Novas soluções analisam sentimento do consumidor Empresas apostam em serviços de ponta a ponta Ano 9 | nº 94 | setembro de 2013
www.tiinside.com.br
Big data possibilita gestão mais estratégica ao RH
PROJETOS SOB NOVA MODELAGEM De aplicativos que permitem a coleta de informações em dispositivos móveis a tecnologia de Building Information Modeling (BIM), setor da construção adere a novas ferramentas para desenvolvimento de projetos e gestão de obras
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>editorial
Ano 9 | nº 94 |setembro de 2013 | www.tiinside.com.br
TI transforma o mercado e a indústria de construção civil
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Diretor-Editor Claudiney Santos Editor Erivelto Tadeu
capa de TI INSIDE, a adoção do BIM não é tão simples, já que ele exige uma mudança na forma de elaboração do projeto. Não basta comprar o software, treinar a equipe e começar a usá-lo. É preciso, antes de tudo, fazer a integração com outras ferramentas usadas na cadeia da construção. O BIM também requer uma reorganização do processo produtivo da construtora, sendo que a maior dificuldade concentra-se na falta de profissionais capacitados para essa evolução. Apesar disso, os especialistas são unânimes em apontar o uso do BIM como uma tendência irreversível na indústria da construção. Outra tendência que cada vez mais vem ganhando força no mercado brasileiro é a oferta de serviços de TI de ponta a ponta, ou seja, desde o provisionamento de hardware ou de máquinas virtuais, desenvolvimento de aplicações customizadas, fornecimento de software como serviço, segurança e atualização até o suporte técnico. Especial desta edição revela que mercado brasileiro de serviços de tecnologia movimentou, no ano passado, US$ 15,6 bilhões, de acordo com dados do Gartner, o que tem levado as empresas que atuam nessa área a fortalecer seu portfólio de serviços. A demanda por serviços de terceirização que já é grande, deve aumentar e acirrar ainda mais a disputa entre os fornecedores de serviços. Quem lucra são as empresas que recorrem a esses fornecedores.
os últimos anos, a indústria de construção civil brasileira tem registrado taxas de crescimento acima da média mundial. E esse bom desempenho pode ser atribuído não apenas às obras de infraestrutura do governo federal e a forte expansão do crédito imobiliário, mas também às melhorias nos processos promovidas por construtoras e incorporadoras e, principalmente, a nova geração de softwares para desenvolvimento de projetos. Grande parte dos prédios residenciais e comerciais lançados ultimamente nos grandes centros do país foram erguidos com o uso dessas novas ferramentas, o que tem provocado uma transformação radical no processo de produção da construção civil. Elas incluem desde aplicativos que permitem a coleta de informações em dispositivos móveis, para que decisões gerenciais possam ser tomadas rapidamente, até a incorporação de uma nova tecnologia, conhecida como BIM (building information modeling, ou modelagem de informações para a construção), que permite organizar, em um mesmo arquivo eletrônico, um banco de dados de toda a obra, acessível a todas as equipes de engenharia e arquitetura. A disseminação do BIM vem ganhando força desde o desenvolvimento, há alguns anos, dos softwares CAD (Computer-Aided Design) para a construção. De certo modo, o BIM pode ser considerado uma evolução dos softwares de CAD que projetistas utilizam para fazer, no computador, o projetos em três dimensões de um empreendimento. Mas, conforme mostra a reportagem de
Repórteres Bruna Chieco, Fabiana Rolfini e André Silveira (Brasília) Colaboradores Inaldo Cristoni e Ana Moura Fé Arte Edmur Cason (Direção de Arte); Débora Harue Torigoe (Assistente); Geraldo José Nogueira (Edit. Eletrônica); Alexandre Barros e Bárbara Cason (Colaboradores) Departamento Comercial Manoel Fernandez (Diretor) Carla Gois (Gerente de Negócios); e Ivaneti Longo (Assistente) Gerente de Circulação Patrícia Brandão Gerente de Inscrições Gislaine Gaspar Marketing Gisella Gimenez (Gerente) Ana Paula Pascoaletto (Assistente) Gerente Administrativa Claudia Tornelli Zegaib TI Inside é uma publicação mensal da Converge Comunicações - Rua Sergipe, 401, Conj. 603, CEP 01243-001. Telefone: (11) 3138-4600 e Fax: (11) 3257-5910. São Paulo, SP. Sucursal SCN - Quadra 02 - Bloco D, sala 424 - Torre B Centro Empresarial Liberty Mall - CEP: 70712-903 Fone/Fax: (61) 3327-3755 - Brasília, DF. Jornalista Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965) Impressão Ipsis Gráfica e Editora S.A. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A CENTRAL DE ASSINATURAS 0800 014 5022 das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira Internet www.tiinside.com.br E-mail assine@convergecom.com.br REDAÇÃO (11) 3138-4600 E-mail cartas.tiinside@convergecom.com.br PUBLICIDADE (11) 3214-3747 E-mail comercial@convergecom.com.br
Claudiney Santos Diretor/editor csantos@convergecom.com.br
>sumário NEWS
INTERNET
4 Capítulo final
Ferramentas que interpretam mensagens para avaliar o humor de consumidores no ambiente digital viram febre entre empresas
6 Mercado incipiente
Os e-books ainda não conseguiram emplacar no Brasil. Vendas não representam nem 1% do faturamento das editoras
7 Espião onipresente
Novos documentos vazados revelam que a NSA quebrou algoritmos de segurança de e-mails
GESTÃO ESPECIAL
20 Serviços e novas soluções
Fornecedores reforçam portfólio de serviços de TI, com ofertas de ponta a ponta. Outras tendências no mercado são o uso ferramentas de big data para gestão de RH
INFRAESTRUTURA
8 Construção digital
Construtoras passam a usar apps para coleta de dados em dispositivos móveis, e o conceito de modelagem de informação da construção (BIM) para o desenvolvimento de projeto e gestão de obras Capa: Sergey Nivens/shutterstock.com
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Instituto Verificador de Circulação
e o mapeamento de ambientes fechados para de serviços móveis
16 Termômetro emocional
Michael Dell finalmente obteve aprovação dos acionistas para recompra das ações e fechamento do capital da empresa
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Presidente Rubens Glasberg Diretores Editoriais André Mermelstein Claudiney Santos Samuel Possebon Diretor Comercial Manoel Fernandez Diretor Financeiro Otavio Jardanovski
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ENTREVISTA
34 Foco no consumidor
A superintendente de Relações com o Consumidor da Anatel fala sobre as medidas que o órgão pretende adotar para melhorar o atendimento ao consumidor
TENDÊNCIAS
40 Inovação na saúde
Empresas do setor de saúde incorporam tecnologias de mobile health e de dispositivos vestíveis às suas atividades. Datasus também tem novos projetos na área de saúde digital
Fim da novela
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Bedrin/shutterstock.com
epois de uma longa batalha para fechar o capital da Dell, Michael Dell finalmente alcançou seu objetivo. A proposta do CEO e fundador da empresa, em consórcio com o fundo Silver Lake Partners, foi aprovada pelos acionistas, que receberão US$ 13,75 em dinheiro por ação ordinária em circulação, além do pagamento de dividendos de US$ 0,13 por ação. O acordo também inclui um dividendo trimestral regular de US$ 0,08 por ação a ser pago no terceiro trimestre fiscal da empresa, que se encerra em novembro. O total da transação está avaliado em US$ 24,9 bilhões. A aprovação encerra uma longa novela para decidir sobre o destino da fabricante de PCs, que anunciou em fevereiro a intenção de fechar o capital para tentar reverter a crise em que a companhia se encontra, direcionando o foco de atuação para as áreas de serviços e de hardware para empresas. O maior rival de Michael Dell na batalha pela recompra de ações foi o megainvestidor ativista e um dos principais
foto: divulgação
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acionistas da empresa, Carl Icahn, que inicialmente incluiu na proposta a compra de US$ 2 bilhões das ações restantes da empresa por US$ 15 cada, US$ 5 bilhões em compromisso de equity capital e US$ 2 bilhões adicionais em financiamento de caixa, visando também barrar o fechamento do capital da companhia. Icahn fez inúmeros movimentos para convencer os acionistas de desistir da
Reforço no caixa
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oferta do CEO, alegando que o preço baixo desvaloriza a empresa. Além de aumentar sua participação na Dell e firmar parceria com o fundo de investimentos Southeastern Asset Management, o megainvestidor aumentou sua oferta por diversas vezes. A queda de braço se estendeu durante meses, com a votação sendo adiada por três vezes, e culminou na desistência de Icahn.
IPO a vista
Totvs, maior fabricante brasileira de software para gestão empresarial, levantou US$ 658,6 milhões em financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de acordo com ata da reunião do Conselho de Administração da companhia, realizada este mês, e enviada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Segundo o documento, a operação financeira, com prazo de amortização de seis anos, está dividida em três subcréditos. A maior parte do montante – R$ 596,8 milhões – será destinada ao aperfeiçoamento das soluções da companhia, no âmbito do Prosoft (Programa para o Desenvolvimento da Indústria Nacional de Software e Serviços de Tecnologia). Já R$ 58,4 milhões serão direcionados ao desenvolvimento da Fluig, nova versão de plataforma da Totvs para gestão de processos, documentos e identidade, que tem interface colaborativa e hospedagem na nuvem, obtidos por meio do Programa BNDES de Sustentação do Investimento (PSI), Subprograma Inovação e Máquinas e Equipamentos Eficientes. Por fim, os R$ 3,3 milhões restantes serão investidos em projetos sociais a serem executados pela companhia. 4
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epois de muita especulação, o Twitter confirmou que fará sua oferta pública inicial de ações (IPO). Sem revelar detalhes, a empresa divulgou, por meio da sua própria página na rede de microblogs, que entrou com pedido na Securities and Exchange Commission, órgão regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos, para o IPO. A solicitação foi feita por meio do formulário S-1, que configura o registro inicial para se tornar uma empresa de capital aberto. As especulações sobre o IPO da empresa, que já circulavam no mercado por conta das inúmeras contratações e aquisições feitas pela companhia, aumentaram em maio com a contratação de Cynthia Gaylor, do Morgan Stanley, para dirigir a equipe de desenvolvimento corporativo. A executiva é veterana na área de bancos de investimentos com experiência em aquisições e IPO. Na sequência, a empresa postou um anúncio de emprego no LinkedIn para gerente de relatórios financeiros. 2 0 1 3
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Bilan 3D/shutterstock.com
>news Apelo fraco
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Sem empolgação
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lançamento pela Apple de dois modelos de smartphones, o iPhone 5C (versão de baixo custo que será vendida a partir de US$ 99 nos EUA) e o iPhone 5S, uma atualização do iPhone 5, não empolgou Wall Street. No dia do anúncio, 10 de setembro, os papéis da companhia registraram queda de 2,28% na bolsa eletrônica Nasdaq, negociados a US$ 494,64. Tendência que se manteve na semana. Após apresentar o novo iPhone 5C, que virá em cinco cores diferentes em peça de policarbonato, o CEO da Apple, Tim
Cook, apresentou o iPhone 5S, confirmando rumores de um smartphone dourado e apresentado também nas cores em prata e preto. Fabricado em alumínio, trata-se de modelo premium, com melhorias em sua câmera e processador, além de novidades como um leitor biométrico de impressão digital. Os smartphones estarão disponíveis em 20 de setembro nos EUA, Austrália, Canadá, China, França, Alemanha, Japão, Cingapura e no Reino Unido. No Brasil, para onde ainda não há previsão de lançamento.
foto: divulgação
mercado de livros digitais (e-books) no Brasil cresceu mais de 350% de 2011 para 2012. Mesmo assim, eles não representam nem 1% do faturamento das editoras nacionais, de acordo com pesquisa feita pela Câmara Brasileira do Livro (CBL). Segundo o levantamento, 68% das editoras brasileiras comercializam livros digitais, sendo que 59% ainda estão inseguras quanto ao formato a ser utilizado. Do total que respondeu ao questionário, 58,7% usam plataformas dos canais de venda e 52,4%, distribuidoras digitais. A maioria, 70%, vende o arquivo com DRM, um tipo de bloqueio que não permite que sejam feitas cópias. Quanto ao faturamento, 54% das editoras disseram que a venda de livro digital não chega a 1% do total e 10,53% responderam que está acima de 50%. Para Suzanna Florissi, diretora da entidade, é uma questão de tempo e investimento para o mundo da leitura se fundir com o virtual. “Não que o livro impresso vá desaparecer, mas o livro digital é um complemento, principalmente o livro didático”, diz. O mercado de e-books é dominado por Apple Store e Google Play, os principais meios de venda de livros digitais. O Google Play tem 5 milhões de livros disponíveis para venda e download gratuito, das principais editoras brasileiras. Na Apple Store, estão disponíveis para o leitor mais de 1,5 milhão de livros digitais.
Multa salgada
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Telnov Oleksii/shutterstock.com
Microsoft Brasil terá de pagar multa de R$ 650 mil por descumprir ordem judicial de quebra de sigilo de dados em uma conta de e-mail. A interceptação havia sido determinada pela 9ª Vara Federal Criminal em São Paulo, referente a um procedimento investigatório que tramita sob segredo de justiça. De acordo com a decisão, a Microsoft deveria interceptar os dados da conta durante 15 dias, sob pena de multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento. Por considerar a determinação ilegal e abusiva, a empresa recorreu ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) por meio de um mandado de segurança. No recurso, ela alegou que não teve acesso à íntegra da decisão judicial e por isso não pôde verificar a legalidade dos fundamentos do pedido de quebra de sigilo. Sustentou também que, por não ser parte na investigação criminal, a multa estipulada seria inaplicável. Ao julgar o mérito da demanda, o TRF3 considerou que “não cabe à impetrante [Microsoft] exercer o controle da legalidade sobre os fundamentos utilizados pela autoridade impetrada, uma vez que é mera executora da referida ordem, sendo certo que o referido controle será oportunamente realizado pela parte que possui legitimidade para tal”. Segundo o acórdão proferido, por exercer suas atividades no país a empresa deve se sujeitar à legislação brasileira, “especialmente no que tange às determinações judiciais que visam à apuração de delitos ocorridos em território nacional”. 6
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Norebbo/shutterstock.com
Expansão do portfólio
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fabricante de equipamentos de rede Extreme Networks anunciou a compra de todas as ações em circulação da Enterasys Networks, empresa que atua no mesmo ramo, por US$ 180 milhões, que serão pagos em dinheiro. A aquisição visa fortalecer a presença da empresa nos mercados de data center e cloud computing. Com o resultado da incorporação, a empresa terá o compromisso de continuar a apoiar roadmaps de produtos das duas companhias, segundo comunicado conjunto emitido por elas. As empresas também esperam integrar totalmente seus sistemas operacionais em aproximadamente dois anos, apoiando a plataforma de hardware de ambas. A projeção é que, após a aquisição, a receita seja o dobro do arrecadado por qualquer uma das duas empresas sozinhas. A receita anual de cada uma delas é de cerca de US$ 330 milhões.
100 mil jovens capacitados
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Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) lançou a segunda fase do Brasil Mais TI, projeto que compõe o TI Maior — Programa Estratégico de Software e Tecnologia da Informação — e que tem como objetivo formar mão de obra qualificada para o setor de tecnologia com a oferta de educação complementar por meio de cursos profissionalizantes gratuitos, disponibilizados na web. Os cursos abordam linguagens de programação e introdução à tecnologia da informação. A iniciativa é da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), que obteve financiamento do MCTI e conta com apoio do Ministério da Educação (MEC). A segunda etapa do projeto terá investimento de cerca de R$ 12 milhões — sendo R$ 8 milhões provenientes do MEC. Ao fazer o balanço da primeira fase do projeto, lançado há um ano, o secretário de Políticas de Informática da pasta, Virgílio Almeida, diz que ele superou todas as expectativas do MCTI. “Até o momento, foram capacitados 104.182 jovens, enquanto prevíamos formar 50 mil somente em 2014”, expôs. A nova etapa do projeto traz uma série de novidades. Dentre elas, destacam-se as direcionadas às mídias sociais. Na página do projeto no Facebook, por exemplo, os interessados contarão com uma vitrine do programa, com informações sobre o mercado de TI, além de jogos que abordam temas do setor e da profissão. Até janeiro do ano que vem, todo conteúdo dos cursos — que será dividido em subtemas como banco de dados, cloud computing, web design, aplicações e segurança — será disponibilizado em dispositivos móveis e também em TVs digitais, informou Rafael Moreira, diretor de políticas de TIC do MCTI. CORREÇÃO Diferentemente do que informou a nota sobre a nova solução da Almawave, na página 5 desta seção, da edição de agosto, o cargo de Valeria Sandei é CEO mundial da companhia e não CIO, como saiu publicado.
Bisbilhotagem de e-mails
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ocumentos vazados por Edward Snowden, ex-colaborador da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês), revelam que a agência e o GCHQ, serviço de inteligência britânico, teriam quebrado algoritmos de segurança de boa parte das comunicações transmitidas pela internet. Segundo os documentos, as agências conseguiram decodificar parte da criptografia de dados em transações online, serviços bancários, registros médicos e e-mails, por meio de um programa que custa US$ 250 milhões por ano, e que conta com a cooperação de empresas de tecnologia. A quebra da criptografia é feita com o uso de supercomputadores e amparada em ordens judiciais para minar as principais ferramentas que protegem a privacidade das comunicações cotidianas. Especialistas em segurança já suspeitavam que a NSA tinha condições de desbloquear algumas normas de segurança. Em um incidente em 2006, documento secreto mostrou que a agência conseguia obter sua própria versão de um projeto do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA, por meio do uso de malwares. À época, o código resultante foi muitas vezes suspeito de ter sido adulterado pelo governo, mas isso nunca foi provado. Os documentos aos quais o jornal teve acesso não informam, no entanto, quais empresas seriam colaboradoras do programa ou o nome de tecnologias específicas que já teriam sido quebradas pela NSA.
>infraestrutura INALDO CRISTONI
Tijolo por tijolo com alicerce da TI Sergey Nivens/shutterstock.com
Novas soluções de apoio a gestão na construção civil, tais como apps para coleta de dados em dispositivos móveis e o conceito de modelagem de informação da construção (BIM), tornam os processos eficazes e as tomadas de decisão, mais rápidas
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uso de ferramentas de tecnologia da informação na construção civil não chega a ser exatamente uma novidade. Construtoras e incorporadoras cada vez mais têm lançado mão de recursos de TI para automatizar a gestão de canteiros de obras, o que tem contribuído para uma mudança paulatina na cultura que ainda predomina entre elas de realizar o controle dos processos de forma manual. O aspecto novo da modernização em curso, porém, está nos tipos de soluções que vêm sendo adotadas, as quais contemplam desde aplicativos que permitem a coleta de informações em dispositivos móveis, para que decisões gerenciais possam ser tomadas rapidamente, até a implantação do conceito de BIM (building information modeling, ou modelagem de informação da construção), tido como a nova fronteira a ser rompida na evolução tecnológica do setor da construção civil, já que muda a abordagem de planejamento e o relacionamento na cadeia produtiva. Na prática, o BIM exige uma reorganização do processo produtivo da construtora. Segundo Marcus Granadeiro, presidente da Construtivo. com, empresa criada em 1999 que fornece soluções para gestão de ponta a ponta para o mercado de engenharia, há mais de dez anos se fala na “onda” do BIM, mas somente agora o conceito começa a ser aplicado na construção civil. De certa maneira, o BIM pode ser considerado uma evolução do software de CAD (Computer-Aided Design), que os projetistas utilizam para fazer, no computador, o projeto em três dimensões de um empreendimento. “Os projetistas saíram da prancheta,
passaram para o CAD e agora a próxima fase é começar a modelar dentro do BIM”, afirma. Mas a adoção do BIM não é tão simples assim, já que o conceito exige mudança na forma de elaboração do projeto. Não basta comprar o software, treinar a equipe e começar a usá-lo. É preciso, antes de tudo, fazer a integração com outras ferramentas usadas na cadeia
possibilidade, pois esse tipo de ferramenta não tem a inteligência para prever problemas e, tal qual o papel, “aceita tudo”. “Com o BIM você tem um prédio virtual no computador, é como se fosse uma maquete virtual do empreendimento”, compara. A capacidade do BIM de antecipar “Há construtoras problemas evita paralisações da obra que demoram de para corrigir falhas no projeto que, quatro a cinco com o CAD, são detectadas apenas meses após a durante a construção do conclusão da obra empreendimento. Nesse sentido, a para saber se aplicação do BIM contribui para a ela teve ou manter o custo fixo da obra mais racionalizado. Para se ter ideia do que não resultado isso representa é preciso levar em financeiro” conta o custo de se manter, por Adriana exemplo, 50 operários parados por Bombassaro, da Teclógica três dias à espera da solução de um problema que não foi detectado antes do início da construção. Além da elaboração do projeto tridimensional, com o BIM é possível trabalhar com a quarta dimensão (4D), que diz respeito ao tempo, e a quinta dimensão (5D), que associa o custo a outras quatro dimensões. Fornecedora de soluções na nuvem, no modelo de software como serviço (SaaS), a Construtivo.com tem atuado em duas frentes para difusão
Não basta comprar o software, treinar a equipe e começar a usá-lo. É preciso, antes de tudo, fazer a integração com outras ferramentas usadas na cadeia da construção da construção. Granadeiro explica que uma das principais características do BIM é a inteligência que permite simular, ainda na fase do projeto, o comportamento do empreendimento depois de construído, ou seja, é possível antecipar e resolver os problemas antes de iniciar a obra. Com o CAD não há essa
do conceito de BIM no mercado brasileiro. Em uma delas, conta com o apoio de uma equipe da Unicamp para desenvolver o trabalho de consultoria, cujo objetivo é mostrar como as empresas devem se organizar e escolher as ferramentas adequadas para implementar o conceito. Em outra, criou uma
>infraestrutura
“Você apresenta uma ferramenta, o engenheiro acha o máximo, mas na prática, quando percebe que o processo muda um pouco, ele põe obstáculos” Giovanni Sugamosto, da Mega Sistemas
interface de integração entre a sua ferramenta de colaboração, denominada Colaborativo, com o BIM para auxiliar as construtoras no atendimento técnico (manutenção, reportar a falta de conformidade, fazer vistorias e inspeções) do empreendimento entregue, e também na elaboração do chamado projeto "as build" (como construir) — que contempla as mudanças normalmente feitas e que são documentadas —, que é usado como referência para o trabalho de manutenção. De acordo com Granadeiro, a meta é atingir 2 mil clientes com as novas ofertas integradas ao BIM. Mobilidade no canteiro Uma cena que tende a se tornar comum nas obras civis é o uso de dispositivos móveis. Além do engenheiro, será frequente também ver o mestre de obras, a equipe de segurança, o pessoal do apontamento e outros profissionais circulando no canteiro de obras com um tablet ou um smartphone. Esses aparelhos estão sendo usados para acessar um aplicativo que permite a coleta de informações para, posteriormente, serem consolidadas em uma base de dados e usadas como subsídio na
tomada de decisões. Isso substitui as planilhas em papel, elimina o trabalho de digitação e confere mais agilidade aos processos de controle. As informações podem ser transmitidas online para o sistema de gestão, desde que haja uma conexão de internet, mas como na maioria dos casos o canteiro de obra fica distante da sede das construtoras ou em locais sem infraestrutura de comunicação, os dispositivos móveis podem funcionar
Jakub Krechowicz/shutterstock.com
O BIM na prática
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mbora o BIM possa ser considerado uma evolução dos softwares de CAD que os projetistas utilizam para fazer, no computador, diferentemente dos CADs tradicionais, os novos programas baseados na tecnologia são capazes de atribuir informações aos desenhos elaborados no computador. Por exemplo, num desenho no CAD uma coluna se sustentação é “entendida” como um desenho simples, como se fossem linhas sem significados. Além disso, as características da coluna, tais como especificações de material, quantidades, dimensões etc., são indicadas manualmente como texto na legenda do projeto. Já nos softwares BIM, ao desenhar a coluna, o projetista lhe atribui propriedades — tipo de ferragem, dimensões etc. —, que são armazenadas no banco de dados, gerando automaticamente a legenda no desenho. Em outras fases da construção, porém, também é possível extrair informações em outros formatos, como tabelas de quantidade de material para o departamento de orçamento. Apesar de o BIM elaborar projetos tridimensionais — sendo possível inclusive trabalhar com a quarta dimensão (4D) e a quinta dimensão (5D) —, os modelos 2D continuam existindo nos softwares desenvolvidos com a tecnologia. A diferença é que, como todos os outros documentos, esses arquivos eletrônicos estão permanentemente ligados ao banco de dados da obra. Por isso, qualquer alteração realizada no modelo tridimensional é automaticamente atualizada em todos os arquivos bidimensionais e vice-versa, dispensando revisões mais detalhadas. Isso é particularmente últil em projetos complexos, com centenas de plantas e cortes.
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offline — nesse caso, os dados são apurados e, posteriormente, enviados para consolidação em uma base de dados na sede da construtora. A mobilidade no canteiro de obras tornou-se possível com o advento do Mobuss Construção, por exemplo. Desenvolvido pela Teclógica, o software automatiza os processos de gestão da construção, permitindo o controle em tempo real da produtividade e dos materiais utilizados, o gerenciamento das perdas, a análise dos processos de RH e a gestão da área de segurança. Uma de suas vantagens, segundo a empresa, é a flexibilidade, pois permite que cada construtora utilize somente os módulos que necessita. É possível também incorporar outras funcionalidades para aplicação durante a execução da obra. Lançado em março do ano passado, o Mobuss ganhará novas funcionalidades até o fim deste ano. Além dos módulos de apontamento de produção, segurança, assistência técnica, qualidade e inspeção, outros dois serão incorporados — um para controle de solicitação de materiais e outro para fazer a vistoria e entrega das obras, revela Adriana Bombassaro, diretora de produtos da companhia. Segundo ela, a ideia é que o aplicativo seja um complemento dos softwares de gestão empresarial (ERP) utilizados pelas empresas do setor. “O Mobuss Construção alimenta esses sistemas, para que a construtora consiga maior assertividade nos controles”, afirma. Quem não utiliza software de ERP pode acessar os dados em um portal (www.mobuss.com.br) para receber e compilar as informações coletadas no canteiro de obras. O acesso, feito por meio de login e senha, é garantido a partir do momento em que o cliente adquire o aplicativo, que é comercializado no modelo SaaS. A expectativa da Teclógica é obter de 15% a 20% do faturamento deste ano com a venda do Mobuss Construção, que já conta com 450 clientes. “Não é possível ter ganhos de produtividade e redução de custos sem o tipo de controle que o aplicativo permite. Para se ter ideia, há construtoras que demoram de quatro a cinco meses após a conclusão da obra para saber se a ela teve ou não resultado 2 0 1 3
financeiro”, afirma Adriana. O aplicativo opera em aparelhos com sistema operacional Android, do Google, mas faz parte dos planos da Teclógica desenvolver versões para as plataformas iOS, da Apple, e Windows Phone, da Microsoft. A Teclógica firmou parceria coma Mega Sistemas Corporativos para integração do aplicativo ao software de ERP Mega Construção. Segundo Adriana, acordos do gênero com outros fornecedores dependerão da demanda do mercado. “No momento, temos vários clientes em ‘orçamentação’ para fazer a integração com outras plataformas, como o ERP da Totvs”, diz. Concebido para operar em tablets e smartphones equipados com iOS ou Android, o Mega Construção foi lançado em abril, mas a empresa vem trabalhando no seu desenvolvimento há pelo menos um ano e meio. “Fizemos um benchmark com os nossos clientes para saber o que eles esperavam em termos de mobilidade na obra”, conta Giovanni Sugamosto, diretor comercial do segmento de construção da Mega Sistemas Corporativos. Atualmente, o software é utilizado em cerca de 70 obras, mas a meta da empresa é atingir de 100 a 150 canteiros de obras até dezembro e contabilizar cerca de 300 obras em 2014. Foco de resistência A projeção é conservadora por causa da cultura de controle de processos de forma manual que prevalece no setor. “Você apresenta uma ferramenta que faz inspeção de qualidade, medição e controle de material, apontamento de produtividade, treinamento e esbarra em resistências. Na teoria, o engenheiro acha o máximo, mas na prática, quando percebe que o
processo muda um pouco, ele põe obstáculos”, comenta Giovanni. Mesmo assim, o executivo está confiante em um bom resultado. O setor de construção representa entre 35% e 40% do faturamento da Mega Sistemas Corporativos, que no ano passado foi de R$ 59 milhões. No primeiro semestre de 2013, a empresa faturou R$ 30 milhões e a expectativa
voltadas à assistência técnica, gestão ambiental e controle de documentação e entrega do empreendimento (vistoria). No início do próximo ano está prevista a inclusão de módulos que permitem auferir os indicadores de desempenho, controle de cotação e concorrência para os fornecedores. A atuação da Totvs no setor da construção civil tem sido beneficiada pelo fato de fornecer software de ERP para grandes construtoras, faixa do mercado em que tem boa penetração. “Temos plano de explorar Segundo Gustavo Bastos, diretor do segmento de construção e projetos, a oportunidades companhia está presente em 35% das de negócio no maiores empreiteiras do país. Além segmento disso, 70 das 100 maiores empresas de médias do setor utilizam as soluções Totvs. empreiteiras” Entretanto, faz parte dos planos Gustavo bastos, explorar as oportunidades de negócio da totvs no segmento das médias empreiteiras, para o qual lançou recentemente o pacote Totvs Eficaz Construção, que é comercializado no modelo de licença de uso. A proposta da companhia com essa nova oferta é fazer com que os potenciais clientes consigam tirar proveito de suas funcionalidades de gestão e controle em curto período de tempo, no máximo entre 90 e 120
ainda há uma cultura de processos de forma manual que prevalece no setor da construção civil é terminar o exercício com um crescimento entre 20% e 25%. O Mega Construção é comercializado no modelo on demand, no qual o cliente paga um valor mensal durante o período de execução da obra. Além da gestão do canteiro de obra, o sistema controla o back office da operação e a área de incorporação. A partir de outubro serão incorporadas funcionalidades
dias. “As diferenças desse software em relação ao ERP destinado às grandes construtoras são, basicamente, a metodologia de implantação e o foco nas operações essenciais para que os clientes tenham retorno dos negócios mais rapidamente, possam sofisticar novos controles e reduzir o tempo de implantação”, explica Bastos. Outra abordagem da Totvs para o
>infraestrutura setor da construção é a mobilidade. A companhia desenvolveu um aplicativo chamado Top Mobile, que permite um controle apurado da evolução física da obra, do consumo e apropriação de recursos (materiais, mão de obra e equipamentos) e a tomada de decisões, seja para reverter cenários desfavoráveis ou para promover algum ganho. A integração com o back office é de fundamental importância na execução dessas tarefas, ressalta Bastos. “Você estabelece um planejamento para determinada obra, carrega as tarefas no smartphone Android e o pessoal da gestão de obra verifica quem foi envolvido na execução das tarefas, quais
para controle da evolução física da obra é fundamental a integração com o back office equipamentos foram utilizados, se foram produtivas as horas em que os recursos foram aplicados, se houve retrabalho ou algum imprevisto”, descreve. Os apontamentos podem ser transmitidos online ou armazenados no smartphone e descarregados posteriormente no sistema de back office, permitindo a troca de
informações com o sistema de back office e a recepção dos novos conjuntos de tarefas para a próxima etapa do planejamento. A ideia consiste em saber se foi executado o que estava previsto, se o andamento da obra está de acordo com o cronograma e se os custos estão conformidade com o planejamento. O Top Mobile foi lançado neste ano, opera com o sistema Android e se integra ao ERP da empresa. “Além de melhorar os processos de gestão, garantindo mais acuracidade no controle do planejamento, o aplicativo elimina o uso de papel, evita erros costumeiros no processamento das informações e reduz os custos”, destaca Bastos.
Aplicativo para toda obra Construtora catarinense adota app específico para o setor de construção e, além de tornar mais ágil a coleta de informações através do uso de tablets, aumentou da confiabilidade dos dados
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m atividades há 30 anos, a construtora catarinense SulBrasil, de Blumenau, é usuária do Mobbus Construção desde 2009. O software foi lançado pela Teclógica em março do ano passado, mas a empresa participou desde o início do seu processo de desenvolvimento. A aplicação inicial ocorreu na gestão dos processos e planejamento, mas com o passar dos anos a construtora decidiu ampliar o escopo do projeto de automatização e estendê-lo a outras áreas, como de controle de qualidade, segurança e assistência técnica. Os bons resultados obtidos motivaram a adoção do aplicativo também para o controle de materiais usados no canteiro de obras. O lançamento oficial do software no mercado foi em março do ano passado, mas a SulBrasil participou desde o início do seu processo de desenvolvimento. De acordo com Auriciane Fachini, engenheira do setor de planejamento, produtividade e controle da SulBrasil, os benefícios apurados com a utilização do Mobbus Construção vão muito além da agilidade na coleta de informações através do uso de tablets com sistema operacional Android. Ela destaca também a velocidade na transmissão dos dados e o aumento da confiabilidade das informações processadas. “Nós conseguimos prever o desempenho da produtividade nos nossos orçamentos e obtivemos um ganho de 20% de produtividade”, acrescenta. A implantação do Mobbus Construção representou a automatização de um trabalho que a SulBrasil já fazia há algum tempo, só que de forma manual. Segundo Auriciane, “a empresa já tinha essa cultura de coletar dados de produtividade”, e ganhou ainda mais força quando as antigas planilhas em papel foram substituídas por tablets equipados com o aplicativo da Teclógica. A primeira experiência foi em um canteiro de obras localizado na cidade de Blumenau. Atualmente, a companhia conta com 15 dispositivos móveis nas obras, que tem execução em várias partes do país. A engenheira descreve o processo de levantamento das informações antes do projeto. A coleta era feita de hora em hora e, ao final do dia, as planilhas eram entregues no escritório da SulBrasil instalado no canteiro de obras. Uma pessoa fazia a digitação e outra cuidava da compilação dos dados, para geração do índice de produtividade diária de cada trabalhador. Segundo Auriciane, a meta de produtividade é estabelecida no momento em que é feita a composição do
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custo da obra, ou seja, na fase de orçamento. Com a adoção do software Mobbus Construção houve a eliminação de trabalhos intermediários nesse processo. As informações coletadas no tablets passaram a ser enviadas diretamente para a sede da SulBrasil. A figura do digitador, por exemplo, foi eliminada de forma que a redução do número de pessoas envolvidas na manipulação dos dados diminuiu a incidência de erros e, consequentemente, melhorou a qualidade do conteúdo processado. Faz parte dos planos da construtora implantar o Mobbus Construção no controle de materiais. A ideia não é medir o consumo, mas avaliar a relação entre o previsto e o realizado, ou seja, saber se o que foi feito está dentro do que está orçado. Outro objetivo é ter um controle mais efetivo do que sai do almoxarifado para o canteiro de obras, o que exige a integração do aplicativo com o software de ERP. “Estamos analisando a viabilidade disso junto à Teclógica”, afirma Auriciane.
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All-in-one, expressão da língua inglesa que significa “tudo-em-um”. A Interactive Intelligence define o conceito de sua plataforma all-in-one IP para contact centers e comunicação corporativa da seguinte maneira: todas as aplicações de gestão de comunicação rodando em uma única plataforma; único ponto de administração para todas as suas funcionalidades, o que significa menos treinamento e simplicidade de uso; aplicações adicionais ativadas simplesmente por chaves de licença, para deixar no passado integrações caras e complexas; total integração com plataformas mobile, apps e dispositivos. Tolerância completa à falhas e continuidade da operação com total disponibilidade de suas aplicações, sempre. Uma solução única com todos os recursos necessários, de um único fornecedor, incluindo um único contrato de manutenção. Tudo isso redefinido pelo menor custo total de propriedade. Essa não deveria ser a sua definição também?
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>artigo *Marcus Granadeiro
Nas ondas do BIM
A tecnologia de modelagem de informações para a construção permite organizar, em um mesmo arquivo eletrônico, um banco de dados de toda a obra, o que torna os processos mais ágeis e confiáveis
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s empresas estão focadas em migrar do CAD (do inglês, Computer-Aided Design) para o BIM (Building Information Modeling). Clientes finais começam a exigir projetos desenvolvidos com a nova tecnologia, o que faz com que as empresas de engenharia se capacitem para atender essa nova demanda. Com isso, os primeiros modelos de informação das edificações estão ficando prontos. Este é um processo irreversível, independente de qual empresa ganhará a disputa pelo fornecimento da tecnologia de modelagem, de qual velocidade vai acontecer e da qualidade que esses modelos irão ter. Mas, o que fazer com esses “Os projetistas modelos? Qual é a melhor forma de se saíram da os benefícios dessa tecnologia? prancheta, aproveitar Este é o tema que deve estar na mente passaram para o dos estrategistas de negócios, pois a CAD e agora a decisão de ir para a tecnologia BIM já é próxima fase é passado, assim como o caminho a ser começar a trilhado para isto. modelar dentro A primeira “onda” de benefícios do BIM” acontece e é notada em conjunto com a Marcus própria adoção da ferramenta, que está Granadeiro, da relacionada à fase de projeto. A Construtivo.com introdução da ferramenta obriga os projetos a elevar seu nível de integração e melhorar a qualidade quanto à resolução de conflitos, uma vez que o 2D é mais tolerante a improvisos do que o 3D paramétrico. O papel aceita tudo, mas o modelo BIM, não. Esses benefícios muitas vezes são confundidos e vistos como maléficos, pois dá a impressão que o projeto fica mais lento, mais difícil. Porém, há um conflito ao perceber que não se trata só de tecnologia, mas que é necessário pensar também em engenharia. Sobre este primeiro momento muito já foi escrito e debatido. As próximas 1 4
ondas acontecerão de forma natural, com os projetos em BIM sendo construídos e habitados. Na fase de obra, o modelo será usado para facilitar a compreensão da construção, automatizar compras e sofisticar o planejamento por meio das tecnologias de 4D e 5D. O 4D é quando associamos o tempo com o modelo 3D, sendo o tempo a quarta dimensão. O 5D é quando associamos o custo às outras quatro dimensões. Há um espaço muito grande para a integração do BIM com colaboração quando pensamos em detectar não conformidades e fazer vistorias e inspeções, principalmente com o uso de dispositivos móveis.
As próximas ondas acontecerão de forma natural, com os projetos em BIM sendo construídos e habitados T I I n s i d e
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Na fase pós-chaves, o modelo será usado para sofisticar o manual do usuário dentro de uma tendência de gameficação, ou seja, permitir que o usuário navegue pelo seu imóvel, assim como seu filho atualmente navega pelas cidades em joguinhos, facilitando o entendimento das instalações embutidas. Há uma preocupação das construtoras em relação à correta manutenção do edifício, pois isto pode influenciar diretamente no desempenho da edificação, que, por norma, deve ser garantido pelas construtoras. O BIM também pode ser uma excelente aplicação neste quesito. A última e mais forte onda do BIM acontecerá no momento em que o volume de modelos se tornar grande demais e que os conectarmos a tecnologia GIS (Geographic Information System) e à “internet das coisas”. Os modelos BIM são intrinsecamente paramétricos, ou seja, contêm muitas informações associadas, o que os torna candidatos perfeitos para serem elementos de uma topologia GIS. O tipo de uso, a quantidade de vagas de garagem, a potência instalada a quantidade de vasos sanitários, todos são elementos que podem ajudar em projetos de GIS ou mesmo em projetos de infraestrutura. Os equipamentos mais modernos podem gerar dados, armazená-los ou transmiti-los remotamente. É o conceito de internet das coisas ou big data. Estes equipamentos posicionados e integrados em modelos BIM associados a um modelo GIS será a grande revolução da próxima década, a última grande onda do BIM. *Marcus Granadeiro é presidente da Construtivo.com, fornecedora de soluções para gestão e processos de engenharia no modelo de software como serviço (SaaS). 2 0 1 3
>internet
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Ana Lúcia Moura Fé
Sentimento nas
mídias sociais
Cresce o uso de ferramentas que rastreiam e interpretam mensagens para avaliar o humor de consumidores no ambiente digital
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qualquer tópico de interesse da empresa. Isso permite a ele obter, em tempo real, o “sentimento do consumidor”, ou seja, lhe dá capacidade de entender opiniões coletivas de forma instantânea e usar essas informações para se antecipar a tendências, prever eventuais riscos e crises e compreender as preferências do público, além de acompanhar a imagem da marca no mercado. Mas a sofisticação não para por aí. Segundo Claudio Pinhanez, gerente do laboratório de pesquisas com foco em sistemas de serviços da IBM Brasil, “a próxima geração dessas ferramentas foto: divulgação
edes sociais e outras mídias de internet que permitem interação têm gerado enormes repositórios de dados que se multiplicam dia após dia, em ritmo frenético. Mas esses “arquivos” dinâmicos — formados por posts, tweets, e-mails e outros formatos de texto digital —, embora representem inesgotável fonte de informação, são pouco aproveitados pela maioria das empresas. O maior entrave para o seu uso em prol dos negócios é, em geral, a dificuldade para se processar informações não estruturadas, e em grande volume, geradas dentro e fora dos muros da corporação. A boa notícia é que o “casamento” da análise “A nova geração de dados com tecnologias de de ferramentas processamento de linguagem aliadas à computação identificará sofisticadas, em nuvem, permite que empresas não apenas extraiam, a um custo razoável, mensagens grandes volumes de dados, valiosos positivas, para os processos de negócio e a negativas ou tomada de decisão. neutras, mas Nesse contexto, ganham destaque também as que as ferramentas que interpretam palavras, expressam grupos de palavras ou estruturas dentro tristeza, alegria, de um texto, atribuindo aos mesmos compaixão, raiva valores positivo, negativo ou neutro. e outras Com esse recurso (conhecido como emoções” polaridade), o gestor consegue ir além Claudio Pinhanez, da mera identificação e quantificação de da IBM Brasil tudo o que é falado na web sobre
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identificará não apenas mensagens positivas, negativas ou neutras, mas também as que expressam especificamente tristeza, alegria, compaixão, raiva e outras emoções, levando em conta o contexto e a linguagem específica de cada indústria”. O especialista adianta que a IBM também já estuda adaptar para o português tecnologia que traça o perfil psicológico de pessoas com base no que elas escrevem nas mídias sociais. “A psicologia já sabe, por exemplo, que pessoas mais extrovertidas tendem a usar certos tipos de palavras de forma constante”, ilustra. No momento, a estrela da IBM é a solução usada experimentalmente durante a Copa das Confederações, ocorrida em junho no Brasil para captura de todos os comentários feitos no Twitter, em português, sobre a Seleção Brasileira de Futebol durante os jogos. A IBM valeu-se de sua plataforma de nuvem e de algoritmos criados por seus cientistas para identificar, filtrar e analisar o sentimento de 3,1 milhões de mensagens postadas na rede de microblogs. A ferramenta gerou gráficos e estatísticas sobre os temas mais discutidos, como desempenho individual de jogadores e dos árbitros das partidas. A experiência, segundo Pinhanez, mostrou às empresas brasileiras que é possível a análise de sentimentos de grande volume de mensagens, em 2 0 1 3
português e de forma completamente automática. “Liberamos a versão sem suporte do software para download gratuito como uma forma de fomentar a experimentação por escolas, desenvolvedores e startups. Eles irão se surpreender com o que podem descobrir no instante em que começam a processar textos, sejam sociais ou de sistemas internos, como o de atendimento”, diz o especialista. Demanda por soluções Para o diretor de desenvolvimento de negócios de CRM da Oracle Brasil, Rodrigo Marcondes, a captação do sentimento do público é importante para os negócios, mas igualmente essencial é a análise que ajuda a identificar fatores como intenção de compra de um produto, condições favoráveis ou desfavoráveis de atendimento e experiência do cliente. “É isso que as empresas buscam: meios de transformar grandes volumes de dados em insights que as permitam ‘adivinhar’ o que o cliente deseja”, diz. O executivo percebe, com base nos
a análise de dados com tecnologias de processamento de linguagem, aliadas à nuvem, permite que se extraiam grandes volumes de dados clientes da Oracle, um aumento expressivo da demanda por soluções de inteligência para lidar com redes sociais. Segundo Marcondes, o grupo de clientes que adquire esse tipo de solução é o que mais cresce — embora o contingente maior seja o das companhias que contam com agências de marketing digital para auxiliá-las nesse terreno. Em menor quantidade, estão os negócios que têm apenas presença nas redes sociais, com alguma interação com o público. “Mas há apenas um ano, este era o maior grupo da nossa base”, revela o executivo, para dar ideia do dinamismo do mercado. Com uma plataforma de customer
experience concebida para cobrir todas as necessidades corporativas relacionadas com comércio eletrônico, atendimento, relacionamento com o cliente e marketing digital, a Oracle também oferece, dentro da solução de social marketing, a funcionalidade que permite análise de sentimento nas plataformas de relacionamento. Entre os recursos, Marcondes menciona o tratamento de ambiguidades em português — como ironias e expressões ambíguas que podem levar a interpretação errada do “sentimento da mensagem”. “Além do que já vem com a plataforma, é possível entrar manualmente com expressões específicas que mudam o sentido da mensagem, como o conhecido #sóquenão usado pelos usuários do Twitter”, ilustra o executivo. O diretor da Oracle destaca que a plataforma permite ter uma amostragem prévia para refinamento de tópicos, antes que os mesmos sejam submetidos à “escuta” em rede social. “Nesse processo de colher amostras para análise, o analista identifica grupos de
“O que as empresas buscam são meios de transformar grandes volumes de dados em insights que as permitam ‘adivinhar’ o que o cliente deseja”.
palavras que apareceram nas mensagens e vai refinando de acordo com seus objetivos, customizando a plataforma e criando uma inteligência específica para cada caso”, explica Marcondes, para quem o grande divisor de águas desse tipo de tecnologia é a sua comercialização na modalidade de software como serviço (SaaS) e na nuvem. “São esses modelos que estão possibilitando às empresas dar o primeiro passo, além da necessidade do negócio”, acrescenta.
Integração com o negócio Um aspecto essencial é que os dados, monitorados em redes sociais, Rodrigo classificados por tema, processos ou Marcondes, departamento, sejam cruzados com da Oracle Brasil resultados de negócios, o que ainda pouco observado pelas empresas brasileiras, segundo Carlos Tesore, diretor da área digital da agência full service RMA. A agência oferece a sua clientela esse cruzamento por meio de solução que inclui ferramenta própria para coleta de dados brutos nas redes sociais e outros ambientes digitais, equipe e especialistas que analisam amostras de mensagens e, por fim, o software de business intelligence QlikView. Fornecido e customizado pela Inteligência de Negócios (IN) o software avalia o sentimento de posts nas redes sociais relacionados com os clientes da agência. Segundo Tesore, o preço que o cliente corporativo paga para adicionar a camada de inteligência à solução de monitoramento varia conforme o negócio ou volume de análises. Pelos seus cálculos, fica entre 40% e 50% a mais em relação ao padrão de monitoramento de mercado. Diante dos resultados e reação dos clientes, o executivo não tem dúvidas de que o custo-benefício é bom. “O nível de detalhamento que atingimos já nos permitiu identificar, em um hospital, cliente nosso, qual unidade registra mais reclamações relacionadas com estacionamento ou qual médico recebe mais elogios, só para dar um exemplo”, diz Tesore. Para ilustrar as vantagens de cruzamento de dados de negócios com o monitoramento de redes sociais, permitido pela tecnologia de BI, ele destaca que um grande cliente do setor varejista, sem revelar o nome, já consegue visualizar com clareza a relação direta entre aumento de reclamações específicas em uma unidade e queda nas vendas. 1 8
foto: léo freitas
>internet mensagens para descobrir sentimento, ajudamos com ferramentas que permitem medição de audiência de campanhas e avaliação da segmentação, entre vários outros recursos”, diz Murilo Costa, diretor de vendas para linhas de negócios da SAP Brasil. Para o executivo, uma das vantagens dessas soluções são facilidade e rapidez de implantação, com resultados quase imediatos. Outra vantagem é que, no caso de dúvidas sobre a exatidão do sentimento captado nas mensagens rastreadas, o analista que acessa os gráficos resultantes das análises pode, facilmente, clicar nas palavras-chave monitoradas — e classificadas como negativas, positivas ou neutras — até chegar ao tweet original. “Esse recurso leva o gestor à origem da informação, se tiver dúvida relacionada à semântica”, explica. Tesore também ressalta a Na avaliação de Costa, esse tipo de possibilidade de integrar a solução com tecnologia é relativamente barata dados internos da empresa. “Integramos quando comparada com os demais o monitoramento com a base de dados custos de TI. “A nossa solução opera de um cliente da área de seguros para em nuvem e requer poucos usuários identificar as pessoas influentes que finais. Em geral o diretor de marketing e mais mencionam a marca nas redes um ou dois profissionais de marketing ou sociais e verificar se já são clientes da vendas são o suficiente para extrair empresa”, relata. O executivo observa, relatórios e fazer as análises”, diz. ainda, que a aplicação dessas novas Sem citar clientes que já fazem uso da tecnologias vai muito além do marketing. solução da SAP, o executivo assegura que há projetos a captação do sentimento do implantados no Brasil e que a público é importante para os demanda tem crescido muito nos últimos tempos. Na opinião negócios, mas igualmente de Costa, ganham vantagem essencial é a análise empresas que buscam por soluções completas. “Por isso investimos no portfólio amplo que soma “No setor de RH, conseguimos trazer Netbase e Hybres”, diz ele. para a ferramenta de inteligência o Já Flávio Bolieiro, vice-presidente da comportamento de funcionários, MicroStrategy para América Latina, monitorando o que falam da empresa e destaca a importância das empresas até dos concorrentes”, informa. investirem também em soluções que acessam e analisam o perfil de usuários Customer experience nas diversas mídias sociais, mediante A SAP é outra que desenvolveu um autorização dos mesmos, em lugar de conjunto de ferramentas para descobrir tweets e outros conteúdos públicos. “Por sentimentos coletivos em ambientes meio de nuvem, essas soluções digitais como sites de relacionamento. A investigam preferências, dados pessoais, empresa, que já dispunha da solução gostos e rede de amigos, entre outros Netbase para a área de redes sociais, dados, de forma a ajudar a empresa a ganhou músculos no segmento de entender o consumidor e desenvolver customer experience management ao produtos com mais chances de agradáadquirir recentemente a fabricante de lo”, diz o executivo. Uma vantagem dessa software de comércio eletrônico Hybris, abordagem é que, além do seu caráter habilitando-se a competir em igualddade proativo, baseia-se em dados de condições com grandes players permanentemente atualizados pelo próprio desse mercado, como IBM e Oracle. consumidor, e que são acessados sem “Além de fornecermos a primeira custo adicional para a empresa. camada que avalia polaridade de
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> especial gestão
Bruna Chieco
Tudo como serviço A oferta de serviços de TI de ponta a ponta – envolvendo desde provisionamento de hardware, desenvolvimento de aplicações, software como serviço, segurança até suporte técnico – ganha força entre os fornecedores e promete acirrar a competição no mercado.
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mercado brasileiro de serviços de tecnologia movimentou, no ano passado, US$ 15,6 bilhões, de acordo com dados do Gartner. Embora o montante seja modesto frente ao volume mundial, estimado em US$ 2,5 trilhões neste ano – considerando serviços de TI e telecom –, o Brasil tem perfil de país desenvolvido, com os serviços de TI representando 49% da região latino-americana. Não é por outra razão que as empresas que atuam nessa área no país procuram fortalecer seu portfólio de serviços. Mas, a exemplo de como ocorre no mundo, o mercado de serviços é bastante fragmentado no Brasil. Além das companhias tradicionais do setor, fabricantes de equipamentos cada vez mais têm concentrado o foco nesse segmento. Entre eles destacam-se 2 0
IBM, Xerox, HP, Dell e tantas outras empresas de hardware, que passaram a disputar palmo a palmo cada fatia desse lucrativo filão. O motivo da migração dos fabricantes de hardware, além das cifras bilionárias, é que vender apenas servidores ou computadores pessoais, por exemplo, deixou de ser garantia de lucratividade. A própria evolução da tecnologia reduziu os preços dos equipamentos a commodities, corroendo as margens das empresas. Os casos mais ilustrativos dessa mudança são a IBM, que já deteve o título de maior fabricante de computadores do mundo, e da HP, que em maio de 2008 adquiriu a EDS, uma das principais empresas de serviços. A disputa entre as empresas tem sido cada vez mais acirrada, com um leque de serviços que inclui desde suporte técnico, T I I n s i d e
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implantação e integração de sistemas, passando por terceirização de infraestrutura e de processos de negócios (BPO), além do desenvolvimento de aplicações, até serviços em nuvem e de data centers. O setor de software também detém uma fatia importante do mercado de serviços no Brasil. Segundo dados da IDC, relativos ao quarto trimestre do ano passado, dos US$ 27,17 bilhões movimentados pela indústria de serviços no ano passado, US$ 9,67 bilhões foram provenientes de software (veja gráfico na pág. 22). A maior demanda hoje no mercado brasileiro, segundo o Gartner, é por serviços de outsourcing, integração/ implantação de sistemas e BPO (veja gráfico na página 24). Já entre os setores que mais gastam com serviços de TI estão o de comunicações, mídia e serviços (23%), 2 0 1 3
fotos: divulgação
financeiro (22%) e de manufatura e recursos naturais (16%). A consultoria destaca ainda que mais de metade dos fornecedores que atuam no Brasil dizem ter massa crítica nas áreas tradicionais de serviços, como desenvolvimento de aplicações, integração de sistemas, consultoria, help desk e integração de rede. Novas áreas, nas quais muitos prestadores de serviços estão procurando marcar presença, incluem software como serviço (SaaS), CRM e mobilidade. Este último segmento, por sinal, é apontado por fornecedores como um dos que mais tem movimentado o mercado de serviços, além de serviços em nuvem e gerenciamento de processos corporativos. O lema atual no mercado, segundo analistas, é “tudo como serviço”, ou seja, a oferta de serviços de ponta a ponta, o que inclui desde o provisionamento de hardware ou de máquinas virtuais, desenvolvimento de aplicações customizadas, fornecimento de software como serviço, segurança, atualização e suporte técnico, entre outros. Com a expansão da computação em nuvem e do conceito de big data, alguns fornecedores de serviços têm investido também para dar respostas eficientes e baratas às demandas de empresas de todos os portes por maior armazenamento e processamento de dados. Além de aplicar em mão de obra especializada, muitos deles montaram centros de serviços para suportar o volume de informações que precisam ser armazenadas. Em vez de manter uma estrutura própria para lidar com a complexidade que envolve esses ambientes, as empresas transferem ao prestador de serviços a responsabilidade de hospedar e gerenciar suas plataformas. A IBM, por exemplo, possui centros de prestação de serviço no mundo todo, monitorando ambientes de TI. A demanda por serviços de terceirização tem sido grande principalmente entre as pequenas e médias empresas, em geral, com poucos recursos e pessoal qualificado para implantar e realizar a manutenção as aplicações e sistemas. Anteriormente, as PMEs recorriam aos serviços de empresas menores, que forneciam soluções caseiras e menos robustas. Com a evolução da tecnologia, elas despertaram para a necessidade de um serviço de melhor qualidade.
“Essas empresas têm procurado muito por serviços como a migração de dados de seus servidores para colocar em um data center decente, com mais confiabilidade”, diz Helcio Beninatto, gerente geral e vice-presidente da divisão Global Managed Services da Unisys para a América Latina. A empresa criou um setor de serviços gerenciados global justamente para auxiliar nessa migração. “Temos uma fábrica de software na América Latina e esperamos expandir no mercado de empresas de médio e grande porte. De alguma forma, são empresas que estão crescendo com provedores de serviço de segunda linha e agora precisam de serviços de mais qualidade”, reitera. O dado concreto é que, mesmo com todo o investimento, as gigantes do setor de serviços ainda precisam disputar com concorrentes menores. As fabricantes de equipamentos que passaram a atuar
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nesse segmento também tiveram que se adaptar para competir nesse mercado. A Xerox, cuja marca virou sinônimo de copiadora, deixou de dar ênfase à venda de equipamentos e passou a concentrar o foco na área de serviços de gerenciamento de documentos. Hoje, o braço de serviços já responde por quase metade da receita da companhia. A cartada final para ingressar nessa área foi a compra, em 2010, da Affiliated Computer Services (ACS), por US$ 6,4 bilhões. “O hardware é um pedaço da solução e não mais o nosso core business. Hoje, oferecemos soluções desde o outsourcing de impressão, passando pela produção de documentos de alto volume, extratos, contas, até o não papel”, diz Rodrigo Belluco, diretor executivo da divisão de negócios da Xerox Brasil. A evolução tecnológica fez com que a empresa tivesse que se adequar ao uso menor de papel e aperfeiçoar os processos de seus clientes por meio eletrônico. “As copiadoras deixam de ser um equipamento para produção de papel para ser um ponto de entrada de informação digital e melhorar o fluxo de informações na empresa”, completa ele.
“As empresas têm procurado muito por serviços como a migração de dados de seus servidores para colocar em um data center decente, com mais confiabilidade” Helcio Beninatto, da Unisys AL
Implantação de Infraestrutura Hoje, praticamente todos os grandes fornecedores de serviços trabalham com outsourcing. IBM, HP, Capgemini, T-Systems, Sonda IT e outras mantêm centros de monitoramento a distância para auxiliar seus clientes, oferecendo também gerenciamento de aplicações, de processos internos etc. Essas empresas também trabalham com migração de dados, atualização de software e implantação de infraestrutura, serviço este que tem registrado forte crescimento devido a expansão da computação em nuvem. A computação em nuvem, aliás, tem sido a principal aposta da IBM para “As copiadoras ampliar sua participação no segmento de deixaram de ser serviços. E, ao que tudo indica, a estratégia vem dando resultados. No ano um equipamento para produção de passado, a IBM obteve 9% de market share no mercado brasileiro de serviços, papel para ser um ponto de segundo o Gartner. O último resultado entrada de financeiro da companhia mostra que informação digital quase 60% da sua receita foram provenientes de serviços, muito diferente e melhorar o fluxo de de 20 anos atrás. “O mercado de serviços tem a vantagem de gerar informações” contratos de longa duração e com Rodrigo Belluco, perspectiva para o futuro”, destaca Fábio da Xerox Brasil 2 1
> especial gestão
Custos versus mão de obra O modelo de oferta de software sob demanda já quase não é mais adotado por empresas. Hoje, o conceito é “tudo como serviço”, já amplamente incorporado por fornecedores de serviços de TI. Não é à toa que os serviços de implantação estão em franco crescimento. Uma empresa que deixou o desenvolvimento de sistema sob demanda para ofertar plataforma de software como serviço foi a 2 2
Capgemini. Outra área de atuação da empresa é a de serviços de infraestrutura e de data center com monitoramento a distância. Para isso, ela montou centros de serviços e desenvolvimento em Salvador, Belo Horizonte e Alphaville, esta última localizada na Grande São Paulo. A empresa afirma que o principal benefício da oferta de infraestrutura em nuvem é a redução de investimento. “As grandes empresas para as quais prestamos serviços utilizam tecnologia para aumentar a produtividade ou reduzir custos”, explica Paulo Marcelo, vice-presidente sênior de serviços financeiros da Capgemini.
mercado brasileiro de software e serviços
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SOFTWARE
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Mas o motivo principal da busca das empresas por esse serviço é realmente a redução de custos. Segundo Ideval Munhoz, presidente da T-Systems, essa economia pode chegar a 30%. Ele conta que a T-Systems oferece infraestrutura global e local de data centers e redes e trabalha com soluções de computação em nuvem desde 2005. O modelo de negócio, envolvendo tanto serviços de processamento de dados e armazenamento quanto de licenças, é baseado no pagamento por uso, de acordo com a necessidade do cliente. “Esse modelo proporciona redução de custos com infraestrutura, mão de obra e ainda oferece rapidez e escalabilidade de recursos”, ressalta ele, explicando que a parte do gerenciamento e manutenção fica a cargo da empresa. Além de garantir a redução de custos, um item importante que os CIOs costumam levar em conta na hora de escolher um fornecedor de serviços é dispor de mão de obra qualificada. A oferta de serviços requer não apenas especialização, mas também profissionais com experiência. E o custo dessa mão de obra torna-se, muitas vezes, um entrave para as empresas do setor. Um estudo sobre o ambiente institucional e de negócios de TIC em seis países da América Latina — Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica e México —, realizado pela Brasscom, em parceria com a ApexBrasil e a consultoria Prospectiva,
foto: divulgação
Pessoa, vice-presidente de serviços de tecnologia da IBM Brasil. Para fortalecer sua atuação em computação em nuvem, em junho passado a IBM anunciou que comprará a empresa SoftLayer Technologies, em um negócio avaliado em US$ 2 bilhões. Fundada em 2005, a SoftLayer tem cerca de 21 mil clientes em seus 13 data centers nos EUA, na Europa e na Ásia. A “O mercado de aquisição pode ajudar a companhia na serviços tem a competição com a Amazon, que tem vantagem de posição dominante no serviço de gerar contratos computação em nuvem para pequenas de longa duração e médias empresas. Conforme explica Pessoa, a oferta da e com perspectiva para o futuro” IBM está assentada em cinco pilares — desenvolvimento e manutenção de Fábio Pessoa, da IBM Brasil aplicações, consultoria, serviços de manutenção de hardware e software, outsourcing e infraestrutura —, mas a ênfase é em cloud computing. “Cloud já é uma realidade no Brasil. Clientes já usam infraestrutura tanto nossa quanto própria. Até 2015, esperamos faturar US$ 7 bilhões mundialmente com implantação de serviços na nuvem e no Brasil a adoção será bem rápida”, reitera Pessoa. Outra tradicional fabricante de equipamentos que decidiu investir em serviços de nuvem é a HP. A empresa baseou sua estratégia em três tendências tecnológicas: serviços em nuvem, mobilidade e big data. Com o lançamento do HP ECS-VPC (Enterprise Cloud Services – Virtual Private Cloud) no mercado brasileiro, a empresa ficou à frente na corrida pela oferta da nuvem híbrida no Brasil. “As redes sociais, a mobilidade, o grande volume de dados e serviços em nuvem estão mudando o papel da TI de apenas suportar a infraestrutura corporativa para atuar como o motor de crescimento dos negócios”, explica Joaquim Silveira, diretor de vendas da HP ES no Brasil.
SERVIÇOS
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Fonte: IDC, 4T/2012.
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> especial gestão
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Segmentos do mercado de serviços de TI no Brasil em 2012
telecomunicações. “A demanda dos clientes está à frente da infraestrutura disponível no país, que é mais cara devido principalmente à elevada carga tributária”, explica. Ele ressalta ainda que a intenção dos CIOs de aderir aos serviços é grande, já que todos precisam melhorar a eficiência, mas diz que ainda há uma ponta de desconfiança em relação à segurança de dados.
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destaca que os principais entraves para a expansão do setor no Brasil continuam sendo altos custos de energia elétrica, infraestrutura de telecom ainda em evolução, salários pressionados pela escassez de mão de “A demanda obra em grandes centros, caro e dos clientes complexo sistema tributário e ausência está à frente da de acordos comerciais de serviços e de infraestrutura acordos para evitar a bitributação nos de telecom Estados Unidos e outros mercados disponível no de alto potencial. país, que é mais Para Fábio Pessoa, da IBM, o desafio cara devido é ainda maior para fornecedores de principalmente serviços em nuvem. “Para oferecer à elevada carga infraestrutura em cloud é preciso analisar tributária” aplicações, ambiente de hardware, Carlos Testolini, software, rede etc. Nem tudo é passível da Sonda IT de colocar na nuvem. Por isso, o perfil do profissional de tecnologia exige uma experiência para qual acho que nem todos estão preparados. A implantação dessa solução requer uma governança que é uma ciência”, opina. Rodrigo Belluco, da Xerox, enfatiza os encargos trabalhistas, que, na opinião dele, são muito pesados. A legislação trabalhista é outro ponto salientado por Marcelo, da Capgemini. Segundo ele, a legislação trabalhista brasileira limita a contratação de profissionais e gera um custo pesado para a competitividade e produtividade. Outro ponto destacado pelas empresas é o custo dos serviços, muito maior no Brasil que no restante do mundo. “A transição do momento econômico faz com que algumas
empresas tenham dúvida de fazer mais investimentos estruturados”, ressalta Marcelo, da Capgemini. Isso também é destacado por Silveira, da HP, observando que manter a qualidade frente às pressões da economia atual está apresentando é um obstáculo a ser superado. A briga por preço e qualidade é forte entre os competidores nesse mercado. “Se o CIO escolher errado, pode colocar a empresa em risco, mas muitas vezes ele é pressionado para optar pelo mais barato”, destaca Beninatto, da Unisys. Já o presidente da Sonda IT, Carlos Testolini, aponta como o grande obstáculo para a prestação de serviços no Brasil a infraestrutura de
Consultoria 10% ITO 29%
Suporte de Produtos 13%
BPO 24%
Implementação 24%
Fonte: Gartner, outubro de 2012
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O futuro do mercado Apesar desses entraves, os executivos do setor avaliam como positiva a perspectiva para a demanda. A Unisys diz que, tradicionalmente, o maior número de contratos é na área de outsourcing e suporte ao usuário final. Mas Beninatto acredita que a maior demanda será por soluções de segurança e modernização do ambiente. “Isso é o que apontam as tendências do mercado”, diz. “O nível de maturidade do cliente ainda é menor na questão de segurança, por isso a necessidade maior por essas soluções.” Para Testolini, da Sonda, a demanda por cloud computing ainda está em pleno crescimento e chegará o momento em que poucas empresas terão soluções fora da nuvem. De fato, o Gartner aponta que o mercado brasileiro de computação em nuvem ainda não está maduro o suficiente, principalmente porque as empresas temem a perda de dados. “As empresas reconhecem que não têm segurança”, ressalta ele. Um serviço não mencionado pelos executivos, mas que faz parte da miríade de ofertas das empresas é a análise de grandes volumes de dados, ou big data. A migração de dados para a nuvem, implantação de software, integração de dados, tudo isso gera a necessidade de uma solução de gerenciamento de big data. As organizações devem ser capazes de armazenar esses dados em suas plataformas e, ao mesmo tempo, garantir o acesso às informações mais importantes para análise e tomada de decisões. “É necessário processar a informação estruturada e não estruturada simultaneamente, entender seu significado e tornar a informação disponível para todas as aplicações corporativas”, destaca Silveira, da HP. A Abes calcula que os investimentos nas soluções de big data devem chegar a US$ 480 milhões neste ano no Brasil. 2 0 1 3
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> especial gestão
FABIANA ROLFINI
Big data a serviço do RH Ferramentas de análise de grandes volumes de dados chegam aos departamentos de recursos humanos e levam as empresas a abandonar o caráter meramente operacional para um modelo mais estratégico na gestão de pessoas
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epois de se consolidar em setores que tinham processos mais automatizados e padronizados como o financeiro, de produção, vendas e marketing, o conceito de big data — cujas tecnologias permitem lidar com enormes volumes de informações que precisam ser tratadas, por envolverem dados não estruturados provenientes das mais diversas fontes — começa a ser empregado em uma ampla gama de áreas de aplicação, como é o caso dos departamentos de recursos humanos (RH), que atravessa atualmente uma fase de transição, abandonando o caráter meramente operacional para um modelo mais estratégico na gestão de pessoas. O Google é um exemplo de empresa que adotou o conceito e obteve bons resultados com o uso de ferramentas analíticas em seus processos de RH. A experiência da empresa foi apresentada pelo diretor e membro da equipe do Google People Analytics, Brian Welles, no Conarh 2013, 2 6
evento de gestão de pessoas realizado em agosto, em São Paulo. O executivo, que lidera uma equipe de analistas da empresa, ressaltou a importância e vantagens de se utilizar ferramentas analíticas para uma gestão de pessoas eficaz e como forma de incentivar os funcionários a tomarem melhores decisões em prol do negócio. Welle lembrou que quando entrou na companhia, em 2006, a área de RH do Google enfrentava alguns desafios em relação à eficiência dos recrutadores e a qualificação das pessoas contratadas. Diante disso, sua equipe começou a introduzir métricas de desempenho como indicadores para
O Google é um exemplo de empresa que adotou o conceito e obteve bons resultados com o uso de ferramentas analíticas em seus processos de RH T I I n s i d e
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melhoria dos processos de negócio. “Em um primeiro momento, fizemos uma enquete com os candidatos que eram entrevistados para as possíveis vagas, questionando-os sobre a qualidade do processo de recrutamento e contratação”, contou. A partir daí, as métricas passaram a ser utilizadas para mensurar a qualificação dos gerentes da empresa, com base no desempenho, classificando-os como bons ou maus profissionais. Por meio de uma enquete realizada duas vezes ao ano, o índice de bons gerentes, com base na opinião dos empregados do Google, cresceu de 83%, em 2010, para 88% no ano passado, segundo Welle. “Com o uso adequado de ferramentas de gestão de pessoas, tanto no recrutamento quanto no gerenciamento do trabalho feito pelos colaboradores, os funcionários são incentivados e conseguem tomar decisões estratégicas sozinhos, além de diminuir o índice de rotatividade no trabalho”, explicou. Atualmente, o Google possui 40 mil funcionários em 40 países. A equipe de 2 0 1 3
Mercado brasileiro Embora o uso de tecnologias de análise de grandes volumes de dados no Brasil ainda esteja em estágio inicial, principalmente na área de RH, o mercado de big data como um todo — incluindo soluções de hardware, software e serviços — deve movimentar R$ 630 milhões até o fim do ano, de acordo com dados da IDC. Globalmente, o mercado deve movimentar US$ 11 bilhões. Ainda segundo a consultoria, a expectativa é que, em 2017, o mercado de big data movimente US$ 1 bilhão no Brasil e US$ 1,8 bilhão na América Latina, sendo que software e serviços devem apresentar os maiores crescimentos. Especialistas enfatizam que a adoção de ferramentas analíticas traz diversas vantagens à área de RH, tanto para contratar como para promover um profissional, além de melhorar a gestão de pessoas, aumentar a taxa de retenção de talentos e aperfeiçoar os demais processos de gerenciamento diário. Para Patricia Molino, sócia-líder de people & change da KPMG no Brasil, uma das aplicações mais usuais diz respeito à análise de efetividade dos funcionários para identificar, por exemplo, qual foi a evolução do desempenho do empregado ao longo do tempo ou até mesmo analisar, com base em um histórico, o que faria essa pessoa mais satisfeita e motivada no ambiente de trabalho. “Com isso, é possível ter a visão de que tipo de necessidade ou expectativa o profissional possui. Fica muito mais fácil de tomar decisões acertadas”, diz. Alessandro Bonorino, vicepresidente global de aquisição de talentos da IBM, concorda que a “aplicabilidade” do big data nos processos que envolvem o RH é bastante ampla. Outro exemplo, segundo o executivo, é o uso para retenção de talentos. Bonorino cita que, por meio da criação de mapas longitudinais, é possível analisar dados do funcionário, como experiência,
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RH do gigante das buscas é composta por especialistas e pelos chamados “data geeks” ou “gênios da computação” que, como descreveu Welle, adoram números e tecnologia. “É importante garantir que o funcionário saiba seu papel na empresa e dar voz a ele na tomada de decisões estratégicas”, ressaltou.
tempo no cargo, faixa salarial etc., para ter um processo de retenção mais assertivo. “A gestão da informação, ou seja, a capacidade de usar a informação para guiar estratégias e decisões, vai permear os processos de RH cada vez mais, mesmo que as empresas ainda estejam atrasadas em relação à sua adoção”, reitera o executivo, acrescentando que a área de RH deve aplicar mais ciência e menos intuição na tomada de decisões. Apesar dos benefícios apontados, Cezar Tegon, presidente da Elancers, empresa de recrutamento e seleção online, acredita que o conceito de big data, entretanto, não é algo revolucionário nos processos de recrutamento e seleção. Segundo ele, as empresas se preocupam mais em atrair candidatos, sem dar atenção especial ao processo de seleção, o qual vai definir, de fato, qual candidato ficará
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com a vaga. “Ferramentas analíticas auxiliam o RH a captar talentos. Só que as pessoas acabam esquecendo que depois da coleta é preciso trabalhar essa base de profissionais. Nesse sentido, as empresas devem fazer um planejamento estratégico”, alerta o executivo, ressaltando que a estratégia deve ser sustentada por uma estrutura de tecnologia para obtenção de resultados. “Se a empresa reorganizar a área, gerir os processos, aí o big data vai funcionar bem”, completa. Tegon também ressalta que falta, por parte das companhias, abordar temas como o workflow do processo de seleção, além do arquivamento de históricos e informações. “A área de recrutamento e seleção precisa ter as informações institucionalizadas de forma a permitir que se obtenha respostas para perguntas como ‘Por qual motivo tal candidato foi aprovado ou reprovado’”, reitera. Bonorino, da IBM, contesta esta visão, citando exemplo da própria companhia, que nos últimos dois anos adotou a análise de fontes no processo de recrutamento de seus funcionários. Segundo ele, este método permite à empresa alocar o dinheiro no que proporciona mais retorno. “É essencial entender qual é a fonte que te traz mais candidatos”, pontua. Atenta ao potencial das ferramentas de análise na gestão de processos de RH, a IBM desde 2012 tem feito aquisições, para complementar seu portfólio de software de colaboração. A aquisição mais recente, lembra Sidney Sossai, gerente de soluções de colaboração da IBM Brasil, foi a da Kenexa, desenvolvedora de software para gestão de recursos humanos por US$ 1,3 bilhão, em agosto do ano passado. As soluções da Kenexa combinam tecnologia baseada em nuvem e serviços de consultoria que integram pessoas e processos. O software inclui funções de gestão de talentos, desempenho, compensação, desenvolvimento de carreira, alinhamento de metas e planejamento de sucessão. “Oferecemos aos clientes um portfólio de software que ajuda a criar informações sobre os colaboradores permitindo a análise dos dados dos mesmos”, diz Sossai, que ainda reforça que a área de RH possui muita subjetividade nos projetos, por isso, a necessidade de se investir em soluções que ajudem a quantificar os benefícios aos negócios. 2 7
“A ferramenta de análise de efetividade dos funcionários possibilita ter a visão de que tipo de necessidade ou expectativa que o profissional possui” Patricia Molino, da KPMG Brasil
“Ferramentas analíticas auxiliam o RH a captar talentos. Só que as pessoas acabam esquecendo que depois da coleta é preciso trabalhar essa base de profissionais” Cezar Tegon, da Elancers
> especial gestão Fernando Paiva
O mapa (de dentro) da mina O mapeamento de ambientes fechados é a nova fronteira de serviços móveis de navegação e localização. Players de peso, como Apple, Google e Qualcomm, se movimentam, enquanto pequenos tentam se diferenciar pela tecnologia
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enviando sinais para os roteadores próximos, à procura de um conhecido). Nem sempre os APs existentes são suficientes para garantir uma boa localização indoor. Fazendo um estudo da planta e acrescentando mais APs é possível melhorar a precisão algo entre três e cinco metros. Algumas empresas preferem instalar equipamentos próprios para essa finalidade. "A cada 25 metros botamos um pequeno AP Wi-Fi, do tamanho de um pacote de cigarros, que chamamos de node. Com três nodes na vizinhança, obtemos a localização", explica Cyril Houri, fundador e CEO da Navizon, empresa norte-americana que já instalou essa solução em museus e shopping centers dos EUA. A precisão melhora ainda mais se forem usados equipamentos para comunicação por proximidade. Neste caso, são instalados marcadores com Bluetooth 4.0, um padrão de comunicação com baixo consumo de energia. Cada marcador é um pouco maior que uma bola de gude e sua bateria dura fotos: divulgação
a praia de Ipanema até as geleiras da Sibéria, é possível cruzar o mundo sem se perder, graças aos satélites que compõem o sistema GPS. Enquanto isso, pessoas continuam se perdendo dentro de aeroportos, shopping centers e feiras de eventos. Nesses lugares, continuam valendo velhas soluções, como abrir o mapa do local, seguir as placas de sinalização ou simplesmente perguntar para alguém. O mapeamento de ambientes fechados é a próxima fronteira para serviços de localização e navegação, que começa a ser explorada por grandes players da indústria de Internet e de telecomunicações, como Apple, Cisco, Google, Nokia e Qualcomm. Abrem-se oportunidades de negócios não apenas para a navegação em si, mas para aplicações de marketing e de análise de dados. Falta, contudo, uma padronização tecnológica e ainda é necessário melhorar a precisão da localização. O sinal de satélite perde força quando encontra barreiras físicas, como as paredes de um prédio. As antenas das torres celulares ao redor podem ajudar a ter uma ideia de onde o usuário se encontra, mas a precisão não é suficiente. A solução mais comum para esse problema é utilizar os roteadores Wi-Fi, que hoje estão por toda a parte. Na prática, o que se faz é uma espécie de triangulação dos pontos de acesso (APs, na sigla em inglês): comparando a potência com que chega o "O Wi-Fi deixa de sinal do smartphone do usuário em cada ser apenas uma AP e o posicionamento dos roteadores e o rede para se mapa do local, é possível saber com uma transformar em precisão de cinco a sete metros a uma ferramenta localização de uma pessoa. Neste método, de negócios" basta que o smartphone esteja com o Igor Giangrossi, Wi-Fi ligado, não necessariamente da Cisco conectado (O aparelho está sempre
cerca de três anos. Com esses marcadores, é possível obter a precisão de aproximadamente um metro, o que torna possível novas aplicações. Os sensores presentes no smartphone complementam a experiência, especialmente se o serviço proposto for a navegação a pé para o usuário final. Com o acelerômetro, o giroscópio e a bússola, é possível saber para que direção o usuário está indo, se ele está andando ou correndo etc. A coleta da localização dos APs e dos marcadores pode ser feita via software instalado no smartphone de um desenvolvedor, que percorre cada corredor e cada sala em cada andar do lugar a ser mapeado. Esta é a solução adotada por Navizon e pela francesa Pole Star. As informações sobre os mapas e a localização dos APs de um determinado lugar podem ficar hospedadas em um servidor com o qual o smartphone se comunica constantemente para apresentar ao usuário a sua posição a partir da interface de um aplicativo. A troca de dados entre o terminal e o servidor, porém, pode gerar uma latência que atrapalhe a navegação a pé. Uma saída é armazenar dentro do app essas informações. É o que faz a Pole Star. Assim, o usuário consegue navegar pelo mapa de um local fechado mesmo se não estiver conectado à Internet. Mapas Por melhor que seja a tecnologia de localização indoor, ela se torna inútil se não for acompanhada de um bom mapa. Há uma corrida por parte de grandes empresas para o mapeamento dos principais locais fechados de interesse público no mundo, como aeroportos, estádios, museus, shoppings e hospitais. A Here, divisão de serviços de localização da
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A Sumus ĂŠ patrocinadora do
> especial gestão Nokia, já mapeou mais de 50 mil edifícios em 69 países. No Brasil foram 53 até agora, entre aeroportos e shopping centers de várias capitais. A empresa trabalha para chegar a 200 à época da Copa do Mundo, incluindo os estádios das cidades-sede. O Google também já começou a adicionar mapas de locais fechados em seu serviço Google Maps. Dentro de cada mapa é preciso constar informações como a localização de saídas, "O raio de curva elevadores, banheiros, escadas e de de uma porta é quaisquer outros pontos de interesse. irrelevante para O primeiro passo costuma ser a uma aplicação solicitação da planta baixa para o que vai rodar em administrador do lugar. Os pontos de um smartphone" interesse são marcados dentro do mapa, Paulo Hartmann, mas precisam ser conferidos no local. O da MapMkt Google oferece em sua página um canal para que qualquer administrador envie a planta do seu edifício para que ele seja incluído no Google Maps. A Nokia começou abordando proativamente os administradores. "Nas primeiras negociações houve algumas barreiras. Mas depois dos primeiros mapas acontece o oposto: os administradores nos procuram pedindo para que a gente mapeie seus edifícios", relata Helder Azevedo, diretor do Here para América Latina. Há detalhes de plantas baixas que são desnecessários para a navegação, poluindo os mapas. "O raio de curva de uma porta em uma planta arquitetônica, por exemplo, é irrelevante para uma aplicação que vai rodar na pequena tela de um smartphone", destaca Paulo Hartmann, sócio-diretor da MapMkt, empresa brasileira que está apostando em localização indoor no Brasil. Aplicações A utilização mais óbvia para o mapeamento digital de locais fechados é a navegação para pedestres. Em feiras e eventos de grande porte, por exemplo, a navegação indoor põe fim aos velhos mapas impressos. Em junho, a tecnologia foi usada no Paris Air Show, uma das maiores feiras de aviação da Europa, usando a solução da Pole Star, que mescla localização interna e externa (neste caso com GPS). Outra aplicação que começa a ser explorada é a análise de fluxo de pessoas em ambientes fechados. O aeroporto de Copenhague, na Dinamarca, adotou a solução de localização indoor da Cisco com essa finalidade. Assim, perceberam que, depois do check-in, havia um fluxo grande de pessoas por uma área do 3 0
aeroporto onde não havia lojas. Munido dessa informação, o administrador mudou o layout do aeroporto. Outro benefício foi poder monitorar quanto tempo os passageiros perdiam na fila do raio-X, o que permitiu aferir o cumprimento do nível de serviço exigido da empresa terceirizada responsável pelo processo. Mobile marketing é outra área que tem muito a ganhar com localização indoor. Uma primeira ideia consiste na criação de cercas invisíveis que, uma vez ultrapassadas, geram o envio de um cupom promocional. Obviamente, é preciso respeitar regras mínimas de privacidade, obtendo previamente a autorização do consumidor e procurando enviar apenas mensagens que sejam relevantes para aquela pessoa, naquele contexto. Sobre isso, Aidoo Osei, gerente de desenvolvimento de negócios da Qualcomm, alerta: "Geralmente, quanto menor a área da cerca, mais eficiente será a comunicação. Cercas de 100 m de perímetro geram três vezes mais resultados que uma com mil metros". Dependendo do objetivo, em vez de cercas virtuais, é melhor usar os marcadores de proximidade, aproveitando sua maior precisão. Eles podem transmitir para o
Abrem-se oportunidades de negócios não apenas para a navegação em si, mas para aplicações de marketing e de análise de dados T I I n s i d e
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smartphone do consumidor, via Bluetooth, uma promoção de um produto específico quando a pessoa estiver de frente para a vitrine de uma loja, por exemplo. A Qualcomm tem uma solução nesse sentido chamada Gimbal, que está em teste com alguns varejistas na Ásia. A Apple, por sua vez, apresentou recentemente o iBeacon, que seguirá uma proposta similar. Os marcadores também podem auxiliar a visita a um museu, enviando informações sobre uma determinada obra assim que o visitante se aproxima dela. E em uma loja de grande porte, pode servir para chamar um vendedor aonde um consumidor precisa de atendimento. "As possibilidades vão muito além de um ponto azul no mapa. Navegar é interessante, mas é só o começo da história", resume Christian Carle, CEO da Pole Star. Mercado O modelo de negócios na oferta de soluções de localização indoor variam tanto quanto as tecnologias adotadas. A Cisco, por exemplo, vende um serviço fim a fim, que inclui os seus roteadores e controladoras Wi-Fi. "O Wi-Fi deixa de ser apenas uma rede para se transformar em uma ferramenta de negócios", comenta Igor Giangrossi, engenheiro consultor da Cisco. A Qualcomm vende a solução do Gimbal como um serviço e cobra pela quantidade de usuários. A Navizon faz o mesmo, mas o preço varia de acordo com a quantidade de nodes instalados. Para um local com 200 nodes, por exemplo, o preço mensal é de US$ 25 por node. A Nokia e a Pole Star, por sua vez, preferem licenciar o uso de suas plataformas para terceiros. E o Google segue sua estratégia tradicional de oferecer o serviço de graça, provavelmente aproveitando as informações coletadas do usuário para publicidade no futuro. Ainda falta padronização e interoperabilidade entre as variadas soluções. Uma das tentativas de resolver essa questão é a In-Location Alliance, uma associação de 98 empresas desse setor. A expectativa, nos próximos anos, é de que haja uma consolidação, com os grandes players adquirindo os menores. Parte desse processo já começou, com a aquisição da ThinkSmart pela Cisco e da WiFiSlam pela Apple. Quando esse processo terminar, aqueles mapas em totens marcando "você está aqui" serão coisa do passado. 2 0 1 3
A CEMIGTelecom, uma empresa do Grupo CEMIG, está presente em mais de 70 municípios prestando serviços de telecomunicações com capilaridade, qualidade e alta disponibilidade, sempre com alto grau de comprometimento aos requisitos de seus clientes.
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>entrevista ANDRÉ SILVEIRA
Busca de equilíbrio na relação
teles e consumidores
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Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) vai ampliar o foco nas relações entre operadoras e consumidores. A incumbência de realizar o acompanhamento de maneira ainda mais intensa desse relacionamento é da Superintendência de Relações com o Consumidor, que tem como objetivo reduzir o número de reclamações sobre os serviços de telecomunicações, com base no Plano Nacional de Cidadania e Consumo (Plandec), do governo federal. De acordo com a superintendente Elisa Peixoto, em um primeiro momento, a agência irá estabelecer um diálogo com as operadoras no sentido de melhorar o atendimento e reduzir as queixas dos consumidores. Dessa conversa, nascerá um guia de boas práticas. Entretanto, caso a busca um acordo não dê resultado, ela não descarta a possibilidade de se estabelecer procedimentos regulatórios, com punições para metas não cumpridas. A elaboração do guia de boas práticas, embora já planejada há algum tempo, vem exatamente no momento em que o órgão regulador vem sendo alvo de um verdadeiro bombardeio de críticas e manifestações de organizações de consumidores, que reivindicam maior qualidade na prestação de serviços pelas empresas do setor, além de mais eficiência por parte da Anatel. As entidades se queixam dos serviços de internet, TV por assinatura e de telefonia móvel e fixa, alegando que, além de caros, deixam a desejar quanto à qualidade. “Essa situação só mudará se a agência 3 4
foto: divulgação
A Anatel vai ampliar a capacidade de seu call center e cobrar das operadoras a melhoria do atendimento aos consumidores. A superintendente de Relações com o Consumidor, Elisa Peixoto, fala sobre as medidas que o órgão pretende adotar para atingir essa meta procedimentos que tornem mais ágil o atendimento, com o uso de e-mail, SMS, chat e hotsites. Segundo a superintendente, entre janeiro e julho deste ano, a agência recebeu 3,7 milhões de ligações de consumidores. Deste total, 40% eram relativas a reclamações. E é este o cenário que ela diz que pretende mudar. A seguir, os principais trechos da entrevista:
tiver uma atuação efetiva e passar a punir as empresas”, diz comunicado emitido durante ato realizado pela Proteste e a União Geral dos Trabalhadores (UGT), no início de setembro. Uma das medidas que fazem parte do plano da Anatel é melhorar o atendimento do call center da própria agência, hoje terceirizado. Elisa explica que ainda está em vigor um contrato, que se encerrará no ano que vem. E a ideia é estabelecer no edital de licitação para contratação de uma nova empresa T I I n s i d e
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TI INSIDE — Quais são os projetos que a Anatel vai desenvolver para melhorar o relacionamento entre operadoras de telecomunicações e consumidores? Elisa Peixoto — A agenda relativa aos consumidores de serviços de telecomunicações tem ganhado relevância, principalmente, entre outros aspectos, em razão do lançamento, pela presidente Dilma Rousseff, do Plano Nacional de Cidadania e Consumo (Plandec). E a Anatel, que vinha discutindo o regimento interno, já havia colocado esse tema na pauta da versão original do regimento. O resultado disso foi a criação da Superintendência de Relações com o Consumidor, que antes tinha status de assessoria, alinhada ao Plandec. O Conselho Diretor da agência tem algumas prioridades para pauta de consumidores e muitas medidas estão representadas nas principais atribuições da superintendência. TI INSIDE — Quais são essas medidas? Elisa — Uma delas é o tratamento de reclamações. Aí entra o call center, que tem um grande volume de ligações. Temos discutido internamente 2 0 1 3
>entrevista
TI INSIDE — Em relação ao call center, há algum projeto para ampliar o atendimento? Elisa — O nosso call center, que é terceirizado, ainda tem um ano de contrato pela frente. Mas pretendemos, na nova licitação, discutir medidas para Elisa Peixoto, melhoria do atendimento, além de da Anatel aperfeiçoar o próprio contrato, de modo que o resultado seja o atendimento mais ágil e efetivo. Outra discussão que estamos aprofundando é a melhoria dos canais de atendimento, de forma geral. Ou seja, além do atendimento convencional por telefone, vamos criar outros canais de relacionamento com os cidadãos como SMS, e-mail e chat. Além disso, vamos criar um hotsite específico para o consumidor, com as informações mais relevantes. A ideia é reduzir a demanda no call center e também oferecer outras alternativas de interação para aumentar a eficácia do atendimento. TI INSIDE — Qual é o número de reclamações que a agência recebe atualmente? Elisa — Entre janeiro e junho deste ano, recebemos cerca de 3,7 milhões de ligações de consumidores. Deste total, cerca de 60% foram pedidos de informações dos mais diversos tipos, desde direitos do consumidor até como conseguir uma outorga para explorar um serviço específico. Os outros 40% foram reclamações. Todas as queixas recebidas foram encaminhadas às operadoras, que têm um prazo de cinco dias úteis para resolvê-las e respondêlas. A taxa de solução de reclamações hoje em dia está em cerca de 80%. A primeira reflexão sobre isso é que, se a operadora consegue resolver esse elevado percentual de problemas em cinco dias, a reclamação nem deveria chegar à Anatel. Diante disso, estamos trabalhando no sentido de entender o motivo dessas reclamações chegarem aqui. A partir disso, vamos abrir um 3 6
determinada capacidade. Não entende de que forma o serviço é faturado. Isso, certamente, é resolvido com a melhoria do relacionamento entre operadora e usuário. Nesse sentido, discutiremos a elaboração de um guia de boas práticas para atendimento ao consumidor.
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“Vamos estabelecer um diálogo com as operadoras para melhorar o atendimento e reduzir as queixas dos consumidores. Caso isso não dê resultado, não está descartado o estabelecimento de procedimentos regulatórios”.
formas de aperfeiçoar esse trabalho e dar tratamento com a qualidade e a celeridade necessárias. Outra medida visa a educação para o consumo e a parte de diagnóstico do setor para detectarmos as principais fontes de reclamações dos consumidores. A partir disso, temos como melhorar a eficiência da Anatel, no que diz respeito às atividades de regulação e fiscalização.
canal de diálogo com as operadoras para fazer com que o consumidor não tenha a necessidade de procurar a agência para resolver o seu problema. Um percentual residual (20%) acaba sendo resolvido praticamente na totalidade em um período posterior. TI INSIDE — Quais são as reclamações mais comuns? Elisa — Em primeiro lugar, a cobrança de serviços, seguida de queixas sobre a qualidade e o cancelamento de serviços. Somadas, essas reclamações representam 2/3 do total de agravos. Com base nisso, a agência já está discutindo um regulamento de atendimento, oferta e cobrança de serviço, que terá como
TI INSIDE — Quais seriam as bases para este guia? Elisa — Uma delas é a forma como se contrata o serviço de call center. Sem entrar no mérito da questão de ser próprio ou terceirizado, o fato é que ainda existem determinados modelos de contratação de call center que não favorecem o atendimento adequado. Por exemplo, atendimentos que estabelecem metas de retenção de clientes. A consequência disso é um grande número de consumidores que não conseguem cancelar um serviço. Por isso, é preciso preparar o funcionário para o atendimento. Temos a informação de que nem a capacitação do call center é feita pela operadora. Então, como esperar que o atendente entenda sobre um produto se a empresa dona deste produto não lhe fornece informações sobre suas características? Por outro lado, no setor de pré-venda, a capacitação tem níveis elevados. TI INSIDE — Para modificar esse cenário seria necessária a implantação de alguma nova regulamentação? Elisa — Não necessariamente. Precisamos de certo nível de
“acredito que, entre as operadoras, há disposição para que o diálogo evolua na busca de soluções dessas questões” foco principal estes três tipos de reclamações. Apesar de a qualidade já ter uma regulamentação própria, as questões envolvendo cobrança e cancelamento de serviço podem ter uma evolução positiva, com o aumento do nível de informações disponíveis ao cidadão, pois percebemos que o consumidor não tem um conhecimento pleno daquilo que está sendo cobrado. Um exemplo disso é a capacidade de download e upload. O consumidor contrata um pacote de banda larga móvel e não sabe que ajustou T I I n s i d e
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regulamentação, mas não acredito que venhamos a precisar estipular o número de horas de capacitação e o nível de soluções tecnológicas para que as operadoras estabeleçam um relacionamento melhor com o consumidor. O que temos discutido é este guia de boas práticas. Eu ainda acredito que, entre as operadoras, há disposição para que o diálogo evolua na busca de soluções dessas questões. Caso não se resolva por esta via, partiremos para o estabelecimento de uma regulamentação. 2 0 1 3
>tendências
O novo mapa da
inovação na saúde
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om os custos com saúde aumentando de forma contínua em todo o mundo, as empresas que atuam no setor têm se esforçado para ampliar o seu processo de inovação e integrar as novas tecnologias às suas atividades. E entre as principais tendências tecnológicas que começam a se consolidar na indústria de cuidados com a saúde estão o mobile health e os wearable devices — ou dispositivos vestíveis. Um estudo da PwC revela que, apenas nos Estados Unidos, o mercado de mobile health deve alcançar US$ 23 bilhões até 2017, sendo que o número de dispositivos médicos conectados no mundo deve chegar a 16 bilhões em 2015. No Brasil, as soluções de saúde móvel poderiam permitir que um adicional de 28,4 milhões de pessoas tenham acesso ao sistema de saúde, prevê a consultoria. Os dados foram apresentados pela consultora da PwC Brasil, Eliane Kihara, durante painel no Fórum Saúde Digital 2013, evento promovido pela revista TI INSIDE, realizado em agosto, em São Paulo. Entre os inúmeros benefícios que o m-health pode proporcionar, ela cita o tratamento e monitoramento remoto, o uso de soluções para bem-estar e prevenção, acesso rápido a diagnósticos, entre outros. “Isso sem falar que registros médicos eletrônicos podem melhorar a tomada de decisão clínica e coordenação dentro dos hospitais e trazer eficiências operacionais”, diz. A consultora observa, ainda, que registros de saúde padronizados poderiam permitir uma melhor integração do atendimento e facilitar encaminhamentos adequados. Além 3 8
foto: izilda frança
Pressionadas a reduzir custos e, ao mesmo tempo, vencer o desafio de melhorar o atendimento aos pacientes, empresas do setor procuram tirar proveito das novas tecnologias, incorporando-as às suas atividades
disso, o gasto com a saúde — pública e privada — poderia ser reduzido de forma significativa. Mas tudo isso, segundo Eliane, deve estar em consonância com as melhores práticas globais, englobando o atendimento integrado, atendimento em qualquer lugar, análise de dados e mensuração e medicina de precisão. Dispositivos vestíveis Como exemplo, a consultora cita a implantação da triagem e monitoramento remoto da saúde, via celular, pelo Apollo Hospital, na Índia. O hospital, que tem 70 centros de telemedicina, também desenvolveu uma solução de análise de dados remota através de uma série de sistemas de monitoramento de dispositivos. Outro exemplo de aplicação de saúde inteligente através de dispositivos, usado por Eliane, é o MelaFind, dispositivo indicado para dermatologistas no diagnóstico do melanoma. Embora bastante aplicados nas áreas de fitness e bem-estar, os wearable T I I n s i d e
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devices, dispositivos vestíveis usados para medir batimentos cardíacos, monitorar corridas, entre outras funcionalidades, são outra tendência que vem se consolidando na área de cuidados com a saúde. Com a evolução da tecnologia, a tendência é que esses dispositivos sejam introduzidos na medicina, ajudando assim a reduzir gastos e melhorar o tratamento de pacientes, possibilitando o monitoramento do médico à distância. Para Sonny Vu, CEO e fundador da fabricante americana de produtos de computação portáteis Misfit Wearables e da desenvolvedora do dispositivo Shine para monitoramento de atividades físicas, AgaMatrix, o principal desafio da aplicação de dispositivos móveis e vestíveis na medicina é a certificação exigida. Nos Estados Unidos, por exemplo, é preciso a certificação da Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, em inglês). “Normalmente, a empresa que fabrica esses dispositivos não é da área médica, e isso pode ser um empecilho”, 2 0 1 3
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destacou o executivo. “Não é um problema de performance tecnológica, e sim de autorização.” Ainda assim, a aplicação desses dispositivos naquele país tem sido cada vez maior. Vu ressaltou que os aparelhos vestíveis já são usados em estudos médicos, monitoramento da saúde, tratamentos e a ideia é, em breve, começar a aplicá-lo em hospitais. Já para o mercado brasileiro, a estimativa é de um atraso de um a dois anos na aplicação dos aparelhos vestíveis no setor da saúde. “Mas naturalmente virá. A área de saúde digital é uma das melhores formas de economizar dinheiro e melhorar processos. Países de grande extensão têm muito a ganhar com isso”, completou. A telemedicina, que utiliza de tecnologias e aplicações que permitem a realização de ações médicas a distância, é outra tecnologia que tem registrado grande expansão no mundo. Dados da consultoria Health IT News Direct projetam que as vendas da indústria do setor crescerão de US$ 9,8 bilhões, em 2010, para US$ 23 bilhões em 2015 globalmente. Acompanhando esse crescimento, a área de telerradiologia se consolidou como a principal especialidade e tendência do setor. De fato, a especialidade, que se define pelo uso de ferramentas de TI para a realização de diagnósticos a distância, por meio do envio de imagens digitais, traz diversos benefícios tanto ao paciente quanto às empresas de serviços de saúde. Dentre eles, destacam-se a eficácia clínica e a excelente relação custobenefício, segundo Mohan Mysore, diretor de desenvolvimento de negócios da Telerad Tech para América do Sul, do Norte e Europa. “Mais do que reduzir custos, a telerradiologia permite que o diagnóstico de um paciente seja feito muito mais rápido, garantindo a redução no tempo de expedição de um laudo médico para um especialista em qualquer parte do mundo”, ressaltou. Responsável por desenvolver o mercado de infraestrutura de compartilhamento de imagens na nuvem na Telerad Tech, empresa com sede nos Estados Unidos e na Índia, que fornece soluções (software e hardware) e serviços em radiologia, Mysore reitera, contudo, que o segmento ainda enfrenta alguns desafios como o de lidar com o constante aumento no volume de imagens geradas por exames, além da falta de otimização na distribuição geográfica de radiologistas, já que muitas regiões carecem de um
profissional especializado. O executivo também discutiu a relevância da nuvem nos procedimentos de telerradiologia. Com o serviço de cloud da Telerad, as imagens geradas em exames, tais como ressonância e ultrassom, ficam armazenadas na nuvem, em data centers da companhia espalhados pelo mundo, podendo ser enviadas a médicos em qualquer localidade. Os profissionais acessam as informações de qualquer dispositivo móvel e conseguem emitir um laudo instantaneamente. Atendimento domiciliar O home care, alternativa de atendimento médico domiciliar, que inclui o atendimento ambulatorial ou internação na residência do paciente, é outra área que vem ganhando terreno por meio do uso de soluções inovadoras. Após cinco
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anos de pesquisas apoiadas por mais de 40 especialistas do HCor — Hospital do Coração de São Paulo — a Corcam Tecnologia, desenvolvedora de tecnologias para monitoramento da saúde, desenvolveu uma solução inovadora denominada Nexcor: primeiro monitor cardíaco inteligente portátil no mundo. O aparelho foi criado em parceria com a Flextronics e com apoio de financiamento público da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Com a aprovação em testes clínicos e por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o aparelho deverá estar disponível no mercado ainda neste semestre. De acordo com Antonio André Neto, CEO da Corcam Tecnologia, o Nexcor atende tanto pacientes cardíacos, ao detectar alterações nos batimentos cardíacos e, consequentemente, prevenir doenças, como idosos, em casos de quedas, através de um detector especial. As informações sobre a saúde dos pacientes são enviadas pelo aparelho por meio de um chip para uma central de monitoramento. “Num primeiro momento, a solução será vendida para pacientes particulares, que poderão ter o monitor prescrito por médicos no momento da consulta. Mas planejamos fazer uma aproximação com o governo, com o Ministério da Saúde”, contou o executivo. “Nossa intenção é salvar vidas”, acrescentou. O monitoramento remoto da saúde de pacientes também é um dos pilares de trabalho do Grupo Unit Care. Dentre os serviços de saúde que oferece, destacase o eletrocardiograma na nuvem, pela solução ECG Cloud, que permite que o exame seja feito a distância e as informações, armazenadas na nuvem, possam ser enviadas a médicos depois de passarem por uma central de laudos. Outra oferta inovadora da empresa, dentro do segmento de ehealth (saúde digital) é a teleorientação: serviço de atendimento telefônico que presta um primeiro atendimento, uma orientação no caso de dúvidas referentes a sintomas que o paciente sente. “Com este serviço drenamos a demanda de hospitais, fazendo uma triagem para saber se o que o paciente sente é caso emergencial ou somente ambulatorial”, enfatizou Luiz Tizatto, CEO do Grupo Unit Care, ressaltando que o atendimento médico domiciliar chega a ser de 30% a 40% mais barato que em um hospital, e ainda contribui para o “desafogamento” de leitos. 3 9
“A padronização dos registros de saúde poderiam reduzir os gastos com a saúde de forma significativa” Eliane Kihara, da PwC Brasil
“O principal desafio da aplicação de dispositivos móveis e vestíveis na medicina é a certificação exigida” Sonny Vu, da Misfit Wearables
Leszek Glasner/shutterstock.com
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ANDRÉ SILVEIRA
Integração de sistemas de
saúde entra na reta final O Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus) deve concluir vários projetos de saúde digital depois de implantar, no ano passado, o “barramento” que permitirá a conexão entre os bancos de dados das várias instituições de saúde nas esferas municipal, estadual e federal
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Ministério da Saúde está atuando em várias frentes de trabalho na área da tecnologia da informação e comunicações (TIC) para atender as diretrizes da Política Nacional de Informação e Informática em Saúde (PNIIS). De acordo com o coordenador geral de gestão de projetos do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), Moacyr Esteves Perche, o ministério, o Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde e também o Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde estão discutindo a reformulação das políticas com objetivo de aproveitar as ferramentas tecnológicas. Uma delas é o prontuário eletrônico. “Esta é uma das grandes frentes que temos trabalhado nos últimos tempos. Um 4 0
passo importante nesse sentido foi a construção da arquitetura do Cartão Nacional de Saúde, com a identificação individual do usuário no Sistema Único de Saúde.” O coordenador revela que, no ano passado, o ministério estabeleceu o “barramento” da saúde — ponto de conexão entre os bancos de dados de várias instituições —, o que garantiu a interoperabilidade para o fornecimento de serviços e informações. Essa ferramenta, explica Perche, é fundamental, pois permitirá que o portador do Cartão Nacional de Saúde acesse o Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde, banco de dados que contém informações sobre todos os estabelecimentos (públicos ou privados) que prestam algum tipo de assistência à saúde, bem como a relação de médicos por área de especialidade. “Também T I I n s i d e
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estamos trabalhando no desenvolvimento de um projeto que irá substituir o sistema de informação de internações e de informações ambulatoriais”, revela. O objetivo, segundo o coordenador é garantir a interoperabilidade no âmbito do ministério e também nas esferas estadual e municipal. “O Ministério da Saúde tem a responsabilidade de garantir um sistema que responda minimamente aos requisitos, por meio de aplicativos que irão substituir sistemas isolados, os quais serão integrados”, reitera Perche. Num primeiro momento, o novo sistema deve atingir cerca de 80% das Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Sistema Único de Saúde (SUS). O coordenador do Datasus salienta que a grande vantagem para os gestores de saúde é que eles terão todo o histórico do paciente no sistema, já que os bancos de dados estarão integrados por meio do 2 0 1 3
barramento. “Com isso, o médico terá condições de saber todo o “O prontuário histórico do paciente. Poderá saber, eletrônico é uma por exemplo, se uma gestante teve das grandes diabetes gestacional ou outra doença frentes que temos que contraiu, e quando procurou o trabalhado nos serviço de saúde”, explica. Para o últimos tempos. E paciente, a vantagem é que ele não um passo precisará preencher cadastro sempre importante nesse que for a uma unidade de saúde. sentido foi a “Com o barramento, só haverá um construção da cadastro no qual o gestor poderá arquitetura do fazer as alterações sempre que forem Cartão Nacional necessárias. As informações estarão de Saúde” disponíveis no sistema de forma integrada para todos os outros Moacyr Esteves sistemas que fazem parte dos Perche, do Datasus programas de saúde do SUS», detalha Perche. Infraestrutura tecnológica O executivo também salienta que o novo sistema já está disponível para download para os municípios. “O Ministério da Saúde vai fornecer o software e o apoio aos estados. O Datasus, especificamente, ficou com a tarefa de prestar consultoria aos estados e garantir que eles tenham condições de fazer as implantações nos municípios, que contarão com o auxílio dos estados durante a implantação”, destaca Perche. Uma das ações nesse sentido, foi a publicação de uma ata de registro de preços para que as Unidades Básicas de Saúde tenham acesso a computadores e equipamentos de rede. Em relação à conectividade, o coordenador do Datasus informa que o Ministério da Saúde está em fase de conclusão de uma parceria com o Ministério das Comunicações para garantir que as 40 mil UBS tenham,
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ao menos, um ponto de conexão à internet. “Num primeiro momento, 12 mil unidades serão beneficiadas e o custo ficará por conta do Ministério da Saúde.” A expectativa é que a ata de registro de preços deva ser publicada até o fim de setembro. Perche informa que o sistema adota o conceito do e-Saúde, espécie de Política de Informática para o setor de saúde pública. “Tratase de uma consolidação da tecnologia da informação e comunicações no processo de trabalho do profissional de saúde”, ressalta, Salientando que isso repesenta um avanço significativo para a área da saúde, pois as informações passam a fazer parte da rotina diária. “A informação vai ser coletada no ato. Ela deixará de ser anotada em planilha, para depois ser digitada no sistema. Nesse processo, o profissional de saúde passa a ter
conhecimentos de informática.” Ao discorrer sobre o e-Saúde, Perche destaca que o conceito estabelece uma visão estratégica, que será trabalhada com a sociedade. “Nós pretendemos ampliar esse conceito para os setores acadêmico, empresas de tecnologia que trabalham com saúde e operadoras de planos de saúde. O e-Saúde transcende o setor público”, comenta. Em relação especificamente ao armazenamento de dados, Perche diz que atualmente o Datasus conta com uma das maiores infraestruturas de storage da administração direta, no governo federal. Segundo ele, o Datasus faz investimentos e tem evoluído de maneira contínua. São duas salas-cofre, sendo uma no Rio de Janeiro e outra em Brasília, além de um parque suficiente para armazenar os bancos de dados gigantescos de informação sobre saúde. Também trabalhamos com a possibilidade de ampliar essa capacidade por meio da computação em nuvem. Já estamos, inclusive, negociando com o Serpro, empresa de processamento de dados do governo, para oferecer o serviço aos municípios, o que não afetará a capacidade de armazenamento e racionalizará o investimento, especialmente dos municípios”, diz. Perche explica que o objetivo é fazer com que os municípios menores obtenham uma redução de custos ao aderirem ao e-Saúde, já que não precisarão investir em data center e sala-cofre. “Com isso, mudamos o foco do investimento. Em vez do município investir em infraestrutura, passa a priorizar a conectividade”, finaliza.
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