falgetano


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CARREIRA SOLO

Foto: Divulgação

Fernando Meirelles, diretor de filmes publicitários e sócio da produtora REINAUGURAÇÃO O2 Filmes, prepara-se para rodar seu terceiro longa-metragem. Depois de O laboratório paulista Cinema (ex-Líder) inaugurou no último mês “uma “Menino maluquinho 2 - a aventura”, cara nova”. Após uma reforma, incluindo reciclagem e aquisição de em que atuou como diretor equipamentos, que custou US$ 83 mil, a Cinema está contratado, e “Domésticas”, entrando no ano 2000 com algumas novidades. Segundo co-dirigido por Nando o diretor do laboratório, Claudiney de Abreu, a empresa Olival, Meirelles fará sua está trabalhando pela conquista de novos clientes e estréia solo em “Cidade de procurando por parcerias para a ampliação dos serviços Deus”. O filme é baseado oferecidos. Com a implantação do selo ISO 9000 e uma no livro do mesmo nome, de autoria de Paulo Lins, equipe comercial mais agressiva, Abreu espera duplicar e contará a história do o número de clientes durante o ano. Fernando Meirelles bairro carioca surgido para dar moradia aos desabrigados da enchente de 1965. O roteiro de Bráulio Mantovani recebeu UM PRêMIO PARA A GLOBO o prêmio concedido pela Motion Com o programa “Amigos da sub-projeto do “Brasil 500 anos”, Pictures Association e Writers Guild escola”, a Rede Globo recebeu consiste na criação de núcleos of America no Concurso de Roteiros o “Troféu Beija-flor” por seu espalhados pelo País responsáveis Cinematográficos 1999. O início das incentivo ao trabalho voluntário. por fornecer recursos às escolas de filmagens está previsto para setembro. Promovido pelo Rio Comunitário, ensino fundamental que quiserem Centro de Voluntários da participar. O trabalho da Globo MANUAL DE Comunidade Solidária no Rio de é criar e coordenar os núcleos e SOBREVIV  NCIA Janeiro, o prêmio homenageia recrutar os voluntários, que podem todos os anos pessoas e empresas ser desde ONGs até pessoas da O diretor de fotografia Jorge Monclar que se destacam por ações de comunidade que possam prestar tem, sem dúvidas, uma formação cunho social. Também foram algum serviço à escola. Cada bastante eclética. Com 30 anos de agraciados com o prêmio o afiliada da rede é responsável pelos carreira, Monclar iniciou sua atuação na área audiovisual na França, onde Instituto Nacional do Câncer e trabalhos dos “Amigos...” em sua cursou o Institute des Hautes Études personalidades como Lucinha área de cobertura e também vão Cinematographiques. No Brasil, Araújo, da Sociedade Viva Cazuza, colaborar, através do jornalismo trabalhou com cineastas de peso, entre outras. local, fazendo a divulgação de como Nelson Pereira dos Santos, fez O “Amigos da escola”, que é um empresas voluntárias. a iluminação de shows (Rock in Rio) e trabalhou na Rede Globo, onde fazia direção de fotografia e dava cursos e palestras. Para comemorar três décadas na profissão, Monclar publicou “O diretor de fotografia”, seu décimo livro publicado no Brasil. O livro traz exemplos práticos, gráficos explicativos e dicas de recursos que podem ser usados para conter o orçamento de um filme. “O livro é um manual de sobrevivência tanto para iniciantes quanto para profissionais”, define o autor.

VOLTA À MÍDIA

CASA NOVA

É da Atmosfera Cinematográfica, com direção de Libero Saporetti, a produção do filme “Coletiva”, que marca a volta da Ediouro à mídia televisiva. A empresa, que edita as revistas de palavras cruzadas Coquetel, está divulgando seus novos projetos gráficos, em filme criado pela agência Staff de Comunicação.

A Salatini Filmes, de Beto Salatini, está planejando uma mudança de sede. A produtora pretende trocar a casa no Alto de Pinheiros por um espaço maior, que inclui um estúdio, no Butantã. O local é a antiga fábrica de sabonetes Phebo, que passará por uma reforma completa até 2001.

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RENASCIMENTO

AQUISIÇÃO O Grupo Publicis, que atua no Brasil desde 1996 com a agência Publicis Norton, adquiriu 60% das ações da agência brasiliense D&M. A partir de agora, a nova agência passa a ser chamada de Publicis D&M e continua sendo dirigida por Paulo Cabral, com participação acionária de Dalva Barbosa e Fernando Cabral. A expectativa da Publicis é a de ampliar em 10% o faturamento da agência de Brasília.

BEM BRASIL credenciamento para integrar o pool de agências que atende a Mercedes em todo o mundo. Com isso, a brasileira W/Brasil pode ser solicitada a criar campanhas para a empresa em outros países. A nova campanha pretende reforçar a imagem de que, mesmo sendo um Mercedes, o Classe A é um carro acessível. Por isso, esbanja referências absolutamente brasileiras, com direito a mostrar lavadores de carro e escorregões no sabão. O último filme, cuja veiculação era prevista para o final deste mês, permaneceu em surpresa, já que inclui uma celebridade em seu casting.

High end Já está em fase de testes o novo datacine dos Estúdios Mega. O equipamento foi instalado na filial paulistana da empresa e em breve deve estar operando, para a conversão de imagens de película para vídeo em alta resolução. O datacine é um C Reality, da Rank Cintel, que permite o tratamento de imagens e a inclusão de computação gráfica em vídeo para posterior retorno para película.

Foto: Divulgação

Com investimentos de R$ 22 milhões, a Mercedes-Benz colocou no ar em dezembro a nova campanha do Classe A, seu primeiro automóvel fabricado no Brasil. A campanha é composta de quatro filmes, criados pela W/ Brasil e produzidos pela JFX Filmes. Esse investimento corresponde tanto ao custo de mídia quanto de produção dos filmes. Os filmes são calcados muito mais em idéias do que em efeitos especiais, como dois dos filmes da campanha de lançamento, também dirigidos por Julio Xavier. Segundo Washington Olivetto, a primeira campanha do Classe A rendeu à agência o

Depois de todas as tragédias que se abateram sobre Joaquim Clemente e seu Estúdio Abertura, a família decidiu voltar ao mercado de finalização. Desta vez, quem está no comando é o filho de Joaquim, Otávio Clemente. Instalado no bairro do Itaim Bibi, o novo Abertura está recontratando muitos dos funcionários da antiga casa. Já estão confirmadas as vindas de Patrícia Sacon, que estava na HBO, Zeca Daniel, da Mega, Clayton e Robson, da Espaço Digital. Os equipamentos serão basicamente os mesmos, do que foi salvo do incêndio e que estava espalhado por outras finalizadoras. A decisão pegou de surpresa a equipe da Espaço Digital, que havia absorvido parte do pessoal e dos equipamentos do Abertura. Mas, de acordo com Renato França, um dos diretores da empresa, a casa está operando com um novo Smoke, da Discreet, além dos Avid e da Softimage DS que já existiam.

SOLUÇÃO OUSADA Após cinco anos na Miksom, o diretor de criação Celso Antunes mudou de casa: está, desde dezembro, na AV produções. Participando na formatação dos projetos da empresa para o ano recém-chegado, Antunes adiantou que a AV, sempre de olho no foco empresarial, Celso Antunes está em busca de novos clientes através de “idéias e soluções ousadas”. As principais áreas de atuação da empresa são vídeos e TVs executivas e, a grande paixão do diretor de criação, produção de eventos.

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Márcio Barone está de volta à Miksom. Desde que saiu da casa, em 1994, até agora já fez quase tudo: escreveu programas para rádio e TV (Band e Manchete), peça de teatro e roteiros de filmes. E, depois de tudo isso, está de volta à produtora para encarar o desafio de criar vídeos e eventos cada vez mais criativos e impactantes. “A única Márcio Barone coisa que eu sei é que é muito bom estar em casa de novo”, conta Barone.

Foto: Divulgação

volta ao lar

4x4 A bem humorada campanha de lançamento do site Submarino, que vende livros, CDs e outros produtos pela Internet, exigiu da produção muito mais do que filmagens. Na verdade, o diretor Christiano Metri, da Movi&Art, misturou filmagem de atores, animação em stop motion, maquetes e computação gráfica para compor os quatro filmes da campanha, criada pela F/Nazca.

Filha pródiga Pelo menos uma vez por ano, a diretora de produção Mirela Zunino volta à sua terra natal - o Chile - para visitar amigos e família. Outras vezes, vai a trabalho. Este ano, ela pôde matar as saudades pra valer. Primeiro, participou da equipe da Zero Filmes que produziu a campanha do creme dental Sorriso, dirigida por Sergio Amon. O filme precisava de três diárias de neve e duas de deserto. Depois, foi a vez do filme do Itaú, da Zohar Cinema, dirigido por Paulo Weiner e Toni Vanzolini. Da última viagem, Mirela ainda trouxe na bagagem um acordo com a produtora Cia. de Films, de Santiago. A produtora oferece serviços de produção a equipes que vão ao Chile e espera contar com a diretora de produção na indicação de seu trabalho para produtoras do Brasil.

FUNÇÕES O diretor de fotografia Ralph Strelow está estreando na direção de comerciais na Cia. Ilustrada. Strelow já dirigiu seu próprio curta-metragem, mas é a primeira vez que se dedica aos comerciais como diretor. Ao mesmo tempo, continua fotografando as demais produções da casa.

NOVA AGêNCIA Foi lançada em dezembro uma nova agência no mercado paulistano. A Age é fruto da sociedade entre a diretora de planejamento Ana Lúcia Serra e os diretores de criação Carlos Domingos e Tomás Lorente, mais a rede internacional Havas Advertising, da França. Os três já trabalharam juntos na DM9DDB e nunca tinham planejado uma sociedade. Ana Lúcia

estava na Carillo, Pastore EURO RSCG e Tomás era, inclusive, sócio de Nizan Guanaes. A agência também incorporou a Urbana, empresa especializada na criação de sites e marketing na Internet. O sócio internacional tem duas divisões: a EURO e a Campus, com perfis diferentes. A Age está associada à Campus, que abre assim sua primeira operação fora da Europa. A intenção é

chegar aos Estados Unidos e Ásia nos próximos anos, fechando acordos com agências de, no máximo, dez países. Entre os clientes já fechados com a Age estão a Editora D’Ávila, das revistas Bravo e República, Visanet e a indústria alimentícia General Brands. O faturamento previsto para o primeiro ano de operações é de R$ 30 milhões e de R$ 45 milhões para o segundo.

GLOBO PARA OS MEXICANOS Após oito anos sem atuação no México, a Rede Globo vendeu para a produtora de TV mexicana Argos o direito de adaptação do programa “Você decide”. Exibida pela TV Azteca,

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a versão cucaracha do programa global se chamará “Momentos de decisión”. A Globo também fechou a venda da novela “Torre de Babel” para um canal a cabo do México, o Telerey.


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c a p a Beto Costa

Boom interativo Emissoras entram no ano 2000 de mãos dadas com a Internet. A convergência da TV com a web é considerada assunto prioritário entre os broadcasters.

O guru tecnológico Nicholas Negroponte, além de dirigir o badalado Laboratório de Mídia do MIT- Massachusetts Institute of Tecnology, é muito afeito a previsões, que sempre têm audiência garantida. No final do ano passado afirmou: “Nos próximos 15 meses, 50% do tráfego mundial de Internet vai estar nos países em desenvolvimento”. E o Brasil, no entendimento de Negroponte, tem grandes chances de liderar este bloco. O país está no topo do ranking da Internet na América Latina. Os números são muito controversos, mas indicam que fechamos o ano com cinco milhões de usuários acessando a rede. O crescimento acelerado da Internet no Brasil está virando a cabeça dos executivos das emissoras de TV. De repente, parece que foi dada a largada e todos correm como podem para

explorar o admirável mundo novo do ciberespaço. O apresentador e dono da vice-líder de audiência, Sílvio Santos, por exemplo, está em estado de êxtase. Não pára de repertir que o site do SBT On Line (SOL) é o mais visitado da América do Sul. E vem recebendo sinais vigorosos da força da rede. Nos primeiros 20 dias de uma promoção via Internet para participar do programa “Jogo do milhão” e concorrer a barras de ouro, recebeu a incrível marca de um milhão de e-mails.

casamento O apetite por interatividade acendeu uma luz na cabeça dos broadcasters e está fazendo as emissoras darem o start de um processo irreversível - o casamento da TV com a Internet. A MTV Brasil é uma das emissoras que saiu na

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frente. O provedor de banda larga (acesso a dados, vídeo e som em alta velocidade) Ajato (empresa da TVA, da Abril), capaz de transmitir com rapidez programas com muitos dados, já exibe a programação da MTV. A emissora também conta com uma série de programas que permitem a participação do público, inclusive em salas de bate-papo que têm seu conteúdo parcialmente revelado ao longo do programa, como no “Erótica MTV”. O site da emissora permite até descobrir os horários em que será exibido seu videoclip favorito. No final do ano passado, mais uma bandeira fincada na rede. O site da emissora inaugurou a era dos e-clips. Tratam-se de videoclipes interativos. “O internauta pode remixar a música, que tem uma seqüência básica e pode criar uma nova edição das imagens. E tem ainda um caráter de videogame,


na TV já que permite avançar estágios e descobrir novos caminhos”, conta Fábio Abreu, diretor de marketing e Internet da MTV Brasil. Quando tomou a iniciativa de requisitar ao DJ Marky a composição de uma música e às equipes de Promo e Internet a missão de criar imagens e conteúdo interativo, estava enviada a mensagem. Ao produzir o primeiro e-clip, abriu-se mais uma mão de acesso para a audiência e para as produtoras. “Nós queremos estimular o mercado”, ressalta Abreu. A diferença de custos de produção entre um videoclip e um e-clip é muito grande. O orçamento de um videoclip com bom padrão de qualidade começa a fazer sentido com R$ 30 mil. O e-clip pode ser realizado por 30 vezes menos.

começo, mídia e fim O que os telespectadores da MTV estão assistindo na tela do PC é TV? Onde começa TV e termina o site? Parece ficar cada vez mais claro que a fusão das mídias está passando uma borracha nas fronteiras. Se não existe divisão nítida, é necessário correr atrás de parceiros. Os projetos de aliança com a Internet têm de ser levados a toque de caixa. Neste momento, por exemplo, a Bandeirantes está negociando uma parceria com quatro provedores. “No começo deste ano, a Bandeirantes já vai fazer parte do bloco da Internet”,

afirma Eduardo Blucher, diretor de novos negócios da Band. A idéia é ter uma grande emissora diferenciada, específica para a rede. “O ‘H’ é um exemplo de programa que pode ser adaptado para a Internet. O grande valor da TV na Internet é a interatividade”, define Blucher. A interatividade talvez seja o aspecto mais evidente, o ponto de saída. Mas o casamento da TV com a Internet é capaz de gerar uma ferramenta muito poderosa. Não é possível ignorar a possibilidade de as TVs criarem um novo estímulo para o telespectador, o que pode resultar em adensamento da audiência. A tese é consensual entre os broadcasters. “A programação interativa cria maior interesse. Este é um dos motivos do ‘Jogo do milhão’ alcançar entre 25 e 30 pontos de audiência”, acredita Rodrigo Marti, diretor administrativo do SBT e responsável por projetos na área de convergência. E é bom lembrar que o e-mail é apenas um substituto mais eficaz do telefone, no caso do programa do SBT.

fronte ampliado Tudo indica que o próximo capítulo da guerra da audiência vai estender o campo de batalha até o microcomputador. As emissoras sabem que podem perder terreno se não agirem rápido. O gerente de comunicação da Record, Ricardo Frota, cita uma série de números de uma pesquisa feita pela NPD Research nos Estados Unidos, para mostrar que não é loucura esta história de ter um olho na TV e outro na tela do computador. “Cinqüenta e sete porcento dos internautas entrevistados assistem à TV e navegam na Internet ao mesmo tempo. Noventa e um porcento acessam o site depois de ver um comercial na TV a respeito.” A emissora do bispo Edir Macedo começou a testar em dezembro o projeto de um portal, resultado

de uma parceria com o provedor Dialdata, que vai alojar as rádios Record (AM), Emoção (FM) e a emissora de TV. O Record Site TV investe em esquetes simples que aproximem a audiência dos respectivos programas. “O programa da Eliana vai poder fazer promoções. As dez primeiras pessoas que acessarem e acharem sete Picachus (personagem do desenho animado Pokémon) ganham prêmios. O objetivo é que o espectador acesse o portal e continue assistindo para ver se o nome dele vai aparecer no programa”, revela Frota. O jornalismo também vai usar a Internet para pesquisas de opinião ao longo de programas, como o “Passando a limpo”, e veiculação de boletins noticiosos (só no formato de texto) de hora em hora. A chegada da Internet como pista extra de informação agregada à TV também deve alavancar o faturamento publicitário das emissoras. O novo ambiente é propício para a disseminação do merchandising. No portal da Record estão previstos alguns módulos temáticos fundamentados no vespertino “Note & anote”. “Uma cozinha da Kátia Fonseca, por exemplo, que usa fermento Royal e tem link de acesso ao site da Fleischmann Royal. Uma lavanderia ‘Note & ‘note’ que usa equipamentos Eletrolux e sabão em pó da Procter & Gamble”, cogita Frota. E não é só o merchandising. Os dados de “page view” (quantas páginas foram acessadas) permitem a criação de um banco de dados sobre o comportamento do internauta que é um atrativo a mais para agências e clientes, cada dia com mais dificuldades em afinar o foco de suas campanhas. Isto sem falar na possibilidade de licenciamento de produtos, que podem ser diretamente vendidos para os usuários da rede. A brincadeira está só começando...

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Internet pela TV A Internet como ferramenta paralela à TV é apenas o primeiro estágio. O futuro próximo aponta para a verdadeira convergência entre as duas mídias, isto é, acessar a rede pelo familiar televisor. Previsões apontam que, num curto período, 25% do tráfego da Internet vai ser via TV. E isso acontecerá por meio de diferentes tecnologias, que já existem. Em geral, estas tecnologias se baseiam em pequenos microcomputadores com baixa capacidade de armazenamento que convertem o que deveria ser exibido em um computador para o formato e definição da tela de televisão (que se torna, então, o monitor). Em muito pouco tempo, estes pequenos computadores servirão também para integrar não só a tela de exibição, mas também o conteúdo. Será possível clicar sobre um comercial para obter mais informações a respeito, ou comprar o produto anunciado. Será também possível ter na tela da TV toda a grade de programação das emissoras, de forma customizada e atualizada a cada segundo. O limite entre o mundo da web e o mundo da TV deixará de existir. E os fabricantes de TV já se movimentam nesse sentido, seja para a produção desses pequenos computadores em caixinhas (set-tops) vendidas como videocassetes ou DVDs, seja incorporando o chip de processamento aos próprios aparelhos de TV. A Gradiente, inclusive, chegou a anunciar uma parceria com a National Semiconductors (uma das detentoras de tecnologia de Internet TV). A Itautec/Philco, por sua vez, tem como topo de linha o 10

Infoway - um PC com placa de TV, além de outras funções. A Microsoft é uma das pioneiras da convergência. A empresa é a dona da tecnologia Web TV. Trata-se de uma das opções de set-top que permite o acesso à Internet pela televisão. O aparelho liga a TV à Internet através da linha telefônica, mas isso poderá acontecer também através de conexões via cabo, microondas ou satélite. O telespectador ganha, assim, um computador. Especialistas consideram a TV mais amigável para a navegação.

o ano da web A Web TV, assim como outros dispositivos semelhantes, dispensa o uso de mouse. Entra então em cena um teclado sem fio. Se quiser, o telespectador pode ver TV e trafegar na Internet ao mesmo tempo. Mais: estas tecnologias também permitem programação interativa, o que abre um novo horizonte para os comerciais. Você pode assistir a um filme sobre um CD, clicar no ícone e comprar o disco no site da gravadora, por exemplo. O modelo mais simples de set-top box permite ainda uma série de outras facilidades, como zapear canais em paralelo. Mas a caixa pode ser ainda mais poderosa se

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for provida de um disco rígido. O HD permite uma nova convergência - a TV ganha características de videocassete. Você pode pedir para o set-top gravar todos os programas que contenham “Sharon Stone”, por exemplo. Ele rastreia conteúdo e grava de talk shows a filmes. É possível ainda estar assistindo a um jogo ao vivo e fazer o próprio replay. Você pode também acessar alguma programação interativa e voltar ao programa que assistia na TV no mesmo ponto em que estava quando migrou para a Internet. E o lado negativo da coisa para as emissoras: os usuários podem também editar (e excluir) os comerciais, já que alguns sistemas como o TiVo ou o Replay (www.tivo.com e www.replay.com) permitem que se assista à programação da TV com um delay de alguns minutos, atropelando os breaks publicitários. Nos Estados Unidos, das dezenas de milhões de residências conectadas à Internet, cerca de 900 mil o fazem por meio da Web TV, que chegou por lá em 97. O ano 2000 deve ser o ano do desembarque da Web TV no Brasil. A Microsoft está desenvolvendo um software em português para set-top box. Ao mesmo tempo, investe em várias frentes. Numa delas, quer estimular as emissoras a produzirem conteúdo interativo. Na televisão norte-americana são 350 horas de programação interativa por semana em diversas emissoras. A outra ponta tenta viabilizar a chegada do set-top box à casa das pessoas. “Estamos conversando com operadores de TV a cabo, satélite, provedores de acesso para tentar fechar um contrato. Vamos vender o licenciamento


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do software. Cada interessado decide qual é e como é a caixa que vai vender”, afirma Osvaldo Barbosa de Oliveira, diretor de negócios Internet/Microsoft Brasil. De acordo com Oliveira, o investimento técnico para dar acesso a conteúdo interativo é baixo. A venda das set-top boxes é um dos pontos cruciais do projeto de implantação da Web TV. Uma das críticas mais freqüentes nos Estados Unidos é a de que é possível ver anúncios de Web TV até em ônibus. Difícil é encontrar uma loja onde seja possível comprar o aparelho. Além de trazer a Internet para dentro da TV, a Web TV tem a vantagem de dispensar o uso do PC, que não custa menos do que R$ 1,5 mil. Nos Estados Unidos, a Web TV Plus sai por US$ 199. No Brasil, a emissora que manifesta maior entusiasmo pela convergência é o SBT. “Queremos ser os primeiros a oferecer e liderar o setor”, afirma Rodrigo Marti, diretor administrativo do SBT, responsável pela formatação do projeto. Um pool de empresas participa das conversas - SBT, Ajato (TVA), Sol e MediaCast (responsável por desenvolver a navegação), mas nenhum contrato foi fechado ainda. “Estamos consultando fabricantes de set-top boxes. Pretendemos que o preço oscile entre R$ 250 (sem uso de HD) e R$ 800 (com HD). As lojas irão vender as caixas. A Ajato vai vender assinaturas para classe A e SBT e Sol para classes B e C. Queremos vender dez milhões de caixas em cinco anos”, calcula Marti. A emissora prevê dar início neste mês a uma estratégia para instigar a audiência. Um quadro dentro do “Programa livre” vai mostrar como funciona a Web TV. Dez lares espalhados pelo país vão experimentar a novidade. É bom que fique claro que o SBT ainda não bateu o martelo com a empresa de Bill Gates. Existem outras tecnologias que oferecem acesso à Internet e TV Interativa. A

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A questão crucial é se a Internet pela TV é capaz de alavancar a audiência. Motorola é uma das detentoras de patente do gênero. É claro que o SBT fica com um pé atrás em fechar negócio com a Microsoft, já que a empresa americana fechou este ano um contrato de parceria com a Globo Cabo. Embora a Microsoft garanta que vai oferecer as mesmas facilidades a qualquer provedor, operador ou emissora. Mas inegavelmente a dúvida ainda persiste.

cautela O mistério é ainda maior porque a Globo é bastante cautelosa quando o assunto é Web TV, contrastando com o arrojo do SBT. A emissora carioca está discutindo internamente entre diversos departamentos as novas oportunidades que surgem com a convergência. A performance do set-top box está sendo avaliada em testes de laboratório, mas sem nenhuma definição à vista. O diretor da Central Globo de Engenharia, Fernando Bittencourt, é um dos profissionais que está à frente do novo projeto. Ele concorda que a TV é mais amigável e o set-top box é um hardware mais barato, mas não deixa de ponderar: “Uma das grandes vantagens deste processo interativo será que o anunciante poderá saber quem se interessou pelo seu produto. A partir daí, o céu é o limite para a criatividade, novas oportunidades de venda e relacionamento com o cliente. Em contrapartida, a qualidade da imagem ainda é inferior e

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há o bloqueio do aparelho com o sinal da Internet. Nós ainda não temos uma análise profissional do tamanho do mercado de Internet pela TV”. A questão crucial é se a Internet pela TV é capaz de alavancar a audiência. Rodrigo Marti acredita que sim, o que faz sentido, já que a grade de programação do SBT é recheada de game shows. Na TV americana, são os game shows que fazem mais sucesso nos sistemas como Web TV. É o caso do “Jeopardy”, um programa de perguntas. O telespectador se cadastra e participa de um jogo paralelo ao programa, como se fosse um chat. Na MTV norte-americana, a audiência baixa um software e participa do “Web riot”. A Globo dá a entender que os sistemas de Internet pela TV não são um projeto para curto prazo. Principalmente, porque ainda não foi bem resolvida a questão da volta para TV do teleinternauta que migrou para a rede, a não ser a custa de um set-top box bem mais caro que o modelo básico. “O que mais nos interessa virá com a TV digital, será a possibilidade de tudo acontecer com mais qualidade de vídeo e maior rapidez”, afirma Bittencourt. Como a TV digital só começa a ter autorização da Anatel para operar a partir de março de 2001... O crescimento da banda larga neste ano pode mudar rapidamente este cenário. “O conteúdo de banda larga deve se popularizar nos próximos meses”, prevê Eduardo Blucher, da Bandeirantes. As emissoras sabem que é preciso estar preparadas. “Nós estamos desenvolvendo modelos de produção de conteúdo interativo. O nosso negócio é conteúdo”, afirma Fábio Abreu, da MTV Brasil. Parece evidente que vivemos um boom de interatividade e novas oportunidades de negócios vêm estourando por aí na tela do cinqüentão televisor.


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fi n a l i z a ç ã o Lizandra de Almeida

É O FIM DA

FINALIZADORA? Com prazos cada vez mais reduzidos, grandes produtoras de comerciais estão investindo em equipamentos de finalização high end. Para seus clientes, as agências, os resultados da agilidade estão compensando. Na opinião das finalizadoras, o novo sistema pode reduzir a qualidade. Será?

Primeiro foram os equipamentos de edição não-linear. Quando os preços dos Avid e similares começaram a baixar, as maiores produtoras de comerciais passaram a adquirir essas ilhas digitais para terem mais opções de montagem, sem pressão de tempo. Agora são os equipamentos profissionais de finalização que estão invadindo as produtoras e deixando as casas de pós-produção em alerta. As maiores produtoras de São Paulo e Rio de Janeiro estão montando departamentos internos de finalização, o que se reflete diretamente no 14

faturamento das pós-produtoras. As novas versões de softwares aparecem cada vez mais rápido, os técnicos são especializados e a manutenção exige a contratação de profissionais de alto nível, o que obriga as finalizadoras a investirem constantemente. É esse o argumento usado pelas finish houses contra esse processo de concentração do trabalho que vem surgindo há pouco mais de dois anos no mercado das grandes produções comerciais. As produtoras, por sua vez, concordam que os custos são altos, mas se mostram dispostas a encarar as despesas em função da disponibilidade de tempo que o equipamento instalado oferece, permitindo maior ousadia e qualidade de acabamento dos filmes. “Quando a produtora compra um equipamento, não faz a conta da depreciação da máquina, do investimento técnico, da preparação do ambiente, da conta de luz e dos upgrades que terá de fazer. Pode ficar equipada por um tempo, mas logo estará defasada e nem sempre poderá reinvestir o necessário”, contrapõe Patrick Siarretta, das finalizadoras Casablanca e Teleimage. Para as produtoras, o resultado compensa, principalmente porque a palavra de ordem, hoje, é agilidade. Diante dos prazos cada vez mais apertados, as idas e vindas à finaliza-

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dora para ajustes estão soando como desperdício de tempo. Essa posição também é compartilhada pela maioria das agências. Muitas que já experimentaram a finalização de produtoras comprovaram a rapidez do trabalho e, principalmente, a facilidade para a realização de mudanças. A produtora pioneira foi a 5.6 Produções, há cerca de três anos. Os investimentos para a aquisição de um Flame e de todos os acessórios necessários, como máquinas Beta para entrada e saída das imagens para fitas, somaram US$ 1,8 milhão. “Nossa preocupação era com a disponibilidade de atender os clientes, com mais tempo e mais criatividade, sem limite de horas, podendo refazer, mexer, sem aumentar o custo. No final, o equipamento se paga e é a qualidade que importa”, afirma Cao Hamburguer, sócio da produtora. Depois, outras tantas vêm investindo. A O2 Filmes, uma das produtoras com maior volume de trabalho no mercado, tem hoje um departamento completo. Foi justamente a quantidade de trabalho que facilitou

“O mesmo já aconteceu com estúdio. Havia vários para alugar e depois as produtoras resolveram ter seus próprios estúdios. Hoje, não há mais estúdios para locação e os das produtoras certamente não têm os mesmos recursos de um estúdio dedicado.” Patrick Siaretta - sócio da Casablanca e Teleimage

a decisão. Segundo a sócia Andréa Barata Ribeiro, o que se gastava com pós-produção permitiu o investimento em equipamentos de última geração e todos os custos adicionais. “Agora os diretores podem acompanhar o trabalho sem sair, sem perder tempo no trânsito”, diz.


“O mercado está cada vez mais competitivo e a criação cada vez mais sofisticada, porque sabe que existem recursos. Para disputar o mercado, precisamos oferecer as mesmas condições de qualidade. Como fazemos muitos filmes de varejo e produto, estamos finalizando nossos filmes em casa.”

Algumas agências sua produtora, que já trabalharam a Academia de com a produtora aprFilmes, Paulo ovaram essa forma Schmidt não de agir. Para Maria considera essa do Socorro Góes, opção a meldiretora de RTV da hor. “Para mim, Almap/BBDO, a as produtoras qualidade do trabnão deveriam alho da produtora investir em equise manteve, antes e pamentos de depois da aquisição finalização, mas Paulo Schmidt - sócio da de equipamentos. Ela Academia de Filmes as finalizadonão vê alteração nos ras teriam de custos, mas acredita repensar seus que o formato é especialmente bom custos. Tornou-se inviável pagar por para filmes de varejo. hora um filme que pode ter de ser Já Onara Baldissarini, RTV da retrabalhado várias vezes. O orçaNewcomm Bates, tem uma opinião mento deveria ser por job”, defende. Schmidt explica que procurou dar um salto de qualidade em suas “O que quero saber é se quem produções quando adquiriu o Flint. compra equipamentos está “As produtoras estão investindo em disposto a contratar pessoas. Não finalização porque não têm mais condições de pagar por hora para se trata de ter um Flame, ou conseguir o acabamento ideal. Acho esta ou aquela máquina, mas que todo o mercado deve repensar dos operadores.” sua forma de atuar”, afirma. Marcelo Machado - diretor de RTV da DPZ

especial sobre o assunto, porque trabalhou na O2 e acredita que, ao investir em equipamentos, a produtora viabilizou o custo de muitas produções, principalmente as da O2 Dois, divisão voltada para a divulgação de novos diretores. “A O2 Dois conseguiu fazer filmes de orçamento menor com muita qualidade”, confirma. Apesar de ter adquirido um Flint e de finalizar 80% dos trabalhos de

“Até onde eu sei, quem está investindo nesses equipamentos são produtoras grandes, que têm volume de trabalho. Diante da minha experiência, acredito que os clientes saíram ganhando.” Onara Baldissarini - RTV da Newcomm Bates

dores. Não quero passar só problemas para a finalizadora.” O criativo e diretor Claudio Carillo, da Carillo, Pastore Euro RSCG, também é objetivo: só existe uma finalizadora, e é a Casablanca. Para ele, mais do que os equipamentos, é importante a manutenção constante e a formação dos operadores. “Não posso generalizar, porque não conheço todas as produtoras que finalizam. Mas todas as experiências que tivemos

“Com nossos equipamentos, podemos trabalhar sem ‘taxímetro’. Quando precisamos de trabalhos de computação gráfica, contratamos empresas especializadas.” Andréa Barata Ribeiro - sócia da O2 Filmes

foram desastrosas, com cores horríveis, som sem sincronia”, revela. “Gosto de criar laços e trabalhar vozes contrárias sempre com as mesmas produtoras, e hoje a maioria delas finaliza Mais radical do que Paulo Schmidt fora. Se outra produtora quiser me é Paulo Danconvencer, vai ter tas, sócio da de provar.” “Acho que a finalização é uma Movi&Art. “Acho Para quem dirige uma pena, as casas de pósextensão natural do trabalho. inclusive, ter produção, os arguAntes havia plataformas de investir em mentos contrários fechadas, com equipamentos equipamentos de ao novo sistema enormes. Hoje, tudo se resume a filmagem. Para se são muitos. Além obter um resultade acreditar que um computador, com softwares do que realmente que fazem milagres. Temos até o as produtoras valha a pena, não terão fôlego ProTools, software de áudio, que teria de investir para manter e nos permite aperfeiçoar o som.” muito dinheiro, atualizar seus para treinar ou investimentos, PatBeto Salatini - sócio da Salatini Filmes contratar alguém rick Siaretta prevê para operar. As uma defasagem máquinas são ainda maior com a todas as mesmas, o que vale é o chegada do formato HDTV. “Sempre talento do operador. Aqui, nós proque se avizinha a mudança para uma curamos trabalhar com os melhores nova tecnologia, os equipamentos profissionais em cada área, por isso anteriores tendem a ficar mais baratos. não temos nem Estamos justamente nesse momento de Avid. Além disso, acho que devemos definição”, diz.Para ele, essa concentrafazer uma parceria com os forneceção de trabalho pode gerar queda de T E L A V I V A J A N E I RO D E 2 0 0 0

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qualidade, na medida que os operadores nem sempre recebem o treinamento adequado e que as produtoras podem tender a “encaixar” o trabalho na máquina que possuem, mesmo que não seja a mais adequada. Ele admite que o faturamento das finalizadoras vem caindo nos últimos três anos e prevê um futuro ainda mais negro. “Esse procedimento vai nivelar o mercado por baixo. Quem quiser qualidade terá de finalizar nos Estados Unidos, e isso pode estimu-

“Assistindo à TV é possível perceber a diferença de qualidade dos filmes que foram finalizados internamente.” Claudio Carillo - sócio da Carillo, Pastore Euro RSG

“Não é pecado investir em seu

ho é mais espeNão existem regras. próprio negócio. Se a produtora Nos Estados Unidos, cializado, há mais variedade as produtoras são cada tem dinheiro para investir de equipamenvez mais especializaem equipamento e núcleo de tos e profissiondas, ninguém compra finalização, tudo bem, porque ais. “A formação equipamentos. Não dos profissionais hoje realmente estão mais faz diferença se somos costumava ser iguais ou diferentes acessíveis e operacionais. Mas heróica, quando dos EUA, mas que o tem de ter cacife para fazer ninguém conheBrasil descubra seu todos os upgrades.” cia as máquinas, caminho. O impormas hoje estes tante é o talento e me Maria Clara Lopes - atendimento dos profissionais já pergunto se a produEstúdios Mega existem e têm tora terá condições de seu valor. O investir na atualização mesmo acontece com a manutenção, e treinamento dessas pessoas. Se a que exige engenheiros e não simplesprodutora tem um videodesigner, um mente técnicos”, alega. artista, pode até ter só um Macintosh Maria Clara encontra outra justificativa, que o resultado pode ser bom.” além dos custos e da questão do tempo, Beto Salatini, sócio da Salatini para a tendência à aquisição de equipamentos. Ex-funcionária do Estúdio Abertura, ela acha que depois do incidente “Sabemos que é difícil manter os que motivou o fechamento da casa, operadores, pois são profissionais várias produtoras ficaram sem espaço caros. Trouxemos especialistas para finalizar, o que as motivou a comdos EUA para treinar o pessoal. prar os equipamentos. “Mas o mercado está se estabilizando, estão surgindo As máquinas também têm outras finalizadoras de menor porte desgaste e precisam de upgrade. que atendem a outros tipos de trabalho. Mas no final, o equipamento se Acredito que as produtoras vão chegar paga e o resultado de qualidade a um ponto em que não suportam mais as atualizações e terão de devolver os é o que importa.” trabalhos às finalizadoras.”

lar a importação de filmes, já que as agências são todas internacionais. Acho que as produtoras estão dando um tiro no próprio pé.” Maria Clara Lopes, dos Estúdios Mega, aceita o argumento de que a liberdade de tempo pode ampliar a capacidade criativa dos produtores, mas vislumbra problemas no futuro. “Todo o mercado está interligado. Se tivéssemos a noção exata do volume de trabalho, poderíamos reduzir os custos e ter quem opera? maior previsão de investimentos. Adquirindo esses equipamentos, as A questão da mão-de-obra é deterprodutoras devem minante quando aviltar os preços e o assunto é pós“Cada um deve fazer só o que faz produção. Os equio que terão feito dos orçamentos pamentos são comrealmente melhor. Viabilizar daqui a algum plexos, oferecem custos é possível. Se as coisas tempo?” inúmeros recursos e continuarem assim, daqui a Por mais que as exigem habilidades pouco cada produtora terá de ter artísticas, além produtoras e agências afirmem que do conhecimento seu telecine, seu laboratório.” os custos não se tecnológico. Para Paulo Dantas - sócio da Movi&Art reduziram como Marcelo Machado, um todo, é certo diretor de RTV da que as horas de DPZ, o fato de refação acabam não sendo cobradas uma produtora ter ou não equipamenquando o equipamento está dentro tos de finalização não é fundamental da produtora. Maria Clara afirma que para a avaliação de seu trabalho. “O os preços cobrados pelas finalizadoras que importa é o resultado final e a podem ser mais altos, porque o trabalpresença dos equipamentos não afeta. 16

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Cao - sócio da 5.6 Produções

Filmes, adquiriu seu Flint há dois anos, com o objetivo de fugir dos horários marcados e do trânsito de São Paulo, e concorda que o profissional é o elemento determinante no processo. “Nosso operador participa de todas as etapas: começa na pré-produção e vai às filmagens. Acredito que esses profissionais tornar-se-ão tão disputados quanto os coloristas, pois

“Acho bom não ter de ir para muitos lugares, pois fica difícil conciliar a agenda.” Maria do Socorro Góes - diretora de RTV da Almap/BBDO


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“Ter equipamentos não reflete no custo final do trabalho, mas a produtora tem de ter volume que justifique o investimento. Em produtoras menores, acho que esse fato pode até tornar o trabalho mais caro.” Lucia Bueno de Camargo coordenadora de RTV da Fischer América Comunicação Total

são eles que dão a ‘cara’ do filme, a cara da produtora, tudo aquilo que não está no roteiro. Uns são mais técnicos, outros mais sensíveis e essa é a diferença.”

contra o relógio No final das contas, o saldo parece ser o aumento na tal agilidade do trabalho, mas a questão da qualidade parece exigir uma reflexão mais profunda. Para Lúcia Bueno de Camargo, coordenadora de RTV da Fischer América, apesar de as produtoras não conseguirem ter a estrutura de uma finalizadora, o processo interno tornase muito prático quando se tem de fazer alterações de última hora. Já Victor Rebouças, diretor de criação da Zen Comunicações, analisa que esse novo sistema está permitindo atender a emergências. “O mercado está cada vez mais calcado no varejo, que exige uma agilidade enorme. E essa agilidade está se impondo aos outros trabalhos. Gosto que esteja havendo uma mexida no tempo de prestação desses serviços. Comunicação tem de ser ágil”, comenta.

“Quem está perdendo dinheiro sempre reclama, mas quem está investindo são produtoras top, porque queriam mais agilidade e custos mais acessíveis das finalizadoras.” Victor Rebouças - diretor de criação da Zen Comunicações

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MAIS DISSONÂNCIA Dentro desse novo contexto do mercado de produção comercial, uma agência e uma produtora colaboram para confundir ainda mais quem se atreve a tentar entender a nova realidade. A DM9DDB agora está montando seus próprios filmes, depois de adquirir um Avid. O diretor de RTV da agência, Antônio Machado, usa o mesmo argumento das produtoras em relação ao equipamento de finalização: economia de tempo. “É um procedimento comum nos Estados Unidos: o diretor filma, faz sua sugestão de edição e manda o material bruto para a agência, que tem sua ilha digital e retrabalha a edição, dando sugestões de letterings. Isso facilita por causa dos prazos, não há limite de horário e não é preciso deslocar a dupla por São Paulo para aprovar o filme.” Segundo Machado, a intenção da agência não é a de investir em finalização, “mas queremos ter o direito de mexer na edição e contratar diretamente a finalização. Assim nós cortamos caminho, sem ferir susceptibilidades”. Quanto ao trabalho na finalizadora, acredita ser preciso valorizar o operador. “Todos os equipamentos são iguais, mas nas finalizadoras há uma concentração maior de máquinas. Então, se dá pau em uma, podemos ir para outra. Na Conspiração Filmes, o processo de incorporação da finalização é que foi diferente. Primeiro, a empresa trouxe como sócio o videodesigner Fábio Soares, que já trabalhava na Casablanca havia quatro anos operando o Flame, da

Discreet, e o Henry, da Quantel. Responsável pela finalização da maioria dos trabalhos da produtora, Soares continuou operando os equipamentos da Casablanca, mas só para os filmes da Conspiração. Seu envolvimento com os trabalhos, porém, começa na préprodução. A produtora coloca em um mesmo nível hierárquico o diretor, o diretor de fotografia e o diretor de efeitos, no caso o próprio Soares. “Montamos em São Paulo esse núcleo de finalização, especialmente para filmes de efeito, com tratamento de imagem. É uma extensão da produtora, não tem a intenção simplesmente de finalizar filmes mas de aumentar a capacidade de produzir filmes diferentes”, explica. Fábio Soares acredita que a questão econômica da aquisição dos equipamentos é realmente um problema, pois os custos são muito altos. Além disso, também acha que quando o trabalho é realizado internamente, os profissionais deixam de trocar experiências com gente de fora. Mas depois de acumular uma grande experiência, ele pode ensinar e formar pessoas, que são todos artistas e formam um departamento completo, com funções muito bem definidas. “O grande problema da maioria das produtoras que adquirem os equipamentos é a dificuldade de dimensionar o trabalho e determinar o número de horas necessárias para sua execução, pois isso exige um profissional que consiga saber o limite da máquina e dos operadores”, conclui.

Nessa corrida contra o tempo, Antônio Machado, diretor de RTV da DM9DDB, atribui aos computadores a “neura” atual. “Antes tínhamos um prazo normal. Com o computador, começamos a fazer o trabalho mais rápido e os prazos diminuíram.

Criamos um problema, porque agora sabemos que o computador pode fazer ainda mais rápido, então não podemos errar. Com isso, todo mundo acaba fazendo aquele ‘arroz-com-feijão’, porque sabe que vai ser aprovado”.

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t e l e v i s ã o Mônica Teixeira

O marketing da audiência As principais emissoras de TV aberta já definiram com que cara vão se apresentar ao público. Para isso, além de retocar suas programações, pretendem se aproximar do espectador com campanhas publicitárias e outras atividades de marketing.

As emissoras de TV estão diante de um cenário muito parecido com o que foi imaginado pelos analistas, teóricos e futurólogos de plantão para este ano. Os canais abertos representam apenas cerca de 10% da oferta de canais que o telespectador tem à disposição. Enquanto o cabo busca a especialização, as emissoras abertas tentam ampliar seu público com programações que agradem a toda a família. E é inegável o apelo popular para conquistar a audiência. Principalmente por não reinarem mais absolutas no controle remoto, as emissoras precisam se mostrar cada vez mais

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para o telespectador. E estão investindo nas estratégias de marketing para chamar a atenção. Um exemplo disso é a própria Rede Globo. A líder de audiência não se acomoda com o primeiro lugar e, há um ano, vem investindo pesado também em estratégias chamadas de “não vídeo”. Quer dizer, “nós temos estratégias muito fortalecidas em outras mídias como outdoors, traseiras de ônibus, mídia impressa e eventos”, explica José Land Neto, diretor da divisão de propaganda da Central Globo de Comunicação (CGCOM). “A Globo se conscientizou de que o telespectador está em vários lugares e é importante avisá-lo de que existem novos programas na programação”. Para o lançamento das novelas “Terra nostra” e “Vila Madalena”, a emissora organizou duas grandes festas com direito a flashes ao vivo durante a programação. No caso da novela das sete, a festa foi nas ruas do bairro de Vila Madalena, em São Paulo, numa nítida preocupação em buscar maior aproximação com os paulistanos. As principais ações de marketing da Globo estão voltadas para os novos programas ou para o que Land chama de grandes viradas, como por exemplo, uma reviravolta na trama de uma novela. “É uma boa oportunidade de conquistar um público que não vinha

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acompanhando a história”, explica. Com as novas contratações feitas pela Globo, o marketing vai ter muito trabalho pela frente. Mas, por enquanto, ainda aguardam a definição do formato desses novos programas para começar a detonar as estratégias. Sem dúvida, a emissora de Roberto Marinho investiu num time que, com exceção de Jô Soares (que se muda para a nova casa este mês) e de Ana Maria Braga, vem reforçar a programação jovem. Serginho Groissman, Luciano Huck, Cris Couto da MTV para o “Video show” e o VJ Cazé também da MTV fazem parte dessa lista. Apesar do reforço para o público adolescente, Land nega que a emissora esteja preocupada em fisgar mais jovens para a sua legião de telespectadores. “Nós vamos atrás dos talentos no mercado e atualmente os que se destacam são para o segmento jovem”, diz. Como o telespectador já tem uma forte identificação com a emissora e já reconhece de longe o seu padrão estético, a Globo aposta nesta relação afetiva. Depois de usar os slogans “Um caso de amor com o Brasil” e “Uma nova emoção a cada dia”, para este ano, o bordão vai ser “Globo 2000 no coração do Brasil”. Com direito a várias interpretações: “Coração tanto no sentido regional, de atingir o Brasil inteiro, quanto no sentido literal, de estar no coração das pessoas”, comenta Land.

buscando variedade Diversificar a audiência é a maior preocupação da Bandeirantes. Reconhecida como o canal do esporte, ela quer mudar a sua imagem. “O objetivo é consolidar a imagem de uma emissora para toda a família, não só para o marido”, afirma Wagner Yoshihara, diretor de marketing da emissora paulistana. Na faixa nobre, os programas para o público adolescente predominam. De segunda a sexta, “As aventuras da Tiazinha” antecede o “H”. Aos sábados, a noite é comandada por Astrid, ex-MTV, apresentadora do “Programaço”. Para o público feminino, a Band contratou o radialista Paulo


Lopes, conhecido como o “amigão das mulheres”, para preencher o horário das 13h30 às 17h00. E, ainda para as mulheres, a emissora vai trazer a apresentadora Olga Bongiovani, responsável por um programa feminino de sucesso numa afilidada da Band no Paraná. “Nós queremos abrir o foco”, conclui Yoshihara. Para comunicar as mudanças ao telespectador, a Band também optou por sair às ruas. A emissora está investindo muito em divulgação através de painéis eletrônicos, traseiras de ônibus, mídia impressa e em chamadas nos cinemas. Tudo isso para mostrar ao público que ela está trilhando “Novos caminhos”. Este, aliás, é o novo slogan do canal. Na TV Cultura, os novos caminhos já estão traçados. A emissora quer se livrar da imagem de órgão do governo e fazer o telespectador entender que ela é uma fundação de direito privado. Uma das estratégias para ganhar maior visibilidade é a união de forças com as outras TVs públicas do país, por meio da Rede Pública de Televisão (RPTV). A rede surgiu a partir de um acordo firmado em abril de 1999 para conciliar horários de programas exibidos tanto na TV Cultura quanto na TVE. A parceria começou com os programas “Roda viva”, “Vitrine”, “Observatório da imprensa” e “Conexão Roberto D’Avila”. Depois, vieram outras atrações, caso dos infantis e dos jornalísticos, com exceção do Jornal da Cultura, num total hoje de seis horas diárias de programação em rede. A RPTV é formada por 26 emissoras públicas, educativas e culturais e 938 estações retransmissoras. Ela atinge todo o país, com exceção do Amapá, o que significa um público potencial de 98 milhões de pessoas. Agora, a emissora trabalha para difundir entre as próprias participantes da rede o conceito de TV pública, que segundo Renato Bulcão, diretor de marketing da emissora, “é aquela que tem um compromisso com a formação do cidadão”. A Cultura também quer dissipar a imagem de que uma TV educativa precisa ser uma TV chata.

“A TV pública não se propõe a dar aulas, mas a oferecer entretenimento e cultura com qualidade”, explica Bulcão. Na prática, a primeira mudança que o telespectador vai sentir será no jornalismo. “Estamos criando um novo formato de jornalismo, o jornalismo da TV pública”, diz Bulcão. Desde que o “60 minutos” saiu do ar, a emissora vem fazendo experiências para encontrar o seu modelo de jornalismo. A cara dos novos programas jornalísticos, previstos para estrear em março deste ano, ainda não está definida. O que se sabe é que a idéia é apresentar a notícia a partir de pontos de vistas diferentes. A Cultura também promete transformar em realidade um antigo sonho, a terceira fase do Rá Tim Bum, agora chamada de “Ilha Rá Tim Bum”, com 90 capítulos feitos em HDTV e estréia prevista para setembro deste ano. Além disso, a emissora também estuda formas de valorizar mais o seu casting de apresentadores. “As pessoas que trabalham na Cultura apagaram a sua imagem em favor da imagem da emissora, mas nós percebemos que para alcançar o público das classes C, D e E é preciso que ele se identifique com os apresentadores”, analisa Bulcão.

novos públicos Atingir as classes sociais mais baixas é realmente uma grande preocupação da Cultura, conforme explica Renato Bulcão: “A maior parte da verba para a nossa manutenção ainda vem do governo, por isso não podemos fazer uma TV para a elite, isso seria um desvirtuamento da nossa função pública”. A emissora garante que não vai ficar mais popular. “Não vamos facilitar o ‘Roda Viva’”, brinca Bulcão. A conquista de mais audiência passa por maior exposição dos programas na mídia impressa, a exemplo do “Cartão verde”, que, depois de ser divulgado em jornais e revistas, pulou de um ponto no Ibope para três. Outro público importante que a Cultura quer conquistar é o segmento jovem. “Existia uma confusão entre público infantil e público adolescente. Nós perdemos o

contato com os jovens”, diz Bulcão. Recentemente, o “Turma da Cultura” ganhou mais tempo no ar e a emissora passou a exibir também, pela RPTV, o “Alto falante”, um programa musical produzido pela Rede Minas. “Não podemos ignorar os 25 milhões de habitantes com idade em torno de 15 anos. É a primeira vez no Brasil que o número de adolescentes ultrapassa o das outras faixas etárias.” Esse rejuvenescimento deve atingir toda a programação da emissora. A Cultura está criando novas vinhetas e planeja uma mudança estética para o este ano. E ainda pretende lançar uma campanha de esclarecimento à população sobre a Rede Pública de Televisão.

qualidade x audiência “Nós queremos atingir a família com um approach jovem”, diz Marcelo de Carvalho Fragali, vice-presidente da Rede TV! A emissora tem um ar de MTV, principalmente nos seus intervalos e nas vinhetas modernas e ágeis. Entrou no ar no dia 15 de novembro do ano passado e já registra picos de oito pontos durante o humorístico “Te vi na TV”, comandado por João Kleber. Os resultados, surpreendentes para tão pouco tempo de vida do canal, se devem, tanto à intensa campanha de divulgação e à contagem regressiva feita na própria tela da emissora criando uma grande expectativa no telespectador quanto à sua grade de programação. A Rede TV! oferece praticamente os mesmos programas que as outras emissoras abertas, só que em horários alternativos. “Nossa estratégia de marketing está espelhada no nosso slogan, uma opção de qualidade na sua TV”, diz Fragali. “Acreditamos que o fenômeno da popularização é passageiro e não traz resultado publicitário. Por isso, apostamos em qualidade sem baixaria.” A nova opção de canal dirige-se ao público das classes A, B e C, ou seja, às pessoas com potencial de consumo. “Nós fazemos TV para faturar, não para dar audiência”, afirma Fragali. E justifica: “É mais interessante para

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o anunciante comprar espaço num programa com audiência qualificada de quatro pontos, do que investir num programa popular de 20 pontos, onde a maioria não pode consumir o produto que está sendo vendido”. O objetivo dessa emissora caçula é conquistar o terceiro lugar em audiência nos próximos dois anos. O programa “Super pop”, apresentado por Adriane Galisteu, já consegue esta proeza em alguns momentos. Fragali acredita que, no futuro, as especialidades da Rede TV! serão o jornalismo e os programas de entretenimento. De olho no terceiro lugar, a Rede TV! pode provocar algumas reações por parte das duas emissoras que se alternam nesta posição: Record e SBT. O SBT, ao contrário da Rede TV!, aposta suas fichas na audiência. Para conquistar todos os segmentos de público, garante fazer uma programação que atende às necessidades de entretenimento de toda a população, ou seja, uma programação universal. “O SBT sempre fez e continua fazendo uma televisão simples, como é simples o povo brasileiro”, afirma Ivandir Kotait, superintendente da geradora. Por isso, o slogan que não muda: SBT é Brasil, é Sistema Brasileiro de Televisão! Ele garante que a TV não está passando por uma fase de transição, com a saída de artistas importantes. Segundo Kotait,

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De olho no terceiro lugar, a Rede TV! pode provocar algumas reações por parte das duas emissoras que se alternam nesta posição: Record e SBT. “as demais emissoras é que estão em transição, visto que elas estão levando nossos artistas”. A rede de Silvio Santos ainda é muito associada às trocas de horários de programas, às mudanças na grade sem aviso prévio, à falta de estabilidade da programação. Atitudes que o SBT deixou de ter há tempos, garante o superintendente da emissora. “As mudanças hoje são muito eventuais e, acima de tudo, estratégicas.” A emissora está buscando algumas alternativas para a vaga deixada pelos artistas que trocaram de casa e já confirmou a contratação da VJ da MTV Babi e de Dercy Gonçalves para a programação deste ano. O SBT também promete voltar a investir em programas jornalísticos, depois de praticamente desativar o seu departamento de jornalismo, e em novelas. Para reforçar sua posição no mercado publicitário, o SBT acredita que a melhor estratégia é comprovar a sua popularidade. “Estamos priorizando uma linha de comunicação tática junto aos

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anunciantes, mostrando os índices de audiência que o SBT vem obtendo que, na realidade, nunca estiveram tão altos”, afirma Kotait. Na Record, as mudanças serão definidas ao longo do ano. A emissora criou um Departamento de Planejamento e Pesquisa e está finalizando um raio X detalhado, com o perfil do seu telespectador, opiniões a respeito da programação e avaliações de novos programas. As estratégias de comunicação, marketing e programação vão ser definidas depois do fim da pesquisa, previsto para janeiro. Outra emissora à espera de definições para o seu futuro é a CNT/Gazeta. O contrato entre Gazeta e CNT está sendo rediscutido. A Gazeta precisa assumir uma identidade, definir o padrão estético, a linguagem e se integrar melhor com a CNT. Ou, quem sabe, com uma nova parceira. A emissora sequer tem um slogan. Enquanto isso não acontece, Edson Rocha, diretor comercial, adianta que o foco principal da programação vai continuar sendo o público feminino. “São as mulheres que decidem na hora da compra, em 70% dos casos”, argumenta. O apelo popular também deve ser mantido. Hoje, o programa de maior audiência da emissora é o de Sérgio Mallandro, que registra de dez a 12 pontos graças a pegadinhas de mau gosto e muita apelação. Para Rocha, a TV aberta “tem de ser popular”. O futuro dirá. E ele já chegou...


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MAK Lizandra

de

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Almeida

na rua e na estrada

Ônibus inclinado por um guindaste.

Dois filmes marcaram a estréia do modelo Clio, produzido pela Renault no Brasil. O primeiro mostra uma avenida onde vários ônibus, ao chegar em determinado ponto, se inclinam para a esquerda porque todos os passageiros se dirigem à janela para observarem o carro. No segundo, dois carros percorrem uma estrada, interrompida por alguns cartazes com dizeres sobre as qualidades do carro. Para o filme dos ônibus, foram usados vários recursos que permitissem a inclinação. Segundo o diretor Renato Assad Filho, no início cogitou-se a possibilidade de o ônibus realmente andar inclinado. A idéia foi rejeitada quando se viu que o ponto de equilíbrio do ônibus resultava em um ângulo tão agudo que parecia mais ameaçador do que engraçado. A solução foi usar outros dois recursos. Em algumas cenas, quando se vê as pessoas dentro do ônibus olhando para fora, o veículo está percorrendo uma rampa. Quando as pessoas são vistas de fora, o ônibus está sendo erguido por um guindaste. Em nenhum dos casos as pessoas correm riscos. Ao todo, foram usados dois ônibus, multiplicados em pósprodução com alterações de cor. O ângulo resultante do içamento do ônibus foi utilizado também em pós-produção para servir como 26

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referência nas cenas finais, em que vários ônibus andam em linha reta e vão se inclinando, um após o outro. Esse trabalho foi todo feito no Flame. Nessa cena, a pós-produção também ajudou a compor o cenário, com o acréscimo de alguns prédios no fundo. No caso do filme da estrada, a primeira opção também foi a de criar painéis reais, a serem instalados na pista, para que os carros os atravessassem. O problema é que a produção não tinha como prever o resultado. “Para serem rasgados, os painéis tinham de ser de papel. Mas não tínhamos controle de como o papel rasgaria e nem sabíamos se iria resistir ao vento”, explica o diretor. Por isso, a opção final foi a de criar maquetes do carro e dos cartazes. Os carros foram feitos em azul e o fundo em verde. Um mecanismo fazia com que os carros se movimentassem em velocidade proporcional e rasgassem o cartaz. Na pós-produção, o conjunto foi substituído. Para filmar os carros, foram usados sempre duas câmeras, uma sobre o tripé ao lado da estrada e outra em uma grua, instalada em um caminhão e movimentada por camremote. Para as cenas internas, com os detalhes do painel do carro, foi utilizada uma lente Fraser, com a câmera instalada em um grip que permitia a filmagem do carro em movimento. F I C H A

T É C N I C A

Título “Duas Rodas” e “Estrada” Cliente Renault Produto Clio 2000 Agência Ammirati Puris Lintas Produtora Side Cinema Direção Renato Assad Filho Fotografia Ronny Dana Efeitos mecânicos Shiyozi Izuno e Júlio Aires Telecine Casablanca Montagem Sergio Marcelino Finalização Casablanca

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frutas fofas

A laranjinha em seu momento de glória.

A experiência de Ricardo Carvalho, o Gordo, na direção da campanha de Mamíferos da Parmalat serviu de referência para a diretora Dainara Toffoli na criação das frutinhas que estrelam a campanha de Santál. O espírito é o mesmo: crianças pequenas com fantasias que pegam a mãe direto no coração, como define um dos criadores, Pedro Cappeletti. O punch do filme está na trilha, cuja letra foi criada por Nizan Guanaes e musicada pela MC. Em ritmo bem alegre, mostra que a mais nova fruta a entrar para o time da Santál é a laranja, que é a grande estrela do filme. Para representar o controle de qualidade da marca, a música cita que a laranja foi aprovada no vestibular. “Partimos da experiência do Gordo com as crianças, mas as fantasias dos mamíferos já existiam. No caso das frutas, tivemos de desenvolver todo o figurino desde o princípio”, conta Dainara. Da mesma forma, as crianças foram escolhidas de acordo com o perfil da fruta. “O abacaxi tem um cabelo punk, a japonesinha é a maçã e a negra é o cacho de uvas”, completa. As fantasias foram construídas de espuma revestida com lycra e pintadas. O processo todo foi feito de acordo com as imposições das crianças. “Se estavam cansados, parávamos. Não tem como enganar. O ritmo é imposto por eles”, afirma a diretora. Para a composição do cenário, feito


Fichas técnicas de c o m e r c i a i s

frutas fofas

perseguição

em estúdio e complementado na pósprodução, foram usados tons de verde, sempre com motivos de folhas. “Nossa intenção não era a de compor um cenário naturalista, uma reprodução de floresta. Quisemos dar destaque para as frutas”, explica. Havia a opção de incluir cenas do produto e, segundo a diretora, o receio era o de quebrar a unidade do filme. A continuidade foi garantida com uma moldura em primeiro plano e cenas do suco de laranja na seqüência das cenas da laranjinha, que representa o produto. Em seu momento de glória, a personagem aparece de óculos escuros, dentro de estrelinhas que foram compostas em computação gráfica. “Assim como para o fundo do cenário, fizemos vários testes até chegar, novamente, ao verde, que dá o destaque adequado aos personagens”, acrescenta. Foram criadas 11 fantasias, mas só para a laranja foram feitas quatro. O trabalho exigiu a participação de 15 aderecistas e levou cerca de 45 dias, desde o briefing até a aprovação. Algumas cenas consumiram mais horas de pós-produção, já que as crianças foram filmadas individualmente. Em uma delas, as frutinhas estão em fila e vão saindo, cada uma para um lado. Na cena final também foi preciso recortar cada criança e remontá-la sobre o mesmo fundo. F I C H A

www.telaviva.com.br

T É C N I C A

Título Frutinhas Cliente Parmalat Produto Santál Agência DM9DDB Criação Nizan Guanaes e Pedro Cappeletti Produtora Cia. Ilustrada Direção Dainara Toffoli Fotografia Ralph Strelow Telecine Casablanca Montagem Rogério Alves Trilha MCR Finalização Cia. Ilustrada/Casablanca

Mistério e espionagem em busca da calça jeans.

A Santista voltou à mídia com esse filme, criado e produzido pela Miksom e que marca a estréia de Paulo Suplicy na criação de um comercial. “Sou diretor de criação da casa, onde temos a possibilidade de desenvolver trabalhos muito diferentes, desde eventos até vídeos institucionais, mas nunca tinha chegado a criar um filme. Como já trabalhamos para o cliente há muito tempo e eles estavam sem agência, confiaram a nós todo o trabalho”, conta Suplicy. O filme tem uma linguagem muito rápida, com um clima de mistério e espionagem. Imagens aéreas de São Paulo, trabalhadas com grafismos que imitam um radar, mostram que alguém está sendo procurado. Quando a pessoa é encontrada, a câmera desce em um zoom ultrarápido até focar em uma mulher, vestindo calças jeans. Na mesma hora, uma rede de espiões instaladas em prédios aciona um agente, que aborda a mulher e a leva para dentro de um prédio moderno. A moça vai para uma sala fechada, onde tira a calça, que é inspecionada pelos agentes. Só então se vê que o novo produto, o Indiblue, tem a impressão de autenticidade no avesso e a moça é, por fim, liberada. As imagens foram captadas no centro de São Paulo, em pontos como

o edifício Martinelli e a Bolsa de Valores. O zoom parte do helicóptero, passa para o heliponto e desce até o chão. Apenas dois cortes interrompem a trajetória da câmera, mas é como se fosse um movimento único. As imagens aéreas foram tomadas a partir do helicóptero e as demais foram feitas com câmeras adaptadas a gruas. A grua instalada em cima do edifício Martinelli tinha 15 metros de comprimento e, com o auxílio da lente zoom, foi possível percorrer toda a altura do prédio. “Poderíamos ter feito o trabalho em computação gráfica, criando até um plano seqüência, mas preferimos o realismo das locações. Nas imagens aéreas, você vê até alguns prédios feios, mas a trama de espionagem exigia esse realismo”, conta o criador. A segunda parte do filme, que se passa no interior do prédio, foi feita no World Trade Center, que só permite filmagens à noite. O desafio, nesse caso, era o de criar continuidade de luz entre os planos internos e externos. “Toda a luz foi preparada pelo diretor de fotografia desde o princípio. Nem pensamos em trabalhar na pós-produção, pois queríamos o realismo e o ritmo nas cenas”, diz. Esse ritmo é realmente alucinante: o filme tem 38 planos diferentes em 30 segundos. F I C H A

T É C N I C A

Título Indiblue Cliente Santista Produto Jeans Indiblue Agência Miksom Criação Paulo Suplicy Produtora Miksom Direção Sergio Mesquita Fotografia Ule Telecine Casablanca Montagem Macá Trilha Banda Sonora Efeitos digitais e Finalização Laruccia Digital Effects

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l e g i s l a ç ã o Paulo Boccato

MAIS PROGRAMAÇÃO REGIONAL A legislação dos editais para a outorga de concessões confere pontuação máxima a emissoras que tiverem cinco horas diárias de programação local. Porém, a viabilidade comercial da proposta é polêmica.

Os recentes editais para a outorga de concessões de serviços de radiodifusão no Brasil trazem uma questão que pode gerar dificuldades práticas para os concessionários vencedores. Além de alguns pontos juridicamente contestáveis no sistema de pontuação da Proposta Técnica, as futuras emissoras terão de cumprir uma grade mínima de programação regional que, em alguns casos, pode chegar a cinco horas diárias. No edital padrão divulgado pelo Ministério das Comunicações,

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os percentuais de programação considerados para a classificação das propostas técnicas são os itens que geram maior controvérsia. Para conquistar a pontuação máxima (100 pontos), a proposta deve conter 24 horas de tempo diário de programação, com 12% desse tempo destinado a programas jornalísticos, educativos e informativos de caráter geral, 12% para serviço noticioso, 10% para programas da mesma espécie produzidos e gerados na localidade da execução do serviço, além de um prazo de nove meses para iniciar a operação em caráter definitivo e o fato de que nenhum de seu sócios, dirigentes ou acionistas com direito a voto, participem de outros serviços da mesma espécie, em qualquer parte do Brasil. São excluídos, na avaliação desses percentuais, os tempos fixados pelo Decreto 52.795, de 31 de outubro de 1963, que reservam um mínimo diário de 5% do total da programação para transmissão de serviço noticioso e cinco horas semanais de programas educacionais, além de um máximo de 25% para a

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publicidade comercial. Traduzindo em números as exigências dos editais, uma emissora com a pontuação máxima, utilizando seu maior potencial de publicidade (seis horas por dia), terá obrigatoriamente duas horas e 24 minutos diários de programação local, mais cerca de sete horas de noticiosos e programas jornalísticos, educativos e informativos, além de uma média de 48 minutos diários de programas educacionais. Como as redes oferecem menos de cinco horas diárias de programas nas categorias exigidas, a emissora teria de suprir a diferença localmente, aumentando a participação da produção regional para uma média de cinco horas ao dia na grade de programação. Nas quatros maiores redes de TV brasileiras (Globo, SBT, Bandeirantes e Record), o tempo disponibilizado pela grade para programação regional não chega a esse número (ver box). A realidade das redes, portanto, teria de mudar bastante para permitir tamanho recorte em suas grades nacionais e incorporar novas afiliadas. Para Antônio Athayde, diretor geral de programação da Rede Bandeirantes, o grande desafio seria operacionalizar as mudanças. “O desafio de operar uma rede de televisão no Brasil é compatibilizar as necessidades de programação de mercados como os de São Paulo, Rio de Janeiro ou Porto Alegre com aqueles de cidades como Palmas, Santarém, Montes Claros ou Erechim. Não só sob o ponto de vista publicitário, mas também na ótica dos hábitos da população de cada cidade. Existe uma tendência mundial das redes de televisão de dar mais espaços à programação local. O problema é como fazê-lo”, opina.

(in)viabilidade Do ponto de vista jurídico, a obrigatoriedade de declarar o número de outorgas explorado pela proponente para efeito de pontuação fere o Artigo 3º, § 1º,


h or á rios dispon í veis

“Produzir tamanha As principais redes de TV do Brasil abrem os seguintes horários quantidade de (*) para a inserção de programas regionais: programas locais é inviável, pois Globo aumentaria muito segunda a sexta..... 6h45-7h15; 12h00-12h50; 18h50-19h05 nossos custos. sábado ................... 12:00-12:50; 13:50-16:00; 18h50-19h05 domingo ................ 07:00-07:30 + uma hora após “Sai de baixo” Nós fazemos programas SBT basicamente segunda a sexta..... 07:00-08:00; 12:00-14:00; 18:45-19:00 jornalísticos sábado.................... 07:00-09:00; 18:45-19:00 e eles são domingo.................. 09:00-11:00 possíveis graças Bandeirantes a um trabalho segunda a sexta..... 12:30-15:00; 19:00-19:30 conjunto com sábado.................... início da programação até 12:00; 19:00outras emissoras 19:30 do interior do domingo.................. início da programação até 11:00 estado. O que Record viabiliza nossa segunda a sexta..... 12:00-14:00 + 20 minutos durante operação é o o “Cidade alerta” trabalho em rede”, afirma * Esses horários podem ter leves alterações conforme a região Adenison inciso I, da Lei 8.666/93, a Lei Silveira, gerente das Licitações, por ser critério de programação geral da TV Bahia, impertinente para avaliação, além afiliada da Globo que conta com de dispor mais do que estabelece seis emissoras no estado nordestino. o Artigo 12 do Decreto-Lei 236/67, “Não digo que seria impossível, sobre o limite de concessões ou mas a realidade dos anunciantes permissões para cada entidade. Além locais é bem diferente. Mesmo com disso, as categorias de programas a condição de comercialização dos com programação mínima exigida programas regionais totalmente não são definidas em nenhuma lotada, como é o nosso caso, seria legislação existente, nem nos um tanto difícil ampliarmos nossa editais, nem no Decreto nº 2.108, participação, porque o custo de de 24/12/1996, que lançou as novas produção hoje é altíssimo”, conta Luís normas para reabrir os processos de Calmon, diretor de programação da outorga. De acordo com a Lei das TV Aratu, afiliada do SBT na Bahia. Licitações, norma que rege qualquer Para o diretor operacional da TV processo do tipo, os critérios para Bandeirantes gaúcha, Jorge Sead julgamento das propostas devem Júnior, a situação é diferente. “Em ser claros e objetivos. termos de mercado, a programação Por outro lado, se analisadas do ponto local é a que mais vende. Hoje, de vista operacional, as exigências de temos em nossa emissora cerca de programação mínima preconizadas quatro horas diárias de programas pelas normas atuais, também geram regionais, durante a semana, polêmica “É sempre possível produzir chegando a cinco horas e meia programação local. A questão é a aos sábados. Para aumentar essa qualidade dessa programação. Um produção, só precisaríamos de bom exemplo são as televisões pequenos ajustes”, aposta. comunitárias e universitárias que a lei Sead afirma que não vê problemas do cabo viabilizou e que, mesmo nos em relação a abertura das grandes centros, têm uma dificuldade redes, “pelo menos, no caso da enorme em preencher as horas que Bandeirantes, que dá muito lhe são destinadas”, diz Athayde. espaço para o local”.

Já Jesiel Bruno, gerente de programação da TV Brasil Oeste, afiliada da Band em Cuiabá, considera a falta de espaço no horário nobre o maior problema. “As redes não podem abrir mão desse espaço comercial, o que se torna a nossa principal dificuldade. Os horários para os programas regionais são os que atraem menor clientela. Se tivéssemos maior abertura à noite, a situação poderia ser diferente e conseguiríamos manter mais programas no ar”, opina. Para Antônio Athayde, “o que trás faturamento publicitário não é programação local ou de rede, é a audiência. Há mercados e programações locais em que a audiência é maior quando se fala de assuntos que interessam de perto o telespectador. Nestes casos, sempre haverá interesse em espaços locais.”

in medio virtus Um dos projetos de lei que tramitam no Congresso coloca justamente a questão do horário nobre. O Senador Antero de Barros (PSDB-MT) propõe a abertura de duas horas diárias para programação local no horário nobre, entre 18h00 e 22h00, onde está o filé mignon do faturamento publicitário (leia a entrevista com o senador na página 20 e consulte o site www.telaviva.com.br para saber os custos de inserção publicitária dos principais programas de rede e dos principais programas locais das emissoras citadas). Barros trabalhou no projeto da TV Gazeta, de Cuiabá, que surgiu em 1993 como afiliada da CNT e hoje está ligada à Rede Record. Diélcio Moreira, diretor de programação da TV, coloca a questão em termos práticos. “Quando montamos a TV Gazeta, tínhamos a perspectiva de romper com o modelo das grandes redes, que são muito fechadas, com pouco espaço para programação regional. Esse modelo,

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comercialmente, só interessa à Rede Globo, que tem uma programação nacional muito forte, e talvez ao SBT”, conta. A partir dessa idéia, a TV Gazeta montou um projeto que incluía cerca de seis horas diárias de programas locais, válido até os dias de hoje. Os programas, voltados essencialmente para a discussão dos problemas da comunidade e divulgação da cultura local, revezamse entre o primeiro e o segundo lugar de audiência. Apesar disso, a resposta comercial demorou a chegar. “Os anunciantes estavam muito acostumados com o modelo tradicional, por isso levamos cerca de cinco anos para começar a lucrar com a produção local. Hoje, eles percebem que temos uma audiência bastante qualificada, com uma segmentação interessante”, diz Moreira. O diretor da TV Gazeta exemplifica com o programa “Revista da manhã”, com três horas de duração e segundo lugar de audiência. “Nesse horário, o líder de audiência é um programa infantil, enquanto nós falamos basicamente para um público de donas-de-casa. Então, em termos de perfil de consumo, nosso programa dá maiores possibilidades de retorno ao anunciante”, aposta. “Em relação à rede, também não temos problemas com a abertura de uma grade maior do que o padrão. Quando migramos para a Record, já tínhamos essa programação estruturada e a cabeça-de-rede percebeu que a resposta comercial seria muito melhor mantendo-a no ar”, conta. Sobre o projeto de lei do excolega, Moreira coloca algumas questões. “A programação do horário nobre tem um caráter diferente, mais voltado para o entretenimento, com programas de auditório e teledramaturgia. Para produzir programas desse tipo, dificilmente teríamos estrutura e profissionais de criação suficientes”, opina. “Não há condições econômicas

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para construção de cenários, contratação de profissionais, roteiristas, diretores. Teríamos de reestruturar todo o funcionamento da emissora para entrar no horário nobre em condições viáveis”, diz Calmon, da TV Aratu. Para Silveira, da TV Bahia, a participação local nesse horário é fundamental, mas em proporções pequenas. “A Rede Globo teve essa visão quando deslocou o jornal regional para o intervalo entre a novela das seis e das sete, pois percebeu que a grande audiência do telejornal faria crescer o número de telespectadores da segunda novela. Mas se tivéssemos de ampliar nossa participação no horário, teríamos de ampliar o telejornalismo, já que seria

inviável produzir outro tipo de programa”, diz. Na visão de Athayde, representante de uma das quatro grandes redes, “o conjunto de medidas propostas alteraria profundamente o panorama da televisão brasileira. O público das grandes capitais sentiria menos o efeito da obrigatoriedade da programação local, principalmente em horário nobre. Já os pequenos mercados teriam nesse horário uma modificação completa no que se vê na telinha.” E conclui: “Um resultado comum a todas as redes seria um aumento brutal de custos e um quadro de concorrência bem interessante, se as duas horas no horário nobre fossem programadas ao bel prazer de cada rede.”

A VIDA sem novela Carlos Eduardo Zanatta

O senador por Mato Grosso Antero Paes de Barros é radialista e jornalista. Foi um dos diretores da TV Gazeta de Cuiabá e secretário de comunicação do governo de seu estado no primeiro mandato do governador Dante de Oliveira. Barros foi deputado na Constituinte.

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Hoje é filiado do PSDB mas já foi do MDB, do PT e do PDT. Assumiu a cadeira no Senado a partir deste ano e vem apresentando projetos que têm causado muita discussão. É dele o projeto que reserva um percentual de vagas nas universidades públicas aos estudantes oriundos das escolas públicas. Na área de comunicação, o senador reapresentou um projeto que determina que 50% do horário nobre nas emissoras de rádio e televisão deverá ser destinado à produção da própria emissora. O projeto foi elaborado logo depois da promulgação da Constituição em 1988. Como não foi reeleito para a legislatura seguinte, o projeto foi arquivado. Tela Viva: Qual a sua motivação para apresentar este


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projeto?

“O projeto estabelece

Senador Antero de Barros: Sou jornalista e radialista, formado na prática, sem haver freqüentado escola superior de jornalismo. Militei na imprensa de Cuiabá. Fui diretor artístico da TV Gazeta de Cuiabá em 1994, onde montamos uma grade com dez horas de programas produzidos por nós. A emissora, na época, era filiada à CNT e, na disputa pela audiência, optamos pela programação local. Atualmente, a emissora é filiada à Rede Record, mas mantém oito horas diárias de programação local com uma aceitação excelente. Em alguns horários, a Gazeta disputa com a TV Centro América (afiliada da Globo), e ganha. No horário das 11 ao meiodia ela ganha das outras somadas.

falamos “o rio entsxêu”. E agora nós andamos puxando o “s” como os cariocas. Está acontecendo um massacre cultural. Pode ser que num determinado momento a Globo faça uma belíssima novela sobre o Mato Grosso, mas isso não resolve.

TV: Quais são as características do projeto?

TV: E isso também estimularia a criação de empregos?

AB: O projeto estabelece que 50% da programação no horário nobre de rádio e televisão tem de ser produzido pela emissora local. O projeto define como horário nobre o período que vai das 6h00 às 18h00 para o rádio e das 18h00 às 22h00 para a televisão. O objetivo é defender a cultura regional. Se não for assim, vamos acabar ficando com a cultura do Rio e de São Paulo. Quero manter a diversidade cultural. Em Cuiabá, temos um linguajar próprio. Por exemplo,

que 50% da programação no horário nobre de rádio e televisão tem de ser produzido pela emissora local.”

AB: Haverá um processo de geração de empregos. Na TV Gazeta, por exemplo, foram criados muito mais empregos do que na TV Centro América, que tem pequena programação local. Nas emissoras de rádio a situação é mais grave. Em Cuiabá, temos cinco emissoras de rádio AM e nenhuma delas emprega mais do que duas pessoas para fazer a sonoplastia. As FM são a mesma coisa,

porque estão ligadas às redes nacionais como a Jovem Pan, por exemplo. Todas as emissoras AM pertencem a evangélicos e transmitem programas religiosos 24 horas. Não é essa a finalidade do rádio. Este rádio não está gerando absolutamente nada para a sociedade. O cristão também tem direito à informação. Se é importante para ele orar, tudo bem, mas é importante também saber o que está acontecendo em Kosovo, ou o bormbardeio da Rússia na Chechênia... Num mundo de globalização, não dá para ter só oração. Pode existir emissora evangélica, mas que ela tenha uma possibilidade de gerar informação para a sociedade. Se o meu projeto for aprovado, vai aumentar o nível de informação e também vai proporcionar concorrência entre o empresariado local. Quem for mais competente terá mais audiência e com isso você vai valorizar o profissional. TV: O seu projeto pega o coração da transmissão da rede. No caso da Globo, por exemplo, está pegando três novelas e o “Jornal Nacional”. Isso vai ter de ser dividido no meio, para a apresentação da programação local?

AB: Exatamente. Eu quero a programação local num bom

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horário. Não quero que ela seja transmitida às duas horas da madrugada. Num mundo globalizado, temos de dar atenção ao todo, mas não podemos perder o valor da aldeia. O público tem o direito de receber informações do seu local. TV: Seu projeto não inviabilizaria a sustentação da rede nacional?

AB: É claro que não. O projeto é viável. São apenas duas horas, em 24 horas de programação. Ao contrário, a produção local vai valorizar as redes que tiverem maior identidade com suas regiões. A Globo, que hoje zela pela melhor qualidade de produção no país, vai colocar o seu pessoal orientando a produção local, fazendo com que ela seja a melhor. Ela vai descobrir nos estados produções espetaculares, que poderão ser levadas à audiência nacional num segundo momento. TV: O projeto atingiria a todas as emissoras, independente do tamanho da cidade?

AB: Sim. Todas as geradoras de rádio e televisão. TV: O senhor considera viável em termos econômicos a realização de duas horas diárias de programação no horário nobre da televisão?

AB: Sim. Eu acredito que na prática este horário deverá ser ocupado basicamente por programação jornalística. Para se fazer jornalismo sério que discuta os problemas locais e coloque na televisão a vida da cidade não é preciso muito dinheiro. E com certeza haverá disputa pela audiência local e os patrocinadores se interessarão. Tenho observado que mesmo se trabalhando com equipamentos simples é possível realizar um bom trabalho. 34

“ Acredito que as outorgas não devem mais passar pelo Congresso. Mas as renovações continuariam a ser aprovadas pelos parlamentares.” TV: Na Região Amazônica existem as microgeradoras que só poderão produzir programação local até maio. Qual é o futuro para delas?

AB: Na minha opinião estas emissoras devem ser regularizadas. Devem ser abertas as concorrências para estas localidades e quem ganhar, leva. É preciso lembrar que os canais utilizados por estas retransmissoras são canais provisórios. TV: Os empresários que hoje operam as retransmissoras vão participar em condições de igualdade com os outros que entrarem na licitação?

AB: Lógico. Em absoluta igualdade e transparência. TV: Mas sem dar nenhum prêmio para o empresário que abriu a fronteira para instalar uma televisão?

AB: Você pode ter absoluta certeza de que estes empresários hoje já estão inteiramente premiados. Diga alguém que é da Amazônia brasileira. Isso tem de mudar. Eu falo de cátedra, porque eu conheço todos os donos. Noventa por cento dessas retransmissoras foram dadas para políticos. E isso é proibido pela Constituição. Houve tráfego de influência. Eu não posso defender uma situação como essa. Prefiro que venha alguém

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que goste de comunicação, que veja a comunicação como uma oportunidade de gerar negócios, empregos e prestar serviços e não com a possibilidade de gerar votos e de deturpar a informação de acordo com interesses políticos. Isso não é democrático. TV: Como ex-deputado Constituinte, como vê a não implementação do dispositivo constitucional que previa o Conselho de Comunicação Social?

AB: Algumas coisas são utópicas. Aqui no Senado, por exemplo, eu tenho votado a favor das outorgas, que são resultado da concorrência feita pelo ministério. Eu acho que o Congresso não pode influir nisso e deve aprovar. Por isso, acredito que as outorgas não devem mais passar pelo Congresso Nacional. Mas as renovações teriam de continuar a ser aprovadas pelos parlamentares. E neste caso entraria o Conselho de Comunicação para ajudar no processo. Veja só que atualmente a Constituição é inteiramente desrespeitada. Este caso que eu relatei de 24 horas de orações evangélicas é proibido pela lei, porque faltam programas jornalísticos. É essa fiscalização que o Congresso deixa de fazer. Os congressista vêm discutindo geração de empregos e devem fazer isso também nesta área. O empresário tem direito de buscar o máximo lucro, mas não pode se utilizar de uma concessão de serviço público sacrificando o livre trânsito da informação. TV: O senhor acredita que este projeto pode ser aprovado no Congresso?

AB: Sei que tenho contra mim as redes de televisão, mas acredito na importância do projeto. O que eu quero é discutir a questão e encontrar uma fórmula de fazer existir a programação local com qualidade para valorizar a cultura regional.


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p r o d u ç ã o

FILMANDO EM HDTV Os dois últimos episódios do seriado “Mulher” foram captados em HDTV. Para o diretor do programa, o processo de trabalho no novo formato está mais próximo do cinema do que do vídeo convencional.

A Rede Globo apresentou, no dia 7 de dezembro, o último episódio do seriado “Mulher”, totalmente gravado com as câmeras de high definition television (HDTV). Para o diretor geral do programa, José Alvarenga Jr., o termo correto não é “gravado”, mas “filmado”. Apesar do novo sistema captação continuar sendo o vídeo, o trabalho todo foi feito como se a imagem fosse ser impressa em película. O seriado “Mulher” foi uma das experiências do núcleo de cinema da emissora e desde a sua concepção foi criado para ser captado em cinema. Por isso, cenários e figurinos, além do

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próprio processo de trabalho, foram desenvolvidos para essa mídia. No início de 1999, os orçamentos apertaram e a Globo passou a gravar em vídeo, mas manteve a estrutura anterior. Mesmo usando câmeras Beta digital, as lentes, por exemplo, eram fixas como as de cinema, ao contrário das tradicionais lentes zoom das câmeras de vídeo, e a equipe chegou a incluir um foquista para controlar o foco. Essas lentes já pertenciam ao kit da câmera de HDTV e foram mantidas na filmagem dos dois últimos episódios da série. O resultado, para Alvarenga, estava dentro do previsto e foi bastante aplaudido. “Recebemos várias cartas comentando a qualidade dos últimos episódios. Prevíamos um ganho de qualidade de imagem de 12% e atingimos nossa meta e isso representa um avanço muito grande”, afirma. As principais diferenças entre os dois sistemas está no número de linhas que compõem a imagem. Enquanto o vídeo convencional forma imagens de 525 linhas, a HDTV trabalha com 1.920 pixels por 1.080 linhas de resolução. O tamanho da tela aproxima ainda mais o novo sistema do cinema, pois a proporção da TV normal é de

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4:3, contra 16:9 da HDTV. Justamente por essa diferença na largura é que o processo de gravação sofre sérias modificações. “Aconteceu o mesmo no cinema quando surgiu o cinemascope: tínhamos de tomar cuidado com o que era colocado nos cantos do quadro e com a marcação precisa dos atores. Temos de levar em conta que os aparelhos convencionais de TV ainda vão existir por muito tempo”, explica o diretor. Apesar de a equipe trabalhar com duas câmeras, cada uma foi utilizada em um estúdio, com gravações paralelas. Portanto, todo o mis-ènscene foi preparado para o uso de uma única câmera. “Nossa equipe é de cinema e viemos para realizar esse trabalho em película, portanto não alteramos muito o processo. Mas precisamos fazer uma preparação mais forte dos atores para a gravação ter mais fluência”, comenta. Em relação ao vídeo convencional, o sistema mantém algumas limitações mas tem ganhos significativos. Segundo Alvarenga, cores muito vivas como o vermelho e contrastes profundos, com extremos de preto e branco, ainda continuam resultando em imagens sofríveis. A nova tecnologia, porém, já reduz bastante os efeitos de moirèe, ou seja, aqueles batimentos resultantes do conflito entre as linhas da imagem de TV e outras listras existentes na imagem. Também oferece muito mais meios tons do que o vídeo comum e exige um parque de luz menor do que o cinema.

padrões próprios A experiência da Globo com o novo formato foi o pontapé inicial para outros projetos. O sistema só tinha sido usado até agora experimentalmente, em gravações de futebol e Carnaval. A próxima meta é a gravação da minissérie “A invenção do Brasil”, do núcleo


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p r o d u ç ã o

a discussão está se concentrando na textura da imagem. Para os americanos, o negativo sempre foi muito barato, então eles estão só vêem o HDTV como um upgrade do vídeo, enquanto nós, do Terceiro Mundo, procuramos uma alternativa para o cinema.” Por causa dessa divergência, a equipe técnica da Globo vem procurando melhorar a qualidade da captação das imagens, enquanto os americanos, que já tem equipamentos de finalização em

de Guel Arraes. As imagens serão captadas a partir de parâmetros já testados e aprovados com os episódios de “Mulher”. Alvarenga explica que a tecnologia é tão nova que nem mesmo os norte-americanos desenvolveram standards que possam nortear os demais produtores. Ele acredita que exista uma diferença básica de concepção quanto ao caráter dessa tecnologia entre Estados Unidos e Brasil. “Estive no laboratório da Sony, em Los Angeles, onde

f icha téc n ica Idéia original J.B. de Oliveira Sobrinho Criação Antonio Calmon, Elizabeth Jhin, Daniel Filho Coordenação de Texto Antonio Calmon, Álvaro Ramos Direção Geral José Alvarenga Jr. Direção de Fotografia José Tadeu Ribeiro, Sérgio Marini Figurino Ellen Milet Cenografia Fernando Schmidt, Érika Lovisi Produção de Arte Moa Batsow Câmera Ricardo Fuentes, Paulo Violeta Som Direto Zezé D’Alice, Rainer Ouzonof Efeitos Especiais James Rothman Maquiagem Elizabeth Fairbanks Coordenação de Produção Gustavo Nielebock, Silvana Gabbardo Equipe de Produção Rita Carvalho, Edson Souza, Gabriela Pellicano, Sidne Fernandes Assistente de Direção Ricardo Favilla, Luciana Oliveira Prod. Elenco Ciça Castello Continuísta Fernanda Borges

Maquinista Jovercyr Souza (Voodoo) Eletricista Olívio de Lima Direção de Pós-Produção José Carlos Pieri Edição Paulo H. Farias Trilha Sonora Guilherme Dias Gomes Direção Musical Mariozinho Rocha Mixagem Final Octavio Lacerda Efeitos Sonoros Simone Petrillo Edição de Som Direto Alexandre Reis Abertura Hans Donner, Alexandre Pit Ribeiro Pesquisa de Texto Marília Garcia Coordenação de Texto Leandra Pires Assessoria Médica Drs. Tatiana Sampaio, Malcolm Montgomery, Cíntia C. De Castro, Tereza Cristina Lopes Machado Bibliografia Mulher, O Negro do Mundo, de Malcolm Montgomery; Menstruação, A Sangria Inútil, de Elsimar Coutinho; Só para Mulheres, de Sônia Hirsch Produção de Engenharia Celso Araújo Gerente de Produção Anna Barroso Diretor de Produção Eduardo Figueira

HDTV, tentam melhorar as imagens na pós-produção. “Nós abrimos as câmeras e alteramos os parâmetros internos, da mesma forma que fizemos com as câmeras de vídeo convencionais. Isso assusta os americanos, mas fizemos tudo a partir de conceitos de engenharia. Apresentamos para a Sony, que aprovou a qualidade”, diz o diretor. As emissoras que estão migrando para a tecnologia de HDTV nos Estados Unidos já têm à disposição ilhas de edição completas, com todos os efeitos. No caso da Globo, as imagens foram transpostas para beta digital antes da edição, que se baseou principalmente em corte seco. A nova tecnologia começa agora a firmar seus passos. Além dos equipamentos de edição, nos Estados Unidos as principais emissoras de TV já começaram a transmitir em HDTV e os aparelhos estão sendo vendidos por preços a partir de US$ 4 mil. “Estão sendo criadas as ‘jurisprudências’ e a tecnologia já começa a se espalhar. Tudo está por ser desenvolvido e cada passo é o ponto de partida para outras ousadias. Mas, para nós, o conceito é o de criar a ilusão do cinema, filmando e não gravando.”

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Lizandra de Almeida


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programação regional Paulo Boccato

Bahia As emissoras de TV do maior e mais populoso estado da Região Nordeste, a Bahia, vivem uma situação peculiar nesta época do ano. Motivadas pelas inúmeras festas populares ocorridas durante o verão baiano, essas emissoras montam esquemas especiais de transmissão para acompanhar a agitação que culmina em um dos mais concorridos carnavais do país. Algumas delas têm programas e projetos só para a temporada de verão. Neste ano, a programação regional ainda é ampliada pelas comemorações dos 500 anos do Descobrimento, que têm nesse estado o seu epicentro. Toda essa situação tem uma explicação: o investimento publicitário aumenta consideravelmente no período, fazendo da Bahia uma das regiões com maiores possibilidades de retorno para os anunciantes durante o verão brasileiro. Estimase que os negócios com turismo cheguem a movimentar cerca de US$ 530 milhões em todo o estado na alta estação. Em 1999, a cobertura televisiva do carnaval praticamente dobrou em relação ao ano anterior, chegando a mais de 160 horas de programação, com 276 diferentes anunciantes, segundo a Emtursa. Pelos cálculos da mesma empresa, o anunciante que mais investiu no carnaval passado atingiu um benefício de 163% em relação ao valor do investimento e a média de exposição dos dez maiores anunciantes superou uma hora de merchandising na TV. Para este ano, a tendência é que esses números aumentem. 40

Com cerca de 12,8 milhões de habitantes (7,9% do total do país) espalhados por 415 municípios, a Bahia é hoje o sexto maior mercado consumidor do Brasil. Segundo o Anuário Mídia Dados 99, o estado atinge um índice de 5,9% do potencial de consumo brasileiro, contando com 2,4 milhões de domicílios com TV (75% dos domicílios do estado). Suas emissoras de TV têm ainda outra peculiaridade: muitas delas já transmitiram, em diferentes épocas, a programação nacional de diferentes redes.

troca-troca A TV Bahia, afiliada da Rede Globo desde meados de 1987, foi criada em 1985 como parte da Rede Manchete. Nessa época, a Globo era transmitida pela TV Aratu que, criada em 1969, foi Globo de 1977 a 87. De lá para cá, a Aratu passou pela Manchete (87-95), CNT (95-97) e, atualmente, está ligada à rede do SBT. Outra emissora do SBT no estado, a TV Sul Bahia, de Teixeira de Freitas, criada em 1996, foi Rede Manchete durante um ano. A TV Itapoan, no ar há 39 anos, já foi SBT e, em 1997, passou para a Record. Outra emissora, a TV Cabrália, de Itabuna, com 12 anos de existência, já passou pelas redes Manchete, SBT, Record e já foi cabeça-de-rede da Rede Família. Atualmente, transmite parte da programação da emisora de cunho evangélico também ligada à Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo, mas em breve deve se tornar uma rede independente, a Rede Cabrália, com emissoras em várias cidades do Norte e Nordeste. Das grandes

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redes nacionais, a única que se mantém estável no mesmo canal é a Bandeirantes, ocupando o canal 7 de Salvador desde sua criação, em 1981. CNT e Rede TV! não têm, atualmente, nenhuma emissora na Bahia. A Rede Bahia conta com o maior número de geradoras no estado. Além da emissora central, em Salvador (com alcance de 176 municípios e 6,9 milhões de habitantes), a rede regional tem emissoras em Feira de Santana (TV Subaé, com 17 municípios e 740 mil habitantes), Barreiras (TV Oeste, com 21 municípios e 500 mil habitantes), Itabuna (TV Santa Cruz, com 57 municípios e 1,7 milhão de habitantes), Juazeiro (TV Norte, com 28 municípios e 950 mil habitantes) e Vitória da Conquista (TV Sudoeste, com 73 municípios e 1,8 milhão de habitantes). Cerca de 98% da população baiana é alcançada pela programação das emissoras da Rede Bahia. Sua programação local, como costuma ocorrer com as afiliadas da Globo, é centrada no telejornalismo. São produzidos o “Jornal da manhã” (uma espécie de “Bom dia Bahia”), o “Bahia meio-dia”, o bloco local do “Globo esporte”, o noturno “BA TV” e o dominical “Bahia rural”. Além destes, a TV conta com os boletins do “Bahia agora”, distribuídos ao longo da programação diária, e o novo “Rede Bahia revista”, aos sábados, pautado, a cada semana do mês, em um diferente tema: Turismo; Agricultura e Economia Rural; Empresas e Empreendimentos, e Cultura, História da Bahia e Esporte. As emissoras do interior transmitem basicamente a mesma programação, mas têm departamentos de jornalismo e comerciais próprios. Todas elas geram, localmente, os dois últimos blocos do “Bahia meio-dia” e do “BA TV”. As TVs Subaé, Santa Cruz


Horário dos programas regionais www.telaviva.co m . b r e Sudoeste têm, ainda, uma revista própria, intitulada “Canal aberto”, no caso da primeira, e “Somos nós”, nas duas últimas. Esses programas são exibidos aos sábados, logo após o “Rede Bahia revista”. Para a temporada de verão, a TV Bahia apresenta também alguns projetos especiais em sua programação, transmitindo todas as festividades locais e contando com um esquema para 25 horas de cobertura ao vivo durante os quatro dias do carnaval. A programação é ampliada com os shows e eventos esportivos do “Projeto verão”, que ocorre desde novembro até o mês de março, e a “Caminhada axé”, que marcou a abertura do verão baiano. Os esquemas especiais de transmissão voltam a ser mobilizados no período junino, com o projeto “Arraiá da capitá”.

sbt A TV Aratu, afiliada do SBT, também fortalece sua programação local durante o verão. Com alcance de 5,9 milhões de habitantes (46% do estado) e 57 municípios, a emissora assiste a uma fase de crescimento de sua audiência, após um período de queda desde que se desvinculara da Rede Globo. No último ano, a TV Aratu teve um crescimento de 54% no número de espectadores e os programas da rede chegam a picos de 39 pontos de audiência. Sua grade normal é ocupada por duas edições diárias do telejornal “Aratu notícias”, pelos boletins “Aratu arte”, uma agenda cultural, e “Aratu serviços” e pelo programa de variedades e prestação de serviços “Aratu e você”, apresentado pelo ex-deputado Murilo Leite, além de dois programas de produção independente, o diário esportivo “No campo do 4” e o semanal “Di moda”, exibido aos sábados, com dicas de moda e comportamento. Para o verão, além das coberturas especiais realizadas nas festas de Conceição da Praia e Bom Jesus (em

dezembro) e Senhor do Bonfim e Iemanjá (em janeiro), a Aratu fará uma cobertura ampla do carnaval baiano, que inclui a comercialização dos programetes “Vinhetas melhores momentos”, a serem exibidas em março, e “Papo show carnaval”, especiais com a participação dos telespectadores que mostram variedades, serviços de orientação, shows de axé music e entrevistas com convidados VIP. Estão em exibição também as vinhetas do “Helicóptero do galinho” (símbolo da emissora), “Dicas do galinho”, voltada para os turistas, no ar até fevereiro, e “Dicas do carnaval”, com informações sobre os pontos quentes da folia. Para completar, a emissora produziu uma série de oito programas de dois minutos em comemoração aos 500 anos, em exibição desde dezembro último até o final do mês de abril. Chamados de “Brasil verão 500 Anos”, terão 160 veiculações no período e seu formato sempre relaciona uma personagem histórica baiana, como Gregório de Mattos, Castro Alves, Glauber Rocha e Rui Barbosa, aos depoimentos de uma personalidade atual, como Gilberto Gil, Caetano Veloso e políticos locais. Outra emissora do SBT na Bahia, a TV Sul Bahia atinge, a partir de Teixeira de Freitas, todo o extremo sul do estado, com alcance de 400 mil habitantes e dez municípios, entre eles Eunápolis e Porto Seguro. Com programação local produzida em S-VHS, transmite os locais “TJ Sul Bahia”, telejornal noturno, “Gente da terra”, programa semanal de cultura e variedades com três meses de existência, a “Missa de domingo”, além de programas de diferentes religiões exibidos nas manhãs de terças e quintas sob o nome genérico de “Momento de louvor”. Freqüentemente, a emissora conta com blocos locais no diário “Notícias agrícolas”, produção independente da Olivídeo, de Campinas, que passa por uma

reedição para melhor se adequar aos interesses do público da região.

bandeirantes A Rede Bandeirantes chega a 212 municípios baianos, com uma população total de 9,6 milhões de habitantes ou 75% do estado. Desses totais, 178 municípios e 8,8 milhões de habitantes são alcançados pela TV Bandeirantes de Salvador, ficando o restante para a cobertura do BandSat, com a programação da rede. A Band tem uma programação regional bastante ampla. De produção própria, exibe os jornalísticos diários “Jogo aberto”, matutino com entrevistas e participação do público apresentado pelo ex-deputado Mário Kertez; “Band cidade”, hard news noturno; a versão local do “Esporte total”, com comentários do ex-craque Bobô; e o programa de variedades “Conversa franca”, apresentado por Marcelo Nonato, que ocupa parte das tardes com entrevistas e serviços nas áreas de cultura, saúde, educação, política e direitos do consumidor. Nos finais de semana, a emissora apresenta alguns programas veiculados a partir da compra de horário, como “Automóvel & cia”, “Liqüida show” e “Bingão”, além da co-produção “TV auto”, que apresenta novidades das indústrias de moto e auto. De produção própria, são veiculados o “Agitação”, voltado para o público jovem, com muito esporte radical; “Visão social”, programa de espiritismo que, ao contrário do que se poderia esperar, segue a linha kardecista e não aborda o lado afro; “Michelle Marie”, colunismo social apresentado pela viúva de Luís Eduardo Magalhães; “Prato da casa”, de culinária; e “Passaporte”, com matérias de turismo nacional e internacional. A grade é completada por vários programas religiosos na madrugada. A Bandeirantes

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local conta com equipes fixas dedicadas exclusivamente a abastecer os programas da rede nas áreas de esporte, jornalismo e no “Dia-a-dia revista”, onde tem participação expressiva, só perdendo para as praças de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Monta ainda transmissões especiais de jogos de futebol da dupla Ba-Vi nos campeonatos nacionais e, em parceria com equipes da cabeça-de-rede, tem transmitido regularmente temporadas do programa “H” direto de Salvador, além de participações ao vivo no esportivo “Super técnico”. Há planos de ampliar o esquema de temporadas locais do “H” para outros programas da rede, como o de Sílvia Poppovic. Para a temporada de verão, a Band também está preparada para acompanhar todas as festividades baianas, além de programar a transmissão de 40 horas ao vivo durante o carnaval; três vezes ao dia, a emissora veicula uma série de programas de um minuto sobre curiosidades, personagens e fatos históricos do Brasil, na série especial “Brasil 500 anos”, no ar até o próximo mês de abril.

record A TV Itapoan, ligada à Record, aparece em 228 municípios da Bahia, atingindo 75% da população do estado (9,6 milhões de habitantes). Sua programação local privilegia o telejornalismo, com os diários “Balanço geral”, num formato semelhante ao “Cidade alerta” da rede, “Telesporte” e “Informe Bahia”, jornalístico mais tradicional. O diário “Coisas da vida” tem participação do público por telefone e aborda assuntos variados, com consultas a médicos, psicólogos, advogados e assistentes sociais convidados. A mais recente estréia da emissora, ocorrida em 18 de dezembro, é o semanal “Minha terra”, resultado de uma parceria da Itapoan com prefeituras do interior do estado, que mostra,

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a cada programa, aspectos culturais e turísticos de uma cidade baiana. Também resultado de uma parceria, desta vez com a Secretaria Estadual da Saúde, é o “Mulher é pra se cuidar”, veiculado aos domingos. Completam a grade local os independentes “Poupa ganha”, de sorteios, e “Imóvel & cia.”, no estilo varejão.

GERADORAS - BAHIA cidade emissora CABEÇA-DE-REDE canal Barreiras Oeste

Globo

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Feira de Santana

Subaé

Globo

10

Itabuna

Santa Cruz

Globo

04

Itabuna

Cabrália

-

07

Juazeiro Norte

Globo

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Salvador

Educativa

-

02

Salvador

Aratu

SBT

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Salvador Itapoan Record

05

Salvador

Bandeirantes

Bandeirantes

07

Salvador

Bahia

Globo

11

Teixeira de Freitas Sul Bahia

SBT

05

Vitória da Conquista Sudoeste

Globo

05

educativa A TV Educativa de Salvador é a segunda emissora do estado, após a TV Bahia, a contar com um sistema da transmissão digital, com uplink para um canal de satélite. Atinge, por isso, um total de 226 municípios e sete milhões de habitantes (55% da Bahia), com 150 estações retransmissoras. Com o sistema totalmente implantado, a expectativa é chegar a 350 municípios. A grande atração de sua programação regional é o “Especial TVE Bahia”, programas temáticos que abordam aspectos culturais, sociais, turísticos, políticos e econômicos do estado. Com uma hora de duração, conta com duas edições distintas por semana, aos sábados e domingos. Alguns programas são retransmitidos posteriormente pela Rede Nacional de TVs Educativas, na série “Documento nordeste”. A programação diária apresenta o matutino “Economia & política”, com entrevistas ao vivo, as variedades do “TV revista”, e o jornalístico “TVE notícias”. Completando o segmento local, aparecem a edição regional do “Cartão verde” e a transmissão dos shows musicais de sexta-feira na concha acústica do Teatro Carlos Gomes, no programa “Sua nota é um show”, além do religioso “Chão e paz”, produzido pela Arquidiocese de

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Salvador, único independente da grade da emissora.

diferente A única TV de capital privado da Bahia não ligada às grandes redes nacionais é a TV Cabrália, de Itabuna. Com alcance de 30 municípios, incluindo a Grande Salvador, Ilhéus e Vitória da Conquista, atinge cerca de 3,9 milhões de habitantes (30% do estado). Com um grande número de programas de doutrinação religiosa em sua grade, a TV Cabrália completa sua programação com jornalísticos de produção local produzidos em Beta, produções da Rede Família feitas em Limeira e Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, desenhos e outros enlatados americanos, além de reprises de novelas da Record. Os programas de produção da emissora são o matutino “Cabrália bom dia”, com entrevistas e notícias comentadas, “Bahia urgente”, que tem, entre seus apresentadores, o deputado federal Reginaldo Germano (PFL-BA), da bancada evangélica, “Jornal do meio dia”, “Cabrália esportiva” e o indefectível Ratinho local, o polêmico Gerdan Rosário, com o bombástico “Alerta total”.


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