Ano 16
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mar2013
www.teletime.com.br
barcelona
2013
ENTREVISTA Carlos López Blanco dá a visão da Telefónica sobre a regulação na América Latina
Cobertura completa do MWC, maior evento mundial de comunicações móveis
REGULAMENTAÇÃO Governo quer liberar 700 MHz para o 4G, mas garantias à radiodifusão podem ser problema
Presidente Rubens Glasberg Diretores Editoriais André Mermelstein Claudiney Santos Samuel Possebon (Brasília) Diretor Comercial Manoel Fernandez Diretor Financeiro Otavio Jardanovski
Editor Samuel Possebon Editora Adjunta e Editora de Projetos Especiais Letícia Cordeiro Editor de Mobilidade Fernando Paiva (Rio de Janeiro) Redação Bruno do Amaral, Wilian Miron, Helton Posseti (Brasília) e Leandro Sanfelice (Vídeo repórter) Consultor Especial Cláudio Dascal Arte Edmur Cason (Direção de Arte); Rubens Jardim (Produção Gráfica); Geraldo José Nogueira (Edit. Eletrônica); Débora Harue Torigoe (Assistente); Alexandre Barros (Colaborador); Bárbara Cason (Colaboradora) Departamento Comercial Bruna Zuolo (Ger. de Negócios) Ivaneti Longo (Assistente) Inscrições e Assinaturas Gislaine Gaspar (Gerente) Circulação Patricia Brandão (Gerente) Marketing Harumi Ishihara (Diretora) Gisella Gimenez (Gerente) Administração Vilma Pereira (Gerente) TELETIME é uma publicação mensal da Converge Comunicações - Rua Sergipe, 401, Conj. 603 CEP: 01243-001 - Telefone: (11) 3138-4600 e Fax: (11) 3257-5910 - São Paulo, SP. Sucursal SCN Quadra 02 Bloco D, sala 424 – Torre B - Centro Empresarial Liberty Mall - CEP: 70712-903 - Fone/ Fax: (61) 3327-3755 - Brasília, DF. Jornalista Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965) Impressão Ipsis Gráfica e Editora S.A. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A
CENTRAL DE ASSINATURAS 0800 0145022 das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira Internet www.teletime.com.br E-mail assine@convergecom.com.br REDAÇÃO (11) 3138-4600 E-mail cartas.teletime@convergecom.com.br PUBLICIDADE (11) 3214-3747 E-mail comercial@convergecom.com.br
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Samuel Possebon
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Do monopólio ao monopólio
E
xistem frases que simbolizam uma época e que marcam a história. No pequeno universo das telecomunicações e das mudanças que são experimentadas pela indústria, poucas frases poderiam sintetizar melhor o momento que atravessamos como a manifestação do presidente mundial da Telefónica durante o último Mobile World Congress, realizado em Barcelona: “Novos monopólios estão limitando o usuário no mercado de buscas online e ecossistemas móveis”, disse o CEO. Como toda frase, precisa ser contextualizada. Alierta se referia aos sistemas operacionais do Google (Android) e da Apple (iOS), que hoje dominam a maior parte dos smartphones. A Telefónica é desde o primeiro momento uma das maiores incentivadoras de uma terceira plataforma, aberta, em que os operadores tenham algum controle. Essa nova plataforma, o Firefox OS, foi anunciada durante o MWC com o endosso de várias operadoras. A frase de Alierta é emblemática e traz em si a ironia de ter sido proferida por uma empresa que, a exemplo de quase todas as outras grandes teles, se fez em cima de um monopólio regional. Mas o mais interessante é olhar o significado do que está acontecendo. As operadoras de redes de telecom, há algum tempo (e isso já foi objeto de vários editoriais e reportagens da TELETIME nos últimos anos), perderam a capacidade de inovar, pelo menos à luz do usuário. Talvez o último encanto proporcionado pelas teles tenha sido a conexão banda larga. Dali em diante, tudo o que surgiu de novo veio na camada de aplicações, e 99,9% do que se apresentou foi desenvolvido no universo da Internet, sem nenhuma relação com empresas de telecom. E desse fato surgiram players como Apple, Google, Samsung, Micro soft, Amazon e outros que nada tinham a ver com o mercado de telecomunicações. Os sistemas operacionais avançados como iOS e Android mudaram a indústria de handsets, abrindo a porta para milhares de desenvolvedores de aplicativos criarem e distribuírem seus conteúdos independente do operador da rede. Isso foi ótimo para o fabricante de handset, que ganhou a batalha com os PCs; foi de certa forma bom para os operadores, que viram a conexão banda larga se tornar essencial; e foi excelente para o usuário. Só que esse novo modelo desfez o monopólio da receita. Enquanto antes 100% do que saía da carteira do usuário ia para a empresa de infraestrutura, agora isso se divide ao longo do caminho, em um processo que começa com o usuário adquirindo um dispositivo móvel bem mais caro, mas que tem os recur4 Teletime mar_2013
sos desejados, passando pela compra dos aplicativos e conteúdos nas app stores e termina com a conta telefônica. Por ser o último elo da cadeia, o operador sempre vai receber a maior pressão para reduzir preços, e a queda sistemática de receitas por usuário nos últimos anos mostra exatamente isso. Além disso, o operador de infraestrutura é permanentemente cobrado pela qualidade da conexão. Se a rede não funciona, o smartphone torna-se inútil. E é fato inegável que os serviços estão cada vez mais insatisfatórios, porque as redes estão mais congestionadas e porque a nossa dependência delas é cada vez maior, o que torna a percepção de qualidade muito mais crítica e permanente do que seria se o uso fosse apenas esporádico. A grande dificuldade que as teles estão enfrentando é como sair dessa sinuca e como quebrar um ciclo pernicioso em que receitas cada vez menores constrangem os investimentos, o que gera mais insatisfação e, portanto, menos receitas. A resposta talvez esteja na origem da indústria de telecom: uma época em que os grandes investimentos eram feitos sem esperar retorno. Fossem estatais ou grandes monopólios privados (endossados pelo Estado), o fato é que a construção das primeiras redes era um investimento a fundo perdido. Mesmo os grandes investimentos em redes de fibra feitos no final dos anos 90 nunca foram recuperados plenamente. Viraram vapor quando a bolha da Internet estourou e hoje são nota de rodapé em balanços de bancos e empresas que faliram. A exceção talvez sejam as redes móveis, que surgiram em um ambiente competitivo e privado e (até aqui) conseguiram se manter rentáveis. Mas como conceber que empresas privadas, com acionistas controladores e minoritários ávidos por dividendos, invistam sem retorno? É nesse contexto que se buscam as alternativas salvadoras: pedir à Apple e ao Google que contribuam com os investimentos em rede, cobrar pedágio dos serviços over-thetop, diminuir o custo regulatório, eliminar impostos... Tudo isso até pode ajudar, mas provavelmente a viabilização de uma infraestrutura que efetivamente responda à nova realidade de uso dos serviços e à nova cadeia de valor estabelecida só acontecerá com investimentos pesados, muito além do trivial, daquilo que as teles investem ano a ano. De onde virão esses recursos? Provavelmente, do Estado, que é quem sempre, historicamente, paga a conta da infraestrutura pesada (sejam portos, estradas, aeroportos ou redes de energia). A dificuldade será conciliar esse remédio com o gosto dos doentes.
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163 Número
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Ano 16 | Mar13
6
Capa
8 Evento
Mobile World Congress mantém apelo das operadoras por equilíbrio entre regulação, investimento e novos serviços. Novidade é que Google e Apple começam a ser vistas como ameaça à indústria de telecom.
Entrevista
14 O observador
Carlos López Blanco, diretor do escritório internacional da Telefónica S/A, faz um raio-X das principais tendências regulatórias na América Latina sob o ponto de vista do grupo espanhol.
14
20
Regulamentação
20 Cabo de guerra
Em meio às desconfianças dos radiodifusores, o Minicom tenta acelerar a desocupação da faixa de 700 MHz para o 4G, enquanto dá garantias aos radiodifusores de que eles não serão prejudicados.
Estratégia
22 Força local
Algar Telecom busca se sobressair investindo pesado no relacionamento com o cliente e é a vice-líder em base de usuários móveis em sua área original de atuação, no triângulo mineiro.
Negócios
22
28
24
O dividendo da Copa Mercado de integração de redes tem se mostrado promissor para companhias como a NEC, que eleva seus ganhos na esteira dos investimentos públicos e privados para a modernização da infraestrutura do País.
Infraestrutura
26
Um estímulo para o tráfego A presença de mais PTTs no território nacional pode trazer benefícios econômicos e melhor performance da Internet brasileira. PGMC incentiva instação de novos pontos em todos o País.
Editorial 3 | Ponto de vista 28 | Contraponto 30 Capa: Vlad G/shutterstock.com
6 Teletime mar_2013
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Samuel Possebon, de Barcelona samuca@convergecom.com.br
A estratégia é equilibrar
O
mercado de telefonia e banda larga móvel é hoje, na prática, um reflexo de todos os desafios vividos pelo mercado de telecomunicações. Talvez por ser o mercado com maior abrangência, superando a marca global de 3,2 bilhões de assinantes, quase 7 bilhões de conexões móveis e mais de US$ 1,5 trilhão anual de faturamento, o fato é que as operadoras móveis dão as cartas e o tom da indústria mundial de telecomunicações. E o tom dado pelas operadoras durante o Mobile World Congress (MWC), realizado em fevereiro, em Barcelona, voltou a focar nos mesmos desafios que já há dois anos se colocam às empresas: a busca de um equilíbrio entre regulação e investimentos e políticas mais eficientes de distribuição de espectro. A novidade da edição deste ano é que os operadores acordaram para algo que já vinha sendo sinalizado há algum tempo por analistas e observadores do mercado de telecomunicações: a dependência que a indústria estava criando da camada de software dos serviços de telecomunicações, sobretudo dos sistemas operacionais e do ecossistema de aplicativos. A ponto de o presidente da Telefónica, César Alierta, ter conclamado seus pares a lutar contra o risco de um duopólio (Apple e Google), como se durante décadas as redes de telecomunicações não fossem elas próprias parte de monopólios ou oligopólios. Do ponto de vista de espectro, o grande problema, segundo Franco Bernabè, presidente da Telecom Italia e da GSM Association, é a fragmentação de padrões que está sendo criada no mundo, sobretudo nas redes LTE. Ele exemplificou com o iPhone 5, um dispositivo 4G que mesmo estando disponível em três variações, ainda assim não é compatível com todas as redes existentes no
Vlad G/shutterstock.com
Principais operadoras do mundo manifestam, durante o Mobile World Congress, as mesmas preocupações dos últimos anos: o equilíbrio entre regulação, investimento e novos serviços.
mundo. Para Bernabè, o espectro precisa ser harmonizado para assegurar escala e interoperabilidade aos usuários. O que ele quis dizer é que com cada país seguindo um caminho diferente em termos de espectro para a quarta geração, e dada a dificuldade técnica de produção de handsets multibanda, o mundo correria o risco de perder a relevante conquista do roaming global trazida com as redes GSM e 3G. A questão dos investimentos também é crítica para operadores, disse o chairman da GSMA. Ele repetiu aquilo que já vem sendo colocado por operado-
ras de telecomunicações nos principais eventos setoriais: é preciso um equilíbrio entre regulação, competição e inovação que crie um ambiente saudável financeiramente para operadoras e investidores, em benefício do consumidor. “É preciso economia de escala, previsibilidade de investimentos e um ambiente regulatório leve”, disse ele. Segundo Bernabè, as operadoras estão fazendo um esforço de abrir as redes, permitir o desenvolvimento de aplicações de terceiros com APIs (interfaces de aplicações) e conteúdos over-the-top (OTT) sem discriminação, “mas a competição não pode gerar desequilíbrios”. Para Bernabè, os modelos regulatórios da Europa, por exemplo, fomentaram o surgimento de milhares de players, o que causou desequilíbrios por excesso de competição. Mas o problema central alegado pelas operaCésar Alierta, do grupo Telefónica
“novos monopólios estão limitando o usuário no mercado de buscas online e ecossistemas móveis.” 8 Teletime mar_2013
CAGR 2012 - 2017
(em bilhões)
CAGR 2008 - 2012 Outros países Oriente Médio Rússia e ex-nações soviéticas América do Norte América Latina África Europa
Receitas das teles (em US$ bilhões)
CAGR: Crescimento Médio Anual Composto. Fonte: GSMA Wireless Intelligence.
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Ásia-Pacífico
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s õe 2017
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Ásia-Pacífico
CAGR: Crescimento Médio Anual Composto. Fonte: A.T. Kearney, EIU, Gartner, GSMA Wireless Intelligence, IDC, Wireless Matrix.
Capex (em US$ bilhões)
CAGR 2012 - 2017
CAGR 2008 - 2012
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Outros países Rússia e ex-nações soviéticas África Oriente Médio América Latina Europa América do Norte Ásia-Pacífico CAGR: Crescimento Médio Anual Composto. Fonte: A.T. Kearney, EIU, Gartner, GSMA Wireless Intelligence, IDC, Wireless Matrix.
Conexões globais
4G
(em bilhões, inclui M2M)
3G
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2G 2008
Evo
em 2012, o mundo passou de 3,2 bilhões de linhas. foram 7 bilhões de conexões da dados móveis.
Total de assinantes
2008
doras persiste: quedas acentuadas nas receitas médias por assinante versus uma tendência de crescimento de tráfego, impulsionada, sobretudo, por serviços over-the-top que utilizam a infraestrutura e não remuneram a rede diretamente. Concretamente, um estudo da GSM Association realizado em conjunto com a A.T. Kearney mostrou que de 2008 para cá a receita média global de um usuário móvel caiu de US$ 19,3 para US$ 14,1. No mesmo período, os investimentos foram de US$ 161 bilhões ao ano para US$ 164 bilhões, com previsão de que cheguem a US$ 189 bilhões em 2017. César Alierta, CEO do grupo Telefónica, criticou duramente o que chama de “novos monopólios” das empresas de Internet sobre o ambiente de conteúdos e sistemas operacionais. Hoje, 92% dos dispositivos móveis inteligentes operam com iOS, da Apple, ou Android, do Google. “A boa notícia é que hoje apenas 17% dos usuários na América Latina, por exemplo, têm smartphones, então temos uma grande oportunidade ão das cone ç u x de explorar esse potencial e evol luir para um ecossistema mais aberto e equilibrado”, disse ele, prevendo um crescimento de três vezes desse percentual nos próximos anos. Mas ele faz um alerta: “novos monopólios estão limitando o usuário no mercado de buscas online e ecossistemas móveis”, disse. A Telefônica, como se sabe, encampou desde o primeiro momento o desenvolvimento do Firefox OS, uma plataforma aberta para dispositivos móveis que tem como proposta justamente trazer as operadoras de volta para o jogo de conteúdos móveis (ver matéria nesta edição). Alierta foi duro em sua mensagem também em relação aos investimentos feitos por cada agente da cadeia de telecomunicações. “É preciso ter uma equilíbrio, pois na cadeia temos elementos que não investem nada e nós somos pressionados por reguladores, que nos cobram e impõem obrigações pesadas”, disse. Do ponto de vista das operadoras, é preciso buscar modelos de negóFonte: GSMA Wireless cio mais flexíveis, com ofertas converIntelligence. gentes. Alierta também sugere que as operadoras troquem subsídios por opções de financiamento dos dispositivos
CAGR 2012 - 2017
CAGR: Crescimento Médio Anual Composto. Fonte: A.T. Kearney, GSMA Wireless Intelligence, Machina Research.
.:capa ao usuário. “E de outro lado, precisamos quebrar tabus na construção da rede, com compartilhamento de frequências, co-investimento em fibras e políticas de roaming que estimulem o uso”. O MWC deu também bastante destaque para a discussão da realidade dos países emergentes em termos de expansão e massificação dos serviços de telecomunicações móveis. Um painel focado justamente nessas questões mostrou que, nesses casos, alguns desafios são similares àqueles enfrentados em países desenvolvidos: necessidades crescentes de investimentos, clamor por um ambiente regulatório mais flexível, pressão sobre as margens das operadoras e necessidade de novos modelos de serviço para o consumidor final. De outro lado, existem algumas
tom do mwc foi a busca de equilíbrio entre regulação e investimentos e políticas mais eficientes de espectro. especificidades dos mercados emergentes que exigem uma atenção especial: necessidade de disseminar a cultura tecnológica junto a uma população sem familiaridade, demanda por conteúdos e aplicativos específicos. Na leitura de Nasser Marafih, CEO da Qtel (operadora do Oriente Médio que mudou sua marca para ooredoo e opera em países africanos e asiáticos), o segredo para atingir a população ainda excluída dos serviços móveis é um esforço conjunto de governos, operadoras,
fabricantes de dispositivos e desenvolvedores de conteúdos. “É preciso uma forte colaboração, pois as necessidades são muito diferentes”. Na mesma linha, Manoj Kohli, CEO da Bharti Airtel (operadora indiana também com forte presença na África e na Ásia), enumerou as tarefas necessárias: “por parte das operadoras, é preciso acertar os preços para patamares razoáveis e treinar nossos times a saberem instruir o usuário. Do ponto de vista do governo, precisamos de espectro para 3G e 4G harmonizado, direitos de passagem para fibras, menos impostos e energia barata. E, empresas de devices, precisamos de smartphones de US$ 30 dólares e dongles de US$ 10, além de uma forte atuação de combate à pirataria e falsificação de handsets”, disse.
Redes a caminho das nuvens Letícia Cordeiro*, de Barcelona leticia@convergecom.com.br
A
lém de palco para operadoras defenderem suas visões estratégicas e desenvolvedores apresentarem novidades em aplicativos e gadgets, o Mobile World Congress, maior evento mundial de telefonia móvel, sempre indica as tendências de evolução tecnológica no que se refere a redes de telecomunicações presentes nos estandes dos principais fornecedores. Muito do que já se falava em edições anteriores do evento marcou presença este ano, como a necessidade de redes heterogêneas (hetnets), que combinam várias tecnologias no acesso, como 3G, 4G, Wi-Fi e ainda small cells (pico, micro e femtocells), para atender a inevitável tsunami de dados que devemos presenciar nas redes móveis nos próximos anos. Um estudo da A.T. Kearney em parceria com a GSM Association (GSMA) estima que a banda larga móvel terá um crescimento médio anual de 26% entre 2012 e 2017, quando passará de 1,6 bilhão de conexões para 5,1 bilhões no período, 20% delas já em redes LTE.
foto: gsma
Depois de serviços e aplicações hospedados na nuvem, a infraestrutura de telecomunicações começa a seguir o mesmo caminho com a virtualização das funções de controle de rede em arquiteturas definidas por software.
MWC 2013: previsão de crescimento de 66% ao ano do tráfego de dados.
Já o crescimento no volume de dados trafegados será muito maior, de 66% ao ano até 2017, o equivalente a 11,2 Exabytes por mês ou mais de cinco bilhões de horas de vídeo em alta definição. Mas não é preciso um exercício de futurologia. A otimização das redes de acesso já se mostra necessária hoje. A norte-americana AT&T, por exemplo, viu o tráfego de dados em sua rede móvel crescer nada menos do que 30.000% nos 10 Teletime mar_2013
últimos seis anos. Para tentar atender a tamanha demanda, melhorar a cobertura e otimizar a rede, a tele planeja implementar 40 mil smallcells até 2015.Este foi apenas um exemplo trazido por J.R. Wilson, chairman da Wireless Broadband Alliance (WBA) e vice-presidente de parcerias e alianças da AT&T Mobility, que prevê que até o final de 2015 haverá 60 milhões de smallcells implantadas por operadoras em todo o mundo.
“Se o 3G mudou a indústria de mobilidade, o LTE vai mudar as outras indústrias.” Randall Stephenson, da AT&T cionando seu assinante para a infraestrutura que for mais adequada à utilização daquele momento. “Haverá várias camadas de rede: macro, micro e nano. A seleção da rede vai depender da velocidade requerida para cada aplicação”. Na nuvem Como nos outros anos, cloud services e aplicações na nuvem seguem como tema recorrente. O CEO da AT&T, Randall Stephenson, por exemplo, chegou a afirmar que a combinação de LTE com cloud é a nova revolução da indústria de mobilidade, combinando a capacidade das redes de 4G com as aplicações em nuvem. “Isso abre para os operadores uma nova gama de possibilidades. Se o 3G mudou a indústria de mobilidade, o
fotos: divulgação
A Telefônica, por sua vez, promete integração 4G e Wi-Fi para 2014, numa rede híbrida em que o cliente seja transferido de Wi-Fi para 4G e vice-versa sem notar a mudança, mesmo se estiver no meio de um streaming de vídeo ou de uma chamada telefônica. A ideia é que o usuário não precise se logar cada vez que entrar na rede Wi-Fi: sua identificação será automática. Segundo o CTO global do grupo espanhol, Enrique Blanco, a operadora será a primeira a lançar uma rede convergente LTE/Wi-Fi com essas características, o que deve acontecer em 2014. “A Telefônica quer se transformar em um provedor de conectividade inteligente”, afirmou o executivo. De acordo com Blanco, a decisão de investir em hetnets está relacionada à evolução do mercado e ao uso feito pelos consumidores. Atualmente, ele calcula que mais de 80% do tráfego de dados em smartphones e tablets dos clientes da Telefónica em alguns países passa por redes Wi-Fi. O diretor de desenvolvimento de produtos e inovação da Telefónica, Carlos Domingo, acredita que as operadoras precisam aprender a usar as redes heterogêneas de forma inteligente, dire-
LTE vai mudar as outras indústrias, pois todas elas têm grande potencial de inovar em cima dessa plataforma”, disse ele, citando a indústria de saúde, segurança, automobilística, transportes, energia e outras como exemplo de setores que podem se transformar com a banda larga móvel. Mas o desafio está longe de ser pequeno. Preparar empresas que tradicionalmente só vendem conectividade para prestarem serviços em nuvem em um ambiente em que as redes enfrentam a pressão do crescente tráfego de dados e exigem investimentos pesados foi uma preocupação externada com frequência nos debates do MWC. O CTIO da operadora Tele2, Joachin Horn, chegou, inclusive, a classificar a oferta de serviços em cloud pelas operadoras como um risco porque envolve um aprendizado em uma área em que elas não atuam, mas reconheceu também como uma oportunidade para recolocá-las no jogo dos conteúdos. “As operadoras estão essencialmente grandes demais para conseguir inovar nesse ambiente.
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M2m
O segredo é oferecer o básico, fazer tudo de forma mais padronizada possível, porque assim o risco de errar é menor”, sugere Horn. Um caminho possível é o das parcerias. Drew Houston, fundador da Dropbox, empresa de armazenamento de conteúdos em nuvem com 100 milhões de usuários e mais de um bilhão de arquivos transferidos ao dia, disse que o grande diferencial dos inovadores que já estão atuando no desenvolvimento de aplicações e conteúdos cloud é o foco. “Isso não há como as operadoras terem. Por isso o caminho é o das parcerias. Depois que passamos a nos aliar a outros desenvolvedores de aplicativos (que usam o Dropbox como ferramenta de compartilhamento e armazenamento), fabricantes de handsets (que embarcam o aplicativo e oferecem capacidade em nuvem como diferencial) e operadoras, nossa base de usuário dobrou em apenas 12 meses”, diz. A nova fronteira Apesar de tema recorrente, a nuvem ganhou destaque como novi-
“Com 40 bilhões de dispositivos conectados, as redes Têm que ser gerenciadas na nuvem, de forma centralizada.” José Augusto de Oliveira Neto, da Huawei
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CAGR: Crescimento Médio Anual Composto. Fonte: Cisco VNI 2013, A.T. Kearney/Analysis
dade também em 2013, dessa vez aplicada às redes de telecomunicações. O tema, que começou a aparecer apenas após o evento do ano passado, no decorrer de 2012, começou ainda que de forma discreta a ser tratado este ano com as chamadas redes definidas por software (Software Defined Networks – SDN) e promete voltar com força total no ano que vem como a nova fronteira na evolução das redes. Trata-se basicamente da dissociação entre hardware e software nos elementos de rede para ganhar eficiência. “O cenário que vemos hoje é de uma demanda cada vez maior por bandas cada vez maiores e as receitas das operadoras não crescem no mesmo ritmo. As margens de toda a indústria estão apertadas e o jeito é baixar a curva de custo, aumentando a eficiência da operação com o conceito de nuvem”, explica o gerente de soluções da Huawei, Sérgio Battaglia. A projeção da fornecedora chinesa é de que até 2020 haverá 24 bilhões de conexões móveis e que o tráfego nas redes móveis aumentará na ordem de 500 vezes, enquanto as receitas devem apenas dobrar no período, para US$ 2 trilhões. No caminho da migração para a nuvem, as redes passam a ser compostas por hardwares genéricos, dotados 12 Teletime mar_2013
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fato de que o vídeo será o grande driver da explosão do tráfego de dados nas redes móveis também foi amplamente reiterado, com a previsão de que a porcentagem de vídeo sobre o tráfego total passe dos atuais 40% para 90% em três ou quatro anos, com as crescentes disponibilidade de terminais HD inteligentes, incluindo smartphones e tablets com telas grandes e demanda por serviços de TV everywhere. Todos os fabricantes trouxeram ao MWC soluções para vídeo. A Ericsson lançou uma solução de broadcast de vídeo em alta definição sobre LTE que, segundo seu CEO, Hans Vestberg, foi adquirida pelas operadoras Verizon (EUA) e Telstra (Austrália), que devem começar os testes no segundo semestre. O LTE Broadcast TV permite a distribuição de conteúdos de vídeo pela rede 4G da operadora na forma de canais broadcast e é uma aplicação voltada para grandes eventos esportivos e locais com grande concentração de usuários, como estádios de futebol, e que permite distribuir quatro canais de vídeo pela rede LTE nesses ambientes. Não é, portanto, um serviço que seja implementado em toda a rede. A plataforma usa a tecnologia evolvedMultimedia Broadcast Multicast Services (eMBMS) e é uma das primeiras implementações comerciais da compressão de vídeo HEVC, duas vezes mais eficiente do que o MPEG4, padrão na maior parte das aplicações de vídeo. A Nokia Siemens Networks (NSN), por sua vez, anunciou um novo conceito de base station (BTS) para redes móveis, o LiquidApp, que transforma uma base station convencional em uma plataforma em que conteúdos podem ser armazenados e distribuídos aos terminais móveis com o mínimo de tráfego entre os diferentes elementos da rede. A ideia é deixar conteúdos mais demandados e que geram grande volume de tráfego (vídeos, aplicações de realidade aumentada etc.) na própria célula que realiza o acesso final ao usuário. Com isso, diminui-se a latência nas aplicações, melhora-se o desempenho de bitrate e evita-se pressão sobre o backhaul e a rede de transporte, uma vez que o tráfego gerado em função da demanda daquele conteúdo fica restrito ao acesso final de rádio, entre a antena e o handset do usuário. A plataforma também permite que os conteúdos e aplicações tirem proveito da
rede física, além de escalabilidade para cloud applications. “Com 30 bilhões, 40 bilhões de dispositivos conectados, não se pode ter redes com funções específicas para cada coisa. Tem que ser gerenciada na nuvem, de forma centralizada para poder dar conta de tudo”, explica o CTO da Huawei para América Latina, José
localização dos usuários. Segundo Marc Rouanne, head de mobile broadband da NSN, a tecnologia funciona em base stations de outros fornecedores, mas “funciona de maneira muito mais completa” nas BTS da própria Nokia Siemens Networks. Para o CTO da Nokia Siemens Networks do Brasil, Wilson Cardoso, a tecnologia abre uma nova possibilidade para as operadoras, capilarizando o conceito de CDN (Content Distribution Network), essencial em redes de banda larga, até o acesso final móvel. Também é uma aplicação que faz sentido para a distribuição de conteúdos regionais, projetos governamentais que impliquem a distribuição de grandes quantidades de conteúdos regionalmente e também para publicidade móvel, já que a solução permite cruzar informações sobre os usuários que estão em determinadas células ou regiões com os conteúdos que possam ser exibidos para estes usuários. O LiquidApp promete também aliviar a rede em ambientes de grande concentração e uploads, como estádios de futebol, em que conteúdos filmados ou fotografados tendem a ser compartilhados imediatamente. “Em vez do conteúdo trafegar em toda a rede, ele vai para o módulo do LiquidApp e de lá, aos poucos, ele é transmitido para o restante da rede, sem que o usuário precise esperar”, explica Cardoso. Uma das primeiras implementações do LiquidApp, ainda em caráter experimental, será durante a Copa das Confederações em Recife. Segundo o executivo da NSN, a ideia é ter essa tecnologia disponível em dias de jogos, com grande concentração de pessoas, para que sejam feitas distribuições de conteúdos específicas para esse público e também para absorver o tráfego de upload. Cardoso não revelou a operadora parceira. Refarming de espectro Uma tendência observada em todo o mundo é o refarming de frequências para oferecer banda larga móvel em espectro licenciado originalmente para 2G. Mas o sinal verde de órgãos reguladores não significa necessariamente que todas as operadoras possam oferecer 3G no espectro que já detêm de GSM. O que acontece é que muitas vezes a operadora não tem os 5 MHz de espectro contínuo necessários para abrigar uma portadora UMTS (WCDMA). Para resolver o problema, Huawei e Qualcomm testam uma solução que usa 2,4 MHz de canalização de banda por
Augusto de Oliveira Neto. Ele explica que a operação da infraestrutura de telecomunicações passa a ser baseada na Internet, com a parte de controle centralizada na nuvem, enquanto hardwares genéricos, que executam as funções determinadas pela camada de controle, podem ser distribuídos. No cloud móvel, na medida em que se cami-
nha para a Internet das coisas, as próprias ERBs estão começando a ser também definidas por software, com antenas que integram todas as frequências e bandas e ainda redutor de interferência com MIMO nas controladoras. A estimativa da Huawei é de que a solução end-to-end de virtualização de todas as partes da rede e sistemas,
portadora, a Scalable UMTS (S-UMTS). Por usar apenas metade da frequência de uma portadora convencional, a S-UMTS também oferece apenas a metade da velocidade nominal máxima das redes 3G, 10 Mbps contra 20 Mbps. “Mas é melhor oferecer 3G a 10 Mbps do que não lançar o 3G por não ter espaço”, pondera o gerente de soluções da Huawei, Sérgio Battaglia. A portadora foi desenvolvida pela Huawei, enquanto a Qualcomm se encarregou dos chipsets para os terminais 3G do trial, que devem ser compatíveis com a nova canalização. A tecnologia S-UMTS ainda não foi certificada e padronizada pelo 3GPP, o que deve acontecer ainda este ano. A expectativa é que os primeiros chipsets com a tecnologia comecem a sair no primeiro semestre de 2014. Segundo a Qualcomm, celulares antigos podem receber os sinais transmitidos com essa técnica, desde que passem por atualização de software. Como essa troca de software é uma operação complexa, que envolve múltiplos vendors e configurações, o mais provável é que apenas os chips da Qualcomm embarcados a partir do momento em que a tecnologia for padronizada tenham a possibilidade de operar com essa modulação. Segundo a Qualcomm, nesse momento estão sendo coletadas demandas das operadoras que queiram otimizar o espectro atual para testar a real demanda no mercado. A expectativa é que no primeiro semestre do próximo ano a tecnologia esteja disponível. Outro conceito que a Qualcomm está procurando passar ao mercado é um modelo de licenciamento de espectro patenteado chamado de ASA (Authorized Shared Access), que permite a reutilização das frequências licenciadas, mas que estejam ociosas. Esse compartilhamento de espectro é uma forma de assegurar o uso mais eficiente das frequências com proteção para o serviço primário da faixa.
as operadoras para fazerem o refarming de frequências, liberando as faixas de 1,8 GHz, hoje ocupadas na maior parte dos casos com redes 2G. A maior operadora inglesa, a EE (EverythingEverywhere), deve liberar a sua faixa de 1,8 GHz em breve para o LTE. Será o refarming de maiores proporções já realizado e só foi possível porque surgiram handsets que suportam essa frequência. Outros mercados devem acompanhar, inclusive o Brasil. No Brasil, o refarming da faixa de 1,8 GHz, que deve ser autorizado pelo governo, vai beneficiar a Oi, que tem cobertura quase nacional na faixa sem um legado de usuários expressivo. Mas será mais complicado, por exemplo, para a Vivo, que tem uma grande base 2G ainda ativa.
LTE Praticamente todos os casos de maior sucesso do LTE estão usando frequências baixas, de 700/800 MHz, 900 MHz e em alguns casos 1,8 GHz. Poucas são as operações que operam na faixa de 2,5/2,6 GHz que estão tendo o mesmo desempenho. E a constatação prática de que LTE bom é LTE em faixas mais baixas está colocando uma pressão pesada sobre
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VoLTE ainda engatinha Com a pressão para o remanejamento do espectro de 1,8 GHz, as operadoras precisam operar voz em cima da rede LTE, o que ainda não é simples. Apesar dos avanços e das incontáveis implementações de VoLTE (voz sobre LTE) que já podem ser vistas no mercado e que inundaram os pavilhões dos fornecedores no MWC, ainda há problemas. Segundo Horn, da Tele2, os handsets ainda não vêm com o padrão de VoLTE, e o handover (passagem de uma célula para outra) e o fallback (quando o celular muda de frequência) entre redes 2G, 3G e 4G ainda é problemático com uma chamada de voz ativa. “Quando você usa VoLTE, não quer mais voltar para os velhos sistemas de voz. A qualidade é excepcional e o tempo de completamento de uma chamada é quase instantâneo. Mas ainda há problemas de interoperabilidade entre as redes”, diz Joachin Horn. Outro problema que a experiência da Tele2 mostra é que o roaming em LTE ainda é algo complexo, já que as frequências estão fragmentadas e as operadoras ainda têm políticas de roaming de dados pouco favoráveis aos seus usuários. O executivo também aponta a necessidade de adaptações nas redes. “Com o LTE, é preciso que a ponta das redes tenha mais inteligência e seja capaz de tomar decisões sem que isso precise ser decidido e processado no core das redes”, diz ele.
.:capa agora”, define Oliveira Neto. Basicamente, todos os grandes vendors trouxeram lançamentos e demonstrações em seus estandes durante o MWC. Ericsson e Huawei, por exemplo, voltaram seus esforços para o desenvolvimento de uma solução fim-a-fim para as operadoras, oferecendo desde data centers e hardwares para virtualização da infraestrutura a serviços de gerenciamentos e consolidação e centralização das funções de controle da rede. Outros vendors, por sua vez, optaram por apresentar soluções pontuais para
Rene Obermann, da Deutsche Telekom; Hans Vestberg, da Ericsson; Suk-Chae Lee, da Korea Telecom; e Talmon Marco, da Viber Media em painel do congresso.
Novos caminhos No MWC, os sistemas operacionais móveis Firefox, Sailfish, Tizen e Ubuntu disputam a preferência de teles e fabricantes para quebrar o duopólio de Android e iOS. Fernando Paiva, de Barcelona
fernando.paiva@convergecom.com.br
O
mercado mundial de smart phones é dominado por um duopólio de sistemas operacionais: Android, do Google, e iOS, da Apple, respondem por mais de 80% das vendas. A concentração incomoda as operadoras celulares, porque estas não participam diretamente da receita obtida com a venda de conteúdo nas lojas de aplicativos desses sistemas e porque perderam o controle sobre a experiência do usuário. Diante deste cenário, o Mobile World Congress (MWC), em Barcelona, serviu de palco para novos sistemas operacionais móveis
abertos que desejam conquistar a preferência de teles e fabricantes e se firmarem como uma terceira via. São eles: Firefox, Sailfish, Tizen e Ubuntu. É verdade que há alternativas proprietárias, como Windows Phone 8, da Microsoft, e BlackBerry 10, da BlackBerry, mas estas não ganharam tanto espaço no congresso este ano, talvez justamente por serem opções mais custosas. Outras mensagens claras transmitidas em Barcelona foram o esforço do mercado em promover a tecnologia NFC e novas alianças internacionais para pagamentos móveis. Entre os novo sistemas operacionais, aquele com maior cacife, sem dúvida, é o Firefox OS, da Mozilla. Na véspera do MWC, em uma demonstração de força, a 14 Teletime mar_2013
virtualização de partes específicas da infraestrutura, como NEC, Tellabs, Juniper, Cisco e Amdocs. A Alcatel-Lucent começou a desenvolver algumas soluções de SDN a partir de sua plataforma OmniSwitch para conectar aplicações, controladores externos e plataformas de orquestração e o que se espera é que em breve a fornecedora anuncie uma estratégia mais robusta para SDNs. O mesmo é que o se espera para a Nokia Siemens Networks e a outra chinesa, a ZTE. *A jornalista viajou a convite da Huawei.
foto: gsma
nomeada pela fornecedora como Softcom, esteja disponível no mercado para comercialização em 2015. Mas para que esse controle possa ser centralizado, é preciso que a rede de transporte esteja ligada toda em fibra ótica ao core, com anéis de fibra Gigabit Ethernet. “Isso é um projeto para daqui a uns 20 anos. Significa capacitação das pessoas, mão-de-obra especializada, conectividade com banda ultralarga, segurança de rede e BSS e OSS preparados para nova rede. Tem todo um esforço de preparação, mas tem que começar
Mozilla reuniu em uma coletiva de imprensa executivos do alto escalão de cinco operadoras que apoiam o projeto: César Alierta (CEO da Telefónica), Franco Bernabè (CEO da Telecom Italia), René Obermann (CEO da Deustche Telecom), Jon Fredrik Baksaas (CEO da Telenor) e Marco Quatorze (diretor de VAS e roaming internacional da América Móvil). Outras 12 teles prometeram aderir: China Unicom, Etisalat, Hutchison Three Group, KDDI, KT, MegaFon, Qtel, SingTel, Smart, Sprint, TMN e VimpelCom. O entusiasmo é compreensível por duas razões: 1) as lojas de aplicativos do Firefox OS serão customizadas com a cara de cada operadora; 2) os terminais com esse OS serão baratos, com preço final em torno de US$ 100, o que ajudará na popularização dos smartphones. “Levamos 22 anos para chegar aos 2 bilhões de usuários atuais de Internet e os próximos 2 bilhões virão em apenas cinco anos pelas redes móveis. Não consigo imaginar como bilhões de pessoas estarão confortáveis com apenas dois caminhos”, disse o CEO da Mozilla, Gary Kovacs, que foi um dos palestrantes principais do MWC. Os fabricantes comprometidos com o Firefox OS até agora são Alcatel OneTouch, LG, ZTE e Huawei. O primeiro modelo da ZTE com a plataforma da Mozilla foi apresentado no stand da empresa no MWC. Chama-se ZTE Open e tem especificações de um típico smartphone de entrada: tela de 3,5 polegadas, conectividade 3G, câmera de 3,2 MP, 512 MB de RAM e bateria de 1.200 mAh. Os primeiros aparelhos com Firefox OS devem chegar às prateleiras no fim deste semestre em pelo menos nove países: Brasil, Colômbia, Hungria, México, Montenegro, Polônia, Sérvia, Espanha e Venezuela. Executivos que representam o Tizen
e o Sailfish, outros dois sistemas operacionais móveis abertos, também tiveram bastante espaço para falar durante os debates de Barcelona. Cada um, ao seu jeito, espera conquistar parceiros na luta para quebrar a hegemonia de Apple e Google. O Tizen é um projeto um pouco mais antigo e conta com o apoio oficial da Linux Foundation, além da Samsung e da Intel. O Sailfish, por sua vez, é a versão repaginada do MeeGo, antiga fusão das plataformas móveis da Nokia e da Intel, agora organizada pela europeia Jolla. Seu core foi construído em Linux e a interface com o usuário utiliza a plataforma Qt. “Não existe um único ecossistema. O Sailfish é sobre liberdade de ecossistemas. E é uma nova opção para consumidores. Estamos criando um OS da maneira mais aberta e colaborativa possível”, disse Marc Dillon, CEO da Jolla. O caçula nessa disputa pela terceira via é a versão móvel do Ubuntu, tradicional sistema operacional baseado em Linux e usado em PCs e laptops. Seu lançamento oficial aconteceu durante o MWC. Seu principal diferencial é prescindir de botões físicos: toda a navegação
pela interface do OS é feita com os dedos, a exemplo do que já propõe o recém lançado BlackBerry 10. Arrastar o dedo da esquerda para a direita abre a lista de apps; e no sentido contrário funciona como o botão de “voltar”, por exemplo. Outro diferencial é um multitasking com várias janelas abertas na mesma tela. O foco serão aparelhos para o mercado corporativo, em razão da segurança da plataforma Ubuntu, conforme ressaltou o fundador da fundação homônima, Mark Shuttleworth, em palestra no MWC. O executivo destacou também que o Ubuntu seria o sistema operacional móvel mais leve disponível no momento.
buídos gratuitamente a participantes do evento. Nos aparelhos vinham embarcados alguns aplicativos para uso da tecnologia, como um que identificava o seu portador e servia como crachá para passar na catraca da feira. Outro era um app de carteira eletrônica que vinha com 15 euros de crédito para serem gastos nos quiosques de alimentação instalados no centro de convenções. Havia ainda diversos painéis espalhados pela feira incentivando interações via NFC e uma extensa lista de painéis e debates sobre o tema. O esforço da GSMA em fomentar o NFC não é por acaso. Uma das preocupações do mercado diz respeito justamente à necessidade de se ensinar o público a usar a tecnologia. “Não basta entregar um handset com NFC na mão das pessoas. É preciso ensiná-las a usar, mostrar que é seguro”, disse o diretor de mobilidade da Visa, Bill Gajda, durante um painel sobre o tema. Ali Salci, diretor de serviços financeiros móveis da
Barcelona serviu de palco para novos sistemas móveis abertos que desejam conquistar a preferência de teles e fabricantes.
O hype do NFC Outro destaque do MWC este ano foram as plataformas de NFC (Near Field Communications). Essa parece ter sido uma decisão tomada pela GSM Association (GSMA) e que ficou clara durante a feira de Barcelona. Mais de mil smartphones da Sony com NFC foram distri-
Turkcell, operadora pioneira na adoção de NFC, aconselhou:”Precisamos priorizar serviços que sejam facilmente aprendidos pelos consumidores. O foco não deve ser apenas pagamento, mas serviços que façam parte da vida das pessoas”. Entre as diversas utilidades para o NFC estão: cartão de embarque em aviões; abertura de portas sem uso de chave; compartilhamento e acesso a conteúdo multimídia; e cupons móveis. Mobile payment Outra estrela da feira foram os serviços de pagamento móvel, com ou sem NFC. O grupo mexicano América Móvil informou que o Transfer, seu serviço de transferência financeira via SMS lançado ano passado com foco no público desbancarizado, alcançou a marca de 500 mil usuários. A solução consiste na criação de uma conta bancária simplificada que pode ser gerenciada através de SMS e USSD por meio de qualquer telefone celular. O depósito e o saque são feitos em caixas eletrônicos comuns ou em pontos de recarga de celular. O serviço está disponível no México com os bancos Banamex e Inbursa. Recentemente foi lançado na Colômbia e no futuro chegará ao Brasil em parceria com o Bradesco. Para o diretor de servi-
foto: gsma
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Sete pavilhões reuniram 1,7 mil expositores de todo o mundo.
ços de valor adicionado e roaming internacional do grupo América Móvil, Marco Quatorze, a interoperabilidade dos serviços financeiros móveis entre as teles é fundamental para o sucesso do m-payment. “Mas primeiro cada operadora precisa lançar o seu”, lembrou. Os números do Paypal também foram uma surpresa positiva. A empresa superou suas expectativas para o ano passado em movimentações financeiras móveis, tendo registrado US$ 14 bilhões transacionados via smartphones e tablets, enquanto sua projeção original era de US$ 7 bilhões, revelou Hill Fergu-
Os flagships ficaram de fora
O
Mobile World Congress não é mais o palco para os fabricantes de aparelhos apresentarem os seus lançamentos top de linha, ou “flagship”, como dizem em inglês. Em vez disso, preferem organizar eventos separados, em outras datas, talvez para garantirem mais atenção da imprensa. Essa sempre foi a estratégia da Apple, que nunca sequer montou estande em Barcelona. E foi também o caminho adotado desde o ano passado pela sua arquirrival Samsung: o anúncio do smartphone Galaxy S4 ficou reservado para algumas semanas depois, em Nova York. O novo top de linha da Sony, chamado Xperia Z, fora apresentado um mês antes, na CES, em Las Vegas. E o Lumia 920, da Nokia, é conhecido desde o fim do ano passado. Na falta de grandes novidades tecnológicas, os visitantes do MWC puderam conhecer um pouco mais da estratégia dos fabricantes para faixas mais baixas de preço. A Nokia, por exemplo, apresentou seu celular mais barato de todos os tempos: o Nokia 105, que custará apenas 15 euros e cujo lançamento é esperado para este primeiro trimestre em mercados do Oriente. A fabricante finlandesa também lançou em Barcelona o Lumia 520, seu mais barato smartphone com Windows Phone 8, com preço sugerido de 139 euros (antes de impostos e subsídios). A Samsung, por sua vez, trouxe para a feira uma nova linha de smartphones de entrada com sistema operacional Android. Em seu stand constavam quatro novos modelos: Young, Fame, Express e Xcover 2. Tablets Entre os tablets, chamaram a atenção a versão de 8 polegadas do Galaxy Note, da Samsung, e o lançamento do Xperia Tablet Z, da Sony, que a empresa afirma ser o tablet de 10 polegadas mais fino e leve do mundo: tem apenas 6,8 mm de espessura e pesa menos de 500 g.
16 Teletime mar_2013
son, executivo do Paypal presente em painel sobre m-wallet. Sua previsão para este ano é de US$ 20 bilhões. “Mas provavelmente errarei de novo”, brincou. O Paypal lançou no ano passado um acessório para smartphones similar ao concorrente Square, que transforma os celulares em máquinas de POS para cartões com tarja magnética. No MWC, anunciou que lançará uma versão com teclado para cartões chipados, com foco no mercado europeu. Integração A integração de meios de pagamento com apps de serviços variados começa a ganhar força. Em Barcelona, o Foursquare divulgou uma parceria com Visa e Mastercard. Os mais de 30 milhões de usuários do Foursquare poderão associar seus cartões de crédito às suas contas no aplicativo móvel. Isso vai viabilizar uma nova forma de promoção: anunciantes poderão oferecer descontos em produtos comprados em lojas físicas onde o consumidor fez check-in. O valor do desconto será repassado na forma de crédito para o cartão do consumidor, desde que o número esteja associado à sua conta no Foursquare. Voltando ao casamento entre NFC e m-payment, Samsung e Visa aproveitaram a realização do MWC para anunciar uma parceria em que todos os futuros modelos de smartphones da fabricante sul-coreana que tenham NFC virão com o aplicativo PayWave da Visa embarcado. Isso significa que esses aparelhos não precisarão de um SIMcard especial fornecido pelas operadoras com o aplicativo do cartão. O elemento seguro, componente essencial para transações financeiras via NFC, estará instalado no hardware do telefone em si.
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Geopolítica digital
Diretor do escritório internacional de Telefónica, Carlos López Blanco fala sobre as principais tendências regulatórias do ponto de vista do grupo espanhol.
TELETIME – Você acompanhou de perto a Conferência Mundial de Telecomunicações em Dubai, no final do ano passado. Qual foi sua leitura? Carlos López Blanco – Entendo que a WCIT-12, em Dubai, teve um resultado inesperado em parte e pouco positivo de outra. Inesperado porque ninguém havia contemplado a possibilidade de que não houvesse um acordo e de que finalmente houvesse uma separação de dois blocos de países de uma maneira tão grande e diferenciada, com 55 países de um lado e 89 de outro. Isso, além de inesperado, é negativo porque uma conferência que se havia colocado como uma intenção de dar um novo impulso às necessidades da UIT, com uma nova regulamentação, acabou traduzida em uma situação de maior vulnerabilidade. A situação, desse ponto de vista, é agora muito problemática. Cremos que nesse momento a UIT tem a oportunidade de tentar reconstruir os problemas que se produziram. Mas isso requer mudanças, provavelmente uma tarefa para um novo secretário geral, e quem sabe, esse deva ser o momento de um latino-americano na UIT. Alguém que reconstrua as pontes colocadas. Vocês têm algum candidato? Não, não temos nenhum candidato. Mas pensamos que se precise de um latino-
contar com apoios mais amplos, inclusive de Europa e Ásia.
foto: divulgação
C
arlos López Blanco, diretor do escritório internacional da Telefónica S/A, tem como missão acompanhar, em todos os mercados em que o grupo espanhol atua, o cenário regulatório e das políticas públicas e entender os impactos nos negócios da empresa. É, portanto, um observador com visão privilegiada sobre essas questões. Nessa entrevista, ele faz um raio-X das principais tendências regulatórias hoje, os principais problemas e manifesta, do ponto de vista do grupo espanhol, quais seriam os melhores modelos a serem observados.
Me pareceu uma surpresa que EUA e Europa tenham se alinhado. O que aconteceu? Creio que EUA e Europa, em temas de telecomunicações, sempre tiveram muita proximidade. Em temas de Internet também. As duas regiões e seus países têm grande receio em relação a qualquer intervenção da UIT no mundo da Internet. Esse foi o problema central desde que os países europeus anteciparam a posição de que a UIT e a conferência não eram o lugar para discutir os temas de Internet. Eu creio que isso tem sido o cerne do alinhamento desses dois blocos de países.
Carlos López Blanco
-americano pela situação que se produziu em Dubai. Além disso, nunca houve um representante do continente na UIT. O atual secretário é africano, o anterior era japonês... E a situação econômica e de desenvolvimento justificaria perfeitamente alguém da região. Mas, nesse momento, os países da UIT estão divididos em dois blocos, com Estados Unidos e Europa de um lado e o resto do mundo do outro; e os países latino-americanos estão divididos entre os dois blocos. Um secretário-geral latino-americano teria a credibilidade para atuar como ponte entre os dois blocos. Mas se o secretário fosse um brasileiro, poder-se-ia dizer que a posição é mais para o lado do resto do mundo. Se é um mexicano, tende para o outro lado... Não necessariamente. Creio que um secretário-geral latino-americano poderia 20 Teletime mar_2013
Mas se a UIT não é o melhor lugar para discutir questões de Internet, qual seria o melhor modelo? Cada país seguir o seu próprio caminho? Creio que a UIT como está não é um instrumento viável para regular os temas de Internet. Mas também acreditamos que da maneira que está, a governança da Internet precisa de uma reforma. Porque a Internet é a grande infraestrutura do século 21 e não é lógico que seja gerida desta maneira. O que significa é que é preciso desenvolver outros sistemas de gestão, para que eles sejam mais representativos, para que tenham maior participação. A Internet é uma infraestrutura global e, do ponto de vista econômico, é a mais importante hoje. Como vocês enxergam a questão da neutralidade, que se colocou central nos debates da UIT, e qual seria o melhor modelo? Creio que há, até agora, três modelos que podem ser encontrados. O primeiro, e esse é o modelo que pensamos ser mais adequado, é o adotado pela União Europeia. Ela abriu uma consulta pública sobre as práticas de gestão de rede das operadoras de telecomunicações para
comprovar se nessas práticas havia ou não ameaças ao princípio da neutralidade. O que se concluiu é que não há muitas vulnerabilidades significativas ao princípio da neutralidade de rede. Além disso, constatou que, nos casos de ameaças, a normativa europeia tinha resposta. Os governos têm instrumentos suficientes para reverter a violação em 24 horas. Já vimos isso na Holanda e nos EUA. Portanto, há uma condição de que não se precisa de uma regulação. Não porque não possa haver problemas, mas, sim, porque há como responder. Do ponto de vista da Telefónica, não somos contrários nem ao princípio da neutralidade nem ao debate. Queremos participar dos debates, escutar as posições e propor alternativas. O que não nos parece é que este seja um debate que impeça o desenvolvimento dos serviços demandados pelos clientes e que requerem alguma gestão da rede, de forma a assegurar qualidade de serviço e serviços diferenciados em função do preço. Obviamente, para que isso aconteça, necessitamos ter mecanismos de gestão da rede. Existe algum exemplo de modelo viável que contemple essa nova forma de rela- ção entre provedores de redes e provedores de conteúdo e que não seja uma ameaça aos princípios da neutralidade? Com certeza, nas redes atuais já existem muitos serviços que são prestados com diferenciação de qualidade e que têm tratamento diferente. Serviços de telepresença, por exemplo, requerem altíssima qualidade e estão no portfólio comercial das operadoras. Muitas vezes esses serviços são oferecidos fora da rede pública da Internet, mas poderiam ser oferecidos na rede pública, e isso exigiria um tratamento diferenciado do tráfego. Há ainda alguns serviços com exigências de segurança diferenciado, como serviços financeiros e e-health, já ofertados. Algum governo, nos países em que a Telefónica opera, questionou se esses serviços seriam uma ameaça à neutralidade? Não, porque se prestamos esses serviços na rede pública, colocamos de forma transparente que se trata de um serviço de qualidade diferenciada, e que qualquer pessoa que queira utilizá-lo tem possibilidade de fazê-lo em igualdade de condições. É isso que defendemos, que se permitam novos serviços, sem que isso impli-
que quebra no princípio da neutralidade. Essa dificuldade alegada de se manter investimentos na expansão das redes é uma realidade em todos os países em que vocês operam? Absolutamente sim. Temos enfrentado necessidades de investimentos monstruosas para os novos serviços e evidentemente precisamos ser capazes de financiar isso. A melhor alternativa é ter serviços de qualidade diferenciada negociados com os provedores de conteúdos, com regras transparentes e não-discriminatórias. O mais incrível é que não estamos falando nada de novo. Hoje, a Internet precisa dos serviços de CDN (Content Distribution Networks) para uma série de aplicações, e as CDNs requerem necessariamente qualidade de serviço. E ninguém reclama que se esteja quebrando o princípio da neutralidade. Nós e outros operadores temos acordos com empresas como o Google para prestar-lhes serviços
O problema na discussão da neutralidade é que é um debate confuso em que se incorporam elementos que nada têm a ver com a realidade.” de tráfego e cobramos por isso diferenciadamente. Nada disso é novo, e nada disso nunca foi uma ameaça à neutralidade. O problema na discussão da neutralidade é que é um debate confuso em que se incorporam elementos que nada têm a ver com a realidade, ameaças que não existem, elementos políticos como a pluralidade e liberdade de expressão, que nada têm a ver com a situação de que estamos tratando. Lança-se sobre as telecomunicações uma suspeita que não tem nenhum fundamento, de que vamos usar os instrumentos de gestão da rede em nosso benefício ou para fortalecer nossos serviços próprios. Outra questão discutida é a da privacidade e da coleta de dados. Qualquer tentativa nesse sentido por parte das operadoras é vista como uma ameaça, um risco... Não sei se é um risco ou não, mas, se é, eu estaria muito mais preocupado por outras empresas do que pelas operadoras de telecomunicações. Por exemplo, empresas que até recentemente anunciaram que poderiam dispor de fotos mar_2013 Teletime 21
dos clientes sem permissão prévia. Preocuparia-me com o risco da quantidade de informação que o buscador mais importante coleta de todos os usuário. Então, se há um risco aí, não está nos operadores de telecomunicações. Estamos submetidos a uma regulação muito rigorosa, que nos obriga a dar um tratamento diferenciado a todas as informações de nossos clientes, que até hoje sempre tiveram confiança no sigilo e privacidade. Há alguns anos muito se discutia na Europa sobre políticas de open access e de separação estrutural das redes. Que avaliação você faz, hoje, dessas políticas? Nos últimos meses surgiu uma novidade muito importante que foi a mudança de política regulatória por parte da União Europeia. É uma mudança que pressupõe um reconhecimento por parte da União Europeia de que o modelo que vinha sendo praticado no continente, desde os anos 80, já não é o modelo mais adequado para o desenvolvimento das redes e serviços de nova geração. Pela primeira vez a União Europeia anunciou uma reforma regulatória que pode determinar que, em certas condições de competição, o acesso à rede não esteja submetido ao princípio de custos. Era um modelo baseado no conceito de desagregação de redes e serviços. Isso ajudou em determinados momentos o desenvolvimento da competição, mas hoje não é o modelo mais adequado. E qual seria o modelo de regulação de redes mais adequado para os dias de hoje? O modelo norte-americano, com competição entre redes? O modelo americano nos parece o mais adequado na realidade dos EUA. Nem sempre isso é aplicável fora. O novo modelo que a Comissão Europeia propõe também é positivo. A competição entre plataformas pode produzir efeitos muito positivos. Qual a sua avaliação dos planos nacionais de banda larga que foram implementados nos últimos anos? Qual o resultado dessas políticas? Em todos os países latino-americanos vemos planos nacionais de banda larga, e isso é muito positivo porque mostra uma vontade política de desenvolver a banda larga. Agendas digitais também foram muito bem-vindas. Mas,
.:entrevista
Outra questão que se coloca é o excesso de regulação e o excesso de intervenção estatal. Vocês compartilham dessa visão? No setor de telecomunicações os casos de sucesso vieram de investimentos privados e com a atividade das empresas, que são as que desenvolveram as redes de maneira rápida e adaptada às demandas dos usuários. Os exemplos de êxito no mundo das telecomunicações têm a ver com uma regulação adequada, que não seja asfixiante para as operadoras. E como equalizar a relação entre a carga regulatória que se aplica aos operadores de rede, fortemente regulados, e os provedores de conteúdos over-thetop, que não têm regulação alguma? Esse é um problema e o que se passa é que estamos em um mundo convergente, em que o setor de telecomunicações é parte de algo mais abrangente e a regulação segue pensando que a parte das telecomunicações é a mais relevante. É um problema. Não defendemos que se aumente a regulação dos provedores de conteúdos, mas, sim, defendemos que quando competirmos com os mesmos serviços, a regulação seja a mesma. Quando houver atividades idênticas, a regulação deve ser a mesma. Isso se aplica a questões como proteção de dados, obrigações. Nós estamos submetidos a exigências que não se aplicam aos provedores de conteúdo. A solução passa por entender, independente da tecnologia, que regulação se aplica a que serviço.
alcance muito maior do que outros setores, e isso se deveu a uma regulação adequada até aqui. Agora é preciso pensar em como expandir as redes capazes de levar serviços de última geração.
foto: divulgação
pensamos que esses planos deveriam levar duas coisas em consideração. Primeiro, que o setor de telecomunicações foi um grande motor de desenvolvimento das redes e de novos serviços. É a forma mais eficiente e barata para os países de assegurarem a inclusão digital. A tarefa fundamental dos governos deve ser garantir os incentivos adequados para que as telecomunicações invistam em novas redes e novas tecnologias. Outro aspecto é que os governos garantam políticas que se concentrem na demanda. O que acreditamos é que promover o uso de tecnologias em educação, saúde, governo eletrônico, não só entra dentro da função natural dos governos como tem um papel fundamental de criação de demanda que justifique os investimentos.
Qual sua expectativa para a questão do dividendo digital na América Latina? Serviços de alta capacidade dependem da quarta geração e precisamos do espectro de 700 MHz, que é mais adequado, eficiente e mais econômico. Acredito que cada país vá conduzir essa questão de uma forma. Na América Latina está começando a acontecer. Nossa preocupação é que os governos o façam como um instrumento de desenvolvimento, não como um instrumento de arrecadação, um imposto.
Não defendemos que se aumente a regulação dos provedores de conteúdos, mas que a regulação seja a mesma.” Você entende esse seja um momento de revisão mais ampla dos modelos regulatórios, em que essas questões sejam tratadas? Absolutamente sim. Há 15 anos, quando se estabeleceu o modelo regulatório atual, o objetivo era abrir os mercados para a competição. Hoje esse objetivo está cumprido na maior parte dos mercados. Diante de uma situação diferente, a regulação também deve mudar. O desafio é fomentar o desenvolvimento de novas redes e novos serviços. Além disso, o modelo atual foi concebido para uma realidade fixa, e hoje a mobilidade e a banda larga são muito mais relevantes para a sociedade... O que penso é que hoje as tecnologias não são mais relevantes. Banda larga é uma coisa só. O importante é que as pessoas possam ter o que querem com qualidade e preço adequado. Na Europa já houve essa percepção, com uma grande discussão sobre o desenvolvimento do setor. Na América Latina também avança esse debate, e aqui a questão é ainda mais relevante, pois o serviço de telecomunicações tem um 22 Teletime mar_2013
No Brasil há uma regra de separação do mercado de conteúdo e do mercado de infraestrutura, e restrições à propriedade cruzada. Como vocês veem esse tipo de restrição regulatória? A tendência geral em todos os países é de que não haja nenhuma restrição à gestão de serviços de conteúdos e serviços de telecomunicações. No mundo da Internet, estabelecer algum tipo de restrição para que empresas de telecom estejam no negócio de conteúdos é inútil e contraproducente, entre outras coisas, porque significa sacralizar a diferença entre os meios tradicionais de transmissão e a Internet, e isso não faz nenhum sentido. A Internet é um mundo convergente e é por onde evoluirá o setor. O que não impede que se aplique o direito concorrencial, para impedir abusos, como se faz em qualquer outro setor; mas proibir a propriedade cruzada por princípio não faz o menor sentido. A regulação concorrencial é mais adequada do que a regulação prévia, de uma forma geral? O que nós pensamos é que a regulação “ex ante” tem que ter cada vez menos importância e a regulação “ex post” deve ser reforçada. Por uma razão simples: a regulação “ex post” atua sobre problemas e a regulação “ex ante” tem que fazer um exercício complicado de prever os problemas futuros. E evitar um problema que ainda não aconteceu é muito mais complicado do que algo que é concreto. Se houver bons mecanismos de proteção da competição, a regulação “ex ante” não tem muito sentido.
O tabuleiro está armado!
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A disputa do mercado por diferentes “players” na distribuição de conteúdo para múltiplas plataformas, discutidas por quem está à frente dos mais importantes projetos de vídeo on demand.
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Presença dos maiores “players” do setor. Conheça suas estratégias.
Jose Rivera-Font, Álvaro Paes Crackle (Sony) de Barros, para o Brasil e YouTube América Latina
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governo está empenhado em acelerar a desocupação da faixa de 700 MHz, hoje usada pela radiodifusão, para dar lugar à quarta geração de serviços móveis, com LTE e serviços de banda larga. O Ministério das Comunicações formalizou em fevereiro, por meio da Portaria 14/2013, o desejo de ver a faixa sendo utilizada para serviços móveis. A portaria, na prática, autoriza a Anatel a iniciar os trabalhos de “verificação da viabilidade” de se utilizar a faixa de 700 MHz para o atendimento do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL). No começo de março, foi a vez do Conselho Diretor da Anatel aprovar a consulta pública com a nova destinação da faixa. De acordo com recentes declarações do ministro Paulo Bernardo, a ideia é ter o edital de venda das faixas pronto no segundo semestre do ano. A licitação é provável que fique para 2014, segundo ele, e as operações começariam a funcionar no início de 2015. Como se sabe, o grande desafio é que esta faixa hoje está alocada para a radiodifusão. A migração de um serviço público, gratuito e com a importância que a TV aberta tem no Brasil para outra faixa não é algo trivial, nem do ponto de vista político, nem técnico. Politicamente, o governo comprou a briga dando garantias aos radiodifusores de que eles não serão prejudicados em nenhum aspecto. A portaria do Minicom definiu como diretriz que a cobertura atual da radiodifusão deve ser mantida e que os serviços de TV aberta devem ser protegidos contra eventuais interferências geradas pelos sistemas de comunicação que serão implantados na faixa de 698 MHz a 806 MHz. Para a radiodifusão, a conquista dessas duas garantias foi considerada uma vitória, ainda que haja um certo ceticismo de que o governo vá conseguir fazer o omelete sem quebrar esses ovos.
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Governo acelera o trabalho de limpeza da faixa de 700 MHz para a quarta geração e primeiros sinais dos atritos com a radiodifusão começam a surgir.
Do ponto de vista técnico, o trabalho de realocação dos canais de TV para outra faixa está apenas começando. A Anatel criou um grupo técnico de trabalho com representantes das teles e dos radiodifusores com esse objetivo. O trabalho vai identificar, município a município, começando por São Paulo, os canais que serão ocupados por cada uma das emissoras dentro da faixa UHF e a observância das diretrizes colocadas pelo Minicom neste processo não será algo fácil. A ideia é que o grupo termine o levantamento em maio. Dada a dificuldade de acomodar toda a radiodifusão dentro da faixa de UHF nos grandes centros sem usar a faixa de 700 MHz,
o governo já sinalizou com a possibilidade de alocar os canais públicos para a faixa VHF. O problema é que no padrão nipo-brasileiro de TV digital (SBTVD) não existe transmissão para dispositivos móveis na faixa de VHF. E os receptores atuais não estão preparados para captar a faixa de VHF digitalmente. Hoje os canais de 60 a 69 estão reservados para a radiodifusão pública, o que inclui um canal do Executivo mais os canais da Cidadania, Educação, Cultura e um canal para o Poder Executivo (previstos no Decreto 5.820/2011), e ainda os canais da EBC, TV Câmara e TV Senado, que hoje não estão no Brasil inteiro, mas certamente devem solicitar uma distribuição nacional. Indagado a esse respeito, o consultor da Abert Paulo Ricardo Balduíno, que participa do grupo técnico, afirma que “se isso tiver que acontecer (migração dos canais públicos para o VHF), será uma decisão política. O grupo vai se limitar a identificar e analisar cenários técnicos”. Segundo apurou este noticiário, o Minicom já teria entrado em contato com universidades para encontrar alternativas técnicas. A diretora da Secretaria de Comunicação Social da TV Câmara, Sueli Navarro, acrescenta também que além da questão da mobilidade, não há equipamentos de transmissão disponíveis no mercado e os receptores já vendidos não estão preparados para receber a transmissão em VHF. “Eu acho que o ministério, ou quem de direito estiver trabalhando nisso, tem que ouvir a gente. Como os brasileiros vão nos assistir no VHF?”, pergunta ela. A TV Câmara pretende registrar a sua insatisfação na consulta pública da Anatel com a nova destinação da faixa de 700 MHz e também “mobilizar a Câmara” para evitar que a TV Câmara seja realocada para o VHF.
“Só iremos liberar a faixa de 700 MHz para a banda larga onde for realmente possível.” Genildo Lins, do Ministério das Comunicações 24 Teletime mar_2013
Espaço limitado Outro caso que poderá extrapolar o escopo técnico é o das operadoras do Serviço Especial de
TV por Assinatura (TVA). Parte dessas alguns operadores de energia elétrica, emissoras ocupa a faixa que está sendo teriam infraestrutura para suportar liberada ( em Curitiba, Fortaleza, Rio telecomunicações no alcance imaginado de Janeiro e no Distrito Federal), e a pelo governo. É improvável que um outra parte delas (Belo Horizonte, São novo grupo faça esse invesPaulo, Salvador, São Luís e Vitória) está timento. Segundo o secreaonde o governo pretende levar a tário de Telecomunicações radiodifusão. O serviço de TVA, embora do Minicom, Maximiliano esteja em declínio, tem suas outorgas Martinhão, a ideia do válidas até 2018 e não podem mais ser governo é cobrar pouco renovadas. No planejamento que está pelo espectro de forma sendo elaborado pelo grupo técnico da direta e mais na forma de Anatel, portanto, é preciso levar em contrapartidas. consideração também as TVAs. De acordo com a proDiante dessa dificuldade de se acoposta de nova destinação da modar toda a radiodifusão, o governo já faixa colocada pela Anatel fala na possibilidade de não licitar a em consulta pública, os 108 faixa toda para as teles. “Essa é uma MHz seriam divididos da alternativa para o caso de não conseseguinte maneira: 90 MHz guirmos fazer a transição na faixa toda, para a banda larga móvel ou em algum centro urbano em que haja (45 MHz + 45 MHz), 5 MHz de banda de mais necessidade de canais de TV do guarda no início da faixa, 3 MHz de que o inicialmente previsto pela Anatel”, banda de guarda no fim e 10 MHz entre afirmou o secretário de Comunicações o downlink e o uplink. Nessa formatação, Eletrônicas do Minicom, Genildo Lins, o governo conseguiria fazer um leilão durante o Seminário Políticas de (Tele) que contemplasse os quatro grandes Comunicações, promovido por players de celular e a Nextel, mas teria TELETIME em parceria com a UnB em que optar por uma canalização de quatro Brasília, em fevereiro. Com isso, a agênblocos de 10 MHz + 10 MHz e uma cia poderá, eventualmente, restringir o pequena faixa de 5 MHz + 5 MHz ou, o número de grupos empresariais efetivaque é considerado o ideal tecnicamente, mente interessados no mercado. O apenas três faixas de 15 MHz + 15 MHz, secretário diz que a prioridade é asseguo que deixaria alguém de fora. Isso caso rar que ninguém que hoje recebe o sinal seja possível liberar 100% da faixa de da TV analógica fique sem o sinal da TV 700 MHz em todo o Brasil. digital. “Se isso acontecer, só iremos Este é o modelo adotado na região liberar a faixa de 700 MHz para a banda Ásia-Pacífico (APT) e harmonizado no larga onde for realmente possível”. âmbito da UIT. O conselheiro relator da Segundo os dados do ministério, há matéria, Rodrigo Zerbone, lembrou 885 municípios em que é necessário desque, ao adotar um padrão reconhecido ligar a transmissão analógica para libepela UIT, o País obtém os benefícios dos rar a faixa de 700 MHz para a banda ganhos de escala em equipamentos e larga. Nesses municípios, o cronograma terminais. Foi estabelecido um cap de desligamento (originalmente previs(limite por operadora) de 20 MHz, mas to para 2016) será antecipado para a Zerbone lembra justamente que o edipartir de março de 2015. Nos demais tal de licitação poderá trazer um cap municípios em que a faixa não é ocupamenor para possibilitar a participação da (4,8 mil, segundo o Minicom) ou os de mais empresas. canais poderiam ser migrados para a faixa de UHF sem desligamento do Testes sinal analógico, o cronograma do swiUma das principais preocutch-off será ampliado de 2016, como pações do setor de radiodifuprevisto hoje, para até 2018, diz são é que a entrada das teles Genildo Lins. “Isso acontecerá de forma escalonada”. Outra medida que pode limitar o número de players em uma futura licitação da faixa de 700 MHz é a exigência de uma contrapartida de fibra ótica. Apenas operadoras de telecomunicações e, eventualmente, Francisco Giacomini, da Qualcomm
não cause interferência no serviço de TV. A Abert entregou um ofício ao ministro Paulo Bernardo em que informa que no Japão e no Reino Unido foi identificada a interferência do LTE na transmissão de TV. Segundo a associação, no Reino Unido 10% dos domicílios tiveram problema de interferência. O que a associação conseguiu foi que a Anatel realize esses testes, que terão a participação da associação e também do SindiTelebrasil. Chegou a ser cogitada pela agência a utilização da infraestrutura LTE em 700 MHz montada pela Motorola no Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército (CCOMGEX) em Brasília. O problema é que neste caso a rede da Motorola – montada para que o Exército teste uma solução voltada para a segurança púbica – opera no arranjo norte-americano, e não no APT, escolhido pelo Brasil. Essa alternativa, portanto, foi descartada. Serão realizados testes de laboratório e testes de campo no arranjo da APT, mas a agência ainda não definiu o local nem a duração desses estudos. O cronograma para que tudo isso aconteça, entretanto, é considerado apertado pela associação, já que a consulta pública com a nova destinação da faixa termina em 14 de abril. Além dos testes de campo e de laboratório, é preciso concluir o trabalho de replanejamento dos canais digitais. “O prazo da consulta pública é muito menor do que o prazo para que tais atividades possam ser concluídas”, diz o consultor da Abert, Paulo Ricardo Balduíno. Do lado do setor de telecom, a visão é de que a interferência, se acontecer, pode ser contornada. Para o diretor de relações governamentais da Qualcomm, Francisco Giacomini Soares, o fato de o 3GPP ter padronizado o modelo garante que a interferência, que ele não descarta que ocorra, seja possível de ser reparada. “O 3GPP padronizou baseado na experiência do Japão, inclusive. Algum tipo de interferência pode acontecer, mas dá para gerenciar isso com engenharia, isso é possível de se fazer”, garantiu Soares no Seminário Políticas de (Tele)Comunicações.
“Algum tipo de interferência pode acontecer, mas dá para gerenciar isso com engenharia.”
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Foi estabelecido cap de 20 Mhz por operadora no leilão dos 700 MHz, mas edital poderá trazer cap menor para possibilitar a participação de mais empresas.
.:Estratégia
Helton Posseti
helton@convergecom.com.br
Pequeno em terra de gigante
tão valorizado que os funcionários da companhia são chamados de associados”, diz o executivo. Outro pilar em que a empresa se apoia para brigar com as grandes é no atendimento ao cliente diferenciado. Uma parcela da remuneração variável de todos os diretores depende da satisfação do cliente, o que é medido por uma pesquisa contratada pela companhia. “Existe uma intenção genuína de que o cliente seja muito bem atendido. Essa é uma empresa que tem dono”, afirma a diretora de comunicação e marca, Cristiana de Castro. Essa imagem de que a empresa “tem dono” se reflete no comportamento dos clientes. Segundo ela, o presidente do conselho de administração da Algar, Luis Alberto Garcia – filho do fundador Alexandrino Garcia – frequentemente é abordado nas ruas de Uberlândia por clientes da empresa que estão tendo algum problema. A empresa criou em 2011 o CTBC Responde – canal de relacionamento da empresa pelas redes sociais. São cerca
“[com o pgmc], o custo com interconexão caiu 10%, e repassamos isso integralmente para o nosso cliente.” Divino Sebastião de Sousa, da Algar Telecom 26 Teletime mar_2013
de 6 mil menções ao nome da empresa no Twitter e Facebook monitoradas mensalmente, das quais 1,2 mil geram algum tipo de atendimento. Segundo Cristina, a atuação da empresa nas rede sociais é pró-ativa, ou seja, o operador entra em contato com o cliente que postou a mensagem e acompanha aquele atendimento até a resolução final do problema. O CTBC Responde é gerido pela própria Algar, mas o serviço é prestado pela Algar Tecnologia – empresa de contact center do grupo. No caso das grandes contas corporativas, o tratamento, obviamente, é diferente daquele prestado ao cliente pessoa física. A empresa mantém uma equipe de atendentes dedicada a essas contas, que está posicionada fisicamente ao lado da equipe de operação de rede para facilitar a interação entre elas. Competição Se dentro da sua área de atuação a Algar consegue se manter competitiva, o mesmo não se pode dizer nas demais regiões. Sem uma política clara do órgão regulador sobre o que seria razoável cobrar dos clientes em roaming das empresas que não têm rede nacional, as quatro grandes cobram preços escorchantes tanto da Algar Telecom quanto da Sercomtel, do Paraná. Segundo o CEO da companhia, Divino Sebastião de Sousa, há empresas que cobram da Algar até R$ 20 por MB trafegado em suas redes, enquanto que para os seus próprios clientes em roaming esse custo é de R$ 0,50 a R$ 1. De acordo com o Plano Geral de Metas de Competição (PGMC), as empresas com Poder de Mercado Significativo (PMS) em roaming nacional (as quatro grandes) deverão homologar na Anatel ofertas de referência. A regra, prevista para FOTOS: divulgação
A
Algar Telecom sempre teve um perfil ambicioso. Foi a primeira empresa a instalar fibra ótica no Brasil, em 1982. A primeira operadora a lançar o pré-pago, em 1998, e também a primeira a levar o celular para o interior do Brasil. Também se orgulha de outros feitos mais recentes, mas igualmente ignorados pelo mercado, como, por exemplo, ser a primeira companhia a lançar a tecnologia de terceira geração ou a fazer telefonia em redes de TV a cabo. A Algar Telecom – no passado mais conhecida como CTBC – é uma remanescente da época pré-privatização da Telebras, e era a única operadora privada em meio a gigantes estatais. Depois da privatização, passou a conviver em um ambiente de intensiva concorrência e, surpreendentemente, sobreviveu e se destacou. Prova disso é que na sua área original de atuação, que engloba todo o triângulo mineiro (código de área 34), no mercado do Serviço Móvel Pessoal (SMP) a empresa com seus 600 mil assinantes na área está à frente de três operadoras nacionais: Claro (190 mil), Oi (589 mil) e Vivo (501 mil). A líder no DDD 34 é a TIM, com 1,23 milhão de clientes. Na comparação nacional, contudo, fica claro o tamanho diminuto da operação móvel da Algar frente às gigantes. Em todas as suas regiões de atuação, que incluem também cidades do interior de Goiás, Mato Grosso do Sul e São Paulo, a empresa tem aproximadamente 767 mil clientes, contra 50 milhões da Oi, a com menos acessos móveis entre as quatro maiores. Como uma empresa regional pode competir em pé de igualdade com quatro gigantes das telecomunicações? Para o diretor de operações e tecnologia da Algar Telecom, Luis Antônio de Andrade Lima, a empresa busca “encontrar soluções disruptivas”. Uma das chaves é a seleção de pessoal. “Os recursos humanos na Algar são algo
Lightspring/shutterstock.com
Com foco no cliente, a Algar Telecom é a segunda empresa com mais usuários do SMP no triângulo mineiro. PGMC já trouxe 10% de redução no custo com interconexão.
entrar em vigor em 180 dias, foi prorrogada no final de fevereiro por mais 30 dias, a pedido das grandes. As novas regras de remuneração da VU-M (tarifa de uso da rede móvel) implementadas pelo Zaima Milazo, da Algar Telecom PGMC, entretanto, já trazem benefícios para a Algar. Segundo não participou do leilão de Divino, o custo com interconexão caiu 2,5 GHz em função dos cus10% e a companhia já comercializa tos de cobertura, já que se novos planos. “Repassamos isso integraltrata de uma frequência alta. Além mente para o nosso cliente”, garante o disso, a penetração de smartphones na presidente da companhia. área de atuação da companhia foi conA grande novidade foi a introdução siderada baixa. da tarifação por chamada inclusive para a rede das concorrentes. No pré-pago, a Novos mercados companhia pôde adotar a tarifação por A Algar Telecom tem planos também chamada para outras redes, dentro da de se expandir no segmento de TV paga, mesma área de tarifação ao preço de onde desde o ano passado opera por R$ 0,20 a chamada. Para as chamadas meio de DTH, em complemento à sua intrarrede, a tarifação flat já existia, por rede de TV a cabo em Uberlândia. Além R$ 0,12 a chamada. disso, terminou recentemente o testePara o pós-pago, o benefício foi piloto que realizou com três provedores introduzir a tarifação ilimitada para de Internet (ISPs) associados da WDC chamadas intrarrede para qualquer Networks para a entrega de TV por assilugar do Brasil por R$ 0,20. As chamanatura via IPTV: Bitcom, de Caxias do Sul das para as outras operadoras tiveram (RS); ISuper, de Maringá (PR); e Gigalink, o valor do minuto reduzido – começam de Nova Friburgo (RJ). Pelo modelo, batiem de R$ 0,23 e vão até R$ 0,12, conzado de ISPTV, os provedores distribuem forme o plano. o sinal de TV paga da Algar Telecom Com o PGMC, a Anatel passou a utiliutilizando as redes banda larga locais. zar a fórmula do “bill and keep” na proDe acordo com Divino Sebastião de porção de 80/20 entre as empresas com Souza, “tudo indica que correu tudo PMS e sem PMS até 2015. Ou seja, agora bem” e a inclusão de novos provedores, a Algar Telecom precisa pagar a tarifa de assim como as vendas do interconexão para as serviço aos clientes finais, empresas com Poder de deve começar no segundo Mercado Signi ficativo apesemestre do ano. Segundo nas quando ela originar Divino, dos três mil provemais de 80% do tráfego dores de Internet associatotal entre elas. Essa prodos à WDC Networks, 450 porção passa a ser de 60/40 se interessaram pelo até fevereiro de 2016 e, a modelo, o que significa partir daí, volta o full billing. uma abrangência potencial de três O fato de não ter participado do leilão milhões de usuários. das faixas de 2,5 GHz não significa que a O ISPTV oferece ao provedor de Algar Telecom não esteja interessada no Internet a possibilidade de vender a TV LTE e na quarta geração de serviços por assinatura empacotada pela Algar móveis. A empresa está realizando um Telecom. A proposta é reduzir os custos estudo de espectro para analisar se é dos provedores com headend, softwares possível introduzir a tecnologia na faixa e outros equipamentos essenciais para o de 1800 MHz, que em outros lugares do empacotamento e distribuição do contemundo é usada para o LTE. O estudo vai údo televisivo e permitir que os provedoidentificar se é possível reduzir o espaço res entrem no mercado triple play. usado pelo GSM na faixa. Hoje a Algar Outro mercado em que a companhia tem 10 MHz + 10 MHz em 1800 MHz. dá os primeiros passos é no de mobile A redução do espectro para voz payment. A Algar Telecom realizou o pode ser viável, visto que há um moviteste de uma solução de pagamento mento natural de substituição dos apamóvel através da tecnologia Unstructed relhos GSM por handsets 3G. A Algar
“se a solução de pagamento móvel USSD for entendida como telecom e o imposto for o icms, não há modelo de negócio.”
a imagem de que a empresa “tem dono” se reflete no comportamento dos usuários.
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Supplementary Service Data (USSD). Ao contrário do SMS, a tecnologia cria um canal de comunicação em tempo real entre o celular e o servidor da aplicação e as mensagens não podem ser armazenadas nem repassadas. Segundo a coordenadora de produtos Zaima Milazo, o resultado foi “tecnicamente excelente”. A vantagem da tecnologia é que ela é nativa em quase 100% dos aparelhos GSM. No teste, a empresa utilizou 80 clientes e 20 estabelecimentos comerciais. Zaima explica que a taxa cobrada pela Algar foi de 2% e que em 72 horas a quantia já estava na conta do comerciante. A solução, para a executiva, pode ser uma alternativa mais barata ao cartão de crédito, cujas taxas, segundo ela, são mais elevadas. O desenvolvimento desse mercado, na avaliação de Zaima, depende da aprovação pelo Congresso Nacional de uma lei que vai definir, por exemplo, qual o imposto que deve incidir sobre a transação. Se a solução for entendida como telecom e o imposto for o ICMS, Zaima afirma que não há modelo de negócio viável. Mudança da marca A empresa está no meio de um processo de troca da marca CTBC, pela qual é conhecida desde 1954, para a marca Algar Telecom, adotada em 2009 inicialmente para os serviços corporativos. Hoje toda a comunicação usa os dois nomes sendo o nome CTBC em destaque, mas abaixo em letras menores vêm os dizeres “uma marca Algar Telecom”. Em outubro, o nome Algar Telecom passará a ter o mesmo peso de CTBC: “CTBC/Algar Telecom”. A comunicação apenas com a marca Algar Telecom está prevista para 2014, quando a empresa completa 60 anos. A diretora de comunicação, Cristiana de Castro, está confiante de que a estratégia será bem sucedida, já que hoje, segundo pesquisa realizada pela empresa, mais da metade dos clientes reconhecem que a marca CTBC pertence à Algar Telecom. O fato é que mudar o nome de uma empresa de 59 anos não é fácil. Mesmo os diretores da empresa ainda não estão habituados e frequentemente se ouve da boca deles o nome CTBC.
.:Negócios
Wilian Miron
miron@convergecom.com.br
As redes da Copa melis/Shutterstock.com
Eventos esportivos e iniciativas de modernização da infraestrutura brasileira abrem novos negócios para integradores de redes.
A
perspectiva de ampliação de investimentos públicos e privados para melhorar a infraestrutura de telecomunicações no Brasil ao longo dos próximos anos tem animado empresas que atuam no fornecimento e integração de redes de telecom. É um nicho relativamente novo, de companhias que desenvolvem redes de telecomunicações integradas em grandes projetos de construção civil ou espaços públicos. O primeiro grande movimento dessas empresas se dá com a construção de redes para atender aos eventos esportivos que acontecerão no Brasil entre este ano e 2016. E os resultados começam a aparecer. Companhias como a NEC e a Transit Telecom têm buscado de todas as formas ganhar contratos de instalação de redes em estádios, aeroportos, hotéis e locais que abrigarão grande concentração de público durante os jogos da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas, em 2016. A japonesa NEC, por exemplo, já
fechou contrato de instalação de equipamentos para telecomunicações em quatro arenas esportivas que serão usadas durante a Copa das Confederações e Copa do Mundo, eventos que acontecem entre este ano e o próximo. Outro exemplo é a recém-inaugurada Arena Grêmio, empreendimento da OAS Arenas, responsável pela construção e administração do estádio na cidade gaúcha de Porto Alegre. A Arena Grêmio não estará oficialmente na Copa, mas foi o primeiro estádio de nova geração a contar com uma capacidade de telecom ampliada justamente por ter sido planejada para esse fim. Para que tudo funcione adequadamente é preciso colocar nestes espaços uma série de componentes de comunicação avançada, como telões, câmeras de vigilância
e inteligência nas áreas de sinalização e acesso às arenas. É justamente este o trabalho que vem sendo desenvolvido pela NEC e outras integradoras. Conforme estimativa da empresa japonesa, o gasto com eletrônica embarcada, implantada nas arenas, representa aproximadamente 15% do custo total do empreendimento, que normalmente gira em torno de R$ 500 milhões a R$ 600 milhões. Entre os serviços desenvolvidos pela NEC na Arena Grêmio estão o fornecimento e customização de sistema IP, rede de telefonia, rede Wi-Fi, tráfego de dados e de imagens e ainda outros serviços, como a manutenção dos aparelhos. O projeto requer ainda a integração sistêmica de 246 câmeras que dão suporte à área de segurança. Elas estão integradas a um sistema que monitora
o gasto com eletrônica embarcada implantada nas arenas representa aproximadamente 15% do custo total do empreendimento, que normalmente gira em torno de R$ 500 milhões a R$ 600 milhões.
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“Se alguém captura imagens [dentro dos estádios] e não sabe o que fazer, pode nos entregar que nós sabemos.” Orlando Neves, da Level 3
processo de negociação, as arenas tentam empurrar para as empresas de telecom alugueis excessivos e até mesmo impor patrocínios para seus clubes. Outra empresa que busca surfar na onda dos estádios conectados é a Furukawa, fabricante de cabos e equipamentos óticos. Dos doze estádios-sede da Copa do Mundo, a empresa fechou contrato com ao menos oito. Entre os que já definiram fornecedores, o único que não será conectado com cabos da empresa é o Maracanã, no Rio de Janeiro. A empresa tem buscado também contratos com arenas que não estão listadas entre as sedes da Copa. Uma delas é a Arena Palestra, estádio do Palmeiras que deve ser entregue em 2014. De acordo com o gerente de serviços da Furukawa, Fabio Kumasawa, os grandes trunfos da companhia para fechar negócios nessas obras são a produção local e a oferta de produtos que com especificações de segurança, como a não-emissão de gases tóxicos em casos de incêndio, por exemplo. Outros negócios Se alguns integradores focam os estádios de futebol que estão sendo erguidos para a Copa, outras têm mirado a modernização de portos e aeroportos, principalmente dos terminais já privatizados. É o caso da Transit Telecom, que tem acompanhado de perto os editais para a contratação de fornecedores em diversas áreas, inclusive telecom. De acordo com a superintendente de marketing e produtos da Transit, Fernanda
Barchese, a operadora está interessada em entrar em alguns aeroportos que estão abrindo licitação para trocar fornecedor de telecomunicações e de outros produtos e serviços, diz. Segundo ela, a empresa já entrou nos processos de licitação dos terminais que começaram a contratar fornecedores, “mas ainda não tivemos respostas”, comenta. A intenção, afirma a executiva, é fornecer serviços dentro e fora dos aeroportos, cobrindo também o entorno do empreendimento com fibra ótica e atender às empresas que ficam nas proximidades do terminal com serviços de voz e dados. Outra que busca esse nicho é a Level 3, que tem foco no mercado corporativo e vê na demanda sazonal das competições esportivas uma oportunidade para novos contratos, principalmente na área de distribuição de vídeos. Segundo o diretor de produtos de dados e Internet da Level 3, Orlando Neves, o objetivo da companhia é fornecer estes serviços às empresas que atuarão dentro dos estádios, com a transmissão dos jogos. “Se alguém captura [imagens] e não sabe o que fazer, pode nos entregar que nós sabemos”, diz. A empresa mira também a entrega de conteúdo para mídias corporativas, por meio de sistemas de distribuição de conteúdo. E, no caso de terminais de passageiros, como portos, aeroportos e rodoviárias, o atendimento pode se dar pela oferta de capacidade de transmissão para as operadoras dos terminais, ou mesmo para as empresas que atuam no local. Diante da demanda por conectividade, sobretudo com tráfego de aplicações pesadas como vídeos, a Level 3 estima que até 2016 trafegue 1,2 milhão de minutos de vídeos por segundo em suas redes. E boa parte deste conteúdo virá dos eventos esportivos que acontecerão no Brasil naquele ano. FOTOS: divulgação
movimentos suspeitos entre o público, além de vigiarem todo o empreendimento, principalmente durante dias de grande movimentação em seu interior. Outra tecnologia que foi implantada na arena e que serve de exemplo de aplicação da tecnologia de comunicação integrada está no controle de acesso e na viabilização de meios de pagamento via cartão pré-pago, que permite ao visitante realizar todos os pagamentos dentro do complexo com um único cartão, que pode ser recarregado. O presidente da NEC no Brasil, Herberto Yamamuro, afirma que este é um nicho que está crescendo significativamente dentro do faturamento do grupo no País e deve gerar aproximadamente R$ 1,4 bilhão em receitas estimadas para os próximos dois anos. “Começamos a investir nisto há dois anos e é uma área que está muito próxima do que vendemos para operadoras. Por isso acreditamos que tem potencial de negócios, atendendo tanto dentro dos estádios quanto nos entornos”, comenta. Outro executivo da NEC, o diretor de negócios para governo Massato Takakuwa, comenta que mesmo entre os clubes que não terão seus estádios como sede oficial da Copa há um movimento para modernizar as instalações de seus estádios e alterar o modelo de negócios que ainda prevalece no mercado da bola, com receitas baseadas nos jogos que acontecem duas vezes por semana. “O negócio do futebol está mudando e os administradores desses estádios estão buscando novos negócios associados ao espaço, seguindo o exemplo das arenas multiuso europeias, que oferecem em seu espaço shoppings, estrutura para shows e outros atrativos”, avalia. Esse é o lado positivo da história, mas segundo fontes das operadoras de telecomunicações, nem tudo funciona assim. Nem todos os novos estádios foram planejados pensando em uma infraestrutura complexa de telecomunicações. Faltam dutos, salas para armazenamento de equipamentos e locais para a instalação de câmeras e antenas. Além disso, no
“Começamos a investir nisto há dois anos e é uma área muito próxima do que vendemos para operadoras. tem potencial de negócios dentro dos estádios e nos entornos.” Herberto Yamamuro, da NEC mar_2013 Teletime 29
.:Infraestrutura
Bruno do Amaral
bruno@convergecom.com.br
Quanto mais presença, mais troca
Maior quantidade de pontos de troca de tráfego é estimulada pelo PGMC, mas ritmo do Brasil ainda é lento e concentração das operações em São Paulo continua alta. Embratel e Telefônica estão entre as poucas empresas sem o ATM em São Paulo, por exemplo. Em cada área de registro onde não houver PTT, mas existir demanda, as teles devem instalar pontos de troca de tráfego novos. “Como muitas vezes a inteligência de rede está concentrada em um lugar só, perde-se muito em termos de latência e qualidade do serviço para ter acesso a alguma conectividade”, explica o diretor do departamento de banda larga da Secretaria de Telecomunicações do Minicom, Artur Coimbra. Não necessariamente serão PTTs administrados pelo NIC.br. “Só irão colocar se tiver outro com interconexão classe 5 (troca de dados). A nossa ideia original era colocar no PGMC (a obrigação de) um PTT por área de registro, mas haveria provedores que trocariam tráfego consigo mesmo. A iniciativa independe do NIC.br”. A medida pode ajudar a estimular a troca de tráfego no mercado brasileiro. Em junho de 2011 existiam apenas 16 PTTs no Brasil e o tráfego nacional médio por dia era de 36 Gbps. Menos de dois anos depois, são apenas seis pontos adicionais, embora o tráfego tenha quase triplicado para mais de 103 Gbps. Ainda é pouco perto dos pontos da Alemanha (DE-IX) e da Holanda (AMSIX), que contam com tráfego acima de 1 Tbps, mas mostra que as conexões continuam concentradas na unidade paulistana. De qualquer forma, são 18 localidades
“Como muitas vezes a inteligência de rede está concentrada em um lugar só, perde-se muito em termos de latência e qualidade do serviço.” Artur Coimbra, do Minicom 30 Teletime mar_2013
candidatas aguardando a autorização do NIC.br para instalação de novos PTTs, incluindo várias capitais da Região Norte, onde só existe ponto em Belém e Manaus até o momento. Para este ano, a previsão do NIC.br é de mais cinco PTTs, no máximo. Vantagens Entretanto, uma peça fundamental para a expansão geográfica dos PTTs é a demanda, garantida pela presença dos participantes. Tratam-se dos sistemas autônomos (AS, na sigla em inglês), as redes que promovem a interconexão classe 5. O diretor de projetos do NIC.br, Milton Kaoru Kashiwakura, explica que “o PTT é mais interessante quanto mais participantes tiver”. “Esse é o cenário em São Paulo, onde temos mais de 400 participantes. Acaba se tornando atrativo porque já tem certa quantidade, então um novo entrante só vai tirar vantagem de todos esses demais que já estão presentes, de tal maneira que todos tenham benefícios”. Para ele, os AS precisam ter complexidade de rede, medida pela quantidade de endereços IP que consome, o que resulta em um tráfego forte. Além disso, é necessário que as AS tenham rotas alternativas para mandar o tráfego da Internet por diferentes caminhos. Essas entidades podem ser universidades, bancos, provedores de conteúdo, grandes operadoras e alguns data centers. O NIC.br avalia as candidaturas, que precisam ter pelo menos três sistemas autônomos para poder contar com um PTT. A entidade consulta, verifica o interesse, monta e instala a central com a infraestrutura cedida pela empresa ou instituição pública interessada. Elas deverão aceitar que todas as conectividades sejam feitas de forma gratuita e dar FOTO: arquivo
P
ara facilitar a comunicação de dados sem precisar utilizar rotas impraticáveis que aumentam a latência quando se tentar chegar a locais distantes, os Pontos de Troca de Tráfego (PTTs) ajudam a interconectar diretamente as redes que compõem a Internet no País. São sistemas administrados desde 2004 pelo Núcleo de Informação e Coordenação (NIC.br), braço operacional do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do projeto PTTMetro, que promove a interligação da área metropolitana de pontos de interconexão de redes (PIXes), comerciais e acadêmicos, sob uma gerência centralizada. Embora o Brasil conte atualmente com 22 localidades com PTTs, a solução de rede precisa de demanda das prestadoras para justificar sua instalação. Dessa forma, o maior PTT do País fica naturalmente em São Paulo, representando 82,45% de todo o tráfego brasileiro agregado em média. O segundo ponto com mais tráfego é o do Rio de Janeiro, que representa apenas 3,68%, como demonstra a tabela na página ao lado. A presença de mais PTTs no território nacional pode trazer benefícios econômicos com uma melhor performance da Internet na região. Dessa forma, o Plano Geral de Metas e Competição (PGMC), estabelecido pela Anatel em 2011 numa tentativa de ampliar a competitividade do setor de telecom no Brasil, diz que companhias com Poder de Mercado Significativo (PMS) em rede fixa de Internet com taxas de conexão iguais ou inferiores a 34 Mbps devem se conectar a PTTs já existentes, adotando política irrestrita de troca de tráfego, o acordo de tráfego multilateral (ATM). Segundo informações do próprio NIC.br, as operadoras TIM, Oi,
FOTO: divulgação
o mínimo de banda para poder ter visibilidade da infraestrutura na central em São Paulo. “O processo de maturação de um PTT é um pouco demorado porque ele depende dos próprios AS que estão querendo isso”. Segundo o diretor do NIC.Br, algumas candidaturas não entendem bem a priori como funciona o ponto e do que é preciso, o que atrasa seu funcionamento. Kashiwakura diz que a estrutura dos PTTs é incentivada para que a própria Internet tenha redução de custos e melhoria de qualidade, ajudando, inclusive, a organizar a infraestrutura da web no País. “Colocamos PTTs em várias cidades, fazendo com que isso organize a infra da rede de maneira bastante ordeira. Onde existe PTT, existe uma concentração de participantes, então alguém naquela região que quiser vantagem vai buscar um ponto de troca de tráfego próximo.” São Paulo congestionado A administração dos PTTs é centralizada de maneira coordenada na sede da organização sem fins lucrativos em São Paulo, em um prédio empresarial na zona sul da capital paulista que não impressiona à primeira vista, mas que abriga o ponto de troca de tráfego de Internet que mais lida com tráfego no País. As instalações são bem cuidadas, contam com redundância de infraestrutura como ar condicionado e eletricidade, com geradores independentes. Para ampliar a capacidade da rede, o NIC.br utiliza multiplexadores DWDM. Embora alguns equipamentos já estejam sendo trocados por modelos mais recentes (com interface de 100 Gbps prevista para este ano ainda), o local começa a mostrar sinais de que é preciso mais. “Hoje em dia, se nosso prédio pegar fogo, corre o risco de afetar a infraestrutura”, alerta o diretor do NIC.br. Mas não deve demorar muito para um reforço. A entidade declara que está investindo para duplicar o pico central, começando a construção de um novo prédio para abrigar outro PTT mais moderno e que atuaria em conjunto com o já existente. “Normalmente a topologia da rede é tipo estrela, centrado em um ponto. Mas a gente sabe que ele pode apresentar problema, então estamos construindo um novo prédio”, afirma, ressaltando que a obra
“Vamos avaliar se as operadoras estão oferecendo aquilo que o PGMC as obriga, que é a oferta de referência para trânsito e de peering.” Rodrigo Zerbone, da Anatel
ainda está em etapa inicial. “Esse novo prédio vai fazer com que o ponto central seja duplicado, então teremos uma redundância muito maior e teremos uma infraestrutura muito mais robusta de maneira que a probabilidade de falhar vai ser muito reduzida”, garante Kashiwakura. Todas as fibras serão direcionadas aos dois prédios, levando redundância à conectividade. Se um deles falhar, o outro assume imediatamente. “As duas centrais estarão operando como se não houvesse distinção, ambos simultaneamente e operacionais a todo o momento”. E a possibilidade de falhar existe. Até porque alguns PTTs, principalmente os mais afastados da região Sudeste, podem não contar com toda a infraestrutura como a encontrada em São Paulo. Isso seria uma questão de demanda de participantes: como há poucos, não necessariamente há muita troca de tráfego e, consequentemente, são menores os investimentos realizados. “Depende de como uma rede é dimensionada, se tem nós de rede corretos, se tem possibilidade de mandar escoar o tráfego na sua totalidade através de algum outro caminho caso haja alguma queda”, explica o diretor do NIC.br, chamando a ação de “boa prática de engenharia”. No entanto, ele reconhece que nem sempre é o caso. “Obviamente, aqui no Brasil poucos acabam praticando esse tipo de engenharia por causa dos custos envolvidos”.
Obrigações Para o conselheiro da Anatel Rodrigo Zerbone, a presença de mais PTTs no País é importante por uma questão técnica de melhoria nos parâmetros de qualidade da rede, além de beneficiar economicamente o conjunto de usuários, já que favorece redução de custos de conexão. Ele considera a experiência de gerenciamento do NIC.br como “boa e exitosa”. “Foi por isso que o PGMC trouxe essas obrigações de construção do PTT, de ter de se conectar a um ponto”, justifica. “Acho que por essas regras, a gente tem visto que já está em planejamento a implantação de mais 16 PTTs. Se isso acontecer mesmo, vai haver cobertura de todas as capitais, além de algumas grandes cidades”. Ele diz que a agência planejava inicialmente 67 áreas de registro (ARs) cobertas com PTTs, mas que a expansão deverá chegar a 36 ARs. “Mesmo que não seja uma unidade grande como a de São Paulo, gera benefícios porque possibilita às operadoras acesso à rede, a uma infraestrutura que tenha oferta de capacidade para sair daquela localidade. É um ambiente mais competitivo”, ressalta Zerbone. Isso facilita porque uma pequena empresa não precisará criar comunicação até um ponto distante, que precisariam de transportes interestaduais e internacionais. “É importante que haja diminuição de preço e custo para aumentar os serviços. E mesmo para as maiores (operadoras) que conseguem trocar o tráfego em uma abrangência local”. O conselheiro da Anatel acredita que o PGMC vai obrigar as operadoras a trocarem tráfego, aumentando a competição por baixar o custo de interconexão. “Vamos avaliar se as operadoras estão lá e se elas estão oferecendo aquilo que o PGMC as obriga, que é a oferta de referência para trânsito e de peering (troca sem custo)”, explica.
Tráfego de dados no Brasil Localidade São Paulo Rio de Janeiro Paraná Rio Grande do Sul Bahia Distrito Federal TOTAL
Média de consumo (em Gbps) 85,1 3,8 3,07 2,74 1,69 1,7 103,22
Participação 82,45% 3,68% 2,97% 2,65% 1,64% 1,65% 100%
Trafego máximo no Participação ano (em Gbps) 92,53 71,40% 6,3 4,86% 4,93 3,80% 4,57 3,53% 2,05 1,58% Fonte: MCTI. 905. 1,8*Baseado na Portaria1,39% 129,59 100% Fonte: PTT.br e CGI.br
mar_2013 Teletime 31
.:pontodevista
FOTO: divulgação
Renato Campos* rcampos@huawei.com
P
ara suprir a alta demanda por largura de banda do serviço de banda larga móvel, as tecnologias evoluíram da 2G, para 3G, HSPA, HSPA+, LTE e LTE-Advanced (LTE-A) nos últimos 20 anos. A largura de banda aumentou em mais de mil vezes da GSM até a LTE para que esse gargalo fosse gradualmente eliminado. A figura ao lado descreve os padrões 3GPP lançados na linha do tempo, o pico máximo da largura de banda para cada tecnologia por setor (considerando três setores de 120 graus por estação radiobase – ERB) e a largura de banda backhaul necessária para suportar tráfego agregado dos três setores por ERB (BTS para 2G, NodeB para 3G e eNodeB para LTE) se o pico da largura de banda fosse fornecido a todos os usuários. Além disso, a evolução da tecnologia em si é um grande desafio. O ciclo de vida das tecnologias tem ficado cada vez menor. As operadoras começaram a implantar a 3G após a 2G ter sido usada por 11 anos. No entanto, passaram-se apenas três anos para ocorrer a mudança da WCDMA para a HSPA e da HSPA para a HSPA+, dois anos para a mudança da HSPA+ para a LTE e apenas um ano depois já foi lançado o padrão LTE-A. Então, essas tecnologias precisam coexistir nos pontos de presença das operadoras, para que elas possam obter maior retorno do investimento. O governo do Brasil leiloou as licenças de 2,6 GHz para LTE FDD e TDD. A LTE suporta larguras de banda diferentes: 1,4 MHz, 3 MHz, 5 MHz, 10 MHz, 15 MHz e 20 MHz, além de poder fornecer eficiência espectral de aproximadamente 7,33 Mbps por MHz para downlink e de 3,7 Mbps por MHz para uplink. Assim, as operadoras que adquiriram as frequências LTE FDD podem, por exemplo, implantar o serviço com largura de banda de 5 MHz, 10 MHz ou 20 MHz, que podem fornecer o pico da largura de banda nominal para donwload/upload de 36,7 Mbps/
billdayone/shutterstock.com
Coexistência 3G e 4G
18,35 Mbps, 73,3 Mbps/36,65 Mbps ou 146,6 Mbps/73,3 Mbps, respectivamente. A razão pela qual a grande maioria dos documentos afirma que a velocidade máxima para o download em uma rede LTE com largura de banda de 20 MHz é de 100 Mbps é porque as categorias de terminais existentes atualmente podem suportar uma velocidade de downlink de até 100 Mbps. Mas nesta fase inicial de implantação da LTE, as operadoras brasileiras estarão mais focadas em fornecer serviços LTE para ofertas de dados por meio de Multi-Mode dongles, embora algumas operadoras também fornecerão serviços de voz por meio do Circuit Switch Fallback (CSFB), sobre o que falaremos mais adiante. Além disso, os planos de serviço provavelmente terão uma velocidade de download entre 5 Mbps e 10 Mbps, porque as operadoras estão mais preocupadas em cumprir as obrigações da cobertura LTE estabelecidas pela Anatel. A Anatel definiu que as cidades-sede da Copa das Confederações da FIFA no Brasil em 2013 devem estar cobertas pela LTE com banda de 2,6 GHz até 30 de abril de 2013, enquanto as cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 devem ter o serviço até 31 de dezembro de 2013, além de cobertura LTE de 2,6 GHz em todos os municípios com mais de 100 mil habitantes até 31 de dezembro de 2016. 32 Teletime mar_2013
Enquanto isso, as operadoras podem implementar estratégias para incentivar o assinante a usar mais largura de banda. Por exemplo, existe um considerável interesse em pagar para não sofrer restrições no uso de serviços específicos de redes sociais, em particular. Assim, a operadora pode cobrar um pouco mais para que o usuário não tenha o tráfego de seu Facebook, Twitter ou WhatsApp deduzido de seu plano de dados e possa usar essa banda economizada para explorar novos serviços e incorporá-los a seu dia-a-dia, aumentando assim seu consumo de banda e a ARPU (receita média por usuário). À medida que o consumo da largura de banda dos usuários aumenta, as operadoras podem aumentar gradualmente a largura de banda do LTE, justificando o investimento e proporcionando um crescimento sustentável. Mas o ponto-chave é: por que 3G e 4G precisam coexistir? A razão é simples. Por causa dos smartphones. Alguns dos smartphones mais populares do mercado ainda não oferecem suporte para a frequência de 2,6 MHz. Por outro lado, todos os smartphones suportam dual carrier HSPA+ (DC HSPA), com capacidade de downlink de até 42,2 Mbps. Será uma função básica de todos os telefones móveis de ponta. O desempenho médio das redes 3G comerciais no Brasil é de cerca de 1 Mbps e 3 Mbps de velocidade de download para cada assinante de serviços HSPA e HSPA+, respectivamente. Durante os eventos da FIFA, haverá um grande número de usuários de banda larga móvel que virão dos EUA e estão acostumados com os serviços das operadoras LTE de lá, que fornecem velocidade de download de 10 Mbps em média para smartphones. Esses assinantes são uma fonte de renda em potencial para as operadoras brasileiras, mas sofrerão um grande impacto na Qualidade de Experiência (QoE, na sigla em inglês) quando utilizarem o serviço de banda larga móvel de uma
operadora brasileira e perceberem que estão limitados a 1 Mbps na HSPA e 3 Mbps na HSPA+. Mas a Copa das Confederações da FIFA no Brasil em 2013 será disputada entre os dias 15 e 30 de julho, e a Copa do Mundo de 2014 entre os dias 12 de junho e 13 de julho, portanto, por que as operadoras brasileiras investiriam em DC HSPA+ para assinantes de roaming que usarão o serviço por apenas um mês e meio? Por uma razão de curto prazo e um motivo de longo prazo. A razão de curto prazo é que os mesmos modelos de smartphones que virão com os assinantes norte-americanos de roaming estão sendo comercializados aqui no Brasil. Assim, com a implantação da DC HSPA+ as operadoras brasileiras atrairão os usuários de smartphones locais ansiosos por maiores velocidades. A DC HSPA+ é como uma torneira, uma vez aberta os usuários de smartphone fluirão naturalmente. O motivo de longo prazo reside no futuro, quando os modelos de smartphones suportarem a frequência de 2,6 GHz e estiverem fazendo um download de dados através de LTE e receberem uma chamada de voz. Se as operadoras brasileiras não implantarem o IP MultimidiaSubsystem (IMS) para o fornecimento de serviços de voz sobre IP, o terminal terá de fazer o Circuit Switch Fallback (CSFB), que está sendo confirmado como uma tendência geral para a implantação inicial do LTE. Como o terminal não pode estar ativo em ambos os sistemas 3G e LTE ao mesmo tempo, terá que fazer um Fallback Packet Switch (PSFB) também para os serviços de dados. Depois que o terminal concluir o serviço de voz comutado na rede UMTS, o serviço PS do terminal será automaticamente transferido de volta para o sistema LTE.
Os padrões do 3GPP Tecnologia GSM/GPRS/EDGE 14.4´360 Kbps 14.4´360 Kbps
HSPA+ 11 Mbps 42 Mbps
HSPA 5.76 Mbps 14.4 Mbps
3G-WCDMA 384 Kbps 384 Kbps
LTE 50 Mbps 100 Mbps
LTE-advanced 500 Mbps (?) 1000 Mbps (?) upload
experiência móvel de alta qualidade e banda larga móvel para notebooks
download
multimídia e banda larga móvel videochamadas e streaming
14~360 Kbps
1991
2002 11 anos
3~20 Mbps
384 Kbps ~ 5 Mbps
2005
3 anos
3 anos
10~50 Mbps
2008 2 anos
20~100 Mbps
2010 1 ano
100~1000 Mbps (?)
2011-? ? Fonte: Huawei.
Mais uma vez teremos a qualidade de serviço afetada ao reduzir a largura de banda de 10 Mbps ou mais para 1 Mbps na HSPA e 3 Mbps na rede HSPA+, com certeza reduzindo a velocidade do serviço de dados de banda larga móvel, o que afeta as receitas. Outro ponto a considerar é que, devido à regulamentação dos municípios, a aquisição de novos pontos de presença é muito difícil nas cidades e a grande maioria das operadoras não está criando novos pontos de presença para o LTE, mas reutilizando as instalações 3G existentes. Isto significa que a cobertura inicial para a LTE pode ser boa para pontos como estádios de futebol, aeroportos e alguns centros comerciais, mas insuficiente para cobrir toda a cidade. É aí onde o 3G DC HSPA+ entra em cena, oferecendo uma experiência perfeita para os serviços de banda larga das operadoras. Para enfatizar a coexistência a longo prazo de 3G e 4G, vamos analisar o
crescimento das redes UMTS em todo o mundo. No dia 1º de fevereiro de 2012, havia 423 redes HSPA em operação em 160 países. E com base no número de assinaturas, a HSPA permanece como a maneira mais predominante para a prestação de serviços de banda larga móvel globalmente. Ao longo dos próximos anos, a distância entre a HSPA e as outras tecnologias aumentará ainda mais. Segundo as estatísticas, em 2016, 45% de todas as assinaturas móveis serão baseadas na tecnologia HSPA, em comparação aos 8% para LTE e 7% para CDMA. Essas tendências têm algumas implicações importantes. No que diz respeito ao caminho evolutivo para o serviço de telefonia móvel, esse tem sido um dos mais importantes serviços prestados através de redes móveis e, até o momento, a principal fonte de receitas das operadoras de celular.
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Cláudio Dascal
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.:ponto&contraponto
O significado do MWC, em Barcelona
O
que vimos em fevereiro durante o Mobile World Congress (MWC) em Barcelona pode ser descrito por um turbilhão de adjetivos: grandioso, pujante, injusto, complexo. Os números são assustadores em área física e total de expositores, quantidade de visitantes e de congressistas. Numa área várias vezes maior que o Anhembi, a nova Fira Gran Via, de Barcelona, tem uma infraestrutura para exposições que impressiona. E o MWC foi a primeira grande feira a ocupar o novo espaço, se espalhando por sete pavilhões com seus cerca de 1,7 mil expositores de todo o mundo. Eram desde pequenos pavilhões nacionais, com a presença de vários governos e pequenos estandes de empresas individuais das mais variadas procedências, até os nababescos pavilhões dos grandes fornecedores de equipamentos de rede e terminais. Foram quatro dias intensos, quando passaram pela feira quase 80 mil pessoas que com certeza, como eu, saíram frustrados por não poderem ver tudo o que se oferecia. Como era um evento muito grande, espalhado em muitos pavilhões, a impressão é de que não havia um agrupamento lógico dos exibidores. E se havia, não era suficientemente ostensivo e claro para facilitar para o visitante. O resultado é que muitos devem ter saído de lá com a sensação de ter visto pouco do que se oferecia. O congresso, seminários paralelos e reunião ministerial mantiveram a mesma tônica de grandeza e pluralidade. Abordaram programas relevantes, cada um deles específico. Foram programas simultâneos e em pavilhões diferentes, forçando o congressista a fazer escolhas muitas vezes difíceis. A variedade de temas mais uma vez ilustra a quantidade de assuntos críticos que existem nesta indústria e que necessitam de oportunidades para serem tratados. Toda esta grandiosidade do MWC serve de fundo para ressaltar a pujança, importância econômica e a complexidade cada vez maior da indústria de mobilidade. Da introdução repetida a cada painel salta o
gigantismo e importância para a economia mundial desta indústria. A mobilidade e a comunicação de dados atingem ou num horizonte muito próximo atingirão a todos os habitantes do globo, independente de onde se encontrem, que língua falem e seu poder de compra. Com a proliferação da banda larga, teremos dentro de poucos anos quatro bilhões de conexões banda larga móvel, sendo que em 2017, ou mesmo antes disso, conectividade, mobilidade e banda larga serão inseparáveis, representando um ou mais acessos por individuo. É uma indústria que movimenta e movimentará valores expressivos na economia mundial, considerando a remuneração pelo serviço que as pessoas estarão dispostas a gastar. Dos temas abordados, alguns podem ser destacados, sem a pretensão de exaurir a riqueza e variedade do evento. Para as operadoras, que cada vez têm que investir para expandir a capacidade de escoar dados de suas redes, sem conseguir transformar estes investimentos diretamente em receita devido à transformação em dados e o tráfego de aplicativos que não remuneram a rede, fica a grande questão de como conseguir que as operadoras over-the-top (OTT) paguem um pedágio razoável, ao mesmo tempo em que buscam oportunidade de prestar novos serviços. Os investimentos em redes, as exigências regulatórias e de qualidade associados à implacável evolução da tecnologia geram uma demanda de recursos e atenção muito grande. As novas tecnologias de cobertura usando NFC, Wi-Fi com gestão das operadoras e mobilidade são um caminho para maximizar o uso do espectro caro. Promessas da casa e do carro conectados são oportunidades para a frente. A área de saúde digital, surpreendentemente, tem andado muito devagar e sem grandes novidades. A carteira móvel para pagamentos, por sua vez, parece levar um grande impulso. A forte presença de fabricantes de handsets nesta feira se explica pela batalha
que se trava pela liderança ou sobrevivência na área dos smartphones, mas é um risco de que a feira adquira uma característica mais para o varejo do que o caráter extremamente profissional que a tem caracterizado. Foi injusto para o visitante em geral a criação de enormes pavilhões de várias empresas aos quais só se podia aceder com convite prévio. Criou-se uma situação discriminatória já que todos foram instados a viajar a Barcelona para visitar a feira e, na verdade, só tiveram acesso a uma parte dela. Sobre a participação brasileira, cabe chamar a atenção pela ausência de pessoas dos corpos de engenharia das operadoras brasileiras que encararam Barcelona como gasto e não como investimento, o que é uma pena, pois muitos estudos e decisões se abreviariam com a exposição às novidades e debates que ocorreram nestes quatro dias. Quanto a empresas brasileiras, a participação foi pífia, simplesmente por não termos o que expor. Com poucas e honrosas exceções, como a Celpan e o Titans Group, é inacreditável que a sexta economia do mundo e com um mercado consumidor de dados e mobilidade do nosso tamanho só tenha uma ou outra experiência pontual a expor. É o espelho da falta de investimentos na indústria e em aplicações. Vários países estiveram presentes com stands patrocinados pelo governo, mostrando sensibilidade e política de incentivo de longo prazo, que com certeza não se resolve da noite para o dia, mas, sim, é uma estratégia de longo prazo para efetivamente participar deste mercado. Barcelona, como capital mundial da mobilidade, é um projeto de sucesso. O Mobile World Congress é um exemplo emblemático, mas não o único. A indústria espanhola e, principalmente, catalã também se tornou parte deste projeto e é significativa a sua participação no evento.
em 2017, ou mesmo antes disso, conectividade, mobilidade e banda larga serão inseparáveis.
34 Teletime mar_2013