Revista Tiinside - 90 - Maio de 2013

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Bancos melhoram eficiência com tecnologia Empresas aderem à nuvem e reduzem de custos Ano 9 | nº 90 | maio de 2013

www.tiinside.com.br

Sped moderniza gestão nas empresas

cidades

inteligentes

Com uma série de projetos urbanísticos inovadores, que aliam recursos tecnológicos e arquitetônicos a soluções sustentáveis, munícipios brasileiros começam a materializar o conceito das chamadas smartcities



>editorial

Ano 9 | nº 90 |maio de 2013 | www.tiinside.com.br

Presidente Rubens Glasberg Diretores Editoriais André Mermelstein Claudiney Santos Samuel Possebon Diretor Comercial Manoel Fernandez Diretor Financeiro Otavio Jardanovski

Diretor-Editor Claudiney Santos

Cidades inteligentes precisam de projeto e investimento de longo prazo

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m dos assuntos mais comentados na mídia depois que o Brasil foi escolhido como sede da Copa do Mundo de 2014 e Das Olimpíadas de 2016 é o legado que deixarão para o país em termos de melhorias da infraestrutura, tais como aeroportos, transporte público, mobilidade urbana e segurança pública, e de acesso a novas tecnologias. Ou seja, quais serão, de fato, as melhorias que os dois eventos esportivos trarão para as cidades, inclusive para os municípios e estados que não sediarão os jogos? Embora parte dos projetos, principalmente de infraestrutura, estejam atrasados, os analistas são unânimes em reconhecer que os investimentos deixarão um legado à população, já que várias cidades estão lançando mão de soluções tecnológicas e arquitetônicas modernas para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, com a criação de ambientes mais sustentáveis, eficientes e conectados. Mas, ao mesmo tempo, eles chamam atenção para o fato de estarmos perdendo uma grande oportunidade de desenvolver um projeto único de país, de forma coordenada e participativa, já que, como mostra a reportagem de capa desta edição, não se sabe se toda a infraestrutura continuará a receber investimentos depois dos megaeventos, de forma que se transformem realmente no embrião das chamadas cidades inteligentes. Para tentar responder esta e outras perguntas, TI INSIDE escalou a repórter Bruna Chieco, que saiu a campo para verificar o que algumas cidades brasileiras, mesmo as que estão fora do circuito dos dois eventos, têm feito em prol da melhoria da infraestrutura urbana e tecnológica. E o

cenário com o qual ela se deparou é animador. “Apesar de ainda estarmos longe de cidades ou metrópoles que já implantaram soluções urbanísticas que hoje são referência como cidades do futuro, tais como Barcelona, na Espanha, e Songdo, na Coreia do Sul, há projetos de modernização em andamento em várias cidades, que integram tecnologias e sistemas, que sem dúvida beneficiarão seus moradores”, diz Bruna. Como exemplo, ela cita Porto Alegre, que iniciou um projeto que tem como objetivo transformar a capital gaúcha em uma “cidade cognitiva”, através do programa global IBM Smarter Cities Challenge, que visa auxiliar o desenvolvimento socioeconômico de cidades ao redor do mundo e capacitar líderes globais. Em parceria com a gigante de TI, a Secretaria Municipal de Governança Local apresentou um plano para estabelecer uma linha direta de comunicação entre governo municipal e cidadão em relação às suas demandas e à prestação de serviços à população. Esta edição também traz um guia sobre computação em nuvem. A subeditora Gabriela Stripoli ouviu diversos CIOs, de segmentos distintos de negócios, sobre o uso de serviços em nuvem — software, infraestrutura e desenvolvimento de aplicações. Apesar das divergências de opiniões sobre qual é o melhor modelo para se operar com cloud, se com nuvem pública ou privada, o dado irrefutável é que um número cada vez maior de empresas no Brasil vem adotando a esse conceito de acesso aos recursos de TI, e que tende a aumentar ainda mais nos próximos anos.

NEWS

televisão, jornais e revista como a mídia preferencial dos brasileiros.

Grupo Itausa fechou acordo com a japonesa Oki para a venda de 70% da Itautec e a criação de uma empresa de automação bancária e serviços.

5 Brechas na lei

A entrada em vigor do Decreto 7.962 que regulamenta o comércio eletrônico é criticado por especialista em Direito digital.

6 Internet no topo

Pesquisa revela que a internet já supera a

Repórteres Bruna Chieco, Fabiana Rolfini e Max Milliano Mello (Brasília) Colaboradores Inaldo Cristoni e Ana Moura Fé, Leandro Sanfelice (Vídeorepórter) Arte Edmur Cason (Direção de Arte); Débora Harue Torigoe (Assistente); Rubens Jardim (Produção Gráfica); Geraldo José Nogueira (Edit. Eletrônica); Alexandre Barros e Bárbara Cason (Colaboradores) Departamento Comercial Manoel Fernandez (Diretor) Carla Gois (Gerente de Negócios); e Ivaneti Longo (Assistente) Gerente de Circulação Patrícia Brandão Gerente de Inscrições Gislaine Gaspar Marketing Harumi Ishihara (Diretora) Gisella Gimenez (Gerente) Gerente Administrativa Vilma Pereira TI Inside é uma publicação mensal da Converge Comunicações - Rua Sergipe, 401, Conj. 603, CEP 01243-001. Telefone: (11) 3138-4600 e Fax: (11) 3257-5910. São Paulo, SP. Sucursal SCN - Quadra 02 - Bloco D, sala 424 - Torre B Centro Empresarial Liberty Mall - CEP: 70712-903 Fone/Fax: (61) 3327-3755 - Brasília, DF. Jornalista Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965) Impressão Ipsis Gráfica e Editora S.A. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A CENTRAL DE ASSINATURAS 0800 014 5022 das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira Internet www.tiinside.com.br E-mail assine@convergecom.com.br REDAÇÃO (11) 3138-4600 E-mail cartas.tiinside@convergecom.com.br PUBLICIDADE (11) 3214-3747 E-mail comercial@convergecom.com.br Instituto Verificador de Circulação

INFRAESTRUTURA

24 Apps corporativos

Desenvolvedoras de aplicativos móveis acreditam que a chegada das redes 4G abrirão oportunidades no mercado de apps corporativos.

MERCADO

12 Todos na nuvem

Empresas brasileiras aderem a computação em nuvem e descobrem nessa modalidade de serviço uma forma de reduzir custos.

20 Eficiência a todo custo

GESTÃO

26 Sped requer governança

O Sistema Público de Escrituração Digital impõe Sob a palavra de ordem da eficiência operacional, às empresas o desafio de modernizar gestão. bancos aumentam investimentos em tecnologia.

INTERNET

32 Marketing digital

INFRAESTRUTURA

8 Inteligência urbana

A realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no país fez com que várias cidades investissem em soluções tecnológicas para melhorar a qualidade de vida da população. Capa: Dvpodt/shutterstock.com

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Subeditora Gabriela Stripoli

Claudiney Santos Diretor/editor csantos@convergecom.com.br

>sumário 4 Foco no dinheiro

Editor Erivelto Tadeu

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O e-mail ganha cada vez mais destaque no planejamento de marketing das companhias, o que comprova a efetividade das ações digitais por esse meio.


>news Dukes/shutterstock.com

Troca de controle

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m comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) neste mês, o grupo Itautec informou aos seus acionistas que firmou um contrato de compra e venda de ações com a Oki Electric Industry Co. Ltd., para formação de parceria estratégica nas áreas de automação bancária e comercial e de prestação de serviços. A Itautec pertence à Itausa, holding que controla o banco Itaú-Unibanco, Duratex e Elekeiroz. Conforme os termos do acordo, a nova empresa, ainda sem nome definido, receberá aporte de R$ 100 milhões da OKI, que herdará a carteira de clientes e a tecnologia de produção das unidades de automação e serviços da Itautec. Com isso, OKI passa a deter 70% de participação na nova empresa e a Itautec, os 30% restantes. A operação está prevista para ser concluída em dezembro deste ano, conforme estimativa da Itaúsa, e está sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e ao cumprimento de determinadas condições previstas no acordo. O objetivo da Itautec, que possui grandes empresas em sua carteira de clientes, como o próprio Itaú-Unibanco, e extensa rede de serviços em mais de 3,7 mil cidades, é conquistar maior participação no mercado de automação e serviços de TI por meio de um parceiro estratégico. A OKI diz que acordo com a Itautec é parte da estratégia de expansão das atividades em mercados emergentes, como os da América Central e do Sul. Ela também diz que pretende construir uma base sólida no Brasil, atuando com projeto, desenvolvimento,

fabricação e oferta de serviços de manutenção de caixas eletrônicos. Após a conclusão da transação, a unidade de computação da Itautec, que também atua com a marca Infoway, será paulatinamente desativada. Recentemente, a Itautec promoveu mudanças em sua diretoria executiva com a saída de Mario Anseloni. O executivo havia assumido a empresa em janeiro de 2010 e foi o responsável pela execução de uma grande reestruturação nas operações, que envolveu desde a expansão e a reordenação do portfólio, reforço da atuação comercial, melhorias na gestão até demissões de trabalhadores de sua fábrica em Jundiaí, além de “ajustes” no quadro de funcionários. Saneada, a empresa agora pôde se desfazer de boa parte de seus ativos.

Novo posicionamento

Profissão regulamentada

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SAP reforçou durante o Sapphire Now 2013, principal evento anual da companhia, realizado este mês em Orlando, na Flórida, sua estratégia para ampliar o portfólio de soluções, deixando claro a intenção em desvencilhar-se da imagem de fabricante exclusiva de software de gestão integrada (ERP). A companhia revelou o ingresso no mercado de outsourcing de TI com o lançamento da plataforma Hana Enterprise Cloud, nova modalidade da plataforma SAP Hana, tecnologia em memória para gestão de negócios. A companhia passará a oferecer ao mercado infraestrutura de TI como serviço (IaaS, na sigla em inglês), independentemente do cliente já operar com a plataforma Hana ou com outro tipo de solução. Tendo como lema “inovação sem interrupção”, a ideia é oferecer suporte a aplicações de missão crítica sem riscos e que proporcione uma melhor tomada de decisão, e assim posicioná-la como empresa B2B2C (business to business to consumer). De acordo com o vice-presidente de Inovação da SAP para América Latina e Caribe, Luis Verdi, o novo serviço em nuvem será oferecido primeiramente em mercados mais maduros como os EUA, onde a companhia possui quatro data centers, e na Europa, cujos data centers estão alocados um na Inglaterra e outro na Alemanha. “A partir da aceitação do mercado, comercializaremos a solução na região da Ásia-Pacífico e, por fim, na América Latina, possivelmente entre o fim deste ano e início de 2014”, disse. No Brasil, a empresa avalia a possibilidade de construir um data center dedicado à oferta desse serviço, mas não definiu data e local para sua implantação, tampouco a cifra a ser investida no projeto.

m projeto de lei proposto no início de maio pelo deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP) pretende regulamentar o exercício profissional de trabalhadores na área de informática. O PL 5487/2013 determina que uma série de ocupações como analista de sistemas, programador, técnico de informática, se tornem uma profissão reconhecida formalmente como informata, cujo exercício será restrito. Caso seja aprovada a nova lei, apenas pessoas com diplomas e certificados de nível técnico ou superior em áreas como Sistemas de Informação, Análises de Sistemas, Ciência da Computação e cursos correlatos, ou com certificações profissionais conferidas por grandes empresas do setor poderiam exercer a profissão de informata. A proposta garante, contudo, que os profissionais que hoje exercem atividades nessa área, mesmo sem formação específica, podem permanecer trabalhando. O projeto enumera ainda treze atividades que seriam atribuições da nova profissão regulamentada. Elas vão desde programação, modelagem de dados, desenvolvimento de software, estudos de viabilidade de implantação de projetos de TI, fiscalização e controle de sistemas até o ensino técnico e superior na área. A norma, se aprovada, reservará com exclusividade aos informatas a tarefa de assumir a responsabilidade técnica de “projetos e sistemas para processamento de dados, informática e automação, assim como a emissão de laudos, relatórios, documentação técnica ou pareceres técnicos”.

Fabiana Rolfini, de Orlando (EUA), a convite da empresa.

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Bom, pero no mucho

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Sashkin/shutterstock.com

entrada em vigor neste mês do Decreto 7.962, que dispõe especificamente sobre novas regras da contratação no comércio eletrônico, é considerada um avanço, porém ainda não o suficiente para assegurar boas práticas no setor. A afirmação é de Marcio Cots, sócio do Cots Advogados, escritório especializado em Direito digital, feita em evento em São Paulo. Para ele, embora o decreto que entrou em vigor neste mês seja positivo, ele ainda não é o ideal, pois pode acarretar em novas alterações no futuro. A partir da entrada em vigor do decreto, a empresa que opera com comércio eletrônico é obrigada a indicar em seu site as informações sobre o endereço físico e outras formas de contato para a sua localização; discriminar, no preço, quaisquer despesas adicionais ou acessórias, tais como entrega ou seguros; trazer informações claras e ostensivas sobre o produto ou serviço e quanto a eventuais restrições ao cumprimento da oferta online, entre outras exigências. O decreto também institui o direito ao consumidor de se arrepender da compra. Para Cots, a ordem correta dos fatores seria a aprovação do marco civil da internet, para depois se pensar na regulamentação do Código de Defesa do Consumidor e, assim, criar regras para o e-commerce. “A lei cria regras, o decreto regulamenta regras. Portanto, as prioridades estão invertidas”. O advogado ressalta, ainda, que há inúmeras lacunas a serem preenchidas, como a questão da privacidade dos dados, que está sendo discutida. Há também a questão do e-mail marketing que, na concepção de Cots, muitas vezes nada mais são que “spams com um nome mais bonito”. Um aspecto importante mencionado por ele é que o decreto estabelece que a doação ou venda de lista de e-mails ou mailing list, feita entre empresas sem consentimento dos destinatários, agora é configurada como crime e pode acarretar detenção de seis meses a dois anos — além de multa ao executivo responsável pela empresa

Observatório antipirataria

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Ministério da Justiça anunciou que pretende apoiar a inovação e o empreendedorismo, inclusive no ambiente digital, como forma de combater a pirataria em todo o país. A estratégia faz parte do 3º Plano Nacional de Combate à Pirataria, lançado pelo Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual (CNCP), órgão consultivo do Ministério da Justiça, e que norteará as ações antifalsificação até 2016. O objetivo do Ministério da Justiça é que as empresas consigam produzir artigos originais com preços mais competitivos. “É importante que discutamos políticas públicas com todos os órgãos de governo e a iniciativa privada também para que encontremos alternativas para a competição (entre produtos piratas e originais) que é hoje muito desigual”, afirmou o secretário de Reforma do Judiciário do órgão e presidente do conselho, Flávio Caetano. A produção de informações consistentes relacionadas ao fenômeno da pirataria é outro dos principais objetivos do plano. Para isso, o governo criou duas novas instâncias. A primeira delas é o Diretório Nacional de Combate à Falsificação de Marcas, que funcionará como um banco centralizador das informações a respeito de quais são as marcas e produtos mais pirateados no Brasil. Além disso, a portaria que institui o plano de combate à pirataria também estabelece a criação de um observatório nacional de combate à falsificação, vinculado ao CNCP. O mercado de software, um dos que mais sofrem com a falsificação, recebeu de maneira muito positiva o novo plano do Ministério da Justiça. Segundo números do próprio setor, 53% dos programas em uso hoje no país são falsificados. “É uma proposta excelente, porque ela cobre três aspectos: educação, repressão e economia”, afirma Rodrigo Paiva, coordenador do Comitê de Propriedade Intelectual da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes).

Acordo desfeito

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acordo para venda da unidade de servidores da IBM à fabricante chinesa Lenovo foi quebrado. Pessoas ligadas ao assunto dizem que as companhias não chegaram a um consenso sobre o preço da divisão, que inclui servidores de arquitetura x86 da IBM e cujas vendas anuais giram em torno de US$ 5 bilhões. As fontes não informaram se a IBM fará uma nova tentativa de venda para outra empresa ou se as negociações com a Lenovo continuarão posteriormente. Elas disseram apenas que ao menos mais uma empresa, sem revelar o nome, estaria interessada na compra da divisão. Apesar de fabricar servidores top de linha, a IBM está se afastando das vendas de hardware e concentrando o foco na oferta de serviços e software para o mercado corporativo. Em 2004, a companhia iniciou as negociações para a venda de sua unidade de PCs para a companhia chinesa, em meio a uma crise no mercado de computadores pessoais. O negócio foi concluído no ano seguinte e impulsionou a Lenovo ao crescimento, sendo hoje a segunda maior fabricante de PCs do mundo, atrás apenas da HP.

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>news GE Healthcare lança solução de visualização de imagens médicas O Universal Viewer permite avaliar imagens de exames em celular ou tablet, permitindo a elaboração de diagnósticos a distância

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Android. O médico pode compartilhar o exame a distância para uma segunda opinião, por exemplo, com outro profissional que esteja em qualquer lugar com acesso a conexão à internet. Segundo Francisco Sapori, gerente geral da GE Healthcare IT para América Latina, um recente estudo patrocinado pela empresa mostrou que um radiologista pode desperdiçar até 2,5 horas por dia por conta de ineficiência no fluxo de trabalho, como o tempo gasto se locomovendo entre estações ou até mesmo preparando imagens para análise. “Nesse sentido, o Universal Viewer tem o potencial de reunir em uma só plataforma imagens clínicas obtidas de diversas especialidades, como oncologia e imagem de mama, além de reduzir em 70% os cliques do mouse”. Ele explica que o Universal Viewer incorpora o Protocolo Inteligente de

foto: divulgação

impacto das soluções de mobilidade em todas as áreas de negócios, a pressão por produtividade, custos e fluxo de trabalhos eficientes já faz parte do cotidiano das instituições de saúde brasileiras, que passam a Francisco integrar seus equipamentos Sapori, da GE de diagnósticos para levar a Healthcare informação e colaboração entre departamentos, hospitais e comunidade médica. Essa realidade norteia a estratégia da área de sistema da GE Healthcare, que está lançando a solução Universal Viewer, com a qual pretende ajudar profissionais da medicina a avaliar imagens do paciente de forma mais eficiente, pois ela reúne visualização avançada e ferramentas inteligente, dentro de um sistema intuitivo, integrado ao prontuário único do paciente, que pode ser acessado de qualquer lugar, a qualquer hora, por meio de um PC, MAC, celular ou tablet rodando iOS ou

Visualização (Smart Reading Protocol) pelo qual à medida que os radiologistas começam a utilizar a ferramenta, o sistema aprende como o usuário prefere visualizar as imagens de acordo com diferentes fatores: tipo de modalidade, região anatômica etc. “Com o passar do tempo, o sistema se adapta às preferências do usuário, dispondo às imagens nos monitores de forma automática cada vez que um estudo é aberto. Ele agiliza o processo de interpretação de imagens em oncologia, por exemplo, diminuindo o tempo gasto na recuperação de exames anteriores e preparação do exame atual, liberando mais tempo para o radiologista diagnosticar e rever o caso”. Com ele, os especialistas podem também acessar os mesmos recursos 3D de pós-processamento que os radiologistas e consultar, do seu próprio consultório, um grande número de dados, com segurança. ”As instituições podem usar as configurações de segurança e preferência para determinar o que os médicos podem acessar”, ressalta Sapori.

Mídia preferencial

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smartphone, em vez de no tablet. A internet móvel já afeta também a TV tradicional. Hoje, 73% do público online no Brasil usa a internet em diferentes canais, enquanto assiste à TV. Entre os entrevistados que navegam pela internet através de notebooks enquanto assistem à TV, 56% realizam atividades não relacionadas aos programas que estão assistindo. Quando a navegação é feita por smartphone esse número cai para 48% e para 47% quando é feita via tablet. O levantamento revela, ainda, que a publicidade digital foi considerada menos incômoda (32% contra 18%) do que os anúncios veiculados na televisão, além de mais informativa (50% contra 21%), mais criativa (49% contra 40%), mais crível (38% contra 29%) e mais evidente (45% contra 36%). Quanto às campanhas mais memoráveis, contudo, a vantagem ainda é da TV, com 48% contra 33% do online. De acordo com o estudo, essa preferência faz sentido porque a publicidade em TV tem mais de 40 anos, enquanto na internet ainda não chegou aos 20.

internet é considerada a mídia mais importante para 88% dos brasileiros, à frente da televisão, jornais e revistas. Além disso, 40% passam ao menos duas horas conectados, contra apenas 27% dos que gastam o mesmo tempo assistindo TV. Os dados são do estudo Brasil Conectado – Hábitos de Consumo de Mídia 2013, feito pela comScore e o Interactive Advertising Bureau no país (IAB Brasil), com mais de 2 mil pessoas. Entre os dispositivos mais usados para acessar a web, os smartphones e os tablets foram os destaques. Nesse contexto, os celulares são preponderantes: em 2012, 42% dos brasileiros possuíam esse tipo de aparelho, sendo que em 2013 esse número saltou para 52%. Desses usuários, 37% passam 14 horas semanais ou mais navegando ou usando apps em seu aparelho. Já entre usuários de tablets, 46% passam o mesmo tempo navegando ou usando apps. De acordo com o estudo, pessoas com faixa etária inferior a 35 anos são mais inclinadas a passar mais tempo navegando ou utilizando aplicativos no 6

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“O Universal Viewer tem o potencial de reunir em uma só plataforma imagens clínicas obtidas de diversas especialidades”



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>infraestrutura

BRUNA CHIECO BRUNA CHIECO

Cidades inteligentes

e mais sustentáveis

A realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no país tem feito com que várias cidades lancem mão de soluções tecnológicas e arquitetônicas modernas para melhorar a qualidade de vida da população, com a criação de ambientes sustentáveis, eficientes e com elevado grau de conectividade

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como uma cidade com estrutura de voz e imagem que trabalha com sistema híbrido com mobilidade, dados, 3G, 4G e, a partir dessa infraestrutura de rede e telecomunicações, é construído um sistema inteligente de redes”, destaca o secretário de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Franklin Coelho. Mas ele observa que não basta apenas ter a rede, pois ela precisa ser usada de forma inteligente, em um campo de sistemas de informação de base de dados. “A cidade inteligente só se contemplará se tiver uma apropriação social da tecnologia. A dimensão dos sistemas inteligentes deve ter uma apropriação social, que transforma uma comunidade.” Para o secretário de Governança de Porto Alegre, Cezar Busatto, cidade inteligente é aquela que é capaz de

idades totalmente reconstruídas, conectadas, desenvolvidas com base no conceito de digitalização da infraestrutura de serviços públicos, com ambientes interagindo com o mundo físico — tudo em benefício da população e do atendimento ao cidadão. Assim podem ser definidas as chamadas cidades inteligentes, comunidades que lançam mão do que há de mais moderno em recursos tecnológicos e arquitetônicos como resposta aos desafios impostos pelo adensamento populacional. A ideia é criar ambientes sustentáveis, eficientes, com alto grau de conectividade e, consequentemente, com excelentes níveis de qualidade de vida. “A cidade digital pode ser entendida 8

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mobilizar o conhecimento e a experiência de cada um de seus cidadãos em benefício da coletividade, valendo-se das possibilidades que novas tecnologias oferecem. “Através dessas ferramentas, é possível envolver cada cidadão para gerar melhorias na cidade”, salienta Busatto. Definições à parte, o fato é que o conceito de cidades inteligentes vem ganhando força cada vez maior mundo afora, inclusive no Brasil, embora o país ainda caminhe a passos lentos em relação a cidades ou metrópoles que já implantaram soluções urbanísticas que hoje são referência no tema cidades do futuro, tais como Barcelona, na Espanha, e Songdo, na Coreia do Sul. A expectativa é que os diversos projetos relacionados à Copa do Mundo de 2014 e às Olimpíadas de 2016, tanto do ponto de vista


Rumo a cidades inteligentes Independentemente dos investimentos decorrentes da Copa e das Olimpíadas, algumas cidades brasileiras, mesmo aquelas que não sediarão os jogos, têm desenvolvido projetos de modernização que integram tecnologias e sistemas, principalmente de tecnologias móveis para melhorar e facilitar a comunicação entre os cidadãos. A cidade de Porto Alegre, por exemplo, já possui um centro integrado de comando que reúne as principais áreas do governo, o qual monitora os principais serviços da capital gaúcha. Em abril deste ano, a Prefeitura iniciou um projeto que tem como objetivo transformá-la em uma “cidade cognitiva”, através do programa global IBM Smarter Cities Challenge, que visa auxiliar o desenvolvimento socioeconômico de cidades ao redor do mundo e capacitar líderes globais. Em parceria com a gigante de TI, a Secretaria Municipal de Governança Local apresentou um plano para estabelecer uma linha direta de comunicação entre governo municipal e cidadão em relação às suas demandas e à prestação de serviços à população. “A vinda da IBM nos comtempla com o trabalho junto a seis executivos da empresa”, explica o secretário Busatto. “É importante, pois apresentamos um projeto para avançar em direção a uma cidade cognitiva, na qual o conhecimento e a experiência de cada cidadão é utilizada para melhorar a vida da cidade através da conectividade. Vamos trabalhar com a inteligência da multidão”. O secretário explica que a IBM levou sugestões de novos aplicativos que podem levar a

foto: cristine rochol/pmpa

espalhados, é fundamental. “A Prefeitura decidiu usar informações para criar uma Porto Alegre mais inteligente”, destaca. A IBM trabalha com outros projetos “Cidade inteligente em diversas cidades do mundo. No Rio é aquela que é de Janeiro, a empresa implantou em capaz de mobilizar 2010, junto com a Cisco, Cyrela, o conhecimento e Facilities, Mauell, Oi e Samsung, um centro de operações com painel em que a experiência de câmeras permitem visualizar a cidade — cada um de seus cidadãos em todos os órgãos que a administram benefício da trabalham juntos. coletividade, Outro projeto da companhia é o valendo-se das realizado com o governo do Acre para possibilidades que modernização dos sistemas da informação. O governo decidiu adotar uma novas tecnologias solução unificada, que reúne todos os oferecem” processos em um único ponto. A solução Cezar Busatto, permitiu a organização do processo de secretário de atendimento no formato multisserviço, que Porto Alegre consolida as informações necessárias para a execução do atendimento em todo o estado. “No Acre, o objetivo é levar serviços públicos para a sociedade, não apenas com acesso a informações, mas com rapidez de atendimento ao cidadão. Na segunda fase, teremos um governo eletrônico, para prestar o serviço ao cidadão”, explica Taurion. A implantação de um banco de dados único para atender às demandas de informações comuns das pessoas está em operação desde o fim de 2010 e auxiliou na redução do tempo de atendimento ao cidadão em 97%, aumentando a eficiência da interação governo-população, minimizando os processos burocráticos. A cidade de Belo Horizonte também está desenvolvendo um projeto para melhorar o deslocamento de moradores e turistas por meio da modernização da infraestrutura de mobilidade, o Smart City

ganhos e melhorias à população, como identificação de vagas livres para estacionamento nos bairros da cidade ou, por exemplo, a tecnologia que permite aos usuários de transportes coletivos saber qual a melhor linha de ônibus em determinado horário. “Outra proposta é criar um núcleo de inteligência que coordene as iniciativas. Isso exige especialistas em informação”. O próximo passo será apresentar a proposta ao prefeito de Porto Alegre, José Fortunati. Com alguns bilhões de dólares investidos em capital intelectual, a IBM selecionou Porto Alegre para o projeto com base em um determinado problema que a própria cidade definiu como importante. Cezar Taurion, gerente de novas tecnologias da IBM Brasil, destaca que medir o “pulso da cidade”, organizando e analisando dados foto: Raphael Lima

tecnológico quanto em relação às intervenções urbanas planejadas para os dois eventos, deixem efetivamente um legado para o país e a cidade do Rio de Janeiro (no caso das Olimpíadas). Estudo inicial do Ministério dos Esportes previa que somente o evento da Fifa geraria investimentos de R$ 183 bilhões para o país, sendo que apenas para TI e telecomunicações seriam aplicados R$ 3,3 bilhões. Outro estudo, realizado pela consultoria Ernst & Young, indicava que os gastos com TI, para atender às exigências da Copa do Mundo, seriam R$ 589 milhões. Embora esses números tenham sofrido várias revisões, para mais ou para menos em alguns casos, analistas de mercado avaliam que a infraestrutura do país como um todo deve se beneficiar com a realização dos eventos esportivos.

Centro de Operações do Rio de Janeiro m a i o

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>infraestrutura de cargas e logística. Também serão desenvolvidos trabalhos voltados ao monitoramento de informações sobre transporte público e privado para grandes eventos esportivos. “Começamos em 2012 e a perspectiva é ir até 2017, dependendo da adesão das empresas. Somente o aporte do Sebrae-MG foi de cerca de R$ 1 milhão, mas há investimentos de outras empresas e do próprio governo do estado.”

gestão inteligente de recursos Esquema mostra como as organizações públicas e privadas podem se beneficiar do uso de dispostos móveis e sensores encontrados em sistemas de automóveis, gerenciamento de tráfego, prédios inteligentes e eletrodomésticos

Criar um planeta mais inteligente vai além de alcançar

2,5 bilhões

de pessoas que acessam a web

ou

6 bilhões

de telefones móveis ativos

Trata-se de interconectar dados com a “internet das coisas”

Criar carros conectados para uma indústria automotiva mais inteligente Escalonando as redes de mensagens para responder a GPS

manutenção

alertas de segurança

de cada veículo, em tempo real

Acelerar serviços de emergência para uma cidade mais inteligente Reconhecendo imediatamente perigos para emissão automática de avisos a fim de alertar cidadãos

redirecionar o trânsito

enviar equipes de emergência

Capacitar bancos mais inteligentes para melhor atender clientes móveis Diminuindo a latência e demandas de custo com notificações confiáveis em tempo real

segurança de ponta a ponta

Fonte: IBM, proposta do IBM MessageSight, 29 de abril de 2013.

Mobility, ou mobilidade urbana inteligente. Trata-se de uma iniciativa criada e promovida pelo Sebrae-MG em parceria com entidades empresariais e o governo do estado de Minas Gerais. Para sua realização são fornecidos incentivos a um grupo de micro e pequenas empresas para desenvolvimento de soluções inteligentes para a cidade. “Temos 48 empresas e um cronograma de um conjunto de ações a serem executadas ao longo de cinco anos”, explica Márcia Valéria Machado, analista do Sebrae-MG. “A cada ano decidimos ações prioritárias

específicas e nossa intenção é gerar competência nas pequenas empresas para atender às necessidades do mercado e gerar novos negócios, fomentando a sustentabilidade e contribuindo para desenvolvimento social e econômico.” Como primeiro passo para o projeto, no ano passado foi estabelecida uma geração de competências com foco em inovação. Neste ano, o projeto envolverá o uso da tecnologia RFID (identificação por radiofrequência) para ajudar a mobilidade em saúde, transporte, educação, com produtos voltados para taxistas, transporte 1 0

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Eventos esportivos Aproveitando o embalo dos eventos esportivos, o governo do estado de Pernambuco quer transformar a região em torno da Arena Pernambuco em referência de cidade inteligente. A Cidade da Copa, construída no município de São Lourenço da Mata, próximo a Recife, está passando por diversas fases de implantação de tecnologia e, no fim, deixará um legado para a região. Para construção do projeto, foi formado o consórcio Arena Pernambuco encabeçado pela Odebrecht em parceria com a NEC, Ericsson e Cisco. Segundo Alexandre Nakamura, gerente de cidades inteligentes da NEC no Brasil, o projeto está dividido em fases, sendo que a primeira, já concluída, contempla as áreas de entretenimento da Cidade da Copa e tem como primeira iniciativa o estádio. Para a próxima etapa está sendo discutida a criação de uma universidade. “Essa é uma região nova sendo desenvolvida e a universidade atrairá diariamente pessoas para lá”, justifica Nakamura, que prevê o início da construção dentro de dois a três anos. Depois disso, serão realizados projetos para atrair comércio e escritórios. “Tudo isso demandará tecnologias para aumentar e melhorar o planejamento. No estádio, a grande evolução são os sistemas integrados — alarme, câmeras etc. — na mesma plataforma. A universidade é um modelo trazido de fora do país e visa a integração entre grupos, conectando o espaço acadêmico com o mundo”, explica o executivo da NEC. Todo o projeto tem como foco a eficiência para facilitar a vida das pessoas. As experiências feitas na Cidade da Copa servirão para melhorar o uso da energia com smart grid, sensores inteligentes ao longo da rede e controlar ou armazenar energia para uso em horários de pico. Outro ponto importante citado por Nakamura é a quantidade de informação gerada em uma cidade, que exige um sistema para processá-los. “Em


Desafios à vista Uma cidade inteligente não nasce de um dia para o outro. Inúmeros desafios envolvem a construção da infraestrutura tecnológica, que requer investimentos e demanda tempo, principalmente quando tudo é feito a partir do zero. Nakamura, da NEC, destaca que por mais que os projetos estejam encaminhados, para que, de fato, se tenha como produto uma comunidade inteligente pode levar 20 anos. Além da obtenção de tecnologia adequada, os desafios citados pelos especialistas são a dificuldade para reunir órgãos públicos num trabalho conjunto, em um grande centro de comando, e alcançar a harmonia entre gestores e cidadãos para aproveitar essas tecnologias de forma correta. De acordo com Taurion, da IBM, a aplicação de tecnologia para tornar os processos das cidades mais inteligentes necessita do interesse da gestão pública combinado com a participação e

foto: divulgação

um trânsito caótico, há sensores que monitoram e é preciso filtrar as informações.” O controle integrado também é um ponto importante para os agentes públicos, tais como polícia, bombeiros etc. “Todas as cidades que sediarão a Copa do Mundo devem ter essa integração e um centro de comando e controle”, enfatiza. Com atuação em diversos projetos espalhados pelo país, que visam aumentar a conectividade de municípios e prepará-los para os próximos desafios, a Cisco é responsável pela infraestrutura de telecomunicações do centro de operações no Rio de Janeiro, onde foram instalados 171 telefones IP, tecnologia para conferência e vídeo e infraestrutura wireless, que permite o acesso à rede a partir de qualquer dispositivo móvel, além de salas de telepresença. Em meados deste ano, a companhia deve inaugurar o centro de inovação, também na cidade carioca, visando o desenvolvimento de soluções nas áreas de saúde, educação, segurança pública, energia, petróleo, entre outras. “São áreas com alta necessidade de melhores serviços no Brasil”, explica o diretor de setor público da Cisco do Brasil, Amos Maidantchik. “O Rio de Janeiro é o principal hub para implantação dessas tecnologias, devido aos diversos eventos que sediará”. A fabricante fornecerá toda a infraestrutura de rede para dez estádios, cujos nomes não são divulgados.

tornar os gestores “donos” do conjunto de informações que eles poderão obter a partir do cruzamento de dados e relatórios gerenciais. “Trabalhar com indicadores de desempenho e metas de atendimento e disseminar o conceito de “Experiências feitas gestão do relacionamento com o na Cidade da Copa cidadão, em vez de gestão de servirão para atendimento, é outro desafio.” melhorar o uso da Todas essas aplicações englobam uma mudança cultural da população, de energia com smart grid, sensores gestores, professores, coordenadores etc., destaca Franklin Coelho, secretário inteligentes e controlar ou do Rio de Janeiro. “A concepção de gestão e o padrão de investimento muda armazenar energia e é preciso levar as oportunidades para para uso em todas as classes sociais.” Coelho, horários de pico” contudo, é otimista com os avanços que Alexandre o Rio de Janeiro tem feito nesse âmbito, Nakamura, da principalmente pela cidade ser, segundo NEC Brasil ele, referência no país em inovação atualmente. “Acompanhamos a evolução de cidades no mundo inteiro, e cada uma tem aspectos que podemos apropriar. Nosso desafio é ter um ambiente construído combinando a herança do passado e pensando no espaço futuro. O Rio de Janeiro está aproveitando uma oportunidade única com os eventos esportivos e o conjunto de fatores faz com que empresas de tecnologia procurem a cidade.” Já Amos Maidantchik, da Cisco, acredita que, apresar dos avanços em tecnologia que o país tem feito, tudo está muito concentrado no local onde serão os eventos. “O investimento profundo em mobilidade urbana e esportes está aquém do imaginado ou esperado. Acabamos pecando pela falta de planejamento e talvez não tenhamos aproveitado as oportunidades desses grandes eventos”, opina.

engajamento do cidadão. “A gestão pública tem que ser madura o suficiente para se expor ao cidadão. Tecnologia, gestão pública madura e cidadão engajado formam a base para cidades inteligentes.” O secretário Busatto, de Porto Alegre, compartilha da opinião e observa que a maior dificuldade dos gestores públicos é aceitar a necessidade que o governo tem em abrir dados à população. “Há uma resistência em abrir dados, pois os governantes acham que é se expor, se fragilizar. Teremos que avançar rapidamente nesse sentido”, destaca. Do ponto de vista tecnológico, o desafio é garantir o acesso à internet de boa qualidade em todos os pontos da cidade, segundo Lídia Vasconcelos, secretária municipal adjunta de Modernização de Belo Horizonte, enquanto do ponto de vista de gestão é

O bilionário mercado de smart cities

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conceito de cidades inteligentes — smart cities — já existe há algum tempo. Ao redor do mundo, diversas cidades investem em tecnologia inovadora para modernizar sua infraestrutura e melhorar o atendimento ao cidadão. O último estudo divulgado pela ABI Research mostra que o mercado de tecnologia que alimenta e suporta programas de cidades inteligentes crescerá globalmente de US$ 8 bilhões, em 2010, para mais de US$ 39 bilhões em 2016. Já o mercado de soluções para modernizar e expandir a infraestrutura das cidades deve movimentar US$ 116 bilhões no período. Outro estudo, mais recente, encomendado à Harris Interactive pela SAP, mostra que a tecnologia machine to machine (M2M), que permite a comunicação entre máquinas, contribuirá para a criação de cidades inteligentes, através da proliferação de smartphones e outros dispositivos móveis conectados à internet. Máquinas de venda, automóveis, casas e cidades conectadas transformam grandes volumes de dados em informações para serem usadas nas tomadas de decisões em tempo real. Contudo, ainda há barreiras para a adoção da M2M. A falta de conhecimento necessário para o gerenciamento e a segurança são alguns exemplos de obstáculos para a consolidação dessa tecnologia, citados por empresas no Brasil, Índia, Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido. m a i o

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GABRIELA STRIPOLI

TI na nuvem O uso de serviços em nuvem — software, infraestrutura e desenvolvimento de aplicações — começa a ganhar a adesão de um número cada vez maior de empresas no Brasil

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computação em nuvem (ou cloud computing) já é realidade entre as empresas brasileiras que, aos poucos, começam a descobrir nessa modalidade de serviço uma forma também de aumentar a segurança e a disponibilidade dos sistemas e tornar os processos mais eficientes, entre outros benefícios. Baseados no modelo de pagamento pelo uso, semelhante aos serviços de telefonia e energia elétrica, os serviços de nuvem trazem como principal vantagem, no entanto, a possibilidade de a empresa transformar despesas de capital (Capex) em custo operacional (Opex), já que os gastos internos para implantação e manutenção da infraestrutura de TI têm aumentado exponencialmente nos últimos anos. E apesar de a economia financeira ser um

forte atrativo, as empresas têm hoje conseguido tirar proveito de outros aspectos que vão muito além, tais como a capacidade de se manter atualizada tecnologicamente, maior flexibilidade computacional e melhor gestão da área de TI. Não é à toa que a computação em nuvem faz parte da agenda de nove entre dez CIOs. Uma pesquisa conduzida pela Deloitte com 456 executivos no Brasil e nos Estados Unidos mostra que 82% das companhias já utilizam soluções em nuvem, distribuídas entre software como serviço (SaaS), com 56%, infraestrutura como serviço (IaaS), com 25%, e plataforma como serviço (PaaS), com 17%. Mas seja qual for a modalidade de serviço, a opção preferencial das empresas tem sido pela nuvem privada, principalmente entre as grandes 1 2

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corporações. Questões como segurança de dados e a possibilidade de gerenciar melhor os recursos e serviços de TI estão entre os aspectos apontados por elas para a escolha da cloud privada, em detrimento da nuvem pública. É o caso da Andrade Gutierrez, onde a palavra de ordem é segurança. De acordo com a CIO Cibele Fonseca, a construtora optou por manter uma cloud privada gerenciada por sua própria equipe de TI em razão da segurança ser algo que afeta muito o negócio da empresa. “Ainda não vi nenhum fornecedor no mercado com proposta de SLAs [acordo de nível de serviço] e requisitos de segurança completamente cobertos pela exigência da nossa empresa. Não há garantia suficiente que nos leve a colocar qualquer sistema ou ambiente crítico fora de nossa casa”, justifica. Outro aspecto que levou a Andrade Gutierrez optar por colocar seus


fotos: divulgação

aplicativos e sistemas em uma nuvem privada foi a falta de um arcabouço legal para serviços de computação em nuvem, o que gera insegurança jurídica. Cibele observa que a TI corre muitos riscos ao hospedar dados e rodar aplicações em ambientes públicos. “Enquanto não houver um arcabouço legal e mais garantias de segurança, continuaremos com nosso modelo de nuvem, que se mostrou até agora muito rentável e seguro”, diz. A equipe de TI da construtora administra um grupo de usuários extremamente volátil, que varia de 500 a 2 mil pessoas, dependendo da obra em execução. Por isso também a opção pela nuvem privada, já que é preciso ter flexibilidade para se adequar à demanda variável de usuários. Embora essa preocupação com a segurança seja vista como extrema por alguns analistas, a política da Andrade Gutierrez corrobora pesquisa da Deloitte, a qual mostra que a adoção do modelo IaaS ainda é baixo mesmo entre as empresas que já têm cultura de computação em nuvem. De modo geral, as companhias optam por iniciar seus projetos de cloud com o modelo SaaS, para aplicações do dia a dia, de importância para o negócio, mas não críticas, para somente depois partirem para um sistema complexo com IaaS e PaaS. Ainda conforme o estudo, no recorte feito das empresas brasileiras, o uso de IaaS é ainda menor. Mas há exceções, como é o caso dos Laboratórios Dasa, que reúne uma das maiores redes de empresas de exames clínicos e diagnósticos do Brasil. Depois de virtualizar seu data center com a VMware, a companhia deu, há alguns meses, o primeiro passo em direção à nuvem pública com a contratação da Salesforce.com para operar sua aplicação de CRM. Essa decisão, porém, só foi possível após muito planejamento, conforme ressalta o CIO da Dasa, José Otávio Garcia. Mesmo assim, os sistemas e aplicações críticas foram mantidos in house. Isso porque, segundo Garcia, a disponibilidade fala mais alto que a segurança. Ele conta que até chegou a analisar alguns contratos de fornecedores para levar essas soluções para nuvem pública, mas diz que, além da precariedade das redes de telecomunicações, inadmissíveis quando se trata de sistemas e aplicações

dos sistemas, é tentar amenizar as limitações com falta de qualificação de mão de obra. Na ponta do lápis Se há uma unanimidade entre os diretores de TI é que a computação em nuvem, de fato, proporciona redução do custos. Marcelo Tonhazolo, CIO da gigante da agroquímica Monsanto, vê o serviço de nuvem como a formalização da terceirização para diminuir despesas com compra de hardware e licenças de software, somadas a economia de custos com energia e manutenção de servidores e data centers. “Com as contas no papel, muitas vezes a solução de TI seria inviável sem a nuvem, caso a empresa tivesse que arcar com tudo.” No caso da Monsanto, o grande ganho foi da escalabilidade. Isso porque, como a infraestrutura e as aplicações crescem conforme a demanda, a empresa não precisa fazer grandes investimentos em hardware e na infraestrutura para suportá-los. Hoje, ela trabalha com o ERP da SAP e outros sistemas críticos hospedados numa nuvem privada, mas também conta com desktops virtualizados em nuvens públicas de diversos fornecedores como o Google e a Amazon Web Services. Alguns CIOs observam que, na carona da redução de custos, há também a otimização dos recursos de TI com a nuvem. A Serasa Experian que também opera com um ambiente híbrido de cloud — com infraestrutura e sistemas críticos in house, mas utilizando nuvem pública para aplicações escaláveis. Conforme explica o vicepresidente de TI da Serasa Experian

críticas, falta um compromisso maior dos fornecedores de serviços em nuvem para reparar os danos em caso de indisponibilidade do sistema (downtime). “Propusemos uma cláusula de multa pesada ao prestador de serviços em relação à indisponibilidade. Nenhum deles aceitou. Por isso, a segurança não está totalmente ligada à tecnologia, que até já chegou a um nível de maturidade. Falta confiança e domínio dos próprios fornecedores para assumirem maior compromisso com os clientes”, critica. Apesar de já constar no planejamento de TI da Dasa, a migração dos sistemas para a nuvem será feita de maneira gradual. “Nós trabalhamos com um cronograma que prevê desde o treinamento da equipe até garantias de tempo e de suporte”, conta Garcia. Ele diz que a ideia, com isso, além de garantir disponibilidade e a manutenção

Segurança em primeiro lugar

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segurança é, sem dúvida, a principal barreira e o ponto crítico citado pelos CIOs para adoção da computação em nuvem. Uma mostra disso é que, entre os executivos de TI consultados para a pesquisa da Deloitte, 66,1% a indicaram como o maior obstáculo. Na sequência, aparecem a preocupação com disponibilidade dos sistemas (SLAs), com 57,1%, e o risco de perda de controle sobre as informações, mencionada por 46,4% dos executivos. Outro dado que causa apreensão entre os executivos de TI diz respeito a regulamentação jurídica da computação em nuvem, apontada como um dos principais riscos ao negócio por 28,6% dos entrevistados, ao lado de auditoria e conformidade. Por último, aparece o baixo retorno financeiro, mencionado por 21,4% dos executivos. A consultoria ressalta, contudo, que a preocupação excessiva com segurança da informação e disponibilidade dos dados não é exclusiva da computação em nuvem. Na verdade, ela sempre existiu desde os primórdios da TI, e é válida para toda rede computadorizada, inclusive as que a própria empresa opera. O estudo da Deloitte considera que não há como não correr nenhum risco com computadores. Por isso, a saída é mitigá-los e contar com certificações e redundância de sistemas e dados.

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“Não há garantia suficiente que nos leve a colocar qualquer sistema ou ambiente crítico numa nuvem pública” Cibele Fonseca, da Andrade Gutierrez


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para América Latina, Lisias Lauretti, isso permite o trabalho de otimização e seleção de big data na nuvem pública, antes de internalizar dados, além da expansão das operações, ganho de agilidade e backup, entre outras atividades que, sem a nuvem, seriam custosas. Lauretti diz que a estratégia de “Com as contas nuvem da companhia trabalha com o no papel, muitas conceito de “área de transbordo”. Isso vezes a solução de significa que testes, simulações, trabalho TI seria inviável com novas arquiteturas e ganho de sem a nuvem, desempenho para casos específicos são caso a empresa realizados na nuvem pública. “Por tivesse que arcar definição, tudo que é core da companhia com tudo” acontece dentro de casa, na nossa nuvem privada. A nuvem serve, por Marcelo exemplo, para obter e melhorar dados, Tonhazolo, da Monsanto sempre com a característica de desafogar um ponto da TI ou viabilizar um protótipo novo”, explica. Lauretti conta que o conhecimento sobre a cloud computing é construído com os usuários junto com os próprios fornecedores. “No começo, contamos com o apoio de consultorias no sentido de aprender o modelo em conjunto. A complexidade vai aparecendo conforme a curva de adoção, suas necessidades em infraestrutura e software na medida em que você usa a nuvem e direciona a ela seu investimento.” A nuvem privada da Serasa Experian foi implantada há mais de um ano, com virtualização de servidores pela VMware. Já a primeira experiência com a nuvem pública aconteceu em março do ano passado. Entre os fornecedores, está a Microsoft, com qual a empresa ainda está em negociações para implantação de software e serviços, mas em fase avançada, e a Amazon Web Services. Como ela trabalha com dados na nuvem pública que posteriormente são internalizados na nuvem privada da companhia, a integração entre esses ambientes é feita por meio de links dedicados. Por meio desses links é realizado o sincronismo entre as bases, troca de arquivos, além do acesso para manutenção dos servidores. Embora a redução de custos seja um dos principais impulsionadores da “Por definição, computação em nuvem, por ter se tudo que é core revelado não só como opção econômica da companhia e segura para armazenar informações e acontece dentro cortar gastos operacionais, a flexibilidade de casa, na nossa e escalabilidade foram mencionadas por nuvem privada” 46% dos executivos de TI ouvidos pela Lisias Lauretti, da Deloitte no estudo sobre a nuvem, e Serasa Experian apontados como os atributos mais

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>mercado

relevantes. Como flexibilidade, muitos CIOs citam o fato da computação em nuvem permitir ao usuário acessar os seus dados e aplicações armazenadas em hardware remoto via internet, em vez de manter todos na sua estação de trabalho local. Foram esses justamente os aspectos que levaram a Monsanto a implantar, nos últimos meses, uma ferramenta de automação de vendas da Salesforce.com. “Isso permitirá aos vendedores fechar diretamente pedidos do cliente, desenvolvendo um trabalho colaborativo e remoto. O ganho de produtividade é imenso. Não faz sentido, nos dias de hoje, exigir que um colaborador se desloque até a sede da companhia, em São Paulo, perdendo tempo no trânsito, por exemplo, se

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todas suas atividades podem ser realizadas com uma estação móvel de trabalho”, argumenta Tonhazolo. Esse também um dos pontos que fizeram a Viação Garcia aderir à computação em nuvem. Conforme explica o CIO Marcos Elidio Klein, em razão de seu próprio negócio, a empresa mantém agências de vendas de bilhetes espalhadas por diversas cidades brasileiras, que precisam acessar os sistemas de TI constantemente e que, portanto, precisam estar disponíveis. “E a nuvem permitiu o gerenciamento centralizado e a manutenção praticamente em tempo real”, frisa ele. Klein conta que a Viação Garcia começou, de fato, a operar com nuvem em 2006, embora já possuísse arquitetura de TI compatível com os padrões de cloud computing, o que facilitou a adoção. “Sempre pensamos na capilaridade, porque a necessidade de trabalho remoto sempre existiu. Já nos anos 1980, pensávamos em linguagens e arquiteturas x86 de fácil evolução para a internet”, conta. Para ele, o principal benefício da nuvem é a rapidez ao disponibilizar atualizações de sistemas ou até mesmo realizar reparos de maneira remota em diversas localidades. A Viação Garcia também trabalha com nuvem híbrida, sendo que a nuvem pública é utilizada apenas para o sistema de venda de passagens, conectado a servidores próprios por redes privadas virtuais (VPNs). Atualmente, 30 desktops virtuais operam com o VMware View, de um total de 110 licenças adquiridas. O objetivo é virtualizar todos os 500 desktops com os quais a companhia trabalha. “O principal objetivo da nuvem é controle e centralização. Boa parte das empresas de médio e grande porte, como a Viação Garcia, detectou isso há algum tempo por atuar em diferentes filiais”, resume Klein. Para ele, a segurança maior está em confiar nos provedores e, ao mesmo tempo, ter o controle centralizado das operações remotas. Os sistemas de ERP e de gestão de frota, como trocas e reparos de equipamentos, feitos sempre na matriz, permanecem in house. “No fim, a decisão é simples. Tudo que já é estanque está centralizado ‘dentro de casa’. Já o que eu preciso disponibilizar remotamente, coloco na nuvem”, conclui.


>artigo Márcio Cots*

Aspectos legais de contratos

de cloud computing Um bom contrato de prestação de serviços de computação em nuvem deverá prever, entre outros itens, o padrão de nível de serviço que se está contratando, fazendo constar o que as partes esperam uma da outra

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novações tecnológicas como o cloud computing (computação em nuvem), de porte global e de grande complexidade, geram impacto nos mais diferentes níveis do conhecimento. Se por um lado os profissionais de TI avaliam os prós e contras, e a abrangência e capacidade da nuvem, por outro lado, alguns operadores do Direito já discutem as implicações jurídicas desse tipo de serviço. É certo que a computação em nuvem aumentará seu alcance a curto e médio prazo, especialmente porque é o tipo de tecnologia que atende aos anseios sociais e empresariais atuais. Todavia, a contratação de serviços de cloud computing exige muita reflexão e cuidado. Reflexão porque o interessado deverá ter muito clara a real necessidade de utilização da nuvem, a fim de que o padrão do serviço contratado seja adequado aos seus objetivos. Definida a necessidade, há que se pensar nos riscos da contratação, e se vale a pena corrê-los. Sobre os riscos, apenas para fins didáticos, poderíamos dividi-los em dois grandes grupos: riscos operacionais e riscos jurídicos propriamente ditos. Por riscos operacionais, podemos citar a indisponibilidade ou interrupção da prestação de serviços, os controles de acesso interno, ou seja, se todos os usuários poderão acessar o mesmo tipo de informação na nuvem, ou ainda, se as informações confidenciais e estratégicas poderão ser acessadas de qualquer lugar, entre outros. Sobre o risco de indisponibilidade ou interrupção da prestação de serviços, que parece ser a hipótese mais temida, uma empresa poderá ter seu negócio gravemente afetado se depender da nuvem para desenvolver suas atividades. Nos EUA, a Amazon Web Services (AWS) foi obrigada a pedir desculpas publicamente por constantes interrupções

responsabilidade pelo vazamento de informações, a situação da fabricante de refrigerantes seria ainda pior. Para mitigar ou até eliminar certos riscos, um bom contrato de prestação de serviços é essencial, já que, por meio dele, numa demanda arbitral ou judicial, o prestador de serviços poderá ser obrigado a observar as condições pactuadas, ou ainda a indenizar a parte prejudicada em caso de deficiência na prestação. Um contrato adequado deverá prever, entre seus itens mais importantes, o padrão de nível de serviço que está sendo contratado, fazendo constar expressamente o que as partes esperam uma da outra. Quando se fala em nível de serviços, considera-se especialmente a disponibilidade e segurança das informações. Não existe sistema que se processe sem margem de indisponibilidade, muito menos que sejam 100% seguros. Quanto melhor os níveis, maior o preço a ser pago, e juridicamente não adianta contratar um serviço que se prometa altamente eficiente por preço abaixo do mercado. É necessário especificar no contrato, ainda, a metodologia de medição dos serviços, como de disponibilidade, velocidade e segurança, determinando-se quais serão as penalidades cabíveis em caso de nível abaixo do contratado. Por fim, vale salientar que a estipulação de multas e penalidades é altamente recomendável, não apenas para incentivar o cumprimento correto do contrato, mas também como forma de ressarcimentos dos eventuais prejuízos causados à parte inocente.

em seus serviços de cloud computing, o que tirou do ar diversos sites. Entretanto, dependendo do nível de dependência que a empresa tem da nuvem, pedidos de desculpas não serão suficientes para ressarcimento dos prejuízos causados. Neste caso, o mais adequado seria ter a previsão contratual, que é “lei entre as partes”, de um SLA (service level agrément, ou acordo de nível de serviço), onde se estipularia regras específicas quanto à continuidade e qualidade do serviço prestado. Outro risco relevante que deve ser tratado em contrato de cloud computing é o de vazamento de informações, como senhas, logins, planos estratégicos, segredos industriais etc. Se, por exemplo, a fórmula secreta de uma famosa marca de refrigerante estivesse na nuvem e viesse a público, os prejuízos a empresa seriam inimagináveis. Isso nos dá a deixa de abordarmos os riscos jurídicos propriamente ditos da computação em nuvem. Voltando ao exemplo da fabricante de refrigerantes, se no contrato que a empresa tivesse com a fornecedora de serviços de nuvem dispusesse que esta não teria qualquer

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*Márcio Cots é sócio do COTS Advogados, escritório especializado em Direito Digital. Mestre em Direito pela FADISP e especialista em cyberlaw pela Harvard Law School – EUA, é professor de Direito Digital dos MBAs da FIAP – Faculdade de Informática e Administração Paulista. 1 5


Guia Cloud Computing

>artigo

Alberto Parada*

Formação de profissionais para

computação na nuvem

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á muito tempo, o mercado de TI busca profissionais com formação e conhecimento gerais. Isso é decorrente da cobrança que eles sofrem para olhar e elaborar soluções abrangentes e não apenas focadas em uma área de conhecimento. Hoje, com o cloud computing, isso se tornou mandatório, já que esse conceito é a somatória de várias tecnologias, que acaba demandando um novo tipo de profissional. Diferente de outros momentos de avanços tecnológicos, quando o surgimento de novas soluções geravam necessidades de conhecimentos específicos, a computação em nuvem não é uma tecnologia peculiar. Ele é a somatória de diversas soluções com o objetivo de proporcionar um novo modelo de solução para o negócio. Decompondo a solução de nuvem, nota-se que ela está baseada em uma consistente tecnologia de rede. É impossível ter alta disponibilidade e contingenciamento sem uma rede que permita caminhos diferentes para chegar aos sistemas. Dessa maneira, é impensado ter um profissional que não conheça redes, suportando ou desenvolvendo uma solução de cloud computing. Para conseguir ter alta disponibilidade e acesso de qualquer lugar, as aplicações precisam estar em diferentes lugares e serem acessadas de diversas maneiras. A quebra do paradigma de aplicações cliente-servidor já se foi há tempos. Agora, as aplicações estão replicadas e entram em ação de acordo com a conveniência do melhor caminho que as redes de computadores desejarem. É impossível entender esse conjunto de situações sem saber como é desenvolvida ou mantida uma aplicação em um ambiente de nuvem. As aplicações não funcionam sozinhas,

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O profissional que deseja trabalhar com computação em nuvem tem que deixar a redoma vivida antigamente pelos profissionais de TI e ir para a linha de frente procurar entender o negócio do cliente

cada dia mais são dependentes dos bancos de dados e de gigantescos storages, capazes de suportá-las e dar confiabilidade à enorme massa de informações gerada, oriundas das aplicações. Colocar estas bases respondendo para as aplicações e suportadas pelos storages não é um trabalho fácil. Nada disso seria possível sem a virtualização de servidores, algo que veio do mundo do mainframe e se propagou nas chamadas plataformas baixas. Seria muito difícil ter uma solução de nuvem sem as tecnologias descritas até o momento. Mas, com certeza, sem a virtualização dos servidores, seria impossível. Assim como é impossível um profissional trabalhar com cloud computing sem conhecer os conceitos e o funcionamento de sistemas de virtualização. Como mencionado no início, é obrigatório que o profissional de computação em nuvem tenha uma visão à frente dos profissionais especialistas. E conhecer a arquitetura das tecnologias é o grande diferencial para entender a melhor solução para o cliente. 1 6

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O profissional que deseja trabalhar com computação em nuvem tem que deixar a redoma vivida antigamente pelos profissionais de TI e ir para a linha de frente de seus clientes entender o seu negócio. É impossível conceber, implementar e operar uma solução adequada sem conhecer o negócio e as necessidades dos clientes. O primeiro passo para quem quer adentrar o mundo do cloud computing é ter consciência das necessidades e visões acima. O próximo passo é definir por onde começar. Primeiro identifique quais são suas maiores virtudes, se estão mais próximas da aplicação ou da infraestrutura. Depois, o mais prudente é fortalecer e desenvolver a periferia do seu saber. Assim, se seu viés é de desenvolvimento, busque aprofundar seu conhecimento próximo como: arquitetura, virtualização e banco de dados para, somente depois, buscar conhecer o que está mais ligado à infraestrutura. Caso sua base seja infraestrutura, faça o processo inverso: consolide seu conhecimento em redes, servidores, storage e segurança e, depois, busque conhecer o que está mais distante da sua zona de conforto. O importante, independentemente de por onde for começar, é aprender rapidamente a entender como o cliente pensa e o que deseja. O mercado ainda aceita profissionais que não conheçam profundamente todas as tecnologias que compõe a solução de computação em nuvem, mas descarta aqueles que não entendem o negócio do cliente. *Alberto Marcelo Parada é formado em administração de empresas e análise de sistemas, com especializações em gestão de projetos pela FIAP. Já atuou em empresas como IBM, CPMBraxis, Fidelity, Banespa, entre outras. Atualmente integra o quadro docente nos cursos de MBA da FIAP, além de ser diretor de projetos sustentáveis da Sucesu-SP.



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>mercado FABIANA ROLFINI

O desafio da eficiência Nos últimos anos, a melhoria do índice de eficiência operacional tornou-se um mantra dentro das instituições financeiras, o que tem levado ao aumento dos investimentos em tecnologia, principalmente para o aperfeiçoamento dos serviços de autoatendimento, contact center e internet banking

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para tecnologia, inovação e operações de atendimento. Deste total, R$ 710 milhões serão direcionados para o aperfeiçoamento dos serviços multicanais, que envolvem autoatendimento, contact center e internet banking. “Estamos investindo cada vez mais na arquitetura multicanal, com o objetivo de disponibilizar todos os serviços de forma mais rápida e eficiente. Dessa forma, o cliente tem a mesma experiência em qualquer tipo de dispositivo, com maior conveniência”, afirma Luís Rodrigues, diretor executivo de tecnologia do Itaú-Unibanco. Segundo ele, a facilidade de uso, a segurança e a conveniência levaram o internet banking a ser o serviço mais usado do ItaúUnibanco, com crescimento de 159% na média mensal de transações nos últimos quatro anos. Já no caso do mobile banking, os downloads de aplicativos do Itaú triplicaram no ano passado, saltando de 1,1 milhão, em janeiro, para um total de 3,9 milhões, em dezembro. A utilização de meios eletrônicos ajuda a explicar a redução do custo unitário por transação, em queda constante de 17% nos últimos cinco anos, chegando a R$ fotos: divulgação

busca pela eficiência operacional figura hoje como um dos maiores desafios dos bancos. De acordo com analistas, além de resultar em menores custos e no aumento da produtividade — os pilares básicos que constroem diferenciais competitivos —, a melhoria na execução das operações se traduz também numa percepção positiva da chamada experiência do cliente. E não é por outra razão que este será o tema principal da 23ª edição do Ciab Febraban - Congresso e Exposição de Tecnologia da Informação das Instituições Financeiras, que acontece entre os dias 12 e 14 de junho, em São Paulo. Nesse sentido, a maior parte dos expositores vai exibir tecnologias para atendimento por múltiplos canais, principalmente digitais. Um estudo divulgado recentemente pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) revela que pela primeira vez, no ano passado, o uso de meios digitais para transações bancárias superou o dos canais tradicionais. Internet banking e mobile banking responderam por 42% das operações feitas pelos clientes, um ponto percentual acima da movimentação registrada nas agências, caixas eletrônicos (ATMs, na sigla em inglês) e contact centers. Ainda de acordo com o relatório, o volume de transações de internet banking aumentou 23,7% ao ano nos últimos cinco anos, enquanto as transações por mobile banking tiveram expansão ainda maior, de 223,4% ao ano, embora apenas 2,6% das operações “A transação realizadas sejam com movimentação em uma agência financeira. (veja gráficos na página 21). pode custar até Com objetivo de aumentar a eficiência, 15 vezes mais do de maneira a proporcionar mais qualidade que na internet e agilidade nas operações aos ou no celular” correntistas, o Itaú-Unibanco está Maurício Minas, destinando R$ 10,4 bilhões, parte de um do Bradesco plano de investimentos entre 2012 e 2015,

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0,25 por transação, em 2012. Entretanto, a grande facilidade de acesso aos serviços elevou o número de transações, o que explica o aumento dos gastos totais das instituições financeiras. O Bradesco, por exemplo, tem como estratégia direcionar os correntistas para os canais digitais, de modo que a experiência seja melhor nos meios eletrônicos. Hoje, 50% das transações do banco são feitas pela internet, 27% em caixas eletrônicos e 8%, por mobile banking. “A busca pela eficiência também está atrelada a prestar serviços a custos competitivos aos clientes. A mesma transação em uma agência, por exemplo, pode custar até 15 vezes mais do que na internet ou no celular”, ressalta Mauricio Minas, diretorexecutivo do Bradesco, que responde por canais digitais. A redução do custo por transação, por meio de investimentos crescentes em tecnologia, é essencial para aumentar o acesso e os benefícios trazidos pela chamada bancarização — que é a ampliação do acesso da população de baixa renda a serviços financeiros formais. “Felizmente, no país temos um mercado em expansão, pois 40% da população ainda não é bancarizada, e está aí uma grande oportunidade para os bancos aumentarem a receita”, acrescenta Minas. Outro desafio que as instituições financeiras do país têm enfrentado é gerenciar grandes volumes de dados e informações, estruturados ou não, o que está estritamente relacionado à questão da segurança das transações bancárias, ainda com alto impacto no Brasil. “Estamos saindo de um modelo engessado para um totalmente livre. Desta forma, a tarefa é muito maior com relação à segurança das transações e, principalmente, à captura da informação para transformá-la em algo produtivo a cadeia de valor dos bancos”, explica Giampaolo Michelucci, vice-presidente de vendas da EMC.


investimentos cresceram 20,1%, sendo que em 2012 eles foram responsáveis por 40% do gasto total. Para este ano, somente os quatro maiores bancos públicos e privados — Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco e Itaú-Unibanco — planejam gastar, ao menos, R$ 14,2 bilhões em tecnologia da informação. Na opinião do CIO do Santander, Fernando Diaz, garantir a eficiência operacional significa trabalhar dentro de um marco de arquitetura clara, de uma estratégia definida, o que acaba gerando custos de operação e de desenvolvimento elevados. Diante disso, ele diz que o Santander possui uma política agressiva de custos em que o gasto tem que crescer menos que o investimento. “Dos investimentos totais, 25% estão focados na melhoria da eficiência operacional”, ressalta o executivo. No primeiro trimestre deste ano, o lucro líquido do Santander Brasil atingiu R$ 1,5 bilhão e o índice de eficiência operacional registrou melhora de 2,4 pontos percentuais na comparação com o trimestre anterior, atingindo 44,3%. De acordo com Diaz, essa evolução se deve, em parte, ao controle de custos eficaz da instituição.

Minas, do Bradesco, enfatiza que o assunto segurança está sempre na agenda, mas ressalta que os bancos de maneira geral estão bem preparados em relação a esse item. “A maior necessidade é passar a cultura de proteção ao cliente, que é o elo mais fraco dessa cadeia, educando-o no sentido preventivo”, diz. Segundo ele, a tecnologia consegue eliminar a fraude até certo ponto, pois muito dela ocorre mais como engenharia social (técnica de enganar as pessoas), onde o fraudador se passa pelo cliente. “Buscamos, via centrais de inteligência, detectar transações suspeitas para bloqueá-las, se for o caso”, completa. Investimentos em TI A meta das instituições financeiras de se tornarem mais eficientes tem impacto direto nos gastos com tecnologia, conforme demonstra estudo da IDC. Referência mundial no uso de tecnologia bancária, a maioria das instituições financeiras brasileiras (70%) aponta como uma das prioridades o investimento em recursos de tecnologia capazes de aumentar a eficiência operacional. Apenas no ano passado, os bancos gastaram cerca de R$ 20 bilhões com tecnologia, entre despesas e investimentos, segundo

pesquisa da Febraban. O montante representa um aumento de 9,5% em relação ao despendido em 2011. O levantamento mostra que os investimentos são cada vez mais significativos, devido justamente às pressões por maior eficiência. No período de 2008 a 2012, por exemplo, enquanto os itens de despesas — manutenções e novos desenvolvimentos — evoluíram 12,6%, os itens relacionados a

Transações em mobile banking e internet banking (2008-2012) População com Acesso a Internet

,9% +13

Contas com mobile Banking

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Smartphones em Uso

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1,8 5,5

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4,3 2009

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2,6

73,9

2012

67,9

2011

55,9

2010

37,0

25,2

2009

31,3

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17,4

% 0,8 +2

2008

Transações em internet Banking

9,9

Contas com Internet Banking

2011

2012

Transações em Mobile Banking

Com movimentação financeira

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Sem movimentação financeira

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801

52,5 2011

190

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12

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8

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% 23 2 +

33,2

1,6

2010

14,6

0,8

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4,1

0,4

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% 36 +1 1,7

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6,0

% 37 1 +

+269%

823 22

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Fonte: Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária 2013 - Teleco

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“Estamos investindo cada vez mais na arquitetura multicanal, com o objetivo de disponibilizar todos os serviços ao cliente de forma mais rápida e eficiente” Luís Rodrigues, do Itaú-Unibanco


“Dos investimentos totais do Santander, 25% estão focados na melhoria da eficiência operacional” Fernando Diaz, do Santander

Entre os projetos do Santander para este ano, o principal será a construção de um data center em Campinas, no interior de São Paulo, cuja entrada em operação está prevista para meados do ano. Composta por 3 mil servidores, a infraestrutura será uma das únicas com certificação tier 4 da América Latina — que dá ao data center um padrão alto de segurança, com sistemas rígidos de acesso, mecanismos para evitar incêndios e enchentes e infraestrutura para resistir a explosões e fortes impactos, como o de um pequeno avião. Os demais investimentos serão destinados a produtos de biometria, produção de uma nova plataforma de mobile banking para tablets, além de um novo conceito de internet banking. A construção de um data center também faz parte dos planos do ItaúUnibanco. A nova unidade localizada em Mogi Mirim, no interior de São Paulo, está prevista para ser inaugurada em 2015 e deverá gerar cerca de 700 empregos diretos. Este é o terceiro site do banco, que também conta com data centers em Campinas e na capital paulista, no qual estão concentros os principais equipamentos e operações. O novo data center está sendo construído com base no conceito de sustentabilidade. Segundo Julio de Conti, superintendente de engenharia de TI do Itaú-Unibanco, há quatro anos foi criado um comitê de “TI

foto: divulgação

>mercado

verde” que é responsável pelas ações para redução do consumo de energia nos data centers da instituição financeira. “Com a reforma e modernização dos sites foi possível torná-los mais eficientes e confiáveis, além de proporcionar uma economia de 43% no consumo de energia elétrica”, informa ele. Já o Bradesco colhe os frutos de um grande projeto iniciado há sete anos, no qual foram gastos R$ 1,5 bilhão por ano para o desenvolvimento de uma nova arquitetura de sistemas, o que lhe proporcionou melhora significativa no índice de eficiência

operacional. Hoje, o índice está por volta de 41,5% e a meta, de acordo com Mauricio Minas, é chegar aos 39% no próximo ano. “Através de comitês de eficiência, avaliamos os maiores processos da organização e tentamos otimizá-los”, afirma. No caso do back office — área responsável pela liquidação, compensação, contabilização, registro e custódia das operações do banco —, que envolve milhares de pessoas, o executivo lembra que é possível reduzir o seu tamanho e, consequentemente, os custos, sem a necessidade de realizar demissões, realocando os funcionários na área de vendas, por exemplo. De acordo com Wilton Ruas, vicepresidente de automações da Itautec, os bancos têm investido de forma maciça em TI e estimulado a inovação. Ao justificar a cautela dos bancos em relação à adoção de novas tecnologias, o executivo diz que as instituições não chegam a ser conservadoras, mas cientes em prestar um serviço adequado e seguro. “Uma solução que tenha apresentado bons resultados em outros países, às vezes ainda não é adequada ao Brasil”, comenta. Para Minas, do Bradesco, até pode existir certo conservadorismo por parte dos bancos em implantar novas tecnologias, no sentido de que elas provem sua maturidade e robustez.

O QUE VEM POR AÍ

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lotéricos, ficará por conta das soluções da Gas Tecnologia, empresa que protege, com seus sistemas, quase 70% das transações de internet banking no Brasil. A companhia foi adquirida pela Diebold em setembro do ano passado, o que lhe permitiu ingressar nos canais internet e mobile banking. As soluções apresentadas, de acordo com Carlos Pádua, vicepresidente de tecnologia da Diebold, serão focadas em mobilidade e segurança. “A ideia é mostrar como deixar a transação bancária segura por meio de agentes instalados nos pontos de destino que garantem monitoração de parâmetros no cliente final”, expõe, acrescentando que o grande desafio é melhorar a segurança sem afetar a facilidade de operação do usuário. A empresa pretende, ainda, expor o terminal de autoatendimento Opteva 610AE, que resiste a explosões de dinamites, lançado no Ciab Febraban do ano passado, para mostrar sua real utilização em campo. Modelos diferenciados de autenticação por biometria, quiosques de autoatendimento e de interação com clientes em dispositivos móveis farão parte do extenso mostruário de tecnologia de ponta que será apresentado por mais de 100 expositores. Neste ano, o espaço internacional, dedicado à exposição de empresas sem sede no Brasil, já tem 18 confirmações, contra 16 do Ciab 2012.

entre as tecnologias aplicadas a bancos, financeiras, gestoras de cartões de crédito etc. que serão apresentadas no Ciab Febraban deste ano, um dos destaques serão justamente as soluções voltadas a eficiência operacional. A EMC, fabricante de software e equipamentos para armazenamento de dados, vai levar sua linha de soluções que utiliza o conceito de big data e possibilita a análise de dados estruturados e não estruturados para a tomada de decisões de negócios. A companhia apresentará a Security Analytics da RSA, sua divisão de segurança, linha de soluções com competências fundamentais para a nova era da segurança informação, que engloba infraestrutura de big data, análises de alta performance e inteligência integrada. A Itautec, do grupo Itausa, fará demonstração de suas soluções de segurança para multicanais, baseadas no conceito de “tudo em todo lugar”. São soluções para tornar mais ágil o atendimento nas agências, usando tecnologias móveis, o que resulta em uma melhor experiência do cliente, segundo a empresa. Além disso, a empresa exibirá seu sistema de gestão de identidade, com o uso forte de biometria. O destaque do estande da Diebold, empresa dos segmentos de automação de agências e de autoatendimento bancário e que também fabrica urnas eletrônicas e terminais 2 2

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>infraestrutura MAX MILLIANO MELO

Ânimo renovado para o mercado de

apps corporativos

Desenvolvedoras de aplicativos móveis se mostram otimistas em relação às mudanças trazidas pelas redes de telefonia móvel de quarta geração para o segmento de apps empresariais

A

grandes arquivos que hoje ficam restritos à rede interna das empresas poderão ser compartilhados entre equipes, afirma o diretor da Dexrta. “Estamos muito atentos ao mercado. Business intelligence e compartilhamentos de informação em equipes crescerão muito”, completa. Ele afirma ainda que uma tendência para os modelos de relação empregadoempresa será beneficiado com a nova tecnologia: o home office. “Aplicativos que dão a possibilidade de fazer reuniões remotas, chamadas de vídeo e de voz poderão se expandir”, acredita. A lista inclui ainda ferramentas para edição e compartilhamento de arquivos e de acesso remoto a banco de dados. Uma pesquisa divulgada recentemente pelo jornal New York Times mostra que, em dois anos, 37,2% de todos os empregados do mundo trabalharão em casa, sem precisar comparecer diariamente aos escritórios. Atualmente esse percentual é de 20%. fotos: divulgação

té dez vezes mais rápida, mais segura e eficiente. Assim promete ser a internet 4G, como o próprio nome remete, a rede de telefonia móvel de quarta geração (4G), que acaba de chegar às principais cidades do país. Junto com ela, abrem-se novas possibilidades de negócios, incluindo o já bilionário mercado de aplicativos ou apps, como também é conhecido. Não é exagero dizer que o mercado de aplicativos para entretenimento e lazer, voltados a usuários individuais, será amplamente beneficiado pela internet móvel mais veloz. Mas e o desenvolvimento de apps corporativos, vai finalmente florescer a experimentar taxas chinesas de crescimento? Ou continuará com proporções reduzidas? A reportagem ouviu vários desenvolvedores de aplicativos atrás de respostas para estas e outras questões, como os obstáculos que o setor terá que vencer para crescer nos próximos anos. As opiniões ainda não são conclusivas, mas apontam para uma série de caminhos que deverão conduzir as empresas do setor e seus potenciais clientes nos próximos anos. Animado com a nova tecnologia, Bill “Atualmente, a Coutinho, diretor de marketing e tecnologia maior parte das da Dextra, acredita que um novo universo oportunidades é para de possibilidades se abrirá com a entretenimento, mas tecnologia 4G. “Atualmente, a maior parte com a internet de das oportunidades é para entretenimento, maior capacidade mas com a internet de maior capacidade uma série de uma série de oportunidades de oportunidades de compartilhamento se abre”, acredita. compartilhamento “Atividades que exigem maior desempenho se abre” seriam as mais beneficiadas”, avalia. O compartilhamento de grandes Bill Coutinho, da Dextra quantidades de informação e acesso a

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Juliano Aragão, da ND Mobile, empresa catarinense especializada no desenvolvimento de aplicativos, é otimista em relação às mudanças para o mercado de apps corporativos com a chegada da internet móvel de alta velocidade. “Este é um mercado que ainda está começando, mas que tem excelentes perspectivas de crescimento”, aponta. “A parcela maior do mercado está nos usuários pessoais, mas isso tende a se diversificar.” O desenvolvedor acredita, contudo, que a mudança não será imediata. “Em um ou dois anos o mercado estará bastante aquecido”, opina. A demora seria necessária para o desenvolvimento maior do mercado, que ainda tem poucos parâmetros de como os clientes corporativos vão se comportar. Nos próximos anos, as empresas de desenvolvimento de aplicativos precisarão se aprofundar novo universo de demandas e necessidades de seus clientes. Isso porque, até agora, a demanda por aplicativos, mais frequente entre usuários pessoais, estava voltada para o lazer e o entretenimento. Um levantamento divulgado no fim do ano passado pela Hi Mídia, holding digital do Grupo RBS especializada em segmentação e performance em mídia online, mostra que 57% dos usuários de smartphones e tablets mantinham aplicativos de música em seu aparelho, 54% de entretenimento, 52% de foto e vídeo e 51% de redes sociais, aplicações com perfil mais distante do universo corporativo. Há, contudo, experiências que podem ser levadas do universo pessoal para o profissional. A terceira categoria de aplicativos mais baixados no Brasil, com 52% de usuários, são os de navegação, como GPS e mapas, estes


sim com uma forte interface com o mercado de empresas. Os apps de finanças, embora em menor escala, também são populares, presentes em 21% dos dispositivos móveis. Aragão acredita, contudo, que a chave para aproximar aplicativos para dispositivos móveis e empresas é investir em ferramentas de agilidade. “A principal vantagem da 4G é que ela é muito mais rápida. Então, acredito que aplicativos que ajudem, por exemplo, na tomada de decisões e a fechar negócios tendem a ser os mais beneficiados”, opina. “No caso de um vendedor externo, por exemplo, ter um aplicativo que atualize automaticamente quando um produto entrar no catálogo da empresa, ele terá muito mais condições de fechar negócios do que no modelo atual, onde em geral é preciso abrir e-mail e baixar atualizações”, completa. Mudanças modestas Dan Eisenberg, CEO da carioca Nano Studio, não crê numa grande transformação no mercado corporativo com a chegada da quarta geração de internet móvel. “A grande maioria das empresas utiliza um tráfego grande de texto, que não é tão pesado. Com a 4G elas terão mais agilidade, mas não acredito em uma revolução”, justifica. Para ele, o que deve acontecer é justamente o inverso: o aprofundamento do modelo atual, com a primazia absoluta dos apps de entretenimento e diversão voltados para os consumidores finais. “A internet 4G favorecerá as aplicações que utilizam um tráfego grande de informação, como teleconferências, imagens, vídeos. Tudo isso é muito forte no mercado de clientes individuais”, explica Eisenberg.

tecnologia passa”, completa o diretor de operações da Navita. Obstáculos à vista Independentemente do caminho que o mercado trilhe, já se sabe quais serão a pedras encontradas no caminho. A primeira é a desconfiança das empresas, de forma geral. “Quando se acessa uma “A 4G é mais informação através de um aplicativo, rápida e segura, de certa forma essa informação está saindo de dentro da companhia, e isso então naquilo que ainda é um tabu para muitas delas, que exige rapidez e temem que haja o vazamento de suas segurança o informações”, conta Aragão, da ND Mobile. mercado vai É justamente essa desconfiança que se abrir” faz com que a tecnologia esteja muito mais Fábio Nunes, presente entre clientes individuais do que da Navita corporativos. “Trata-se de uma tendência natural de qualquer tecnologia. Primeiro, ela se estabelece entre os usuários individuais, para só depois ser adotada pelas empresas”, observa Nunes, da Navita. Assim, as empresas precisarão mudar sua cultura de gestão da informação e efetuar uma reengenharia nos seus mecanismos de proteção de sistemas, definindo o nível de acesso que cada aplicativo poderá ter e evitando que um trivial celular perdido se torne o pivô de problemas como o vazamento de dados confidenciais ou o ataque a sistemas e softwares. Outro obstáculo que precisará ser superado para que ao menos as mais conservadoras promessas envolvendo o 4G se confirmem é a carência de infraestrutura. “Não basta instalar uma antena e oferecer o serviço, porque aí a velocidade vai continuar lenta. É preciso investir em uma estrutura capaz de tornar a internet realmente segura e veloz”, completa Nunes.

Embora menos cético, Fábio Nunes, diretor de operações da paulistana Navita, especializada em mercado de mobilidade corporativa, acredita em uma mudança parcial no mercado. “A 4G é mais rápida e segura, então naquilo que exige rapidez e segurança o mercado vai se abrir”, opina. Assim, apps mais pesados “como os de videochamadas e streaming vão abrir muito mercado”, avalia Nunes. Usuários remotos terão mais facilidade de se comunicar com as bases, ou redes com suas sedes. “Uma empresa que tem pequenos pontos de venda espalhados, por exemplo, com o tempo, caso o preço comece a cair, poderá adotar o uso de aplicativos em conexões 4G”, afirma. Para ele, contudo, as mudanças não serão generalizadas. “Trata-se de um amadurecimento da tecnologia de comunicação móvel. Não é a 4G apenas, mas um processo natural que toda

Uso de apps corporativos ainda é baixo no Brasil

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smartphones e tablets. Em 2011, a mesma pesquisa apontou que 7,5% das maiores empresas em operação no Brasil podiam ser consideradas móveis. Em 2010, eram 5%. A pesquisa também chama a atenção para a queda no uso de SMS pelas grandes empresas no Brasil: apenas 24% delas usam essa ferramenta como meio de interação atualmente, enquanto em 2011 eram 29%. Segundo a empresa, esse dado é preocupante, na medida em que cerca de 90% dos aparelhos celulares no país ainda não são conectados à internet e possivelmente é consequência da incidência de spams. O desenvolvimento de sites móveis também aparece em queda. Em 2011, 17% das maiores empresas no Brasil tinham sites móveis, em 2012 eram apenas 13%.

as 500 maiores empresas que atuam no Brasil, 26% possuem apps para smartphones e 24%, para tablets. Os números fazem parte de um levantamento anual realizado no ano passado pela Mowa, fornecedora de soluções móveis, sobre mobilidade corporativa, o qual mostra que houve um aumento no uso de apps móveis próprios pelas grandes empresas no país. Um ano atrás, 21% tinham apps para smartphones e 13% tinham apps para tablets. Apesar desse crescimento, somente 8% das 500 maiores empresas brasileiras podem ser consideradas “móveis”, segundo critério estabelecido pela Mowa, que classifica como empresas móveis aquelas que se comunicam com seus clientes por meio de SMS, site móvel e aplicativos para

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>gestão INALDO CRISTONI

Um chamado à

governança corporativa O projeto Sped aumentou a eficiência da fiscalização e melhorou os processos de arrecadação, mas impõe às empresas o desafio de modernizar a sua gestão para ficar em conformidade com as novas regras tributárias

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Leszek Glasner/shutterstock.com

Sped (Sistema Público de Escrituração Digital) completa, em 2013, seis anos de existência com um saldo que pode ser considerado bastante positivo em boa parte dos propósitos que motivaram a sua criação. O projeto estabeleceu uma nova dinâmica no relacionamento entre os contribuintes e o Fisco, automatizou os mecanismos de apuração de impostos, aumentou a eficiência da fiscalização e melhorou os processos de arrecadação. Para especialistas e provedores de soluções fiscais e tributárias, o seu advento representa um chamado à governança corporativa, uma vez que as empresas terão o grande desafio de modernizar a sua gestão para ficar em conformidade com as novas regras. Faltou avançar no requisito desburocratização, que não resultou na redução de obrigações acessórias, como previsto. Entretanto, como muitas novidades ainda vão surgir, ampliando consideravelmente o universo de contribuintes abrangidos, fica a expectativa de que avanços ocorrerão também nesse campo. O Sped começou a ganhar forma quando foi instituída a NF-e (Nota Fiscal Eletrônica), já largamente utilizada. Em seguida surgiu a EFD (Escrituração Fiscal Digital), implantada de forma escalonada e gradual a partir de 2009 e da qual participam, atualmente, em torno de 450 mil empresas. Depois, veio a ECD (Escrituração Contábil Digital), obrigatória para as grandes empresas enquadradas no regime tributário do lucro real. O processo de massificação do projeto começa efetivamente a com o lançamento da EFD-Contribuições, contemplando o PIS e a Cofins, que a partir deste ano será

obrigatória para as empresas do lucro presumido e que poderá incluir, também, as que fazem parte do Simples Nacional. “Com a introdução do Sped do IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica) e do Sped Social, no curto e médio prazo teremos todas as empresas participando ativamente do Sped”, observa Roberto Dias Duarte, professor e administrador de empresas. Mais do que a apenas a conotação fiscal/tributária que a imensa maioria das empresas e entidades empresariais insiste em enxergar no Sped, o projeto reveste-se de um caráter mais abrangente. Na avaliação do professor Duarte, a sua aplicação tem uma abordagem na gestão, no sentido de que exige planejamento e 2 6

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controle das operações empresariais, ao mesmo tempo em que se configura em empreendedorismo, à medida que traz no seu bojo a inovação. Empreender significa criar novos produtos e processos a partir de inovações tecnológicas. É o que o Sped propõe: substituir procedimentos analógicos baseados no uso do papel por uma tecnologia digital, reitera Duarte. Para se compreender por que é importante modernizar a gestão é preciso ter clareza do impacto causado pelo Sped. Com o seu advento, as empresas passaram a fornecer relatórios gerenciais sobre suas operações. Na prática, o Fisco age como um sócio que quer saber sobre o movimento de compra e venda, o nível de estoque, o fluxo de caixa, as operações fiscais/tributárias e, com o



“Muitos contribuintes desconhecem que emitem a NF-e de forma irregular” Iron Garrido, da Prosoft Tecnologia

“A centralização das NF-e recebidas é um desafio para as empresas” Marco Antonio Zanini, da NFe do Brasil

surgimento do Sped Social, sobre a gestão de pessoal. É isso o que acontece quando os arquivos digitais são entregues pelos contribuintes. Mas se um empresário não consegue consolidar essas informações para subsidiar as decisões sobre o seu negócio, como é possível prestar contas aos órgãos de fiscalização com base nas novas regras estabelecidas? Atender aos requisitos do Sped é uma tarefa árdua, até mesmo para as empresas que são consideradas bem organizadas, por causa da quantidade de informações que precisam ser consolidadas e, também, em função da complexidade da legislação tributária brasileira. O desafio é bem maior, contudo, para aquelas que sequer dispõem de um software de gestão empresarial (ERP). Segundo o professor Duarte, esta é a realidade da esmagadora maioria das empresas brasileiras. “Se a gente somar a quantidade de clientes dos maiores fornecedores de software de ERP, não chega a 1% das empresas. O resto não tem sistema de gestão”, afirma. Um dado ilustra bem tal cenário: 36% das empresas mineiras emitem a NF-e com software gratuito da Secretaria da Fazenda de São Paulo. Esse aplicativo tem como função apenas emitir o documento fiscal e não permite qualquer tipo de gestão da venda, estoques e operações fiscais/contábeis. Além disso, é recomendado para empresas pequenas, que lidam com apenas um produto. Não é o caso das indústrias, comércio atacadista e distribuidores, que operam com diversos produtos e se relacionam com muitos clientes e fornecedores. Os proprietários de pequenos e médios negócios estão mais preocupados em fazer negócios do que com a gestão dos processos internos. Como resultado, as informações relativas às operações fiscal/tributária e financeira ficam dispersas e, sem tratamento, são transmitidas com erros ao Fisco, o que gera penalidades. “Estima-se que mais de 95% das empresas estão entregando os arquivos do Sped com inconsistências”, diz Iron Garrido, vicepresidente da Prosoft Tecnologia. As inconsistências ocorrem também nas grandes empresas. O que acontece é que os contribuintes, de uma maneira geral, estão mais preocupados em cumprir os prazos de entrega dos arquivos do Sped, mesmo que contenham erros, e evitar o mal maior, que é aplicação de multas pela não transmissão na data

fotos: divulgação

>gestão

estabelecida. Com isso, jogam com a possibilidade de retificação posterior dos dados enviados, já que o Fisco tem até cinco anos para fazer as autuações, tempo suficiente para que as correções sejam feitas. As mudanças na forma de aplicação de multas que entraram em vigor a partir de dezembro do ano passado tendem a desestimular tanto a omissão no cumprimento da obrigação quanto as incorreções nos arquivos do Sped, exigindo uma nova postura dos contribuintes. Até então, os valores cobrados pelo governo, independentemente do porte da empresa, eram os seguintes: R$ 5 mil por mês-calendário e 5% (não inferior a R$ 100,00) do valor das transações comerciais ou das operações financeiras. Na hipótese de pessoa jurídica optante

pelo Simples Nacional, os valores e o percentual eram reduzidos em 70%. Com as novas regras, passou a valer o critério de cobrança baseado no faturamento das empresas. Assim, no caso de entrega dos arquivos do Sped fora do prazo ou transmissão dos dados com inconsistências, a pessoa jurídica enquadrada no Lucro Presumido terá que desembolsar R$ 500,00 por mês-calendário ou fração. Já as que apuram impostos com base no regime do Lucro Real terão pagar multa de R$ 1,5 mil. Às empresas que fazem parte do Simples Nacional é aplicada uma redução de 70% no valor da multa. Na avaliação de Garrido, as mudanças sinalizam aos empresários e à classe contábil que o Fisco não está mais disposto a receber arquivos do Sped fora do prazo e com incorreções. A medida pode colocar um freio nas irregularidades que são cometidas no processo de escrituração fiscal. Em Goiás, por exemplo, a Secretaria da Fazenda constatou que 30% dos arquivos do Sped transmitidos pelos contribuintes no ano passado apresentaram erros muito graves relacionados ao conteúdo das informações. Outro dado preocupante vem de Minas Gerais, onde apenas 1% dos arquivos da EFD entregues é retificado pelos contribuintes. Há problemas também na emissão da NF-e. Embora seja utilizada em profusão, muitas empresas obrigadas ainda não a adotaram por desconhecimento. Por outro lado, são comuns situações em que uma empresa tem mais de um CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) registrado, mas emite a nota fiscal relativa a apenas um deles. “Estima-se que 400 mil empresas no Brasil esteja em situação irregular e não sabem”, afirma Garrido. Coibir fraudes e a sonegação Este ano entrou em vigor o Manifesto do Destinatário, para coibir as fraudes na emissão da NF-e, que ocorrem com frequência, e a sonegação fiscal. Esse instrumento torna o comprador da mercadoria ou serviço corresponsável pela validação da nota fiscal emitida pelo fornecedor. Significa que o destinatário da nota fiscal terá que prestar as seguintes informações à Secretaria da Fazenda: ciência da operação, confirmação da operação, operação não realizada. A regra começou a valer em 1º de março deste ano para distribuidores de combustíveis. Em julho, a obrigatoriedade se estenderá aos transportadores e

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revendedores retalhistas (TRR). A tendência é que a partir do próximo ano a Manifestação do Destinatário faça parte da realidade de um universo maior de contribuintes, mas a sua disseminação vai depender da capacidade dos portais dos Estados em suportar tecnologicamente mais essa obrigação. Na avaliação de Garrido, trata-se de uma proteção para as “Acompanhar empresas, que já deveria estar em vigor há diariamente as muito tempo. Além de provocar um choque de alterações gestão nas empresas, o projeto Sped se legais gera por dar ao Fisco condições de custos para as destaca exercer um trabalho de fiscalização mais empresas que eficiente, com ganho de produtividade adotam o impressionante. Isso porque, como tem Sped” diante de si informações consolidadas Lourival Vieira, online sobre as operações dos da Sispro contribuintes, é possível fazer uma monitoração remota, reduzindo compras de vários tipos de produtos e que consideravelmente os custos recebe um grande volume de notas fiscais decorrentes desse trabalho. Com a por dia. “Em geral, o arquivo da NF-e é automatização do processo de auditoria, transmitido para o e-mail de quem efetuou os auditores fiscais concentram esforços a compra. Se essa pessoa não tiver o na fiscalização dos grandes grupos cuidado de enviar o e-mail da NF-e para a econômicos, em torno de 12 mil área fiscal da empresa, existe o risco de o empreendimentos, que respondem por arquivo não ser usado para a escrituração 85% da arrecadação federal. Na fiscal”, diz Zanini. Para evitar situações auditoria das 5 milhões de empresas assim, a recomendação é que as restantes utiliza-se o sistema similar ao empresas tenham “algum tipo de portal do Imposto de Renda da Pessoa Física: que centralize automaticamente a a malha fina empresarial, que está cada recepção das NF-e”. vez mais abrangente e precisa. O gerenciamento do fluxo de NF-e O sucesso do Sped não mascara, é importante porque na geração dos entretanto, os gargalos que surgiram em arquivos do Sped boa parte das decorrência de sua implantação. Um informações é baseada nos documentos deles é a gestão de entrada da NF-e. fiscais de entrada e saída. Para Maicon Até agora, as empresas não se Klug, diretor de marketing da G2KA, se preocuparam com a organização e uma empresa já dispõe de consolidação dos documentos fiscais que o projeto Sped se um sistema automatizado de saída de documentos recebem talvez pelo fato destaca por dar ao fiscais, fica bem mais fácil de o Fisco não ter estabelecido regras para Fisco condições de a utilização do mesmo procedimento no processo a recepção, como o fez exercer um de recepção de notas para os procedimentos trabalho de fiscais. O problema, diz ele, de emissão, que é o fato gerador do imposto. fiscalização mais é que muitas arquivam o Danfe (Documento Auxiliar “Como não existe uma eficiente da Nota Fiscal Eletrônica), regulamentação, as que não tem valor legal, empresas têm a sem se preocupar com o arquivo XML, que percepção de que não precisam fazer a é de fato o que conta. “A gestão de gestão, embora nada impede que elas entrada tem alguma complexidade porque adotem um modelo de gestão da NF-e a empresa tem que influenciar os de entrada”, afirma Marco Antonio processos de seus fornecedores”, enfatiza. Zanini, diretor geral da NFe do Brasil. A classificação tributária do produto e Segundo o executivo, um grande o armazenamento do legado são desafio é a centralização das NF-e considerados outros dois gargalos do recebidas, principalmente quando se trata Sped. Lourival Vieira, diretor da Sispro, de uma empresa de grande porte, com acrescenta outro aspecto crítico: diversos departamentos que realizam 3 0

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acompanhar diariamente as alterações legais, tarefa que, associada aos investimentos em tecnologia da informação (TI) para se adequar às regras do Sped, gera custos. “As empresas têm que contar com um time próprio ou contratar pessoal no mercado para fazer esse acompanhamento”, afirma, destacando que muitas delas não possuem essa estrutura e geralmente repassam tal atribuição para o profissional ou empresa que presta assessoria contábil. Entretanto, o diretor da Sispro enxerga aspectos positivos no Sped. O projeto torna a gestão fiscal, financeira e contábil mais acurada, reduzindo a exposição a erros e a um passivo fiscal desconhecido. Além disso, a empresa deixa de ter uma postura passiva e passa a ser mais proativa no sentido de informar ao Fisco que todas as suas operações estão sendo executadas corretamente. Sob esse ponto de vista, o Sped tira da obscuridade as empresas que se acostumaram a esperar pela fiscalização para corrigir as irregularidades, aponta Vieira. O projeto Sped segue o seu curso e a expectativa dos contribuintes gira em torno da prometida eliminação das obrigações acessórias antigas. Até o momento, o Fisco eliminou o Dacon (Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais). O Sped Social e o Sped IRPJ, previsto para o próximo ano, tendem a substituir, respectivamente, a folha de pagamentos, o Lalur e a DIPJ. A Fcont (Controle Fiscal Contábil de Transição) também deve ser descontinuada e a DCTF (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais) ainda é uma incógnita. Por enquanto, a única certeza é que a manutenção de tais obrigações aumenta o custo de conformidade das empresas e compromete a qualidade das informações transmitidas. Por outro lado, paira a dúvida sobre a velocidade de implantação das novas regras. Diferentemente da NF-e e da EFD, que tiveram um prazo de adoção bastante dilatado, a EFD-Contribuições, por exemplo, entrou em vigor em 2010 e já contabiliza em torno de 1 milhão de empresas. O Sped Social, que vai consolidar as informações previdenciárias e tributárias geradas por todas as empresas e pessoas físicas empregadoras, tem a sua implantação projetada para o próximo ano. Fica a dúvida se o tempo disponível para preparação dos contribuintes será suficiente.


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E-mail se consolida como recurso

de marketing digital Ferramenta ganha destaque no planejamento de marketing das companhias, o que comprova a efetividade das ações digitais por esse meio

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elevância. Esta é a palavra-chave mencionada por dez entre dez especialistas quando indagados sobre o que torna uma campanha de e-mail marketing eficaz. Significa, grosso modo, que a mensagem deve ter conteúdo do interesse do destinatário — ou ser atraente o suficiente para despertar o interesse — e chegar até ele no momento oportuno, numa frequência que não o aborreça e no meio eletrônico que estiver à mão, seja desktop, notebook, smartphone ou tablet. Parece simples, mas a fórmula que leva a esse resultado requer ingredientes tecnológicos e de inteligência que nem todas as empresas que lançam mão do e-mail marketing conseguem dosar. As consequências se refletem nas percepções e estatísticas algumas vezes conflitantes sobre a eficácia do e-mail marketing. Por exemplo, no último censo sobre a indústria de e-mail marketing, divulgado pela Econsultancy em parceria com Adestra, 61% dos

profissionais de marketing consultados classificam o desempenho de suas campanhas como “pobre” ou “médio”, e apenas 4% como “excelente”. Por outro lado, pesquisas locais e internacionais dão mostras da boa percepção do mercado quanto ao retorno obtido com o e-mail nas estratégias de marketing das companhias. Tanto que está no topo da lista de prioridades dessa área. Estudo recente da americana StrongMail aponta que o e-mail é o canal mais citado pelas mais de mil companhias B2B (que fazem negócios com outras empresas) e B2C (que realizam transações com consumidores), ao serem ouvidas sobre em qual ferramenta planejam aumentar gastos de marketing neste ano, contra apenas 2,4% que pretendem reduzir os investimentos. No Brasil, a Experian Marketing Services revela que o e-mail marketing lidera como o recurso com a maior taxa de conversão em vendas online (2,53%), à frente do marketing de busca e das mídias sociais. 3 2

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Para entender melhor o conceito de relevância e o porquê do aparente descompasso nos resultados de algumas pesquisas, TI INSIDE ouviu especialistas de empresas que fornecem tecnologia para negócios de todos os portes, e que observam de perto os esforços das companhias nessa área. Edson Barbieri, diretor executivo da ExactTarget para a América Latina, afirma que nos últimos cinco anos os avanços da tecnologia relacionada a e-mail deixaram as empresas mais aptas a priorizar aspectos como análise do comportamento e opinião de clientes e prospects, fundamentais para consolidação do conceito de relevância nas campanhas. A ExactTarget calcula que o número de assinantes de e-mail marketing no país chega a 91% do total de internautas, que recebem ao menos um e-mail comercial por dia. Entre os consumidores online brasileiros, 87% conferem as mensagens ao menos uma ver por dia, 68% fizeram uma compra motivados por e-mail marketing e 53% ficaram mais


Correlação boas práticas-eficácia Sob o ponto de vista de Barbieri, ainda são muitas as empresas no Brasil que não fizeram a lição de casa e pecam, inclusive, com a falta de integração do e-mail com os demais canais (mídias sociais, mobile marketing, links patrocinados etc.) e com a definição equivocada dos objetivos de uma campanha. “Muitas tentam recuperar vendas com e-mail marketing, e isso é um erro. A ferramenta é essencial para dar coerência à comunicação da empresa e promover engajamento e interação, não apenas vendas”, diz. As campanhas na base de clientes da ExactTarget têm o retorno calculado de acordo com as especificidades da ação ou do negócio. Mas Barbieri assegura que todas têm um ponto em comum: a correlação entre adoção de boas práticas de relevância e o salto expressivo nas taxas de abertura do e-mail marketing e a sua conversão em vendas. “Chegam a triplicar em alguns casos”, afirma. A empresa de comércio eletrônico Netshoes, especializada na venda de artigos esportivos via internet, é um bom exemplo, segundo o diretor. Após um ano de implantação de uma solução de marketing interativo, o site aumentou em 70% o volume de abertura de suas campanhas por e-mail, criadas e implantadas pela agência F.biz. Com o investimento, a Netshoes automatizou a distribuição de mensagens de abandono de “carrinho de compras”, de ofertas exclusivas e de disponibilidade de produtos, entre outras, auxiliada por

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receptivos a comprar de uma marca após se inscreveram para receber e-mails. Para o executivo, apenas esses dados já seriam suficientes para convencer os profissionais de marketing da importância do uso desse recurso. Outro estudo da fornecedora, com o sugestivo nome de Marketers from Mars (marqueteiros de Marte), revela que nos Estados Unidos as preferências e comportamentos desses profissionais em relação a canais de comunicação, como e-mail e redes sociais, nem sempre coincidem com as preferências dos consumidores, e isso implica risco de interferência capaz de afetar a eficácia de campanhas. “Nosso objetivo é alertar os profissionais de marketing para que evitem que influências pessoais interfiram no desenvolvimento de estratégias de comunicação para o seu público”, diz.

relevante, mas também com código adequado para leitura em aparelhos móveis. “Escolha o design mais simples, enxugue as informações ao máximo e cuidado com as imagens e links. Coloque o conteúdo mais relevante no topo da mensagem. No caso do mobile, logotipos “Enviar uma e banners se tornam secundários”, orienta. campanha em dias específicos ou Um cuidado destacado por Popper mesmo identificar refere-se às boas práticas de opt-in (o quais são as “aceite” do usuário), fator determinante categorias de para qualquer tipo de campanha por e-mail, mas que se acentua no mobile preferência de cada marketing, pelo caráter pessoal do cliente pode fazer dispositivo. “É altamente recomendável grande diferença que só se envie esse tipo de e-mail para na hora de colher usuários já engajados com sua marca”, os resultados” lembra o especialista, ressaltando que Juliana Azuma, esse cuidado é óbvio, mas nem sempre da Serasa Experian observado. “No Brasil ainda é forte a questão do spam, essa cultura de ‘quanto mais, melhor’”, diz Popper. Outro lembrete do especialista diz respeito à concorrência e a eventuais pressões de outras áreas internas. “Não adianta o setor comercial pressionar para incluir um produto se o preço oferecido por vários concorrentes é mais atraente” diz. Um cenário ideal, na opinião de Popper, é que as empresas invistam em um profissional de CRM, que dirá qual conteúdo é adequado para qual segmento. “Ele pode evitar que um torcedor do Palmeiras, por exemplo, receba uma oferta de camisa do Corinthians”, ilustra.

gerenciamento de campanhas integrado a uma base de dados contendo histórico de navegação e compras recentes dos consumidores. O nível de inteligência e automação permite à empresa acompanhar os hábitos de consumo do visitante e, com base nisso, captar seus interesses e tomar ações imediatas, como envio de ofertas personalizadas. Para Victor Popper, CEO da All in, dona da plataforma de envio e gerenciamento de e-mail marketing All in Mail, a dificuldade de tornar uma mensagem relevante ocorre quando o uso do e-mail se restringe a comunicação em massa, em campanhas que não aproveitam o caráter estratégico da ferramenta e sua alta capacidade de segmentação one to one. Para obter o melhor resultado, diz ele, é preciso ter uma boa área de criação que faça peças não apenas atrativas e com conteúdo

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Visão única do consumidor Juliana Azuma, superintendente de marketing services da Serasa Experian — que atua no segmento com a plataforma Virtual Target —, destaca a segmentação como parte fundamental na estratégia das campanhas de e-mail marketing, sem a qual se perde a relevância. “Enviar uma campanha em dias específicos ou mesmo identificar quais são as categorias de preferência de cada cliente pode fazer “Muitas empresas tentam recuperar grande diferença na hora de colher os vendas com e-mail resultados e, principalmente, o marketing, o que é engajamento dos clientes em todas as um erro. A campanhas”, diz. A executiva percebe fortalecimento ferramenta é da tendência da busca, pelas essencial para empresas, por soluções sofisticadas promover que automatizam a gestão de engajamento e campanhas, integrem dados de interação, não diferentes fontes (CRM, dados apenas vendas”. transacionais, dados de terceiros etc.), Edson Barbieri, aumentem a capacidade analítica na da ExactTarget segmentação e personalização e estenda as campanhas para outros 3 3


“É altamente recomendável que só se envie e-mail de mobile marketing para usuários já engajados com sua marca” Victor Popper, da All In

canais como mobile marketing, mídia social, banners e mídia impressa. A coexistência de diversos canais de vendas (off e online), canais de interação e sistemas legados que suportam cada uma das operações da empresa configura desafio extra de integração e de obtenção de uma visão única dos consumidores na empresa. “É comum a situação em que gerentes de canais tradicionais, como pontos de venda, dificultam o acesso a dados sob sua gestão para pessoas de outros canais, como e-commerce, e vice-versa, temendo favorecer ou dar maior visibilidade ou importância a outras áreas do negócio”, diz Juliana. Outra dificuldade de integração percebida por ela, sob o ponto de vista dos fornecedores de soluções de e-mail marketing, é o fato de que muitas ferramentas foram concebidas para ser disparadores de e-mail. Não têm, portanto, capacidade de integrar bases de dados, disparar mensagens para múltiplos canais e alimentar suas bases com resultados dos demais canais. Vencidas essas barreiras, a especialista considera que, além das métricas tradicionais para avaliação de desempenho da ação (taxa de abertura, taxa de entrega, inbox placement e percentuais de cliques e de aberturas), o ideal, segundo Juliana, é que a medição de resultados seja feita separadamente de outras mídias, a fim de auferir quais são aquelas que trazem maior retorno para cada tipo de negócio e para cada tipo de estímulo gerado. Louis Bucciarelli, diretor geral da Return Path no Brasil, lembra que a eficiência da campanha começa com a entrega na caixa de entrada. “Parece óbvio, uma vez que se o e-mail não chegar à caixa de entrada, não será aberto nem lido, mas muitos profissionais não observam esta métrica ao avaliar suas campanhas e têm dificuldade em identificar o motivo de queda nas taxas de abertura da mensagem ou cliques”, diz ele, revelando que somente 67% dos e-mails enviados no Brasil chegam à caixa de entrada. A orientação do especialista é investir na infraestrutura de e-mail e em base de dados qualificada, de forma a não arranhar a reputação do endereço IP. Ele lembra que essa reputação é usada por provedores de e-mail para filtrar mensagens. Para quem quer maximizar o retorno em meio a consumidores

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campanhas que ainda ligam resultado a volume de mensagens. A boa notícia, segundo ele, é que já se percebe no mercado brasileiro uma crescente migração e foco do disparo de e-mail em massa para uma estratégia mais refinada e multicanal. “Na nossa base, a comunicação tem se tornado mais segmentada, qualificada e relevante e, por consequência, a conversão tem sido mais efetiva”, diz. Para Boracchini, há tempos as limitações que impedem a eficácia de uma campanha de e-mail deixaram de ser tecnológicas. Hoje, ele diz, é grande a inteligência por traz das plataformas, tanto para configurações avançadas que aprimoram o envio de mensagens e aumentam o índice de acerto de campanhas, quanto para móveis, Bucciarelli aconselha investir garantir a segurança dos clientes que em ferramentas com recursos de recebemos e-mails. identificação da plataforma usada para “Empresas que compram listas no abrir o e-mail (que permita, entre outros mercado e disparam em busca de recursos, saber se a base móvel da resultados precisam saber que, ainda que empresa é composta por usuários de a mensagem seja válida, dificilmente terão dispositivos com os sistemas bom resultado, porque o que determina o operacionais iOS, da Apple, ou sucesso de uma campanha é o Android, do Google). A tecnologia deve relacionamento de médio e longo prazo, e permitir visão prévia de como o e-mail o e-mail marketing é apenas um dos renderia em diferentes plataformas, de canais envolvidos nesse processo”, alerta. forma que ajustes sejam realizados Na Locaweb, Julio Gejer, gerente de antes do disparo. produtos e-mail marketing, tem como A despeito dos desafios enfrentados universo de observação cerca de 30 mil pelas empresas, Bucciarelli diz que a clientes, em sua maioria de pequeno e experiência da Return Path no Brasil médio porte, que enviam cerca de 300 permite constatar que o milhões de mensagens e-mail traz um “enorme por mês por meio da retorno” na conversão A tecnologia deve plataforma da em vendas do comércio fornecedora. Para essa permitir visão eletrônico. A base, sobretudo as fornecedora já havia prévia de como o empresas que trabalham comprovado isso lá fora, e-mail renderia em com comércio eletrônico, em pesquisa que ele diz que não adianta ter diferentes identifica o e-mail como uma taxa de cliques alta a ferramenta de maior se a ação não abranger plataformas retorno do investimento todo o ciclo do cliente, até (ROI), gerando US$ 40 a finalização de uma de retorno por dólar investido. compra. “O e-commerce precisa saber se no e-mail marketing o cliente não só Foco no consumidor engajado clicou, mas também comprou”, diz. O diretor-executivo da Akna, Lucio Segundo Gejer, independentemente Boracchini, elege o engajamento como do porte, as empresas não podem mais um dos principais conceitos a serem excluir a mobilidade de suas estratégias observados em campanhas de e-mail de e-mail marketing, o que torna a marketing. O foco, segundo ele, deve ser relevância da mensagem ainda mais o público engajado, ou seja, aquele que crítica. “No Brasil, o lugar onde mais se lê interage respondendo a mensagem, e-mail em dispositivos móveis é no clicando em links para promoção etc. “O trânsito, cenário em que o usuário lê o grupo de pessoas sem engajamento não assunto e decide em segundos se apaga deveria ser considerado um mercadoimediatamente e mensagem ou guarda alvo”, diz, fazendo referência às muitas para leitura posterior”, diz. T I I n s i d e

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