Ano 15
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www.teletime.com.br
Na prancheta desde 2005, projeto de satélite geoestacionário brasileiro começa a sair do papel; RFP deve ser lançada nas próximas semanas ENTREVISTA
Zenteno, da Claro, conta os planos para melhorar a qualidade do atendimento
SERVIÇOS MÓVEIS
Aumenta a competição no serviço de música via streaming no celular
Presidente Rubens Glasberg Diretores Editoriais André Mermelstein Claudiney Santos Samuel Possebon (Brasília) Diretor Comercial Manoel Fernandez Diretor Financeiro Otavio Jardanovski
Editor Samuel Possebon Editora Adjunta e Editora de Projetos Especiais Letícia Cordeiro Editor de Mobilidade Fernando Paiva Redação Ana Carolina Barbosa (Tela Viva), Bruno do Amaral, Fernando Lauterjung (Tela Viva), Helton Posseti (Brasília), Leandro Sanfelice (Vídeo repórter), Wilian Miron Consultor Especial Cláudio Dascal Arte Edmur Cason (Direção de Arte); Rubens Jardim (Produção Gráfica); Geraldo José Nogueira (Edit. Eletrônica); Débora Harue Torigoe (Assistente); Alexandre Barros (Colaborador); Bárbara Cason (Colaboradora) Departamento Comercial Bruna Zuolo (Ger. de Negócios) Ivaneti Longo (Assistente) Inscrições e Assinaturas Gislaine Gaspar (Gerente) Circulação Patricia Brandão (Gerente) Marketing Harumi Ishihara (Diretora) Gisella Gimenez (Gerente) Administração Vilma Pereira (Gerente) TELETIME é uma publicação mensal da Converge Comunicações - Rua Sergipe, 401, Conj. 603 CEP: 01243-001 - Telefone: (11) 3138-4600 e Fax: (11) 3257-5910 - São Paulo, SP. Sucursal SCN Quadra 02 Bloco D, sala 424 – Torre B - Centro Empresarial Liberty Mall - CEP: 70712-903 - Fone/ Fax: (61) 3327-3755 - Brasília, DF. Jornalista Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965) Impressão Ipsis Gráfica e Editora S.A. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A
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Samuel Possebon
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.:Editorial
samuca@convergecom.com.br
O tal do dividendo
O
Brasil tem algumas características únicas quando o tema é políticas de comunicação. Uma delas é que aqui as empresas de comunicação, sobretudo a radiodifusão, falam alto quando querem, e são ouvidas. Não se deve, portanto, achar que uma política de espectro vai sair na base do “será assim porque sim”. O debate sobre o futuro da faixa de 700 MHz, se será usada para radiodifusão ou para banda larga móvel, está muito longe de acabar. Aliás, desconfio que nem começou direito. No mundo todo (ou pelo menos nos mercados de referência, como Europa Ocidental e EUA) o dividendo digital é tratado como algo líquido e certo: concluída a transição da TV analógica para a TV digital, sobrará espectro, que pode ser automaticamente alocado para a banda larga móvel. É inquestionável que a banda larga e a mobilidade mudaram as coisas para melhor, e que vão continuar mudando. E para isso, dependem de espectro. Não se discute nada disso. Mas o espectro, sobretudo o utilizado pela radiodifusão, está ocupado em grande parte do País (pelo menos nos principais centros urbanos), e desocupá-lo não será tarefa simples. É preciso haver uma troca. O governo acha que pode fazer com que as teles, tão interessadas no espectro, paguem para os radiodifusores, financiando justamente a transição digital. É aí que as coisas se complicam. Uma política desse tipo precisa incluir todos os radiodifusores, ou pelo menos os de uma mesma localidade, sob pena de se criar distorções competitivas no mercado. Depois, porque esses radiodifusores não vão querer ganhar apenas aquilo que gastariam em torres e equipamentos. Cientes de que se as faixas forem a leilão valerão fortunas, pequenos empresários de radiodifusão Brasil afora buscarão nesses acordos uma forma de faturar mais. E na radiodifusão não será como foi com o MMDS, onde os grupos não conseguiram força política para se manter vivos quando a Anatel determinou a desocupação da faixa de 2,5 GHz. Outro problema é que não basta forçar a conversão das transmissões. É preciso que as pessoas tenham televisores capazes de receber TV digital. O Fórum Brasileiro de TV Digital divulgou uma estimativa de que haja 15 milhões de TVs com receptor integrado no Brasil. O Minicom, conforme entrevista de seu secretário de Comunicação Eletrônica, Genildo Lins, a esta revista em julho, estimava em 30 milhões. É uma diferença de 4 Teletime ago_2012
100%, o que mostra que se hoje já há incertezas sobre esses dados, será muito mais complicado saber, em 2016, se todos estão prontos para deixar de receber o sinal analógico. Caso contrário (e o mais provável é que em 2016 ainda haja uma grande quantidade de TVs analógicas espalhadas pelo território nacional), o governo precisa pensar em uma política de incentivo para a troca de aparelhos, sob risco de privar a população da TV aberta gratuita e toda a sua programação. Até mesmo o timing de um novo leilão para a faixa de 700 MHz passa por uma engenharia complexa. O ministro Paulo Bernardo sinalizou que se os estudos que a Anatel precisa fazer sobre o tema ficarem prontos antes do final do ano, seria possível ter uma licitação em 2013, condicionada ao prazo final de desocupação da faixa. Mas as empresas de telecomunicações gastaram uma boa quantidade de dinheiro este ano na compra da faixa de 2,5 GHz e precisarão fazer investimentos pesados em rede para 2014. Carlos Zenteno, presidente da Claro, em entrevista nesta edição, diz que de fato a faixa de 700 MHz é o filé desejado por todos os operadores de telecom, mas que espera que uma eventual licitação seja complementar para as empresas que já investiram na faixa de 2,5 GHz, ou seja, sem novas metas de cobertura e com preços mais baixos. E, por fim, um último desafio a ser vencido é o que a radiodifusão espera ser no futuro. Alguns radiodifusores argumentam que o mercado poderá crescer, caso a economia continue crescendo, abrindo espaço para novos grupos regionais e mesmo nacionais. É uma tese difícil de defender. A cidade de São Paulo, a mais rica do País, tem quase 20 emissoras em operação, das quais apenas as quatro maiores devem ser rentáveis. Mas a possibilidade de que o mercado de TV aberta ainda possa crescer, especialmente em regiões em franco desenvolvimento, como o Nordeste, não pode ser abandonada. E ainda é preciso considerar a evolução tecnológica. Será que as novas tecnologias de ultra alta definição e interatividade não criarão mais demanda por espectro por parte dos radiodifusores? É nessa linha que pensam os engenheiros de TV. Enfim, a discussão sobre o que acontecerá com o dividendo digital no Brasil, se é que ele existirá, ainda é longa e complexa. Mas precisa começar a acontecer de forma aberta e transparente, em que todos os lados tenham a oportunidade de expor seus argumentos.
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157 Número
w w w . t e l e t i m e . c o m . b r
Ano 15 | Ago12
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Capa
8 Brasil em órbita
Começa a sair do papel o projeto brasileiro para a construção de um satélite geoestacionário para telecomunicações a cada cinco anos, o que deixará ao menos três sempre em operação.
Entrevista
14 Resposta clara
Carlos Zenteno, presidente da Claro, revela estratégia da operadora para fibra, cabos submarinos, 3G e 4G em meio ao turbilhão no mercado provocado por duas semanas de medidas restritivas da Anatel.
Internet
18 Quem será o manda-chuva?
Iminente votação do Marco Civil da Internet, prevista para setembro, deve criar uma figura nova no contexto da Internet brasileira: alguém que fará o papel de regulador deste mercado.
Serviços móveis
24 Música no celular 14
24
Novas empresas chegam ao mercado apostando em serviços de streaming para handsets, mas a popularização pode acabar sobrecarregando a infraestrutura das companhias brasileiras de telecom.
Redes
28 Proteção em foco
Chegada de grandes eventos esportivos nos próximos anos leva as operadoras a investirem mais em segurança de rede e a adotarem uma postura mais incisiva na mitigação de ataques.
Fornecedores
32 Em ponto morto Enquanto empresas ainda conseguem respirar aliviadas no Brasil, crise econômica mundial afeta o mercado e deixa fornecedores internacionais de redes de telecomunicações em posição delicada.
28
34
por assinatura 34 TV Momento de expansão Mercado de TV paga comemora crescimento no Brasil enquanto o SeAC expande as oportunidades para novas empresas aproveitarem a boa maré no setor.
Regulamentação
38 Chuva de benefícios
Congresso Nacional aprova um grande “pacote de bondades” na tributação de redes de banda larga e o setor de telecom passa a contar com desonerações que superam R$ 1 bilhão por ano.
Editorial 4 | Ponto & Contraponto 42 ilustração de Capa: seri
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SHAPING THE
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Helton Posseti
helton@convergecom.com.br
Satélite brasileiro começa a sair do papel
C
omeça a tomar forma o projeto do Satélite Geoesta cio ná rio Brasileiro, que pelo menos desde 2005 vem sendo discutido dentro do governo. A empreitada começou a se concretizar em agosto do ano passado, quando foi publicado o Plano Plurianual (PPA) 2012/2015, que estabelece os principais programas para um período de quatro anos e onde consta recursos de R$ 716 milhões para a Telebras comprar o satélite. Depois disso, mais dois decretos presidenciais deram ou darão sequência à formalização do projeto. Um deles batiza oficialmente o projeto de Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) e cria um fórum onde serão definidos as características técnicas: o Grupo Executivo. Também ficou definida a instância decisória máxima, o Comitê Diretor do Projeto formado por membros do Ministério das Comunica ções, Ministério da Defesa e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Um outro decreto definirá os contornos de uma das principais exigências do projeto brasileiro: a absorção de tecnologia. Embora o Grupo Executivo ainda não tenha sido nomeado, já foram definidas as especificações técnicas, ou “requisitos de missão”, no jargão técnico. De posse deste documento, caberá agora à Visiona – joint-venture entre a Telebras e a Embraer criada para fazer a integração do satélite e liderar o processo de absorção de tecnologia – elaborar a RFP para a contratação do fornecedor. Além das especificações técnicas, o governo já tem também um planejamento de longo prazo do SGDC, que prevê três satélites em órbita. Para isso, será preciso lançar um satélite a cada cinco anos, já que a vida útil de cada um deles é de aproximadamente
ilustração: seri
Projeto nacional prevê o lançamento de um satélite a cada cinco anos para que sempre haja pelo menos três em operação. O Br1Sat terá cinco transponders de capacidade para a Defesa e de 50 Gbps a 60 Gbps de capacidade para a Telebras.
15 anos. Assim, quando acontecer o lançamento do quarto satélite, o primeiro deverá estar perto do fim da sua vida útil. A entrada da Telebras, reativada em 2010, foi crucial para a viabilização do projeto e também para dar foco a ele, já que no passado se pensava que o satélite brasileiro poderia ser usado inclusive para auxiliar no controle do tráfego aéreo, entre outros objetivos. No entendimento do governo, apenas a demanda da Defesa não justificava o lançamento de um satélite 8 Teletime ago_2012
próprio, sendo mais lógico ampliar os contratos junto à iniciativa privada. A Telebras trouxe outra perspectiva ao projeto, uma vez que a estatal tem dificuldade em levar sua rede terrestre para todo o Brasil e viu no satélite a única chance de levar o Programa Nacional de Banda Larga (PNBL) à região Norte. Inicialmente, a estimativa era de que 1.282 cidades não seriam alcançadas pela rede física da estatal e precisariam ser atendidas por satélite, mas os cortes orçamentários levaram a Telebras a aumentar
“A ideia inicial era atendermos as cidades até 100 km da rede da Telebras. Por questões de recursos, reduzimos para 50 km.” Caio Bonilha, da Telebras poderia deslocar o satélite”, diz Costa. A criptografia da informação, por outro lado, dependerá do dono dela. Toda a informação sigilosa das Forças Armadas hoje é criptografada na origem e descriptografada no destino, situação que permanecerá no SGDC. Operação Está definido também que o centro de comando e controle do satélite ficará obrigatoriamente em área militar. Serão duas estações de controle, uma principal em Brasília e outra no Rio de Janeiro. Fonte ligada ao projeto explica que um ano e meio antes do lançamento – mais ou menos quando se inicia a construção
Ka e a Defesa, a banda X. A banda Ka funcionará criando spots de cobertura na faixa de 3 GHz (tanto para downlink quanto para up link) dentro de uma determinada área. A tecnologia funciona mais ou menos como a tecnologia celular. Cada spot usa uma faixa de frequência, que pode ser reusada em outro spot, distante o suficiente para não causar interferência. Normalmente a banda Ka trabalha com quatro bandas (chamadas de cores) que são reusadas, mas há alguns fornecedores que trabalham com 12 cores. O projeto brasileiro deixa esse detalhe em aberto para que diferentes fornecedores possam apresentar os seus projetos. Ao todo, a estatal estima que o Br1Sat terá uma capacidade total de 40 Gbps a 60 Gbps. A área de cobertura de um spot em banda Ka é de 600 km a 800 km de raio. A intenção da Telebras é que nenhuma área do território brasileiro fique descoberta. É claro que o tamanho dos spots e FOTO: arquivo
essa estimativa para cerca de 2,4 mil cidades cobertas via satélite, o que aumenta a importância do SGDC para o Plano Nacional de Banda Larga. “A ideia inicial era atendermos as cidades até 100 km da rede da Telebras. Por questões de recursos, reduzimos para 50 km”, afirma o presidente da estatal, Caio Bonilha. Ainda não está claro, contudo, se essas restrições orçamentárias poderão afetar também o projeto de satélites em algum momento. O SGDC terá, portanto, capacidade em banda X para uso das Forças Armadas e em banda Ka para uso da Telebras. O Ministério da Defesa terá 288 MHz em cinco transponders de comunicação na banda X. A capacidade é significativamente superior ao que a Defesa tem hoje, que está limitada a dois transponders alugados nos satélites C1 e C2 da StarOne e um canal em banda Ku também alugado no satélite C1. “Esses satélites vão começar a estrangular a rede. Vou ter crescimento de tráfego porque serão implantados sistemas de monitoramente de fronteiras, tanto terrestre quanto marítima”, afirma o coronel Edwin Pinheiro da Costa, chefe da seção de telemática e um dos responsáveis pelo projeto no Ministério da Defesa. Os links satelitais compõem uma rede que atende a mais de 400 estações militares, formada também por capacidade alugada nas redes de fibra das operadoras. Os militares terão um spot de cobertura global com cobertura de todo o Atlântico, da costa do Pacífico e uma cobertura com potência menor na América do Norte. Outro spot direcionado exclusivamente para o Brasil com uma potência maior e um terceiro, menor, móvel, que poderá ser direcionado para qualquer lugar do globo. O coronel Costa explica que esse spot móvel será usado, por exemplo, para dar comunicação a um submarino brasileiro que navegue fora da área de cobertura global. Ele informa também que o controle do satélite será todo criptografado. “Teremos uma criptografia incrementada no comando do controle do satélite. Não podemos deixar aberto porque qualquer um com uma antena apontada para ele
Telebras trouxe outra perspectiva ao projeto, uma vez que a estatal tem dificuldade em levar sua rede terrestre para todo o Brasil e viu no satélite a única chance de levar o Programa Nacional de Banda Larga (PNBL) à região Norte. do artefato – começam a ser formadas as duas equipes que irão operá-lo. Uma delas será reponsável pela movimentação do satélite no espaço e pelo monitoramento de todos os sensores de telemetria. É essa equipe, de alta capacidade e que deve contar até com astrônomos, que vai deslocar o artefato da órbita de entrega para a sua posição definitiva. Essa operação é de responsabilidade conjunta da Defesa e da Telebras. Já a outra equipe diz respeito à distribuição da banda, da operação das estações terrenas de controle etc. Nesse caso, a operação é separada: a Telebras será a responsável por operar a banda
a potência destinada a eles será determinada pela demanda esperada de usuários. Assim, aldeias índigenas, áreas de rios e a floresta terão cobertura, mas com uma potência adequada à demanda desses locais. A intenção da Telebras é atender também áreas urbanas que não são adequadamente atendidas pelas operadoras, como as periferias e favelas ou condomínios, sempre no contexto do PNBL e através de um provedor parceiro. Outra questão técnica que também não será previamente definida na RFP é o número de estações terrenas de controle – as gateways. Ténicos da Telebras estimam que serão necessárias de quatro a seis, sendo que cada
“Teremos uma criptografia incrementada no comando do controle do satélite. Não podemos deixar aberto porque qualquer um com uma antena apontada para ele poderia deslocá-lo.” Cel. Edwin Pinheiro da Costa, do Ministério da Defesa ago_2012 Teletime 9
uma delas pode controlar até 12 spots de cobertura. Mas cabe a cada fornecedor apresentar o seu projeto. Não está prevista no projeto a oferta direta de banda larga via satélite, ou seja, o satélite servirá de backhaul para provedores locais.
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Contratação Comprar um satélite não é algo simples. Por ser um item estratégico, cada país quer ter o maior controle possível da sua tecnologia. Por isso, são grandes as restrições em relação a uma das principais exigências do SGDC: a absorção tecnológica. Os EUA, que são um dos principais fornecedores nessa área, também têm algumas das maiores restrições. Além disso, de acordo com o International Traffic in Arms Regulation (ITAR), qualquer tecnologia de satélite norte-americana não pode ser vendida sem supervisão do Pentágono. A política dos EUA, segundo apurou TELETIME, não restringe a participação de fornecedores estadunidenses no projeto brasileiro, embora, pelo ITAR, um artefato norte-americano não possa ser lançado por um foguete chinês, por exemplo. “As empresas americanas poderão participar normalmente, a não ser que se resolva colocar um lançador de algum país que não seja do relacionamento deles”, afirma Jurandir Pitsh, diretor geral da SES, operadora privada de satélites que constantemente precisa lidar com essas restrições nas aquisições de satélites e lançadores para administrar uma frota de mais de 50 artefatos (ver matéria a seguir). O que pode simplificar a vida do Brasil é que o projeto não fala em transferência de tecnologia, mas sim em absorção de tecnologia. O coronel Edwin da Costa explica que a absorção da tecnologia se dará através de técnicos brasileiros que acompanharão a fabricação do artefato. “Absorção consiste em termos técnicos nossos acompanhando a fabricação e aprendendo. É diferente da transferência de tecnologia. Nossos recursos não permitem gastos extras. Se houver necessidade de alguma transferência, deverá ser agregado algum recurso extra; e isso ficará por conta do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e da
“As empresas americanas poderão participar normalmente, a não ser que se resolva colocar um lançador de algum país que não seja do relacionamento deles.” Jurandir Pitsh, da SES
AEB (Agência Espacial Bra sileira)”, diz ele. O grau de profundidade da absorção tecnológica está sendo definido pelo Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação, junto com a AEB e o Inpe. O grau de absorção de tecnologia obviamente impactará no preço do artefato. Não se espera, contudo, que o País possa adquirir muito conhecimento nesse campo já no lançamento do BR1Sat, em virtude do prazo exíguo. De acordo com decreto presidencial, o primeiro satélite deve ser lançado até o fim de 2014 – prazo aliás que muitos duvidam que será cumprido. Mas, mesmo assim, a ideia é que já se possa trazer algum conhecimento sobre a tecnologia para o Brasil. Integradora A chave do processo de absorver a tecnologia dos satélites é a joint-venture Visiona, formada por Telebras e
reuniram com a Telebras para apresentarem suas propostas: Loral, Boeing (que comprou a divisão de fabricação de satélites da Hughes) e a Orbital Sciences. Além deles, estão no páreo as francesas Thales Alenia Space e Astrium Sa tellites e do Japão a Mitsubshi Eletric Corporation (Melco). Também os ucranianos da ACS propuseram que o Brasil lançasse dois satélites menores ao invés de um de grande porte. A favor dos ucranianos está o fato de a ACS ser uma empresa binacional Brasil-Ucrânia, que fabrica o veículo lançador Cyclone 4 que poderá ser lançado da base brasileira de Alcântara (MA) quando ela estiver pronta. A ACS não fabrica o artefato, mas teria um parceiro ucraniano para fazê-lo. A divisão em dois satélites menores se explica pelo fato do Cyclone 4 ser um lançador de médio porte capaz de colocar em órbita geoestacionária satélites de até 1,7 tonelada. Esse caminho, entretanto, foi descartado. A avaliação foi de que o lançamento de dois satélites duplicaria a chance de problemas. Assim, manteve-se a estratégia de lançar um satélite único, que deverá ter entre 5 toneladas a 6,5 toneladas, o que exige um lançador (foguete) de grande porte, como o foguete Ariane, da Arianespace,
projeto prevê absorção de tecnologia, com a presença de técnicos brasileiros durante a fabricação do satélite. Embraer, e que cuidará da integração do projeto. A localização da Visiona provavelmente será em São José dos Campos (SP), onde está concentrado hoje todo o know-how brasileiro em tecnologia aeroespacial. O fato de a Embraer não ter atuação nessa área, indica que as parcerias tecnológicas com outras empresas serão um caminho natural. De acordo com o secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Maximiliano Martinhão, o Inpe já tem uma lista de empresas que desenvolvem subsistemas na área aeroespacial, que deverão ser as companhias com as quais a Visiona deverá se relacionar. Mesmo sendo considerado o país com mais restrição em termos de absorção tecnológica e transferência de informações, TELETIME apurou que três fornecedores dos EUA já se 10 Teletime ago_2012
o Proton, da ILS, ou os foguetes lançados da plataforma SeaLaunch. Na prospecção do mercado, os fornecedores do satélite informam com quais foguetes ele é compatível. Depois de contratado o artefato, dá-se início à negociação com os foguetes, que por sua vez, já têm acordos com as bases de lançamento. Depois disso, é provável que seja feita uma nova licitação para contratar o fornecedor das estações terrenas de controle. Obviamente, é preciso que esses equipamentos sejam compatíveis entre si, por isso, a compra de um satélite é algo tão complexo. Além disso, o Brasil deverá driblar as restrições que os países fornecedores do artefato tem com outros países. Algumas combinações, de cara, não seriam possíveis, como artefato norte-americano e o foguete chinês Longa Marcha.
A mãe está ao telefone, perguntando pela 5ª vez, se está tudo bem.
O pai está na internet fechando um grande negócio.
O irmão está se divertindo em frente à TV.
E a gente está por trás disso tudo. A CEMIGTelecom é uma empresa do Grupo CEMIG com presença em cerca de 70 das principais cidades mineiras, prestando serviços de telecomunicações com capilaridade, qualidade, e alta disponibilidade, sempre com alto grau de comprometimento aos requisitos de seus clientes. A CEMIGTelecom está presente em sua vida, muito mais perto do que você imagina. E muito mais longe também: no futuro.
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O difícil controle dos céus “sair” de seu lugar. Até porque, apesar de ser geoestacionário em relação a um ponto na Terra, o satélite está orbitando a 11 mil km por minuto para acompanhar a rotação da Terra. “Não tem como ser diferente: cada satélite está ligado a uma estação de trabalho em que há um engenheiro de voo monitorando, a cada instante, qualquer variação na órbita ou no apontamento do artefato. É um trabalho incansável, e qualquer erro pode significar a necessidade de gastar desnecessariamente combustível para colocar o satélite de volta no lugar”, diz Dietzel. “E mais complicado do que manter o satélite na
grado com centenas de outros softwares pelos próximos 15 anos. Não se faz grandes mudanças nesses softwares com o satélite no ar, porque não dá para ter falhas”, diz Fred Dietzel. Sobre operar satélites que estejam sujeitos às regras da ITAR (International Traffic in Arms Regulation), é apenas uma questão de saber que existe um certo grau de ingerência que o governo norte-americano pode ter sobre as operações. “Mas raramente isso gera inconvenientes, por isso a SES não exige satélites ITAR-free quando contrata artefatos”. O que tem sido um problema para a SES é a constante e crescente necessidade de proteger os sistemas de controle de satélite de tentativas de ataques ou invasões externas. Isso tem obrigado algumas políticas de isolamento da rede, camadas de firewall cada vez mas seguras e uma preocupação crescente com TI e segurança dos servidores. “O mais importante é garantir que os funcionários sejam sérios e que sejam comprometidos com a empresa”, diz Dietzel. A parte de operação das transmissões dos sinais em si enfrenta outros desafios. Além do monitoramento dos níveis técnicos de transmissão dos transponders e sinal de subida e descida, é crescente a ameaça de interferências. Dietzel não dá detalhes, mas confirma que muitas vezes já foram detectados sinais estranhos sendo jogados sobre o satélite para causar interferências ou mesmo derrubar as transmissões. “Provavelmente isso veio de algum país que queria retaliar por conta de conteúdos que não gostariam de ver distribuídos”. Nesses casos, a única solução é monitorar atentamente os níveis de sinais e procurar mudar quando existe alguma ocorrência estranha. “A monitoração das transmissões é relativamente mais simples quando se tem clientes usando o satélite, como é o nosso caso, pois eles também ficam de olho”.
mais complicado do que manter o satélite na órbita correta é garantir que os feixes de sinal estejam no lugar certo da Terra. órbita correta é garantir que os feixes de sinal estejam no lugar certo da Terra, porque a 36 mil km de altitude, qualquer leve inclinação muda a cobertura do sinal”. Ele explica que os profissionais que fazem isso não saem de nenhuma faculdade. “Não tem como formar um profissional desses a não ser internamente. Cada satélite tem uma característica de fabricante, um software específico de controle, um comportamento e um uso diferente”. Uma das partes mais críticas da engenharia de um centro de controle é, na verdade, o desenvolvimento dos softwares e sistemas de controle, porque os satélites têm vida útil muito longa, tecnologias de diferentes fornecedores e se comportam de maneiras completamente diferente. “Qualquer software de controle que se coloque hoje precisa estar funcionando bem e ser inte-
“Não tem como formar um profissional desses a não ser internamente. Cada satélite tem uma característica de fabricante, um software específico de controle, um comportamento e um uso diferente.” Fred Dietzel, da SES 12 Teletime ago_2012
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perar um satélite, ou uma rede de satélites, é talvez uma das atividades mais caras, delicadas e complexas para qualquer empresa de telecomunicações e infraestrutura. Não é por acaso que poucas são as empresas que operam satélites geoestacionários próprios. TELETIME teve a oportunidade de conhecer, a convite, o Centro de Operações de Satélite da SES, em Luxemburgo, um dos locais de onde são controlados e operados cerca de 50 satélites da frota da empresa, que rivaliza com a Intelsat pelo posto de maior operadora de satélites do mundo. Fred Dietzel, gerente sênior de operações da SES, explica que a complexidade de uma operação de qualquer satélite (muito mais quando se fala de 50 artefatos) é que cada um deles precisa ser cuidadosamente controlado no espaço, cada um precisa ser permanentemente monitorado, precisa funcionar perfeitamente na recepção e retransmissão dos sinais e precisa ser protegido de ameaças. Em Luxemburgo, são controlados 25 satélites, quantidade que deve aumentar para 38 até o final do ano e saltará para 96 assim que o novo centro de operações ficar pronto (ele está sendo construído ao lado do SOC atual). “Na parte de controle de órbita, estamos permanentemente lutando contra a gravidade da Terra. Qualquer descuido e o satélite sairá da sua posição”, diz Dietzel. A razão física para isso é que a gravidade da Terra é desigual, e puxa o satélite mais para um lado do que para o outro, exceto em algumas raras posições orbitais. Fora isso, o próprio movimento de expansão e contração dos gigantescos paineis solares do satélite, em função das variações brutais de temperatura, também faz com que o artefato queira
Samuel Possebon, de Luxemburgo
25 E 26 DE SETEMBRO DE 2012
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.:entrevista
Samuel Possebon
samuca@convergecom.com.br
Resposta clara
Estratégia da Claro prevê ampliação da rede 3G apoiada na expansão da fibra ótica, o uso do 4G como substituto da banda larga fixa e a construção de um cabo submarino.
TELETIME - Sobre a suspensão das vendas, como vocês receberam a medida? CARLOS ZENTENO - Foi uma surpresa, não esperávamos uma ação desse tamanho. Fazemos desde sempre um trabalho proativo de dimensionamento da rede para ter capacidade de atender ao tráfego e às nossas promoções. Mas entendemos que a Anatel fez isso pensando em garantir os melhores serviços ao consumidor. Logo apresentamos o primeiro plano, e para nós sempre ficou muito claro que o problema no nosso caso era uma questão de call center, não de rede.
teceu é que em setembro do ano passado ampliamos a capacidade, as posições de atendimento. Trabalhamos com vários fornecedores terceirizados, mas duas empresas de São Paulo não conseguiram entregar o número de posições pedidas, e a partir de janeiro começamos a ter problemas nesses call centers. Foi uma falha pontual desses dois fornecedores, que assumiram um compromisso de capacidade maior do que tinham como entregar. Agora está tudo resolvido.
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mercado de telefonia celular passou nas últimas semanas por solavancos e mudanças importantes. Desde que a Anatel determinou a suspensão das vendas da TIM, Claro e Oi, cada uma em um determinado conjunto de estados, os olhos dos consumidores e da imprensa se voltaram para o setor. Isso fez com que as operadoras planejassem novamente alguns investimentos e tivessem que repensar as suas estratégias. A Claro, cujas vendas foram suspensas por duas semanas em São Paulo, reconheceu que teve problemas no call center. Mas algumas semanas depois anunciou o lançamento experimental dos primeiros testes de 4G em algumas cidades turísticas brasileiras. Nesta entrevista, Carlos Zenteno, presidente da operadora, faz um diagnóstico do mercado e conta um pouco da estratégia da empresa para a expansão da quarta geração de serviços móveis, o que inclui ampliar a rede 3G, seguir com a estratégia de ter fibra em todas as cidades cobertas com banda larga, apostar no 4G como substituto da banda larga fixa em alguns casos e até mesmo construir um cabo submarino.
Carlos Zenteno
Vocês nunca perceberam degradação na rede? O crescimento da Claro foi agressivo este ano. Não detectamos nada, e fazemos um acompanhamento permanente. Não fomos os primeiros a sair com as ofertas agressivas por chamada, pois esperamos ter capacidade antes de lançar. Só fizemos isso depois de ter rede. Pedimos ajuda à Embratel para termos uma rede de longa distância que suportasse essas promoções, com redes IP, fibra etc. Mostramos tudo isso para a Anatel, que estávamos dentro de todas as metas. Onde estava o problema? Foi no atendimento dos call centers. A Anatel considerou isso, número de reclamações recebidas. O que acon14 Teletime ago_2012
O que o plano de vocês, apresentado para a Anatel, mudou em relação ao que foi planejado antes? Integramos muitas das coisas que já seriam feitas e adiantamos investimentos planejados. Temos uma política interna de que quando uma célula chega a 65% de capacidade, implantamos um novo site. Nossa ocupação média da rede, que tem 13,6 mil BTS, é de 43%. Se uma célula chegar a 70% de tráfego, fazemos imediatamente uma expansão. A mesma coisa vale no 3G, onde o teto de ocupação é de 70%, mas hoje temos uma ocupação de menos da metade disso na média. Cerca de 70% dos nossos sites têm fibra ótica como backhaul. Nosso plano significa transformar esses e outros parâmetros em compromissos com a Anatel. Como resolver os problemas de qualidade de atendimento? Passaremos de oito fornecedores para 11. Vamos mudar o modelo de contratação, passando de posição de atendimento para ligações recebidas. Vamos considerar o índice de rechamadas, para estimular os call centers e a resolverem tudo na primeira chamada. Teremos também novos canais de atendimento. A necessidade de intensificar as ações de melhoria de qualidade teve impacto nos investimentos, conside-
rando a necessidade de expandir as redes 4G já para o ano que vem? Do plano que entregamos para a Anatel, muitos dos investimentos já estavam sendo implementados e alguns foram antecipados. Como resultado do programa da Anatel, os investimentos foram aumentados em praticamente 34% este ano porque antecipamos. Essa medida da Anatel assustou os acionistas? A colocação do grupo foi a de que era preciso atender a Anatel onde fosse preciso. Não houve nenhuma animosidade especificamente, apesar de uma certa surpresa. Não fomos para a Justiça nem nada. Essa indústria precisa de fortes investimentos, mas tem grandes acionistas. Como será a convivência entre 3G e 4G? Será um processo de substituição? Acho que o 3G vai continuar tendo um peso muito grande, sobretudo porque a cobertura é maior. A Claro já ultrapassou mil cidades com cobertura 3G, são 1.013 cidades, e, em princípio, o crescimento do 4G será de acordo com as metas definidas pela Anatel. Vocês não pensam em fazer mais do que as metas pedem, pelo menos nesse início... Não neste momento. Precisamente pela grande capacidade instalada que ainda temos no 3G e considerando que ainda continuaremos a fazer um investimento grande. Nosso tráfego 3G usa somente 22% da rede. Hoje quem estressa mais a rede são os modems 3G, que têm um uso mais intensivo. Os handsets utilizam muito voz e, eventualmente, consomem dados, mas não geram uma grande demanda. Por isso mesmo que temos a rede em 21%, 22% de ocupação e vamos continuar crescendo muito ainda em 3G. Vocês pretendem expandir o 3G para além dessas 1.013 cidades em que já estão? Até onde irão? A ideia é continuar crescendo em cobertura. Temos uma diferença muito grande na Claro em relação aos outros operadores, que é só levar a cobertura 3G onde temos fibra. Todas as cidades que têm 3G, têm fibra. Para isso, temos uma parceria com a Embratel. Podemos estar em menos cidades em
relação à operadora que tem maior cobertura, mas priorizamos a qualidade do 3G.
contrário, vamos atender as metas, mas fica difícil considerar um crescimento ainda mais rápido.
A estratégia de introdução do 4G obedece à lógica do 3G, começando com terminais mais caros e modems? Sim. O 3G já é hoje um substituto para a banda larga fixa. E o 4G, com uma velocidade melhorada, sem dúvida, será uma opção muito interessante. Agora acho que vai depender do quão rápido iremos para o 4G. Por conta da disponibilidade de aparelhos e também de como se reduzirão os preços. O que vai migrar mais rapidamente para o 4G será o modem, porque todos são iguais, não têm muito valor agregado, como acontece com os telefones.
A faixa de 700 MHz é muito nobre. A Anatel vai querer trazer novos investidores, não? Mesmo assim, não acho que seja inoportuno leiloar a faixa no ano que vem. De qualquer jeito ajudaria. Essa frequência é o filé. O que gostaríamos é que fosse considerada como um complemento para quem já entrou no primeiro leilão. Isso pode ser definido. Os novos players teriam que entrar com condições diferentes dos que já adquiriram no primeiro lote, que teriam a faixa como complemento. E utilizar outras faixas para 4G? É outra coisa que também seria muito importante, e que não aconteceu quando foi leiloado o 2,1 GHz. A frequência não deveria estar condicionada a um requisito de cobertura por tecnologia. Quando instalamos o 2,1 GHz, fomos forçados, obrigados, de acordo com as regras do leilão, a utilizá-lo em 3G. Se os operadores tiverem flexibilidade para usar a tecnologia que seja mais conveniente, isso ajudará muito. Se fosse feito o leilão do 700 MHz no ano que vem, falando especificamente dos aspectos técnicos, o ideal seria que as metas de cobertura se somassem, que pudéssemos cobrir essas cidades que são meta utilizando o 700 MHz ou o 2,1 GHz ou qualquer outra frequência.
Se o leilão de 700 MHz for um complemento do que já foi leiloado, com um preço base menor, será uma ótima notícia para poder acelerar a cobertura de 4g.” Acham que compartilhar rede é um caminho mais lógico, como pede o ministro Paulo Bernardo? Estamos abertos a isso. En ten demos que será necessário precisamente por conta do número de sites que temos de instalar. E com relação à possibilidade de ter de fazer um novo investimento em frequências no próximo ano? O ministro sinalizou que pode acontecer o leilão da faixa de 700 MHz em 2013. Isso está no planejamento de vocês? Sim. Essa consulta foi feita anteriormente ao leilão do 2,5 GHz e nossa solicitação original foi licitar primeiramente o 700 MHz, ter a faixa desde o começo. Porque imagine que vamos ter que colocar muitos sites para cumprir com as metas de cobertura. Se o leilão de 700 MHz for um complemento do que já foi leiloado, será uma ótima notícia. Mas se vai ser leiloada especialmente como outra frequência, em separado... Pagamos muito pela faixa de 2,5 GHz, pagamos R$ 844 milhões por uma banda de 20 MHz + 20 MHz e precisaremos colocar muitos sites para cobertura. Então, seria boa notícia se fosse considerado com um preço base de leilão menor, um complemento para poder acelerar a cobertura de 4G. Caso ago_2012 Teletime 15
E a Claro tem as faixas de 850 MHz e 900 MHz, que poderia utilizar também para fazer essa cobertura, não? Exatamente. Com o 700 MHz vamos ter de colocar uma capa de cobertura acima, onde já temos uma capa de GSM em 850 MHz, depois temos GSM em 1.800 MHz, e uma de 2.100 MHz com 3G, somente para justificar o leilão, quando isso poderia ter sido feito com outras frequências. Minha sugestão para esse leilão de 700 MHz é que possa ser utilizado com flexibilidade, que possamos usar o 700 MHz ou o 2,5 GHz. Uma das razões pelas quais temos um uso de capacidade muito baixo em 3G é porque temos frequências duplicadas para a mesma tecnologia.
.:entrevista
E esse modelo de uso ilimitado é sustentável economicamente a longo prazo? Ele se paga? Acho que é um modelo muito simples. Por enquanto, se tem a rede disponível, é um modelo que se justifica e é rentável. Mas quando se tem que fazer fortes investimentos para expandir a rede, então não sei se é tão rentável. Por outro lado, é um modelo que melhorou muito em termos de minuto de uso. Um cliente de pré-pago falava 38 minutos, e hoje fala 125 minutos por mês. No pós-pago são quase 300 minutos de uso em média. Mas os investimentos para suportar esse crescimento de tráfego são grandes, e as promoções praticadas no Brasil estão entre as mais agressivas de toda América Latina. E com relação ao uso de Internet? É preciso rever também esses modelos ilimitados? No nosso caso, definitivamente achamos que um modelo deveria ser o “pay as you use”, que é muito mais congruente. É como deveríamos trabalhar. É a tendência mundial. No entanto, o modelo ilimitado de voz e de dados é a tendência do mercado no Brasil. Então, na Claro, estamos alinhados com o que o mercado está demandando. Estamos sempre com a melhor oferta. Se o mercado vai para esta tendência, nós também vamos. Mesmo que isso comprometa a rentabilidade da operação? Sim, porque nossa filosofia é de
reflexão. É uma coisa que não podemos controlar e que quando um cliente começa a usar esse tipo de serviço em cima da Internet, pode ter impacto no consumo de outros serviços, como SMS e a própria voz.
foto: divulgação
Como vê a guerra entre as operadoras com planos de uso ilimitado? Acho que com as situações que tivemos, ou melhor, que os outros operadores tiveram na sua rede, porque no nosso caso especificamente foi um problema relacionado com os call centers, talvez seria o momento para repensar um pouco o modelo. Mas depende muito. O mercado é de uma agressividade muito grande e acho difícil que mude o modelo. As pessoas já estão muito acostumadas a usar o serviço. O comportamento de uso é outro. Antes seria impensável ver uma pessoa falando no celular por 40 minutos sem desligar. O modelo já está muito bem aceito e as pessoas já usam assim. Mas esse modelo gera um tráfego muito grande, gera um estresse na rede.
o modelo ilimitado de voz e de dados é a tendência do mercado no Brasil. Se o mercado vai para esta tendência, nós também vamos.” crescimento, de manter a competitividade no melhor nível para crescer. Então, sempre estaremos com nossa oferta de acordo com que o mercado esteja demandando. Independen te mente de termos nossas próprias crenças e nossas próprias políticas internas do que acharíamos melhor. Mas a tendência mundial é de que o cliente pague de acordo com o que navegue, com o que fale e com o que envie de torpedos. Como você vê a tendência de cres imento dos serviços over-the-top em c cima da rede de banda larga móvel? Isso está muito relacionado com o que falávamos anteriormente. Essa é a razão pela qual todos os operadores do mundo estão indo para uma tendência de o cliente pagar pelo serviço que usa. Quando se tem um serviço ilimitado, não se consegue relacionar o consumo de dados com as aplicações que estão em cima dos dados. Por isso acho que vale a pena essa 16 Teletime ago_2012
Como está o processo de integração entre as operadoras do grupo (Net e Embratel)? Está sendo trabalhado para avançar. Hoje praticamente todos os nossos canais de distribuição já estão convergindo. Os canais vendem todos os produtos das três companhias. Estamos trabalhando internamente muitas coisas relacionadas com a integração dos nossos sistemas, nossas plataformas tecnológicas, precisamente para poder entregar um produto completo. Hoje, por exemplo, você já compra e recebe uma fatura para cada serviço. Mas há benefícios mesmo em faturas separadas, descontos que podem chegar a até 30% se comprar todos os serviços juntos. Agora o passo seguinte é que o cliente passe a receber uma fatura única e o produto será completamente integrado. Como está o projeto de MVNO da Claro? Vocês pretendem ter uma operação em breve? Ainda estamos avaliando os projetos relacionados com MVNO. Não temos considerado ter um lançamento proximamente. Estamos avaliando as propostas. Mas não quer dizer que vocês não vão fazer, apenas ainda não fecharam um modelo de negócio? Exatamente. Não temos ainda um projeto para lançar proximamente. Como está o projeto do cabo submarino? Estamos trabalhando nisso há muito tempo e foi agora apresentado à Anatel. Temos os terrenos das estações comprados no Rio, Salvador e Fortaleza. É um projeto da Claro que está sendo construído pela Alcatel-Lucent e que deve estar pronto no ano que vem, no primeiro semestre. São 500 Gbps que saem de Fortaleza, passam pela América Central e vão a Miami. Isso resolve os problemas de gargalos de saída. Esse cabo é totalmente do nosso grupo, não é consórcio.
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.:Internet
Samuel Possebon
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Um xerife para a rede
Proposta do Marco Civil da Internet, a ser votada no Congresso, levanta diferentes visões sobre quem faz o quê em um ambiente de rede IP. Neutralidade ainda é o principal atrito.
“o responsável pela transmissão, comutação ou roteamento tem o dever de tratar de forma isonômica quaisquer pacotes de dados.”
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indispensáveis à fruição adequada dos serviços e aplicações; e II – priorização a serviços de emergência.” Não resolveu o problema. As teles não reconhecem no CGI a legitimidade para recomendar algo que trate de isonomia em atividades de transmissão, comutação e roteamento, que são atividades típicas de redes de telecomunicações. O que está por trás é o desejo das empresas de telecomunicações de manter aberta a possibilidade de que acordos comerciais permitam a diferenciação de tráfego. Obviamente, nenhuma empresa de telecomunicações prega a restrição total de conteúdos, mas alegam que é preciso permitir o desenvolvimento de modelos em que os serviços sejam diferenciados em determinadas condições. Daí a analogia com os Correios, por exemplo, que asseguram a entrega de todas as cartas, mas que garantem a entrega rápida ou com hora marcada em encomendas especiais, como o Sedex, que custam mais. Na redação proposta por Molon (e defendida por empresas de conteúdo, como a Globo e o Google, por exemplo), isso não seria possível. “Primeiro, me parece absurdo, ridículo, que se passe à presidenta da República o papel de ser gerente de tráfego na Internet”, diz Dutra. “A Internet é um serviço adicionado às redes de telecomunicações. Quem regula redes de telecomunicações é a Anatel. E se alguém não cumprir as recomendações do CGI, quem é que vai apurar? Abrir um processo? Receber a defesa? Punir? O CGI não tem essa atribuição e seria preciso uma lei para dar a ele essa capacidade, que é típica de agência. O que vai acontecer é que tudo isso vai parar na Justiça”, diz Dutra, que já advogou para diversas empresas de telecomunicações e, nesse caso espeFOTO: marcelo kahn
E
spera-se para setembro a votação do Marco Civil da Internet no Congresso. Se isso de fato acontecer, será o primeiro marco legal a estabelecer regras específicas para a Internet. A novidade é que esse marco legal deve criar uma figura nova no contexto da Internet brasileira: alguém que fará o papel de regulador, de xerife. Quem será essa figura ainda é uma questão polêmica, causa inclusive do Marco Civil não ter sido aprovado antes do recesso parlamentar de julho. Esse papel pode ficar na mão da Presidência da República, da Anatel, do Comitê Gestor de Internet (CGI) ou de uma agência específica para isso. Mas o entidade consultiva um papel regulador”, fato é que a complexidade das questões diz o advogado Pedro Dutra. referentes à Internet que precisarão ser A proposta de Molon acendeu uma reguladas está, de uma maneira ou de luz vermelha no Ministério das outra, exigindo que se defina quem zelaComunicações e na Anatel, já que emprerá pelo cumprimento do Marco Civil. sas reguladas do setor de telecomunicaNo que concerne ao mundo das teleções seriam afetadas por estas recomencomunicações, a polêmica está em dois dações do CGI. Diante do impasse, Molon aspectos: a questão da neutralidade e o e parte do governo costuraram um outro papel do Comitê Gestor de Internet, em texto, que é a proposta atual. contraposição ao papel da Anatel. Pela redação proposta, “o responsáO relatório final do deputado federal vel pela transmissão, comutação ou Alessandro Molon (PT/RJ) sobre o roteamento tem o dever de tratar de Marco Civil manteve a definição do prinforma isonômica quaisquer pacotes de cípio de preservação e garantia da neudados, sem distinção por conteúdo, oritralidade da rede que existia desde a gem e destino, serviço, terminal ou apliproposta original, discutida ainda pelo cativo.” Diz ainda que “a discriminação Executivo. Mas, no detalhamento destes ou degradação do tráfego será regulaprincípios, algumas mudanças acabamentada por decreto, ouvidas as recoram acontecendo. mendações do Comitê Gestor da Internet Originalmente, a ideia é que o assunno Brasil, e somente poderá decorrer to seria passível de regulamentação. de: I – requisitos técnicos Posteriormente, Molon propôs que caberia ao Comitê Gestor de Internet definir em que casos seria aceitável o não cumprimento do princípio da neutralidade, e essas recomendações deveriam ser respeitadas. “Da maneira como foi colocada, a proposta do relator estava flagrantemente ilegal, pois atribuía a uma Dep. Alessandro Molon, do PT/RJ
“A proposta fala em comutação, roteamento, que são elementos basilares de telecomunicações.”
mentada, em função do comportamento do usuário no instante em que ele navega. Todos os sites, serviços e palavras-chave utilizadas pelos usuários podem ser monitorados por meio de uma técnica conhecida como Deep Packet Inspection. O CGI, em maio deste ano, fundamentando-se nos Princí pios de Governança da Internet, manifestou-se por uma resolução batizada de “Anti-Phorm” pela não-adoção desse tipo de prática. “O CGI.br recomenda a não adoção deste tipo de ferramenta e assemelhadas por nenhum provedor de acesso à Internet no País”, concluiu a resolução. O modelo da Phorm é de fato polêmico (no Reino Unido ele foi proibido, por exemplo), mas o fato é que se trata de um modelo de negócios que as operadoras de telecomunicações estudam para rentabilizar, via publicidade, o acesso de Internet que oferecem. Modelo esse que, na visão e recomendação do CGI, fere os princípios de Internet e que, por isso, não deve ser praticado no Brasil. Nesse caso, o representante das teles no CGI, Eduardo Levy (diretor-executivo do SindiTelebrasil) não participou da votação, pois estava ausente. “Votam os conselheiros que estão presentes. É assim que funciona”, explica o secretário-executivo do CGI. Não foi o único episódio de uma decisão do CGI que não teve a concordância das teles. Na mesma reunião foi votada uma resolução de apoio à primeira proposta de Molon para o Marco Civil, mas que só foi publicada em 12 de junho, depois, portanto, que o CGI já havia sido apontado como responsável direto por dizer quais seriam as exceções aceitáveis à regra da neutralidade. O Ministério das Comunicações reclamou e Molon acabou ajustando a sua proposta, passando ao CGI o papel de recomendar à Presidência da República o que fazer por meio de decreto. Em 20 de julho, o CGI reiterou essa posição de apoio à proposta do Marco Civil. Mais uma vez, sem a concordância do voto das empresas de telecomunicações. Que, diga-se de passagem, não faria diferença, já que a votação foi unânime entre os presentes.
“me parece absurdo, ridículo, que se passe à presidenta o papel de ser gerente de tráfego na Internet.”
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FOTOS: arquivo
cificamente, atua como consultor da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA). Não é a mesma visão da advogada do Idec e membro do conselho do CGI, Veridiana Ali Marcelo Bechara, da Anatel monti. “A proposta final de Molon deixa muito claro que considerando que cabe a quem define as diretrizes de neutralidaelas praticamente todo o de é o decreto presidencial. O CGI é apeinvestimento que dá sustennas ouvido, mas ele não tem função tação à Internet. executiva nenhuma além dessa”, diz. Até aqui, esse modelo de governança de Internet nunca foi questionado. Sem respaldo Ao contrário, sempre funcionou de Em todo caso, as armas para uma maneira relativamente pacífica e traneventual batalha judicial começam a ser quila. O problema é que a Internet não mostradas. As teles já encomendaram é mais um mero serviço de valor adiestudos jurídicos para mostrar, inclusive, cionado. É um negócio grande para as que não há respaldo constitucional e empresas de telecomunicações e con legal para que o CGI exista na forma que teúdo, exige investimentos gigantescos foi estabelecida. Uma dessas análises, na rede que lhe dá suporte e, em essênpor exemplo, sustenta que, por não exercia, é a base técnica de quase toda a cer um serviço público, não é um órgão tecnologia de redes que se tem hoje. ou entidade federal. Não teria nem Quando o CGI começa a recomendar ou mesmo personalidade jurídica. Não se manifestar sobre coisas que mexem pode, portanto, se sustentar em um no negócio destas empresas, é natural decreto, que só pode tratar de regulaque haja pressões. mentação de lei (o que não é o caso) ou Em alguns casos, o trabalho acaba da administração federal. acontecendo sem grandes crises. Por “A Internet no Brasil não é de ninexemplo, no esforço de combate a guém. Não é da academia, nem do spams, através de uma política de uso governo, nem das empresas. A Internet é da Porta 25 (porta lógica dos servidores do povo”, diz Hartmut Richard Glaser, de Internet muito usada para o envio secretário executivo do CGI. Ele explica de emails não-solicitados) ou na impleque esse modelo de governança garante mentação das políticas de adoção do que ninguém tenha maioria, e justamenprotocolo IPv6. te por essa característica, é elogiada e Em outros casos, o CGI acaba se usada como referência em todo o mundo. manifestando sobre coisas que as teles “As nossas decisões buscam sempre o não gostariam de ver tratadas ali. Como, consenso, e questões mais delicadas vão por exemplo, as implicações de modelos a voto, prevalecendo a vontade da maiocomo o da empresa Phorm. Trata-se de ria dos membros”, diz Glaser. um software utilizado por empresas de “Não queremos que a Internet seja telecomunicações (no Brasil, a Oi e a regulada, nem pela Anatel nem por ninTelefônica chegaram a firmar acordos guém. Já fomos chamados a nos manicom a Phorm) que basicamente analisa o festar em dezenas de casos que envolcomportamento dos usuários de Internet viam empresas de telecom e nunca se diretamente na rede da operadora para questionou o nosso papel”, pondera. assim desenhar um padrão de comportaO CGI tem 21 membros, sendo nove mento e criar um banco de do governo e o restante da dados que permite a oferta de sociedade civil. Entre os publicidade altamente segrepresentantes das empresas que atuam no segmento de Internet, há um representante de empresas de telecomunicações, um de provedor de acesso e conteúdo, um de empresas usuárias e um de bens de informática. As teles, portanto, têm um voto em 21. Pedro Dutra, advogado Argumentam que é pouco,
Protocolo IP Esses episódios são ilustrativos do quão desconfortáveis as empre
.:Internet “A Internet é autorregulamentada. No Brasil, ninguém manda na Internet.” Hartmut Glaser, do CGI em relação à neutralidade. O conselheiro da Anatel Marcelo Bechara, que como advogado estuda a questão da governança da Internet há muitos anos e é membro do CGI, representando a agência, disse em painel durante o Congresso ABTA 2012, em agosto, que na sua visão a Anatel tem a competência natural sobre a neutralidade de rede, uma vez que cabe à agência regular as redes de telecomunicações. E, mais do que isso, para ele é claro que a neutralidade é condicionada às redes de telecom. “Eu não tenho dúvida de que se trata de telecomunicações. A proposta fala em comutação, roteamento, que são elementos basilares de telecomunicações”, afirma ele. Mas o deputado Alessandro Molon tem outra visão. Para ele, de fato a fiscalização sobre as questões de neutralidade, capaz de estabelecer sanções às
de propor uma mudança e ele virar um órgão de empresas de telecomunicações é muito grande, por isso é melhor deixar como está”, diz reservadamente um membro do CGI que, obviamente, não representa o setor empresarial. Essa composição multidisciplinar também é usada como argumento para dizer que as decisões nem sempre são bem embasadas tecnicamente. “Não concordo com essa leitura”, diz Veridiana Alimonti. “Os diferentes pontos de vista que o CGI abriga podem não ser todos técnicos, mas são todos relevantes para o conjunto da sociedade”. Mesmo que o empresariado tivesse mais peso dentro do CGI, não seria garantia de que as decisões seriam mais simples. No Brasil, repete-se uma disputa que já existe nos EUA, por exemplo, em que grandes teles estão em contraposição a grandes provedores de conteúdo. No Brasil, existe ainda a figura do provedor de acesso, também representado no CGI. O que se constata é que os caminhos da Anatel, empresas de telecomunicações e do CGI estão se cruzanFOTO: divulgação
sas de telecomunicações estão em terem que lidar com um órgão em que seu voto isolado não tem praticamente peso nenhum. Mas a justificativa, do outro lado, é razoável. “O modelo de gestão do CGI é esse, o de representar todos os segmentos da sociedade, e todos têm voz”, diz Veridiana Alimonti. “O que é preciso entender é que Internet é serviço de valor adicionado. Desde a Norma 4/1995, o que é IP é SVA (Serviço de Valor Adicionado). Pode-se até discutir se vai ter alguma regulação sobre serviços IP, mas eles não são serviços de telecom”, diz Glaser. A Norma 4 foi um dos primeiros instrumentos normativos da Internet, e foi ela que estabeleceu figuras distintas para o provedor da infraestrutura e os provedores de acesso. Também foi a Norma 4 que estabeleceu a Internet como o “nome genérico que designa o conjunto de redes, os meios de transmissão e comutação, roteadores, equipamentos e protocolos necessários à comunicação entre computadores, bem como o software e os dados contidos nestes computadores”. Na época, isso acontecia por meio do protocolo IP. Desde então, o IP, que era um protocolo de encapsulamento de informações restrito à Internet, se tornou mainstream. Todas as redes de telecomunicações hoje são baseadas em IP. As redes de quarta geração (LTE), por exemplo, são totalmente IP. O core das redes de telecomunicações e toda a camada de controle das redes é IP. Mesmo protocolos de transporte de dados típicos de telecom, como ATM e Frame-Relay, são encapsulados em IP. Ou seja, do ponto de vista de uma empresa de telecomunicações, IP não é sinônimo de Internet. “Do ponto de vista dos serviços de telecomunicações, protocolos de comunicação como o ATM são muito mais eficientes do que o IP. Mas a realidade foi outra e o ATM não vingou. Faltou escala, popularização. O IP hoje é a base de qualquer rede moderna de telecom. E não tem como gerenciar uma rede de telecom sem analisar o que acontece com os pacotes IP”, diz o diretor de engenharia de uma grande tele, que prefere não se envolver no debate sobre neutralidade e por isso quer ficar anônimo. Este é o argumento que a Anatel usa para avocar para si a responsabilidade de dizer o que é abusivo ou não
Mesmo que o empresariado tivesse mais peso dentro do CGI, não seria garantia de que as decisões seriam mais simples. prestadoras, só pode ser realizada pela Anatel. Mas, ele observa que, no sentido amplo, outros órgãos poderiam também participar, como é o caso do CGI. O deputado acredita que o Brasil deve ter um órgão específico para regular e fiscalizar a Internet, e para ele esse órgão poderia ser o CGI. “Queremos ampliar a estruturação e as funções do CGI”, afirmou. Para Hartmut Glaser, isso não é necessário. “A Internet é autorregulamentada. São milhões de domínios e isso funciona bem, cada país com uma política. No Brasil, ninguém manda na Internet”. Disputa A discussão sobre o modelo de gestão na Internet é complexa e, na medida em que os serviços de telecomunicações tornam-se serviços IP, fica de fato mais difícil separar as coisas. O CGI tem funcionado, desde 1995, como um dos raros órgãos com algum poder de deliberação e que têm uma composição ampla. “A gente até acha que ele poderia ser mais representativo, mas o risco 20 Teletime ago_2012
do cada vez com mais frequência. No debate sobre qualidade do acesso banda larga, que veio de uma regulamentação da Anatel, o NIC.br (braço executivo do CGI) quis se candidatar para ser a entidade aferidora. As teles, a quem cabia a escolha, recusaram a proposta e preferiram ficar com a PriceWaterhouseCoopers. Mais recentemente, a visão do CGI sobre onde deveriam ser colocados esses pontos de medição de qualidade da banda larga prevaleceu no grupo de trabalho da Anatel que debate isso. Os pontos de medição ficarão instalados junto aos Pontos de Troca de Tráfego (PTTs), ao contrário do que queriam as teles, que preferiam medir a qualidade dentro de suas redes, onde, alegam, podem ser responsabilizadas. Na futura regulamentação de competição a ser editada pela agência, o PGMC, a Anatel obrigará as empresas com poder de mercado significativo a trocarem tráfego nos PTTs geridos pelo NIC.br.
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ão se ouve mais música como antigamente. Ou pelo menos é isso que se deduz pela enxurrada de serviços de streaming pelo celular que estão aportando no Brasil. Sonora e Rdio, desbravadores desse mercado, receberam a companhia do espanhol Biit e do brasileiro Somm em julho e agosto, respectivamente. E há fortes rumores de que o sueco Spotify, o francês Deezer e o norte-americano Muve estariam prestes a desembarcar por aqui também com suas gigantescas bibliotecas e rádios customizadas. Mas será que a infraestrutura móvel brasileira está preparada para sustentar esses serviços? As operadoras serão parceiras nesse negócio ou apenas (mais uma vez) canos de distribuição? O consumidor brasileiro está disposto a substituir a posse pelo acesso à música na nuvem? Essas são algumas das perguntas que passam pela cabeça dos executivos do mercado de música móvel no momento. Antes de tentar responder a tais questões, é importante entender como funcionam esses serviços de streaming e seus modelos de negócios. De maneira geral, eles podem ser divididos em dois tipos: rádios personalizáveis e música sob demanda. A distinção é relevante porque altera a estrutura de pagamento de direitos autorais e, consequentemente, os preços para o consumidor final. Em um serviço de rádio móvel, o usuário não pode escolher uma música específica para ouvir, mas pode definir um estilo ou até mesmo uma banda como ponto de partida, mas todas as faixas são selecionadas pela plataforma, que pode aprender ao longo do tempo sobre as preferências do usuário, registrando o que o ouvinte gosta e o que não
gosta a cada execução. Para fins de direitos autorais, rádios pagam apenas pelo direito de execução pública, remunerando o Ecad, no caso do Brasil. É assim que operam serviços como o Biit e o Somm. O primeiro, adotou um modelo de negócios conhecido como “freemium”: o usuário pode ouvir de graça, mas, se quiser mesclar até quatro estilos musicais e/ou bandas em sua rádio personalizada, precisa pagar uma assinatura mensal, que atualmente é de 2,99 euros. O Somm, por sua vez, optou por prestar o serviço de graça, apostando na receita com publicidade, que será veiculada na forma de spots de áudio entre as
“O download não vai morrer, tem espaço para todo o mundo.” Guilherme Figueiredo, da Som Livre 24 Teletime ago_2012
músicas e banners nos apps, praticamente como uma rádio FM, só que transmitida em protocolo IP, através de redes celulares e Wi-Fi. O chamado “streaming a la carte” é diferente: o usuário pode escolher uma música específica para escutar no acervo do serviço. É assim que funciona o Rdio, lançado em parceria com a Oi no fim do ano passado. Neste caso, é preciso negociar acordos diretamente com editoras que representam os artistas, porque o serviço envolve o direito de reprodução pessoal, que custa mais caro. Pela assinatura mensal para uso na web e no celular o Rdio cobra R$ 14,99. Hoje com um catálogo de mais de 15 milhões de faixas, o Rdio quer mudar o hábito do consumidor brasileiro, pouco acostumado a pagar por uma assinatura de música. “Em vez de ter seus MP3s gravados no celular, o consumidor passa a ter acesso a qualquer música do mundo”, explica Bruno Vieira, diretor da Rdio no Brasil. Embora pareça vantajoso ter à disposição todas as músicas do mundo, existe um componente psicológico difícil de ser modificado, que diz respeito à posse efetiva da música, ainda que na forma de um arquivo MP3, em uma pasta dentro do computador. “O brasileiro quer ter a posse, e o streaming não lhe garante isso. Essa é a razão pela qual lançamos o serviço de download definitivo”, conta Tiago Ramazzini, diretor do Terra responsável pelo Sonora, serviço pioneiro de música digital no Brasil. O Sonora oferece streaming gratuito com publicidade, no modelo de rádio online na web e em dispositivos móveis, mas também vende assinaturas mensais que dão direito a streaming ilimitado sem propaganda e ao download de um determinado número de músicas, todas sem proteção contra cópias (ou seja, sem DRM). “Com a oferta de downloads,
conseguimos melhorar as vendas e reduzimos o número de cancelamentos. O curioso é que muitas vezes o assinante nem faz o download”, relata Ramazzini. O Sonora tem hoje 500 mil assinantes, espera alcançar 800 mil até dezembro e depois dobrar para 1,6 milhão ao fim de 2013. Para muitos especialistas, o streaming não vai matar o download. A expectativa é de que os dois formatos convivam harmoniosamente. “A tendência é que o streaming sirva para o ouvinte experimentar novas músicas. E aquilo que gostar de verdade será comprado, via download”, analisa Márcia Elena Almeida, ex-executiva da Universal Music e agora à frente da Kappamakki Digital, uma das parceiras da Vivo na área de música. As gravadoras também pensam assim. “O download não vai morrer. Por outro lado, o streaming é algo fabuloso. Acho que tem mercado para todo mundo”, diz Guilherme Figueiredo, gerente de marketing digital da Som Livre, gravadora de sucessos como Luan Santana e Gaby Amaranto. Uma pesquisa encomendada pela Oi revela que há diferenças no que diz respeito ao dispositivo usado para ouvir música em movimento quando comparados jovens de diferentes classes sociais. “Os jovens das classes A e B preferem ouvir no iPod que no smartphone, para preservar a bateria deste último. E os jovens das classes C e D adoram poder ouvir suas músicas no celular”, descreve o diretor de produtos e serviços móveis da Oi, Roberto Guenzburger. O problema é que esse público ainda não descobriu o streaming pela rede móvel. E algumas questões precisam ser equacionadas, como planos de dados e o próprio preço do serviço, que pode ser percebido como caro para a juventude de baixa renda. Como efeito de comparação, no Sonora, a assinatura mensal de R$ 9,90, que dá direito ao streaming ilimitado e ao download de dez músicas é bastante consumida pelas classes C e D, afirma Ramazzini. Preço, todavia, não é suficiente. O acervo precisa ser vasto e conter artistas locais, muitas vezes regionais. No Brasil, os rankings musicais vêm sendo liderados por artistas sertanejos, gospel ou do tecnobrega, nova febre que veio do Norte do País. Alguns serviços estrangeiros de música digi-
“em vez do seu mp3, consumidor tem acesso a qualquer música.” Bruno Vieira, da Rdio tal, como o Biit, tomaram o cuidado de incluir artistas populares em seu catálogo antes de se lançarem no Brasil. “Em mercados emergentes, o conteúdo local é um diferencial competitivo. Nossos concorrentes desconhecem a riqueza musical de países como México e Brasil”, diz Carlos Otto, CEO do Biit. Rede Por trás desse novo universo de serviços de música está, obviamente, a infraestrutura banda larga das operadoras móveis. Serviços de streaming de música em smartphones só são
possíveis atualmente porque as redes celulares melhoraram sua capacidade e velocidade de transmissão nos últimos anos, com a expansão do 3G e a evolução, em algumas delas, para HSPA+. “Um ano e meio atrás era fora da realidade falar em streaming de música pela rede celular”, comenta Fernando Jardim, sócio-diretor da Melody Box, empresa que criou o Somm. Entretanto, ainda há percalços em relação à infraestrutura que atrapalham o serviço de streaming, como áreas de sombra, redução da velocidade em razão de excesso de conexões a uma mesma antena e sinal fraco em áreas cobertas. Na tentativa de evitar a interrupção brusca da música, a maioria dos serviços de streaming adota recursos de “buffering”, ou seja, é feita uma antecipação da transferên
A difícil tarefa de se diferenciar
E
m meio a tanta concorrência no mercado de streaming de música, cada serviço explora alguma forma de se diferenciar. O Biit procura chamar a atenção para o fato de ser o único exclusivamente móvel. “É como comparar o Instagram com o Flickr. Queremos que o Biit seja o melhor serviço de streaming para mobilidade”, diz o CEO da empresa, Carlos Otto. O brasileiro Somm tem como vantagem um acervo de aproximadamente 250 mil músicas de bandas independentes, proveniente do seu portal Melody Box, que nasceu com o objetivo de distribuir novos artistas. O aplicativo permite que o usuário defina a proporção entre músicas novas e consagradas que gostaria que sua rádio personalizada tivesse. “As pessoas querem conhecer músicas. Percebemos que era uma boa ideia misturar independentes com mainstream e daí criamos o Somm”, conta Fernando Jardim, sócio-diretor da companhia. No Rdio, além do catálogo extenso com 15 milhões de músicas e da possibilidade de o assinante escolher “a la carte” qualquer uma para escutar, existe uma aposta no potencial de socialização através da música. O serviço é, portanto, também uma rede social, em que o ouvinte pode seguir outras pessoas e descobrir o que elas estão ouvindo. “As pessoas estão migrando para redes sociais específicas, como Instagram”, compara Bruno Vieira, diretor da Rdio no Brasil. Para estimular esse uso, a empresa convida artistas e celebridades para criarem perfis no Rdio e compartilharem suas playlists. Sobre a relação entre música e socialização, os demais serviços preferem se restringir à integração via Facebook ou Twitter, geralmente para divulgação do que o assinante está ouvindo. Algumas vão além: o Sonora permite a publicação de link para execução da música no Facebook e em breve haverá uma ferramenta para a geração de playlists colaborativos, entre vários assinantes, dentro da rede social. As gravadoras, por sua vez, dão dicas das novidades que gostariam de ver. Guilherme Figueiredo, gerente de marketing digital da Som Livre, cita o exemplo do Turntable FM, um site norte-americano em que as pessoas controlam pistas de dança virtuais, botando para tocar as músicas de sua playlist e convidando os amigos para entrar e escutar. O serviço inclui venda de MP3s, claro. Acaba sendo uma mistura de rede social, game e loja de música digital. O Turntable FM ainda não é acessível do Brasil por enquanto. O executivo da Som Livre dá outra ideia: “Sinto falta de um serviço de música com vídeo por assinatura, uma mistura de Rdio com Netflix”. Seu desejo é uma ordem: dois dias depois de Figueiredo conceder entrevista para esta matéria foi anunciada a chegada ao Brasil do Vevo, site e aplicativo móvel para exibição de videoclipes em alta definição. É mais um player na área de música digital buscando seu espaço no nascente mercado brasileiro.
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.:Serviços móveis
Allies Interactive Services Pvt. Ltd. /shutterstock.com
Operadoras As operadoras podem optar por serem parceiras dos novos serviços de streaming, atuando como canal de distribuição e dividindo a receita, ou meros canos, tarifando os dados trafegados em suas redes. A Oi tomou a dianteira e fechou no fim do ano passado uma parceria com a Rdio. Acredita-se que o Deezer, serviço global de streaming de música que na França opera em parceria com a Orange, estaria em busca de uma aliança parecida para entrar no Brasil.
radoras sigam o mesmo caminho nos próximos anos. A nova aposta reside no chamado “ringback tone”, ou “som de chamada”, serviço em que o usuário escolhe a música que as pessoas vão ouvir em seus telefones quando ligarem para ele. “O ringback tone está bombando”, afirma Figueiredo, da Som Livre. O diretor de serviços e produtos da Vivo, Alexandre Fernandes, confirma: “O som de chamada é o nosso carro-chefe no segmento de música. Temos seis milhões de usuários ativos desse serviço hoje”. Entre as razões para o sucesso está a abrangência desse produto, que não depende do tipo de aparelho ou da rede. “É um produto que se autopromove, totalmente viral”, acrescenta Lunes, da Claro. Para as operadoras, o modelo de negócios do ringback tone é mais atraente que aquele de venda de downloads, pois se trata de uma assinatura mensal, o que gera receita recorrente. O usuário paga um valor fixo por mês pelo serviço e um adicional por música que deseja usar. Nos SIMcards da Claro, o espaço que antes era ocupado por um link de venda de ringtones agora é usado para ringback tones. Para as gravadoras, há ainda outro atrativo relevante: ringback tone não pode ser pirateado. O deslumbramento com os sons de chamada pode ter tirado um pouco o foco das teles da venda de músicas, mas todas mantêm suas ofertas de
“Se tiver TCP/IP e uma tela, estaremos presentes. Não basta prover serviço para iPhone e iPad.”
FOTO: divulgação
cia dos dados. Desta forma, o ouvinte passa por eventuais quedas de sinal da rede móvel sem que a música pare de tocar. No caso do Rdio, há ainda a opção de “sincronizar” faixas para ouvir off-line no dispositivo móvel. A empresa evita chamar de “download”, mas, na prática, é como se as músicas ficassem guardadas dentro do ambiente do aplicativo, podendo ser ouvidas em locais sem acesso à Internet. O Sonora, por sua vez, além de utilizar o buffering, criou o serviço de downloads temporários. Por R$ 10 a mais por mês, o usuário tem direito a baixar quantas músicas quiser. Os arquivos, contudo, são protegidos por DRM e só podem ser acessados enquanto o consumidor estiver em dia com o pagamento da assinatura.
Tiago Ramazzini, do Terra Rumores similares circulam em torno do Spotify e também do Muve. Este último é vendido como um plano de telefonia nos EUA, da operadora móvel Cricket, no qual estão incluídas chamadas, mensagens de texto, navegação web e downloads de músicas: tudo ilimitado pelo preço de US$ 55 ao mês. Procurados por TELETIME, Spotify e Cricket preferiram não comentar sobre a possível entrada no mercado brasileiro. Enquanto desenham suas estratégias para o streaming, as teles brasileiras veem o negócio tradicional de música móvel virar de ponta-cabeça. Os ringtones, que um dia foram seu conteúdo de maior sucesso, estão com os dias contados. Atualmente são registrados poucos milhares de downloads de ringtones por mês em cada operadora, enquanto alguns anos atrás esse número chegou à casa dos milhões. Na Claro, a venda de ringtones monofônicos foi encerrada quatro meses atrás. “Não valia mais a pena a manutenção do serviço”, explica o gerente de marketing de serviços de valor adicionado da operadora, Rafael Lunes. É provável que as demais ope-
Os serviços de música móvel Serviço
Catálogo
Modelo de negócios
Abrangência
Biit
200 mil músicas 250 mil músicas independentes + acervo mainstream da Tecla Music
Freemium
Espanha, Brasil e México
Streaming gratuito, bancado por publicidade
Brasil
Somm
Sonora
4 milhões de músicas
Ideias Musik
10 milhões de músicas
Streaming gratuito, bancado por publicidade; e assinatura de downloads. Assinatura de downloads com streaming ilimitado incluído Venda avulsa Assinatura de streaming a la carte Assinatura de downloads e venda avulsa.
iTunes Rdio TIM Music Store
20 milhões de músicas 15 milhões de músicas 500 mil músicas
Vevo
50 mil videoclipes em alta Gratuito, bancado por publicidade definição 26 Teletime ago_2012
Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, México, Peru e Espanha América Latina Mundo 13 países Brasil Mundo
downloads de MP3s, também conhecidos como “full tracks” no mercado de telecomunicações. Segundo algumas fontes, o volume de downloads de MP3s nas operadoras estaria crescendo vagarosamente, ou mesmo estagnado. Um dos motivos seria o alto preço: há casos de músicas avulsas vendidas a R$ 4. Uma alternativa seria a criação de planos de assinatura de downloads. “A assinatura é uma tendência para download. É onde há espaço para crescimento. A receita com vendas avulsas só surpreende quando algum conteúdo estoura, como Michel Teló e Gustavo Lima”, analisa Philemon Mattos, diretor de desenvolvimento de negócios da Takenet, empresa responsável pela gestão da loja de música da TIM, pioneira na oferta de assinatura de downloads. A vantagem de um serviço de música estar atrelado a uma operadora móvel é a possibilidade de esta não cobrar pelos dados trafegados. É isso que faz a Claro em sua loja Ideias Musik, lançada no começo deste ano.
Seguindo o caminho da TIM, a loja inclui assinatura de downloads de MP3s. Uma diferença significativa, contudo, é que o serviço da Claro inclui a possibilidade de streaming ili-
Preço não é suficiente. O acervo precisa ser vasto e conter artistas locais, muitas vezes regionais. mitado. Na prática, lembra a oferta do Sonora, que abrange os dois formatos (streaming e download). Por R$ 21,90 ao mês, o assinante da Claro pode baixar 25 músicas, todas sem DRM e com metadados (nome da banda, capa do CD etc.). Competição A provável chegada de novos players de streaming de música no mercado brasileiro é vista de maneira positiva pela maioria dos concorrentes. “Quanto mais players, mais pesso-
as falarão sobre o serviço. E aqueles com melhor qualidade e maior acervo vão sobreviver”, prevê Vieira, da Rdio. Se os europeus estão interessados no Brasil a recíproca é verdadeira. O Sonora, que nasceu no Brasil e hoje está disponível em seis países da América Latina, acabou de lançar uma versão beta na Espanha. A ideia é usar o país como hub para a expansão pela Europa no ano que vem, quando também é avaliada sua entrada no mercado norte-americano. “A música é muito globalizada. É preciso estar em todos os lugares e com todos os conteúdos”, diz Ramazzini, do Terra. E, pelo visto, a expansão do serviço brasileiro de música não será apenas geográfica: “Queremos estar em todas as telas. Se tiver TCP/IP e uma tela, estaremos presentes. Não basta prover serviço para iPhone e no iPad”, conclui. O Terra tem tido uma postura agressiva em relação ao desenvolvimento de aplicativos para TVs conectadas, e esse parece ser um caminho também para o Sonora.
.:redes
Bruno do Amaral
bruno@convergecom.com.br
Segurança em foco
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os próximos anos, todas as estimativas apontam para uma explosão no tráfego de dados no País. Além do aumento natural do acesso à banda larga fixa e móvel, a demanda corporativa para serviços na nuvem e os grandes eventos esportivos irão exigir redes cada vez mais robustas. Com isso, cresce também a probabilidade de ataques virtuais, um problema que é caso de segurança nacional, mas com o qual operadoras precisam lidar. Nem é preciso esperar até a Copa do Mundo em 2014 ou as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016: a segurança das redes brasileiras já é há muito tempo uma questão sensível para o bom funcionamento da infraestrutura de telecomunicações. Durante o primeiro trimestre de 2012, o Brasil foi o sétimo país que originou mais tráfego de ataques no mundo inteiro, com 4% do total, segundo pesquisa divulgada em julho, pela Akamai, empresa que gerencia redes de distribuição de conteúdos (CDNs). Ao todo, a empresa afirma que 80% das ocorrências no mundo são de ataques de negação de serviço distribuído (DDoS, na sigla em inglês) na camada de rede. Essa investida é realizada com uma enorme quantidade de acessos concentrados em um só ponto. Isso é possível porque os cibercriminosos utilizam um exército de computadores infectados previamente por malwares que permitem controlar as máquinas remotamente, formando uma “rede zumbi”, também conhecida como botnet. Foi com esse tipo de ameaça que hackers tiraram do ar sites do governo em junho do ano passado. Os criminosos utilizam essas mesmas botnets para infectar mais computadores, criando um exército exponencialmente maior. A motivação, geralmente, é dinheiro: empresas sofrem chantagens ou mesmo pagam para derrubar
Norebbo/shutterstock.com
Para garantir o funcionamento de serviços críticos durante os grandes eventos esportivos em 2014 e 2016 e atender a alta demanda para cloud computing, operadoras investem mais na proteção de redes.
concorrentes. De acordo com informações da Cisco, grande parte do tráfego HTTP é feito por máquinas infectadas, com as operadoras precisando lidar com pelo menos 50% de tráfego indesejado em suas redes. Às operadoras, cabe tentar mitigar essas ocorrências, impedindo o acesso das botnets aos alvos e “limpando” as redes. Em função da visibilidade do País durante os eventos esportivos, é um desafio adicional importante. Backbone Espera-se nos próximos meses um aumento de investimento do governo em infraestrutura básica nas cidades que tendem a receber maior fluxo de pessoas durante a Copa. As prestadoras de telecomunicações podem prover serviços em larga escala, como cobertura de cidades inteiras e estádios com Wi-Fi, além de soluções de segurança pública como câmeras de vigilância. “Existe uma política nacional de proteção à infraestrutura em 28 Teletime ago_2012
áreas críticas como água, energia e telecomunicações, pois uma interrupção total ou parcial poderia causar impacto social, político, econômico, ambiental e até internacional”, afirma o gerente de negócios da Módulo, Alexandre Lyra. Um dos elementos críticos visado é o backbone de operadoras. “Dependendo da empresa, se houver uma falha em um data center core, há uma falha generalizada. Seja um acesso remoto de um ciberataque ou um desastre natural, se o serviço é interrompido, ocorre um impacto generalizado ou em uma determinada abrangência”, explica. No entanto, Lyra ressalta que é natural, até pela dimensão do País, uma distribuição desses centros, afastando a possibilidade de um apagão nas telecomunicações. “Embratel e Oi têm seus data centers pulverizados, então, mesmo que pegue fogo, (o dano) seria específico para uma região. Claro que isso pode ser problemático sazonalmente, como nas Olimpíadas ou
FOTOS: divulgação
“uma interrupção total ou parcial poderia causar impacto social, político, econômico, ambiental e até internacional.” Alexandre Lyra, da Módulo Além desse equipamento de limpeza, os backbones estão também sendo equipados com estruturas mais inteligentes para realizar distribuição e transporte de vídeo de maneira mais otimizada, com bit rates adaptáveis, melhorando a capacidade de tráfego da rede para grandes pacotes.
Aleksan/shutterstock.com
durante a final da Copa de 2014. Mas não acredito em impacto nacional, seria muito difícil pela distribuição dos backbones”, conta o executivo da Módulo, que tem contrato com a TIM. Na visão dele, ocasiões como essas acabam por chamar a atenção de criminosos. Tanto que a empresa chegou a trabalhar em conjunto com o Ministério da Defesa na Rio+20, conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável realizada em junho no Rio de Janeiro. “Tentativa sempre há. Todo evento que aparece na mídia tem alguém de fora ou internamente tentando acessar. Pelo menos eu sei que não surtiu efeito”. O problema é quando as tentativas passam pelas barreiras de segurança e chegam ao usuário. “O que acontece com as operadoras em grandes eventos é o aumento de acessos com um alto volume de tráfego ruim – ataques gerados por uma máquina ou botnet”, diz o gerente de desenvolvimento de negócios de Bordeless Networks da Cisco do Brasil, Ghassan Dreibi. “Essas ameaças acabam convergindo muito para o backbone e chegam aos clientes, o que acaba gerando um problema para um serviço básico, que é o acesso”. Para combater isso, será preciso fortes investimentos em soluções para monitoramento de tráfego, ajudando a impedir qualquer anomalia de chegar à ponta final do acesso. O executivo da Cisco cita ferramentas de cibersegurança que inspecionam mais profundamente esses dados, mas não enxerga a proteção do backbone como uma opção. “A questão não é se o tráfego vai parar, mas quando vai acontecer isso. As operadoras viram que não podem esperar”. Uma alternativa é a operadora executar o “clean pipe”, que filtra a rede para extrair o ataque e entregar um fluxo normal e sadio. Dessa forma, é possível impedir DDoS para derrubar sites e serviços de maneira mais eficaz do que apenas se usar ferramentas de mitigação. Se acontecer um ataque a um site de banco, por exemplo, a empresa que contar com essa ferramenta pode nem sentir a sobrecarga. “Essas interligações, quando não se tem clean pipe, chegam ao backbone. Há operadoras que entendem isso como uma opção do cliente: se ele quiser o tráfego limpo, tem de investir em ferramentas de mitigação”, diz Dreibi.
Sem fios As operadoras estão em uma política de expansão das redes, e questões de segurança estão sendo observadas cada vez com mais intensidade. Desde hotsposts Wi-Fi para preencher gargalos em áreas de grande densidade para operações 3G ou 4G, até o core da infraestrutura. No caso do Wi-Fi, é mais fácil proteger porque é mais seguro, precisa colocar senha. Mas o que
também precisa ser garantido para só chegar a quem tem de receber”, afirma. A realidade pode chegar ao Brasil também. De acordo com a Cisco, menos de 1% dos hotspots no mundo estão no País, mas as operadoras trabalham para du plicar ou até mesmo triplicar esse número. Operadores A questão é tratada com seriedade, mas informações sobre estratégias e equipamentos são temas sensíveis no setor, afastando empresas de se pronunciar publicamente sobre o assunto. Ainda assim, o diretor de qualidade de redes e serviços da Telefônica, Paulo Emidio Faria, entende que a segurança é um tema fundamental para as
Durante o primeiro trimestre de 2012, o Brasil foi o sétimo país que originou mais tráfego de ataques no mundo inteiro, com 4% do total, segunda pesquisa da akamai. chega nessa rede passa pelo backbone, então é aí que existe um investimento pesado em segurança , explica Dreibi. Assim, as empresas podem autenticar smartphones e tablets para acessar a LAN sem fio criptografada e fazer a checagem por uso dessa credencial, podendo até mesmo negar conexão a aparelhos desbloqueados (a prática de jailbreak em dispositivos como smartphones é considerada insegura por fabricantes). Mesmo a proteção de conteúdo é considerada em lugares com cobertura Wi-Fi. O gerente de negócios para o segmento de Operadoras e Empresas de Mídia da Cisco Brasil, André Neiva, cita uma parceria com a AT&T no estádio do time de futebol americano New York Giants, na qual o torcedor que é cliente da operadora norte-americana pode ter acesso a replays exclusivos de jogadas. “Esse conteúdo ago_2012 Teletime 29
operadoras: “Não somos diferentes, mas acredito até que a nossa seja uma das que mais investem nessa área”. A Telefônica/Vivo concentra essa gerência das redes no Security Operation Center (SOC), um centro de monitoramento em São Paulo que observa o acesso no País inteiro com ferramentas instaladas em pontos estratégicos e que também pode realizar a mitigação de ataques. Segundo ele, a proteção está incluída no projeto para crescimento de tráfego de voz e dados. “A empresa planeja junto o investimento em colocar ferramentas adequadas, sempre as melhores do mercado, e equipes que trabalham em monitoramento 24 horas por dia, sete dias por semana”, conta. Muito da preparação para a Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016 é compartilhada por operadoras de 25 países onde atua o grupo espanhol Telefónica,
.:redes “O que acontece com as operadoras em grandes eventos é o aumento de acessos com um alto volume de tráfego ruim – ataques gerados por uma máquina ou botnet.”
incluindo a britânica O2, que lidou com os últimos jogos olímpicos em Londres, em agosto. Uma equipe brasileira esteve presente durante o evento para acompanhar o roaming internacional de brasileiros na capital inglesa. “Temos um grupo de trabalho internacional que faz reuniões periódicas para se atualizar sobre o que acontece no mundo em termos de informação, novas tecnologias, preocupações com topologia e arquitetura de rede para garantir segurança”, afirma Faria. “A gente faz um intercâmbio, temos informação e trocamos experiências de solução e de evolução tecnológica”. Outra experiência aconteceu no Brasil mesmo, com o portal Terra, que transmitiu pela Internet as Olimpíadas de Londres. “Fizemos uma boa monitoração de ataque com essa empresa do grupo. Teve um pico de acesso quase no nível de terabytes e, devido a esse grande holofote no portal, o risco com a segurança aumentou”, conta o executivo, que diz não ter havido nenhuma anormalidade no comportamento do tráfego. Nuvem protegida Além dos eventos esportivos, é possível esperar também um grande aumento de ataques conforme cresce a demanda de serviços de computação na nuvem no País. O Gartner prevê que até 2016, 36% do conteúdo digital gerado no mundo estarão armazenados no cloud, o que deverá exigir redes cada vez mais robustas e seguras. Para tanto, além da infraestrutura básica, há um investimento grande em firewall e controles de acesso a data centers, de acordo com a Cisco. “Estamos falando de clusters de firewalls de 150 GB, é uma rede de alta performance”, explica Ghassan Dreibi. Essas soluções estão também sendo virtualizadas com o cloud. “Estamos criando ferramentas junto com máquinas virtuais, dentro desse conceito.” Neste cenário, as ameaças focam mais em interceptar os dados dos clientes do que em provocar
Aleksan/shutterstock.com
Ghassan Dreibi, da Cisco
danos à infraestrutura - daí a importância dos firewalls. Com o maior compartilhamento de informações entre organizações, muitas vezes confidenciais, existe uma preocupação justificável com a segurança. Na nuvem, a integridade dos ativos físicos também é uma preocupação, garantindo a disponibilidade do serviço, mas os dados são igualmente sensíveis. “Empresas estão realmente adotando controles de segurança para dar mais credibilidade, como res-
-ponto dedicados, fecham o acesso externo. Ainda assim, há soluções, como um túnel VPN, que podem proporcionar a segurança necessária. “Uma empresa como a TIM tem investimentos no próprio backbone que gera suporte e uma combinação de investimentos físicos e estrutura para fazer oferta com qualidade”, garante o gerente executivo de cloud computing da TIM Brasil, Marcos Senna. A operadora já conta com clientes de “grande porte” para a nuvem, como um banco e uma empresa da área de logística. No entanto, ele alerta para um pensamento não muito diferente de quem acha mais seguro esconder o dinheiro no colchão. “Muitos medos são mais sensações de insegurança”, afirma
com o clean pipe, que filtra a rede para extrair o ataque, é possível impedir DDoS para derrubar sites e serviços de maneira mais eficaz do que apenas se usar ferramentas de mitigação. posta de incidentes e de acesso indevido”, conta Alexandre Lyra ,da Módulo. A demanda está aumentando desde já, mas ainda há barreiras que preocupam o mercado na hora de adotar a nuvem, como a própria proteção dos dados. Muitos dos problemas são por conta de clouds públicas ou híbridas, pois as privadas, com links ponto-a-
Senna. “Um data center com alta densidade, disponibilidade e nível de segurança é muito mais seguro do que uma solução in house”, diz, citando exemplo das unidades da parceira Ativas, que possui Tier 4, classificação de proteção inédita no País. “É uma questão de a indústria evoluir e mostrar isso ao mercado”.
Tráfego indesejado
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e por um lado há uma disparidade na oferta de segurança entre operadoras, há também a consciência de que é preciso investir na área, atacando por outros lados além do monitoramento e proteção em backbone. “Os parceiros têm conversado com operadores de Internet e celular e há uma preocupação bem grande, isso vai ser uma pauta na agenda deles para os próximos meses e anos”, diz o vicepresidente para a América Latina da Cloudmark, Ronaldo Venci. O foco da companhia é em bloqueio de spams, que representa 98% das mensagens eletrônicas trafegadas na Internet, mas há um alerta também para redes móveis: nos Estados Unidos, de acordo com relatório da empresa, 69% dos usuários norte-americanos de celular recebem algum tipo de spam. Os eventos esportivos deverão acabar contribuindo para o aumento no volume dessas mensagens. “Vimos um crescimento acentuado em Londres por conta das Olimpíadas”, afirma Venci. Para combater esse tráfego indesejado, a Cloudmark coleta informações de identificação desse tipo de mensagem (conhecidos como “fingerprints”), que utilizam 14 algoritmos para identificar pontos relevantes em spams, e as armazenam em uma rede de proteção chamada de Global Threat Net. Dessa forma, um único evento spammer pode ser assinalado e bloqueado em qualquer canto do mundo de forma automática.
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Parada global
O
s fornecedores internacionais de equipamentos e insumos para redes de telecomunicações acenderam a luz amarela ao final do segundo trimestre deste ano, com resultados financeiros ruins e pouca perspectiva de que as metas econômicas para este ano sejam cumpridas. Este cenário, em parte, se justifica pelos efeitos da crise econômica internacional e um princípio de desaceleração nas economias emergentes, até então a locomotiva que puxava os lucros das companhias. A desaceleração no ritmo dos investimentos das principais operadoras de telecom na Europa e na China levou os resultados econômicos do segmento para baixo no segundo trimestre deste ano. Nem as fornecedoras chinesas, que nos últimos anos roubaram das europeias os bons resultados, escaparam. A ZTE informou previsão de queda no lucro que chegaria a 80% entre abril e junho motivada por perdas cambiais do euro e de outras moedas de mercados emergentes, submetidas a uma depreciação significativa durante o período em que a crise da dívida soberana da Zona Euro perdurou. Outro fator, segundo comunicado da ZTE ao mercado, foram os atrasos na compra de equipamentos de rede por parte das operadoras chinesas. A compatriota Huawei também viu seus resultados financeiros declinarem. O motivo também seria o impacto da crise econômica internacional e a desaceleração nas vendas de equipamentos no mercado mundial. O lucro operacional de janeiro a junho recuou 22% em relação ao mesmo período do ano anterior, somando US$ 1,38 bilhão. A margem operacional ficou em 8,6% e a receita cresceu 5,1%no período, fechando junho em US$ 16,163 bilhões. Segundo declarou Meng Wanzhou, CFO da Huawei, durante telefonferência de resultados, a empresa está otimista quanto ao desempenho operacional e à
Andrey Voskressenskiy/shutterstock.com
Incertezas na economia mundial derrubam lucro das principais fornecedoras de equipamentos para redes de telecomunicações. No Brasil, cenário se manterá praticamente intacto devido à necessidade de recursos para a 4G.
lucratividade para o restante de 2012. “Em 2012, a Huawei definiu uma estratégia e focará com maior ênfase para seguir em frente e assegurar crescimento mais efetivo e maior eficiência para alavancar melhorias contínuas no desempenho operacional”, disse. Já no caso da Nokia, incluindo sua área de redes (Nokia Siemens Networks), o resultado financeiro do segundo trimestre se mostrou desanimador, confirmando os prognósticos do mercado. No período, a empresa registrou prejuízo líquido três vezes maior do que o acumulado no ano passado, chegando a 1,53 bilhão de euros em junho de 2012. Um ano antes, as perdas foram de 492 milhões de euros. O rombo nas contas do grupo já soma 3,1 bilhões de euros no ano. Das três principais áreas nas quais a Nokia atua (fabricação de celulares e venda de conteúdo móvel; oferta de serviços de localização e comércio; e venda de infraestrutura de redes), quem produziu resultado pior no trimestre foi a divisão de celulares, com receitas declinantes em 26% na comparação anual, para 4 bilhões de euros. A divisão de localização e comércio faturou 283 milhões de euros, ligeira alta de 4% sobre segundo trimestre de 32 Teletime ago_2012
2011, mas algo muito pequeno no conjunto da Nokia para fazer diferença. Já a receita da Nokia Siemens no período foi de 3,3 bilhões de euros, redução de 8% frente a igual intervalo do ano anterior. A estratégia do grupo de focar nas vendas para o mercado norte-americano tem surtido efeito parcial, uma vez que o grupo vem conquistando território naquele mercado. Outra gigante do mercado que rateou nos resultados foi a Ericsson, até então a única fornecedora europeia que vinha mantendo uma certa estabilidade. A companhia sueca encerrou o segundo trimestre do ano com queda de 63% no lucro líquido, que ficou em US$ 171 milhões. Em seu relatório trimestral, o grupo atribuiu o fraco desempenho à menor rentabilidade no segmento de redes e perdas contínuas em sua divisão de produção de chips, a ST-Ericsson, joint-venture com a STMicroelectronics. A receita no trimestre também foi impactada pela queda nas vendas de equipamentos CDMA e no desempenho na China e na Rússia. Embora acredite numa influência da economia mundial nas finanças da empresa, Hans Vestberg, presidente e executivo-chefe da Ericsson, ressaltou em comunicado financeiro do grupo que
Jacqueline Lison, analista da corretora Fator
FOTO: divulgação
alguns indicadores se mantêm positivos. Por exemplo, a previsão de que em 2017 os planos de smartphones alcancem 3 bilhões de assinaturas, o que deve exigir novos investimentos em redes por parte das operadoras. “Vemos um foco crescente de nossos clientes em performance de rede e qualidade do serviço. E isso vai demandar investimentos contínuos em hardware, software e serviços”. A Alcatel-Lucent, pelos números divulgados até aqui, é quem está em situação mais crítica: desde a fusão com a Lucent, no final de 2006, a empresa vem somando sucessivos prejuízos. No segundo trimestre deste ano, por exemplo, o prejuízo líquido foi de 258 milhões de euros. Com os péssimos resultados, a Alcatel-Lucent projeta uma reestruturação de seus negócios, que podem gerar economias de 1,25 bilhão de euros até o final do próximo ano. Deste total, ao menos 750 milhões de euros serão economizados apenas evitando custos adicionais e a reestruturação de suas operações em mercados não rentáveis. Além disso, a empresa planeja demitir cinco mil funcionários, como parte de seu pacote de economia. Apenas entre abril e junho as receitas da companhia recuaram 7,1%, para 3,55 bilhões de euros, com quedas acentuadas na unidade wireless na América do Norte e na Europa Ocidental. O prejuízo operacional ajustado da Alcatel-Lucent no segundo trimestre foi de 31 milhões de euros, Um ano antes, havia registrado lucro operacional bruto de 87 milhões de euros. O CEO do grupo, Ben Verwaayen, creditou o insucesso da empresa à "deteriorização do ambiente macroeconômico e do ambiente competitivo com relação aos preços praticados em certas regiões, desafiando a rentabilidade" e completou: "precisamos embarcar em uma transformação mais agressiva.” Foi a deixa para lançar o Programa de Desempenho e reduzir os custos em até 1,25 bilhão de
euro até o fim do próximo ano. Segundo o CEO da Alcatel-Lucent, “esses tempos exigem ações firmes”, disse em comunicado ao mercado. Mercado interno No mercado brasileiro, ainda pouco afetado pelas incertezas econômicas, a previsão é de que as operadoras, no mínimo, mantenham os investimentos previstos até 2016. Na visão de analistas consultados por TELETIME, o cenário atual se manterá praticamente intacto devido à necessidade de recursos para a instalação de infraestrutura para a 4G e à cobrança mais firme da Anatel por qualidade nos serviços prestados. Ainda otimista quanto a uma retomada do fôlego da economia neste segundo semestre, Pedro Galdi, da corretora SLW, afirma que é cedo para dizer se o setor de telecom no Brasil pode ser afetado por uma eventual crise no mercado interno. “A demanda por estes serviços continua bem forte e acho que no curto prazo o setor caminha bem”, diz o analista de mercado ao acenar com uma retomada das vendas de linhas móveis no período de Natal. No entanto, Galdi alerta que caso haja uma inversão nos prognósticos, as empresas terão de fazer uma difícil escolha: manter o nível atual de pagamento de dividendos (payout) e se equilibrar como puderem, ou fazer caixa, reduzindo sensivelmente os custos e a distribuição de lucro aos acionistas, deixando seus papéis sem brilho aos olhos dos investidores. “É uma discussão muito atual no mercado e uma difícil escolha para as empresas, porque os ativos das teles são cobiçados por pagarem bons dividendos. Do contrário, perdem atratividade”. Vale lembrar que alguns
acionistas já anunciaram publicamente planos de reestruturação que podem afetar o Brasil. Na Espanha, a Telefónica busca alternativas para alguns ativos, como a venda Atento, para fazer caixa. Há quem aposte que a empresa poderia ainda fazer uma oferta secundária de suas ações no Brasil. Já a Vivendi, controladora da GVT, também sinaliza que busca uma saída para se capitalizar, o que poderia até incluir a venda da sua operadora brasileira. Mas são problemas dos acionistas. Por aqui, a única baixa concreta detectada no mercado é um arrefecimento nas volumosas adições de novos contratos à base das operadoras de telefonia móvel. Sobre este assunto, Jacqueline Lison, da corretora Fator, comenta que era um movimento já esperado pelo mercado, sobretudo com as operadoras fazendo uma ‘limpeza’ de base, para eliminar de seus cadastros os clientes inativos. “Uma hora tinham que parar. Mas no segundo trimestre causou impacto, porque a desaceleração veio mais forte do que se imaginava, e muita gente começou a cogitar um princípio de crise atingindo o segmento, o que ainda é muito cedo para dizer”, afirma Jacqueline. Ela destaca também que os resultados financeiros ligeiramente mais fracos no período podem ser atribuídos, em parte, à redução das tarifas de interconexão (VU-M). “Agora as empresas precisam focar mais na venda de serviços de Internet, pacotes de dados e outros serviços agregados às redes”. Para se ter uma ideia da marcha lenta que o setor engatou, em julho a base de clientes das operadoras cresceu ínfimos 0,11%, com o acréscimo de 279.723 mil habilitações. Este é o período no qual o segmento cresceu menos desde 2002, quando no mesmo mês foram habilitadas 401.581 mil linhas, e houve crescimento mensal de 1,31%. No setor de TV por assinatura, o crescimento nos últimos 12 meses ainda está na casa dos 30%, mas já mostra alguns sinais de desaceleração. FOTO: marcelo kahn
“Uma hora (as volumosas adições móveis) tinham que parar. Mas no segundo trimestre causou impacto, porque a desaceleração veio mais forte do que se imaginava.”
“os ativos das teles são cobiçados por pagarem bons dividendos. Do contrário, perdem atratividade.” Pedro Galdi, analista da SLW ago_2012 Teletime 33
.:tv por assinatura
Fernando Lauterjung*
fernando@convergecom.com.br
Conquista de territórios
A
Lei do Serviço de Acesso Condicionado (SeAC) deu o tom da Feira e Congresso ABTA 2012, que aconteceu entre 31 de julho e 2 de agosto, em São Paulo. Os debates no evento, bem como a oferta de produtos e serviços, refletiram as novas demandas do setor, fomentadas pela possibilidade de expansão do serviço de TV por assinatura, bem como pela necessidade de cumprimento de cotas de conteúdos e programação nacional. Entre os destaques do evento estavam os provedores de Internet, que perceberam na nova regulamentação a possibilidade de ampliar suas ofertas de serviços. Um fornecedor de equipamentos expositor da feira afirmou que recebeu dezenas de representantes de empresas com este perfil, procurando soluções para levar TV às suas redes e suas bases de assinantes. Este movimento das operadoras de Internet é natural, aponta Marcos Amazonas, presidente do Conselho da NeoTV, associação que reúne operadoras de pequeno e médio portes. Segundo ele, a TV por assinatura é uma atividade que vai além da televisão, é um negócio de assinatura. “Esse é o centro da questão, o que vai gerar oportunidade de negócios enormes em volta dos assinantes. É um negócio para grandes e para empreendedores”, diz. O executivo ainda complementou dizendo que o foco do negócio deve sempre ser o cliente, por quem as operadoras e programadoras devem se pautar: “Primeiro a empresa tem que dimensionar sua área, resolver quem é seu cliente e trabalhar a partir dele”, afirma. A própria NeoTV começa a ganhar força com essa movimentação. Mariana Filizola, diretora geral da associação, revelou que muitos operadores têm se associado e que espera um crescimento de 20% até o final do ano. Entre os novos afiliados está a CTBC, da Algar Telecom. A associação tem um projeto de vídeo on-demand para que pequenas operações também tenham condições de oferecer conteúdo sob demanda. Testes ainda
FOTO: daniel ducci
Com a nova lei, players tradicionais e novos entrantes expandem a presença de suas operações de TV a cabo.
O ministro Paulo Bernardo prometeu “fazer um lobby” junto à Anatel para acelerar o processo de outorgas.
estão sendo feitos e a ideia é disponibilizar o serviço o mais rápido possível. Um dos associados já desenvolveu o hardware e software da plataforma e deve operar o serviço para outras empresas. A associação trabalha ainda no fomento da montagem de headends para distribuição coletiva de programação. “Temos três afiliados participando da estruturação, que vai desde a montagem de um novo headend do zero, para servir a vários pequenos provedores de Internet, até a ampliação de um headend já existente de uma operadora”, conta Mariana. Projetos de expansão A nova regulamentação também abre oportunidades para operadoras de TV que atuam em cidades de médio porte e que querem ampliar suas áreas de atuação. A Blue Interactive (ex-Viacabo), por exemplo, já tem licenças para entrar em seis cidades em janeiro do próximo ano, além das 14 onde já opera. É o que afirma a CEO da empresa, Sílvia de Jesus, explicando que a operadora já se ajustou ao SeAC. “Desta maneira, o processo para entrar nas cidades fica mais rápido e prático”, afirma Silvia. Ela conta que a Blue tem como plano de curto prazo chegar a 500 mil assinantes e disputar com 34 Teletime ago_2012
as grandes teles com um serviço mais personalizado, local, e com melhor qualidade. A previsão é de chegar a 35 cidades no prazo de três anos. Para o mercado financeiro, há uma janela para investimento em operadoras médias no Brasil. Segundo Marcelo Di Lorenzo, do banco inglês 3i Group, que fez no início do ano um investimento de R$ 100 milhões na Blue Interactive, esta janela é curta e o mercado investidor pode se beneficiar dela se encontrar empresas “com capacidade de execução e a agilidade de quem quer ser consolidador”. Esta janela, explica o executivo, fica aberta durante o período em que os grandes operadores têm que se concentrar nos grandes centros, deixando as cidades médias “descuidadas”. “Em algum momento, eles vão atrás deste novo mercado”, diz. Di Lorenzo diz que a demanda por banda larga é crescente nos mercados menores, com o aumento do e-commerce e do e-learning. “Há uma demanda reprimida e baixo padrão de qualidade”, afirma. Para ele, a qualidade de gestão, associada a uma infraestrutura robusta e atualizada, permite expandir o serviço a cidades próximas às das atuais operações. Ele acredita que haverá uma concentração, com empresas pequenas bus-
FOTOs: marcelo kahn
cando se unir a empresas médias para poder competir. “Podemos ter uma empresa (de triple play) com capital aberto no Brasil”, aposta. Renato Pasquini, team leader da Frost&Sullivan, diz que a consolidação do mercado, as mudanças regulatórias e novos pacotes com IPTV devem ajudar a desenvolver o mercado no País. Segundo ele, o Brasil deve chegar a 59,9% de penetração do serviço de TV por assinatura até 2017. Hoje a penetração é de 21,4%. Embora preveja uma queda ainda mais substancial nos preços do serviço de TV paga praticados no Brasil, ele acredita que devem surgir oportunidades com a oferta de serviços adicionais. Ele lembra que já há pacotes por R$ 29,90 no Brasil, mas aponta que no México, a Dish tem pacote pelo equivalente a R$ 14,40. Esta queda deve ser empurrada pelas maiores operadoras, que têm escala. Além disso, para esta faixa de preço, é preciso deixar de subsidiar os set-top boxes e fidelizar o cliente por tempo maior, 18 meses. As oportunidades que surgem são com serviços adicionais como DVR em nuvem, TV everywhere e quadruple play. Luís Lora, analista de telecom e diretor do banco BNP Paribas, se diz cautelosamente otimista com o mercado brasileiro. Segundo ele, há perspectivas de crescimento, sobretudo nas diferentes realidades regionais. No entanto, qualquer entrante terá de concorrer com os grandes players. “O entrante não consegue competir nos pacotes básicos, mas pode disputar o pacote premium”, diz. Para isso, destaca, precisa de um triple play robusto e acompanhar de perto o mercado regional. “Fora dos grandes centros, a renda começa a crescer”, destaca. Lora aposta no crescimento do mercado, mesmo que a velocidade de ampliação da base de assinantes caia. “Há uma demanda por serviços que ainda está reprimida. As pessoas que já assinam, gostariam de migrar para pacotes mais caros”, diz. Di Lorenzo, do 3i Group, concorda que pode haver uma redução na evolução da base de assinantes no Brasil. “O crescimento de 7,5% ao ano não é sustentável. Essa pausa será saudável para que o setor se estruture”, diz. Terra de gigantes A Net também anunciou no evento
João Rezende, da Anatel: agência deve encerrar o ano com um total de cerca de 250 licenças aprovadas, 60% delas referentes a adaptações das atuais licenças de MMDS, cabo ou DTH.
um agressivo projeto de expansão. A operadora promete dobrar o número de cidades atendidas com seus serviço, chegando a mais de 200 municípios até o final de 2013. Atualmente, a operadora está presente com cabo em 93 localidades. Márcio Carvalho, diretor de marketing, produtos e serviços da operadora, anunciou que a Net investirá R$ 2,7 bilhões em 2012. “Isso é mais que a metade do que foi investido nos últimos cinco anos”, disse o executivo. Segundo apurou esta publicação, estes valores serão captados pela Net por meio de acordos de mútuo
Segundo a Frost&Sullivan, penetração da tv paga deve ir dos atuais 21,4% para 59,9% até 2017. com o acionista controlador (Telmex), mas em valores mais atraentes do que os de mercados. José Félix, presidente da Net, diz que a lógica de investimentos em novas localidades seguirá, principalmente, a densidade demográfica. As maiores cidades devem receber investimentos antes. Além disso, a operadora pode investir em cidades vizinhas a cidades onde conta com operação. Félix afirmou que quer expandir sua rede para mais 50 cidades ainda em 2012. A operadora divulgou que seu plano de expansão contemplará todos os estados do Brasil e que todas as novas cidades passarão a ser atendidas com o portfólio completo de produtos. A Oi também promete ampliar expressivamente sua
“Até 2015 vamos cobrir 20 cidades e cabear no mínimo 2 milhões de domicílios com FTTH.” Eduardo Aspesi, diretor de segmentos da Oi ago_2012 Teletime 35
base de assinantes. A operadora deu início às vendas de serviço de acesso banda larga de ultra velocidade sobre sua nova rede fiber-to-the-home (FTTH). Essas vendas, com velocidades de 100 Mbps e 200 Mbps, estão funcionando como um teste para auferir o quanto o cliente está disposto a pagar pelo serviço. A informação foi dada pelo diretor de segmentos da Oi, Eduardo Aspesi. “Estamos oferecendo o serviço a preços de R$ 89,90 a R$ 109, para saber quanto o cliente está disposto a pagar. Eu mesmo fui à casa de três clientes e vendi o serviço na semana passada”, conta. A avaliação da demanda por Internet de alta velocidade via fibra funciona como uma preparação para o lançamento do serviço de IPTV da Oi, o que deve acontecer em setembro, começando pelas cidades de Belo Horizonte e Rio de Janeiro. “Até 2015 vamos cobrir 20 cidades e cabear no mínimo 2 milhões de domicílios com FTTH”, diz Aspesi. A estratégia da Oi prevê a oferta de serviços de IPTV sobre a fibra para cidades com grandes concentrações populacionais, que são as cidades localizadas até 150 km da orla brasileira, e o atendimento do restante do País com DTH. Regulação Para saciar a fome de expansão das operadoras, a Anatel prometeu no evento que os pedidos de novas licenças do SeAC devem ter um tempo médio de análise de dois meses. A informação é de Érika Bezerra Luciano, gerente de outorga da Anatel. Ela lembrou que os pedidos têm que passar pelo Conselho Diretor da agência, mas não precisam mais ser submetidos à procuradoria, o que garante pelo menos 45 dias na análise. Érika conta que a agência reguladora já recebeu 33 pedidos de novas licenças do SeAC. Para migração para o novo serviço, a agência já autorizou 39 empresas, sendo 25 de MMDS, 14 de cabo e uma de DTH. O presidente da Anatel, João Rezende, declarou que a agência deve encerrar o ano com um total de cerca de 250 licenças aprovadas, 60% delas referentes a adaptações das atuais licenças de MMDS, cabo ou DTH. “Só da Net são mais de 90 outorgas em análise, e mais de 40 da Sky”, acrescenta Rezende. O ministro Paulo Bernardo,
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“Nossa empresa já se ajustou ao SeAC. Desta maneira, o processo para entrar nas cidades fica mais rápido e prático.”
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da TV paga (excluindo as receitas com a venda dos serviços de banda larga e telefonia) terá ultrapassado de longe o faturamento da TV aberta. Os efeitos desta mudança serão a diluição da audiência e uma disputa mais equiparada pelo bolo publicitário entre TV aberta e por assinatura. “Tal como acontece no mundo desde 2008, a assinatura suplantará a publicidade nas receitas da televisão como um todo”, diz Rangel. Segundo ele, a Lei 12.485/11 potencializa este cenário e o mercado forte levará à criação de mais conteúdos e canais brasileiros e à exploração destes ativos no mercado internacional. Ao mesmo tempo, prevê a presença de mais canais estrangeiros no Brasil, sempre carregando conteúdo nacional. Sobre os grupos de mídia regionais, hoje sustentados pelo mercado publicitário em um modelo de afiliação com as cabeças de rede, Rangel diz que o Estado os vê como ativos importantes para o país e destacou que a Lei 12.485/11, ao direcionar recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) à produção regional, já busca alavancar a presença de diferentes regiões e estados como polos de criação de conteúdo. Rangel afirmou a esta publicação que já existem ferramentas para auxiliar os grupos regionais que tenham interesse em ampliar o seu escopo. “O FSA traz um conjunto de oportunidades para todos que quiserem atuar como empresas de programação de conteúdo”, disse Rangel, explicando que as oportunidades valem para perfis regionais e nacionais. “Cabe a estas empresas estruturar departamentos para se relacionar com a produção independente. A maioria delas não tem”, disse Rangel. “Há no mercado profissionais qualificados para assumir estas funções”, disse o presidente da agência. Segundo Manoel Rangel, o mercado de TV por assinatura comporta mais programadoras brasileiras e o Fundo Setorial do audiovisual atuará para alavancar a programação nacional. “Estamos mais perto de cumprir obrigações constitucionais que foram deixadas de lado durante anos”, finalizou. FOTOS: daniel ducci
das Comunicações, disse no evento José Félix, da Net: operadora deve chegar a mais de 200 que vai “fazer um lobby” junto à Anatel municípios até o final de 2013 e para acelerar o processo de outorgas. promete expandir sua rede para Segundo o ministro, a nova lei da TV por mais 50 cidades ainda em 2012. assinatura é apenas uma parte das ferramentas normativas que devem regular o setor de mídia. Ele citou a crescente qualidade e a de direitos do penetração do serviço de Internet no País, assinante devem sair ainda que chegou a 27% dos lares em 2010 e este ano. A regulamentação 38% em 2011, e afirmou que é necessário técnica deve sair no ano que fazer um plano de universalização. Para vem e a de dispensa de carreo ministro, a Internet ajuda a “puxar” a gamento de canais obrigatómédia do PIB pelo País. rios também. Outra novidade regulatória apresentada pela Anatel é que todos os prestaConteúdo dores de telecom terão que mostrar não Do lado do conteúdo, a Ancine foi ter vínculos de controle com empresas cobrada por celeridade na análise de de radiodifusão. O processo começa pedidos de recursos, bem como na criacom o SeAC, para os quais os futuros ção de uma lista de canais aptos a cumpleiteantes terão que enviar documenprirem as diferentes modalidades de tos à Anatel atestando que não têm cota de conteúdo no SeAC. Ao mesmo empresas de radiodifusão em suas tempo, programadoras pediam mais composições acionárias além dos limitempo para realizar o credenciamento tes legais. Segundo José Mares Guia de seus canais junto à agência, algo preJúnior, gerente geral de outorga da visto na Lei do SeAC. Manoel Rangel, Anatel, a agência exigirá os documenpresidente da agência, afirmou que não tos nos casos de novas licenças tamhaveria prorrogação do prazo, pedindo bém. As empresas de radiodifusão não aos programadores que ainda não tivespodem deter controle e nem participasem feito credenciamento, que o fizesção acionária acima de 50% em operasem o quanto antes. dores do SeAC. No caso de operadoras Além disso, Rangel afirmou acreditar que também prestem outros serviços de que há canais se credenciando de telecomunicação, o limite cai para 30%. forma equivocada, “afirmando ser aquilo Além disso, a Anatel também passará que não é”. Segundo o presidente da a exigir de todas as empresas de telecoAncine, a agência analisará a lista de municação (não apenas do SeAC, mas canais credenciados como canais naciotambém STFC, SCM, entre outras) docunais de conteúdo majoritariamente indementação comprovando que não haja pendente e pode, eventualmente, mudar empresa de radiodifusão na composição suas categorias. acionária acima do limite de 30%. Rangel disse ainda que pretende Já a regulamentação sobre direito do desenvolver os mercados nacional e assinante e qualidade deve ser anunciada regional de programação. Ele destacou ainda esse ano. Ângela Beatriz Cardoso que, desde a década de 1990, a publicidade Oliveira Catarcione, gerente de regulade vem perdendo relevância no modelo mentação e planejamento técnico e ecode financiamento da televisão em todo o nômico da agência, contou que são quamundo e que a tendência começa a ter tro as regulamentações em que a Anatel reflexos no mercado brasileiro, com o tem trabalhado no momento: qualidade crescimento da TV por assinatura no do serviço, direitos do assinante, normas País. O presidente da agência reguladora técnicas (closed caption, interatividade, apontou que até 2017 a TV por volume, multiprogramação, níveis de assinatura deve ter penetração qualidade de imagem) e condições de de mais de 50% no Brasil. dispensa do carregamento dos canais Neste momento, o faturamento obrigatórios. Esses regulamentos complementarão a regulamentação atual e completarão o marco regulatório do SeAC. Segundo Ângela, Sílvia de Jesus, da Blue Interactive a regulamentação de
* Colaboraram Ana Carolina Barbosa, Wilian Miron e Letícia Cordeiro.
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Pacote de bondades
Congresso aprova o projeto de lei de conversão da MP 563/2011, que contém o regime especial de tributação para as redes de banda larga. A surpresa é que parlamentares incluíram no texto outras desonerações, que no total superam R$ 1 bilhão por ano.
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m grande pacote de bondades foi aprovado pelo Congresso Nacional para o setor de telecom por meio da MP 563/2012, que se transformou no Projeto de Lei de Conversão PLV 18/2012. O tamanho da desoneração é tão grande que foi chamada pelo secretário de telecomunicações do Ministério das Comunicações, Maximiliano Martinhão, de um “New Deal” para o setor, em referência à política de estímulo econômico lançada pelo ex-presidente norte-americano Franklin Roosevelt para recuperar os EUA da crise de 1929. O Brasil não enfrenta a crise que se sucedeu ao crash das bolsas da década de 20, mas o setor de telecomunicações há anos reclama da alta carga tributária que incide sobre os seus investimentos. A MP 563 respondeu em grande parte a essas queixas, desonerando desde a construção de redes até smartphones e serviços específicos, como M2M (machine-to-machine). Ainda assim, o grande ralo tributário não foi atingido pela desoneração aprovada pelo Congresso, já que o problema maior do setor está na esfera estadual, especificamente no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços), que “come” em média 40% do que o consumidor paga na sua conta. De qualquer forma, o pacote aprovado em nível federal – que no fechamento desta edição estava sujeito à sanção da presidenta Dilma Rousseff – contém o tão aguardado Regime Especial de Tributação do Programa Nacional de Banda Larga para Implantação de Redes de Telecomunicações (REPNBLRedes) e também outras medidas que não constavam do texto que veio do Executivo. Entre elas está a redução do Fistel até dezembro 2018 para acessos M2M, para os equipamentos em 450 MHz e estações satelitais que contribuam para o PNBL. Além de desonerar esses equipamentos do
Fistel, os parlamentares que compuseram a comissão mista para tratar do assunto tiveram o cuidado de isentar o serviço prestado por essas redes de todos os impostos federais também até dezembro de 2018. Mas o mais importante na MP, segundo empresários do setor, foi a possibilidade do governo trocar por créditos tributários do Fistel a execução de projetos estratégicos, conforme regulamentação do Ministério das Comunicações. Esse ponto também não constava do texto enviado ao Minicom, mas foi recebido pela pasta com muito entusiasmo. Até o fechamento desta edição, técnicos do ministério trabalhavam junto ao Ministério da Fazenda e à Casa Civil para que a medida não fosse vetada pela presidenta. “A gente acha que é uma coisa boa, mas tem que discutir com o governo para que seja mantido o equilíbrio das contas públicas”, diz
o secretário Maximiliano Martinhão. Os requisitos dos tais “projetos estratégicos” serão desenhados de forma a estimular a expansão das redes de fibra tanto para backhaul quanto para acesso, desde que haja garantia expressa de compartilhamento. O Minicom já sonha, inclusive, em no futuro substituir o acesso via redes de cobre por redes de fibra, algo que existe de fato em poucos países do mundo. Tudo isso revertendo o Fistel pago pelas operadoras em créditos que compensariam os investimentos feitos nessas novas redes. “Nossa perspectiva é conseguir o possível para fazer a mudança do acesso metálico para o acesso com fibra”, afirma o secretário de telecomunicações. Mas quanto do Fistel arrecadado poderia gerar créditos para investimento? O que vem sendo discutido é que esse montante seja aquele que exceda a arrecadação atual. O Fistel arrecadou no ano passado R$ 3,5 bilhões e, segundo o secretário de telecomunicações, tem registrado crescimento de 30% ao ano (sobretudo em função da expansão da telefonia móvel). Mantida essa velocidade de crescimento em 2012, seria cerca de R$ 1,05 bilhão de arrecadação extra que viraria créditos para investimentos.
“Nossa perspectiva é conseguir o possível para fazer a mudança do acesso metálico para o acesso com fibra.” Maximiliano Martinhão, do Minicom 38 Teletime ago_2012
Regime especial A primeira proposta do governo restringia-se ao regime especial de tributação para a construção de redes. Mas o atraso de cerca de seis meses no anúncio das medidas de desoneração das redes de banda larga, provocado pela detalhada análise realizada pelo Ministério da Fazenda, resultou em uma acentuada redução nos valores de renúncia fiscal estimados pelo Minicom. Ao contrário dos R$ 6 bilhões estimados inicialmente, a renúncia do REPNBL-Redes será de R$ 3,8 bilhões, conforme anunciado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em abril. O ministério definiu oito tipos de redes passíveis de serem enquadradas no regime especial, sendo que para cada projeto o interessado deverá apontar como vai cumprir uma das principais premissas, que é a de reduzir as diferenças regionais. Ou seja, o Minicom quer forçar as empresas a investirem em regiões carentes de infraestrutura de banda larga. O projeto a ser apresentado deve contemplar obras civis, especificações e a cotação de preços de todos os equipamentos e componentes de rede vinculados, e não poderá incluir os serviços de operação, manutenção, aluguel, comodato e arrendamento mercantil de equipamentos e componentes de rede de telecomunicações. Os equipamentos e componentes terão um percentual mínimo de conteúdo nacional a ser estabelecido em regulamentação. Esse ponto é um dos que mais preocupa os fabricantes, que em sua maioria são de origem estrangeira e têm dificuldade em cumprir as exigências de classificação de produto nacional, definidas pela Portaria 950 do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Fonte do Minicom explica que os percentuais de desenvolvimento nacional e de Processo Produtivo Básico (PPB) para cada arquitetura de rede serão definidos em portaria. Assim, o ministério poderá alterá-los com muito mais facilidade do que se estivessem no decreto da Presidência da República. Os benefícios de que trata a MP somente poderão ser usufruídos nas aquisições, construções, implantações, ampliações ou modernizações realizadas a partir da data de habilitação junto ao Minicom, ou seja, não vale para obras em andamento. Conforme explicou José Gontijo, diretor do departamento de indústria, ciên-
Os benefícios trazidos pela MP 563 O que
Isenções
Prazo
Regime Especial para PNBL
Isenção de IPI, PIS/Cofins sobre as máquinas e equipamentos e PIS/Cofins para obras civis destinadas a novas redes de telecom
Apresentação dos projetos: até 30 de junho de 2013. Conclusão das redes: até 31 de dezembro de 2016
Equipamentos de redes de 450 MHz Todos os tributos federais e estações satelitais de pequeno porte que contribuam para o PNBL Serviços prestados pela faixa de 450 MHz e por estações de satélite Fistel e todos os tributos federais e estações de satélite de pequeno porte que contribuam para o PNBL A Taxa de Fiscalização de Instalação (TFI) do Fistel fica reduzida a R$ 5,68 e a Taxa M2M de Fiscalização de Funcionamento (TFF) será 33% da TFI A lei cria créditos do Fistel que poderão ser revertidos para investimento em Projetos estratégicos projetos estratégicos Inclusão na Lei do Bem, que desonera PIS/Cofins e IPI para produtos produzidos Smartphones e roteadores no País confirme PPB
cia e tecnologia do Ministério das Comunicações, na ocasião da publicação da MP haverá algum espaço também para os equipamentos importados dentro do projeto, que, no entanto, não serão desonerados. “Estamos fazendo um ajuste fino. Não queremos dosar nem para mais nem para menos. Também queremos que haja uma competição para as indústrias nacionais”, disse ele. As prestadoras interessadas
MP prevê a troca de execução de projetos estratégicos de infraestrutura por créditos tributários do fistel, conforme regulação do minicom. deverão submeter seus projetos ao Minicom e, depois destes aprovados, pedir a isenção ao Ministério da Fazenda. O benefício consiste na isenção do PIS/ Cofins e IPI para a aquisição de equipamentos e PIS/Cofins das obras civis. Satélites e universalização O setor de satélites, que reivindica há tempos a chance de participar do PNBL, também foi contemplado com as medidas. Os serviços prestados por meio de estações terrenas de pequeno porte que contribuam para os objetivos do PNBL ficam isentos dos tributos federais até 2018, assim como o Fistel que incide ago_2012 Teletime 39
Até 31 de dezembro de 2018
Até 31 de dezembro de 2018
Definitivo
Até 31 de dezembro de 2018 Definitivo
sobre essas estações. Essa desoneração faz parte de um plano mais amplo, já mencionado pelo ministro Paulo Bernardo, de começar a pensar na universalização da banda larga. Martinhão explica que a exigência de atendimento em um raio de 30 km estabelecida pela Anatel no leilão da faixa de 2,5 GHz/450 MHz resolve parte do problema, na medida em que alguns municípios, sobretudo do Norte, têm uma área rural que ultrapassa esse limite. Com a desoneração para o serviço prestado via satélite, o ministério entende que fez a sua parte e espera agora a contrapartida. “A mensagem é a seguinte: ‘o governo está fazendo um gesto e espera um gesto de vocês’. Se propuserem um serviço de R$ 1 mil, é claro que a gente não aprova”, diz o secretário. A referência para a universalização da banda larga é o programa Luz para Todos, que universalizou a energia elétrica através de subsídios. Smartphones e roteadores Os smartphones e também os roteadores foram incluídos na Lei do Bem (a exemplo do que foi feito com os tablets), que oferece uma desoneração do PIS/ Cofins e IPI para aqueles aparelhos produzidos no País conforme Processo Produto Básico a ser estabelecido. O Minicom pretende estabelecer limite de R$ 1 mil de venda a varejo para os
.:Regulamentação smartphones que poderão usufruir do benefício e, além disso, exigir dos fabricantes que algum tipo de estímulo ao desenvolvimento de aplicativos no País como, por exemplo, a realização de fóruns para desenvolvedores. Além da medida de desoneração, o governo conta também com o apoio da iniciativa privada para estimular os
fabricantes a produzirem smartphones e tablets no País. Recentemente, a Qualcomm anunciou que vai instalar na capital paulista um centro de desenvolvimento de desenho de referência para tablets, onde também haverá um laboratório de desenvolvimento de aplicativos para smartphones. O presidente da Qualcomm, Paul Jacobs, em recente
visita ao Brasil, disse que o objetivo é “estimular o desenvolvimento de fabricantes locais”. Segundo executivos da companhia, com o desenho de referência para tablets produzido pela Qualcomm já adaptado aos chipsets da companhia, os fabricantes ganharão tempo e reduzirão custo de desenvolvimento dos novos tablets.
Impulso à comunicação entre máquinas expectativa é que em 2020 haja 617 milhões de terminais em operação no Brasil, dos quais 26 milhões seriam de M2M. Com a redução do Fistel, o número de terminais M2M subiria 40% para 36,5 milhões em 2020. Ainda segundo dados do governo, o preço médio do aparelho celular é de R$ 210, enquanto que o do módulo M2M é de R$ 49. Assim o peso do Fistel para os equipamentos M2M é muito maior do que para os celulares. Hoje a TFI equivale a 12,8% do preço médio (R$ 210) do terminal; e a TFF, a 4,3%. Se a comparação for feita com o preço médio do equipamento M2M esse percentual seria de 54,2% para a TFF e de 18,1% para a TFI. Essa mesma comparação normalmente é feita pelo mercado levando em consideração a receita média de cada terminal M2M. Segundo Gil Odebrecht, gerente de desenvolvimento de mercado da Ericsson, a nível internacional a receita média de cada terminal é de U$S 3 ao mês. Para efeito de cálculo, o executivo considera que no Brasil essa receita seria de R$ 5. Assim ao longo de três anos, 30% da receita gerada por um equipamento M2M seriam destinadas ao pagamento do Fistel. Caso a desoneração seja aprovada, esse percentual cairia para 5%. “Hoje o Fistel pesa mais que o ICMS. Com a redução, vai pesar bem menos”, calcula o executivo. A estimativa da Ericsson é que em 2020 haja 50 bilhões de dispositivos conectados no mundo, sendo FOTO: divulgação
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ensível aos argumentos do setor, o governo pretende reduzir um dos principais custos que pesa sobre as empresas que desejam utilizar serviços e equipamentos de comunicação entre máquinas, ou machine-to-machine (M2M). Uma das medidas provisórias do Plano Brasil Maior, a MP 563, que contém a desoneração tributária para as redes de banda larga, recebeu emenda do relator, o senador Romero Jucá (PMDB/RR), que tem o objetivo de tornar mais equilibrada a taxa do Fistel para esses equipamentos. O problema é que hoje os equipamentos de comunicação M2M recolhem a mesma taxa de Fistel do que os celulares, que custam muito mais e geram uma receita para as operadoras também maior. Pela proposta do senador, cada módulo de comunicação M2M passaria a recolher uma Taxa de Fiscalização de Instalação (TFI) de R$ 5,68, o que significa quase 80% de desoneração. A TFI é cobrada na ativação do equipamento. Anualmente as operadoras ainda devem recolher a TFF (Taxa de Fiscalização de Funcionamento), que é anual e incide sobre cada acesso. Para os equipamentos M2M, a TFF será equivalente a 33% da TFI. É claro que a notícia foi muito bem recebida pelos players desse mercado que há anos se queixava da distorção entre o Fistel cobrado dos equipamentos M2M. O governo fez as contas para medir o tamanho do impacto no seu orçamento. Estima-se que entre 2012 e 2016, entre R$ 60 milhões e R$ 70 milhões deixariam de ser arrecadados com a desoneração do Fistel. As estimativas de número de módulos M2M em operação variam de 6 milhões a 10 milhões, sendo que o número mais factível é de 6 milhões, segundo fontes. A
“Hoje o Fistel pesa mais que o ICMS (sobre os equipamentos M2M). Com a redução vai pesar bem menos.” Gil Odebrecht, da Ericsson 40 Teletime ago_2012
o Brasil responsável por 2 bilhões deles. É claro que a maior parte desses equipamentos será de dispositivos que se comunicam com outras máquinas, e não de aparelhos nas mãos de pessoas. Segundo Odebrecht, hoje a maior parte dos aparelhos de comunicação entre máquinas é usada para o monitoramento de veículos – algo em torno de 1,2 milhão. Há ainda o mercado de máquinas PoS das operadoras de cartão de crédito – estimadas em 500 mil –, alguns projetos incipientes de smart grid e o mercado de vigilância, seja residencial ou empresarial. Contran Um dos projetos mais ambiciosos para a adoção de equipamentos M2M é o do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que prevê a instalação de dispositivos de localização em toda a frota de veículos destinada ao mercado interno até agosto de 2013. O cronograma para as motocicletas é um pouco mais elástico; todas deverão conter o dispositivo até janeiro de 2014. O mercado de automóveis no Brasil é enorme. Em 2011, por exemplo, foram emplacados mais de três milhões de carros de passeio, caminhões e ônibus e mais dois milhões de motos aproximadamente. O problema do projeto do Contran é que a obrigatoriedade de instalação dos dispositivos nos veículos já foi prorrogada quatro vezes, o que deixou o mercado descrente de que ela vai mesmo entrar em vigor. Os sucessivos adiamentos aconteceram porque as montadoras não estavam preparadas para cumprir a norma, e também por conta de preocupações do Ministério Público Federal em relação à privacidade das pessoas.
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.:ponto&contraponto
Qualidade: a gente colhe o que planta
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m velho chavão da indústria diz que qualidade se constrói. É um princípio inerente aos fundamentos e critérios adotados na concepção e execução dos processos para a produção de um bem, construção de uma rede e na prestação de um serviço. A consciência de que corrigir depois custa mais caro do que fazer certo uma vez é um ensinamento que já está bem absorvido na indústria de transformação, mas ainda pouco difundido na prestação de serviços que dependam de mão de obra de menor qualificação e alta rotatividade. Quando enfrentamos a complexidade dos serviços móveis, várias atividades se sobrepõem e a prestação de um serviço de qualidade é uma tarefa que requer a atenção em muitas disciplinas, e em que uma falha individual pode levar a uma má percepção de qualidade por parte do usuário. Nas redes de serviços móveis, que têm elementos variáveis pouco controláveis, como o tráfego, as interferências e a contínua ampliação das redes próprias e dos concorrentes, a manutenção da qualidade é uma tarefa contínua e, às vezes, inglória. É só lembrar que cada acréscimo de um transmissor, acerto de inclinação de uma antena ou ampliação de um site tem repercussões também em células vizinhas. Ou seja, uma rede de células de estações de telefonia móvel é como um organismo vivo, variando seus parâmetros e seu desempenho conforme a hora do dia e as condições climáticas, requerendo uma contínua monitoração para garantir um desempenho mínimo conforme os compromissos aceitáveis para os clientes. Infelizmente os recursos financeiros e humanos são escassos. A pressão por compromissos de cobertura estabelecidos, por exemplo, nos editais de licitação de espectro de frequências, ou a pressão por market share, têm feito as empresas privilegiarem a expansão e crescimento das redes. Mas isso nem sempre vem com as doses certas de investimento em otimização para garantir a entrada harmoniosa de novas capacidades e a manutenção de padrões aceitáveis de qualida-
de de forma permanente. A utilização de um trabalho independente e sistemático de otimização pode trazer informações para permitir um melhor planejamento e utilização mais racional dos recursos. Isto já é verdade com as redes 2G e 3G, e é uma oportunidade com as novas redes 4G que virão por aí. Na falta de um sistema de aferição de qualidade próprio de cada operadora, ou por entidades independentes, ou pela Anatel, a percepção da qualidade fica dependente da capacidade de cada consumidor de gritar através de call centers, dos Procons ou da própria Anatel por suas reclamações. Mas isso pode não indicar os verdadeiros problemas de qualidade pelos
Se procurarmos evitar atribuir ao Fistel outras finalidades, e ainda com recursos do Fust, seria possível mudar o quadro, se o governo quisesse se empenhar. quais estariam passando os prestadores de serviço móvel. Não temos no Brasil a análise simultânea de desempenho oferecida por sistemas de benchmarking, o que pelo número de operadores e tamanho do mercado já deveria existir. Essa análise deveria ser responsabilidade da Anatel e de cada operadora, para direcionar suas ações de melhora. É uma forma de introduzir índices aferidos de qualidade comparada para as redes de acesso e cobertura. Na questão da qualidade, impactam desde a qualidade de atendimento nos call centers (que têm lei específica com critérios e padrões); as redes de acesso das quais falamos acima; as redes de sinalização; e os backbones, muitas vezes sem vazão para toda a demanda de tráfego. Assim, as indicações que resultaram na punição de várias operadoras no final de julho foram baseadas em reclamações colocadas na Anatel e no Procon e referentes à disponibilidade de serviço, queda de chamada, cobertura 42 Teletime ago_2012
e atendimento em call center. É fácil atribuir às operadoras a culpa. Mas a verdade é que tanto a Anatel quanto as operadoras têm a sua parcela de responsabilidade, pois a agência tem como uma de suas atividades básicas a fiscalização e nesse sentido pouco fez até agora em relação à qualidade real e comparada das operadoras. Além disso, a agência coloca como prioridade o atendimento a metas muito apertadas de cobertura, gerando uma corrida frenética que se alastra por toda a cadeia de fornecimento, impactando a própria qualidade de implantação e documentação das redes, com as inevitáveis consequências daí decorrentes. Recursos não faltam para uma ação mais positiva, já que o Fistel (Fundo de Fiscalização das Telecomunicações), que tem uma arrecadação substantiva, foi instituído inteligentemente também com a finalidade de permitir que o próprio setor gerasse recursos para a sua fiscalização. A utilização indevida deste recurso para mascarar o equilíbrio fiscal das contas do governo, aliada à incapacidade de fazer qualquer coisa que dure pela falta de compromisso e pela rotatividade dos quadros, faz com que nos limitemos a arroubos sem maiores consequências em lugar de uma política efetiva de fiscalização. Se procurarmos evitar atribuir ao Fistel outras finalidades, e ainda com recursos do Fust, seria possível mudar esse quadro, se o governo quisesse se empenhar. A qualidade é uma questão de sustentabilidade dentro deste ecossistema. Para as operadoras, a qualidade é uma oportunidade de reduzir os investimentos e baratear os custos operacionais. A Anatel estaria cumprindo sua mais básica responsabilidade se estivesse fiscalizando em todos os níveis a qualidade real e, assim, contribuindo para o esclarecimento e informação da população, e não como repositório de queixas da população. Temos todos que pedir eficiência nas ações do governo e suas agências de modo que não sejam apenas para aumentar gastos e impostos, mas que revertam em benefício da sociedade. Neste caso, com uma efetiva fiscalização.
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