Revista Tela Viva 182 - Maio 2008

Page 1

televisão, cinema e mídias eletrônicas

ano 17_#182_mai2008

sem fronteiras Bom momento do Brasil impulsiona co-produções internacionais

TV digital Especial aponta tendências em tecnologia e programação

NAB Broadcasters discutem fim da TV analógica nos EUA

Tela Viva Móvel TV aberta deve estimular serviços de vídeo no celular



Foto: marcelo kahn

(editorial ) Presidente Diretores Editoriais Diretor Comercial Diretor Financeiro Diretor de Marketing

Editor Tela Viva News Redação

Sucursal Brasília Coordenadora de Projetos Especiais Arte

Depar­ta­men­to Comer­cial

Gerente de Marketing e Circulação Administração Webmaster Central de Assinaturas

Rubens Glasberg André Mermelstein Claudiney Santos Samuel Possebon (Brasília) Manoel Fernandez Otavio Jardanovski Leonardo Pinto Silva

Mariana Mazza (Repórter) Letícia Cordeiro Carlos Edmur Cason (Direção de Arte) Debora Harue Torigoe (Assistente) Rubens Jar­dim (Pro­du­ção Grá­fi­ca) Geral­do José Noguei­ra (Edi­to­ra­ção Ele­trô­ni­ca) Alexandre Barros (Colaborador) Bárbara Cason (Colaboradora) Roberto Pires (Gerente de Negócios) Patricia Linger (Gerente de Negócios) Iva­ne­ti Longo (Assis­ten­te) Gislaine Gaspar Vilma Pereira (Gerente) Gilberto Taques (Assistente Financeiro) Marcelo Pressi 0800 0145022 das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira

Redação E-mail

(11) 3138-4600 telaviva@convergecom.com.br

Publicidade E-mail Impressão

A

Ana Carolina Barbosa Daniele Frederico Humberto Costa (Colaborador) Lizandra de Almeida (Colaboradora)

www.telaviva.com.br assine@convergecom.com.br

a n d r e @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Braços abertos

Fernando Lauterjung

Internet E-mail

André Mermelstein

(11) 3214-3747 comercial@convergecom.com.br Ipsis Gráfica e Editora S.A.

Tela Viva é uma publicação mensal da Converge Comunicações - Rua Sergipe, 401, Conj. 605, CEP 01243-001. Telefone: (11) 3138-4600 e Fax: (11) 3257-5910. São Paulo, SP. Sucursal Setor Comercial Norte - Quadra 02 Bloco D - torre B - sala 424 - CEP 70712-903. Fone/Fax: (61) 3327-3755 Brasília, DF Jornalista Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965) Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A

co-produção está com tudo. No início de maio, a Globo anunciou parceria com a Telemundo para produzir a nova versão da novela “O Clone” (“El Clon”) em espanhol. Não será no mesmo modelo da outra aventura da Globo em terras estrangeiras, quando produziu a mal-sucedida versão de “Vale Tudo”, em 2002. A novela, embora destinada ao mercado hispânico dos EUA, foi produzida inteiramente no Brasil, pela própria Globo, que até então nunca havia aberto mão do controle total sobre a produção. Afundou. O mercado mundial hoje está mais interessado em adaptar conteúdos de sucesso em seus países de origem, dando-lhes uma cara local, com produção, atores e roteiro desenvolvidos localmente. “El Clon” será produzida pela Telemundo, com supervisão dos autores e diretores globais. A emissora percebeu para onde sopram os ventos e fez seu début como exportadora de “formatos”, a exemplo do que anunciou a mexicana Televisa, no último MipTV, em sua parceria com a megaprodutora francesa JLA, para produzir novelas na Europa. No caso da produção independente, a tendência é confirmada pelo relatório publicado em março pela Ancine, que dá conta do grande aumento de co-produções no Brasil e, mais importante, do aumento de produções em que o Brasil é o parceiro majoritário. Um dos impulsionadores para isso é o câmbio. Com o real forte, vender (exportar) produtos acabados fica mais difícil, ao passo que na co-produção o Brasil pode entrar com mais dólares na mesa, em uma posição fortalecida. Ao aumento das fontes de recursos para as co-produções devem se somar este ano as intenções das públicas TV Brasil e TV Cultura de ter papel ativo junto às produtoras na busca por parcerias, cobrindo uma antiga lacuna, que é a ausência de broadcasters brasileiros nas negociações de co-produções internacionais. A co-produção é uma saída importante, mas não é para todos. Exige paciência, uma estrutura para lidar com a burocracia e os meandros jurídicos entre os países envolvidos, envolve custos extras com viagens etc. Se aplica a algumas produções, de cinema e TV, que têm apelo para o mercado internacional. As demais continuam batalhando por um espaço “dentro de casa”. Mas é um bom caminho para abrir portas em todo o mundo para o audiovisual brasileiro.

capa: carlos fernandes/gilmar

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8

3


Ano17 _182_ mai/08

(índice ) Produção

20

Trabalho por amor Muito surpreendentes as informações da reportagem “O milagre da multiplicação de canais”, sobre o império da comunicação que o pastor R.R Soares está construindo. É uma pena que a geração de empregos não tem sido levada a sério. Como pode dizer que tem funcionários que trabalham por amor? Respeito a crença religiosa de cada um, mas, francamente, amor não paga conta. Osvaldo Duarte, Florianópolis, SC

Scanner Figuras Mercado internacional

6 18 24

Cinema

26

Audiência Mercado

Religião e mídia É preocupante saber, como deixou muito claro a capa da edição anterior de Tela Viva, que o crescimento de um setor da produção e da teledifusão no Brasil está intrinsecamente associado ao lado mais comercial da “religião de resultados”. Num estado laico, quando se aproximam da definição questões-chave como pesquisa com células-tronco embrionárias, aborto, descriminalização de drogas e parceria civil, para citar algumas, não são essas TVs que vão lançar luzes sobre esses assuntos. João Pedro Stein, RJ

“Carmo” chegou perto de ser cancelado, mas parcerias viabilizaram a produção

32 34

Making of NAB

38 40

( cartas)

Volume de co-produções aumenta e expectativa é que novos acordos internacionais impulsionem ainda mais o crescimento.

Vendedoras tradicionais de novelas, emissoras latinas diversificam a oferta de conteúdo para o exterior Fomento insuficiente leva cineastas latinos a buscar alternativas de financiamento

20

Broadcast norte-americano se prepara para o switch off analógico

Suplemento TV digital

Como está a programação, infra-estrutura e interatividade, seis meses após o início das transmissões digitais em São Paulo

26

Programação

46

Infra-estrutura

50

Interatividade

52

Maiores redes apostam no HD, enquanto menores se arriscam na multiprogramação Para onde vai o investimento das emissoras na transição

Setor promissor A exemplo de edições anteriores, dá gosto ver a produção de animações nacionais a pleno vapor. “Cocoricó” e “Princesas do Mar” são os mais novos expoentes desse celeiro de criatividade e talentos. Parabéns à Flamma, uma produtora privada, e à TV Cultura, uma emissora pública pelo sucesso de ambos. Juca Zanetti, SP

45

SBTVD e Sun se juntam no desenvolvimento do Ginga

Tela Viva Móvel

57

Entrevista

60

Upgrade Agenda

64 70

TV aberta deve levar público aos telefones, defendem especialistas

Para Cosette Castro, Brasil será exportador de conteúdo digital 64

Tela Viva edita as cartas recebidas, para adequá-las a este espaço, procurando manter a máxima fidelidade ao seu conteúdo. Envie suas críticas, comentários e sugestões para cartas.telaviva@convergecom.com.br

Acompanhe as notícias mais recentes do mercado

telavivanews www.telaviva.com.br 4

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8



( scanner ) “Procura-me”: celebridades inspiram personagens animados

Artistas animados Ao transformar conhecidos atores brasileiros em personagens de desenho animado, a produtora Sumatra Visual Effects ganhou notoriedade antes mesmo de ter o piloto de seu projeto de longametragem pronto. A produtora investe na produção do filme com temática adulta “Procura-me”, de 95 minutos, que se passa em uma cidade violenta, onde dois policiais tentam deter as ações da assassina Maria Absoluta. A produtora, que vem trabalhando especialmente com pós-produção e animação 3D para comerciais, recebeu o projeto há dois anos das mãos de Maurício Muniz e Zé Mucinho. Ambos dividem a direção com o diretor da Sumatra, Eduardo Gurman. Gurman assina o conceito visual do filme e Carlos Avelino (“Asterix”) é responsável por coordenar a animação tradicional. Os criadores propuseram a idéia do filme para a atriz Luana Piovani, que aceitou ter uma personagem

baseada em sua aparência e realizar posteriormente a sua dublagem. Depois de Luana, outros artistas decidiram participar, como Felipe Folgosi, Paulo Ricardo, Luisa Mell e Jerry Adriani. Para o piloto, a produtora contou com um aporte inicial de R$ 80 mil de um empresário que se tornou investidor do projeto. O filme custará, no total R$ 6 milhões, valor que Gurman pretende captar no Brasil. Neste momento, o projeto ainda não está inscrito em leis de incentivo. A produção teve início em março deste ano, com o desenho dos personagens. Foram contratados 12 profissionais para a realização do piloto, que contarão com a ajuda de outros dez funcionários fixos da produtora. Os personagens serão animados em 2D, enquanto os cenários serão 3D. A previsão é que o piloto fique pronto em junho. O tempo total de produção do filme é de 18 meses.

“Irritando” em outra freguesia A Bossa Nova Films assumiu a produção de “Irritando Fernanda Young”, da GNT. A atração, antes realizada pela Pacto Audiovisual, estreou a quinta temporada no dia 27 de abril. Sob direção de Karla Rafea, o programa tem nova abertura e novos quadros, como “Xingamento Universal”, que entra no lugar do “Desafio Irritante”. Os quadros “Interrupções Irritantes” e “Paca, Pouco e Picas”, continuam na atração.

Glória Maria foi a convidada do programa de estréia da quinta temporada de “Irritando Fernanda Young”, com produção da Bossa Nova.

6

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8

André Lazzuri (alto), Rene Paciullo, Bruno Rocha e Ariel Jacobowitz: profissionais da agência de comunicação que cria e produz para TV.

Novos temperos na TV Com profissionais vindos de emissoras de TV, a Cravo e Canela Comunicação aparece como uma nova alternativa para a criação e a produção de programas para esse meio. A criadora da empresa, Cylene Ferraz, ex-SBT, define a Cravo e Canela como uma agência de comunicação, com duas frentes de trabalho. Uma delas é a de execução de eventos e a outra é a de criação e produção de conteúdo de TV. Neste núcleo, são criados e executados projetos de programas de televisão (entregues produzidos ou como formatos). Equipada com cinco ilhas de edição, 22 câmeras HD e uma unidade móvel com capacidade para 18 câmeras, a agência, lançada oficialmente no início deste ano, já trabalha em projetos para os canais GNT, Multishow e MTV. Os programas estão sendo vendidos em temporadas de 24 episódios cada. Cylene conta que, a princípio, a agência estará focada apenas em conteúdo para TV, não conteúdo publicitário. “O diferencial da Cravo e Canela é contar com profissionais que sempre criaram e dirigiram conteúdo de televisão”, diz a dona da empresa. São quatro diretores no núcleo de conteúdo de TV, comandados por Ariel Jacobowitz: o diretor artístico Nilton Travesso; André Lazzuri, no atendimento; Rene Paciullo, na criação; e Bruno Rocha, na produção.


“À Deriva”, primeiro projeto de co-produção da O2 Filmes com a americana Focus Feature, braço da Universal, começou a ser filmado em abril. Heitor Dhalia é o diretor do primeiro dos cinco longas-metragens que devem ser produzidos ao longo de três anos pela parceria. Com orçamento estimado em R$ 6,5 milhões, o filme tem no elenco o francês Vincent Cassel (“Doze Homens e Um Segredo” e “Irreversível”), a norte-americana Camilla Belle (“Dez Mil Anos Antes de Cristo”) e as brasileiras Déborah Bloch e Laura Neiva, atriz descoberta no orkut pela equipe de casting. “À Deriva” se passa nos anos 80 e conta a história de um casal que busca refúgio em Búzios a fim de resgatar um relacionamento desgastado. Alexandre Herchcovitch assina o figurino do filme.

foto: alexandre ermel/divulgação

Co-produção em Búzios

A atriz Laura Neiva, descoberta no Orkut pela equipe de casting, filma “À Deriva”, co-produção da O2 Filmes com a Focus Feature de orçamento estimado em R$ 6,5 milhões .

Séries premium no iTunes

Marca nova

“Sex and the City”, “Sopranos”, “Roma” e outras séries de sucesso da HBO serão vendidas pelo iTunes. A partir de um acordo entre o canal da Time Warner e a Apple, o site passa a comercializar episódios individuais de atrações de sucesso do canal, por preços que variam de US$ 1,99 (“Sex and the City”, “The Wire” e “Flight of the Conchords”) a US$ 2,99 (“The Sopranos”, “Deadwood” e “Roma”) por episódio. Essa é a primeira vez que a HBO oferece episódios individuais de suas séries e também a primeira que a Apple oferece variação de preço para seus produtos até então, os episódios de séries de TV custavam, invariavelmente, US$ 1,99 e as músicas US$ 0,99. No começo de maio, a Apple anunciou um acordo com Warner Brothers, 20th Century Fox, Walt Disney, Paramount, Sony e outros estúdios para oferecer download de filmes pelo iTunes no mesmo dia em que eles são lançados em DVD.

O canal BBC World mudou de nome para BBC World News. A mudança, acompanhada de um novo logotipo e uma nova vinheta dentro do canal, é conseqüência de uma pesquisa que revelou que a nova marca é mais eficaz para comunicar o conteúdo do canal junto à sua audiência.

fotos: divulgação

Aposta em outra mídia

“Combate da Venda Grande”, documentário produzido pela EPTV, mistura jornalismo e dramaturgia.

O canal de agronegócios do Grupo Bandeirantes, o Terraviva, lançou a revista Terraviva, publicação mensal voltada ao setor, com 80 páginas e tiragem inicial de 45 mil exemplares. Editada pela Editora Lua, a revista será distribuída nacionalmente em bancas e também por assinatura. A edição número 1 estará nas bancas em junho.

Alta definição no jornalismo local A EPTV, afiliada da Rede Globo em Campinas, Ribeirão Preto, São Carlos e sul de Minas Gerais, produziu o primeiro programa em alta definição para o jornalismo local, o documentário “Combate da Venda Grande”. Antes, a emissora havia produzido dois programas para o "Globo Repórter" em HD. A produção sobre a Revolução Liberal de São Paulo de 1842 mistura dramaturgia e jornalismo, tem uma hora e 40 minutos de duração e começou a ser exibida no dia 26 de maio no Jornal Regional Primeira Edição, que vai ao ar de segunda a sábado, às 12h. Após a exibição da série, a emissora pretende comercializar o material em DVD.

Revista Terraviva, do canal de agronegócios do Grupo Bandeirantes: nova incursão do grupo em mídia impressa

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8

7




( scanner) foto: luciano piva/divulgação

Novidades da Cultura A TV Cultura estreou no dia 5 de maio sua nova programação. São 18 novos programas, além de outros 19 que já faziam parte da grade, reformulados. Entre as novas atrações, estão seis produções independentes, duas co-produções, seis aquisições e quatro produções da TV Cultura. Segundo o coordenador do núcleo de conteúdo e qualidade da emissora, Gabriel Priolli, outros 13 programas estão em fase de planejamento e negociação para lançamento posterior. Uma das co-produções é o programa sobre o universo indígena “A’uwe”, que tem início com o documentário que o originou: “Expedição A’uwe – A Volta de Tsiwari”. A atração é apresentada pelo ator Marcos Palmeira e co-produzida pela TVi – Televisão e Cinema. A outra co-produção é o semanal “Ao Ponto”, produzido em parceria com o canal Futura. Além desses, a TV Cultura estréia seis produções independentes entre seus programas de linha: a série infanto-juvenil “Tudo o que É Sólido Pode Derreter”, com produção da Ioiô Filmes; “Eco Prático”, um reality show sobre como fazer da casa um lugar ecologicamente

“Manos e Minas”, apresentado por Rappin’ Hood, é uma das atrações da TV Cultura para atender à demanda por conteúdos voltados a segmentos excluídos da programação atual das emissoras.

fotos: bianca aun/divulgação

correto, com realização das produtoras Selva Filmes, Dedo Verde e Planetária; “Mega Trip”, programa sobre esportes radicais produzido pela RTV Digital Films; “Planeta Turismo”, atração produzida pela Trópicos Vídeo Produção, que aborda o universo do turismo; o musical “Radiola”, da Trama; e a série de documentários “Cinco sobre Cinco”, realizada pelo Itaú Cultural. Além dessas atrações, a TV também anunciou novas chamadas, a ampliação da aquisição de documentários e filmes de ficção, e a criação de uma faixa voltada para o público jovem, com conteúdo de música e comportamento. O diretor de prestação de serviços da TV Cultura, Carlos Wagner La-Bella,

Site criado para lançamento do filme “5 frações de uma quase história” disponibiliza trechos da trilha do filme em MP3 para download de ringtones.

10

explica que além das produções independentes, a TV Cultura estuda utilização do serviço de produção para alguns de seus programas. “Minha idéia é ter 50% de nossa produção exteriorizada até 2010”, diz. A emissora desenvolve também métodos para terceirização de suas produções. Serão pitchings, carteiras de projetos, projetos sob demanda e editais.

Publicidade Cícero Feltrin, diretor de marketing da emissora, falou sobre a idéia de eliminar os comerciais da programação infantil, substituindo-os, ainda neste ano, por programetes educativos e de prestação de serviços dos anunciantes. Para o diretor de marketing, a eliminação seria viável financeiramente porque a TV Cultura não depende exclusivamente do mercado publicitário. Além disso, existe uma área de desenvolvimento de projetos, associada ao marketing e captação de recursos, que faz propostas aos anunciantes, de acordo com as premissas da TV Cultura, já conhecidas do mercado publicitário. “Em quatro anos de atuação, esta área já aumentou em 300% a captação de recursos”, observa Feltrin.

Quase história no cinema e na Internet

Almanaque dos Seriados

“5 frações de uma quase história”, longa-metragem mineiro, feito a doze mãos, estreou nas salas de Belo Horizonte, São Paulo e Brasília no dia 9 de maio e no Rio de Janeiro no dia 16. Para acompanhar o lançamento, a MKT Virtual de Santos, em parceria com a ID&A de BH, produziram o site www.cincofracoes.com.br. Além de informações sobre o filme, fotos e blog oficial do evento, é possível fazer downloads de ringtones. São dez trechos da trilha do filme em MP3.

O jornalista Paulo Gustavo Pereira lançou em maio, pela Ediouro, o “Almanaque dos Seriados”, livro que reúne histórias e curiosidades sobre os seriados nacionais e internacionais que mais se destacaram na televisão brasileira. O almanaque aborda desde os sucessos das décadas de 50 e 60, como “Jennie é um Gênio”, “Nacional Kid” e “As Aventuras de Rin Tin Tin”, a atrações mais recentes como “Os Normais”, “Seinfield”, “Sex and the City”, “24 horas” e “Mandrake”.

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8


A gente nĂŁo vĂŞ a hora de apertar esta tecla.


foto: ieda fischer/ arquivo

( scanner) Sem fórmulas prontas para as novas mídias “Todo o sentido da publicidade está mudando”. É o que diz Shelly Lazarus, chairman e CEO da Ogilvy & Mather Worldwide. Segundo ela, o mercado publicitário e toda a mídia passam por mudanças e não há respostas prontas. “Não temos que fingir que temos as respostas. Temos que tentar, fazer experiências”, afirmou durante o Verge Brasil 2008, evento organizado pela Ogilvy em São Paulo. Como exemplo, ela citou o site da Ameritrade, que sofreu mudanças sutis como a mudança da cor de um botão e a troca de quatro espaços promocionais por apenas um. Segundo ela, após essas mudanças, o número de cadastros preenchidos no site cresceu 15%. “Por quê? Não faço a

Silvio Da-Rin, secretário do Audiovisual: com portaria que cria Programa Nacional de Estímulo à Parceria entre Produção Independente e Televisão, Minc sinaliza que está interessado em promover aproximação.

Incentivo à parceria O Ministério da Cultura publicou no Diário Oficial da União, no início de maio, a Portaria 19/2008 que cria o Programa Nacional de Estímulo à Parceria entre a Produção Independente e a Televisão. A portaria não traz as ações que devem ser levadas adiante para promover esta parceria, mas mostra a vontade política dentro do MinC neste sentido. “Estamos sinalizando aos envolvidos que estamos interessados em promover esta aproximação”, disse o secretário do Audiovisual, Silvio Da-Rin. Há, conforme explica Da-Rin, uma percepção dentro do Ministério da Cultura de que a garantia de tela, sobretudo com exibição gratuita para o espectador, fecha o circuito de fomento à produção audiovisual. “Não queremos apenas incentivar a produção”, explica. Para fechar este circuito, o MinC espera estimular, “de forma não intervencionista”, como frisa o secretário do Audiovisual, a parceria da produção independente tanto com a TV aberta quanto com a TV por assinatura. Segundo Da-Rin, a Secretaria do Audiovisual está estudando o desdobramento desta portaria, que “enseja a aproximação dos interessados para o desenvolvimento de modelos e parcerias”. Contudo, algumas ações já estão em desenvolvimento, como a nova edição do DocTV, que deve ter 27 editais anunciados no final deste mês de maio. “Também queremos dar escala ao modelo de negócios experimentado no ano passado através do Documenta Brasil”, diz o secretário. Segundo ele, o modelo que será adotado este ano ainda está em discussão. “Queremos ter algumas dezenas de produções”, diz, adiantando que, para isso, o MinC deve fechar parceria com mais de uma rede comercial e trabalha com a perspectiva, novamente, de contar com patrocínio. Vale lembrar que através do Documenta Brasil quatro documentários foram produzidos, com patrocínio da Petrobrás, e exibidos no SBT. No início do segundo semestre, outro edital deve ser lançado. Desta vez para a produção de jogos eletrônicos. 12

T e l a

menor idéia”, brincou. Para Shelly, o momento exige mais criatividade dos mídias das agências, assim como uma concepção diferenciada, na qual a publicidade é o conteúdo. “As pessoas não têm que entrar em um site e ver um vídeo da IBM, mas elas querem. E depois assistem outros dois ou três vídeos sugeridos”, explicou. Bruce Woolsey, diretor de desenvolvimento de negócios da Microsoft EUA, falou sobre os efeitos do DVR para a publicidade. Para ele, as pessoas verão a publicidade que interessa a elas. “Ao ler uma revista, não sou obrigado a ficar 30 segundos em cada página de publicidade. Mas se um anúncio me interessar, vou pelo menos ler o que está escrito”, diz.

Cartoon no celular A Turner da América Latina fechou acordo com a GlobalFun para desenvolver e distribuir jogos para celular baseados em personagens do Cartoon Network, como “A Mansão Foster para Amigos Imaginários” e “Ben 10”. Os dois jogos para celular em desenvolvimento serão lançados em 2008. Nos termos do acordo, a Turner Latin America irá distribuir os títulos via seus canais próprios, como o site do Cartoon Network, enquanto a GlobalFun irá gerir a distribuição em outros canais de vendas na região. O escritório da GlobalFun em Buenos Aires será responsável pelo desenvolvimento, gestão de projeto e distribuição, enquanto a GlobalFun na Suécia irá garantir qualidade, identidade visual e implementação física.

V i v a

GlobalFun está desenvolvendo jogos para celular baseados em personagens de “Ben 10” e “A Mansão Foster para Amigos Imaginários”, personagens do Cartoon Network.

m a i 2 0 0 8


Em junho de 2009, seu melhor programa vai passar aqui. A Converge Comunicações e a Revista TELA VIVA agradecem a todos os parceiros, patrocinadores e apoiadores, que foram os maiores responsáveis pelo sucesso de mais uma edição do Forum Brasil - Mercado Internacional de Televisão, o maior e mais importante mercado de conteúdos audiovisuais da América Latina.

Nos vemos em 2009. Até lá. www.forumbrasiltv.com.br 11 3138 4623


( scanner) Salvação pelo roteiro O britânico consultor de roteiro Phil Parker, autor de “The Art & Science of Screenwriting”e que atende estúdios como a Aardmann Animation, Mob Films, Berlin Brandenbur Medienboard e produtores e roteiristas independentes, esteve no Brasil na primeira quinzena de maio para ministrar uma série de palestras e o workshop “Roteiros para filmes de baixo orçamento”, promovido pela Cultura Inglesa, com articulação e produção da Klaxon Cultura Audiovisual. Entre as principais dicas que o consultor deixou a seus alunos, interessados em desenvolver projetos de longa-metragem, estavam: concentrar-se na tarefa de escrever e dedicação de quanto tempo for preciso a ela, participar em palestras e cursos de roteiro, analisar produções bem-sucedidas devido à boa construção de suas narrativas (para ele, “Seven – Os Sete Pecados Capitais”, “Adeus, Lênin” e “Cidade de Deus” são bons exemplos) e nunca trabalhar sozinho. “Sempre mostre o seu trabalho a outras pessoas e peça ajuda quando algum problema está difícil de resolver. Alguém que não está tão envolvido com o projeto pode chegar a uma solução mais eficiente. Da mesma forma, você pode tentar resolver falhas de outros roteiros”, conclui.

Phil Parker: sete em cada dez filmes que não dão retorno financeiro têm algum problema de roteiro.

Voyeurismo no celular O apresentador Pedro Bial afirmou que o “Big Brother Brasil” deve ter um pay-per-view por celular na próxima edição ou, no máximo, na seguinte. Na TV por assinatura, o pay-per-view teve 160 mil assinantes. O apresentador adiantou ainda que a próxima edição “deve começar bem antes do início das transmissões”. O que deve acontecer “com a ajuda das novas mídias”. Segundo Bial, a cada edição o programa mobiliza um número maior de internautas. “Durante nove meses, o UOL é líder na Internet brasileira. Nos três meses de BBB, é a Globo.com”, comemorou.

“Noiva de Cordeiro” e “Brasil de Todos os Santos”: programas que ganharam pitchings do GNT estarão na programação do canal em junho.

Vencedores de pitchings O canal GNT exibe, em junho, três programas que resultaram dos pitchings realizados pelo canal. No dia 12, começa a exibição de “Brasil de Todos os Santos”, da Película Digital, vencedor da competição de 2005, que trata de três santos: Santo Antônio, São Pedro e São João. O vencedor de 2006, “De Perto Ninguém é Normal”, série de quatro programas da Dueto Filmes que apresenta pessoas aparentemente normais que guardam desejos e sonhos incompreensíveis, será exibida a partir do dia 14. Por fim, no dia 26 tem início “Noivas de Cordeiro”, ganhador de 2007, da Bemvinda Filmes, que mostra uma comunidade formada apenas por mulheres que sobrevive isolada há mais de um século, em Minas Gerais.

Mais cinema itinerante O Cine Tela Brasil, projeto de cinema itinerante criado há quatro anos pela diretora Laís Bodanzky e pelo roteirista Luiz Bolognesi para exibir gratuitamente filmes brasileiros à população de baixa renda, ganhou o patrocínio da Telefônica e agora terá mais uma unidade itinerante. A parceria, além de ampliar a capacidade de exibições, reforça o aspecto educativo do projeto, pois as oficinas de produção cinematográfica ganham um espaço interativo no portal Educarede, em que alunos e professores da rede pública poderão trocar informações e experiências. Agora com duas salas (a outra tem patrocínio do programa CCR – Cultura nas Estradas), o Cine Tela Brasil tem programação até abril de 2009 em 64 cidades.

Com o patrocínio da Telefônica, projeto Cine Tela Brasil ganha mais uma sala itinerante

14

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8



( scanner) Fox produz série em inglês na América Latina Bips de três segundos (acima) abrem e fecham o break local. Vinhetas que chamam o canal têm passado por mudanças desde fevereiro.

Novo on air A Globo News mudou seu on air look em maio. Eduardo Bernardes, Martha Sampaio, Shirley Sanson, Raphael Drummond, Carlos Sampaio e Fábio Mayumi fazem parte da equipe do departamento de arte da Central Globo de Jornalismo (CGJ) que, em parceria com o departamento de Marketing da Globo News, trabalhou na renovação da identidade visual do canal. As novidades aparecerão nas vinhetas com as informações “A Seguir”, “Ainda Hoje” e nos bips de três segundos que abrem e fecham o break local e nacional. Desde fevereiro, a Globo News já vinha mudando suas vinhetas. Elas passaram a mostrar situações do dia-a-dia, para aproximar o canal do telespectador. Para alcançar os diferentes públicos, as vinhetas passaram a trazer cenas variadas - uma casa no campo, um estúdio de gravação, uma mesa com cafezinho ou com gráficos de análises econômicas ao lado de moedas. Em todas as imagens, elementos visuais se combinam e para formar a logomarca do canal.

Culinária e romance em HD “Água na Boca”, que estreou na Band no dia 12 de maio, é a segunda novela em HD da emissora. Segundo o diretor geral de dramaturgia, Del Rangel, gravar neste formato já não é mais um problema para a equipe. “Dominamos o HD com maestria absoluta”, afirma. O folhetim de Marcos Lazarini, que tem como tema principal a história de amor entre dois jovens que fazem parte de famílias rivais, donas de restaurantes concorrentes, um francês e um italiano, substituiu “Dance Dance Dance” no horário das 20h15 de segunda a sexta. Para ambientar os restaurantes e mostrar a diversidade gastronômica de São “Água na Boca”, orçada em Paulo, a novela utiliza diversas locações R$ 25 milhões, é a segunda na capital paulista, como o Mercado novela em HD da Band Municipal e feiras livres, além de dois estúdios da Quanta. A novela tem orçamento de R$ 145 mil por episódio (e valor total de R$ 25 milhões), com R$ 1,4 milhão destinados à cenografia. Cerca de 300 pessoas estão envolvidas na produção da novela, sendo 140 profissionais na equipe de produção, 48 atores e atrizes, além de figurantes. O tema “culinária” também será aproveitado por outro programa da casa. O matutino “Bem Família” ensinará os espectadores a realizarem as receitas mostradas no dia anterior na novela. Alta definição Além de “Água na Boca”, o jornalismo e alguns esportes exibidos pela Band já são captados e transmitidos em HD. Segundo o vice-presidente da emissora, Marcelo Meira, cerca de 20% da programação atual é transmitida em HD, mas a idéia é que esse percentual aumente no segundo semestre. O executivo afirma que após as Olimpíadas, cujas transmissões devem durar cerca de 12 horas diariamente, de 40% a 50% da programação deve ser transmitida em alta definição, como os programas “Terra Nativa”, “É o Amor” e “Custe o que Custar”. 16

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8

A Fox International Channels e Fox Television Studios produzirão uma série na América Latina para os Estados Unidos e o mercado internacional. Trata-se de “Mental”, série falada em inglês, ambientada em Los Angeles, e gravada nos novos estúdios da Fox Telecolombia, em Bogotá, que contam com mais de 8 mil m² de infra-estrutura e equipe própria. A série, de 13 episódios de uma hora, terá direção, roteiro e atuação de americanos, com Chris Vance (de “Prison Break”) e Annabella Sciorra (de “Família Soprano”) como protagonistas. Guy Ferland (“The Shield”, “The Riches” e “Saving Grace”) dirige o primeiro episódio. O drama médico é centrado na vida de um psiquiatra que usa a sua habilidade de penetrar na mente de seus pacientes para observar as coisas a partir do ponto de vista deles. “Mental” será exibida pela Fox na América Latina, Europa e Ásia. A produção está programada para começar na primeira semana de junho, em Bogotá.

Pesquisa comportamental A Disney anunciou a criação de um laboratório de pesquisas em publicidade e mídias emergentes. A gigante norte-americana quer entender o que leva as pessoas a consumir ou ignorar os diversos portais de conteúdo que surgem na Internet, assim como porque alguns gadgets fazem sucesso e outros não. O laboratório será montado em Austin, no Texas, sob a supervisão do professor Duane Varan, uma autoridade em novas mídias responsável pelo Instituto de Pesquisa em TV Interativa e catedrático de novas mídias na Murdoch University, na Austrália.



Produtora executiva Ingrid Raszl chega à Margarida Flores e Filmes para atuar como produtora executiva. A profissional, que já passou pela Produtora Associados, JX Plural (atual Bossa Nova) e Chroma, trabalhará diretamente com os produtores Paulo Schimidt, Marily Raphul, Antonio Carlos Accioly e João Pedro Albuquerque, coordenando toda a área de produção da Margarida.

Expansão Para atender a expansão de negócios iniciada em 2007 e a expectativa projetada para 2008, a Bossa Nova Films anuncia contratações nas áreas de publicidade, internacional e conteúdo. Roberta, Mércia e Gabriela Mércia Lima e Roberta Palmari reforçam a área de publicidade. Mércia é produtora executiva e chega para fazer dupla com Eduardo Tibiriçá, sócio e produtor executivo para o mercado nacional. Roberta compõe o time de atendimento junto com Kiska Kaysel, Teresa Carvalho e Priscila Miranda. Gabriela Hahn é a novidade na área internacional, integrando a equipe de produtoras executivas formada por Irma Palma e Anna Martinez. O núcleo de conteúdo, que em meados de 2007 ganhou um reforço com a joint venture firmada com a Canal Azul, especializada em produção de “natural history” e “travel adventure”, anuncia a chegada de Maurício Lains, para a direção comercial. Ele atuará junto aos produtores executivos e co-gestores do núcleo de conteúdo, Denise Gomes e Ricardo Aidar, o Rico.

Reforço em criação A QG propaganda reforçou seu departamento de criação, liderado por Marcelo Droopy, com a contratação dos diretores de arte Rafael Rosa (ex-McCann Erickson, Africa e Publicis) e Fátima Temer (ex-Repense). A redatora Josane Muriel (ex-Segment Comunicação) também Josane Muriel, Marcelo Droopy, passa a integrar a equipe. Fátima Temer e Rafael Rosa

A DM9DBB contratou o diretor de arte Gustavo Victorino. Com oito anos de experiência, Victorino, que tem passagens pela Leo Burnett, DPZ e Almap BBDO, integra a equipe criativa comandada por Rodolfo Sampaio e Julio Andery, vicepresidentes de criação.

Internacionalização O diretor de arte Carlos Manga Junior, conhecido como Manguinha, deixou a Repúblika Filmes e foi para a Zeppelin Filmes a convite de Rodrigo Pesavento, diretor de arte e sócio Manguinha e Rodrigo Pesavento da produtora. Segundo Pesavento, a chegada do novo diretor ajudará a Zepellin em sua proposta de internacionalização das atividades, com reforço das parcerias internacionais. Com a saída de Manguinha, a Repúblika Filmes funcionará de maneira independente, voltada exclusivamente para produção de conteúdo, vídeos corporativos e projetos especiais, incluindo produções para novos formatos de mídia. A coordenação continuará com Paula Manga, diretora de cena e diretora geral da empresa. Pedro Bueno, produtor executivo, acompanha Manguinha na Zeppelin.

Foto: Geison Genga

A Giovanni+Draftfcb contratou três profissionais para a área de mídia. Carla DiSarno (ex-Hot List – Adbusiness) e Marília Madeira (ex-Lov) são as novas assistentes do time de mídia on-line, comandado Cristina, Carla e Marília por Leandro Fujita. Já Cristina Omura (ex-Borghierh/Lowe) é a nova coordenadora de mídia da equipe da Gafisa, liderada por Tiago Santos.

Diretor de arte

Novo CEO O Grupo Endemol tem um novo CEO global. Ynon Kreiz, ex-presidente e CEO da Fox Kids Europe, assume o posto em 1° de junho. O executivo, que substitui o CEO interino Aat Schouwenaar, trabalhará em parceria com o COO Marco Bassetti e o time de gestores da Endemol. Além da Fox Kids Europe, empresa que fundou juntamente com Haim Saban e presidiu entre 1997 e 2002, Kreiz trabalha desde 2003 como investidor na indústria da comunicação. Entre 2005 e 2007, foi sócio da Balderton Capital (antiga Benchmark Capital Europe), uma empresa de capital de risco.

Conselho Consultivo O Conselho Consultivo da Anatel elegeu o advogado Vilson Vedana para o cargo de presidente do grupo. A escolha encerra o longo período em que o conselho permaneceu sem comando pela falta de nomeação de um presidente. O mandato tem duração de um ano. Vedana ocupa uma das vagas destinadas à Câmara dos Deputados, onde é consultor legislativo na área de ciência e tecnologia, comunicação Vilson Vedana e informática. A vice-presidência do grupo passa a ser do conselheiro Marcelo Bechara, representante do Poder Executivo no Conselho.

Foto: Sinclair Maia/ Anatel

Novidades em mídia

Fotos: divulgação

(figuras )



( capa ) Fernando Lauterjung*

f e r n a n d o @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

A quatro (ou mais) mãos Com novos acordos internacionais e investimentos em projetos exportadores, produtores brasileiros aprendem a buscar ajuda estrangeira para viabilizar o audiovisual nacional.

O

volume de co-produções internacionais vem crescendo substancialmente. Um levantamento da Ancine mostra que entre 1995 e 2007, 56 obras foram realizadas por produtoras em co-produção internacional. No último ano, 11 foram computadas. Outras 36 estão em fase de captação, preparação, filmagem e finalização. E a tendência é que o número cresça ainda mais, com a assinatura de novos acordos bilaterais ou multilaterais e com o investimento feito pela Apex nos projetos exportadores. Também colabora a visibilidade que o país vem ganhando no exterior. “A promoção atrai os olhos ao Brasil, aumentando o volume de negócios”, diz o diretor da Ancine Mario Diamante. Novos acordos de co-produção internacional estão prometidos para breve. Segundo Diamante, não só a assinatura de novos acordos pode abrir portas, mas também a atualização de antigos convênios. Isto porque muitos destes acordos permitiam apenas a co-produção cinematográfica, deixando de lado todas as outras modalidades do mercado audiovisual. Em alguns casos, o acordo limitava até mesmo o suporte de gravação. “Há acordos que especificam a ‘metragem’ da película”, diz. “Mas há casos em que não é possível abrigar um universo mais amplo”, diz. Na França, por exemplo, há, na legislação, uma diferenciação do audiovisual e do cinema. Entre os acordos prometidos está um com a Índia, que começa a tramitar no Congresso Nacional. A Ancine negocia com a China um

FOTO: marcelo kahn

novo acordo, assim como a atualização do acordo com a Itália. Também tramita uma atualização do acordo multilateral com países da América Latina, permitindo agora participação mínima de 20% de cada co-produtor. O problema é apenas o tempo que leva para um acordo estar finalizado, já que o processo no Brasil é moroso. “Na maioria dos países, a aprovação deste tipo de acordo é de responsabilidade do Poder Executivo. No Brasil, todo acordo precisa ser aprovado pelo Legislativo”, explica o dirigente da Ancine. Não só

“O setor terá uma norma única para as co-produções internacionais.” Mario Diamante, da Ancine

20

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8

depende da aprovação do Congresso, como passa por diversas comissões. “É difícil explicar para os reguladores internacionais”, diz. É possível ainda co-produzir com países com os quais o Brasil não tem acordos. Uma forma é através de um terceiro país, com o qual tenhamos algum convênio. “Blindness”, de Fernando Meirelles, por exemplo, é uma co-produção entre Brasil, Canadá e Japão. Como o Brasil não conta com acordo com o Japão, o negócio pôde se viabilizar por que o Canadá tem acordo com ambos os países. Se a produtora brasileira tiver 51% dos direitos da obra, ela é, automaticamente, brasileira, independente da


existência de acordo com o país co-produtor. Com isso, co-produções internacionais acabam não sendo apresentadas como tal na Ancine. Legalmente, não há nenhuma restrição, contanto que o controle seja brasileiro. Pelo cálculo da Ancine, apenas 7% das co-produções internacionais se dá com países com os quais o Brasil não tem acordo. Contudo o número pode estar distorcido. “Não há diferença em registrar a obra na Ancine como co-produção ou não. Não há nenhum estímulo”, diz um produtor, em relação aos casos nos quais o produtor brasileiro tem controle no projeto. Para este produtor, a co-produção é positiva para o país, na medida em que atrai divisas e ajuda a difundir a cultura brasileira. “Deveria haver algum incentivo, pelo menos um desconto na Condecine”, diz. A primeira dica na negociação de co-produções internacionais é estudar os acordos existentes para co-produzir com o país. Uma co-produção entre Brasil e Canadá, por exemplo, iniciou as filmagens antes do envio da documentação à Ancine. O acordo entre os dois países exigia que a documentação fosse entregue no mínimo 30 dias antes das filmagens. Em casos como este, nem sempre o negócio está inviabilizado. “Muitas vezes o acordo permite que exceções sejam tratadas como exceções”, brinca Diamante. No caso acima, o acordo definia que exceções fossem tratadas por uma comissão mista. Bastou que a Ancine e a embaixada canadense montassem a comissão. Com a Itália, por exemplo, o acordo permite que o Brasil seja sócio minoritário apenas nos casos em que haja “alto valor cultural”. Com o Canadá, o controle artístico precisa ser dos dois países, assim como o casal protagonista tem que ser de atores de ambos os países, o que inviabilizaria a produção de “Blindness”, caso as autoridades de ambos os países não tivessem concordado com a “exceção”.

Já a busca por co-produções, embora conte com recursos públicos, se dá através dos projetos exportadores das associações do setor. Para o cinema, o Cinema do Brasil, vem levando dezenas de produtores aos principais festivais internacionais. Trata-se do projeto exportador do sindicato dos produtores de São Paulo com apoio da Apex. “Com o Cinema do Brasil aumentou bastante (as co-produções). A gente tem uma estimativa que nos últimos dois anos foram gerados 40 milhões em negócios internacionais”, diz André Sturm, presidente do projeto. No Festival de Cannes, o Cinema do Brasil recebeu produtores do mundo todo para “uma caipirinha”, com a presença de Walter Salles e Fernando Meirelles, além de profissionais de diversos países. A produção para a televisão conta com o Brazilian TV Producers, projeto exportador da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de TV, que também conta com apoio da Apex. Segundo Eliana Russi, gerente de exportação da ABPI-TV, o montante de negócios realizados pelo projeto até junho de 2007 foi de pouco mais de US$ 34 milhões. A grande maioria (72,84%) com Estados Unidos e Canadá. Contudo, vale destacar, boa parte destes projetos não está nas contas apresentadas pela Ancine, já que a agência desprezou o volume de negócios gerados com recursos do Artigo 39 da MP 2228/01, que incentiva os programadores estrangeiros a co-produzir com produtoras independentes brasileiras. Além dos negócios gerados pelo projeto dos produtores de TV, Eliana aponta os valores que ainda aguardam recursos. Só com o Canadá, 34 projetos, com valor total de

“Estimamos que nos últimos dois anos tenham sido gerados 40 milhões em negócios internacionais.” André Sturm, do Cinema do Brasil

Para resolver este tipo de exceção, a Ancine deve editar uma Instrução Normativa sobre co-produções internacionais. Atualmente, as normas para as co-produções são tratadas por diferentes INs e áreas da Ancine. “O setor terá uma norma única para as co-produções internacionais”, diz Diamante, explicando que, assim, o setor não dependerá tanto da abertura de precedentes e, automaticamente, da vontade política. Divulgação Além dos acordos, o trabalho de divulgação do produto nacional vem crescendo, assim como a busca de co-produtores pelo mundo. Na divulgação do produto pronto, o esforço se dá principalmente dentro do governo, que vem participando dos principais festivais de cinema. A Secretaria de Audiovisual do Ministério da Cultura, a Ancine e o Ministério das Relações Exteriores, no último Festival de Cannes, neste mês de maio, participaram de encontros com o objetivo de promover a presença da produção brasileira em outros países e mercados. Representantes das três instituições fizeram reuniões com representantes da Itália, Portugal, Reino Unido, Alemanha e Rússia. Uma das questões em pauta foi, com a organização do Festival de Roma, a participação brasileira na edição deste ano, já que o país merecerá um foco no evento que ocorre em outubro. A expectativa é que, além da exibição de filmes, a presença brasileira se espalhe pela cidade, com mostras de arte, música e cultura brasileira paralelas ao festival. Segundo Eliana Russi, da ABPI-TV, projeto exportador gerou US$ 34 milhões em negócios.

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8

21

>>


( capa ) participação brasileira nas co-produções 12

Produções

10 8

Majoritária

6

Igual

4

Minoritária

2 0

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

Fonte: Ancine

US$ 128,5 milhões, estão em fase de captação de recursos. A parte brasileira neste montante é de US$ 66 milhões. Com Estados Unidos, Argentina, Espanha, Portugal, Inglaterra, Luxemburgo, Alemanha, Índia e França, são 43 projetos em captação. O valor total é de US$ 79,625 milhões, com contrapartida brasileira de US$ 37,5 milhões.

culturais e históricos em comum podem trazer vantagens econômicas. “Cada co-produção é uma co-produção, mas as chances são sempre grandes em fazer parcerias com estes países pelos elementos semelhantes, a cultura é mais próxima. Se você quer filmar uma história de amor, com um personagem argentino que vive no Brasil, isto é mais factível que filmar uma história de amor com um canadense, por exemplo”, diz o produtor, diretor, distribuidor e exibidor.

América Latina O país que mais co-produz com o Brasil é Portugal. São 21 co-produções diretas e outras quatro em andamento. Além disso, outras seis foram produzidas e sete estão em produção através do acordo que Portugal tem com os países da América Latina. “Esse volume se dá graças ao edital realizado anualmente para co-produções entre os países”, lembra Mario Diamante. Mesmo com o recorde de Portugal, o acordo mais usado não é o assinado com o país lusitano, mas o acordo com os países da América Latina. O acordo gerou, até o momento, 49 negócios, 20 deles ainda em fase de produção. Realizado em abril, em Buenos Aires, o 1º Encontro de Produtores do Mercosul reuniu órgãos reguladores e produtores dos países do bloco econômico. Para o presidente do Programa Cinema do Brasil, projeto exportador do sindicato dos produtores de São Paulo com apoio da Apex, André Sturm, os elementos

Fomento, incentivo e investimento São três, por enquanto, as linhas de fomento direto para co-produções internacionais: Ibermedia, Brasil e Portugal e Brasil e Galícia. O primeiro tem por finalidade subsidiar projetos iberoamericanos de co-produção de filmes, distribuição de filmes, desenvolvimento de projetos de cinema e televisão, venda internacional de conteúdo e formação. O Ibermedia recebe inscrições para a edição

2008 até o dia 16 de junho. O edital para co-produção com Portugal ainda não foi lançado em 2008. Com a Galícia, o edital, que teve inscrições encerradas em maio, é para seleção de um projeto de longametragem. Neste edital é permitida a co-produção com um terceiro co-produtor, que não brasileiro ou galego. O projeto selecionado receberá da Ancine R$ 300 mil. As formas de fomento através de incentivos fiscais não obrigam a co-produção com produtoras estrangeiras. Contudo o Artigo 39 da MP 2228/01 é, na prática, um incentivo à co-produção com canais internacionais. Pode ser usado também na co-produção com outras produtoras internacionais, além do programador estrangeiro. Foram recolhidos pelo mecanismo, em 2007, R$ 12,96 milhões. Desde 2003, quando começou o recolhimento, o Artigo 39 já arrecadou R$ 73,55 milhões. Há ainda a promessa de que parte do Fundo Setorial do Audiovisual seja aplicada nas co-produções internacionais. Isto depende da decisão do comitê gestor do fundo, ainda não instaurado. O FSA, vale lembrar, conta com R$ 77 milhões, e é lastreado à Condecine e ao Fistel e tem três programas de aplicações: Prodecine, ProdAV e Pró-Infra. Os recursos poderão ser utilizados em investimentos, empréstimos, fomento (somente em casos específicos) e equalização de encargos financeiros. *Colaboraram André Mermelstein e Ana Carolina Barbosa

Co-produção para cross-media O National Film Board do Canadá recebe propostas de produtores brasileiros para o Cross-Media Challenge Brasil. Trata-se de uma competição para co-produção voltada para conteúdos inovadores, interativos, globalmente engajados com aplicações para banda móvel e banda larga. Os prêmios são de 5 mil dólares canadenses - aproximadamente R$ 8,5 mil – em financiamento para o desenvolvimento dos projetos, como parte de uma co-produção potencial com o NFB. O período para inscrições é de 8 de abril a 20 de junho de 2008. Três semifinalistas serão anunciados entre 14 e 18 de julho, no Mipcom, em outubro, em Cannes. O produtor vencedor deve conseguir levantar um valor equivalente de fundos para um orçamento de desenvolvimento total de 10 mil CAD/ R$ 17 mil.

22

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8


Documentaries

Video Journalism

Telenovelas

Music Specials


( mercado internacional) Daniele Frederico

d a n i e l e @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Diversificar é preciso Emissoras latinas aumentam as suas vendas internacionais, diversificam o conteúdo oferecido ao mercado estrangeiro, realizam co-produções, mas novelas seguem sendo carros-chefes dos negócios.

M

esmo com as vendas de seus produtos em alta e a diversificação de seu portfólio, Brasil e América Latina ainda são vistos como fortes produtores de novelas no mercado internacional. Essa definição, porém, não tem sido totalmente ruim para as emissoras brasileiras que, quase semanalmente, divulgam a venda de seus conteúdos para o exterior, especialmente as novelas. Essas vendas podem ser vistas como resultado de um trabalho mais intenso nos eventos internacionais, realizações de co-produções e por último, mas não menos importante, o oferecimento de boas histórias. “Atualmente, as produções latino-americanas melhoraram substancialmente em sua percepção internacional. É cada vez mais comum escutar que uma novela já é transmitida na Europa ou na Ásia, e até mesmo na África; que um formato foi vendido; ou que um novo filme é um sucesso”, diz Ernesto Ramírez Bourget, responsável pelas vendas internacionais da distribuidora Quality Films, do México. A TV Globo, como uma das principais produtoras de conteúdo do continente, tem percebido essa melhoria das vendas no exterior. Em 2007 a emissora vendeu 53 programas a 51 países diferentes, totalizando 25,5 mil horas de programação licenciada. “Depois de 2000, houve um desenvolvimento muito rico de produção de conteúdo e formas de distribuição”, diz o diretor de vendas internacionais da TV Globo, Raphael Corrêa

“O Clone”: novela da Globo será produzida pela Telemundo Studios, na Colômbia.

FOTOS: divulgação

Netto. “Nunca vi a indústria latinoamericana tão bem posicionada”, afirma. Para Netto, a região tem demonstrado capacidade de criação e produção, e esforços de distribuição para promover o gênero novela no exterior. “Há também um reconhecimento de que a novela pode ser excelente programação”, diz. No caso da Band, a emissora tem retomado a venda de novelas no mercado internacional, que já teve uma fase intensa. Para realizar essas vendas, a emissora tem contado com a sua equipe interna, liderada por Helena Perli, diretora de negócios internacionais da Band Imagem, e com grandes distribuidores internacionais. É o caso de “Dance Dance Dance”, novela da emissora que acabou de ser exibida no Brasil, que teve seus direitos de distribuição internacional adquiridos pela Telemundo. A emissora norteamericana de conteúdo hispânico realiza a distribuição para todo o mundo, exceto o Brasil e alguns países asiáticos.

Diversificação Ainda que as vendas estejam indo de vento em popa, não é sempre que ser chamado de “noveleiro” pelo mercado internacional é um elogio. Ter conteúdos diversificados e de apelo mundial podem ajudar uma produtora de conteúdos a se posicionar melhor no mercado internacional. E este tem sido um movimento realizado por alguns produtores e distribuidores de conteúdos latinos. “De uns anos para cá, os latinos estão apresentando formatos, alguns programas de concurso e variedades, e tentativas de longas-metragens no mercado internacional”, diz Ramírez. Neste sentido, a Globo, tem apostado, além de novelas e minisséries, em conteúdo jornalístico, microsséries – algumas, inclusive, produzidas em parceria com produtores independentes brasileiros – shows e seriados. Segundo Netto, em 2007 foram lançados cinco ou seis produtos, entre novelas e minisséries. Em 2008, serão 14 ou 15 produtos. “Para nós, 2008 tem sido um ano de expansão e reposicionamento da Globo no mercado internacional”, diz Netto. Esse reposicionamento inclui, por exemplo, a participação em eventos voltados exclusivamente ao gênero documentário, como o Hot Docs, em Toronto, Canadá, e o RealScreen Summit, em Washington, Estados Unidos. Para estes eventos a emissora levou alguns documentários avulsos e o “Globo DOC”, série de 13 episódios, roteirizada e editada a partir de

“De uns anos para cá, os latinos estão apresentando formatos, alguns programas de concurso e variedades, e tentativas de longas-metragens no mercado internacional.” Ernesto Ramírez, da Quality Films

24

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8


reportagens do arquivo da emissora, que destaca a exuberância da natureza brasileira. O diretor de vendas internacionais da Globo conta que eles sabiam que a expansão dos tipos de conteúdos levados para o exterior apresentaria desafios. “Um deles era propor algo novo para o mercado”, diz. No final, a estratégia funcionou. “Eles tomaram um choque, mas foi um choque positivo. Voltamos do MipTV, em abril, com 60% mais encontros que 2007”, contabiliza. A Band também tem levado ao mercado internacional reportagens e musicais, além das novelas. Para Helena, o tipo de conteúdo vendido varia muito de país para país e entre TVs abertas ou por assinatura. Ela lembra ainda que o mercado internacional é competitivo e nem todas as produções latinas estão destinadas ao sucesso. “Existe uma ‘Betty, a Feia’, mas quantas ‘Betty, a Feia’ podem acontecer?”, ela questiona, mencionando o sucesso da novela colombiana cujo formato foi vendido em países como Estados Unidos e China. O que parece ser essencial para que o Brasil e os outros países da América Latina diversifiquem os conteúdos levados ao mercado internacional e lucrem com eles, é que esses conteúdos sejam de apelo global, segundo Ramírez. “Considero que há espaço para outros produtos, além das novelas. O latino é muito criativo e pode canalizar sua criatividade para outros meios”, diz. “O risco é que também se deve provar que esse conteúdo é rentável”, afirma. Na Globo, segundo Netto, a venda desses conteúdos tem contado com uma estratégia diferenciada e complementar àquela feita anteriormente. “Temos trabalhado desenvolvimento de produto, comunicação comercial e força de vendas”, diz. Novos rumos Não é apenas na diversificação de produtos, mas também nos novos

previstos para o primeiro semestre do próximo ano. Enquanto isso, a Band comemora as vendas da novela “Paixões Proibidas”, resultado de uma co-produção entre a emissora brasileira e a portuguesa RTP, lançada no final de 2006. Segundo Helena, a Band está aberta a co-produções com produtoras nacionais e estrangeiras, já que neste tipo de negócio é possível ouvir o que o estrangeiro quer dizer. “É bom vender o seu produto, mas também é legal trabalhar com outros canais e ver a percepção deles”, diz. Para 2008, as expectativas são otimistas. Na Globo, espera-se que as vendas internacionais cresçam na casa dos 20%. “Esperamos superar mais de 60 programas vendidos para mais de 60 países e pelo menos 30 mil horas licenciadas”, diz Netto. No primeiro trimestre do ano as vendas da emissora totalizaram 8,5 mil horas de programação comercializadas para 26 países. Netto, assim como Helena, acredita que o mercado está esperando, independente de serem

“Nunca vi a indústria latino-americana tão bem posicionada.” Raphael Corrêa Netto, da TV Globo

modelos de produção de novelas que as emissoras estão apostando. Somente este ano, dois grandes players latinos anunciaram co-produções internacionais de suas novelas. A mexicana Televisa anunciou, durante o MipTV em abril, sua associação ao grupo francês JLA para a produção local de novelas e outros formatos. A Televisa passa a fornecer os roteiros e o know-how da produção, enquanto a JLA cuidará da adaptação, produção e distribuição locais na França. A parceria teve início com a novela "Baie des Flamboyants". Para Jose Luis Romero, diretor de formatos e desenvolvimento de novos conteúdos da Televisa, a tendência do mercado é adquirir conteúdo para produção local em primeiro plano, sem deixar de lado a aquisição de produtos prontos. "Hoje em dia há diferentes estruturas de negócios que estão funcionando em diferentes países, como a estrutura de co-produção. Esta proposta está ajudando a todos a abrir ainda mais o

“a tendência do mercado é adquirir conteúdo para produção local”,diz Jose Luis Romero, da Televisa. mercado, dando oportunidades de produzir localmente àquelas televisões que não contavam com os recursos necessários para isso", afirma. No Brasil, a Globo anunciou uma parceria com a Telemundo para a produção da versão em espanhol da novela “O Clone”. A novela será produzida pela Telemundo Studios na Colômbia, com atores hispânicos, e a Globo proverá o formato, assim como o know-how da equipe criativa e de produção da versão original, incluindo a autora, Glória Perez, e o diretor, Jayme Monjardim. A Telemundo terá exclusividade de transmissão da novela nos Estados Unidos e em Porto Rico, e a distribuição nos mercados da América Latina, Espanha e Ásia. A Globo será responsável pela distribuição nos outros territórios. A préprodução e o início das gravações estão

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8

produtos prontos, formatos ou co-produções, boas histórias. “No ramo de novelas e formatos, o conteúdo latino é visto como ‘spicy’, de bom gosto e com uma nova forma de afrontar uma idéia”, diz Ramírez. Para 2008, ele enxerga o mercado latino cheio de opções, mas com a permanência da novela como força propulsora dos negócios. “Espero que haja muitos gêneros e não somente um, mas acredito que este seguirá sendo o ano das novelas. Veremos como este gênero continua evoluindo e adaptando-se às necessidades. Há uns 20 anos, elas eram sempre dramas. Hoje vemos comédias e produções com cenários maiores, personagens mais complexos e histórias que buscam mais profundidade”, conclui.

25


( cinema)

Ana Carolina Barbosa

a n a c a r o l i n a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

De veias abertas e câmeras ligadas Com apoio financeiro insuficiente das agências de fomento de seus países, cineastas da América Latina buscam alternativas para levantar fundos para seus projetos, que vão de co-produções ao autofinanciamento.

O

marido, Marianne não imaginava que tão árdua quanto a procura dele pelos militares que o torturaram seria a saga do casal atrás de recursos para a concretização do trabalho, um caminho tortuoso percorrido por vários produtores latino-americanos que têm que buscar alternativas para o financiamento de seus projetos. Marianne buscou sem êxito recursos do governo chileno. “Não nos deram qualquer tipo de apoio para a produção. Acho que ainda existe uma certa resistência em mexer nestas feridas, ainda mais em um projeto que envolve militares aposentados. É muito frustrante”, diz ela. O maior apoio para a pesquisa e produção do documentário veio dos Estados Unidos, por meio da Latino Public Broadcasting (LPB), uma organização sem fins lucrativos criada pela The Corporation for Public Broadcasting, que apóia o desenvolvimento de conteúdos

FOTOS: divulgação

músico Hector Salgado tinha apenas 16 anos em 1973, quando o general Augusto Pinochet, após um golpe de Estado, derrubou o presidente eleito Salvador Allende e instaurou a ditadura no Chile. Foi preso, torturado e, três anos depois, se exilou nos Estados Unidos. Trinta anos mais tarde, voltou à terra natal com a obsessão de encontrar os seus torturadores e, olhando-lhes nos olhos, fazer perguntas que o acompanharam durante todo este tempo: por que o prenderam? Por que o machucaram? Por que mataram um de seus amigos? Encorajado pela esposa, a americana Marianne Teleki, Salgado filmou a busca, que resultou no documentário “Circunstâncias Especiais”. Estreante na produção audiovisual, quando teve a idéia de documentar a empreitada do

Sem apoio do governo chileno, o documentário “Circunstâncias Especiais”, de Marianne Teleki e Hector Salgado, conseguiu fundos da americana Latin Public Broadcasting.

26

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8

educativos e não-comerciais, que abordem assuntos relevantes para a comunidade hispânica para serem exibidos na TV pública. “Recebemos entre 85 e 115 propostas em nossas convocatórias anuais, apoiamos projetos de todos os gêneros em diversas etapas de desenvolvimento com fundos que variam de US$ 5 mil a US$ 100 mil”, explica Gabriela Gonzales, coordenadora de programação da Latino Public Broadcasting. “A única condição é que o produtor tem que ser um cidadão norte-americano”. A nacionalidade americana ajudou Marianne e Hector a concluir o projeto. O apoio do governo chileno só veio depois que o filme estava pronto, com ajuda para a participação em festivais. Até maio deste ano, o documentário já havia sido levado a 15 festivais, entre eles, os brasileiros É Tudo Verdade e Cine Ceará, que em sua 18ª edição, reuniu em Fortaleza, entre os dias 10 e 17 de abril, cineastas do Brasil, Chile, Venezuela, México, Espanha e Peru que disputaram a Mostra Competitiva Ibero-Americana de Longa-Metragem. Chileno como Hector, porém sem vínculos com os Estados Unidos, Sebastián Moreno teve mais sorte na


sua abordagem junto ao governo de seu país, conseguindo US$ 50 mil do Fundo de Fomento Audiovisual para a pós-produção e pagamento de direitos de imagens, fotografias e vídeos que aparecem em seu documentário, “Cidade dos Fotógrafos”. O filme de Moreno aborda a vida dos repórteres fotográficos na época da ditadura e também é um projeto pessoal, uma homenagem ao pai dele, o fotógrafo José Moreno. Segundo o cineasta, a falta de apelo comercial de sua produção gerou problemas de distribuição. “Não trabalhei com um distribuidor, tentei exibir o documentário em uma rede grande de cinema, mas não quiseram. Consegui exibi-lo no Arte Alameda, que é uma rede menor, aí o filme ficou cinco meses em cartaz”, explica. Com orçamento total de US$ 155 mil, “Cidade dos Fotógrafos” recebeu apoio na fase de produção da fundação holandesa Jan Vrijman, associada ao festival IDFA. “É difícil conseguir estes apoios porque tem gente do mundo todo concorrendo, mas não dá para depender exclusivamente do dinheiro do governo porque o que eles oferecem é uma piada”, observa Moreno, que está levantando fundos para mais dois documentários que planeja fazer.

Alternativas pelos seus diretores. Para diminuir a “Para o gênero dependência dos recursos do documentário, o governo e bancar seus projetos, autofinanciamento é o peruano Ernesto Cabellos feito com freqüência, produz por meio de sua porque não tem apelo produtora, a Guarango, séries e comercial para levantar documentários para a televisão. fundos. O filme foi “Somos os produtores locais de exibido em poucas salas alguns trabalhos internacionais, de cinema do Peru e não atendemos clientes como a foi sucesso de bilheteria. BBC World e a renda gerada O que fazemos é levar a “Somos os por esta atividade serve para festivais e os prêmios produtores locais em dinheiro que as despesas do escritório, de alguns assim consigo paralelamente ganhamos nestas trabalhos desenvolver meus trabalhos competições também internacionais, mais autorais”, conta. servem para cobrir atendemos O último trabalho pequenos gastos de clientes como a desenvolvido por Cabellos, o futuros projetos. Não BBC World e a documentário “Tambogrande: deixamos de produzir”, diz. renda gerada por Mangas, Morte e Mineração”, Se o gênero esta atividade orçado em US$ 100 mil documentário não tem serve para as dólares, produzido em apelo comercial para despesas parceria com a canadense exibição, a ficção do escritório, Stephanie Boyd, demorou sete produzida na América assim consigo, anos para ser concluído. Conta Latina enfrenta um paralelamente, a história da luta de um povo outro problema: a desenvolver meus competição com do norte do Peru contra uma trabalhos mais mineradora que queria iniciar Hollywood. “Era injusto, autorais.” suas atividades na região éramos massacrados nas Ernesto Cabellos, desértica que os habitantes salas de cinema”, explica cineasta peruano transformaram em uma zona Marité Ugas, produtora fértil para o plantio de manga venezuelana, e limão e a tensão política provocada responsável pela montagem do pela situação. Sem apoio financeiro da filme “Cartões Postais de Conacine, agência de fomento ao cinema Leningrado”, em que crianças peruano, o documentário foi bancado fantasiam as aventuras de seus

>>




( cinema)

FOTO: divulgação/o2

FOTO: divulgação

Equipe enxuta e co-produção com Holanda e França viabilizaram o desenvolvimento de "Luz Silenciosa" (à esquerda), do mexicano Carlos Reygadas. Parceria com a brasileira O2 deu visibilidade a "O Banheiro do Papa", segundo produtor executivo da uruguaia Laroux Films.

pais, membros da guerrilha venezuelana da década de 60. Marité conjuga os verbos no passado porque, para ela, desde que o governo Hugo Chávez aprovou, no ano passado, a lei que obriga as salas de cinema a deixarem os filmes nacionais em cartaz por pelo menos duas semanas, a situação mudou. “É um fenômeno nunca visto na história do cinema venezuelano. Embora não tenhamos condições de competir em publicidade com as produções americanas, a propaganda boca a boca mantém nossos filmes em cartaz. Em vez das duas semanas impostas pela lei, eles ficam, cinco, oito semanas em cartaz. Os exibidores perceberam que o produto nacional também é lucrativo”, destaca. O incentivo do governo venezuelano à produção nacional reflete-se no aumento de estréias para este ano. Segundo o Ministério da Cultura daquele país, em 2008, 44 filmes feitos na Venezuela entrarão em cartaz, mais que o dobro das estréias de 2007. Destes, 38 receberam apoio do governo através do Centro Nacional de Cinematografia (CNAC) ou da Villa del Cine, estúdio estatal criado por Chávez para incentivar produções que valorizem a cultura venezuelana e “combater a ditadura de Hollywood”. Apenas seis das estréias de 2008 serão co-produções da Venezuela com outros FOTO: Aline Arruda

países. “Pode até ser que a lei sirva para promover as produções da Villa del Cine, mas favoreceu também o trabalho dos produtores independentes e nós não temos sofrido nenhum tipo de censura”, observa. Já no México, a cultura local não é tão valorizada. É o que pensa o espanhol Alejandro Ezpelata, assistente do diretor mexicano Carlos Reygadas, que em seu último longa, “Luz Silenciosa”, filmou uma comunidade fechada de origem alemã, os menonitas, que vivem no norte do México. “É uma proposta diferente, com ritmo lento. Para viabilizar uma proposta como esta, trabalhamos com uma equipe bem enxuta, de apenas doze pessoas e fizemos parceria com a holandesa Motel Films, para a co-produção, e a francesa BAC Films para a distribuição. Acho que estes países estão um pouco mais abertos a novas estéticas e novas linguagens”, opina Ezpelata. “Diretores mexicanos, como

Para a produtora venezuelana Marité Ugas, a lei que obriga as salas de cinema a deixarem os filmes nacionais em cartaz por duas semanas aumentou a audiência destas produções. “Os exibidores perceberam que o produto nacional também é lucrativo”.

30

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8

Alejandro Iñarritu, já se renderam à maneira de fazer cinema dos Estados Unidos. O caminho é mais difícil para quem quer inovar e experimentar outras linguagens”, diz. Entre hermanos A produtora uruguaia Laroux Films buscou ajuda na vizinhança para produzir seu primeiro longametragem, “O Banheiro do Papa”. Com participação majoritária do Uruguai, o filme também contou com apoio financeiro de uma produtora francesa e da brasileira O2 na fase de pós-produção. De acordo com Sandino Saraiva Vinay, produtor executivo da Laroux, a parceria com a O2 aconteceu por meio de César Charlone, um dos diretores do filme, que é uruguaio e vive no Brasil. “Para a gente, ‘O Banheiro do Papa’ era o nosso grande trabalho e para a O2 era mais um dos vários trabalhos que eles têm. Foi uma experiência interessante, porque trabalhar com uma grande produtora dá visibilidade ao filme, ficamos expostos aos principais agentes deste mercado”, explica Vinay. Criada em 2004 para a produção de longas-metragens, o maior volume de trabalho da Laroux vinha da assessoria a produtoras estrangeiras que filmavam no país. “Agora as coisas estão mudando, porque temos a lei de cinema”, diz Vinay, referindo-se à nova Lei de Cinema e Audiovisual do Uruguai, aprovada na primeira quinzena de maio, propondo a regulamentação do setor. O Instituto Nacional de Audiovisual (INA) será substituído pelo Instituto del Cine y el Audiovisual de Uruguay (ICAU), órgão ligado ao Ministério de Educação e Cultura. Um dos principais projetos do ICAU será a regulamentação da entrada de capital privado no setor. “Estamos mais otimistas e já estudamos outros projetos de co-produção com França, Argentina e Chile”, conta.


( Nem vocĂŞ vai ver direito o retorno do seu investimento.)

Quem converge ĂŠ sempre mais.

Seja mais Converge.

1 1

3 1 3 8 . 4 6 2 3

|

w w w. c o n v e r g e c o m . c o m . b r


(audiência - TV paga) Universal conquista o bronze Foto: divulgação

C

om o final de temporada de “Brothers and Sisters” e “Heroes”, e a estréia da série “Greek”, o Universal Channel chegou ao terceiro lugar do ranking dos canais com melhor alcance entre o público com mais de 18 anos em março. Neste mês, o Universal Channel teve 8,16% de alcance diário médio e tempo diário médio de audiência de 31 minutos. Segundo informações fornecidas pelo canal, “Brothers and Sisters”, “House” e “Law & Order” foram as três séries mais vistas no Universal no mês de março (Fonte: Ibope Media Workstation – Indivíduos com pay TV, 6 mercados. Tabela de Programação – Audiência média – março). Em primeiro lugar no ranking, aparece o TNT com 11,32% de

Mídia considera as praças Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e Distrito Federal. Entre o público infanto-juvenil, o Disney Channel manteve em março a primeira posição do ranking de alcance conquistada nos dois primeiros meses do ano. O canal teve 19,25% de alcance diário médio e tempo médio de audiência de uma hora e 19 minutos. Em seguida, aparecem os canais Cartoon Network, Jetix, Discovery Kids e TNT. Entre o público de quatro a 17 anos (universo: 1.082.700 indivíduos), nas mesmas praças mencionadas acima, o alcance diário médio foi de 53,61% e o tempo médio diário de audiência foi de duas horas e cinco minutos.

“Greek”: atração substituiu “Brothers and Sisters” em março no Universal Channel.

alcance diário médio e 23 minutos de tempo médio diário de audiência, seguido de Multishow, Universal Channel, SporTV e AXN. No universo de 5.180.300 indivíduos, os canais pagos tiveram 47,68% de alcance diário médio e tempo médio diário de audiência de uma hora e 57 minutos. O levantamento do Ibope

Daniele Frederico

Alcance* e Tempo Médio Diário – março 2008 Total canais pagos Total canais pagos TNT Multishow Universal Channel SporTV AXN Discovery Fox Warner Channel Telecine Pipoca Globo News Telecine Premium Disney Channel National Geographic Cartoon Network Telecine Action GNT HBO SporTV 2 Sony ESPN

De 4 a 17 anos**

(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 49,1 2.421 02:06:49 47,68 2.593 01:57:36 11,32 616 00:23:01 10,11 550 00:20:03 8,16 444 00:31:49 7,93 431 00:35:52 7,90 430 00:25:20 7,82 425 00:21:02 7,41 403 00:18:33 7,06 384 00:28:17 7,05 383 00:27:17 7,03 382 00:27:48 6,85 372 00:25:17 6,66 362 00:42:48 5,70 310 00:15:13 5,67 309 00:30:13 5,47 298 00:20:34 5,14 280 00:17:00 4,93 268 00:22:13 4,86 264 00:19:43 4,53 246 00:21:13 4,46 243 00:18:53

Total canais pagos Disney Channel Cartoon Network Jetix Discovery Kids TNT Nickelodeon Multishow Telecine Pipoca Fox Boomerang Discovery SporTV Telecine Premium AXN Warner Channel Telecine Action HBO Universal Channel ESPN Brasil National Geographic

(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 53,61 601 02:05:17 19,25 216 01:19:12 14,61 164 00:45:43 10,37 116 01:00:13 9,30 104 00:58:20 9,16 103 00:22:29 8,40 94 00:33:08 7,79 87 00:25:46 7,78 87 00:28:10 6,33 71 00:19:56 5,68 64 00:29:09 5,12 57 00:15:22 5,04 57 00:21:03 5,03 56 00:20:16 4,97 56 00:18:26 4,70 53 00:21:37 4,24 48 00:15:57 4,22 47 00:16:37 4,09 46 00:15:14 3,71 42 00:15:37 3,35 38 00:14:09

*Alcance é a porcentagem de indivíduos de um “target” que estiveram expostos por pelo menos um minuto a um determinado programa ou faixa horária.

32

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8

**Universo 1.082.700 indivíduos Fonte: IBOPE Telereport – Tabela Minuto a Minuto – Março/2008

**Universo 5.180.300 indivíduos

Acima de 18 anos**


A Converge Comunicações agradece aos parceiros, colaboradores, patrocinadores e a você, que fizeram o sucesso de mais uma edição do Tela Viva Móvel, o maior e mais importante evento latino-americano de conteúdos para celular. Prepare-se para muito mais no 8º Tela Viva Móvel, em maio de 2009. www.telavivamovel.com.br

PATROCINADORES DO 7° TELA VIVA MÓVEL PATROCÍNIO PLATINUM

PATROCÍNIO GOLD

PATROCÍNIO SILVER

PATROCÍNIO BRONZE

PATROCÍNIO SPECIAL TABLE TOP

APOIO

PROMOÇÃO PARCEIROS DE MÍDIA

pantone 368U

pantone 5415C

ORGANIZAÇÃO E VENDAS


( mercado) Lizandra de Almeida

l i z a n d r a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Carmo

Road movie no Pantanal traz recursos espanhóis e poloneses. Magia Filmes e a espanhola Acontraluz. que a produtora inglesa não estava O projeto começou a ser produzido exatamente investindo. “Nesse pela produtora inglesa BR3, que pertence momento, a Magia Filmes estava bem a brasileiros na Inglaterra. A empresa envolvida, já tinha feito pesquisa de começou o desenvolvimento com o locação no Pantanal. E o diretor diretor, investiu no roteiro, que foi estava superansioso, era um projeto selecionado para participar do laboratório autoral. Resolvi então pegar o projeto MoonStone, no Reino Unido, em 2004. pela mão e sair atrás de novos Depois, participou do programa de parceiros no Brasil.” co-produção do Festival de D´Avila conseguiu, Berlim, em 2005. A produtora então, fechar a distribuição inglesa fechou uma parceria com as distribuidoras com a produtora espanhola e Imagem Filmes e Swen pouco depois o produtor Filmes, também pelo artigo Roberto D’Avila, da Magia 3º. Para fechar a captação, Filmes, conheceu os parceiros os espanhóis trouxeram no mercado do Festival de novo parceiro, polonês, a Cannes. “A princípio, faríamos Gremi Film Productions. a produção executiva e a “É uma empresa que atua viabilização do projeto no no mercado internacional, Brasil, já que todas as buscando projetos em que Roberto D'Avila, produtor filmagens seriam feitas aqui”, eles vejam viabilidade da Magia Filmes explica D´Avila. comercial. Nesse caso, a Sócio da MoonShot Pictures, Gremi recebe o título de empresa que tem como alvo a realização co-produtora, mas na verdade é só de co-produções internacionais, Roberto co-financiadora. Eles entraram com decidiu, nesse caso, trazer sua produtora, recursos e não com serviços. Então a Magia Filmes, de volta ao mercado com não temos poloneses na equipe”, esse filme. O produtor conseguiu fechar conta o produtor. um patrocínio com a UIP, que responderia Com a Espanha, explica D´Avila, aos investimentos no Brasil pelo artigo 3º foi fechado um acordo que ele da Lei do Audiovisual. “Mas pouco chama de “co-produção natural”, ou depois, a UIP, que era uma joint venture seja, com divisão de tarefas de entre Universal e Paramount, terminou, e produção, elenco e equipe, o filme perdeu essa possibilidade de beneficiando-se de acordos bilaterais financiamento”, diz D´Avila. e podendo usar mecanismos de Depois de três anos de trabalho, quase fomento locais. Isso faz com que o o projeto foi cancelado. Só havia o projeto tenha binacionalidade, compromisso do investimento espanhol, já podendo usufruir das vantagens de

Esta matéria faz parte de uma série que Tela Viva publica mensalmente, explicando o desenvolvimento de projetos audiovisuais bem sucedidos, sob o ponto de vista do modelo de negócios e do financiamento.

A

FOTOS: divulgação

produtora Magia Filmes prepara o lançamento de seu primeiro longametragem, “Carmo”, uma co-produção com a Espanha e a Polônia. O filme estava previsto para ser apresentado no mercado do Festival de Cannes e deve seguir carreira em festivais ao longo do segundo semestre, para orientar o lançamento comercial. Dirigido pelo brasileiro Murilo Pasta, que está radicado na Inglaterra há 19 anos, o filme conta a história de Carmo e Marco. Ela, uma brasileira, grávida e sem rumo. Ele, um contrabandista espanhol preso a uma cadeira de rodas. O encontro improvável entre os dois solitários acontece na fronteira de Paraguai e Brasil, e dá início a um road movie que vai mudar as suas vidas. O roteiro é do próprio diretor, que fez carreira na Inglaterra como diretor de programas de TV. Carmo é vivida pela brasileira Mariana Loureiro e Marco, pelo espanhol Fele Martinez, que trabalhou com Pedro Almodóvar em “A Má Educação”. Os dois protagonistas correspondem justamente à co-produção entre a brasileira

34

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8


ser um produto nacional em dois países. Sendo espanhol, o projeto ainda pode desfrutar das cotas de tela da União Européia em todos os países do bloco. Toda a parte brasileira, que corresponde a 40% do orçamento de 1,44 milhões de euros, foi captada pelo artigo 3º. Espanha e Inglaterra respondem por 35% e Polônia, por 25%. A verba relativa à filmagem, porém, representava 68% do orçamento. “Basicamente, é preciso que se diga que em geral o dinheiro não viaja. Você traz equipe, equipamento, transporta o que for preciso. Mas o dinheiro em si não sai. Então a divisão tem que acontecer pelas tarefas. O dinheiro polonês era mais flexível, mas mesmo assim foi mais fácil reservá-lo para os cursos de marketing e promoção, devido à proximidade com a Espanha”, esclarece o produtor. Montagem, sound design, mixagem e finalização foram feitos na Espanha. As filmagens aconteceram na região de Corumbá,

Carmo

Longa-met ragem (Co-produção Brasil-Espa nhafic, 35mm, Polônia, Direção 110’, 2008) Murilo Pas ta Empresas produtoras (Espanha) Magia Filmes (Brasi e Gremi Fi lm Product l), Acontraluz ions (Polôn ia)

Sinopse

O filme retrata o improvável romance entre Marco e Carmo. Eles fogem da polícia, da máfia e, acima de tudo, de si mesmos. E é nas situações-limite em que esta constante fuga os colocará, que eles se depararão com a possibilidade de mudar o rumo de suas vidas.“Bonnie & Clyde“ e “Y tu Mamá También“ servem de inspiração para o filme, um road movie/love story pleno de ação e aventura no Pantanal Mato-Grossense dirigido ao público jovem internacional.

na fronteira de Brasil e Bolívia. “Conseguimos encontrar por ali todas as locações que precisávamos para representar a fronteira com o Paraguai.” Cercada de Pantanal por todos os lados, a região é de difícil acesso. “Tudo lá era 20% a 30% mais caro do que São Paulo, que já não é uma cidade barata. Além disso, só

existe um vôo por dia, durante a semana, na hora do almoço. Então para um ator chegar e sair, ele precisava de pelo menos três dias”, conta o produtor. Segundo D´Avila, os custos sobem com a co-produção internacional. “Custos administrativos, legais, de transporte e os cachês das equipes estrangeiras são muito mais altos. A vantagem está em acessar com mais facilidades os mercados estrangeiros. A perspectiva de retorno aumenta, com mais chances de lucro real do que se apenas captássemos recursos no Brasil.” Na partilha do mercado de distribuição, Brasil e América Latina ficaram com os produtores brasileiros, a Espanha coube aos espanhóis e Polônia e Alemanha aos poloneses. Para as vendas internacionais, foi contratada a agente de vendas Imagina, empresa nova associada a um grande grupo editorial espanhol, que tem grande experiência em criar soluções para distribuição em outros mercados.


LOCALa O V O N améric Trans Center Expo

11 A 13 DE AGOSTO, TRANSAMÉRICA EXPO CENTER, SÃO PAULO-SP.

O MAIOR EVENTO DE TV POR ASSINATURA E SERVIÇOS CONVERGENTES DA AMÉRICA LATINA. Os debates mais quentes. As novidades em tecnologia e conteúdo. O mais concorrido espaço de exposição e negócios, com repercussão em todo o continente. Um público de mais de 12 mil pessoas*, de presidentes e CEOs a equipes de venda e relacionamento. Programe-se para a 16ª edição do evento oficial da Associação Brasileira de TV por Assinatura. ABTA 2008. De 11 a 13 de agosto, agora no Transamérica Expo Center.

* Dados da ABTA 2007.

www. a b t a 2008 . c o m . b r


ESPAÇO GARANTIDO PARA OS MELHORES NEGÓCIOS

EXPOSITORES CONFIRMADOS: AURORA NETWORK BAND BRASIL TELECOM CONAX CANAIS ABRIL CIANET CISCO DISCOVERY EMBRATEL ESPN FOX GLOBOSAT HARMONIC HBO IRDETO JDSU MOTOROLA NAGRAVISION NET SERVIÇOS NET BRASIL SETA SKY TECHNOTREND TECSYS TELE DESIGN TELESUR TELESYSTEM TELSINC TURNER TVA TELEFONICA TOPFIELD TVC/ZAPI VIACOM VIDEO SYSTEM ZINWEL

A indústria de serviços convergentes encontra na ABTA o ambiente ideal para negócios, networking e atualização de conhecimentos, além das novidades em equipamentos, sistemas, serviços e conteúdos.

EXPOSIÇÃO PRIVILEGIADA PARA SUA MARCA Conforto, segurança e retorno para expositores, congressistas e visitantes. Novas atrações: área de inovação da indústria, espaços Flex, praça de eventos e muito mais. Há 16 anos a ABTA é o evento obrigatório para os principais players do mercado.

PALESTRAS DE ALTO NÍVEL PARA TODOS OS PARTICIPANTES Líderes da indústria, autoridades governamentais e reguladoras, especialistas internacionais, falando para a alta gerência e para equipes de vendas, instalação e relacionamento, reunidas nos Seminários de TV por Assinatura (STA).

TODAS AS ATENÇÕES VOLTADAS PARA CÁ Com grandes novidades, presença maciça de público qualificado e mercado em franca expansão, a enorme repercussão na mídia é característica natural da ABTA. Não fique de fora. Alie sua marca a um evento que é também campeão de audiência.

REALIZAÇÃO

ORGANIZAÇÃO

PATROCÍNIO STA

PATROCÍNIO SILVER

PUBLICAÇÕES OFICIAIS

PATROCÍNIO E VENDAS (11) 3138-4623

comercial@convergecom.com.br

PARCEIROS DE MÍDIA


( making of )

Lizandra de Almeida

fotos: divulgação

l i z a n d r a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

O carro dos sonhos “P recisávamos criar um filme para esse segmento de entrada, para um carro que é da faixa mais básica da montadora, mas que tem uma série de refinamentos de design e de itens de série que não existem na concorrência. Foi quando sacamos que esse carro era o sonho de todo consumidor que procura seu primeiro carro.” Assim começou o processo de criação da nova campanha de Ford KA, nas palavras do criador Fábio Brandão. O roteiro partiu da idéia do sonho de consumo e evoluiu para a idéia passada à produtora: em uma cidade vazia, à noite, todos os consumidores estariam

sonhando com o carro. Conforme as pessoas vão acordando, os carros vão sumindo da cidade. No final, o sonho realizado: o consumidor sonha com o carro, mas ele está em sua garagem. “Havia uma grande dificuldade de colocar a idéia em prática. Não queríamos que o filme fosse muito tecnológico, especialmente nessa parte do desaparecimento. Também precisávamos deixar muito claro que todos os carros eram o Ford Ka”, explica Brandão. “Era uma história bem difícil de contar, porque havia esse receio de não parecer o mesmo carro e de não se perceber que o fato do personagem despertar fazia com que o carro sumisse”, complementa o diretor Claudio Borrelli. Para representar a cidade vazia, foi feita a primeira cena, com uma

38

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8

placa balançando. Foi a única que exigiu composição de imagens, já que o ângulo não permitia o quadro desejado pelo diretor. Foram usados 33 carros, sempre em ruas cheias. As pistas eram filmadas em separado e depois montadas, mas sempre havia uma fila de carros. Era preciso coordenar distância e velocidade, para evitar acidentes. Em uma das cenas, a câmera passeia por um estacionamento cheio e um dos carros desaparece. Era preciso filmar a mesma cena duas vezes, com e sem o carro. Como não existe motion control no Brasil, a equipe de produção reproduziu a velocidade e o ângulo de câmera várias vezes, com ajuda do vídeo assist, até acertar exatamente.


Vários cuidados técnicos foram tomados. O primeiro é que, apesar de o filme se passar à noite, a produção optou por não molhar a rua. “O brilho da água traria mais informações, o que talvez atrapalhasse o reconhecimento do carro.” No final da filmagem, choveu bastante – e a equipe foi obrigada a esperar que a rua secasse para manter a continuidade. Por causa do tempo, foi cogitada a hipótese de se filmar em Buenos Aires, mas o tempo em São Paulo abriu e tudo acabou sendo feito na cidade. “Preferi não fazer só no Centro, então usamos locações no Morumbi, Vila Nova Conceição e outros bairros”, diz Borrelli. O projeto levou sete diárias, sempre com o uso de duas câmeras. Além de todos os problemas técnicos, um imprevisto metropolitano. “Uma noite fomos filmar no Minhocão e vimos que algumas lâmpadas estavam apagadas. Falamos com a Prefeitura, eles arrumaram e outra vez tivemos problemas. Tivemos que contratar um segurança para evitar que os cabos fossem roubados, porque isso sempre acontece.”

ficha técnica Cliente Ford Produto Ford Ka Agência JWT Direção de criação Mario D’Andrea, Fábio Brandão, Theo Rocha Criação Fábio Brandão, Theo Rocha Produtora Killers Produções Cinematográficas Diretor Cláudio Borreli Produção Juliana Tavares e Equipe Montagem Marcelo Cavalieri e Cláudio Borreli Finalização Tribbo Post e Vetor Zero Animação Francisco Andrade Computação Gráfica Vetor Zero Trilha Sax So Funny

Teatro filmado

A

encenação foi inspirada no teatro bunraku japonês, que consiste na manipulação de personagens e objetos por pessoas vestidas de preto. O filme mostra uma mulher se arrumando para sair e o tempo todo ela é perseguida por uma nuvenzinha. Todos os objetos de cena se movimentam e a ação se desenvolve até certo ponto, e depois é revertida, e todos os objetos voltam para o ponto inicial. Todos os movimentos dos atores foram previamente decupados e em cima dessa decupagem foi criada a trilha sonora. Então começaram os ensaios da coreografia. “A encenação toda foi feita para a câmera, que permaneceu fixa. Os atores corriam até ela para atuar. Até mesmo as cenas de detalhe foram feitas dessa forma, porque a câmera nunca se moveu”, conta a diretora Paula Trabulsi. “Fizemos uma coreografia muito sofisticada, porque encenamos não só as cenas de ida, mas também de volta.” No final, o filme mostra os atores tirando o figurino, e relaciona o produto com o trabalho da trupe teatral. O desfecho revela os segredos da atuação, mostrando como funciona a técnica. “Essa técnica é utilizada pela Cia. Trucks, especializada em teatro de bonecos. Como a equipe não era grande suficiente para a quantidade de atores que precisávamos para movimentar todo o cenário, então usamos algumas pessoas da própria produtora”, explica. Toda a filmagem foi feita no estúdio da produtora. “Fizemos todas as marcações como se fosse num palco. E coreografamos também toda a movimentação das luzes, para sugerir os movimentos de câmera.

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8

Os movimentos dos atores foram previamente decupados e em cima dessa decupagem foi criada a trilha sonora.

O filme é quase documental, então aproveitamos muitos dos sons do próprio estúdio”, diz Paula. A direção de arte do filme foi inspirada em desenhos franceses antigos. ficha técnica Cliente Unilever Produto Dove Invisible Dry Agência Ogilvy Diretores Ângela Bassicheti, de Criação Marco Antônio Almeida Criativos Eme Viegas, Flávio Tamashiro, Beatriz Carosini, Vinícius Haquime, Daniel Boanova e Daniel Groove Produtora BossaNova Films Direção Paula Trabulsi Direção de fotografia Walter Carvalho Direção de arte Sidney Biondani Trilha Bamba Music

39


( nab )

O começo do fim FOTOS: divulgação

Norte-americanos discutem o final da transição para o digital, decretando a morte da distribuição analógica de conteúdo audiovisual.

NAB 2008: contagem regressiva para a transmissão 100% digital.

N

ão deixaremos nenhum televisor para trás.” A frase foi dita pelo presidente da NAB, Davir Rehr, na abertura do evento anual promovido pela associação entre os dias 12 e 17 de abril, em Las Vegas. É este o clima entre os radiodifusores norte-americanos, completar a transição para a TV digital com o switch off do analógico em fevereiro de 2009. Lá, os broadcasters começaram uma campanha junto aos telespectadores para explicar o fim das transmissões analógicas e como migrar para o digital. O governo financiará a transição para famílias de baixa renda, com a distribuição de “vales set-top boxes” que serão usados como forma de pagamento na compra dos equipamentos nas

redes varejistas. Segundo Rehr, cada casa norte-americana receberá a mensagem de que a troca do televisor ou a compra de um set-top box é necessária “672 vezes”. Para o presidente da NAB, a digitalização abre novas oportunidades. “Muitos radiodifusores estão preocupados porque 20 milhões de lares deixarão de receber as transmissões analógicas, mas precisamos entender que eles não nos deixarão, passarão a receber algo muito melhor”, disse. A sensação no encontro era que, finalmente, o trabalho estava pronto. Mas a feira este ano estava vazia. Parte da culpa é da crise imobiliária, mas o fato é que os radiodifusores norteamericanos já estão terminando a digitalização. Mesmo as emissoras regionais já contam com produção de conteúdo em alta definição. O investimento em tecnologia já está feito

40

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8

na grande maioria dos casos. Em outros, está, pelo menos, bem planejado. Alguns radiodifusores optaram por não adotar um canal adicional para a transmissão digital. Estes farão, no momento do switch off do analógico, uma conversão para o digital. “Vendemos muitos transmissores analógicos para essas emissoras que passam a transmitir digitalmente com a simples troca de um módulo”, diz o fabricante brasileiro Carlos Fructuoso, da Linear. Com investimento pronto ou planejado, os broadcasters não viram tantos motivos para ir ao evento. O mesmo aconteceu com alguns fabricantes (leia box). Com isso, pequenos expositores ganharam espaço, ocupando áreas maiores que a de costume. Também, a feira se abriu para


novos mercados. Um novo pavilhão contou com 20 expositores de tecnologias e soluções para operadoras de IPTV. Estandes guarda-chuva para expositores de países estrangeiros também ganharam espaço, como acontece com o Brasil. Este ano, pela primeira vez, várias empresas brasileiras expuseram na feira sob o guarda-chuva de um estande brasileiro, que contou com o apoio da Apex (agência de apoio às exportações vinculada ao Ministério do Desenvolvimento). Novas mídias Entre as novas possibilidades de receita para os radiodifusores com a digitalização citadas por David Rehr na abertura do evento está, surpreendentemente, a venda de publicidade em conteúdo para dispositivos móveis. Vale lembrar, o padrão de TV digital norteamericano, o ATSC, não conta com transmissão para conteúdos móveis. A única forma que os radiodifusores tinham para obter receita com os serviços móveis era com a venda do conteúdo para as operadoras de telecom. Contudo, há agora a promessa da inclusão da transmissão móvel no padrão norteamericano. Duas tecnologias competem para entrar no padrão, uma oferecida pela Harris e LG, e outra pela Samsung e Rohde &

estão se dedicando ao desenvolvimento do mercado móvel para a radiodifusão, apresentou uma estimativa de receita com publicidade somente para os radiodifusores nas plataformas móveis em 2012: US$ 2 bilhões. Para a associação, os radiodifusores têm, pelo menos, três vantagens sobre os outros produtores de conteúdo para mídias móveis: eles têm noticiários locais e outros conteúdos atrativos para o público; o custo com infra-estrutura é relativamente baixo; e já têm um relacionamento com o mercado anunciante. Contudo, a conclusão de especialistas reunidos no painel “Novos dispositivos, novas oportunidades” é que o futuro da distribuição de conteúdo para dispositivos móveis será decidido pela audiência. O diretor do laboratório de tecnologias de comunicação da Intel, Kevin Kahn, afirmou que os dispositivos móveis são limitados, por não apresentar formas intuitivas e agradáveis de interação. Além disso, para ele, é necessária a definição de padrões

“A maioria das casas tem banda larga e assiste a programas de TV on-line. Precisamos colocar a Internet no nosso DNA” David Rehr, presidente da NAB

Schwarz. Ambas procuram resolver o ponto fraco no modelo americano de TV digital. A Samsung chegou a demonstrar sua plataforma na feira. Trata-se do A-VSB, uma versão avançada da modulação 8-VSB, usada no padrão de TV digital ATSC. Duas redes locais de Las Vegas transmitiam, no mesmo sinal da sua programação convencional, os canais móveis. A Sinclair transmitia, além do sinal convencional, três canais para dispositivos móveis, enquanto a Telemundo local transmitia dois canais móveis. Os participantes da NAB foram convidados a passeios em uma van equipada com os receptores móveis. Segundo a Samsung, para adotar o padrão, os radiodifusores não terão que trocar seus equipamentos, apenas fazer um upgrade do multiplexador e do excitador, mantendo o mesmo transmissor. Em um café da manhã, a Open Mobile Vídeo Coalition, que reúne broadcasters privados e públicos que

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8

41

>>


( nab) na indústria, para que os dispositivos possam “conversar” entre si e a aprender sobre as necessidades do usuário. Assim, microfones, câmeras, GPS, entre outros dispositivos que hoje estão embutidos nos dispositivos móveis poderiam ajudar a entregar o conteúdo mais apropriado para cada usuário e para cada momento. Outra questão apontada por David Rehr na abertura foram as novas mídias. “O consumidor hoje tem mais opções. Alguns na nossa indústria estão desorientados com uma porta que se fecha, sem perceber que outra porta se abre”, disse. Para o presidente da NAB, a televisão está liderando a revolução digital, mesmo com YouTube e outras novidades. “A maioria das casas tem banda larga e muitos assistem programas de TV online. É uma enorme oportunidade que se abre”, afirmou Rehr. “Precisamos colocar a Internet no nosso DNA”, finalizou. O evento apresentou a perspectiva dos criativos sobre a Internet. Para Doug Liman, produtor e diretor de longas como “Sr. & Sra. Smith”, a Internet abre o mercado de distribuição, de forma semelhante ao que aconteceu com o mercado de produção com a chegada do videotape caseiro, anos atrás. “Algumas vezes, a grandiosidade vem da falta de recursos e a necessidade de inventar. É isso que acontecerá com a Internet”, afirmou. Liman citou a série “The O.C.”, da qual é produtor executivo. “O poder da televisão tornou dois garotos em celebridades, com fãs os seguindo constantemente. A Internet tem o mesmo poder, mas em escala global”, disse. O uso da Internet para distribuir TV por assinatura também entrou na pauta do evento. Para Enrique Rodriguez, vice-presidente da divisão Connect TV da Microsoft, a TV por assinatura trouxe a possibilidade de aumentar o

Para Kevin Kahn, da Intel, dispositivos móveis ainda são limitados.

número de canais de televisão, abrindo oportunidades para novos players. O mesmo deve acontecer com as plataformas de TV pela Internet e IPTV. Para ele, “Internet e software combinados vão abrir novas oportunidades no negócio da TV”. Para Rodriguez, a TV, mesmo com a digitalização da TV a cabo, nunca teve realmente duas vias, o que começa a mudar. Além disso, o executivo diz que a Internet é a única forma de garantir o conteúdo em qualquer dispositivo, lugar ou momento. Rodriguez apresentou no evento a Silverlight, uma plataforma para distribuição de mídia universal da Microsoft. A Silverlight, chamada anteriormente de Windows Presentation Foundation Everywhere, roda em um web browser, podendo portanto ser

De fora Alguns dos gigantes da indústria não participaram da feira este ano, como Avid e Apple, que tinham dois dos maiores estandes da NAB. As empresas abandonaram a feira sem explicações. A Avid tentou explicar que o motivo era financeiro, mas que a empresa não passava por problemas financeiros. Para a empresa que difundiu a edição não-linear, o custo de uma NAB seria enorme, incluindo centenas de funcionários dedicados ao evento. Já a Apple disse menos ainda. O que se aposta é uma mudança de foco para áreas mais rentáveis da empresa fabricante dos iPods e iPhones, com a demissão de parte das equipes que trabalhavam no desenvolvimento das plataformas de vídeo. As duas empresas, contudo, apresentavam seus produtos em um hotel lado do pavilhão do evento, ambas com equipes bem reduzidas. Além disso, estavam presentes nos estandes de empresas parceiras.

42

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8

usada em qualquer computador, de qualquer plataforma. Segundo o executivo, a plataforma já conta milhares de horas de conteúdo e é “uma poderosa ferramenta para ajudar broadcasters e outros produtores de conteúdo a alcançar uma audiência mais vasta e de forma mais chamativa”. Padrão brasileiro O Brasil participou do evento fazendo barulho, com a demonstração do seu padrão de TV digital. Com a autorização da FCC, agência reguladora norteamericana, apenas alguns dias antes da feira, o Fórum do SBTVD fez a transmissão de dentro do pavilhão brasileiro. Um transmissor da RF Telavo transmitia em baixa potência (1mW). O sinal, com conteúdo gerado pela Globo era recebida em um raio de 100 metros. Televisores e receptores móveis localizados no estande do Fórum do SBTVD recebiam o sinal. Na abertura do SET e Trinta, evento promovido anualmente pela Sociedade de Engenharia de TV durante a NAB, Roberto Franco, presidente da associação, comemorou o fato de o número de brasileiros na feira ter batido novo recorde. Cerca de 1,4 mil brasileiros foram credenciados para o evento. “É triste ver que a cidade não está tão cheia quanto costuma ficar durante a NAB, mas a presença brasileira continua crescendo”. A comitiva brasileira “vendendo” o padrão nipo-brasileiro contou com o ministro Hélio Costa, indefectível em eventos de radiodifusão, e com deputados federais e senadores brasileiros. “A nossa TV digital

>>



( nab)

Poucos broacasters foram à feira mostrando que a digitalização está pronta.

decolou. Só não decolou na cabeça dos inimigos da TV”, disse o ministro Hélio Costa, em um breve discurso de boas vindas no SET e Trinta. Segundo o ministro, houve apenas um erro no lançamento da TV digital no Brasil: o preço. Mas, segundo ele, isso já está mudando. “Teremos, até o final do ano, transmissões digitais em metade das capitais. Isso é um sucesso”, comemorou Costa. A postura do ministro em atacar o lançamento da indústria começou a ser atacada, de forma bem reservada, até pelos radiodifusores. A reclamação que a indústria vinha fazendo mais abertamente, foi adotada pelos radiodifusores. Para eles o ministro está atrasando a adoção ao pregar que o consumidor não compre o produto, aguardando a queda dos preços. “O preço só vai cair se tiver demanda”, disse um engenheiro de uma emissora à Tela Viva. “A digitalização já é um sucesso. O cronograma em prática é melhor que o americano. A queda dos preços deve vir naturalmente”, completou. Costa disse ainda que começa agora uma

campanha com antenistas, explicando o funcionamento da TV digital. Trata-se de um workshop em Belo Hori­zonte que, segundo o ministro, foi promo­vido pela Globo. O presidente da SET, Ro­berto Franco, afirmou que já houve trabalhos semelhantes em São Paulo promovidos pelo Fórum Brasileiro de TV Digital. Franco promete ainda um traba­lho mais próximo com o varejo. “O proble­ma é que não existe uma unidade, cada varejista trabalha à sua maneira”, diz. O ministro anunciou ainda no evento que há grandes chances de o Chile adotar o padrão brasileiro de TV digital. Segundo Hélio Costa “o chute ao gol estava preparado, quando faltou luz no estádio”. Costa diz que os chilenos estavam assumindo o compromisso com padrão brasileiro quando “uma matéria na nossa imprensa atrapalhou tudo”. Costa se refere à matéria publicada pela Folha de São Paulo afirmando que cerca de 30% das casas em São Paulo não podem receber TV digital com antenas internas. A matéria trouxe dados de um estudo realizado pela Philips apontando deficiências na recepção interna do sinal ISDB em

Para Henrique Rodriguez, da Microsoft, só Internet garante o conteúdo em qualquer lugar, dispositivo ou momento.

44

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8

São Paulo. A empresa, no passado, defendeu a adoção do padrão DVB-T no Brasil. Segundo fontes do governo, o estudo da Philips carece de rigor científico e a divulgação dos dados visava apenas criar ruído na decisão do Chile. “Agora, começa novamente o trabalho de convencê-los”, diz o ministro. “Temos que mostrar que 70% das casas podem receber TV digital sem a necessidade de antenas externas”, disse. “Se o Chile adotar, começa um efeito cascata na região”, aposta o ministro. O deputado Júlio Semeghini (PSDB/SP), que acompanhou o ministro nas negociações no Chile e também esteve na NAB, confirmou a probabilidade da adoção do padrão brasileiro naquele país. “Quando saí de lá, só faltava o gol”, disse. Espelho regulatório Os broadcasters norteamericanos têm uma preocupação muito parecida com a dos radiodifusores brasileiros. A FCC, agência de comunicação norteamericana, pretende criar novas regras, aumentando o volume de conteúdo local nas emissoras. O mesmo acontece no Brasil há anos. E a visão dos radiodifusores de lá e cá parece ser a mesma: “precisamos mostrar tudo o que produzimos localmente, o efeito desse conteúdo nas comunidades. Não precisamos de regras para isso”, disse o presidente da NAB, David Rehr. Nos Estados Unidos, a presença de conteúdo local e, sobretudo, independente nas emissoras é bem diferente da realidade brasileira. Após anos impondo cota máxima de conteúdo em rede, a FCC flexibilizou a regra, apostando que o mercado independente estava bem estabelecido. Agora, a agência reguladora parece querer trazer novamente à tona a discussão que permanece no Brasil desde a publicação da Constituição. Fernando Lauterjung, de las Vegas


suplemento especial tv digital

hora de investir Da produção à interatividade, onde as emissoras precisam aplicar seu dinheiro para ficarem prontas para a TV digital.


(EspecialTVdigitalProgramação ) Humberto Costa

c a r t a s . t e l a v i v a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Divisor de águas TV Digital inspira conceitos diferentes de programação. As maiores redes apostam no full HD. As menores vão se arriscar na multiprogramação, abrindo oportunidades para produtores independentes.

L

á se vão seis meses do início das transmissões da TV digital em São Paulo e a oferta de programação em High Definition ainda é pequena. Tudo indica que ao final deste ano, esta realidade mude. Os broadcasters das grandes redes estão se movimentando para rechear a grade de atrações com a marca do espectro 16:9. A fase inicial de testes e adaptação ao modo de produzir da nova plataforma será encerrada. Com o avanço do sinal digital para o resto do país, a demanda por produtos em alta definição deve crescer rapidamente. A líder de audiência é quem está mais avançada. Além da capital paulista, a Globo já migrou também em Belo Horizonte. A novela “Duas Caras”, as transmissões de futebol, alguns quadros do “Fantástico”, dois a três filmes exibidos por semana, os programas “Dicas de Um Sedutor” e “A Grande Família”, algumas edições do “Globo Repórter” e eventos como o “Criança Esperança” completam a lista de produções em HD. O “SPTV” primeira e segunda edições serão os primeiros telejornais da Globo a adotar o novo padrão, o que deve acontecer em breve. Não há um cronograma definido, a mudança na rede será gradual. “Algumas afiliadas estarão gerando programação local também em HDTV. O restante da grade será upconvertido”, explica Fernando Bittencourt, diretor da Central Globo de Engenharia. A “up conversão” é um quebra-galho, mas é a mesma resolução. A Band não é a vice-líder no Ibope, mas pode-se dizer que está em segundo lugar na corrida digital. Já exibiu uma

46

T e l a

V i v a

novela em HD (“Dance, Dance, Dance”) e está no ar desde maio com a segunda teledramaturgia em alta definição, “Água na Boca”. “É bom já estarmos na segunda produção na nova plataforma. Foi possível aprender com os erros”, conta Frederico Nogueira, vice-presidente do grupo Bandeirantes. A qualidade digital impõe desafios adicionais à produção. O problema é que os equívocos aparecem numa explosão de cores na tela. A migração no “Jornal da Band” também caminha a passos largos. Foi pioneiro na captação de estúdio em HD. Agora a novidade chega à reportagem. As equipes de externa de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília já estão usando câmeras Panasonic P2. “70% das matérias são em HD. Vai ser difícil chegar aos 100%, porque é difícil convencer todas as praças”, explica Nogueira. Os outros telejornais de rede da casa e as transmissões de futebol também já são gerados em HD com a mesma estratégia do sinal up convertido. As afiliadas do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília planejam o início da transmissão digital para o segundo semestre. A Band deseja ter toda a programação em HD até o final de 2010. O gasto para montar a nova TV, com a compra de câmeras, switchers, ilhas de edição chega a US$ 50 milhões nos últimos doze meses. Investimento que a emissora quer explorar bem em agosto, na primeira Olimpíada da Era Digital. Uma equipe de 100 profissionais, entre técnicos e jornalistas, terá a missão de colocar no ar doze horas diárias de programação dedicadas aos Jogos de Pequim. Tudo será em HD, facilitado pelo fato de todo evento ser captado desta forma pelo BOB (Beijing Olimpic Broadcasting). No Brasil, a Globo também está habilitada a exibir a

m a i 2 0 0 8


Olimpíada, mas os detalhes da grade em HD ainda não estão definidos. “O certo é que teremos muito conteúdo em alta definição no ar em nossos canais digitais durante os Jogos”, afirma Fernando Bittencourt. A Band aposta que a larga fatia de programação dedicada ao esporte terá reconhecimento do público. “Nos Jogos de Atenas nós tivemos um crescimento grande de audiência. Nós acreditamos que iremos bem novamente, ficando em terceiro lugar de audiência, suplantando o SBT. No evento esportivo a diferença de qualidade do HD é ainda mais visível, pela multiplicidade de cores e a profundidade”, afirma entusiasmado Frederico Nogueira. SBT e Record adotaram uma estratégia menos agressiva, caminham mais lentamente para produções em HD. A emissora de Silvio Santos iniciou recentemente a gravação da primeira novela digital. Será “Revelação”, escrita pela esposa do “patrão”, Íris Abravanel. No mais, apenas os programas “Hebe” e o “Domingo Legal” de Gugu Liberato. Na rede de Edir Macedo, que ainda não transmite para as afiliadas o sinal digital, foram os reality shows “O Aprendiz” e “Troca de Família” que inauguraram o formato. “A Record já tem alguma experiência em dramaturgia em alta definição. Brevemente, teremos as novelas em HD”, revela José Marcelo Amaral, diretor de tecnologia da emissora. O canal mais fácil para abastecer o estoque de programas de alta definição são os chamados enlatados. Já é uma uma exigência do mercado. “Tudo que a gente compra pronto hoje, filmes, séries, Fórmula Indy, Olimpíada, é tudo em HD”, diz Frederico Nogueira da Band. Nos próximos anos, a TV digital brasileira vai conviver com o sinal analógico também. No chamado simulcast, o conteúdo é exatamente igual, mas em suportes diferentes. Isso exige um tratamento especial. “Nós estamos adquirindo filmes com o formato HDTV, mas fazemos duas edições, uma para o analógico, outra para o digital, por questões de enquadramento”, explica Fernando Bittencourt.

T e l a

V i v a

Multiplicar ou fragmentar? Os executivos das emissoras encaram de maneira completamente distinta a possibilidade de adicionar até três canais, característica da TV digital. As grandes redes já formaram juízo que a multiprogramação é um tiro no pé. Raciocinam que criar canais em paralelo é como gerar concorrentes para si mesmo, diluindo a audiência da emissora original. Com Ibope menor, surge o risco de reduzir a receita publicitária, um péssimo negócio. Há quem diga que a multiplicidade de canais só faz sentido nos serviços

As grandes redes já formaram juízo que a multiprogramação é um tiro no pé assinados. “A opção da TV Globo é pelo modelo de programação única em alta definição, que permitirá ao nosso telespectador uma nova experiência em assistir TV em função da excepcional qualidade de imagem e som”, pontua Fernando Bittencourt. As redes de menor alcance parecem ter fechado questão na multiprogramação. A Cultura, a TV pública de São Paulo, já está se preparando e testando para abrigar até quatro canais, o que deve ocorrer no final do ano. O segundo já tem conteúdo definido, será o Univesp, um canal de educação à distância feito em parceria com a Secretaria Estadual de Educação. O público-alvo será o estudante. “O terceiro e o quarto canais

m a i 2 0 0 8

47

>>


(EspecialTVdigitalProgramação )

“Nós estamos adquirindo filmes com o formato HDTV, mas fazemos duas edições, uma para o analógico, outra para o digital” fernando Bittencourt, da Globo

“Das oito mil horas de gravação, cinco mil nós já digitalizamos. O que tem de mais importante já foi salvo” josé chavez felippe de oliveira, da tv cultura

ainda estamos estudando. É forte a possibilidade de um deles ser dedicado à música, temos um grande acervo do gênero que pode ser bem explorado”, conta Marcelo Amiky, diretor de produção da emissora. Se adotar a multiprogramação com quatro canais, todos serão em Standard Definition, segundo os limites tecnológicos. Os programas da Cultura e do Univesp serão feitos na sede da emissora no bairro paulistano da Água Branca. Por enquanto, apenas uma unidade de produção em HD tem feito trabalhos eventuais. Um deles foi a gravação do último episódio do “Prelúdio”, uma espécie de reality show musical. Para produzir material para todos os canais que planeja por no ar, a Cultura vai se abrir para parceiros. “A idéia é descentralizar o modelo de produção, fomentar as produtoras independentes”, conceitua Amiky. Mas não há o receio de que a fragmentação seja nociva? “Não encaramos desta forma, não temos apelo comercial. Os outros canais têm caráter alternativo. A multiprogramação nos dará a possibilidade de mais geração de conteúdo”, completa. A PBS, a TV pública americana, chegou a adotar a multiprogramação, mas está revendo a decisão. O parque tecnológico da Cultura está sendo formatado. Por enquanto, a emissora está testando um transmissor de baixa potência somente com o sinal SD. Em breve, será ampliado para 15 quilowatts de potência. Estão projetados US$ 6 milhões de investimento num pacote que inclui a aquisição também de 11 câmeras de estúdio Thomson, 12 câmeras para externa em modelo ainda não definido. Além de 21 estações de edição não-linear para atender toda a produção e o jornalismo, integrados por servidor e storage central. Para ganhar fôlego de produção para abastecer os canais, uma das apostas é na recuperação do acervo, um dos maiores do país. O trabalho prioritário é com o material em Quadriplex, tecnologia extinta, que nem tem mais peças de reposição. As cabeças dos gravadores foram recuperadas nos Estados Unidos. “Das oito mil horas de gravação, cinco mil nós já digitalizamos. O que tem de mais importante já foi salvo”, conta José Chaves Felippe de Oliveira, diretor de engenharia. Para ampliar a velocidade da migração, a capacidade de entradas do arquivo de imagens foi dobrada, inclusive para outras mídias. Mas o trabalho é gigantesco. “Para digitalizar tudo com a estrutura que a gente tem hoje seriam necessários 20 anos de trabalho. Ou um investimento enorme para fazer tudo numa tacada só. A idéia é migrar ao longo do tempo, de acordo com a demanda”, revela José Chaves. Para não alimentar mais o acervo analógico, a fita será aposentada de vez em breve. A transmissão digital também fará a TV Gazeta mudar sua concepção de programação. A tradicional emissora de São Paulo também embarcará até o fim do ano na multiprogramação com dois canais. “O segundo canal será uma mistura do programa de vendas ‘Best Shop’ com programas jornalísticos e esportivos produzidos pelos alunos

48

T e l a

V i v a

da Faculdade Cásper Líbero”, informa Sílvio Alimari, superintendente da Gazeta, que é mantida pela fundação que também abriga a faculdade de mesmo nome. O “Best Shop” é um programa de vendas que é uma espécie da tábua de salvação da emissora. Criado há um ano, ocupa atualmente até cinco horas da programação. Fatura R$ 15 milhões por mês e se prepara para lançar produtos próprios, o que deve alargar ainda mais os lucros. “O ‘Best Shop’ é capaz de bancar hoje toda a nossa programação. É uma ferramenta que nos permitiu ir retomando horários que eram alugados”, explica Alimari. A Gazeta chegou a ter toda a programação dos finais de semana locada. Hoje, restam o “Auto-Shopping”, que está no ar por força de liminar da Justiça, e a programação da Igreja Universal do Reino de Deus, cujo contrato vence em março do ano que vem e pode não ser renovado. Não há risco do segundo canal da Gazeta se transformar numa igreja eletrônica? “Chegou o momento de investir em produção,

tv cultura e gazeta optaram pela multiprogramação inclusive com parceiros. Nós não queremos mais locar, não importa para o que seja. Nós estamos investindo para que a faculdade tenha capacidade de atender a produção dos programas jornalísticos, de um jeito jovem, atraente. Mas se não derem conta da demanda inicialmente, o ‘Best Shop’ tem capacidade de ficar 24 horas no ar”, calcula Alimari. Para fincar bandeira no território digital, a Gazeta está investindo US$ 20 milhões. Por ora, transmite em SD up convertido. Vai apostar suas fichas numa forte estrutura de produção. “Serão 15 câmeras de estúdio e mais 25 para jornalismo e esporte”, informa Iury Saharovsky, diretor técnico. Pelo jeito, o divisor de águas está estabelecido. Os “pequenos” apostando que a diversidade de conteúdo aumentará a visibilidade. E os “grandes”, torcendo o nariz para a fragmentação, focados apenas em proporcionar o espetáculo visual do HD. Só o tempo dirá quem está certo.

m a i 2 0 0 8


Repense a qualidade de múltiplas imagens Simplesmente coloque o Kaleido-X para trabalhar e ele irá redefinir a qualidade da imagem em multi-viewers. Usando uma tecnologia única de escalonamento, ele apresenta imagens mais detalhadas e com cores mais precisas, independente do tamanho da imagem. Os operadores poderão explorar este poder com inúmeros lay-outs, em diversas salas de visualização, permitindo que eles escolham a configuração ideal para monitoração. A melhor forma de monitoração, sem limitações. É tempo de repensar o que é possível.

Rethink what’s possible

w w w.miranda.com/kaleido


(EspecialTVdigitalinfra-estrutura )

troca tudo Investimento das emissoras será grande para começar a transmissão digital.

P

ara a transição para a TV digital, o investimento das emissoras vai muito além da compra de câmeras de alta definição. Em primeiro lugar, é necessário trocar, ou pelo menos atualizar toda a infra-estrutura de rede, aquisição, edição, armazenamento, gerenciamento, exibição, transmissão, teste e medição. Além disso, a transmissão em dois canais, um analógico e outro digital, também demanda investimentos. Os fornecedores não escondem que o momento, para eles, é bom. “O mercado está quente. A digitalização não é opcional”, disse um fornecedor. “2007 já foi um ano muito bom, mas agora está melhor ainda”, completou. “Entre as afiliadas, o investimento, por enquanto é em infra-estrutura”, diz o gerente nacional de negócios da Thomson GrassValley, Jaime Ferreira. Ou seja, o investimento na rede interna, com servidores e roteadores com capacidade SD/HD. “Em estúdio, as que mais investem são as cabeças de rede. Mas algumas afiliadas já compram switchers HD, mesmo trabalhando com câmeras em resolução padrão”, diz. “Assim já estão preparadas para o futuro”, completa. “Todas as emissoras têm que comprar um centro de exibição e transmissão para poder começar a transmitir. Mas, se quiserem transmitir com qualidade, o investimento vai ser bem maior”, diz Rosalvo Carvalho, diretor da Videodata. O executivo confirma que só as maiores estão buscando soluções para aquisição em HD. “Algumas já estão arquivando o conteúdo editado em HD, embora ainda transmitam em standard”, diz. Vale destacar, o investimento em câmeras de estúdio tem peso relevante no orçamento da migração. Este tipo de

50

T e l a

V i v a

equipamento custa, pelo menos, US$ 40 mil. Já para externas, mesmo cabeças de rede estão usando equipamentos HDV, como a RedeTV!, por exemplo, que investiu em câmeras XDCAM, da Sony, apenas para aquisição em estúdio. O investimento na infra-estrutura é fundamental para que seja possível instalar um sistema de digitalização de acervo e para poder trafegar com segurança o conteúdo em alta definição. “A digitalização do acervo é mandatória para atender à demanda da TV digital”, diz Rosalvo Carvalho. “Sem isso, as emissoras não contarão com conteúdo para preencher a interatividade, por exemplo, ou mesmo para poder suprir o jornalismo com material de arquivo”. Um sistema desses traz maior agilidade no processo de pós-produção e distribuição, já que possibilitam que o material esteja disponível, ao mesmo tempo, para todo o grupo de trabalho e que esse material possa ser convertido para outros formatos. Depois da produção A aquisição e a produção de imagens é o xodó das emissoras. Onde está concentrada a maior parte dos recursos. Porém, com a digitalização, outros pontos são importantes. Mesmo que operando em alta definição, toda emissora, por pelo menos dez anos, fará multiprogramação (por causa do simulcast). O conteúdo pode ser o mesmo em todos os canais, mas a emissora terá que transmitir em baixa definição para dispositivos móveis, em definição standard no analógico e em alta definição. Para isso, seus centros de exibição terão que compartilhar conteúdos HD e SD. Estes centros exibidores passam a precisar de mesas de controle mestre e servidores de vídeo que permitam exibir programação SD e HD simultaneamente. Garantir a integridade dos três sinais também demandará algum investimento

m a i 2 0 0 8


das emissoras. “Um sinal pode estar com boa qualidade visual em HDTV, mas, ao ser convertido para SDTV ou para exibição analógica, este sinal pode apresentar distorção pela falta da monitoração correta da fonte HDTV. Um conjunto de equipamentos de testes e medidas para implantação de TV digital incluindo HDTV varia de R$ 70 mil a R$ 150 mil dependendo do porte da emissora”, diz o executivo da Videodata. Outro problema que os radiodifusores enfrentarão é com o transporte de sinal para outras emissoras do grupo e para repetidoras de sinal. O diretor de tecnologia da Rede Bahia, Antonio Paoli, diz que, se tiver que transmitir áudio, vídeo e dados para todas as repetidoras e emissoras do grupo, para então codificar no ISDB-T, o custo será muito alto, tanto com banda para transmissão de dados, quanto com equipamentos em cada unidade transmissora. Carlos Fructuoso, da Linear, diz que a empresa já conta com uma solução para enviar o sinal modulado em ISDB-T, tanto por microondas quanto por satélite. Pagar a conta O desembolso que a radiodifusão terá de fazer na transição para o digital pode ser mais suave, graças ao

“Todas as emissoras têm que comprar um centro de exibição e transmissão para poder começar a transmitir. Mas, se quiserem transmitir com qualidade, o investimento vai ser bem maior”. rosalvo carvalho, da videodata financiamento disponibilizado pelo BNDES, o Programa de Apoio à Implementação do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (Protvd). Através dele, é possível ter acesso a um valor mínimo para crédito direto de R$ 5 milhões. Com exceção da infra-estrutura de transmissão - que conta com fornecedores nacionais -, os equipamentos de estúdio com índice de nacionalização superior a 60%, assim como máquinas e equipamentos importados novos sem similar nacional, também poderão ser financiados. F.L.


(EspecialTVdigitalinteratividade )

ginga travada solução inovadora para aplicativos de interatividade na TV Digital, ginga pode exigir o pagamento de royalties. Ninguém se arrisca a dar um prazo de quando o middleware ganhará seu formato aberto e sem ônus.

I

magine que você chega em casa e alguém está assistindo a uma transmissão de TV digital. Você tem um celular com tecnologia bluetooth e, ao se aproximar da tevê, seu telefone entra em rede, se transforma numa espécie de controle remoto. Várias pessoas se juntam e com seus celulares em mão poderão ter experiências de interatividade com a programação. Por exemplo, selecionam um serviço de home bank. Individualmente, cada um receberá na tela do celular a informação desejada. “O modelo de interatividade da TV digital brasileira é o único no mundo. Foi concebido para o multiusuário que poderá estar conectado a uma rede residencial”, define o professor Guido Lemos, da Universidade Federal da Paraíba, um dos pais do middleware Ginga-J, um dos softwares do modelo brasileiro de interatividade. O admirável mundo novo da TV digital já desenha outras possibilidades de navegação para o telespectador. Como que imerso num videogame real, ao assistir a uma partida de futebol será possível ter a sensação de estar no estádio, escolhendo o assento na arquibancada. Além do ângulo virtual para acompanhar o jogo, o torcedor poderá conversar com outros torcedores sintonizados na mesma partida e que podem estar em qualquer parte do país. Imagine provocar o adversário instantaneamente a cada grito de olé da torcida real. O aplicativo descrito acima também foi criado sob a batuta do professor Guido e já está em fase de licenciamento. Um universo de possibilidades interativas graças ao

52

T e l a

V i v a

middleware. No caso brasileiro é o Ginga, um software capaz de transformar TVs em máquinas virtuais iguais e aptas a executar as mesmas aplicações. “Qualquer caixa de interatividade, em qualquer canal. Todas as programações em todos os receptores. Uma solução para cumprir 100% do potencial”, dá a concepção Roberto Franco, presidente do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital. Pesquisadores brasileiros desenvolveram as duas vertentes do Ginga. Na PUC do Rio de Janeiro, um produto genuinamente brasileiro, o Ginga-NCL, usado no chamado ambiente declarativo. Esta versão não requer tanta memória e é recomendada para aplicações relativamente simples. Por exemplo, durante um programa o apresentador propõe ao telespectador um teste para medir o nível de estresse. Ele pergunta se alguém está com a boca seca. O público responde pelo controle remoto. Não é tão distante assim, um piloto da atração acima já foi realizado. O aplicativo exige sincronização de áudio e vídeo com as mensagens. Criações mais elaboradas podem ser feitas com o Ginga-NCL complementado pela linguagem Lua. A outra possibilidade é o Ginga-J, concebido na Universidade Federal da Paraíba com os recursos da biblioteca Java, é o dito software procedural. “É mais interativo, mais rápido, permite uso de computação gráfica, e está pronto para aplicações mais complexas, possibilita o controle mais fino da máquina. Por exemplo, é bom para comércio eletrônico na TV. Permite calcular juros, descontos, tempo estimado para chegar o produto, a melhor rota de entrega”, explicita o coordenador do projeto, o professor Guido Lemos. A diferença fundamental de utilização de um ou outro? “O NCL faz

m a i 2 0 0 8


tudo, mas é mais trabalhoso. O conjunto de ferramentas dele tem que ser escrito. Ao passo que no Java as ferramentas já estão prontas”, diferencia Roberto Franco. Além disso, o NCL não está plenamente disseminado entre os programadores, há muito mais técnicos treinados para usar fluentemente o Java. (Veja o box: Novo Profissional). O Ginga-NCL está pronto, mas é apenas parte da solução. O sistema considerado ótimo contempla as duas versões. ”A grande força do Ginga está justamente na utilização combinada do NCL e Java com uma ponte que permita a comunicação entre os dois. Dessa forma, as aplicações serão desenvolvidas dependendo apenas da melhor adequação à plataforma tecnológica”, afirma Fernando Bittencourt, diretor da Central Globo de Engenharia. O Ginga-J tem a norma escrita e aprovada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, mas está numa encruzilhada. “Quando ia ser publicado surgiu uma dúvida se não seria necessário o pagamento de royalties pelo uso dos chamados comandos globais”, conta Guido Lemos. O chamado GEM é a parte do Ginga que garante interoperabilidade com os middlewares usados nos padrões estrangeiros. Recolher royalties significa ônus ao

O Ginga-J tem a norma escrita e aprovada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, mas está numa encruzilhada. telespectador, e é contraditório ao princípio do “justo, razoável e não-discriminatório” formulado pelo Fórum do SBTVD. A Europa vive um inferno astral com fogo ainda mais ardente que o Brasil. O GEM é a base do modelo interativo da TV digital de lá. O medo do custo dos royalties fez a Associação Européia de Broadscating, EBU, recomendar a não-adoção do middleware. O preço estabelecido do royalty foi de US$ 1,75 por terminal. A cobrança é um problema potencial. Não há por enquanto ninguém no Brasil requisitando o direito. Mas há um entendimento de que existe o risco de aparecer o autor do GEM da discórdia e inviabilizar o negócio. “É o chamado

>>


(EspecialTVdigitalinteratividade )

“Nada adianta investir em interatividade antes que o modelo seja definido” Paulo César Queiróz, da DM9dDB

“Num break você tem vários anunciantes, então eu não posso oferecer algo que prejudique o outro anunciante” roberto franco, do sbt

royalty submarino. Se a ameaça submergir, pode haver cobrança futura”, explica Roberto Franco. Com o Ginga-J emperrado, a indústria de receptores nem quer falar do assunto e está de mãos atadas. O que está em jogo é o chamado risco sistêmico. O pior cenário para o fabricante é colocar no mercado um receptor dotado de interatividade que daqui um tempo terá que ser recolhido porque é inviável atualizá-lo. O que se diz é que a indústria só embarcará no mundo da interatividade quando tiver clareza de que pode oferecer um produto para um longo tempo, que passe por atualizações, mas sem ruptura. O professor Guido Lemos até admite a possibilidade de royalty, mas abaixo de um dólar por aparelho. Alguns broadcasters temem tomar o Ginga-J como solução definitiva e pisar fundo na interatividade ignorando o risco de cobrança. Receiam que o surgimento do dono da patente provoque desequilíbrio no mercado. Por exemplo, se o detentor deixa de acionar somente uma emissora, o privilégio permitirá o surgimento de um canal com repertório de interatividade muito maior do que os outros. Uma espécie de pesadelo da TV digital. Desde março, o Fórum Brasileiro de TV Digital e a Sun Microsystems, criadora da linguagem Java, trabalham juntos para arredondar o J do Ginga. Precisamente, para desenvolver a especificação que afugente o fantasma dos royalties. Com previsão inicial de concluir o trabalho em quatro meses, o silêncio da Sun denota que não há nada conclusivo. Portanto, não seria hora de falar. “Não está atrasado. É possível esperar por uma solução ótima. Quando vai ter caixa com interatividade não dá para dizer. Pode ser no ano que vem. O grande problema é que se fizer com NCL pode deixar legado para os fabricantes. Gerar um recolhimento de produto depois. Os estudos estão avançados, nós estamos aprofundando os caminhos alternativos para gerar a plataforma”, vislumbra Roberto Franco. Ele leva em conta que a interatividade no mundo todo ainda engatinha, portanto vale a pena investir. Guido Lemos, como um dos pais da criança, demonstra maior ansiedade. “O prazo final para publicar a norma termina em junho. Se passar tem que escrever de novo, abrir outro processo. Tudo isso leva meses. O trabalho da Sun pode mudar a norma, podem ser necessários ajustes.” O professor, que é formado em Ciências da Computação, e desde o começo da década de noventa dedica-se ao estudo da base teórica do modelo de sincronização, confessa que agora tem se debruçado sobre a questão da propriedade intelectual. Sem falsa modéstia, não se considera um especialista e entende que o Ginga-J é livre de royalties. “O problema da Sun é global. A empresa está trabalhando pelo royalty free porque senão terá enorme prejuízo. A interatividade com Java está travada”, aponta, acreditando que a solução virá. Para a Sun, o problema é também uma enorme oportunidade. O código livre será a base para variedade de produtos, daí viriam os lucros da empresa.

54

T e l a

V i v a

Fora da zona de conflito Enquanto o martelo do Java não é batido, as maiores emissoras do país transitam fora da área de conflito do GEM. As maiores emissoras desenvolvem e testam aplicações com o Ginga, que está pronto, o Ginga-NCL. O laboratório da Globo é conduzido pelo departamento de engenharia, com participação das áreas de produção de conteúdo, videografismo e jornalismo. “Já estamos testando a interatividade no DTH, no cabo e mesmo na TV aberta com protótipos de receptores fornecidos pela indústria”, informa Fernando Bittencourt, da Central Globo de Engenharia. A Record colocou alguns profissionais para estudar o Ginga também. “Estamos disseminando o conceito de interatividade na TV digital aberta para os departamentos mais impactados. Nossa primeira experiência foi produzir e exibir o show do Fábio Jr com interatividade. Criamos um grupo de trabalho com o

As maiores emissoras desenvolvem e testam aplicações com o Ginga, que está pronto, o Ginga-NCL intuito de encontrar modelos”, revela José Marcelo Amaral, diretor de tecnologia da emissora do bairro paulistano da Barra Funda. No SBT de Silvio Santos, que já é vidrado nas possibilidades de interação com o telespectador via telefone, a turma da interatividade também está em campo. Os estudos levam em conta complemento de programas e possibilidades fora da programação. Um dos modelos na prancheta é um sistema de busca das notícias da última hora. Apesar do caráter incipiente das iniciativas, já se tem idéia de quais serão as fatias de programação que debutarão na interatividade. “Programas como o ‘Big Brother Brasil’, eventos esportivos e novelas são fortes candidatos, tão logo o ecossistema da interatividade esteja consolidado. Também já estamos fazendo testes em conteúdos mais populares como a transmissão dos desfiles de Carnaval”, exemplifica Bittencourt. A Record também deve apostar na teledramaturgia, mas

m a i 2 0 0 8

>>



(EspecialTVdigitalinteratividade ) Foto: antonio chahestian

enxerga outras possibilidades. “Nós acreditamos numa oportunidade nos programas noticiosos que não sejam exclusivamente telejornais”, aponta José Marcelo. Resolvido o impasse do Ginga, a interatividade deve se alastrar pelo país a reboque da migração. “Onde houver sinal digital, haverá demanda por interatividade”, acredita José Marcelo. Só para ter uma idéia, na concorrente Rede Globo, o cronograma de implantação da TV digital prevê atender 30 grandes mercados até o final de 2009.

“Onde houver sinal digital, haverá demanda por interatividade” jose marcelo amaral, da record

Longe do break Se a programação que tira o telespectador da passividade começa a se desenhar, no intervalo comercial o cenário é um pouco mais complicado. “Num break você tem vários anunciantes, então eu não posso oferecer algo que prejudique o outro anunciante. O modelo de negócios está em desenvolvimento. Vai ser mais ou menos como na Internet. Você oferece serviços, se tiver aceitação, emplaca. Quem vai modelar é o nível de aceitação do telespectador a cada iniciativa”, conceitua Roberto Franco. Fernando Bittencourt chama atenção para a barreira do tempo. “Como viabilizar uma interação durante um comercial de 30 segundos? É desafiante imaginar um modelo em que o telespectador vivenciará toda a experiência interativa em 30 segundos, já que o próximo comercial de 30 segundos poderá ter também uma aplicação interativa. O espaço de cada cliente tem que ser respeitado”. O engenheiro acredita que diferentemente do break, programas e eventos patrocinados serão campo fértil para os publicitários colocarem em prática a criatividade. Também vê boas possibilidades na transmissão portátil, principalmente para telefones celulares com receptor 1-Seg, cujo canal de retorno é nativo ao aparelho. “No Japão, onde o serviço 1-Seg completou dois anos de operação e já conta com mais de 20 milhões de receptores ativos, começam a surgir modelos inovadores de TVi em ambiente móvel, como por exemplo, a distribuição de cupons eletrônicos associados a ações de promoção”, detalha. Na DM9DDB, uma das maiores agências de publicidade

do país, o preocupação com TV digital se resume às produções em HD. “Nada adianta investir em interatividade antes que o modelo seja definido. Tudo vai depender do apetite das emissoras”, afirma Paulo Queiroz, vice-presidente executivo. Além de dúvidas sobre a melhor forma de convergir os interesses dos anunciantes com as possibilidades de interação com o público, também não está muito claro qual será o papel das agências e das emissoras na produção dos filmes. “Penso que o conteúdo comercial será sempre das agências, a plataforma de interatividade das emissoras”, avalia Queiroz. E o anunciante pagará por tempo e volume de dados? “Acredito que o air time será mantido, talvez com outra dimensão de valor”, completa. Em meio a tantas dúvidas, vale pontuar a distância que estamos daquele modelo de TV interativa descrita no início da matéria em que vários usuários participam ao mesmo tempo e que tão interessante seria ao mercado publicitário.

diferentemente do break, programas e eventos patrocinados serão campo fértil para os publicitários colocarem em prática a criatividade

Novo profissional O desenvolvimento e a transmissão de conteúdo interativo é uma atividade que engloba várias disciplinas. São necessários profissionais de criação, design da aplicação, arte, programadores e videografistas. Quando a interface do middleware for bastante amigável, deve surgir um novo profissional. “Não basta ser um bom programador se não tiver o conceito de produção de programa de TV. Acreditamos que os editores, quando houver ferramentas que facilitem a programação, poderão ser bem-sucedidos nessa área”, afirma José Marcelo Amaral, diretor de tecnologia da Record.

Tecnologia nós temos, quando chegaremos lá? “Ainda estamos distantes desse modelo evoluído. Para alcançarmos esse estágio além da implantação do Ginga completo, serão necessários receptores, set-top boxes ou televisores integrados com um footprint de hardware generoso em termos de processamento e memória. Além de suporte ao canal de retorno. Adicional­ mente todo ecossistema de TVi tem que ser criado com a participação de empresas de áreas de serviços de tecnologia da informação e telecomuni­cações. Estas empresas poderão desempenhar novos papéis na gestão e valor das aplicações de TVi que chegam ao canal de retorno, como centro de desenvolvimento de aplicações ou mesmo como provedores de serviços interativos”, configura Fernando Bittencourt. Está claro que há um bom caminho a ser percorrido ainda, mas que parece bem promissor, parece. humberto costa

56

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8


( evento)

Da Redação

c a r t a s . t e l a v i v a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

No celular, conteúdo também é rei Discussões sobre os diferentes modelos de TV móvel, a importância do conteúdo e a publicidade como fomentadora dos serviços oferecidos pelo celular foram dominantes na sétima edição do Tela Viva Móvel.

C

FOTOS: daniel ducci

om a chegada da TV aberta digital móvel, operadores e radiodifusores intensificam as conversas sobre os rumos do conteúdo em vídeo no celular. Gratuito ou pago, oferecido em formato de grade ou on-demand, o mais importante na equação que definirá a TV móvel ainda é o conteúdo. Esse assunto foi um dos principais pontos abordados durante o 7° Tela Viva Móvel, evento promovido pelas revistas TELA VIVA e TELETIME entre os dias 13 e 14 de maio, em São Paulo. Seguindo a pesquisa da Nielsen que aponta que 31% dos brasileiros gostariam de ver TV no celular (leia Box), um dos painéis mais quentes do Tela Viva Móvel foi exatamente o que tratou da TV móvel. Ainda que TV aberta e conteúdos pagos possam co-existir no celular, o hábito de ver vídeos nesta tela pode ser alavancado pela TV aberta. “Explorar o long tail, a diversidade de conteúdos, será a segunda parte do processo. É preciso ter os principais conteúdos disponíveis para começar, especialmente os da TV aberta”, diz Renato Ciuchini, diretor de planejamento e novos negócios da TIM, partindo da constatação do Ibope que mostra que 70% dos assinantes de TV por assinatura assistem à TV aberta. Para José Luciano do

7° Tela Viva Móvel: televisão móvel e publicidade em pauta.

Vale, responsável pela plataforma MediaFlo, da Qualcomm, TV aberta e por assinatura são complementares, mas cabe ao 1-Seg (transmissão móvel aberta) ajudar a criar o hábito de ver TV no celular e de carregar consigo um device com essa funcionalidade. Há opiniões contrárias, como a de João Paulo Firmeza, da PT Inovação, que não aposta na viabilidade da TV aberta no celular. Ele apresentou o modelo adotado pela Portugal Telecom, no qual o assinante de TV fixa pode assinar também o mesmo pacote de canais para o celular. Segundo ele, o custo adicional é de € 5. A transmissão é pela rede 3G.

Em uma clara provocação aos radiodifusores, que defendem que as operadoras subsidiem os celulares com recepção de TV aberta, Alberto Blanco, ex-Oi, sócio fundador da Participe TV, disse que o poder ainda está na mão das operadoras. “Quem manda no mercado de telecom são as operadoras. São elas que decidem o que subsidiar, e ninguém vai convencêlas do contrário sem mostrar que elas vão ganhar dinheiro com isso”. João Paulo Firmeza concordou: “quem direciona o mercado dos celulares são as operadoras. O usuário quer apenas aparelhos baratos, bonitinhos e funcionais”. Para ele, outros dispositivos portáteis devem se difundir mais. “Tenho dúvidas sobre a escala que teremos para a TV aberta no celular. Pode haver outras telas, mas não no celular. Alguns fabricantes e as operadoras estão reticentes”, disse. Com um discurso mais conciliador, o diretor de planejamento de

“Explorar o long tail, a diversidade de conteúdos, será a segunda parte do processo.” Renato Ciuchini, da Tim

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8

57

>>


( evento ) FOTOs: daniel ducci

marketing da Globo, Ricardo Esturaro, exemplificou a possibilidade de ganhos conjuntos de operadores e radiodifusores a partir do caso japonês, no qual os players aumentam suas receitas a partir de publicidade, no caso da TV aberta, e interatividade, no caso da operadora. Para Fiamma Zarife, diretora de VAS (Serviços de Valor Adicionado) da Claro, uma das primeiras operadoras a oferecer o 3G no Brasil, na TV móvel haverá espaço para conteúdo de TV aberta gratuita e conteúdos premium pagos. “Teremos flexibilidade para testar alguns serviços gratuitos e oferta de conteúdos pagos, a exemplo do que se faz hoje na TV a cabo”, diz a diretora.

Ricardo Esturaro, da Globo, acredita que operadores e radiofusores podem ganhar dinheiro com TV móvel.

telefones celulares, mas, com o aumento da escala, deve começar a produzir conteúdos exclusivos para as telas pequenas desde a captação da imagem. Olivalves explicou que o ganho de escala pode ser com o aumento de assinaturas dos serviços das operadoras, como conseqüência da queda dos preços do tráfego de dados, ou ainda com a mudança das regras da TV digital. O executivo aposta que os radiodifusores serão autorizados a transmitir no 1-Seg (transmissão móvel da TV digital) conteúdo diferente daquele transmitido no canal principal. Assim como a multiprogramação também deve ganhar

de toda a parte de interatividade. O modelo de negócio proposto pela Participe TV é de oferecer o serviço em parceria e dividir receita. Quem paga a conta? Seja para conteúdo em vídeo ou para incrementar a Internet móvel, a publicidade continua sendo vista como o principal meio de subsídio para o desenvolvimento do celular como mídia. Essa idéia, no entanto, parece uma realidade distante do mercado. O vice-presidente executivo da DM9DDB, Paulo César Queiroz, apresentou estimativas durante o evento que apontam que a verba publicitária em 2007 destinada à mobilidade foi de apenas 3% das verbas publicitárias colocadas em internet. Ao todo, não passaram de

a verba publicitária em 2007 destinada à mobilidade foi de apenas 3% das verbas publicitárias colocadas em internet. Ao todo, não passaram de R$ 18 milhões os gastos com mobile marketing e advertising.

Conteúdo (ainda) é rei Independente da forma que seja entregue, gratuitamente ou pago, todos parecem concordar que o mais importante para o sucesso da TV móvel ainda é o conteúdo. “Se não tiver conteúdo relevante para o consumidor, não tem o que discutir”, afirmou Renato Ciuchini. O executivo acredita que caso o conteúdo seja relevante para o usuário, ele estará disposto a pagar por ele e aposta no vídeo para celular como importante fonte de receita da operadora. “Esperamos que nos próximos três anos a receita gerada por vídeo chegue a 5% do faturamento do setor”, afirma. Entre os radiodifusores que já demonstraram interesse em produzir conteúdos específicos para plataformas móveis está a Band, segundo Luis Renato Olivalves, diretor de interatividade da emissora. De acordo com o executivo, a Band já vem adaptando seu conteúdo para os

espaço. “É questão de desenhar um modelo de negócios interessante. Poderíamos ter programação sobre o trânsito no 1-Seg, por exemplo”, diz. Além da Band, a Participe TV deve começar a testar uma rede de DVB-H para transmissão de TV para celular em breve. A empresa diz aguardar apenas a liberação da Anatel para uso das faixas de UHF para os testes. O projeto está sendo conduzido por Alberto Blanco, que pretende tornar o serviço disponível comercialmente a partir do ano que vem. A Participe TV formata o seu serviço para funcionar nas faixas dos Serviços Especiais de TV por Assinatura (TVA), que utilizam canais de UHF. A empresa também pretende oferecer serviço de vídeo sob demanda e para isso está estruturando uma sociedade com a Pmovil que também vai cuidar

”A Band já vem adaptando seu conteúdo para os telefones celulares, mas, com o aumento da escala, deve começar a produzir conteúdos exclusivos para as telas pequenas.” Luis Renato Olivalves, da Band

58

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8

R$ 18 milhões os gastos com mobile marketing e advertising, estima Queiroz. Um valor ínfimo comparado aos R$ 19 bilhões investidos em propaganda no Brasil no último ano. “É muito pouco. Acredito que o Brasil já poderia ter uma taxa de investimento em Internet (que inclui mobilidade) de 10% do investimento total em publicidade, mas falta uma cadeia de valor no modelo de negócios”, afirma. Ele diz que o problema está, muitas vezes, no objetivo definido pelos próprios anunciantes, normalmente focados em resultado. “Temos nos esforçado para mudar. O consumidor já mudou, mas as empresas que nos contratam ainda não mudaram. Elas precisam de resultados renováveis e crescentes. Apesar de toda a inovação, não estão dispostos a assumir riscos elevados


“Durante os próximos cinco anos, os modelos de negócio de publicidade e patrocínio, de assinatura, e de pagamento por download ou por consumo deverão coexistir.” Paulo Castro, do Terra

saída é aumentar o volume de negócios na Internet e prestar serviços que não estejam associados à compra de mídia, pelos quais se remunera por “fee”. Publicidade na Internet A publicidade ganha espaço no celular também para alavancar novas aplicações móveis. “O usuário quer ter a mesma experiência de serviços gratuitos da Internet fixa no celular e isso será possível por meio da publicidade”, afirmou o diretor de pesquisa da Nielsen Mobile, Roberto Vazquez. Para Leonardo Tristão, diretor de desenvolvimento de negócios do Google, a busca patrocinada no celular pode alavancar negócios, pois será possível a oferta de mais serviços móveis gratuitos. O executivo citou uma pesquisa feita no Japão que mostra que o retorno do patrocinador no celular é dez vezes maior comparado à internet fixa. “Hoje 40% da receita do Google já vem de revenue share da internet móvel”, diz o executivo. FOTO: divulgação

sozinhos”, explica o publicitário. Segundo o executivo da DM9DDB, a agência está ávida para investir nessas novas mídias, sob pena das indústrias serem atropeladas por uma realidade em que todos estarão usando a Internet móvel sem que a publicidade esteja preparada para ela. Queiroz ainda provocou a platéia: se as propostas de uso do celular como ferramenta de mídia são um negócio tão bom, por que ainda não decolou? Ou falta diálogo, ou falta visão ou “não estamos freqüentando os mesmos lugares”, brincou. Para haver mais investimentos em plataformas móveis, segundo Queiroz, falta uma cadeia de negócio estruturada. “Precisamos criar um senso comum. É preciso que seja feito um trabalho de construção, da junção das suas plataformas com a nossa maneira de pensar, porque nossos clientes serão céticos quanto a investir em inovação simplesmente pela inovação e talvez não haja paciência para esperar por resultados no longo prazo”, adverte. A peça faltante é um agregador de conteúdos e de tecnologias que entregue para as agências um modelo pronto de negócios. “Temos cometido a insensatez de tentar montar internamente esses modelos de negócio por absoluta necessidade de entrar nesse mercado”, reconhece o executivo. O papel desse agregador, segundo Queiroz, seria empacotar usos de diferentes tecnologias, serviços e aplicativos para as agências. “Se patrocinarmos apenas o conteúdo, para pagar a conta, não poderíamos estar perdendo uma grande oportunidade de ganhar mais interatividade com os usuários e trazer novas experiências para os clientes? É isso que precisamos conhecer”. E como fica a remuneração das agências em um contexto de crescimento da Internet e do celular enquanto mídia? Segundo Queiroz, a

T e l a

No portal Terra, a primeira experiência no Brasil aconteceu com anúncios em formato de banners nas versões móveis do portal para smartphones. Foi realizada ainda em agosto do ano passado, durante a campanha de lançamento do Fiat Punto. De lá pra cá, segundo o diretor geral do Terra no Brasil, Paulo Castro, a empresa tem oferecido esse formato de publicidade para sua carteira de clientes como uma espécie de “degustação”, para fomentar mais esse veículo de mídia. “É tudo muito novo, e o histórico de tráfego ainda é muito pequeno, mas temos certeza de que é um segmento que vai crescer muito no Brasil”, acredita o executivo. Para ele, a navegação gratuita sustentada pela publicidade é uma forma de educar os usuários e massificar o acesso móvel à internet. “Mas durante os próximos cinco anos, os modelos de negócio de publicidade e patrocínio, de assinatura, e de pagamento por download ou por consumo deverão coexistir”, observa Castro, que afirma registrar atualmente uma média de 25 milhões de visitantes ao mês no portal móvel Terra Celular e diz que cerca de 10 a 12 milhões de usuários únicos ao mês o acessam diretamente pelo portal wap.

sms é o mais desejado Resultados de uma pesquisa da Nielsen, apresentados pelo diretor de pesquisa da Nielsen Mobile, Roberto Vazquez, durante o Tela Viva Móvel mostraram que entre os aplicativos mais usados nos últimos seis meses no Brasil, o SMS continua liderando, com 61%; games embarcados têm 25%; música on-line, 9%; e download de ringtones, 8%. Entre os serviços mais acessados em São Paulo em um período de 30 dias, a pesquisa aponta o rádio com 14% de adesão, download de wallpapers (11%), ringtones (8%), full tracks (6%), fotos (6%) e acesso à TV no celular (6%). Chama a atenção o dado que aponta que 44% dos entrevistados em São Paulo não usam nenhum serviço no celular além da voz, nem mesmo SMS. Entre as features mais desejadas pelo assinante está a câmera fotográfica, com 78% das respostas; MP3 em segundo, com 66%, seguido por rádio (59%), Bluetooth (43%), vídeo (40%), SMS (34%), video streaming (32%), TV interativa (31%), games pré-instalados (31%), e full internet (28%).

V i v a

m a i 2 0 0 8

59


( entrevista)

Conteúdos digitais made in Brazil Coordenadora da pesquisa de indústria de conteúdo na América Latina defende cotas de produção nacional e afirma que o Brasil, por ser um dos mais avançados nas discussões do setor, é o que mais tem condições de exportar conteúdos digitais para a região e para o resto do mundo.

A

FOTOS: Tela Viva

proposta era ousada e o tempo era curto: seis meses para fazer um levantamento sobre a indústria de conteúdo na América Latina. A idéia da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), órgão sediado no Chile e ligado à Unesco, era descobrir como os países da região estão usando as novas tecnologias da informação e comunicação e como estão conduzindo o processo de convergência digital. A brasileira Cosette Castro, jornalista, doutora em Comunicação pela Universidade Autônoma de Barcelona, professora e pesquisadora da Unesp e autora de livros sobre convergência e mídias digitais, foi selecionada para coordenar uma pesquisa envolvendo 11 países. Em fevereiro de 2008, o resultado do trabalho de Cosette à frente de pesquisadores da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, México, Uruguai e Venezuela, foi apresentado em um encontro em El Salvador. O objetivo é usar estas informações como base para a criação do Observatório Latinoamericano de Indústrias de Conteúdo (Olicon), um espaço on-line, de livre acesso ao público, que deve ser criado no segundo semestre e atualizado frequentemente com informações sobre a produção de conteúdo na região. “Com estes dados, os países

Cosette Castro, coordenadora da pesquisa sobre indústria de conteúdo na América Latina.

podem avançar nas discussões e estabelecer políticas públicas, explorando melhor o potencial de geração de receita desta indústria”, diz a coordenadora da pesquisa. Defensora da criação de políticas públicas para o setor, aprovação de cotas para fortalecimento da produção nacional e mais envolvimento das universidades no assunto, Cosette Castro afirma que o Brasil é um dos que mais têm avançado nas discussões sobre a indústria de conteúdo e, por isso, terá condições de exportar conteúdo digital não só para os demais países da região, como para o resto do mundo.

60

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8

TELA VIVA – Comparada aos outros dez países da América Latina que participaram da pesquisa, quais características diferenciam a indústria de conteúdo do Brasil das demais? COSETTE CASTRO - O primeiro aspecto que me chamou atenção foi o fácil acesso e a organização das informações. Tivemos muitas dificuldades em alguns países para conseguir dados atualizados, já com o Brasil foi mais fácil. Também é o país que mais se destaca no sentido de fazer da indústria de conteúdo uma questão de política pública.


Isso ficou claro agora em fevereiro, no encontro de El Salvador, quando o Brasil apresentou o Centro de Excelência em Produção de Conteúdos Digitais, Interativos e Interoperáveis, instituto ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia que será coordenador destas pesquisas em toda a América Latina. Uma equipe multidisciplinar já está organizada em grupos de trabalho para fazer pesquisas para a toda região. Em TV digital, por exemplo, não vamos estudar só a tecnologia do sistema japonês, que foi adotado pelo Brasil. Vamos estudar como produzir para os sistemas americano e europeu também. Desta perspectiva eu acho que, especialmente quando tivermos a possibilidade de interatividade com o canal de retorno, seremos um grande exportador de conteúdos digitais não só para a América Latina, mas para o mundo todo. Como o País pode explorar seu potencial de exportação de conteúdos digitais? Na verdade, o momento é de mudança cultural, vamos primeiro aprender a fazer, como aprendemos quando iniciamos as produções para a televisão analógica. E depois temos que aprender a fazer a gestão disso. Um dado curioso que descobri nesta pesquisa é que o Brasil é o quarto

maior produtor de jogos eletrônicos do mundo. Quem elabora estes jogos? O jovem, de classe média alta, que tem computador em casa e criatividade, mas ainda não está preparado para gerir esta atividade como um negócio, não sabe cobrar pelo seu trabalho. Para a TV é a mesma coisa: é preciso encarar a produção como um negócio. A criatividade dos produtores brasileiros é

argentinos. Neste contexto, o Brasil está mais avançado. O que a pesquisa detectou em relação a cotas e incentivo à produção nacional? O que deu para perceber é que as agências de fomento de cinema em toda a América Latina, especialmente no Chile, Argentina e

“A falta de apoio à produção independente é justamente uma das defasagens da produção de conteúdo no Brasil e um ponto forte na Argentina. Eu acho que (o PL 29) tem que ser aprovado porque é mais uma maneira de incentivar a produção independente.” enorme. Existem várias produtoras de pequeno e médio porte que podem se unir em consórcio, produzir e exportar. O que seria muito bom em termos de diversidade, já que não teríamos só grandes grupos dominando o mercado de exportação de conteúdo.

Uruguai têm conseguido ampliar as cotas de produção nacional e trabalhado em conjunto. A verba oferecida ainda é insuficiente, mas já é um avanço, uma iniciativa importante para o fortalecimento da indústria de conteúdo nestes países.

México e Uruguai, que são países latino-americanos que já escolheram seus modelos de TV digital, não têm condições de produzir conteúdo para exportação? Na verdade, o México adotou o sistema americano, mas não está desenvolvendo nada de conteúdo, será como uma extensão dos Estados Unidos. O Uruguai já não tem nem produção para a TV aberta, que é uma mistura de programas brasileiros e

A aprovação do PL 29 também seria um avanço para a indústria de conteúdo no Brasil? Com certeza. Eu acho que tem que ser aprovado porque é mais uma maneira de incentivar a produção independente. Meu palpite é que devemos ir aos poucos: talvez, em vez de 25% da programação dos canais de TV paga, poderíamos começar com 10%, depois aumentar para 15% e ir progressivamente.

O melhor conteúdo sobre políticas, produção e distribuição de conteúdos. Assine TELA VIVA.

Todas as telas. Uma só revista.

0800 014 5022

assine@convergecom.com.br

>>


( entrevista ) A falta de apoio à produção independente é justamente uma das defasagens da produção de conteúdo no Brasil e um ponto forte na Argentina. Lá, principalmente a partir dos anos 90, as emissoras voltaram-se para a transmissão, deixando a produção para as produtoras, que também exportam conteúdo. E o interessante é que apesar de não ter cotas para os programas nacionais na televisão, eles são maioria.

que querem manter o mercado de produção de conteúdos. A nova lei de comunicação geral eletrônica poderá modificar e atualizar esta situação.

O que há de comum na indústria de conteúdo na região? Além dos grandes grupos de mídia que se associam a grupos estrangeiros e controlam a produção, observa-se o desaparecimento das salas de cinema de rua e a dominação de grandes grupos exibidores instalados principalmente nos shopping centers. Isso é um mau sinal porque estes grupos geralmente exibem filmes comerciais, desfavorecendo as produções nacionais. Além disso, é um ambiente inacessível à maioria das pessoas. Também é bem notável a falta de envolvimento das universidades, instituição fundamental para a formação de novos produtores de conteúdo. Outro ponto em comum é a pirataria: 75% dos DVDs são piratas devido à baixa renda da população. Um aspecto interessante, muito comum na região, é o “gato” do cabo. No Brasil, sabemos que tem, mas ainda não há pesquisa. No Chile, a estimativa é que 36% dos pontos de cabo sejam ilegais.

“A criatividade dos produtores brasileiros é enorme. Existem várias produtoras de pequeno e médio porte que podem se unir em consórcio, produzir e exportar. O que seria muito bom em termos de diversidade, já que não teríamos só grandes grupos dominando o mercado de exportação de conteúdo.” telecomunicação já não são fixas e estas empresas brigam entre si pela produção de conteúdo. Ao separar a radiodifusão das empresas de telecomunicação, governos como o do Brasil não observam a tendência mundial que é a convergência tecnológica na qual os telefones celulares, por exemplo, também são analisados como mídias, pois podem produzir conteúdos, passar e receber informações pela Internet, receber rádio e TV digital. O governo argentino já se deu conta disso e no final de abril anunciou que as empresas de telecomunicações também podem produzir conteúdos. É preciso levar em consideração o interesse da população e as possibilidades de inclusão que estas plataformas permitem e não considerar apenas os interesses dos radiodifusores

Você aponta a falta de um marco legal que defina os papéis das teles e das empresas de radiodifusão como um empecilho para o desenvolvimento da indústria de conteúdo na América Latina. Em que ponto a falta de clareza de papéis tem atrapalhado? Observamos que as fronteiras entre empresas de radiodifusão e

62

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8

Que países surpreenderam na pesquisa? Tive uma feliz surpresa com Peru, um país que, além de estabelecer cotas para a produção nacional e apresentar avanços na produção cinematográfica, tem estimulado o uso da Internet pelos locutórios, que são as casas de cabine telefônica. A Venezuela apóia a produção nacional e isso está muito relacionado a questões políticas, mas tem uma coisa muito bacana que é o apoio à rádio comunitária, o que na maioria dos países é visto como caso de polícia. Já Bolívia e Paraguai têm situação tristíssima. São países com baixa expressão em termos de indústria cultural e com população muito pobre. Seis em cada dez bolivianos estão abaixo da linha da pobreza. A TV pública na Bolívia tem apenas 50% de produção nacional. Uma das propostas do observatório é reunir informações para que os países participantes encarem a indústria de conteúdo como uma fonte mais expressiva de geração de renda, como os Estados Unidos, cujo setor audiovisual já representa 6% do PIB norte-americano. Quais são os caminhos para que a América Latina pense a produção de conteúdo como fonte de renda? Acho que ainda não temos este tipo de pensamento, por isso acho que tínhamos que encarar o assunto como política pública de sustentabilidade e geração de emprego. As universidades também precisam se envolver mais nos assuntos e oferecer uma formação mais ampla e multidisciplinar em novas tecnologias aos novos produtores de conteúdo. Ana Carolina Barbosa


MATERIAL NÃO DISPONÍVEL


(upgrade | nab 2008) Aposta no cartão

Fernando Lauterjung

f e r n a n d o @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Panasonic lança novos modelos P2HD e anuncia venda de mais de 30 mil cartões.

A

Panasonic continua investindo na linha de equipamentos de aquisição em alta definição e gravação em memória de estado sólido. A empresa anunciou na NAB 2008, que aconteceu entre os dias 12 e 17 de abril, em Las Vegas, cartões P2 HD com maior capacidade, além de novas camcorders. Os cartões P2 HD, segundo a Panasonic, já tiveram mais de 80 mil unidades vendidas, para mais de 840 emissoras de televisão. A capacidade máxima disponível será de 64 GB, com o lançamento de novos cartões prometido para este ano. Entre as novas câmeras estão dois modelos da linha Varicam, a 3700 e a 2700, que foram construídas, segundo a fabricante, sobre o legado da Varicam HD Cinema, vedete da Panasonic para cinematografia digital. Além destas, um novo modelo handheld foi lançado: a AG-HPX170 P2 HD. Para a fabricante japonesa, os modelos Varicam HD representam mais que um casamento entre as tecnologias de cinema digital e de gravação sem fita. Os dois modelos contam com três CCDs de 2/3 de polegada; gravação 10-bit 4:2:2 AVC-

Intra 100; frame rate variável com incremento de 1 frame por vez; saída HD-SDI em 23,98 ou 24 frames progressivos por AG-HPX170: modelo handheld segundo; e funções de suporta 20 formatos HD e SD. gama que permitem conseguir um “look Varicam”, que se aproxima da F10 a 2 mil lux. A gravação de áudio é latitude de cor da película. 48-kHz/16-bit com quarto canais. O A tecnologia P2 HD leva à linha Varicam lançamento está previsto para o final mais agilidade, com fluxo de trabalho de 2008. baseado em arquivos. A Varicam 2700 pode captar tanto em Modelo de mão resolução de 1080 quanto de 720 linhas. A O modelo handheld de camcorder camcorder pode gravar também no formato P2 apresentado pela Panasonic este ano AVC-Intra 50, com maior foi a AG-HPX170, que opera compressão, permitindo a com gravação exclusiva em gravação de mais tempo cartões. A câmera, que pesa de vídeo nos cartões de menos de 2 kg, permite memória. A variação de gravar em alta definição, frame rate é de 1 a 60 assim como em standard e frames por segundo, conta com interface HD-SDI. Cartão P2 HD: maior capacidade apenas no modo 720p. Baseada no modelo Já o modelo Varicam 3700 oferece AG-HVX200, a HPX170 é equipada aquisição nativa em 1920x1080. Embora a com três CCDs 16:9 de 1/3 de polegada gravação em cartão seja 10-bit/4:2:2, a e lentes com zoom de 13 vezes Leica camcorder permite gravar, em unidades de Dicomar, com ângulo aberto de 28 mm. gravação externas em 4:4:4 RGB. Segundo O equipamento conta com controle a Panasonic, o modelo foi desenhado para manual e automático de foco e de íris. a produção de cinema, assim como séries A camcorder suporta 20 formatos prime de TV e comerciais. A gravação HD e SD incluindo 1080i e 720p em também pode ser AVC-Intra 50, além de DVCPRO HD, 480i em DVCPRO50 e DVCPRO HD. A variação do frame rate é de DVCPRO, e 480i e DV. A proporção um a 30 frames por segundo. de gravação pode ser chaveada em Os dois modelos são chaveáveis para 16:9 e 4:3. gravação em 59,94 Hz e 50 Hz. Contam O modelo conta com dois slots com cinco slots de cartão P2, permitindo para cartões P2, permitindo a gravação contínua, seleção de cartão, gravação de até 64 minutos contínuos troca de cartão com a câmera em no modo DVCPRO HD, com o uso de funcionamento e gravação cartões 32GB. Além da saída SDI, a em loop. Com cinco cartões camcorder conta com saídas IEEE de 32 GB, é possível gravar 1394 e USB 2.0, vídeo composto, até 200 minutos no formato vídeo componente (com terminal mini AVC-Intra 100 a 1080/24p, D) e configuração de time-code por ou 400 minutos no modo IEEE 1394. O equipamento conta AVC-Intra 100 a 720/24p. ainda com microfone estéreo Ambas têm sensibilidade embutido e dois terminais XLR.

VariCam 3700: modelo desenhado para produção de cinema, séries de TV e comerciais.

>>

64

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8


Faça parte deste elenco. 16 E 17 DE SETEMBRO DE 2008 AMCHAM, SÃO PAULO, SP

Venha debater as novas formas de ver e de fazer televisão na nova edição do Congresso TV 2.0. As discussões mais avançadas sobre a nova realidade da distribuição de conteúdos audiovisuais em dois dias de evento, com exposição privilegiada da sua marca para uma audiência altamente segmentada e qualificada.

2º Congresso TV 2.0. Uma nova maneira de ver TV. Mil novas maneiras de fazer negócios.

PARA PATROCINAR

INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES

(11) 3138.4623 | comercial@convergecom.com.br PATROCÍNIO PLATINUM

PARCEIROS DE MÍDIA

0800 77 15 028 | info@convergecom.com.br ORGANIZAÇÃO E VENDAS

PROMOÇÃO


(upgrade | nab 2008) End-to-end Thomson demonstra novidades que vão da aquisição à distribuição.

A

Thomson mostrou na NAB o que chama de “ecossistema” de mídia. Trata-se da infra-estrutura integrada para criação, gerenciamento, distribuição e entrega de conteúdo. A fabricante francesa anunciou o aumento de capacidade máxima de sua mídia de gravação não linear. Os discos Rev Pro, usados na linha Infinity de aquisição de imagens, passam a contar com versões de 40 GB (Rev Pro XP), que permite gravar mais de 50 minutos de conteúdo HD a 75 Mbps, e mais de 40 minutos HD a 100 Mbps (usando a compressão JPEG 2000); e 65 GB (Rev Pro ER), que permite gravar mais de 70 minutos de material HD a 100 Mbps, ou 90 minutos a 75 Mbps. A Thomson continua o desenvolvimento da linha de camcorders Infinity, apresentando o modelo DMC 1000/20. O modelo, segundo a fabricante, é tão robusto quanto o DMC 1000/10, incluindo três sensores CMOS de 2/3 de polegada com aquisição nativa em 1920x1080 progressiva. A aquisição pode ser a 50 Hz e 59,94 Hz. Além dos discos Rev Pro, a camcorder permite gravar em cartões CompactFlash em compressão MPEG-2, JPEG 2000 e DV, para conteúdo SD. A DMC 1000/20 deve estar disponível em junho de 2008. Para as linhas de switchers de produção HD Kalypso e Kayak, a Thomson anunciou novas funcionalidades no evento. O Kayak HD agora permite manipular mais fontes de diferentes formatos em uma produção ao vivo. Também permite gravar e executar áudio e

vídeo em um gravador RAM. Com a opção SetDef, os dois modelos permitem dar saída de conteúdo convertido de HD para SD e vice-versa, com até uma ou duas saídas por M/E, permitindo trabalhar em multicast em múltiplos formatos. Graças a esta opção, portanto, é possível dar saída de um conteúdo ao vivo para transmissão HD, SD e em resolução para web ou celular, por exemplo. Edição A plataforma de edição SD/HD Aurora Edit chegou à versão 6.5. Entre as novas capacidades está a MediaFrame, uma arquitetura de software que está presente em toda a plataforma Aurora Edit, Aurora Ingest,

Aurora Edit chega à versão 6.5 com MediaFrame

Aurora Playout, e Aurora Browse. O MediaFrame trata os metadados em tempo real e de forma intuitiva, facilitando e conversão de material cru em clipes finalizados. Com o MediaFrame é possível que o conteúdo seja marcado já na aquisição em uma camcorder Infinity, sendo mais fácil de encontrar a cena desejada na ilha de edição. O Aurora Edit também passou a suportar os formatos XDCAM HD, da Sony, e P2, da Panasonic. Distribuição Para distribuição multiplataforma, a Thomson anunciou o MediaFuse. Trata-se de um sistema para redimensionar conteúdo para multi-distribuição. Em outras palavras, trata-se de uma suíte de ferramentas que automatiza a conversão de conteúdo para saída em web, dispositivos móveis e IPTV, em tempo real para aplicações ao vivo e on-demand. A tecnologia permite que broadcasters e outras empresas de mídia aumentem o volume de conteúdo disponível para distribuição móvel ou pela Internet. Segundo a fabricante, a conversão se dá cinco vezes mais rápida que fazendo conversões de forma manual. Graças a isso, o MediaFuse pode ser usado para aplicações críticas, como produção e distribuição de jornalismo. O sistema é composto por hardware e software e deve ser lançado no final de 2008, custando

Thomson apresentou novos modelos dos produtos camcorder Infinity, switches de produção HD Kayak e discos Rev Pro.

>>

66

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8



(upgrade | nab 2008)

Pequena notável Sony amplia linha de camcorders com gravação em memória em estado sólido.

G

anhou destaque entre os lançamentos da Sony, em Las Vegas, a novo modelo da linha XDCAM EX. A nova camcorder PMWEX3, que grava em cartão de memória em estado sólido apresenta funções semelhantes às do modelo PMW-EX1, mas agora com lentes intercambiáveis. O modelo conta com gen-lock e entrada e saída de timecode para operação multicâmera e, para operação em estúdio, conta com os controles remotos RM-B150 e RM-B750, que podem ajustar parâmetros básicos da câmera, como ganho, abertura, ajuste de branco e gama. A camcorder é chaveável nas resoluções 1080i e 720P e conta com conexão HDMI, para uso de monitor externo. Tem entrada e saída HD-SDI, podendo ser usada para aquisição ao vivo. A camcorder pode ser usada ainda como um deck de leitura e gravação de cartões SxS PRO em sistemas de edição não-linear. Além de gravar em cartões, a camcorder pode ser usada com uma unidade externa de disco rígido desenvolvida especialmente para a linha XDCAM EX, a PHU-60K. A unidade conta com um HD de 60 GB e interface USB 2.0. Com o equipamento, a camcorder pode gravar aproximadamente 200 minutos de vídeo em 35 Mbps, ou 260

suporta até quarto canais de saída, com up e down conversion. A Sony também lançou um painel de controle remoto, o BKS-R6010, para seus switchers. Entre as novidades estão botões coloridos LCD, controle por cabos Ethernet e BNC, designação de funções aos botões e monitor de status.

PME-EX3 camcorder: cinema digital em estado sólido.

minutos em 25 Mbps. Quando conectado a uma camcorder, o disco rígido funciona como um cartão SxS PRO, com visualização thumbnail disponível na tela da câmera. Além da camcorder, a Sony anunciou que deve lançar no final deste ano o cartão SxS PRO com 32 GB. A Sony também apresentou um upgrade software para sua série de switchers multi-formato MVS. Com a melhoria, os modelos MVS-8000G e MVE8000A suportam agora resolução 1080/60P e 1080/50P, com entradas e saídas dual-link. Uma segunda placa de memória permite que os switchers gravem aproximadamente 2 mil frames HD. Os dois modelos contam com quartos keyers por M/E, o que significa que um switcher de 4 M/Es oferece até 16 canais. O conversor de formatos interno agora

Deck SRW-5100 HDCam e switcher MVS-8000G

68

T e l a

V i v a

m a i 2 0 0 8

Cinema digital Para a área de cinema digital, a Sony expandiu a família de VTRs HDCAM SR, trazendo novas capacidades de transmissão de arquivos para o deck SRW-5800 e apresentando um deck de menor custo somente para execução, o SRW-5100. A nova placa opcional de transferência de arquivos HKSR5804 permite tranferir arquivos DPX (Digital Picture Exchange) sobre redes Gigabit Ethernet, permitindo a importação e exportação de conteúdo RGB 4:4:4 em aplicações de banda larga. A placa também permite que o deck agora grave sinal HD, assim como dados 4K. O deck SRW-5800 é voltado para edição, com capacidade de gravação e reprodução HDCAM SR. O equipamento suporta resolução 1080 50P/60P 4:2:2 e 1080 HQ 4:4:4. Outra novidade é a possibilidade de transferir arquivos em velocidades acima do tempo real. É possível transferir arquivos 1080 em 24 fps, 25 fps e 30 fps (4:2:2), e 720 50P/60P em velocidade de até o dobro do tempo real. Já o SRW-5100 é um modelo exclusivo para execução. O equipamento é voltado para aplicações como ingestão de material e exibição.



( agenda ) York, EUA.Tel.: (21) 2439-2333. E-mail: inffinito@inffinito.com. Web: www.brazilianfilmfestival.com

FOTO: edson kumasaka

Maio 30 a 7/6 - 12° Festival de Cinema Brasileiro de Miami, Miami, EUA. Web: www.brazilianfilmfestival.com

14 a 23 15° Gramado Cine Vídeo e Mercado do Audiovisual, Gramado, RS.

Junho

Tel.: (54) 3286-6226. E-mail: gcv@gramadosite.com.br. Web: www.gramadocinevideo.com.br

3 a 5 9º Fórum Brasil - Mercado Internacional de Televisão, Frei Caneca

21 a 29 Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo, São

Convention Center, São Paulo, SP. Tel: (11) 3138-4660. E-mail: info@convergecom.com.br. Web: www.forumbrasiltv.com.br.

11 a 13 de agosto

ABTA 2008

12ª edição do encontro oficial da indústria de TV por assinatura. Todo o mercado de serviços convergentes reunido em três dias de exposição e congresso. Transamérica Expo Center, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3138-4660. E-mail: info@convergecom.com.br. Web: www.convergecom.com.br.

6 a 13 12º FAM 2008 – Florianópolis Audiovisual Mercosul, Florianopolis (SC). Tel: (48) 3237-9634. E-mail: panvision@panvision.com.br. Web: www.panvision.com.br.

8 a 11 Banff World Television Festival,

Paulo, SP.Tel.: (11) 3034-5538. Fax: 3815-9474. E-mail: spshort@kinoforum.org. Web: www.kinoforum.org.

21 a 1/9 32° Montreal World Film Festival, Montreal, Canadá. Tel: (1-514) 848-3883. E-mail: info@ffm-montreal.org. Web: www.ffm-montreal.org/fr_index.html.

Banff, Canadá.Tel: (1-403) 678-1216. E-mail: info@achillesmedia.com. Web: www.bwtvf.com

27 a 13/7 7ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, Florianópolis, SC.

24 a 31 3º Festival de Cinema e Meio Ambiente de Guararema, SP.

10 a 15 10° Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental – FICA.

Tel.: (48) 3232-5996. E-mail: lllins@uol.com.br. Web: www.mostradecinemainfantil.com.br

Tel: (11) 3024-4499. E-mail: bosco@raizprod.com.br, assuncao@ raizprod.com.br.

Tel: (62) 3225-3436 / 3223-1313. E-mail: fica@fica.art.br. Web: www.fica.art.br.

Julho

Setembro

12 a 17 Cineop - 3ª Mostra de Cinema de Ouro Preto, Ouro Preto, Minas Gerais.

7 a 13 3º Festival de Cinema LatinoAmericano de São Paulo, São Paulo, SP.

4 a 13 33° Toronto International Film Festival, Toronto, Canadá.

Tel: (31) 3282-2366. E-mail: cineop@universoproducao.com.br. Web: www.cineop.com.br

Tel: (11) 3823-4600.

Tel: (1-416) 967-7371. E-mail: tiffg@tiffg.ca. Web: www.tiff07.ca

15 a 21 Cannes Lions, Palais de Festivals, Cannes, França.Tel: (44-20) 7239-3400. Web: www.canneslions.com

Tel: (52-415) 152-7264. E-mail: info@expresionencorto.com. Web: www.expresionencorto.com.

15 a 21 31° Festival Guarnicê de Cinema, São Luís, MA.Tel.: (98) 3231-2887.

23 a 27 Anima Mundi – Festival Internacional de Animação do Brasil, São

E-mail: euclidesbmn@yahoo.com.br.

Paulo, SP.Tel.: (11) 3159-1323. E-mail: info@animamundi.com.br. Web: www.animamundi.com.br.

17 a 29 Cinesul 2008 – Festival LatinoAmericano de Cinema e Vídeo, Rio de Janeiro, RJ.Tel.: (21) 2232-2044. E-mail: competitiva.cinesul@terra.com.br. Web: www.cinesul.com.br.

18 a 27 11º Festival Internacional de Cine Expresión em Corto, Guanajuato, México.

Canoa Quebrada, CE.Tel.: (85) 3231.1624. Web: www.curtacanoa.com.br

Tel.: (31) 3291-0524. Web: www.festivaldecurtasbh.com.br.

Agosto

E-mail: contact@sunnysideofthedoc.com. Web: www.sunnysideofthedoc.com

10 a 17 6° Cine Fest Petrobras Brasil, Nova T e l a

V i v a

Tel.: (13) 3219-2036. Web: www.curtasantos.com

Tel.: (11) 3138-4660. E-mail: info@convergecom.com.br. Web: www.convergecom.com.br.

17 a 21 Ottawa International Animation Festival, Ottawa, Canadá.Tel.:

24 a 27 Sunny Side of the Doc, La Rochelle, França.Tel.: (33-1) 7735-5300.

15 a 20 VI Curta Santos. Santos, SP.

16 e 17 Congresso TV 2.0, São Paulo, SP.

25 a 31 9º Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG.

70

14 a 20 IV Festival Latino-Americano de Canoa Quebrada – Curta Canoa,

(1-613) 232-8769. E-mail: info@animationfestival.ca. Web: ottawa.awn.com

m a i 2 0 0 8


VideoAge Since 1981 Our Main Interest Has Been Improving Your Sales www.VideoAge.org www.VideoAgeLatino.com

NEW YORK

216 East 75th Street, Suite PW New York, NY 10021 Phone: 212.288.3933 Fax: 212.734.9033

CALIFORNIA

1612 Camden Avenue, Suite 302 P.O. Box 25282 Los Angeles, CA 90025 Phone/Fax: 310.444.3189



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.