Revista Tela Viva - 98 Outubro de 2000

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Nº98 outubro 2000 www.telaviva.com.br

CINEMA DIGITAL

Uma saída para a produção no Brasil?

ibc aponta tendências para o broadcasting

redes de tv BUSCAM lucrar com a internet


N達o disponivel


w w w . t e l a v i v a . c o m . b r

@

EDITORIAL

E ste símbolo liga você aos serviços Tela V iva na Internet.

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José Gregori, enquanto secretário de direitos humanos, quase implorou para que as emissoras de TV estabelecessem regras para coibir a baixaria da TV. Algumas chegaram até a esboçar uma autoregulamentação interna. Mas nada foi efetivamente apresentado ao então secretário. Promovido a ministro da Justiça, o defensor dos direitos humanos deu o troco. Baixou em 8 de setembro passado a Portaria nº 796 que classifica e estabelece horários para exibição de programas. A medida está baseada na Constituição, mas mesmo assim vem suscitando polêmica na mídia. O maior problema ao se censurar o conteúdo de filmes de programas de TV está nos conceitos empregados pelos classificadores. Os conceitos de violência, prática de atos sexuais e desvirtuamento dos valores éticos e morais são muito amplos. Até hoje há divergências homéricas nas respostas dos pais quando os filhos perguntam repentinamente: “O que é sexo?”. Mostrar mulher pelada antes das 22 horas não pode. Mas, e se essa mulher for uma índia, pode? Sexo entre insetos, a que horas pode ser exibido? Ou sexo entre insetos não é sexo? É realmente difícil saber. A classificação é necessária, mas não deveria ser restritiva. Cabe à família resolver o tipo de educação e o nível de informação que deseja dar aos seus filhos. Ao governo cabe dar condições de educação para que o cidadão tenha liberdade de escolher o que julgar melhor. O precedente é perigoso à liberdade de expressão conseguida a tão duras penas. Não se sabe o que meia dúzia de funcionários do Ministério da Justiça poderão julgar impróprio daqui para a frente. Informação sim, e sempre. Censura nunca mais!

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Edylita Falgetano

Ô Guia Tela V iva Ô Fichas técnicas de com e r c i a i s Ô Edições anteriores da T e l a V i v a Ô Legislação do audiovis u a l Ô Programação regional Í N DICE

SCANNER

CAPA

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CINEMA DIGITAL NO BRASIL

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IBC

Tendências do mundo INTERATIVO

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INTERNET

Sinergia entre TV e web

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MAKING OF

30

PROGRAMAÇÃO REGIONAL

Maranhão

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TELEVISÃO

TV Gazeta de Alagoas

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PRODUÇÃO

Reality shows

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EQUIPAMENTOS

AGENDa

Lentes para alta definição


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CARGO NOVO Roberto Franco deixou a Diretoria de Operações da Rede Record para assumir a recém-criada Vice-presidência Executiva da rede de emissoras. O bispo Honorilton Gonçalves e Dermeval Gonçalves mantêm-se respectivamente nos cargos de presidente executivo e superintendente da Rede Record. O engenheiro Wander de Castro é o atual diretor de operações, no lugar de Franco.

MESMA LÍNGUA

Pelo quinto ano consecutivo, a TV

tipo de material, de latas a pneus,

Modelo, afiliada da Rede Globo em

madeiras e móveis, foram recolhidos.

Bauru, no oeste paulista, realizou a

O objetivo é sensibilizar a comunidade

campanha Semana da Faxina. O projeto foi desenvolvido em parceria com as prefeituras das cidades onde a

EXPERI  NCIA EM BROADCAST A empresa BarcoNet, que atua no segmento de telecomunicações, vem reestruturando seus quadros e recentemente ampliou sua equipe. O reforço na área de broadcast e telecomunicações veio com a contratação de Álvaro Dias, que assume a gerência regional de vendas da empresa.

para o problema do lixo, mostrando as conseqüências

campanha foi realizada e com o apoio

de seu depósito irregular. Além de

de entidades defensoras da cidadania.

Bauru, participaram os municípios

A campanha consiste na organização

de Marília, Lins, Jaú, Ourinhos,

de um mutirão de limpeza nas cidades,

Quatá, Tabatinga, Santa Cruz do Rio

realizado de 11 a 15 de setembro. Todo

Pardo e Lençóis Paulista.

REI NA REDE

Fotos: Divulgação

A produtora de áudio Sam Studio investiu na contratação de um atendimento “musical”. Daniel Ekizian, que já trabalhou com Jorginho Minassian na produtora, foi o escolhido para complementar o departamento de atendimento, ao lado do próprio Jorginho e Roberta Daniel Ekizian Palmari, e aproximar a criação das trilhas das necessidades dos criativos das agências. Ultimamente, Daniel vinha trabalhando na captação de recursos para projetos audiovisuais na Net Filmes e na Grifa Cinematográfica

TV CIDADÃ

O “rei” Roberto Carlos afirmou mais uma vez sua parceria com a Rede Globo, lançando seu site no portal Globo.com e renovando seu contrato pelos próximos três anos. O projeto prevê a volta de Roberto aos palcos neste fim de ano, juntamente com o lançamento

É PRIMAVERA Até há pouco tempo, a rede de varejo Besni anunciava em mídia eletrônica apenas em datas comemorativas, com promoções e ofertas. Atualmente, a agência Adag vem criando filmes também para o lançamento de coleções. Com a entrada da primavera, foi ao ar o filme produzido pela Movi&Art e dirigido por Christiano Metri. Tendo o centro de São Paulo como cenário, o filme mostra pessoas sob uma chuva de pétalas, reforçando a mensagem institucional da marca.

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rural Desde o dia 9 de outubro a Rede Globo está veiculando o “Globo rural” diariamente. Com 15 minutos de duração, a nova versão do programa é exibida às 6h30 da manhã e traz informações de interesse para o meio rural. Esse é o primeiro telejornal diário transmitido em rede lançado pela emissora desde o “Bom dia Brasil”, em 1983.

SUPERPRODUÇÃO A produtora mineira Alterosa Cinevídeo teve de construir uma piscina de 40 m2 e 10 cm de profundidade para rodar a mais recente campanha da indústria de perfumes L’Acqua di Fiori. O filme foi feito para o lançamento do produto Vólgere e teve como estrela a atriz Maria Fernanda Cândido. Todo produzido e finalizado com o software Smoke pela Alterosa, o comercial foi dirigido por Marcelo Nepomuceno.


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CRIATIVIDADE REFORÇADA

FILME MINIMALISTA A nova campanha do plano de previdência privada Prever, da Unibanco Seguros, chama a atenção por seu minimalismo. Como o mote da campanha, criado por Joanna Soares, da W/Brasil, é “você despreocupado”, o filme mostra exatamente pessoas totalmente despreocupadas.

São três filmes e no primeiro, de 60 segundos, um rapaz passa quase o tempo todo tomando um sorvete. É um letreiro, no final, que explica que ele é um dentista e acabou de fazer o plano de previdência. A produção dos filmes é da ABA Filmes, com direção de Andres Bukowinski.

A agência Loducca tem dois novos integrantes na sua equipe de criação. O diretor de arte Rogério Lima já passou pela Almap/BBDO, Young & Rubicam e LewLara, tendo feito trabalhos para clientes como Banco Real, Ford, Pepsi, Bayer e Lacta. Rogério e Sérgio Já o redator Sérgio Gonçalves criou campanhas para Shell, Philco, Antarctica, Folha de São Paulo, Honda, Nestlé e Brastemp, em agências do porte de Young & Rubicam, Talent Bizz, DM9 e J.W. Thompson.

LICITAÇÃO PÚBLICA

Conforme vinha sendo anunciado, a TV Cultura publicou no Diário Oficial do dia 9 de setembro a convocação para as empresas interessadas em participar da concorrência para a administração de seu departamento comercial. Até o momento, a TV Cultura vinha trabalhando com a Connect, empresa de Marcos Amazonas que foi contratada em 1998 por “notória especialização”. A convocação avisa que a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da emissora, vai realizar no dia 6 de novembro próximo a contratação de “empresa para a prestação de serviços de planejamento e execução de marketing publicitário e colocação de espaços publicitários das emissoras da Rádio e Televisão Cultura”.

TRICÔ E VENENO Bastidores e fofocas sobre a vida de famosos estão cada vez mais na moda. Recentemente, a Editora Globo também entrou no mercado de publicações dessa linha com o lançamento da revista “Quem”. Para o seu lançamento, a revista contou com campanha da W/Brasil, que explora os bastidores de dois casais. Os filmes vão direto ao ponto: em um, a mulher faz questão de exibir seus novos seios, esculpidos a bisturi. Em outro, o casal está separado mas se reúne só para aparecer na revista. Para colocar no ar essas pérolas, a agência contou com a direção de atores de Julio Xavier, da Jota Xis Filmes.

MAIS VENDAS A Rede Mulher contratou um novo diretor comercial. É Pedro Abelha, que respondia pela gerência regional de vendas da Gazeta Mercantil em Brasília. Abelha já tinha em seu currículo passagem pela Rede Record e por agências de publicidade.

À CASA TORNA ALTA VELOCIDADE No dia 21 de setembro a gráfica Takano e a Casablanca Service Provider lançaram oficialmente a Takano On-Line, uma rede de comunicação em alta velocidade para os setores publicitário e cultural. Através de uma rede dedicada de recepção, transmissão e distribuição de serviços, a Takano On-Line visa facilitar a troca de informações e material entre seus usuários e ampliar a interatividade das duas empresas com seus clientes.

Gleidys Salvanha está de volta à equipe da W/Brasil, para assumir um dos grupos de mídia e cuidar de novos projetos de mídia on e off line. Gleidys tinha deixado a agência para dirigir a mídia da DPTO Propaganda e Marketing.

JINGLE BELLS O humorístico de Tom Cavalcante, “Megatom”, tem novo diretor. A supervisão agora é de Mário Lucio Vaz, diretor da Central Globo de Controle de Qualidade, já que Aloysio Legey passa a coordenar os especiais de fim de ano.

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NEW YORKER

ECLETISMO A jornalista e apresentadora Rosana Hermann é o novo reforço da equipe da Newconcepts, a divisão de planejamento estratégico do Grupo NewcommBates. O objetivo dessa equipe é detectar e inserir tendências do universo jornalístico e televisivo a projetos inovadores. Rosana atuava como apresentadora de TV, tendo deixado a Rede Record pouco tempo depois de se desentender com a diretoria da emissora. Seu currículo, porém, é dos mais ecléticos. Já foi publicitária, atuando como redatora da MPM e da Fischer & Justus, mas sua formação é de bacharel em Física pela USP e comunicação pela Faculdade Cásper Líbero. Na TV, trabalhou como roteirista de programas como “Domingão do Faustão”, “J. Silvestre” e “Sai de baixo” e até de novelas.

REFORÇO NO RIO O diretor Luciano Moura é o novo contratado da Academia de Filmes para atuar no Rio de Janeiro. Moura trabalhava para a 5.6, tendo passado também pelas produtoras cariocas Claquete, Mr. Magoo e Conspiração Filmes, desde que começou a dirigir filmes publicitários, em 1995.

SOTAQUE LUSITANO Foto: Gerson Gargalaka

Após quatro anos de trabalho na Video Systems, Sergio Constantino está deixando a Gerência da Divisão Broadcast da empresa e se transferindo para a Hitachi Denshi América, em Nova York, onde assume o cargo de gerente de vendas para América Latina. David Duarte dos Reis, Kazuyuki Tsurumaki Sergio Constantino e Nelson K. Komatsu darão continuidade aos assuntos da área de broadcast da Video Systems.

Começam no final de outubro as gravações da nova minissérie da Rede Globo, baseada no romance “Os maias”, de Eça de Queiroz. O roteiro está sendo elaborado por Maria Adelaide Amaral, terá cenografia de Mário Monteiro, figurinos de Beth Filipecki e produção de arte de Yurika Yamasaki. A direção será de Luiz Fernando Carvalho e já estão confirmados os nomes de Ana Paula Arósio e Fábio Assunção como protagonistas.

especialistas e estudiosos

Para subsidiar a equipe de produção, foram realizadas diversas palestras com

também foi buscar referências

SUPERSTARS A produtora Movi&Art contou com presenças ilustres na filmagem do comercial feito para a agência Guimarães por Ricardo Van Steen. O filme, criado para o portal Vento, foi protagonizado por Amyr Klink em seu veleiro Paratii. O diretor de fotografia é ninguém menos que Afonso Beato, o preferido de Almodóvar. Mas a captação das imagens foi feita pelo belga Emmanuel Previnaire, criador da flying cam e vencedor de um Oscar por sua contribuição ao cinema. A flying cam é um helicóptero de 1,5 m que voa por controle remoto e está equipado, em seu bico, com uma câmera 35 mm. Previnaire veio pessoalmente para operar o equipamento, em uma cena que mostra em vôo rasante as águas de Arraial do Cabo.

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do autor português, um dos grandes mestre do realismo em língua portuguesa, ao lado de Machado de Assis. Beatriz Berrini, doutora em Letras pela USP e a maior especialista no Brasil em Eça de Queirós; o jornalista Carlos Heitor Cony; o ensaísta Campos Matos e o historiador Nicolau Sevcenko foram as feras que participaram dos seminários oferecidos à equipe. O diretor em Portugal, em viagens a Sintra e ao Porto.

PREFER  NCIA MUNDIAL Segundo o relatório anual The Face of the Web, do Grupo Ipsos, instituto de pesquisa com filiais em 20 países, a TV e o videocassete ainda são os aparelhos mais presentes nas residências em todo o mundo. Mesmo com o rápido crescimento do número de computadores pessoais, eles ainda não alcançaram primeiro lugar nas residências. O receptor de televisão é o líder, com penetração em mais de 97% dos lares mundiais, seguido pelo videocassete, presente em 76% das casas. O PC doméstico, empatado com a TV a cabo, está na 5º posição, estando em 42% das residências mundiais. Em seguida, foram citados os videogames (30%) e a TV por satélite (20%), entre outros.


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MUDANÇAS NA GLOBO

Na sede paulista, foi admitida Rosana Dias para o cargo de diretora de relações externas. Sua função é a de zelar pelas relações da TV Globo com a imprensa. Marcos Milton Romano Pedrosa é o novo gerente de criação da Central Globo de Comunicação, assumindo a tarefa de redigir as peças publicitárias da emissora em parceria com o diretor de arte. Gil Mazziotti, ex-gerente de atendimento, tornou-se diretor de merchandising. Responde agora pelo planejamento e estabelecimento de diretrizes estratégicas e ações relacionadas ao cumprimento de metas e objetivos da Divisão de Merchandising.

TIME MAIOR Dois profissionais de peso foram contratados pelos Estúdios Mega para ampliar seu tima nas áreas de atendimento e marketing. Sandra Saraceni já passou pela Warner Bros. e deixa o parque temático Hopi Hari para assumir o marketing corporativo da pósprodutora. No início deste ano, ela complementou sua formação com um curso na Universidade da Califórnia (UCLA) e trabalhou na Nathalie Hoffman & Associates, empresa de advocacia e consultoria especializada em acordos internacionais relacionados à indústria de telecomunicações e entretenimento. Luiz Carlos Reis Filho foi diretor de RTVC da Z+G Grey por 17 anos e passa agora a prospectar novos negócios em agências e produtoras, além de atender os atuais clientes.

MINI ED Foto: Divulgação

Uma série de contratações foi feita na Rede Globo, tanto no Rio como em São Paulo. Vamos a elas:

Depois de algumas tentativas de trabalhar juntos, a parceria entre o cantor Ed Motta e o diretor Christiano Metri rendeu um dos mais divertidos clips do momento. O filme mistura diversas técnicas de animação e mobilizou uma equipe digna dos comerciais mais sofisticados. Só a equipe de produção reuniu 60 pessoas. Para a animação, 15 pessoas trabalharam, além de outras cinco na Casablanca, onde o clip foi finalizado em mais de 200 horas de pós-produção. A designer gráfica Erica Valente completou a equipe, desenvolvendo os grafismos e letterings. O clip dançante ainda traz um personagem encantador: um clone do cantor em animação, criado pela Cinema Animadores, que rivaliza com o Ed Motta real.

CONEXÃO DO NORTE A Telenor Norway, maior empresa norueguesa de telecomunicações, contratou os serviços da canadense PixStream Video Networking para fornecer soluções de vídeo digital para sua rede broadband. O sistema pretende integrar a televisão digital com a Internet de banda larga, oferecendo ao consumidor final uma transmissão de altíssima qualidade em TV em conjunto com o acesso rápido à web. Graças à capacidade do sistema da PixStream de fornecer sistemas adaptados a qualquer tipo de rede, a Telenor terá condições de oferecer uma ampla variedade de serviços ligados ao entretenimento. Recentemente, a PixStream foi comprada pela Cisco Systems.

DEGRAUS A MAIS Há dois anos associada ao Grupo Talent, a agência QG comemora o fato de ter ultrapassado já no primeiro semestre do ano a meta de atingir um faturamento de R$ 70 milhões em 2000. Sete novas contas foram incorporadas à carteira de clientes da agência neste período: Serrana, Drypers, Tetrapak, Lojas Arapuã, Dotz.com, Hospital São Luiz e Brasil Veículos, o que a fez atingir receita 180% maior do que em 1999.

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As mudanças expressivas no perfil da agência nestes dois anos levaram a uma reestruturação da equipe, que saltou de 40 para 80 funcionários. Isso incluiu também a abertura de um escritório no Rio de Janeiro, em março deste ano. Entre os novos contratados, está Carlos Righi, que vem para coordenar a equipe de criação da agência. Righi já atuou na Carillo Pastore, DPZ e Young & Rubicam e une aos quase 20 anos de experiência vários prêmios em sua estante.


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REALISMO NA TELINHA

Foto: Divulgação

Claudio Sampaio é o responsável por grande parte da ilusão criada nas novelas e minisséries da Rede Globo. Sua especialidade é a maquiagem de efeitos especiais, com a criação de próteses faciais e corporais e adereços. Sampaio, arquiteto formado pela USP, especializouse em maquiagens de Claudio Sampaio efeitos especiais na Complections, Canadá. Entre os trabalhos que integram seu currículo estão a criação do diabo da minissérie “O auto da compadecida”, os bebês cenográficos e as cenas de cirurgia do seriado “Mulher” e a maquiagem dos personagens de “A muralha”. A novidade, agora, é a caracterização de atores. Sampaio está desenvolvendo os personagens de Maurício de Sousa, como o Louco, o Capitão Feio e o Astronauta. O trabalho exige desde simples efeitos de maquiagem, como arranhões, até próteses complexas, criadas com moldes do ator, aplicação de espuma de látex, pintura e maquiagem. Além de Sampaio, outros oito especialistas integram a equipe.

ERRATA Na última edição (Tela Viva nº 97 setembro 2000), publicamos nota sobre a ida de Zeca Daniel para a equipe de finalização da 5.6. Zeca assumiu o posto de Flame artist, e não de chefe do departamento como noticiamos. Ao seu lado, há uma equipe formada por Ziza na coordenação, Cesar Soares na finalização, Roosevelt Garcia também operando o Flame e Marcelo Marques na central técnica.

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RETIFICAÇÃO Diferente do que foi publicado no Guia Tela Viva 2000, a AD Vídeo Tech, empresa especializada no desenvolvimento, implantação e treinamento de projetos voltados aos segmentos de televisão, produtoras e universidades que há dois anos estendeu as atividades para cursos, não trabalha com locação. A empresa ministra os seguintes cursos: • “Formação em Câmera”, que visa transmitir um panorama geral sobre o trabalho do câmera em diferentes gêneros audiovisuais, tem carga horária de 30 horas e uso exclusivo de câmeras digitais DVCPRO e Mini-DV. • “Edição não-linear”, que conta com carga horária de 20 horas e duas de laboratório, é ministrado com três estações Crypton completas para que o aluno, além de se especializar com o Première 5.1, possa fazer a captura de imagens e configurações da placa de captura. • “Iluminação”, que apesar de ser básico, utiliza fresnel, soft compact, mini luz, luz fria, difo-lite, minibrut, spot fresnel, fotômetro, gelatinas, filtros, rebatedores e outras técnicas, que proporcionam ao aluno uma boa noção da utilização da luz na produção de vídeo. A empresa lembrou também que nos cursos introdutórios são utilizadas câmeras S-VHS, não é necessário nenhum conhecimento especifico e, assim como nos outros cursos, há apostila para melhor acompanhamento.

PROGRAMAÇÃO REGIONAL Na coluna Programação Regional da edição de setembro de Tela Viva (nº 97) sobre as emissoras do Estado do Ceará, os formatos de produção usados pelas geradoras estão incorretos. Corrigimos abaixo o tipo de equipamento usado por cada uma das emissoras cearenses:

emissora

canal cabeça-de-rede jornalismo

produção

TV Jangadeiro 12 SBT DVCAM

DVCAM e Beta SP (série UVW)

TV Verdes Mares 10

DVCPRO

DVCPRO e Beta SP PRO

Betacam SP (série UVW)

Betacam SP

Globo

TV Cidade 8 Record

TV Ceará 5 Educativa DVCAM e DVCPRO25

DVCAM, DVCPRO25 e Betacam SP (série UVW)

TV Diário 22 - -

U-Matic, Beta SP e DVCPRO

Rede TV! 2 Rede TV!

-

Betacam SP (série UVW)

As linhas de equipamentos DVCAM, Beta SP, Betacam SP são da Sony e os equipamentos em DVCPRO foram adquiridos na Panasonic.

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ca p a Paulo Boccato

cinema digital, cinema novo Diretores e produtores apostam nos formatos digitais de captação como saída para a produção de cinema no Brasil.

O tempo, o estresse e os recursos gastos para viabilizar uma produção cinematográfica no Brasil pelo caminho “oficial” - leia-se Lei do Audiovisual - tornaram-se, nos últimos anos, o grande tormento na vida dos profissionais do setor. O excesso de burocracia de uma legislação feita por quem nunca pisou num set de filmagem tem tornado o cinema brasileiro um negócio cada vez mais voltado para corretores, contadores, auditores e intermediários financeiros de várias estirpes, e cada vez menos para produtores, diretores e cinegrafistas. Entre comissões, auditorias e taxas de administração, um filme brasileiro acaba custando, em média, 20% a mais do que deveria devido à

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legislação audiovisual do País, num mercado em que as possibilidades de retorno são mínimas e onde a demanda por novos projetos não pára de crescer. As novas tecnologias digitais que estão revolucionando, em diferentes níveis, os cinemas da Europa e dos Estados Unidos, começam a ser utilizadas por aqui como um caminho mais curto e menos dispendioso para se chegar às telas e podem representar uma alternativa viável para que o cinema brasileiro finalmente caminhe sem ter de arrastar o peso do Estado - ou ser arrastado por ele. Vários projetos, de diferentes tipos, já saíram do papel por obra e graça de uma tecnologia que promete, em alguns anos, sepultar definitivamente o barulhinho da câmera. “O cinema brasileiro estava se tornando uma coisa tão absurda, cara e demorada, que não estava dando mais para segurar. O digital vem abrir um novo caminho, que nos aproxima de um jeito mais ágil, mais espontâneo de filmar”, aposta Clélia Bessa, da carioca Raccord, empresa que tem trabalhado com vários dire-

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tores da face mais jovem do cinema brasileiro, como Paulo Caldas, Lírio Ferreira e Rosane Svartman, e atualmente co-produz, com a CaradeCão, o novo longa de Domingos de Oliveira. “Com essa história de ficar três anos captando, nós nunca vamos criar um mercado. O digital traz um meio para que mais pessoas realizem seus projetos, para que se crie um maior diálogo com o público”, diz Paulo César Saraceni, cineasta com mais de 40 anos na estrada e que já assistiu a várias revoluções tecnológicas, das câmeras Bolex aos gravadores Nagra. Seu último filme, o documentário “Banda de Ipanema”, em finalização, só foi possível graças ao digital. “A idéia surgiu como uma homenagem, logo após a morte do Albino Pinheiro, criador da banda, e fizemos tudo rapidamente. Em película, seria inviável”, conta Saraceni. Para o produtor Paulo Ribeiro, também proprietário da locadora de equipamentos Loc.All, digital e Internet caminham juntos para mudar o cenário da produção independente. “No momento em que o digital chegar definitivamente às


salas de projeção e a banda larga se popularizar, teremos um outro mercado, muito diferente deste que existe hoje. E, nesse mercado, muito mais gente terá acesso aos meios de produção”, especula Ribeiro, que acaba de produzir “Mater Dei”, longa de Vinícius Mainardi realizado de acordo com os preceitos do mundo digital - e que encara seriamente a Internet como mídia de veiculação. O filme foi rodado com uma câmera GY500, da JVC, com três CCDs de 1/2 polegada.

formatos Existem vários formatos de captação digital. Câmeras mini-DV amadoras, com custos que não ultrapassam os US$ 2 mil, limitam a qualidade de imagem, mas foram utilizadas em algumas cenas de filmes como “Festa de família”, do dinamarquês Thomas Vinterberg, e “Buena Vista Social Club”, do alemão Wim Wenders. As semiprofissionais, que podem ser compradas por até US$ 5 mil, têm qualidade bastante superior, pois trabalham com três CCDs (contra um CCD das amadoras). Equipamentos desse tipo foram utilizados em “Os idiotas”, de Lars von Trier. Na categoria de câmeras DV profissionais entram vários formatos e várias faixas de preço: DVCAM e DVCPRO (até US$ 15 mil), Digital S, DVCPRO 50 e Beta Digital (de US$ 20 mil a US$ 100 mil), entre outras. Em outro patamar, surgem as câmeras HD (alta definição), com custos bastante elevados e reservadas, por enquanto, às brincadeiras de gente grande como George Lucas. No Brasil, começam a chegar as primeiras câmeras HD para locação, mas o custo da diária ainda é superior ao da melhor câmera 35 mm disponível na praça. O mundo digital, porém, é democrático e permite também a captação de imagens de maneira

analógica - que são posteriormente digitalizadas para a finalização - como nos casos de “Time code 2000”, de Mike Figgis, feito com câmeras Beta standard mexidas que permitiam captação analógica e gravação digital, e “Cine Mambembe”, de Laís Bodanski, rodado em Hi-8. O sistema escolhido também faz diferença: os europeus estão na dianteira do cinema digital justamente por trabalhar em PAL, que, além de ter 100 linhas a mais de resolução vertical, operam a 25 quadros por segundo, número mais próximo dos 24 quadros do cinema que os 30 quadros do NTSC utilizado no resto do mundo - uma grande vantagem na hora de converter vídeo para película. Mas esse cenário também deve mudar com as novas câmeras 24P (24 quad-

A questão econômica é um fator importante na hora de escolher o formato, mas não pode ser descolada da linguagem do filme. ros progressivo - mesma velocidade do cinema e sem entrelace de linhas de resolução), por enquanto restritas ao formato HD - a chegada do 24P ao mundo das DVs é questão de (pouco) tempo. Os processos de transferência de vídeo para película também evoluem na mesma velocidade e, embora ainda sejam caros para os padrões brasileiros, devem baratear e, dependendo do tipo de produção, compensam pela economia feita nos custos de captação de imagem. A questão econômica é um fator importante na hora de escolher o formato, mas não pode ser descolada da linguagem do filme. Há

projetos, como o já citado “Banda de Ipanema”, que são evidentemente feitos para o cinema digital. Casos típicos são os filmes “Universos paralelos”, de Maurício Eça, e “2000 nordestes”, de Vicente Amorim e David França Mendes. Ambos são documentários e surgiram a partir de pesquisas feitas para longas de ficção. “Eu estava colhendo depoimentos para o roteiro de um longa sobre rappers, no bairro do Capão Redondo, em São Paulo, e percebi que tinha material para um outro filme, um documentário sobre a vida de todas estas pessoas que vivem em um mundo muito diferente do nosso. Daí surgiu o ‘Universos paralelos’”, conta Eça, cuja carreira inclui a direção de clips premiados dos Racionais MCs. Durante meses, Eça, acompanhado de sua irmã Maria Teresa e de um assistente, colheu depoimentos em Hi-8 e, posteriormente, em DVX1000. A etapa de captação está no fim e, na edição, o diretor pretende usar um Avid ou um Final Cut. “Quero misturar algum material de arquivo, como cenas de meus clips, que inclusive estão em 16 mm. Depois, fazer o blow-up eletrônico do material”, conta. Para essa etapa, Eça terá de batalhar no difícil mundo da captação de recursos, mas acredita que, com o material editado, o “caminho será mais fácil”.

dimensão digital A gênese do filme “2000 nordestes” é parecida. “Estávamos preparando uma viagem de pesquisas pelo Nordeste para um longa de ficção que pretendemos rodar ano que vem, intitulado ‘O caminho das nuvens’, e achamos que, viajando pelo sertão, iríamos cruzar lugares e encontrar pessoas que, por si só, dariam um outro filme”, explica Amorim. Uma câmera VX1000 e 40 fitas foram suficientes para que ele, Mendes e o diretor de fotografia Rodrigo Monte colhessem todo o material do documentário.

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“O equipamento era tão discreto que as pessoas nem estranhavam - aliás, estranhavam mais a nossa presença que a da própria câmera, algo impossível de acontecer se estivéssemos com todo aquele aparato do cinema tradicional”, lembra. Co-produzido pela LC Barreto e Tibet Filmes, o longa conseguiu um avanço de distribuição da Riofilme para o processo de transferência para 35 mm. Se no documentário as vantagens são óbvias, o uso do digital no filme de ficção tem outras implicações. “É um pouco complicado achar que com o digital basta pegar uma câmera e sair fazendo. Se você busca uma linguagem mais próxima do cinema, o uso do vídeo demanda muita pesquisa”, afirma Pompeu Aguiar, diretor de “Improviso nº 3”, rodado em Beta Digital e atualmente aguardando recursos para a finalização. Aguiar dirigiu o primeiro longa realizado em vídeo no País, “Elisa”, rodado em U-Matic, em 1983, com fotografia de Walter Carvalho. “Já existia a possibilidade técnica da kinescopia, tanto que Michelangelo Antonioni fez ‘O mistério de Oberwald’, em 1980, em vídeo e depois transferiu para cinema. Mas é claro que o avanço nesse setor traz novas possibilidades”, conta o diretor. O desafio é vencer as limitações do vídeo para uma fotografia mais elaborada - especialmente na questão do contraste. “Desde essa época, nós viemos pesquisando o uso da luz e da cor para dar um aspecto mais tridimensional à imagem do vídeo, tanto com o Carvalho quanto com o diretor de fotografia Flávio Ferreira, que fez meu último longa”, explica. Há filmes em que o digital - pelo menos em seus formatos não HD - não é recomendado. “Antes do ‘Mater Dei’, preparávamos um outro longa, baseado em um conto de Machado de Assis, que seria rodado na Amazônia. Esse filme teria de ser feito em película, porque, entre outras coisas, a imagem do

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vídeo certamente empastelaria por completo as seqüências rodadas na mata, já que não registra bem os volumes das folhagens”, diz o produtor Paulo Ribeiro. Mas os conceitos da realização cinematográfica ganham uma outra dimensão com o digital. O Dogma dinamarquês recolocou, acima de seu aspecto marketeiro, um foco na dramaturgia: os filmes podem ser tecnicamente sujos, mas seguram o espectador pela força do roteiro e das atuações. Para muitos, isso é o que importa. “A ditadura da fotografia no cinema brasileiro estava se tornando sangrenta. Era muito cansativo ver

A grande vantagem do cinema digital é a variedade de conceitos, estéticas e modos de produção que ela abrange. alguns fotógrafos achando que trabalhavam em filmes americanos e submetendo o resto da equipe a longas esperas para acertar luz. Adoro o cinemão americano, mas temos de fazer de outra forma. A alternativa é não fazer”, prega o cineasta Domingos de Oliveira, que já trabalhou o conceito de um set menos carregado, ainda em película, no seu longa anterior, “Amores”. Em seu novo projeto, “Separações”, cujas gravações se iniciam nas próximas semanas, Oliveira radicaliza - o diretor chegou a pensar em não contar nem com diretor de fotografia. “Mas cabeleireiro e maquiador, nem pensar. E o técnico de som tem de ser ótimo, porque eu quero trabalhar só com lapela sem fio - o boom é mais um elemento

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do cinema convencional para atrapalhar o trabalho do ator. Se é verdade que o digital permite todas essas facilidades, então é uma maravilha que eu não vejo a hora de experimentar”, diz Oliveira. Detalhe: o texto e o elenco de “Separações” já foram mais do que testados, com grande sucesso, em uma temporada teatral encerrada recentemente no Rio de Janeiro.

conceitos variados Talvez a grande vantagem do cinema digital seja essa variedade de conceitos, estéticas e modos de produção que ele abriga, rompendo o marasmo de um único jeito de fazer cinema que vinha predominando no Brasil nos últimos anos. Para filmes de grande produção, os formatos digitais podem ser úteis quando se necessita de muitos efeitos especiais e trucagens - muito mais fáceis e baratos de serem feitos digital do que opticamente. Para o cinema de baixo orçamento, os documentários e os filmes experimentais, o digital traça novos caminhos para se colocar os projetos “na lata” - ou melhor, “na fita”. “Temos de aproveitar o momento tecnológico e baixar nossos custos de realização”, defende Luiz Leitão, produtor executivo de “Separações” e sócio da CaradeCão. “O cinema brasileiro andava tão igual que, se você trocasse um rolo de um filme pelo de outro, muitos espectadores nem iam perceber”, ironiza Lúcio Aguiar, produtor executivo de “Improviso nº 3. “Esses formatos podem gerar um novo cinema, rompendo o establishment atual”, espera. “Tínhamos condições de fazer o filme com equipamentos mais sofisticados, mas quisemos levar adiante nosso projeto inicial de fazer cinema barato, porque queremos comprovar que esse modelo de produção pode ser financeiramente viável no Brasil”, conclui Paulo Ribeiro, produtor de “Mater Dei”.


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I B C Edylita Falgetano

BROADCASTING BIDIRECIONAL O IBC 2000, realizada em Amsterdã (Holanda) no mês passado, mostrou o clima europeu da transição das transmissões terrestres do analógico para o digital e explicitou o sentimento de que o importante para o negócio de distribuição de conteúdo eletrônico são as pontas. Meio de transmissão é mero detalhe.

O IBC 2000 contou com mais de 45 mil participantes este ano. Quase mil expositores ocuparam os 41 mil m2 destinados aos estandes no Amsterdã RAI Centre entre 8 e 12 de setembro, quando foi realizado o evento. Nos 11 halls destinados à feira, gigantes da indústria de TV, cinema e, por que não, da Internet, conviveram com pequenas empresas na disputa pela atenção dos participantes do evento que é realizado anualmente na Holanda. Enquanto os Estados Unidos 16

continuam enfrentando problemas na implantação das transmissões digitais terrestres, a transição na Europa parece acontecer num clima bem mais tranqüilo. No Reino Unido a DTT entrou no ar em novembro de 98. O sinal é distribuído pela ONdigital (leia box pág. 20), que subsidia o set-top box para o usuário. Até hoje apenas a Espanha, a Suécia e a Finlândia iniciaram as transmissões digitais. O sistema (DVB-T) é o mesmo, mas cada país busca seu próprio modelo de negócios, de acordo com as necessidades e características de cada um. A concorrência da DTT (Digital Terretrial Television) com as transmissões por cabo ou satélite e a disputa com a TV paga varia muito dentro da comunidade européia. Devido à forte presença da distribuição do sinal de TV via cabo e satélite tanto na Suécia quanto na

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Finlândia, os negócios não estão deslanchando como acontece na Inglaterra. A mesma situação deve ocorrer na Alemanha, que pretende iniciar as transmissões em 2001, onde a disputa com o cabo e satélite deverá ser ferrenha devido à alta incidência da recepção dos sinais de TV via os dois meios. Na França e na Itália, países com baixos índices de TV via cabo e satélite, os planos ainda estão indefinidos. São as TVs públicas - como a France Télévision (França), RAI (Itália), ARD e ZDF (Alemanha) - que demonstram maior predisposição em adotar a DTT, seguindo o exemplo da BBC (leia box pág. 18). As concorrentes privadas vêem na DTT apenas uma oportunidade no desenvolvimento de negócios, mas esbarram no financiamento dos investimentos necessários para disponibilizar os serviços, à exceção da Alemanha. A concorrência entre as TVs públicas e privadas tem novo componente: o T-commerce. A veiculação de anúncios é proibida nas emissoras bancadas pelo estado, deixando-as à margem dos comerciais que possibilitam vendas online. Um atrativo que as emissoras privadas podem dispor na briga pela audiência. É preciso lembrar que o cenário europeu de broadcasting difere dos moldes adotados nos Estados Unidos e no Brasil. As TVs públicas vivem das taxas arrecadadas pelo governo. Todo telespectador paga anualmente um tipo de imposto para receber os sinais de TV, proporcional ao meio escolhido (terrestre, cabo ou satélite). Além disso existem as TVs por assinatura, que oferecem um maior leque de opções de canais e serviços. No Velho Mundo, TV a cabo não é sinônimo de TV por assinatura, como entendemos no Brasil.

bidirecionalidade Até pouco tempo o broadcasting era unidirecional. Um passivo


telespectador se submetia aos setor está na capacidade horários fixos da grade de financeira das redes. A conversão e programação das emissoras. A implantação dos sistemas envolvem digitalização das transmissões grandes investimentos. terrestres, por cabo ou satélite A Carlton Televison está estreando proporcionou a oferta de serviços este mês em seu canal de DTT, interativos, video-on-demand, que cobre a área de Londres, um datacasting etc. e o modelo que as programa interativo para quem empresas vêm usando para essas acabou de se tornar mamãe ou transmissões bidirecionais papai. “Será uma série de dez está baseado na Internet. programas que serão exibidos TVs interativas não são propriamente semanalmente”, conta Jane uma novidade na Europa. Na Marshall, chefe executiva do França, por exemplo, a TPS e os Carlton Active. O projeto inclui Canal+ e Canal Satellite já oferecem a veiculação de comerciais o sistema via satélite interativos ao longo digital. As emissoras da programação. As emissoras estão apenas no A ONdigital testou a primeiro estágio veiculação de anúncios estão no primeiro da interatividade e em junho e julho deste estágio da ainda não se sabe ano. “Empresas como os limites para a Max Factor, por interatividade e estas transmissões exemplo, participaram bidirecionais. da iniciativa”, conta ainda não se sabe E, falar em TV Kieron Edwards, diretor os limites para interativa pode vir de plataforma interativa a ser em breve um da ONdigital. as transmissões pleonasmo. No final Os serviços interativos e do ano passado 25 de previsão do tempo, bidirecionais. milhões de pessoas videotexto e Internet no mundo tinham pela TV são acessados TV digital. pelo controle remoto do set-top Estima-se que em quatro anos esse box ou do receptor digital. Através número aumente para 200 milhões. de teclas coloridas e das setas, o A oferta de serviços aumenta usuário navega pela tela da TV. dia-a-dia e o grande desafio dos O DVB demonstrou na IBC 2000 operadores é definir como irão o funcionamento do padrão MHP disponibilizar tais serviços, pois (Multimedia Home Platform), precisam apresentar seus sistemas que foi ratificado pelo European de forma atrativa para o consumidor Telecommunications Standards (usuário) e a preços competitivos. Institute este ano, e fornece um API Tecnologia e criatividade não comum, para as plataformas de TV faltam para o setor. Empresas como interativa. Uma antena de recepção Microsoft TV, OpenTV, Canal+ de sinais de satélite, instalada no Technologies ou a Orca, por telhado do RAI Centre, captava exemplo, apresentam as ferramentas a programação alemã do Astra e para a execução e implantação usava uma Ethernet para o retorno. dos serviços interativos. Para essas Os set-top boxes eram da Panasonic empresas o meio de transmissão e da Philips e um receptor usado pelas emissoras é irrelevante. integrado da Sony. “O MHP permite Para o retorno, telefone e Internet fazer diferentes aplicações de são os caminhos utilizados para softwares, de diferentes fabricantes, garantir a interatividade. O foco de através de uma série de set-tops”, seus produtos é a facilidade com explica Peter MacAvock, diretor que o usuário trafega pelos executivo do Projeto DVB. serviços oferecidos. O gargalo do Os produtos compatíveis com

Engenharia Indústria e Comércio Ltda Avenida Olegário Maciel, 231 Lojas 101/104 Barra da Tijuca • Rio de Janeiro • RJ • 22621.200 Tel.: (21) 493.0125 • Fax: (21) 493.2595 www.phasenge.com.br • phase@phasenge.com.br

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o MHP devem estar no mercado no primeiro trimestre do próximo ano. Estão em desenvolvimento um Internet Profile para MHP e diversas aplicações para o padrão.

complementação Broadcasters, grupos de mídia e provedores de conteúdo estão às voltas com a broadband. A introdução dos serviços de vídeo em banda larga, considerada uma excelente oportunidade para faturar mais com seus negócios, vem sendo muito discutida e ansiosamente aguardada. Estima-se que 23 milhões de domicílios em todo o mundo serão assinantes de serviços de TV em DSL, até 2005. Diversas empresas estão desenvolvendo equipamentos, sistemas e aplicações para marcar presença no mundo emergente da broadband. A capacidade de compatibilizar a variedade de operações de broadcasting, media streaming

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BBC Para a TV pública da GrãBretanha, a BBC, a digitalização caiu como uma luva. Vários programas veiculados atualmente via terrestre já contam com serviços complementares e interativos. Um bom teste realizado pela emissora londrina foi a transmissão dos jogos de tênis de Wimbledon, no ano passado. Notícias, scores de partidas realizadas no mesmo horário e perfil dos jogadores puderam ser acessados pelos telespectadores durante as transmissões. A distribuição por satélite digital contou com um implemento: o usuário pôde escolher a que partida assistir do campeonato. Todo o conteúdo informativo é produzido por jornalistas.

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Um dos orgulho da emissora, bem nos moldes da produção inglesa, é o BBC Knowledge, que ao lado das imagens apresenta um texto explicativo e ainda lista uma série de informações adicionais como websites e eventos relativos ao tema do programa. O sucesso desse canal é o “Voyager” voltado para o público jovem. Pelo controle remoto é possível responder a uma série de questões propostas no fim do programa relacionadas aos tópicos apresentados, como ciências, artes, história etc. Dependendo do número de acertos, o usuário recebe uma senha especial com a qual pode acessar a Internet e explorar áreas restritas do site bbb.co.uk/voyager.


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ONdigital A ONdigital é o provedor de DTT na Grã-Bretanha. Atualmente conta com mais de 800 mil usuários e estima bater a casa de um milhão até o final deste ano. Carlton Communications e Granada Media Group, os dois maiores broadcasters do UK, são os acionistas da empresa criada em 97, após conseguirem a licença de operação. A ONdigital é uma empresa independente com suas próprias premissas e é considerada a primeira a distribuir os sinais digitais terrestres de multicanais e serviços interativos. Desde o início de setembro também passou a oferecer ao mercado serviços de Internet pela TV. O set-top box é subsidiado pela empresa e os serviços custam de £ 6,99 a £ 9,99 por mês (US$ 20 a US$ 30, aproximadamente). Os canais da ONdigital são enviados via fibra óptica da central de distribuição para o centro de multiplexação em Londres, onde as imagens são comprimidas e mixadas com áudio, legendas e serviços de dados. Os sinais são distribuídos para 81 retransmissoras no UK via fibra óptica, e daí transmitidos por canais em UHF. e formatos de arquivo em um mesmo sistema é de vital importância para os equipamentos de transmissão, distribuição, produção e para os modelos operacionais de programação dos próximos anos. A Omneon é uma das empresas que considera a banda larga o maior mercado para os seus sistemas de transmissão, produção e distribuição regional, que funcionam como “pontes” entre o broadcasting convencional e a Internet em broadband. Muitos fabricantes de equipamentos de baixo custo para produção e 20

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pós-produção enxergam a web como mercado mais promissor para seus produtos. Mas com o desenvolvimento do webcasting, grandes fornecedores estão voltando seus olhos para a Internet. Embora ainda exista muita controvérsia a respeito do assunto, o mercado não parece acreditar que a Internet irá substituir o broadcasting. A maioria aposta que serão mídias complementares e a banda larga irá implementar a interatividade da digitalização da TV, principalmente nas transmissões terrestres. Poucos acreditam que o modelo do broadcasting tradicional, isto é, audiência de massa, possa acabar. A crença é que o acesso à Internet de banda larga pela TV será o pontapé inicial ao processo de convergência entre a comunicação de massa e a personalizada. No estande do Canal+ Technologies estava sendo demonstrado o acesso à web pelos receptores de TV. Em parceria com a Wokup! foi desenvolvido um protótipo que permite o reaproveitamento do material da web e sua distribuição através de set-top boxes usando o novo formato XTVML. A navegação usando o HTML na TV também estava sendo apresentada. Nesse caso o material não precisa ser modificado e o sistema permite a transmissão de vídeo ao vivo. O IBC 2000 mostrou uma total convergência de produtos e serviços. Os fabricantes e fornecedores de equipamentos de transmissão produção e pósprodução para broadcasting e webcasting apresentaram suas soluções para um mundo interativo. A tendência apontada é que o faturamento no negócio audiovisual depende exclusivamente da produção de conteúdo. Por que meio ele vai chegar ao usuário é um mero detalhe. Qualquer que seja o modelo de negócio, ele tem à disposição ferramentas e equipamentos para todos os gostos e todos os bolsos.


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I N T E R N E T Ken Kerschbaumer

O ENCONTRO ENTRE

O E O

Velho

Novo

As redes de TV norteamericanas ainda não sabem exatamente como tirar proveito (financeiro) da Internet. No Brasil, a maior rede de TV começa a agregar conteúdo regional ao seu portal.

Copyright

Sempre que surgiu uma nova mídia, as grandes redes acabaram se envolvendo com sucesso. As redes de rádio deram origem às redes de televisão, e estas últimas a algumas redes de cabo. Mas a Internet, por tudo o que promete, coloca as grandes redes de TV e as empresas às quais elas pertencem num grande dilema: como uma empresa bem-sucedida num tipo de mídia pode repetir o mesmo sucesso em outra? Até agora, ninguém soube como responder isso. “As emissoras achavam que deveriam desempenhar o mesmo papel de uma rede, um mercado de massa, um conjunto de serviços com objetivos gerais, mas nenhuma conseguiu”, diz David Card, analista sênior da Jupiter Media Metrix. “A Internet é uma mídia diferente de

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qualquer outra. A questão é: como você usa o conteúdo que tem em outra mídia, lançando mão dos elementos da Internet, para criar uma experiência nova e atraente? Se você pegar a velha mídia e distribuí-la por um novo meio, não vai criar uma experiência atraente para o consumidor”, explica Dick Glover, vice-presidente executivo de Internet da ABC. A falta de uma experiência interessante resultou em momentos dolorosos para o conteúdo de TV na Internet. Um bom exemplo disso são os reveses sofridos pela NBC Internet (NBCi) desde o seu lançamento em novembro de 1999. A NBC tem uma participação de 39% na empresa, e desde que se tornou pública, suas ações chegaram ao valor de US$ 106. Atualmente, estão em cerca de US$ 8 cada. No primeiro semestre deste ano o faturamento totalizou US$ 60,6 milhões, contra os anteriores US$ 10,9 milhões. Mas o prejuízo líquido da empresa também aumentou de US$ 10,1 milhões para US$ 259 milhões. Os analistas não acharam boa idéia incorporar o Yahoo! e seu mecanismo de busca. Parece que os investidores também não.

participação contida As dificuldades da NBCi provocaram um efeito cascata em outras redes. A CBS adotou uma estratégia bastante conservadora em relação à Internet:

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só se movimentar se houver um bom modelo de negócio. “Ainda estamos analisando os ativos da companhia para saber qual é a melhor maneira de aplicar a nosso conteúdo, na Internet”, diz Dana McClintock, representante da CBS. Recentemente, a companhia anunciou que vai oferecer TV interativa com cerca de 500 horas de programação na WebTV, já na próxima temporada, mas ainda não tem uma estratégia ampla para a Internet. Nesse aspecto, os primórdios da Internet lembram os primórdios do cabo. Cada uma das redes tem participação minoritária em várias empresas de Internet, assim como tinham nas empresas ligadas ao cabo nos anos 1970. “A estratégia inicial da CBS foi permutar espaço publicitário por participação acionária em várias companhias. Foi uma ótima opção quando o mercado de ações estava em alta”, diz Card. Mas é importante lembrar que esses investimentos eram apenas isso, investimentos; não são nenhum indicativo das estratégias tanto em relação à própria Internet quanto à distribuição conteúdo de TV da empresa pela Internet. Então qual é a grande oportunidade? “A principal é ter um consumidor envolvido na sua frente, ao ponto de, com uma experiência publicitária interativa e atraente, induzir aquisições; e isso é um pote de ouro no fim do arco-íris”, Glover explica. O que todas as redes têm em comum é usar seus próprios web sites como uma ferramenta de marketing para seus conteúdos. E todas elas estão buscando novas formas de complementar esse conteúdo que colocam no ar pela TV. “Nosso foco é a produção de conteúdo e estamos despendendo esforços para construir nossos três principais domínios: Fox.com, FoxSports. com e FoxNews.com. Eles estão sendo concebidos como estúdios produtores de conteúdo não só para a web, mas olhando um pouco mais adiante do que outras redes”, explica Jordan Kurzweil, vice-presidente sênior de entreteni-


mento da Fox.com. Para Kurzweil, isso significa futuras incursões no conteúdo do wireless e da televisão avançada (Enhanced TV), algo que a ABC também vem buscando ativamente com seus programas “Monday night football” e “Who wants to be a millionaire”, na televisão avançada. “É uma grande oportunidade para se pensar além das páginas da web e dos banners publicitários. A News. Corp. está tão bem posicionada para distribuir conteúdo digital que até podemos pensar em programação convergente”, diz Kurzweil, animado.

sinergias Mas o aspecto que mais tem chamado a atenção nos planos das redes para a Internet tem sido os investimentos na construção de portais. A NBC está ocupada com o recentemente relançado portal da NBCi. A ABC passou recentemente por uma reformulação do portal Go.com, realizada pelo Walt Disney Internet Group. Quanto à CBS, seu investimento na iWon.com é de 38%. A atração pela criação de um portal é facilmente explicável, segundo Thomas Hartman, vice-presidente de vendas da Go.com. “Os portais são como a TV. São grandes sites publicitários e agregadores de audiência. Então somos basicamente muito parecidos com as redes no que se refere à agregação de audiência e distribuição de propaganda. A diferença reside em nossa capacidade de definir o perfil exato do usuário, algo que a TV não pode fazer.” Assim como a NBCi, também o Disney Internet Group precisou de reforço financeiro. Suas 52 semanas de alta chegaram a US$ 37 por ação, mas as ações estão valendo atualmente por volta de US$ 13. Os resultados do terceiro trimestre das operações de Internet mostraram que o faturamento subiu 39% em relação aos resultados do ano anterior, mas as perdas operacionais deste trimestre foram de US$ 83,2 milhões. O casamento de um portal e uma

rede de televisão permite inúmeras sinergias promocionais e comerciais. “O iWon é independente, mas com o apoio da CBS. Eles conseguiram espaço publicitário em outras empresas e também trabalhamos com eles para criar sinergias adicionais”, observa McClintock. Por enquanto, parece que a fórmula das redes é ter uma participação minoritária em uma empresa de Internet, como a iWon, e deixar que ela tome a frente na gestão do faturamento e operações. Bill Daugherty, fundador e co-CEO do iWon.com, valoriza muito a liderança da CBS por reconhecer que o mundo online é diferente da televisão. “O Yahoo! acertou em muitas coisas ao longo do ano, e uma das mais importantes foi ajustar o foco no usuário. Quando você navega pelo site, deve ter uma boa experiência. E desde o começo a CBS nos disse para fazer o que fosse melhor para a iWon e o nosso usuário. Assim, temos o melhor de cada um e por isso estamos bem estruturados e somos muito ágeis”, Daugherty acrescenta.

portais da esperança Mas alguns analistas acreditam que o jogo do portal já foi decido e que as redes que esperam competir de igual para igual com um Yahoo! estão fadadas ao fracasso. Em vez disso, uma estratégia mais direcionada as ajudaria a impulsionar o faturamento. “A estratégia de não competir com o Yahoo! é correta. Mas eles terão que executá-la. E não me parece que os portais estejam mais focados”, comenta Card. Além disso, para profissionais como

Kurzeil da Fox, a atividade do portal é um pouco limitada. “Se você enxergar a Internet apenas como páginas da web e banners publicitários e nada mais, então concordo que seja necessário ter um portal. Mas se considerarmos a web como um trampolim e acreditarmos na broadband como parte do nosso futuro e que o conteúdo transcenderá a página da web, então discordo. A nossa tendência é adotar essa última abordagem”, diz Kurzweil. Daugherty, porém, acredita que as redes possam extrair benefícios dos portais. “Se você tem um bom produto, vai chamar a atenção e atrair audiência. Mas, também, os próximos 50 milhões de pessoas que entrarem online, não terão as mesmas vantagens das que entraram primeiro. E elas querem um portal que concentre tudo num só lugar. Os bilhares de páginas da web acabam intimidando quem aderiu à revolução da Internet neste último ano.” Um ponto que as redes fazem questão de deixar claro é que, no universo da Internet, ninguém está concorrendo com outras redes de TV;

OS 10 MAIORES PORTAIS DOS EUA Sites

Visitantes individuais Alcance da mídia (em milhares) digital (%)

Total de portais 1. Yahoo* 2. MSN.com 3. AOL.com 4. Lycos.com* 5. Go.com (ABC) 6. Netscape.com 7. Excite* 8. iWon.com (CBS) 9. Infospace.com 10. Xoom.com (NBCi)

71.123 48.236 40.172 34.336 26.506 20.055 18.422 17.084 8.758 8.716 6.983

88,8% 60,2% 50,2% 42,9% 33.1% 25,0% 23,0% 21,3% 10,9% 10,9% 8,7% Fonte: Media Metrix

Nota: Classificações, visitantes e dados de alcance baseados no tráfego da Internet em julho de 2000. Tamanho da amostra: aproximadamente 55 mil indivíduos norte-americanos. Visitantes individuais: usuários que visitaram o site ao menos uma vez durante o mês. Alcance %: a porcentagem dos usuários projetados numa categoria de mercado que acessaram o site comparado ao total projetado de usuários da web naquele mês. *Representa uma agregação dos domínios de mesmo dono ou marca.

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é um universo extremamente amplo. “A vitória será obter mais receita por página visitada e atrair mais visitas por página”, diz Hartman. Ele acredita que o site Go.com fará sucesso agora que representará marcas da Disney como ABC, ESPN e Disney. Quando foi comprado pela Disney, o portal ganhou energia e promoções para passar por uma reformulação. Tem agora uma tela dividida que permite maiores oportunidades de publicidade e ao mesmo tempo concentra mais os resultados de busca. “O objetivo é criar um forte conexão com o usuário para a Walt Disney Co. na Internet. Temos grandes marcas que oferecerem ótimo conteúdo com seus próprios sites e como provedores de conteúdo para o portal. Se você imaginar o portal como um eixo, que alimenta o tráfego para nossos outros portais e agrega conteúdo dos nossos sites para o portal, é um ambiente bastante integrado”, afirma Hartman. Essa nova visão parece ter causado algum impacto sobre as vendas, segundo Glover da ABC. “Começamos a colher os resultados na última temporada, há algumas semanas. Pela primeira vez, conseguimos vender muito bem os pacotes online e no ar, e a razão disso é que estamos oferecendo mais valor ao anunciante, porque podemos oferecer um consumidor melhor.” Muito se fez com o modelo de negócios na Internet nos últimos meses, particularmente quando cada vez mais empresas da Internet se encontram financeiramente apertadas. As redes também estão se empenhando para competir num mercado cada vez mais fragmentado. Para as redes e suas respectivas empresas na Internet, o segredo é dar o próximo passo com firmeza, mas com muito cuidado. “Qualquer um que ficar muito acomodado no presente e não tiver projetos para crescer no futuro acabará tendo problemas nos negócios, mas esta é uma verdade ainda maior para as empresas de mídia”, adverte Glover. 26

portal nacional Edylita Falgetano e Davi Molinari

Os executivos do portal Globo.com e da Rede Globo estão fechando acordos com as afiliadas da rede de TV para colocar todo o conteúdo dos grupos regionais sob um mesmo guarda-chuva. Os primeiros portais regionais devem entrar no ar ainda este mês. A bem-sucedida estratégia de fragmentação do sinal de TV adotada pela Globo ao longo dos anos está servindo de base para a criação de um portal nacional, que

pretende ser o líder de acessos. A televisão é um veículo de massa que “fala” com milhões de telespectadores simultaneamente e no máximo identifica um segmento. Na web se consegue uma individualização. E através da identificação das preferências do usuário as emissoras poderão “falar” diretamente ele. Há anos a maior parte da 113 emissoras que compõem a rede estão com seus sites na Internet, quase sempre dedicados ao B2B (business to business) e usando a web como forma de atrair o usuário para a programação da TV. Ao disponibilizar o conteúdo regional no Globo.com as afiliadas terão a chance de explorar com maior eficiência o chamado one-to-one, ou seja, entregar ao usuário os produtos e serviços que ele deseja consumir, de acordo com o seu perfil.

fé baiana A Internet não é novidade para as seis emissoras da Rede Bahia. A empresa fez a primeira transmissão do carnaval baiano pela web em 97. As emissoras, a rádio Globo FM e o jornal Correio da Bahia do grupo baiano, já transferem conteúdo para o recémcriado portal do estado, www. ibahia.com.br. Rodolfo Tourinho, diretor executivo de Rede Bahia está satisfeito com o acordo entre as afiliadas e o Globo.com. A compensação está dentro de uma visão estratégica que vislumbra a sobrevivência de apenas quatro ou cinco grandes portais no Brasil. “Conseguimos fazer um acordo com grandes vantagens para os dois lados. No primeiro momento o retorno será apenas institucional, mas no futuro estaremos dentro

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do maior portal nacional. Não existem outras empresas com a força da Rede Globo, donas de instrumentos para unir as redes de comunicação e fazer um grande portal brasileiro”, conta Tourinho. Vinte pessoas já estão preparando o terreno para transferir o conteúdo das empresas do grupo para o portal da Globo. Principalmente, prestação de serviços, como a situação do trânsito em Salvador, com imagens ao vivo das principais vias, inclusive com o mapa da cidade. “Achamos que há uma carência de prestação de serviços na Internet e é o que faz a audiência do portal”, estima Tourinho. Ele faz segredo quanto ao valor do projeto, mas não esconde sua fé no futuro dele. “Com a força da TV não há limites”, finaliza.


Na Internet, ao contrário da TV, o conteúdo pode ser customizado e através do link thru o usuário não perde a ligação com o nacional. A Central Globo de Afiliadas e Expansão (CGAE), dirigida por Francisco Góes, está com a tarefa de unir os grupos regionais nesse projeto. Oito grupos de comunicação com emissoras afiliadas à Globo já estão se preparando para estrear seus sites regionais dentro do Globo.com. As emissoras dos estados da Bahia, Paraná, Amazonas, Espírito Santos, Goiás, Rio Grande de Norte e as do grupo EPTV (Campinas, Ribeirão Preto e São Carlos, no interior de São Paulo e Varginha em Minas Gerais) e a TV Tribuna, na Baixada Santista, já resolveram as questões contratuais, como a cessão de direitos, e estão fazendo curso de web design com o Globo.com. As dificuldades iniciais num projeto deste tipo são as de desembaraçar

visibilidade paranaense A Rede Paranaense de Comunicação, formado por oito emissoras de TV, uma rádio, dois jornais (em breve será lançado um terceiro) e sócio do provedor www.onda.com.br, com 35 mil assinantes, está entusiasmado com o Portal do Paraná. Antes mesmo do chamado do Globo. com a empresa já tinha projetos de unir os sites das empresas do grupo num portal da RPC, Rede Paranaense de Comunicação. “Para nós a adesão ao Globo. com não prejudica em nada a autonomia do grupo e nos dá os contratos vigentes de permutas que as empresas tem com fornecedores. Um dos trabalhos da CGAE é aproveitar esses contratos de permuta locais para que as informações locais de trânsito, por exemplo, também sejam veiculadas pelo portal. Os portais regionais instalados no Globo.

visibilidade maior na Internet”, explica Guilherme da Cunha, diretor do grupo. Atualmente 20 pessoas estão se dedicando a montar o portal regional que vai receber todo o conteúdo produzido pelas empresas do grupo. Os jornalismos televisivo e radiofônico vão ganhar transmissão em streaming pela web. A RPC também aproveita o momento para desenvolver solução para transmissão de conteúdos em wap e montar um portal para acesso por telefones celulares. com querem inaugurar o processo de regionalização dos sites e dar volume a conteúdos locais, principalmente, de utilidade pública, como trânsito, aeroportos, tempo etc. “Nós queremos que o internauta do Globo.com possa acessar o Globo.com/piaui, por exemplo, e saber o que está

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acontecendo lá em Teresina ou mesmo conseguir o perfil do habitante”, conta Luís Carlos Navarro, diretor de planejamento e expansão da Central Globo de Afiliadas e Expansão.

padrão global A principal condição para o conteúdo dos grupos regionais estar no portal das Organizações Globo é a forma de apresentação. Os sites regionais terão o mesmo design do nacional. Os ícones, cores, barras de ferramentas e o design da home page darão a identidade ao portal nacional, que funcionará como uma espécie de cabeça-de-rede dos regionais. Tanto a uniformização visual quanto a tecnologia empregada está a cargo de profissionais do Globo.com, que envia técnicos aos estados para estudar quais as melhores máquinas e plataformas a serem utilizadas. Atualmente, há um staff de aproximadamente 200 pessoas cuidando do translado dos conteúdos

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dos grupos regionais para o portal. Em casos como o da Rede Paranaense de Televisão (leia box p’ag. 21), que além dos sites do grupo também é um provedor local, há necessidade de se configurar máquinas mais robustas. A plataforma preferida é a Unix. Os regionais terão a liberdade de fazer o upload de qualquer assunto que tiverem em mídia impressa ou eletrônica, incluindo VTs e spots de rádio. Eles estarão à disposição em baixa resolução para o internauta que tenha plug-ins para vídeo e áudio. Os portais deverão usar o bom senso para não sobrecarregar a rede, principalmente, se ele estiver conectado apenas em banda estreita, abaixo de 56 kbps.

compensação As despesas de hospedagem de conteúdo de cada portal regional, estimada em cerca de R$ 60 mil mensais, serão bancadas pelo Globo. com. Pouco, diante do que

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os próprios portais regionais devem investir. A rede paranaense, por exemplo, calcula um investimento de US$ 8 milhões em dois anos. “O mais importante agora é o posicionamento do grupo dentro desta nova mídia. O fato de estarmos unidos à Rede Globo e ao Globo.com nos dá uma posição confortável na Internet”, conta Guilherme Dörin da Cunha Pereira, diretor da Rede Paranaense de Comunicação. Ninguém acredita em retorno financeiro imediato. E ainda é cedo para calcular os investimentos que as afiliadas farão para se integrar ao Globo.com. A CGAE esclarece às afiliadas que num primeiro momento o retorno é institucional, afinal o grupo vai estar num único portal nacional com conteúdo regional e com a marca Globo. “Apenas num segundo momento vai haver um retorno comercial. Os grupos vão poder comercializar a publicidade da parte regional deles”, conta Navarro. Se todos os contratos entre as afiliadas e o Globo.com forem semelhantes ao do Paraná, a comercialização publicitária no site será assim: se a Globo vender a publicidade para a afiliada, 20% do faturamento ficará com ela e 80% com a emissora. Se a afiliada fizer a venda, ela fica com 100% do comercializado. “As regras são muito transparentes e equilibradas. Nós fornecemos o conteúdo e em compensação o Globo.com faz o trabalho de contato comercial, nos dando acesso a anunciantes nacionais”, comemora Cunha Pereira. A convergência das mídias não implica convergência mercadológica. A comercialização dos espaços publicitários na TV e na web deverão seguir regras diferenciadas. A identificação do usuário na Internet possibilita uma maior orientação na oferta de produtos e serviços. A estratégia da Rede Globo na regionalização da programação rende excelentes frutos para a área comercial. Essa é a aposta do portal nacional.


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M Lizandra

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F

Almeida

capitalismo

Latinha recheada.

Dois filmes compõem a campanha de lançamento da edição brasileira da Revista Forbes. Ícone máximo do capitalismo, a campanha explora o lado humorístico da questão. Segundo o diretor de criação Stalimir Vieira: “O capitalismo no Brasil é uma representação de status e procuramos brincar com essas idéias. Só a Forbes pode ter esse tom. Seu título já é sinônimo de capitalismo.” No primeiro filme, uma limousine se aproxima de uma portaria luxuosa. Um plano seqüência mostra o carrão em primeiro plano e as janelas começam a passar e não param mais. Uma depois da outra (ao todo são 11), a limousine revela-se uma superlimousine, até chegar à última janela, onde há uma pessoa lendo a revista. “Seria muito mais fácil criar um filme com cortes”, explica o diretor João Daniel. “Mas o impacto está nesta continuidade, na limousine que não acaba mais.” Era necessário conferir veracidade à montagem. A equipe então rodou com uma limousine prateada, que combinava com o fundo (a fachada de um hotel). A filmagem foi feita a partir da união de um travelling com um zoom, sem cortes. A lente utilizada - uma tele de 18 mm a 100 mm - permitiu mostrar em detalhes o leitor assim como um plano aberto da entrada

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do hotel, em grande angular. “A limousine real vai se aproximando e parando, enquanto a câmera também se aproxima em zoom. O movimento da câmera é feito no travelling, que acompanha a passagem das várias janelas. Na finalização, fizemos a reconstrução da limousine, repetindo as janelas e retocando para que refletissem a sombra de um prédio, que filmamos separado. Como a limousine tinha um vidro comprido, criamos uma subdivisão para que desse a impressão de um trem passando”, explica João Daniel. A trilha sonora, composta por Zezinho Mutarelli, da Sax So Funny, dá todo o ritmo do filme. Com uma batida de música eletrônica, contrasta com o plano único e confere um ar de clip. O mesmo princípio foi usado no segundo filme, que mostra uma latinha que rapidamente se enche de moedas jogadas pelos transeuntes. A trilha tem um ritmo nervoso até que pára, pontuando todo o filme. Logo ali está um mendigo, de olho na lata mesmo com o rosto coberto pela revista Forbes. “Nesse caso, brincamos com outro ícone, a figura do mendigo que é rico ou que se torna rico”, comenta Stalimir Vieira. O filme começa com um close da lata, que vai recebendo moedas. A lata cria uma composição gráfica com o fundo e as pessoas passando em outra velocidade. “Tínhamos de fazer com que a lata enchesse rapidamente mantendo a credibilidade”, completa o diretor de criação. Na verdade, a lata com as moedas caindo foi filmada em high speed, a 120 quadros por segundo. O fundo foi filmado à parte, em seis quadros por

TELA VIVA outubro DE 2000

Janelas contínuas.

segundo, velocidade mantida no telecine. Dessa forma, as pernas das pessoas passam como rastros, enquanto a lata é rapidamente enchida, em um único plano. A direção de arte, especialmente relacionada ao mendigo, procurou criar um personagem bem marcante. Sua figura confundiu os passantes. Um funcionário da empresa de cattering contratada realmente ficou na dúvida. Enquanto distribuía as quentinhas para a equipe, o ator esperava sentado no banco que servia de cenário. Ao avistar a pessoa que distribuía a comida, o ator pediu a sua quentinha. O funcionário, assustado, foi perguntar à produção se podia alimentar o mendigo que estava ali. F I C H A

T É C N I C A

Títulos Limousine e Latinha Cliente Editora Camelot Produto Revista Forbes Brasil Agência Newcomm Bates Direção de criação Stalimir Vieira Criação Euclides Pardini Jr. e

Cláudio Deckes Produtora Jodaf Direção João Daniel Thikhomiroff Fotografia Joel Lopes Montagem Zeca Sadeck Trilha Sax So Funny Finalização Casablanca Finish


Fichas técnicas de c o m e r c i a i s

www.telaviva.com.br

morena

Elementos cenográficos ...

... e movimentos distorcidos ...

Afastados por um ano da mídia, os chocolates Suflair voltaram em nova campanha, que retoma os valores já consagrados da marca. Leveza e sensualidade estão presentes há alguns anos, quando o produto passou a visar os adultos como público-alvo. O filme coloca lado a lado cores e elementos contrastantes, além de utilizar efeitos especiais que conferem um ar ainda mais exótico ao trabalho. Enquanto um rapaz saboreia seu Suflair, aparece uma linda morena, vestida de vermelho. Conforme a morena entra, a porta parece derreter e ela mesma se movimenta como se estivesse prestes a se transformar em uma poça de chocolate. Quando encontra o rapaz, os dois se abraçam e seus corpos se enroscam, transformando-se em uma verdadeira espiral. Assim que o rapaz acaba de comer o chocolate o telefone começa a tocar. A mulher desaparece e, ao telefone, o rapaz apenas responde ao que parece ser uma pretendente mais real. A pessoa que liga é dispensada, já que o homem se prepara para comer mais um Suflair. Esse clima onírico e sensual é conseguido graças à direção de arte e à fotografia, que combinam tons esverdeados aos matizes vermelhos e marrons da embalagem do produto. As cores se aplicam tanto

ao cenário como ao figurino. A cena é ambientada em uma sala, que mescla elementos antigos e modernos. Aparentemente, os dois estão em uma grande casa, com um enorme pé direito. A porta que derrete é altíssima e o teto é todo adornado com enfeites dourados de gesso. O assoalho de madeira é uma composição de peças claras e escuras, formando um grafismo. Ao mesmo tempo, o sofá e outras peças do mobiliário são ultramodernos. Segundo o diretor de criação da campanha, Darcy Fonseca, a intenção da agência era a de atualizar o conceito já utilizado, mostrando de forma contemporânea as propriedades da marca. “Utilizamos elementos neoclássicos, ou seja, ícones clássicos misturados a elementos novos”, explica. Para criar os efeitos que fazem os personagens verdadeiramente se enroscarem, a equipe da Casablanca, coordenada por Reinaldo Pina (mais conhecido como Bibinho), utilizou um recurso chamado time slice. “É como se recortássemos cada uma das linhas da imagem e atrasássemos um frame. Assim, a imagem se desloca para o lado e temos a distorção”, esclarece Bibinho. Esse processo de recorte, atraso e colagem das imagens é feito automaticamente

... dão o clima onírico e sensual.

pelo computador, mas para isso é preciso antes programá-lo, calculando exatamente a posição das linhas. Esse recurso só foi possível porque as cenas foram filmadas a mais de 300 quadros por segundo. “Se não tivéssemos esse material, a rotação seria muito rápida e não seria possível ver o movimento”, acrescenta. Além da questão técnica, o resultado final também dependia totalmente da atuação dos atores. “A precisão do efeito estava diretamente ligada à maneira como os atores encenam. Dependendo do movimento deles, o efeito poderia sair de um jeito ou de outro. Se houvesse um pequeno movimento errado, a distorção poderia ficar comprometida. Por isso, tivemos de filmar cada cena várias vezes, para ter material para trabalhar”, explica o supervisor de efeitos. F I C H A

T É C N I C A

Título Morena Cliente Nestlé Produto Chocolate Suflair Agência J.W. Thompson Direção de criação André Pinho/ Darcy Fonseca Criação Maurício Rubinfeldt e Luiz Eça Produtora Zohar Cinema Direção Paulo Vainer Direção de Fotografia Paulo Vainer Efeitos especiais equipe Casablanca Finalização Casablanca

TELA VIVA outubro DE 2000

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p r o g r ama ç ã o r egi o nal Paulo Boccato

Maranhão A maior parte do território do Maranhão está situada dentro dos limites da Amazônia Legal. Essa condição permite que o estado, com 5,34 milhões de habitantes espalhados por 217 municípios, seja relativamente bem servido de emissoras de TV com produção de programas locais, pelo menos até que oprazo para que as chamadas retransmissoras mistas ou microgeradoras (com permissão para veicular programas locais) se adaptem à nova legislação. Com 812 mil domicílios com TV (DTV) e Índice de Potencial de Consumo (IPC) de 2,003, o Maranhão conta atualmente com 15 emissoras produzindo programação regional. A concorrência tem gerado frutos no estado: motivada pelo sucesso dos programas locais da TV Difusora (ex-Globo, atualmente afiliada do SBT), a TV Mirante, de São Luís, cabeça de uma rede regional que conta com mais três emissoras no interior do estado, é, com a Rede Bahia, uma das afiliadas da Globo no Nordeste que preenche toda a grade optativa disponibilizada pela cabeça-de-rede nacional. A concorrência também motiva a mudança de afiliações: a TV Cidade (ex-Band, atualmente veiculando parte da programação da Rede Mulher) disputa uma vaga na Record com a atual afiliada da rede paulista na capital maranhense, a TV São Luís. Segundo a gerência de rede da Record, “negociações sempre existem, mas não há nada concreto até o momento”. Pesa contra a TV São Luís o fato de ser uma retransmissora mista; a seu favor, a tradição de uma afiliação já estabelecida.

GLOBO TV Mirante (São Luís, canal 10) TV Cocais (Codó, canal 9) TV Imperatriz (Imperatriz, canal 9) TV Maranhão Central (Santa Inês, canal 10) As quatro emissoras formam uma rede regional de afiliadas da Rede Globo que cobre praticamente todo o estado do Maranhão - com exceção de dois municípios na região de Balsas, cobertos por outra emissora da Globo, a TV Rio Balsas, de operação independente. A rede pertence ao Sistema Mirante de Comunicação, 32

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ligado ao senador José Sarney, que conta também com as rádios Mirante AM e FM e o jornal O Estado do Maranhão. Criada em 1987 como afiliada do SBT, a TV Mirante da capital passou a fazer parte da Globo em 1991. Sua área de cobertura atinge 153 municípios, com 3,8 milhões de habitantes e 573 mil domicílios com TV. A TV Cocais foi criada em 1986 e chega a dois municípios, 134 mil habitantes e 21 mil DTV. A emissora de Imperatriz, criada em 1987, alcança 21 municípios, 528 mil habitantes e 84 mil DTV. A área de cobertura da recém-criada TV Maranhão Central é de 11 municípios, 401 mil habitantes e 56 mil DTV. A programação é centrada no telejornalismo, com destaque para o “Jornal do Maranhão - 2ª edição”, que chega a 70% de participação na audiência da capital. O horário optativo do almoço é preenchido por um programa de variedades, o “Revista 10”, veiculado para toda a rede regional, com exceção de Imperatriz. Aos sábados, a grade optativa inclui “Repórter Mirante”, programa sobre os aspectos pitorescos do estado, “Estação cultura”, sobre a cena cultural na região, e “Esporte 10”. As emissoras do interior atuam gerando matérias para os três telejornais diários da praça, mas também contam com produções próprias - “Mirante meio-dia” e “Globo esporte - edição local”, em Imperatriz, e edições locais do “Jornal do Maranhão - 2ª edição”, em Imperatriz e Santa Inês. Atualmente, a afiliada de Codó opera apenas com produção local na área comercial e geração de matérias. Porém, após o término do período eleitoral, devem ser implantados programas próprios também nessa emissora. A TV Mirante participa de eventos como o São João do Maranhão, São José de Ribamar, São Luís Reggae Festival, Marafolia e Festival Guarnicê de Cine-Vídeo, além de

TV MIRANTE Formato de produção: DVCAM e Beta PRO Programas Dias de exibição Jornal da manhã Seg-sex Revista 10 Seg-sáb Jornal do Maranhão - 1ª edição Seg-sáb Globo esporte - edição local Seg-sáb Jornal do Maranhão - 2ª edição Seg-sáb Repórter Mirante Sáb Estação cultura Sáb Esporte 10 Sáb Mirante comunidade Dom

Horário 06h45 a 07h15 11h40 a 12h00 12h00 a 12h25 12h25 a 12h30 18h45 a 19h00 14h30 a 14h55 14h55 a 15h20 15h20 a 15h45 7h00 a 7h30


TV COCAIS Formato de produção: Beta Programas Em rede com TV MIRANTE

Dias de exibição

Horário

TV IMPERATRIZ Formato de produção: DVCAM e Beta UVW Programas Dias de exibição Horário Revista 10 Seg-sáb 11h40 a 12h00 Globo esporte - edição local Seg-sáb 12h25 a 12h30 Jornal do Maranhão -edição local Seg-sáb 18h45a a19h00 Restante da programação: em rede com TV MIRANTE

TV MARANHÃO CENTRAL Formato de produção: Beta Programas Dias de exibição Horário Jornal do Maranhão -edição local Seg-sáb 18h45 a 19h00 Restante da programação: em rede com TV MIRANTE

TV RIO BALSAS Formato de produção: U-Matic Programas RBTV - 1ª edição RBTV - 2ª edição

Dias de exibição Seg-sáb Seg-sáb

Horário 11h45 a 12h30 18h45 a 19h00

promover, em parceria com o governo do estado, os Jogos Escolares Maranhenses.

TV Mirante TV Rio Balsas (Balsas, canal 6) Afiliada da Globo desde sua fundação, em 1984, a TV Rio Balsas atinge os municípios de Balsas e Riachão, com um total de 73 mil habitantes. Produz dois telejornais diários. O restante da programação local é preenchido por programas da TV Mirante.

SBT

TV DIFUSORA (São Luís) Formato de produção: DVCAM e Beta UVW Programas Dias de exibição Horário Visão e sucesso Seg-sex 06h00 a 06h20 Um pouco de sol Seg-sex 06h20 a 06h25 Bandeira dois Seg-sex 06h25 a 07h20 Bom dia Maranhão Seg-sex 07h20 a 08h00 Conexão Jamaica Seg-sex 10h00 a 10h30 Programa Zé Cirilo Seg-sex 10h30 a 11h00 Nosso tempo Seg-sex 11h00 a 12h00 Maranhão TV Seg-sex 12h00 a 13h00 Saúde na TV Sáb 7h30 a 8h15 Algo mais Sáb 11h30 a 12h00 Flor de liz Sáb 12h00 a 12h30 Sábado total Sáb 12h30 a 13h45 Zoom zoom noturno Sáb 24h00 a 1h00 Maranhão rural Dom 10h30 a 11h30 Notícias de hora em hora flashes ao vivo durante a programação

TV Difusora (São Luís, canal 4) Afiliada do SBT desde 1992, a TV Difusora foi criada em 1963, sendo a mais antiga emissora em operação no estado. Parte do Sistema Difusora de Comunicação, ligado ao senador Édison Lobão e que inclui as rádios Difusora AM e FM, a emissora de TV atinge praticamente todos os municípios maranhenses, através do Difusat - a exceção são os municípios próximos à Imperatriz, que recebem o sinal da Difusora local. A empresa promove vários eventos em São Luís, como o “Folia 2000”, durante o carnaval; “Anarriê na Ilha”, no período de festas juninas, e “Ilha Maravilha”, no verão. Sua programação local é bastante ampla, sendo que a maioria dos programas tem produção terceirizada - as exceções são o policial matutino “Bandeira dois”, líder de audiência em seu horário; o telejornal “Bom dia Maranhão”, que herdou seu nome dos tempos de afiliação à Rede Globo, e os programetes “Notícias de hora em hora”, com dois minutos de duração, veiculados cerca de oito vezes ao dia. Entre os programas terceirizados, os destaques são o “Algo mais”, programa de variedades voltado para o público jovem, com apresentação de Paulinha Lobão; “Conexão Jamaica”, especializado em reggae; “Sábado total”, programa musical de auditório, e “Maranhão TV”, jornalístico ao vivo, com entrevistas e cobertura de eventos e acontecimentos locais. TV Difusora (Imperatriz, canal 7) Emissora do SBT desde sua criação, em 1983, tem uma área de cobertura restrita aos municípios próximos a

TV DIFUSORA (Imperatriz) Formato de produção: DVCAM e Beta UVW Programas Dias de exibição Horário Bandeira dois Seg-sáb 6h45 a 7h45 Difusora esporte Seg-sex 12h45 a 13h00 Difusora clip Sáb Horários a definir (no período da tarde)

Imperatriz, incluindo algumas cidades de Tocantins e do Pará. Atualmente, conta com dois programas locais: o policial “Bandeira dois”, com formato semelhante ao da emissora da capital, e o noticiário esportivo “Difusora esporte”. Este mês estréia um programa semanal de clips, “Difusora clip”, e, após as eleições, retorna o programa de entrevistas “Difusora repórter”, temporariamente suspenso enquanto seu apresentador disputa as eleições no município. O restante da grade é preenchido pela programação de São Paulo, não sendo veiculada nenhuma produção da emissora de São Luís.

R E C OR D TV São Luís (São Luís, canal 8) T E L A V I V A OU T UBRO D E 2 0 0 0

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TV SÃO LUÍS

TV PINHEIRO

Formato de produção: Beta UVW, U-Matic e S-VHS

Formato de produção: VHS

Programas São Luís debate Shopping tudo

Programas Pinheiro repórter Informe Pinheiro

Dias de exibição Seg-sex Dom-sex

Horário 12h30 a 13h15 12h00 a 12h30

A TV São Luís, retransmissora mista criada em 1980 como afiliada da Manchete, tornou-se emissora Record em 1994. Seu sinal cobre 18 municípios, com 1,2 milhão de habitantes e 179 mil domicílios com TV. A Record chega ao restante do estado através de uma série de pequenas emissoras do interior, sendo que alguns municípios recebem o sinal por meio da TV Antena 10, de Teresina (PI). A TV São Luís conta atualmente com apenas dois programas locais: o jornalístico “São Luís debate”, de produção própria, e o televendas “Shopping tudo”, terceirizado.

Dias de exibição Seg-sex Seg-sex

Horário 12h30 a 13h30 17h45 a 18h00

com 103 mil habitantes e 16 DTV. Conta com três telejornais diários e mais um programa de colunismo social. Em novembro, deve estrear um novo programa diário, “Esporte no 4”. Todas as produções são próprias.

TV Tropical (Açailândia, canal 11) A emissora fez parte da CNT entre 1996, ano de sua fundação, e 1997. Desde então, integra a Rede Record e

TV TROPICAL Formato de produção: VHS

TV Capital (Imperatriz, canal 5)

Programas Despertar da fé Ronda da cidade

TV CAPITAL

Dias de exibição Seg-sex Seg-sex

Horário 6h45 a 7h45 12h00 a 14h30

Formato de produção: Beta e S-VHS Programas Dias de exibição Cidade alerta - edição local Seg-sex A grande jogada Seg-sex Imperatriz 24 horas Seg-sex Programação da Igreja Universal Seg-sex

Horário 12h00 a 12h30 12h30 a 13h00 13h30 a 14h00 6h00 a 7h45

Afiliada da Record desde sua criação, em 1994, a TV Capital chega a 12 municípios maranhenses, com 372 mil habitantes e 55 mil DTV em sua área de cobertura. Parte de um grupo que inclui emissoras de rádio, um jornal e uma produtora de vídeo, produz três programas locais na área de jornalismo. Veicula também programação produzida pela Igreja Universal do Reino de Deus.

TV Pinheiro (Pinheiro, canal 11) A TV Pinheiro é afiliada da Rede Record e alcança três municípios, com 90 mil habitantes e 13 mil DTV. Produz dois programas locais TV Cidade (Coroatá, canal 4) Emissora da Record desde sua fundação em 1994, a TV Cidade, de Coroatá, cobre cinco municípios,

TV CIDADE (Coroatá) Formato de produção: VHS Programas Cidade alerta - edição local Jornal Cidade - 1ª edição Jornal Cidade - 2ª edição Sociedade em revista

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Dias de exibição Seg-sex Seg-sex Seg-sex Sáb

Horário 12h00 a 13h00 13h00 a 13h30 17h45 a 18h00 12h00 a 13h00

T E L A V I V A OU T UBRO D E 2 0 0 0

transmite dois programas locais. Cobre apenas o município-sede, com 80 mil habitantes e 10 mil domicílios com TV.

TV Cidade (São Luís, canal 6) A TV Cidade foi afiliada da Band desde sua fundação,

TV CIDADE (São Luís) Formato de produção: Beta UVW Programas

Dias de exibição

Horário

Cidade aberta

Seg-sex

13h30 a 14h30

Reggae show

Seg-sex

14h30 a 15h00

Conversando com o povo

Seg-sex

18h45 a 19h00

Sáb

07h00 a 08h00

Bom dia negócios Caras e bocas

Sáb

10h30 a 12h00

Edna Mazoro mulher

Dom

10h00 a 11h00

em 1983, até o último mês de agosto. Desde então, transmite parte da programação da Rede Mulher e seis programas locais, enquanto negocia sua afiliação à Record. A emissora alcança os municípios próximos à capital do estado. O programa de entrevistas “Cidade aberta”, que aborda temas polêmicos do cotidiano maranhense, e o telejornal “Conversando com o povo” são as únicas produções locais feitas inteiramente na casa. Os demais são produzidos em parceria, com utilização de estúdio e equipamentos da emissora, com exceção do “Edna Mazoro mulher”, de realização totalmente independente.


N達o disponivel


TV PRAIA GRANDE

TV EDUCATICA

Formato de produção: Beta UVW, U-Matic e S-VHS

Formato de produção: Beta UVW

Programas Dias de exibição Blitz Seg-sex Esporte total - edição local Seg-sex O povo com a palavra Seg-sex Show de ofertas Seg-sex Conversando na Praia Seg-sex Jornal da Praia Seg-sex Mensagem de esperança Sáb Conversando na Praia - ed. especial Sáb Esporte total - edição de sábado Sáb

Programas TVE notícias TV escola

Horário 7h00 a 7h30 12h30 a 13h00 13h00 a 14h00 14h00 a 14h30 14h30 a 15h00 19h00 a 19h30 9h00 a 10h00 10h00 a 11h00 11h00 a 12h00

BANDEIRANTES TV Praia Grande (São Luís, canal 12) A TV Praia Grande foi criada em 1998, como integrante da Manchete rapidamente convertida em afiliada da Rede TV!. Em agosto deste ano, passou a fazer parte da rede de afiliadas da Bandeirantes. Parte do Sistema Maranhense de Radiodifusão, que integra emissoras de rádio no interior do estado e o jornal “Folha do Maranhão”, alcança os municípios em um raio de 100 km a partir de São Luís, além do município de Viana, onde, através da TV Maracu (canal 11), tem o seu sinal retransmitido. As demais cidades do Maranhão recebem a programação nacional da Rede Bandeirantes, por meio de satélite ou de repetidoras.

Dias de exibição Seg-sex Seg-sex Seg-sex

Horário 18h00 a 18h30 7h30 a 11h30 13h30 a 17h00

Atualmente, a emissora da capital conta com uma programação local diversificada. “Blitz” e “O povo com a palavra” fazem a linha popular, sendo que o segundo deve se tornar em breve um programa de auditório no estilo Ratinho. Jornalísticos e produções terceirizadas completam a grade local.

EDUCATIVA TV Educativa (São Luís, canal 2) A emissora educativa é vinculada ao governo federal, sendo parte da Radiobrás, mas funciona como prestadora de serviço ao governo do Estado do Maranhão. Produz apenas um programa local: o jornalístico “TVE notícias”. O restante de sua grade é preenchido por programação da TVE do Rio de Janeiro e pelas aulas da TV Escola, produzida localmente e voltada para os alunos do 1º grau na rede pública de ensino. O sinal da emissora é recebido apenas na região de São Luís, mas as teleaulas são distribuídas para todo o estado através do sinal da Radiobrás.


N達o disponivel


televis ã o

25 ANOS NO AR DE ALAGOAS A TV Gazeta de Alagoas completa seu jubileu de prata mantendo a liderança de audiência desde o início de suas transmissões. A emissora se prepara para o futuro instalando equipamentos digitais.

Em 1973, Alagoas era o único estado brasileiro sem uma emissora regional de TV. Os poucos aparelhos de TV da capital, Maceió, captavam os sinais cheios de chuvisco e interferência da TV Rádio Clube de Pernambuco, ligada à Tupi, e da TV Jornal do Commércio, ambas instaladas em Recife (PE). Naquela época, os grandes centros do sul do País já podiam assistir a programas coloridos. O senador e empresário Arnon de Mello decidiu então escolher o melhor lugar em Maceió para construir a primeira emissora de TV do Estado de Alagoas. Em 27 de setembro de 1975 entrou no ar a TV Gazeta de Alagoas, Canal 7, mais uma empresa da Organização Arnon de Mello, que à época contava com o jornal Gazeta de Alagoas, a rádio Gazeta AM (inaugurada em 2/10/60) e uma gráfica e editora (em operação desde dezembro de 73). A atual presidente da Organização Arnon de Mello, Ana Luísa Collor de Mello, testemunhou a trajetória da emis-

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sora (afiliada desde o início à Rede Globo) desde o projeto para sua instalação, e relembra com carinho o início das transmissões. “A novela ‘Dancing days’ contagiou Maceió. Havia aparelhos de TV instalados em praças para que aqueles que não podiam comprar os receptores acompanhassem os capítulos e o ‘Jornal Nacional’. Recebíamos até cartas de agradecimento de senhoras porque os maridos passaram a voltar mais cedo para casa para assistir ao telejornal.” A ampliação da área de cobertura também tem casos interessantes. Alguns municípios do interior, principalmente no sertão e Zona da Mata, negavam-se a aceitar a novidade por considerar que o aparelho era “coisa do diabo”. Só agora, depois de 25 anos de funcionamento, é que o município de Coité do Nóia apresenta predisposição em assistir à programação da TV. A TV Gazeta provocou uma mudança de comportamento dos alagoanos e vem modernizando seu parque de equipamentos para manter a preferência do telespectador. Há três anos vem preparando sua plataforma técnica visando a implantação no sistema digital.

geração técnica Em 98 a TV Gazeta disponibilizou

T E L A V I V A OU T UBRO D E 2 0 0 0

para os telespectadores os recursos SAP (Second Audio Program) e closed caption. Em março deste ano o Departamento Técnico colocou em operação o sistema de exibição de comerciais com armazenamento em disco rígido. “Decidimos começar pelo meio (referindo-se às áreas de produção e controle), adquirindo switchers, DVEs e processadores de vídeo, todos com tecnologia digital, garantindo assim que no futuro possamos conectar os periféricos digitais necessário”, conta Jaime Fernandes, diretor técnico da TV Gazeta. O diretor de jornalismo da TV Gazeta, Célio Gomes, comanda as noves equipes responsáveis pela produção do “Bom dia Alagoas”, “AL TV” 1ª edição e 2ª edição, “Globo esporte - local” e “Gazeta economia”. A emissora tem uma unidade em Arapiraca e conta com seis câmeras de jornalismo e dois carros de externa. A redação está totalmente informatizada e para a produção dos telejornais e do programa a emissora usa os chamados Controle A e Controle B. O Controle A está equipado com um switcher DVS-2000 e um DME-3000, ambos da Sony, responsáveis pelo controle e processamento das quatro ilhas de edição Beta SP Série UVW do jornalismo, da ilha A/B roll da produção e das três câmeras de estúdio D-30 (Sony). Um sistema de computação gráfica serve de apoio tanto ao jornalismo quanto à produção. O estúdio A, com 90 m2 e um pé direito de oito metros, é revestido com sonex e tela metálica perfurada. Todo o projeto de luz fria - usada para iluminação cênica - foi desenvolvido e montado pelos profissionais do Departamento Técnico da emissora. O Controle B e seu estúdio de 40 m2 está sendo preparado para a instalação do sistema de edição não-linear. Na central técnica os supervisores controlam todo o tráfego de sinais de entrada e saída da emissora através de um computador interfaceado com roteador de


áudio e vídeo. O sistema de recebimento e transferência de matérias utiliza duas máquinas Beta, uma U-Matic e uma BVH-1100 de uma polegada. Na central de exibição, dois computadores gerenciam a programação de comerciais locais e dos sinais da rede. Um switcher de vídeo e áudio estéreo controla toda a programação da emissora através de 12 monitores.

comemoração O equipamento mais antigo da emissora - o transmissor RCA de 5 kW, que também completa 25 anos de serviços prestados à TV Gazeta - será substituído por um transmissor NEC de 20 kW nos próximos 60 dias. Para ampliar a cobertura de eventos esportivos está quase pronta uma unidade móvel com capacidade para seis câmeras, switcher digital de oito entradas, console de áudio para 12 canais e um módulo gravador e reprodutor para slow motion. Todos os equipamentos são digitais e as câmeras

Foto: Gilberto Farias

Fotos: José Ronaldo

Cenário do telejornal local

suportarão a transmissão nos formatos 4:3 e 16:9. A unidade está sendo montada em São Paulo pela Shafitel e será equipada com um mastro telescópico de 15 m para suporte de uma antena de microondas. Uma segunda unidade móvel, de menor porte, com capacidade para até três câmeras e seis canais de áudio, está sendo montada pela própria TV Gazeta para atender à demanda de reportagens ao vivo nos telejornais da emissora. Mas a comemoração do jubileu de prata não é só técnica. O diretor comercial da TV Gazeta, Ademar de Sena, e o assessor de marketing da diretoria executiva, Milton Pradines, acostumados a elaborar projetos culturais e comerciais para a emissora, estiveram empenhados na realização das diversas solenidades que marcaram o aniversário da TV. Desde 27 de setembro todas as cartas postadas em Maceió recebem o carimbo comemorativo dos 25 anos da TV Gazeta. Ao lado

A família Collor de Mello na obra da TV

Central de exibição

de shows; ações esportivas (Passeio Ciclístico), religiosas e de solidariedade social; foi promovido um concurso de redação com o tema “A importância da TV Gazeta na minha vida”. Apesar de tantas modificações ainda há um longo caminho a ser percorrido. “Haverá uma mudança na forma de assistirmos à TV. A televisão do futuro (bem próximo) será mais dinâmica e interativa”, vislumbra Ana Luísa. E, para se adequar aos novos tempos, Jaime Fernandes já definiu alguns projetos para a emissora. “Até o final deste ano iniciaremos os testes para as transmissões de sinais de áudio e vídeo via malhas de fibra óptica”, conta o diretor técnico. O acordo está sendo alinhavado com a Telemar e a Video Systems, representante da Barco no Brasil. Melhoria do sistema de retransmissão, instalação de servidores de vídeo, entre outros, estão nos planos a curto prazo da emissora alagoana. Edylita Falgetano


p rod u ç ã o Lizandra de Almeida

A SÓS? O isolamento dos 12

participantes de “No limite” foi acompanhado de uma equipe de produção de cem pessoas. Outras emissoras também se preparam para extrapolar os limites do voyeurismo na TV.

À primeira vista, os 12 competidores do programa “No limite” passaram duas semanas “esquecidos” em uma praia deserta. Mas para garantir a segurança dos competidores e imagens de qualidade para deleite do espectador, que torceu e vaiou os simples mortais que participaram da gincana, uma infra-estrutura colossal teve de ser armada nos bastidores. Além dos participantes e do apresentador Zeca Camargo, que eram vistos pelo público, a produção do programa contou com mais de cem pessoas na

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equipe. Eram técnicos, pessoas locais contratadas, cenógrafos, produtores e jornalistas. Todo esse exército ficou hospedado em um hotel a cerca de 30 minutos do local das gravações e tinha uma base na própria praia, para onde se deslocavam na hora de gravar. Para se movimentar sobre as dunas e praias, o transporte não podia ser mais típico: bugres e quadriciclos foram mobilizados do pessoal local. Apesar de invisível para o público, a equipe de produção estava ao lado dos participantes o tempo todo. Jornalistas também acompanhavam as gravações 24 horas. A segurança da equipe e dos competidores era garantida por um batalhão de fuzileiros navais, já que as praias são controladas pela Marinha brasileira.

tecnologia de ponta Para garantir as gravações nas situações mais adversas, a produção do programa teve de se equipar especialmente antes

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da mudança para o Ceará. Ao todo, foram usadas dez câmeras. Novos modelos DVD, com maior capacidade de gravação e VTs adequados à produção jornalística, foram adquiridos. As câmeras mais sensíveis ajudavam na captação de cenas noturnas, o que também foi conseguido graças a um equipamento especial de iluminação. Os equipamentos tinham de ser diferenciados em função das próprias características do programa. Leveza e facilidade de manipulação eram características fundamentais, sem contar a resistência e a garantia da qualidade das imagens mesmo durante a noite. Por ser uma região praiana, onde o vento era constante, as condições de gravação foram bastante adversas. Os equipamentos sofriam com a ação da poeira, do sol e da maresia, por isso as câmeras tiveram de ser vedadas e exigiram manutenção constante. Os altos investimentos exigidos para a produção de um programa como este não parecem assustar as emissoras brasileiras. Apesar de não confirmar oficialmente, a Rede Globo planeja a segunda edição de “No limite” para o ano que vem. Silvio Santos também não fica atrás e já assinou contrato com a empresa holandesa Endemol para a reedição do programa “Big brother” no Brasil. Alusão ao personagem de George Orwell em seu romance “1984”, Big Brother é o ditador que tudo vê e tudo sabe na sociedade do futuro projetada por Orwell. Da mesma forma, homens e mulheres (dez, na versão holandesa) serão escolhidos para passarem um tempo juntos em uma casa repleta de câmeras, da qual não poderão se ausentar. Na Holanda, os habitantes da casa eram expulsos segundo a votação dos espectadores e o preferido


da audiência levava o prêmio. A previsão é a de que o programa estreie no início do próximo ano, com provável apresentação de Celso Portiolli.

tudo se transforma Ninguém admite o plágio, mas os novos reality shows (como vem sendo chamado o formato) têm servido de inspiração a vários programas. “No limite”, por exemplo, segue a linha de “Survivor”, da rede norte-americana CBS, que deixou pessoas vivendo por conta própria em uma ilha do Pacífico durante 13 semanas. Na versão brasileira, os participantes eram abastecidos com uma ração de comida diária e apesar de a exibição ter-se estendido ao longo de oito semanas, apenas duas semanas reais foram consumidas e já foram mais do que suficientes para despertar paixões, alavancar a venda de revistas e criar conflitos

entre os participantes. A atração, sem dúvida, levou a patamares bastante altos a audiência da Rede Globo. Exibido em um horário insólito - a partir das 11 da noite de domingo - o programa chegou a registrar picos de 56 pontos de audiência, enquanto a marca tradicional para o horário nunca ultrapassa os 30 pontos. A média do programa em suas oito semanas foi superior a 40 pontos. Enquanto na versão norteamericana o vencedor recebeu US$ 500 mil para escrever sua biografia, contando principalmente sua experiência no programa, mas também faturando em cima de sua “saída do armário”, no Brasil a aventura na praia deserta rendeu vários quilos a menos para os participantes e uma capa de Playboy para Andréa, mesmo sendo eliminada antes do final e cotada como uma das participantes mais antipáticas. A MTV deu a largada no formato,

com o programa “20 e poucos anos...”, exibido em julho. Nele, oito adolescentes falam sobre suas vidas, ficam amigos, brigam e fazem as pazes, sempre na frente da câmera. A inspiração para o programa veio da MTV americana, que já apresentava o programa “Real world”, também reunindo jovens em torno de seus próprios problemas - e de frente para o mundo. A iniciativa surgiu em 1991 e várias temporadas já foram exibidas desde então. O sucesso da versão brasileira motivou a segunda fase do programa, que começou em setembro. Outros participantes foram escolhidos, mas o formato continuou o mesmo. Outras emissoras ao redor do mundo se debruçam sobre a criação de programas similares, expondo ao grande público as mazelas da vida comum e do relacionamento entre pessoas aparentemente sem nada a dizer. Para o ano que vem, a televisão promete lavar muita roupa suja fora de casa.


E Q U I P A M E N T O S Emerson Calvente

Lentes de alta definição As lentes de alta definição para câmeras de vídeo estão invadindo o mercado. Mesmo não sendo equipamentos de baixo custo, o usuário poderá utilizar lentes de alta definição em câmeras convencionais (standard definition) para melhorar a qualidade da imagem.

As lentes “conduzem” a imagem (luz) até o bloco óptico das câmeras. Logo, influenciam diretamente na qualidade da imagem captada. Para a obtenção de imagens com boa qualidade é imprescindível a utilização de uma boa objetiva. O desenvolvimento tecnológico tornou possível a produção de lentes menores e mais leves sem o sacrifício da resistência e da qualidade óptica. O processo de fabricação de lentes HD (high definition) é quase o mesmo de lentes SD (standard definition). Porém, o nível do controle 42

de qualidade e das especificações é muito mais rigoroso. As lentes contêm vários elementos. Mais de 200 tipos de cristal são utilizados na fabricação de lentes SD ou HD. Uma mesma objetiva pode conter vários tipos de cristal que permitem a passagem de diferentes freqüências de informação na forma de ondas. Quanto maior a resolução, maior a quantidade de informações que passam pelas lentes. A diferença mais significativa entre as lentes NTSC e as lentes HD é justamente a capacidade de permitir a passagem de um volume muito maior de informações. As lentes NTSC trabalham em função de um sistema com 525 linhas de resolução horizontal (480 ativas), enquanto as lentes HD permitem um sistema com 1.080 linhas ativas (HDTV). Como as especificações das lentes HDTV excedem as especificações convencionais, em princípio, elas podem ser utilizadas em qualquer câmera. Segundo Estefano Trevisan, gerente técnico da Fuji TZ, representante da Fujinon no Brasil, “há benefícios nessa prática, tanto é que algumas produtoras no Japão a utilizam”. Também é possível utilizar lentes HD em câmeras com possibilidade de captação nos formatos 4:3 e 16:9.

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“Uma adaptação óptica é fornecida pelo fabricante no momento de sua aquisição. Mas é importante lembrar sempre que a proposta do sistema HDTV, desde o momento da captação da imagem até o usuário final, que é o telespectador, é trabalhar em 16:9”, conclui Trevisan. Para Paulino Bonciani Neto, da Debetec, empresa representante da Canon no Brasil, “levando-se em conta as boas normas da engenharia, devemos considerar o adequado dimensionamento entre os equipamentos, como as características técnicas dos fabricantes, para que não haja desperdício de investimento. No entanto, existem situações em que pode ser interessante a combinação de uso. Empresas que têm câmeras de diversos formatos ou sistemas e que necessitem de lente reserva podem optar por ter uma única que possa ser utilizada em todas as situações e equipamentos”. Em relação aos custos, Bonciani diz que “novas tecnologias e projetos sempre adicionam de início componentes com valores diferenciados que são diluídos e absorvidos com a consolidação e demanda do produto. Como avaliação, podemos utilizar uma faixa de porcentagem entre 25% e 30% de acréscimo às lentes convencionais”. Trevisan vai um pouco além desse percentual: “Podemos afirmar que os preços são de 35% a 40% mais elevados”.

fujinon A nova série de lentes Fujinon Digi Power HDTV ENG/EFP é destinada aos mercados de produção e broadcasting. Além da performance e especificações melhoradas, a utilização de um circuito digital permitiu a introdução de novos recursos antes impossíveis de serem criados. As novas lentes permitem a personalização de parâmetros de controle, memorizados de acordo com


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as preferências individuais de cada operador de câmera. A nova HA36X10.5 tem a maior distância focal disponível entre as lentes HDTV leves, ideal em aplicações que exijam leveza e portabilidade. A HA10X5.2ERM tem o maior ângulo de abertura. A HA20X7.5ERM é muito utilizada por empresas de locação no mundo. Todas elas têm recursos como o Digital Quick Zoom. Essa função permite, por um simples toque num botão, um rápido movimento de zoom (em apenas 0,7 segundos) até a posição teleobjetiva para a verificação do foco. Um novo toque e a lente volta para a abertura anterior. O Digital Quick Zoom pode ser acionado remotamente pelos controles ERD-21B ou ERD-22B. A HA22X7.2ESM, para aplicações em estúdio, procura combinar a performance de uma lente HDTV com o preço de uma SDTV. Desenvolvida para trabalhar de acordo com o rigor de um telejornal diário, tem

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recursos como um sistema opcional de diagnóstico digital. Esse sistema, chamado FIND (Focused Intelligent Network Diagnosis) permite uma rápida avaliação dos componentes eletrônicos e eletromecânicos da objetiva. Todas as novas lentes Digi Power e acessórios são compatíveis com os demais produtos da Fujinon.

canon A Canon desenvolveu várias lentes HDTV no formato 2/3 polegadas que possibilitam a produção em alta definição com uma boa relação custo/ benefício. A empresa estima que mais de 60% das imagens vistas na TV são geradas por lentes Canon. A Digi Super 86XS é a objetiva para aplicações em estúdio com a maior capacidade de zoom e com um novo sistema de estabilização de imagem. A UJ65X9.5B e a UJ65X13.5B (studio field lenses) são destinadas a produções em HDTV com baixo custo e excelentes especificações. Para

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atender à maioria das necessidades de performance exigidas pela HDTV e também pela SDTV, a XJ25X6.8B tem capacidade de zoom de 25X e grande angular de 6,8 mm. Entre as lentes ENG/EFP, a HJ15X8B é a objetiva para HDTV mais leve do mundo. A HJ18X7.8B tem a maior teleobjetiva e a HJ9X5.5B tem a maior grande angular. Para aplicações em cinematografia digital, as opções são a HJ9X5.5B KLL-SC e a HJ18X7.8B KLLSC. Essas lentes foram especialmente desenhadas para serem semelhantes às lentes utilizadas em cinema. Seus anéis são compatíveis com o follow focus, com os comandos de zoom e com os sistemas motorizados de controle usados nas lentes para cinematografia. A Canon fabrica lentes intercambiáveis 16:9 para 4:3, chamadas de lentes Crossover. A tecnologia Crossover desenvolvida pela Canon possibilita um ganho de 0,8 vezes de abertura angular para compensar perdas na conversão 16:9 para 4:3.


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