AL os CI viç PE r ES e se
TV IP Ano 16 • Julho 2013 • #167 www.teletime.com.br
INFRAESTRUTURA Base de hotspots Wi-Fi se expande para liberar espaço na rede móvel e garantir a experiência do usuário SERVIÇOS MÓVEIS Com a popularização dos smartphones, webphones perdem espaço e podem desaparecer do mercado
arrumação
Operadoras apostam no refarming de frequências para garantir espectro para os serviços de dados de quarta geração
editorial
O debate sobre a Internet
N
o Brasil, levamos a discussão sobre todos os mundo. A solução será necessariamente complexa e assuntos para a mesa do bar. É ótimo para o demanda muita análise. exercício da democracia, mas não necessa– A crise pós-Snowden trouxe à tona também riamente para a solução dos problemas. aquilo que no mercado qualquer engenheiro sabe: Foi o que se viu no começo de julho, após as que os equipamentos são vulneráveis, apresentam revelações feitas pelo ex-analista de inteligência dos backdoors, ou portas de acesso, exigidas pela EUA, Edward Snowden, sobre um esquema de legislação norte-americana. O Brasil nunca se espionagem patrocinado pela NSA e pela CIA e que preocupou com isso ao certificar aquilo que vai ser envolveria empresas de Internet e telecomunicações e utilizado nas nossas redes. Deveria. a conivência (ou leniência) de governos nacionais. A governança da Internet é outro debate. Até Rapidamente a história bateu no Brasil, com uma hoje, o modelo do Comitê Gestor da Internet (CGI) reportagem de O Globo sobre o tema, que citava o tem funcionado, até porque não era muito exigido. País como um dos mais bisbilhotados. Mas diante da relevância que a Internet ganhou na Autoridades, imprensa e analistas mergulharam vida das pessoas, na estratégia das empresas e no assunto: como pode o Brasil ter sido alvo? Houve nas políticas de governo, passaram a surgir concordância das autoridades? Das empresas de questionamentos sobre o modelo de gestão do CGI, telecom e Internet? sua representatividade, seu financiamento A discussão sobre e seu papel na elaboração de diretrizes. O Marco Civil não vai cibersegurança é das Outro assunto na mesa do bar é a regular as atividades gestão internacional da Internet: as mais relevantes nos dias de hoje. A questão da da Internet. Nem vai entidades que organizam os endereços e o privacidade dos dados impedir que o Brasil tráfego de dados, os pontos de troca entre as também. A defesa dos seja espionado pela CIA. diferentes redes conectadas à nuvem. Rever direitos e deveres dos esse modelo é tão complexo quanto recriar usuários de Internet, e a a Internet, mas também é algo que parece responsabilidade das empresas; as políticas nacionais inevitável. O Brasil tem uma posição sobre isso já para a indústria de software e equipamentos; e expressada na última conferência da UIT sobre princípios como neutralidade de rede também têm Internet, em Dubai. Mas o jogo aí passa mais pela grande relevância; como a governança da Internet, a diplomacia do que pelos agentes brasileiros. distribuição do tráfego. De uma hora para outra, tudo Mas mais importante do que tudo isso são os dois isso virou causa e solução para o problema elementos que sustentam o uso da Internet: de um denunciado pelo ex-agente. A discussão perdeu o lado, o interesse público e, de outro, as atividades (de rumo. E é preciso colocar as coisas no lugar. natureza comercial ou não) que se desenvolvem Uma coisa é o debate sobre o projeto do Marco sobre ela. Já se passou do ponto em que era possível Civil de Internet, cuja votação vem sendo adiada pelo discutir se a Internet abrigaria ou não o modelo Congresso. O Marco Civil é uma referência capitalista ou se seria regida pelo espírito universitário principiológica. Não é ele quem vai regular as original. Mas ao mesmo tempo, não se pode querer atividades da Internet. Nem vai impedir que o Brasil mudar a natureza livre, anônima e caótica da rede, seja espionado pela CIA. que é o que fez dela o que ela é e que permitiu o A questão da proteção dos dados dos usuários, o desenvolvimento das aplicações existentes hoje. Para registro de atividades e a privacidade dessas pensar as regras que valerão para a Internet, não dá informações é um outro problema, que deverá ser para usar a lógica analógica. colocado para um debate cuidadoso. Existe uma preocupação do governo sobre a efetividade das decisões judiciais brasileiras e sobre a questão samuca@convergecom.com.br tributária. Problema grande, que se discute em todo o 4 | t e l e t i m e | j u l h o 2013
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Capa
Espectro reorganizado Para aumentar a eficiência espectral, operadoras começam a pensar em utilizar o LTE em faixas ocupadas por outras tecnologias por meio do refarming. Frequência de 1,8 GHz se mostra como a favorita do mercado.
Especial IPTV e Serviços
ainda possível 30 Crescimento Crise econômica e ajustes políticos provocaram
Infraestrutura
Saída é desafogar
a desaceleração do mercado de TV paga em 2013, mas ainda há oportunidades para o setor aumentar a base.
Operadoras recorrem ao Wi-Fi para fazer o offload das redes móveis, melhorando a experiência dos usuários. Além de hotspots públicos, empresas apostam até no compartilhamento de rede com roteadores domésticos.
Editorial 4 News 8 Bits 48 Produtos e Serviços 50 Ponto de vista 52 Contraponto 54 6 | t e l e t i m e | j u l h o 2013
ilustração de capa: gualtiero boffi/shutterstock.com
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É TV. Mas parece Internet
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Atalho para o conteúdo
Com popularização das conexões de fibra até a residência (FTTH), operadoras aproveitam infraestrutura e regulamentação do SeAC para oferecer o IPTV. Mas o serviço demanda investimento e planejamento.
Serviços de redes de entrega de conteúdo (CDN) melhoram a experiência do usuário e são parte da estratégia das empresas para oferecer monetização tanto para provedores de vídeo quanto para operadoras.
Editor Samuel Possebon Editora Adjunta e Editora de Projetos Especiais Letícia Cordeiro Editor de Mobilidade Fernando Paiva (Rio de Janeiro) Redação Bruno do Amaral, Leandro Sanfelice, Marina Tsutsumi e Helton Posseti (Brasília) Consultor Especial Cláudio Dascal
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Arte Edmur Cason (Direção de Arte); Rubens Jardim (Produção Gráfica); Geraldo José Nogueira (Edit. Eletrônica); Débora Harue Torigoe (Assistente); Alexandre Barros (Colaborador); Bárbara Cason (Colaboradora)
Serviços Móveis
Departamento Comercial Cibele Tommasini (Gerente Negócios) Ivaneti Longo (Assistente)
Evolução inevitável Cada vez mais baratos e populares, smartphones dividem mercado com telefones comuns e abocanham grande parte da preferência do usuário, provocando a morte do limitado “webphone”.
Inscrições e Assinaturas Gislaine Gaspar (Gerente) Circulação Patricia Brandão (Gerente) Presidente Rubens Glasberg Diretores Editoriais André Mermelstein Claudiney Santos Samuel Possebon (Brasília) Diretor Comercial Manoel Fernandez Diretor Financeiro Otavio Jardanovski
Marketing Gisella Gimenez (Gerente) Administração Vilma Pereira (Gerente) TELETIME é uma publicação mensal da Converge Comunicações. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A. Jornalista responsável: Rubens Glasberg (MT 8.965) Impressão: Ipsis Gráfica e Editora S.A.
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Entrevista
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Novos modelos de competição
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Carlos Baigorri, novo superintendente de Competição da Anatel, fala sobre atribuições da nova área da agência e das principais tarefas, como a de incentivar o mercado a ser mais competitivo com o PGMC.
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errata O artigo “Sustentabilidade em telecomunicações”, na edição 166 de junho de TELETIME, teve a foto do autor Alberto Ozolins publicada erroneamente. O artigo com a imagem correta está disponível no site www.teletime.com.br.
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Da redação do Teletime News
foto: arquivo
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Vamos ter que discutir mais estímulos para produção e desenvolvimento de produtos aqui.” Paulo Bernardo, ministro das Comunicações
os acessos LTE, por sua vez, cresceram 65,4% em junho, somando 174,1 mil conexões 4g. Foram 68,834 mil novas conexões no último mês. * a Vivo adicionou sozinha 25,132 mil linhas, ou 36,6% das adições líquidas do período.
Segurança
Brasil pode ampliar exigências de produtos nacionais O ministro Paulo Bernardo (Comunicações) já cogita a hipótese de a Anatel ampliar as exigências de equipamentos produzidos no Brasil, como forma de driblar a espionagem internacional. Pela primeira vez desde o estouro da denúncia de Edward Snowden de que a espionagem norte-americana visa também o Brasil, uma autoridade do governo admite que os equipamentos presentes nas redes brasileiras podem ter uma funcionalidade de backdoor – em cumprimento à legislação americana denominada Communications Assistance for Law Enforcement Act (CALEA), de 2004. “A lei CALEA obriga empresas produtoras tanto de software quanto de hardware a produzir equipamentos que permitam (ao governo dos EUA) obter informações. E como esses equipamentos são produzidos em série, há um consenso de que os equipamentos vendidos em outros países tenham essa configuração. Portanto, há uma possibilidade imensa de obter essas informações”, constatou o ministro em audiência no Senado no início de julho. “Achamos que a saída para isso é a gente investir em tecnologia, não dá para resolver no curto prazo, mas acho que dá para resolver no médio prazo. Temos grandes empresas que podem produzir tecnologia desenvolvida aqui”, completa ele. Para diminuir a dependência de produtos estrangeiros, um caminho seria ampliar a exigência de produtos com tecnologia nacional nos editais de licitação de radiofrequência da Anatel. O ministro mencionou que no leilão da faixa de 2,5 GHz as empresas que arremataram as faixas deverão comprar neste ano pelo menos 10% de produtos com tecnologia do Brasil, percentual que cresce ano a ano e chega a 20% a partir de 2017. “Acho que isso vai ter que ser reformulado agora. Vamos ter que discutir mais estímulos para produção e desenvolvimento de produtos aqui”, disse ele.
4G
LTE em 450 MHz vira padrão O 3GPP, fórum internacional que estabelece padrões industriais para a telefonia e a banda larga móvel, concluiu a padronização da tecnologia LTE na faixa de 450 MHz, proposta pelo Brasil. A uniformização era muito aguardada pelo governo brasileiro e pelas empresas do setor de telecom, já que é necessária para embasar o modelo industrial dos equipamentos que compõem a rede de acesso, como antenas, dispositivos de radiofrequência, estações radiobase, terminais LTE com interface para redes Wi-Fi e sistema de gerenciamento de rede. A proposta de padronização do LTE em 450 MHz foi levada ao 3GPP em setembro do ano passado por empresas como Huawei, Qualcomm e TIM, além do CPqD.
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Slavoljub Pantelic/shutterstock.com
O Brasil fechou junho com 265.741.217 acessos móveis, crescimento de meros 215,3 mil novos acessos, ou 0,08%, em relação a maio. * Vale lembrar que maio é o mês em que se comemora o Dia das Mães.
Espectro
Anatel deve desistir de licitar o 3,5 GHz para banda larga Depois de sete anos de discussão, a Anatel está próxima de enterrar, definitivamente, a ideia de licitar a faixa de 3,5 GHz. O conselheiro Roberto Pinto Martins, em análise sobre a matéria apresentada no dia 11 de julho, ponderou que desde que a Anatel passou a analisar as questões de interferência da faixa na recepção da banda C houve uma mudança de cenário com relação à faixa. Além da questão da interferência, existe a necessidade de analisar a adequação das tecnologias disponíveis aos projetos de inclusão digital e também o acompanhamento dos estudos da UIT no sentido de utilizar a faixa para femtocell e outros dispositivos de pequeno alcance. Diante disso, concluiu Martins, “não se mostra mais oportuna a licitação nos moldes propostos e devem ter início novos procedimentos para sua licitação, e por isso, proponho o arquivamento”. Até o fechamento desta edição, a matéria estava sendo analisada pelo conselheiro Rodrigo Zerbone. A faixa de 3,5 GHz foi licitada no Brasil em 2003. Em 2006, a Anatel abriu uma segunda licitação, que acabou sendo suspensa a pedido do Minicom, pois excluía a participação das concessionárias de telecom. Em 2009, a Anatel pensou em retomar a licitação, mas ai surgiu a questão da interferência entre o serviço de WiMAX na faixa de 3,5 GHz e os serviços de radiodifusão. Em 2012, o grupo de estudo concluiu a análise.
Anatel aprova norma para verificar investimentos em tecnologia nacional
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foto: divulgação
Marco Civil
Votação fica para agosto Mais um atraso na votação do Marco Civil da Internet, o PL 2.126/2011. Mesmo com o impulso dado pela preocupação de governo e parlamentares com as recentes notícias de espionagem do governo norte-americano, as pressões em favor não venceram as pressões em sentido contrário e a votação, se vier, será após o recesso parlamentar, na segunda semana de agosto, de acordo com o líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha. Na primeira semana, conforme declarou o líder do PT, Arlindo Chinaglia, a ideia é votar o projeto de lei sobre os royalties do petróleo. No toma lá da cá do Congresso Nacional, corre o boato de que o governo teria conseguido apoio do PMDB, hoje a principal oposição ao Marco Civil. O acordo envolveria o Marco Civil da Internet e o projeto sobre os royalties do petróleo. A informação é corroborada pela manifestação de Eduardo Cunha, que vinha sendo o principal opositor da medida até aqui. Enquanto isso, o deputado relator do projeto, Alessandro Molon (PT-RJ), analisa a sugestão de redação apresentada pelo governo para incluir a previsão de guarda dos registros de conexão em território nacional. Molon vê com bons olhos a proposta, mas ainda trabalha para melhorar a redação. Mas a medida assusta empresas como Google e Facebook, que até então apoiavam a rápida aprovação do projeto.
A Anatel aprovou a consulta pública por 30 dias da norma que vai verificar o cumprimento do investimento das teles em equipamentos produzidos e desenvolvidos no Brasil. Uma preocupação da agência foi de que o regulamento não fosse destinado exclusivamente à averiguação dos compromissos assumidos no edital de venda das faixas de 2,5 GHz e 450 MHz – o primeiro instrumento usado pela Anatel que criou obrigações diretas às operadoras de investimento em tecnologia nacional e em produtos produzidos no Brasil. Basicamente, a agência colocou em consulta pública uma lista de produtos, equipamentos e sistema de telecomunicações e de dados que serão considerados para o cumprimento das metas estabelecidas. Pelo edital de 2,5 GHz/450 MHz, 60% do investimento deve ser feito em produtos fabricados no Brasil, dos quais 10% com conteúdo nacional até 2014. Depois, o percentual de conteúdo nacional sobe para 15% até 2017 e 20% até 2022. O presidente da agência, João Rezende, propôs poucas alterações no texto original. Primeiro sugeriu retirar a menção de obrigações estabelecidas em editais ou termos de ajustamento de conduta, para não restringir o alcance do regulamento. Além disso, ele ajustou o
Luis Carlos Torres/shutterstock.com
Da redação do Teletime News
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dotshock/shutterstock.com
Regulamentação
Finanças
Oi vende ativos para injetar R$ 2,4 bilhões ao caixa Após desistir de emitir 800 mil debêntures no valor de R$ 800 milhões em junho, a Oi continua em sua cruzada para conseguir melhorar seu fluxo de caixa e desempenho operacional. Como parte da política de se desfazer de ativos, a tele divulgou duas operações no dia 15 de julho no valor total de R$ 2,432 bilhões: vendeu um terceiro lote de direitos de uso de antenas fixas e se
texto sobre o prazo para que determinado item continue sendo aceito para cumprimento das metas, mesmo depois de ele ter sido retirado da lista. E, por último, eliminou todo o capítulo que falava sobre as hipóteses de impossibilidade de cumprimento das obrigações e substituiu por um único artigo dizendo apenas que a empresa deverá comprovar com documentos a impossibilidade de não cumprir a meta. “A impossibilidade será uma eventualidade e não a regra”, diz ele.
desfez totalmente de sua participação societária na companhia de cabos submarinos GlobeNet (Brasil Telecom Cabos Submarinos e suas subsidiárias, localizadas na Venezuela, Colômbia, Ilhas Bermudas e Estados Unidos). O BTG Pactual YS Empreendimentos e Participações comprou a GlobeNet por R$ 1.745.590.000, valor ainda sujeito a ajustes previstos contratualmente. No escopo da transação estão o fornecimento de capacidade para a Oi e suas controladas, composto por dois anéis que interligam pontos de conexão nos países da GlobeNet e o Brasil, e ainda os 22.500 km de cabos submarinos da empresa. Já o direito de uso de 2.113 torres fixas e respectivas áreas nas quais estão localizadas foi adquirido pela SBA Torres Brasil por R$ 686.725.000. A transação, que ainda deverá passar pelo crivo da Anatel, também compreende a locação de espaço nas torres e áreas em favor da operadora e suas controladas, diretas e indiretas, por meio de contrato de longo prazo.
gualtiero boffi/shutterstock.com
Reciclagem de MHz Para combater a escassez de espectro, operadoras apostam no refarming para implantar LTE. Faixa mais cobiçada é a de 1,8 GHz. Bruno do Amaral
bruno@convergecom.com.br
A
tecnologia de transmissão de dados wireless com melhor eficiência espectral é a LTE, mas a necessidade de mais frequências para atender à demanda por banda larga sem fio ainda é um problema para as operadoras. Isso porque, ao longo do tempo, as faixas de espectro existentes foram ocupadas por tecnologias legadas, como GSM (2G) para voz, WCDMA (3G) e outras. Mas nem tudo está perdido. É possível reaproveitar frequências utilizadas com outras tecnologias fazendo o refarming. Apesar de haver várias opções, a favorita do momento para as operadoras é a faixa de 1,8 GHz, atualmente utilizada pelo 2G no Brasil. O assunto é interessante para as teles porque não seria preciso um novo leilão, já que o direito de uso do espectro já está consignado. Pelo lado da Anatel, não parece haver problema, desde que sejam respeitadas as obrigações do edital original, algo que o conselheiro Marcelo Bechara considera que seja “uma dificuldade,
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mas não intransponível”. A questão é ter o embasamento jurídico para que não haja reclamação de empresas que teriam deixado de fazer lances no leilão por não saberem que isso seria possível. “Estamos criando algo sobre o qual alguém poderia se sentir prejudicado? É um questionamento que tem surgido para dar segurança jurídica ao refarming”, afirma o conselheiro, dizendo-se favorável, contudo, ao debate. Bechara acredita que é natural que as tecnologias evoluam e haja uma adaptação no serviço. “Tem investimento em infraestrutura, é tudo o que a gente quer. Se conseguirmos viabilizar um negócio que é bom para as empresas e para os usuários, por que iríamos nos opor?”, questiona. O problema é que outras faixas do espectro, especialmente a de 1,8 GHz, estão muito fragmentadas, dificultando a reutilização para o 4G. “O principal desafio do refarming não é regulatório, mas operacional. O mapa da divisão da faixa de 1,8 GHz parece um quadro impressionista. No LTE, são necessárias faixas contínuas para o tráfego de dados, e hoje tenho blocos de frequência separados nessa faixa”,
foto: arquivo
disse o presidente da TIM, Rodrigo Abreu, no 57º Painel Telebrasil em maio, em Brasília. Na ocasião, o presidente da Telefônica/Vivo, Antonio Carlos Valente, também alegou dificuldades, como a presença ainda forte da base de usuários GSM. “A gente sabe que são frequências utilizadas fortemente na Europa para o LTE, mas tem uma carga violenta de tráfego (de voz). Pegar esse tráfego que tem agora e colocar uma portadora LTE não é uma questão menor”, disse ele. Por sua vez, o presidente da Claro, Carlos Zenteno, argumentou que quer usar a faixa de 1,8 GHz porque a cobertura com 2,5 GHz “não é muito eficiente”.
Poder para pequenas Para operadoras menores, levar o LTE para o 1,8 GHz também pode ser uma boa saída. “Se for possível, temos interesse sim. Poderíamos limpar nosso espectro”, declarou o diretor presidente da Algar Telecom (CTBC), Divino Sebastião de Souza. Mas completa: “Não adianta limpar espectro e lançar LTE só em uma cidade e sem roaming com outras operadoras.” Segundo o diretor de operações tecnológicas da Algar, Luís Antonio Andrade Lima, a empresa já está se adiantando. “Solicitamos a alguns fornecedores um estudo de refarming para a nossa área de concessão, nas principais frequências, sendo que a de mais evidência é a de 1,8 GHz”, declara, argumentando que esta é uma das tendências de adoção no mercado europeu e que, por isso, já há muitos devices compatíveis. O ponto é que o LTE é uma tecnologia que consegue agregar frequências diferentes, então a utilização de 1,8 GHz poderia ser complementada por outras faixas. “Estamos analisando os 850 MHz para crescimento do 3G na área rural, mas também pode ser uma possibilidade”. De qualquer forma, a Algar considera que o “driver principal” é o espectro de 1,8 GHz. “Tivemos alguns pareceres que suportam a possibilidade de uso da frequência. Em princípio, não teríamos restrições para colocar a tecnologia LTE, mas ainda é algo que está sendo trabalhado em nossa área regulatória junto com a agência”, explica Lima. Do ponto de vista técnico, a operadora precisa ampliar o volume de dados
“Se conseguirmos viabilizar um negócio que é bom para as empresas e para os usuários, por que iríamos nos opor?” Marcelo Bechara, da Anatel
“O mapa da divisão da faixa de 1,8 GHz parece um quadro impressionista.” Rodrigo Abreu, da TIM Brasil trafegados na banda, o que o executivo garante não ser um problema. “Efetivamente, vamos ter que investir na ampliação das redes naturalmente, pelo maior consumo que a tecnologia exige. E isso não é um grande problema porque a maioria de nossos sites já é atendida com fibra.” A reocupação da faixa, que seria gradativa, levaria no mínimo seis meses, mas ainda não tem data estabelecida - até porque Lima não considera uma tarefa simples a limpeza da base GSM. A Sercomtel conta com 10 MHz + 10 MHz em 1,8 GHz nas cidades paranaenses de Londrina e Tamarana, além de 5 MHz + 5 MHz na área de registro (AR) 43, também no Paraná, que ainda tinha pendente a assinatura da outorga, com previsão para agosto deste ano. Mas a possibilidade técnica do refarming dependerá da migração da base GSM. No caso de Londrina, a empresa também atua com o WCDMA em
Segundo dados da associação global de fabricantes GSA, a frequência de 1,8 GHz é utilizada por 76 operadoras em 43 países. 850 MHz, que tem ganhado a preferência dos usuários em função da popularização do 3G. “Entendemos que, apesar de o tráfego de voz estar concentrado na rede de segunda geração, talvez em dois ou três anos as redes WCDMA assumam a preferência dos usuários”, explica o diretor de engenharia e operações da Sercomtel, Flávio Luiz Borsato. Segundo dados da associação global de fabricantes GSA, a frequência de 1,8 GHz é utilizada por 76 operadoras em 43 países (dados de maio), então adotála para o LTE facilitaria o roaming internacional. Além disso, a banda tem maior alcance e demanda menos estações radiobase (ERBs) por ser mais baixa do que a faixa de 2,5 GHz, escolhida para o LTE atualmente no Brasil. “Teria metade das ERBs, a possibilidade de usar os ativos, quer sejam antenas ou cabos”, explica Borsato. “A questão toda do refarming é j u l h o 2013 | t e l e t i m e | 13
foto: DIVULGAÇÃO
“A Sercomtel tem interesse nos 700 MHz do ponto de vista técnico, mas disputar com as operadoras fica inviável em função dos ágios.” Flávio Luiz Borsato, da Sercomtel abrir espaço nos 5 MHz. Se a operadora quiser uma migração do WCDMA, isso envolve a questão de estratégia para fazer com que o usuário migre”, declara, lembrando que também seria necessário fazer um investimento para atualizar o core de rede para IP para utilizar o LTE na frequência. O interesse na faixa seria também da sócia da Sercomtel, a Companhia Paranaense de Eletricidade – Copel. O braço de telecomunicações da distribuidora tem interesse no espectro para a rede de comunicações para projetos de smartgrid. O interesse operacional ajudaria por conta da própria estrutura da Copel, que conta com um backbone estadual. Existe um problema, entretanto. Na visão do executivo, ter 5 MHz + 5 MHz é pouco para a operação LTE. A saída seria solicitar à Anatel a venda de mais sobras para a faixa. “Como não tenho voz sobre LTE (VoLTE), todo o tráfego de voz seria pela rede 2G, então parte do espectro seria para a rede GSM e parte para a portadora LTE - colocando 1,4 MHz para LTE e 3,5 MHz
Frequências para refarming no Brasil 700 1,5 GHz MHz 1,8 2,1 3,5 3,8
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850 900
para GSM, dividindo a quantidade de canais por 200 kHz”, pondera. Ou seja: é pouco, mas poderia ser solucionado com a ampliação de 10 MHz + 10 MHz, embora ele diga que ainda seria preciso ter restrição no throughput de dados, questão que está sendo analisada com os fornecedores Huawei e Ericsson. Para a Sercomtel, aguardar o dividendo digital (frequências liberadas com o fim da transmissão de TV analógica) para eventualmente operar 4G na faixa de 700 MHz é algo complicado para a operadora – a frequência é cobiçada por permitir maior cobertura com menos antenas e paridade tecnológica com o maior mercado LTE do mundo, os Estados Unidos. “A Sercomtel tem interesse nos 700 MHz do ponto de vista técnico, mas disputar com (as quatro principais) operadoras fica inviável em função dos ágios”, declara. Novos espaços A frequência de 700 MHz, é um ponto importante na estratégia da fornecedora de chipsets Qualcomm. A empresa está trabalhando em projetos que visam encontrar formas eficientes de otimizar uma fatia de 100 MHz na faixa hoje ocupada pela radiodifusão, gerando o dividendo digital necessário às redes de dados móveis. Na visão da Qualcomm, 5 MHz + 5 MHz são suficientes para a operação de LTE na faixa de 700 MHz, ainda que o ideal sejam blocos de 15 MHz + 15 MHz. Como se sabe, a batalha pela faixa de 700 MHz é complexa, e passa inclusive pela questão de possíveis interferências dos serviços 4G na recepção dos canais de TV digital. A questão foi colocada pelos radiodifusores, está em estudo e o que ainda não se sabe é quanto custará a solução para contorná-la. Mas nem só de 700 MHz vive o futuro da banda larga móvel. De acordo com o diretor-sênior de relações governamentais da Qualcomm, Francisco Giacomini Soares, a faixa de 1,5 GHz é uma alternativa como suplemental downlink (SDL). “É uma possibilidade de agregar novos espectros, blocos de 5 MHz por exemplo, às faixas já existentes. Quando se tem uma frequência, normalmente o downlink tem mais carga e o uplink é folgado, embora sejam pareados. O SDL usando blocos em 1,5 GHz poderia parear espectros assimétricos, juntando em outra parte e dando mais eficiência aos sistemas existentes”, explica. O SDL está sendo padronizado pela Comunidade Europeia (testes foram realizados pela francesa Orange) e espera-se que a tecnologia esteja disponível já em 2014. “Achamos que é uma solução para o Brasil”, opina Giacomini. A faixa de 1,5 GHz tem um bloco de 40 MHz que pode se dividir em oito blocos de 5 MHz para as operadoras móveis. Em cada um desses, segundo o executivo, pode-se agregar blocos não pareados. Desse total do bloco, 20 MHz estão sendo usados para sistemas de telemetria. “Quem mais usa isso é a Embraer, e mesmo os 20 MHz podem ser realocados, é uma questão de se estudar”, garante.
“Tem que colocar o espectro para trabalhar, para o 4G não há o que chegue.”
foto: arquivo
Outra alternativa de otimização de uso do espectro é a implementação da nova forma de licenciamento das frequências, como o acesso compartilhado autorizado (ASA, na sigla em inglês), que abre a possibilidade de uso de espectro em lugares com baixa densidade e que poderia ser utilizado como uma etapa preparatória para o refarming. “Você pode usar no início e depois ir limpando aos poucos”, explica. Giacomini cita ainda a utilização da faixa de 900 MHz, mas afirma que são blocos pequenos de 2,5 MHz + 2,5 MHz. “É muito pouco, principalmente para LTE”, diz. Uma saída seria utilizar o compartilhamento de espectro (RAN sharing), que permitiria aumentar o espaço, embora o executivo acredite que seria necessário mais. Para isso, ele cita a tecnologia Scalable UMTS, que permite o uso de blocos menores, aumentando a eficiência. “Com o tamanho desses blocos, mesmo com RAN Sharing, talvez você tenha ali um 3G mais eficiente do que um LTE 4G”, compara. A Ericsson vê com bons olhos a tentativa de refarming das frequências pelas operadoras. Embora recomende 20 MHz + 20 MHz para obter velocidades teóricas de 100 Mbps no LTE, reconhece benefícios complementares com a faixa de 1,8 GHz, que conta com 15 MHz + 15 MHz, fragmentado em blocos de 5 MHz + 5 MHz e capacidade de 80 Mbps. “Provavelmente a rede conviveria num futuro próximo com 4G em 2,5 GHz, 1,8 GHz e 700 MHz. É uma coisa natural, porque de onde saiu o 2G e o 3G havia várias frequências”, diz o vice-presidente de estratégia e marketing para a América Latina da Ericsson, Lourenço Coelho. Ele acredita que o
Lourenço Coelho, da Ericsson movimento natural será a migração da base de usuários do GSM para WCDMA, permitindo um melhor aproveitamento de espectro. “Tem que colocar o espectro para trabalhar, para o 4G não há o que chegue”, declara. Ele acredita que a tendência é que as operadoras utilizem essas três faixas e ainda queiram espaço. “Quanto mais (espectro), mais throughput, maior capacidade de rede, melhor a cobertura.” Coelho lembra que a companhia sueca já executou refarming no 2G e no 3G, então não seria diferente com o 4G. “A dificuldade nunca está na tecnologia, mas na viabilidade econômica. E ela nunca está na rede, sempre está no terminal”, determina, citando a falta de sucesso do padrão CDMA por conta dos altos custos de handsets, dificuldade de roaming e problemas com clonagem. Ao mesmo tempo que aumenta a eficiência espectral, a combinação com o 2,5 GHz poderia deixar o serviço LTE compatível com 80% dos terminais. Além disso, a otimização pode ser aplicada mesmo para o GSM, reduzindo de 9,6 MHz para 4,4 MHz a necessidade de espectro com a tecnologia 2G. Uma das formas de fazer isso é o half-rating, que permite configurar uma conversação telefônica para não enviar sinais durante os intervalos de silêncio, otimizando assim o uso do espectro. Outra é a modulação ortogonal, que permite colocar quatro usuários por unidade de Hertz, onde
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Fonte: GSA (julho/2013). Muitos dispositivos possuem conectividade com mais de uma banda.
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FDD-LTE
153 137 105 850 MHz Banda 5
80 900 MHz Banda 8
AWS (1,7 GHz e 2,1 GHz) Banda 4
800/1.800/2.600 MHz Tri-Banda
700 MHz Banda 13
2.100 MHz Banda 1
700 MHz Bandas 12 e 17
800 MHz Banda 20
1.800 MHz Banda 3
2.600 MHz Banda 7
203
45
3 2.600 MHz Banda 41
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1.900 MHz Banda 39
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2.300 MHz Banda 40
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2.600 MHz Banda 38
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As faixas mais populares do LTE no mundo (por número de devices)
TDD-LTE j u l h o 2013 | t e l e t i m e | 15
Francisco giacomini Soares, da Qualcomm antes só caberia um. CTO da Nokia Siemens Networks (NSN), Wilson Cardoso afirma que a faixa de 1,8 GHz traz vantagens não apenas por ser uma das que mais conta com dispositivos (ver box), mas também pela facilidade de aproveitar equipamentos legados. “A vantagem é que se consegue utilizar a mesma infraestrutura do GSM, não precisa acrescentar novas estações por causa de cobertura”, diz, garantindo que 80% das ERBs já possuem backhaul de fibra, e que mesmo a comunicação por micro-ondas pode garantir o escoamento. “Hoje você consegue sair de equipamentos de 8 Mbps para equipamentos que consomem menos e alcançam de 100 Mbps a 200 Mbps com mesma largura de banda. Backhaul não é tão crítico para refarming”, defende. Outra solução apontada pela NSN é a de utilizar uma portadora de 5 MHz para o GSM em faixas como 3,8 GHz e 3,6 GHz. “Claro que eventualmente não conseguiria utilizar para LTE, mas poderia ser 2G, e isso liberaria mais a banda de 1,8 GHz, ainda mais no caso do Brasil”, diz Cardoso. Renovando a infraestrutura Mas os benefícios do refarming podem ir além, chegando à infraestrutura da rede. O CTO da Huawei, José Augusto de Oliveira Neto, explica que essas redes legadas do GSM já foram lançadas há cerca de dez anos. “A maioria está depreciada e os equipamentos são antigos, de uma geração ou mais”, diz. Esses componentes são grandes, requerem contêineres em topo de prédio, baterias externas e trazem dificuldade de manutenção, além de causar um impacto visual maior. Na justificativa do executivo da fornecedora chinesa, novos equipamentos poderiam atualizar essa infraestrutura,
“Não teríamos restrições para colocar a tecnologia LTE, mas ainda é algo que está sendo trabalhado em nossa área regulatória.” Luis Antonio Andrade Lima, da Algar Telecom 1 6 | t e l e t i m e | j u l h o 2013
fotos: DIVULGAÇÃO
“Achamos que (o SDL em 1,5 GHz) é uma solução para o Brasil.”
aumentando a vida útil e gerando menos ônus para operadoras. Oliveira Neto explica que, atualmente, é possível ter uma caixa capaz de lidar com todos os espectros disponíveis, incluindo o de 3,5 GHz, que pode ser utilizado para serviços de TD-LTE, tecnologia adotada para Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) nas operadoras brasileiras Sky e On Telecom (antiga Sunrise). Mas o executivo discorda de Wilson Cardoso da NSN e alerta para a necessidade de se renovar também o backhaul para suportar a capacidade e dar vazão às conexões. “Precisa haver também inovações do ponto de vista de rede, no que se chama de plano de controle para a conectividade, (que determina) em qual radiobase ela tem de se conectar”, diz. Isso é importante para poder lidar com a grande requisição de sistemas de push em smartphones, a sinalização, que acaba congestionando também as redes. Há ainda a quantidade de equipamentos, que aumenta com a maior oferta de banda. O CTO da Huawei detalha: “Eu costumo dizer que o maior interferente no sistema é o próprio sistema. Se não
A combinação com o 2,5 GHz poderia deixar o serviço LTE compatível com 80% dos terminais. expandir de forma bem feita, a reutilização de espectro causa interferência, o usuário interfere em outro usuário. Com esse cruzamento de múltiplos modos e bandas, é necessário haver redução de interferência, parametrização de redes e de handovers para que tudo seja resolvido e minimizado, trazendo uma boa experiência para o cliente”. Ele acredita que a combinação ideal para o Brasil é a de juntar as faixas cobiçadas para o LTE com a de 450 MHz – a Huawei é parte do grupo de trabalho do 3GPP que padronizou em julho o espectro, que será utilizado na banda larga rural em LTE. Ele resume: “É importante ressaltar que o refarming do espectro é necessário para prover as capacidades de rede para suportar essa demanda exponencial de tráfego da banda larga móvel, mas, sozinho, não resolve”, diz. O executivo defende a aprovação de uma nova lei de antenas para que essa demanda também seja suprida pela instalação massiva de novas estações radiobase. Ou seja: o reaproveitamento de espectro não vai solucionar o problema da demanda. Mas já seria um começo.
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Infraestrutura
Wi-Fi: footprint em expansão Operadoras investem na implantação de hotspots em áreas públicas para desafogar o tráfego na rede aérea e melhorar a experiência dos usuários de dados móveis. Letícia Cordeiro
letícia@convergecom.com.br
C
fotos: divulgação
om estratégias que começaram a se delinear ainda em 2012, as operadoras têm investido de forma cada vez mais agressiva na instalação de hotspots Wi-Fi, seja para agregar mobilidade a seus clientes de banda larga fixa, para melhorar a experiência de seus usuários móveis com oferta de velocidades maiores que a da rede 3G, ou mesmo para desafogar a interface aérea das redes celulares com o offload do tráfego, em áreas de grande concentração de demanda, para redes fixas. A Oi, até o momento, é a que tem a meta mais ambiciosa: quer encerrar 2013 com nada menos do que 500 mil hotspots Wi-Fi ativos no Brasil. E a tele tem se esforçado. Em apenas 15 dias no mês de junho, a operadora ativou mais
“a velocidade de crescimento da rede Oi WiFi FON é a nossa velocidade de crescimento do serviço de banda larga.” Abel Camargo, da Oi 1 8 | t e l e t i m e | j u l h o 2013
de 23 mil hotspots, segundo revelou o diretor de desenvolvimento e gestão de novos negócios da Oi, Abel Camargo. No dia 16 de maio, a empresa anunciou a marca de 80 mil hotspots instalados em todo o Brasil, o que significava o dobro do número de pontos de acesso Wi-Fi em lugares públicos em menos de dois anos se considerarmos os 40 mil hotspots herdados com a aquisição da Vex por R$ 27 milhões em julho de 2011. Ao fechamento desta edição, a Oi contabilizava em seu site um total de 117.280 hotspots ativos em todo o País. A tele optou por criar um aplicativo para smartphones para facilitar a conexão de seus clientes aos hotspots. Uma vez feita a primeira autenticação, o login e a senha ficam armazenados e o assinante passa a ser autenticado automaticamente nos hotspots. “Além de proporcionar conexão automática, o aplicativo agrega outras conveniências, como a busca de hotspots próximos ao usuário e mapas”, explica Camargo. O app já somou mais de 360 mil downloads na App Store e na Google Play. E apesar de 70% da base de usuários da rede Oi WiFi ter aparelho compatível com a tecnologia Extensible Authentication Protocol (EAP-SIM), que faz a autenticação automática dos
smartphones, segundo Camargo, a Oi “a nossa rede está dimensionada de está tendo uma abordagem cautelosa. maneira que a parte de sinalização e “Já estamos fazendo, mas não em larga autenticação consuma pouco da rede escala. É preciso ter cuidado porque se e não nos traga problema.” colocamos em uma estação do metrô, Alexandre Olivari, da claro por exemplo, em horário de pico uma enxurrada de solicitações de autenticação ao HLR da rede móvel A ideia é usar as redes paralelas à poderia congestionar e até derrubar a privativa do cliente, com sua autorização interface aérea da rede móvel no prévia, naturalmente. Assim, todos os momento da abertura das portas do gateways da GVT se tornarão pontos trem”, justifica. As primeiras experiências públicos de Internet, oferecidos aos da Oi com EAP-SIM estão sendo outros usuários da operadora, que realizadas nas praias cariocas do Leblon, também planeja hotspots Wi-Fi em Ipanema e Copacabana. locais de grande movimentação e ao A rede Oi WiFi é subdividida em três longo de sua rede. redes: os hotspots outdoor, isto é, em locais abertos (como a orla do Rio de Iniciativa conjunta Janeiro, o Pelourinho, em Salvador; a Praia de Boa Com um investimento conjunto de R$ 100 milhões, Viagem, no Recife; a Praia de Mucuripe, em Fortaleza; e Claro, Embratel e Net Serviços anunciaram em meados o Mercado Municipal de Porto Alegre); uma indoor de de maio o lançamento comercial de sua rede pública lugares premium em redes de fast food, cafeterias, compartilhada de hotspots Wi-Fi. O dinheiro, de acordo restaurantes, aeroportos e shopping centers; e ainda com o diretor de produtos e serviços da Net, Márcio redes indoor que compõem a Oi WiFi FON, em que Carvalho, foi destinado não apenas à construção, desde o pequenos comerciantes e residências escolhem final de 2011, dos mais de seis mil hotspots, mas habilitar um segundo SSID para compartilhar até 1 Mbps também a sistemas de gerenciamento e controle e ao de suas conexões. dimensionamento do backbone da Embratel para “Nos pontos premium aproveitamos também para suportar o tráfego desses pontos de acesso. A capacidade comercializar acessos Wi-Fi, rede que foi construída instalada no tronco atualmente é de 200 Gbps, mas pode basicamente a partir dos hotspots ser expandida até 1,8 Tbps. “Estamos todos os adquiridos da Vex, mas a grande maioria trabalhando a sinergia do grupo e a ideia gateways da GVT inicial foi utilizar uma rede que já estava dos nossos pontos de acesso se dá com esses pequenos comerciantes e sendo implementada pela Net e Embratel se tornarão assinantes residenciais que escolhem pontos públicos para dar maior acessibilidade e trazer fazer parte da rede FON”, detalha Camargo. melhor experiência para usuários da Claro de Internet, “E a velocidade de crescimento da rede Oi oferecidos aos em pontos de grande concentração de WiFi FON é a nossa velocidade de tráfego e, obviamente, fazer o que outros usuários chamamos de Wi-Fi offload”, complementa crescimento do serviço de banda larga”, da operadora. ressalta Camargo, lembrando que o diretor de serviços de valor adicionado e atualmente os modems de acesso banda roaming da Claro, Alexandre Olivari. larga já têm Wi-Fi integrado. Carvalho lembra que a estratégia de Wi-Fi da Net A estratégia da Oi deve ser seguida pela GVT, que começou dentro de casa do assinante. “Desde que planeja utilizar a sua base instalada de home gateways lançamos a velocidade de 10 Mbps estamos instalando (são cerca de 350 mil hoje, mas devem chegar a 500 mil Wi-Fi nas residências e hoje já temos mais de dois até o final do ano) para criar redes de uso livre para seus milhões de usuários com Wi-Fi em casa”, revela o usuários. Esses home gateways são instalados nas executivo. “A rede pública é o caminho natural de evolução residências dos assinantes de TV por assinatura da GVT e para tentar garantir conexão aos clientes fora de casa”. permitem a criação de duas ou três redes Wi-Fi paralelas. Os hotspots da Net estão espalhados nos principais
Mais espectro
A
Anatel pretende liberar o uso da faixa de radiofrequência entre 5,2 GHz e 5,8 GHz para serviços Wi-Fi. Ao contrário de outras faixas, como a de 2,4 GHz, que hoje é livre para o uso de Wi-Fi (ou seja, é uma faixa não-licenciada), o bloco entre 5,2 GHz e 5,8 GHz provavelmente vai requerer uma autorização da agência. De acordo com o vice-presidente da Anatel, Jarbas Valente, a faixa deve atender principalmente as empresas do Serviço de Comunicação Multimídia (SCM). Será feito, entretanto, um estudo prévio para avaliar a interferência desse uso sobre transmissões via satélite.
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Infraestrutura
bairros e pontos de interesse das cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas (SP), Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife e Salvador. “Devemos lançar ainda em Manaus e Fortaleza, que serão sede da Copa do Mundo, mas a ideia é fazer a comunicação do serviço e ver como a rede se comporta para depois planejar novas expansões”, detalha Carvalho. Atualmente são quase mil pontos na capital carioca e 1,7 mil na capital paulista. A infraestrutura é compartilhada, mas em cada hotspot haverá a separação lógica em duas redes: a Claro Wi-Fi Max e a Net Vírtua Wi-Fi. Clientes com planos de dados da Claro acima de 500 MB e planos de banda larga acima de 2 GB são elegíveis ao serviço e, se tiverem aparelhos compatíveis com a tecnologia EAP-SIM serão autenticados automaticamente na rede, sem precisar passar por uma tela de login, desafogando as redes móveis da operadora. “É o mesmo processo de autenticação para a rede celular a partir do SIMcard, transparente para o usuário, e a nossa rede está dimensionada de maneira que a parte de sinalização e autenticação consuma pouco da rede e não nos traga problema”, detalha Olivari, da Claro. A estimativa do executivo é de que bem menos de 1% da base total da Claro possua aparelhos compatíveis com a tecnologia EAP-SIM. “Estamos também avaliando desenvolvedores de aplicativos para a autenticação em nossos pontos de acesso Wi-Fi”, revela. Ao fechamento desta edição, a Claro Wi-Fi Max havia registrado 500 mil usuários. A política de uso dos hotspots mostra que as empresas do grupo América Móvil estão tentando incentivar a adoção de pacotes completos de serviços.
Wi-Fi público gratuito em São Paulo
A
Prefeitura de São Paulo pretende oferecer, a partir de setembro, 120 hotspots públicos Wi-Fi com acesso gratuito à Internet. A licitação, prevista para julho, tem valor estimado em R$ 45 milhões para a instalação, operação e manutenção por 36 meses. O edital do Projeto Praças Digitais licitará cinco lotes, que preveem o acesso simultâneo de até 24,2 mil dispositivos, com velocidade de pelo menos 512 kbps. Todas as operadoras entrevistadas por TELETIME afirmaram estar estudando o edital para participar da licitação.
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“A rede pública é o caminho natural de evolução para tentar garantir conexão aos clientes fora de casa”. Márcio Carvalho, da net serviços
Apenas clientes do chamado Combo Multi (que integra TV por assinatura, banda larga e telefonia fixa da Net/ Embratel com a telefonia móvel da Claro) podem ter acesso ilimitado aos hotspots. Clientes apenas da Net com TV e banda larga ou apenas da Claro com planos de dados podem se conectar até duas horas por dia. O limite cai para uma hora por dia se o cliente assinar apenas a banda larga da Net. “Nossa política de acesso do Wi-Fi foi estabelecida de forma que incentive a adoção completa dos nossos serviços. A gente sabe que para nossos clientes viverem uma experiência integrada e atrativa de todos os serviços ainda temos muito trabalho a fazer, mas esse lançamento já traduz o nível de sinergia com que estamos trabalhando”, conta Carvalho. Para o futuro, a ideia é que a partir do pressuposto de que cliente estará conectado com rede de qualidade na rua, o Wi-Fi da Net seja usado para a oferta de TV everywhere. Serão duas estratégias complementares de vídeo: a plataforma on-demand da Net, o Now, com opções não apenas de catálogo de filmes (Now Clube), mas também conteúdos exclusivos de TV por assinatura, e o Claro Vídeo, serviço OTT on-demand que tem um catálogo similar ao do Now Clube. Estratégia revista A TIM, por sua vez, reestruturou sua estratégia Wi-Fi. O objetivo, em 2012, era concluir o ano com dez mil hotspots em operação, incluindo infraestruturas de parceiros. Mas isso foi repensado, conforme revelou o diretor de redes fixas e de transportes da TIM Brasil, Cícero Olivieri. “A gente redirecionou projetos escolhendo áreas de maior concentração de demanda, onde havia maior probabilidade de congestionamento da rede para que os clientes tenham melhor percepção de qualidade”, conta. Agora a TIM optou por usar as redes óticas da TIM Fiber nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo para ligar não apenas as estações radiobase (ERBs) da rede móvel 3G e 4G, mas também os hotspots Wi-Fi em pontos de alta demanda. ”Um exemplo é a implantação de hotspots na região dos Jardins (em São Paulo), onde há muitos restaurantes. A ideia é que a rede Wi-Fi outdoor seja efetivamente complementar à capacidade da rede móvel”, explica. Desde o final de maio, o tráfego de clientes TIM das capitais fluminense e paulista já começou a ser direcionado automaticamente para a rede fixa da
operadora nos hotspots Wi-Fi, isto é, dispensando a necessidade de login. “iPhones e smartphones da Samsung que têm a tecnologia EAP-SIM já estão sendo autenticados automaticamente”, diz. “O objetivo primordial dos hotspots é fazer o offload e melhorar a qualidade do acesso. Como o objetivo é trabalhar a experiência efetiva dos clientes, estamos focando o lançamento e a expansão da rede em São Paulo e no Rio, junto com a cobertura da TIM Fiber, onde temos capacidade de deployment rápido. A partir do ano que vem, expandiremos a estratégia para outras cidades”, revela Olivieri. É óbvio que pontos estratégicos, mesmo fora do eixo Rio-São Paulo, não ficaram de lado: segundo Olivieri, a operadora já concluiu a instalação de todos os hotspots Wi-Fi para aeroportos e estádios de futebol da Copa das Confederações. A operadora com o perfil mais conservador quando o assunto é Wi-Fi é a Telefônica/Vivo. Na visão dela, o Wi-Fi é mais um complemento às opções de Internet disponíveis. O serviço estava originalmente limitado aos clientes de banda larga fixa Vivo Speedy, mas
passou a ser disponibilizado também para os clientes de Internet móvel de modems 3G, com planos de dados em smartphones ou com planos Internet Brasil em 2012. O acesso aos clientes Vivo é gratuito e sem limite de tráfego e a autenticação é feita por login e senha. A tele também vende cartões pré-pagos para acesso diretamente no site do Vivo Wi-Fi ou nos postos telefônicos dos aeroportos de Congonhas e Guarulhos, em São Paulo, e Viracopos, em Campinas. O Vivo Wi-Fi, segundo a empresa, está disponível nos principais aeroportos do País, além de diversos outros pontos da Grande São Paulo como universidades, associações e hotéis, entre outros. Em nota, a tele afirmou que “a expectativa é acelerar a cobertura de pontos estratégicos de grande circulação no segundo semestre de 2013”, mas não revelou o tamanho do footprint atual.
“A ideia é que a rede Wi-Fi outdoor seja efetivamente complementar à capacidade da rede móvel.” Cícero Olivieri, da tim
17 milhões de assinantes em um mercado que não para de crescer. Participe do evento que acompanha esta tendência.
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NSAO. 5 A 7 DE AGOSTO DE 2014
TRANSAMÉRICA EXPO CENTER, SÃO PAULO, SP
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serviços móveis
A nova ordem dos handsets Lei do Bem espreme os preços dos “webphones”, substituídos por smartphones nas prateleiras do varejo e no portfólio das operadoras. Fernando Paiva e Marina Tsutsumi fernando.paiva@convergecom.com.br marina@convergecom.com.br
O
fenômeno dos “webphones” está chegando ao fim. O termo, cunhado alguns anos atrás, serve para nomear celulares 2G que simulam uma experiência de “quase smartphone”. A desoneração dos smartphones 3G pela Lei do Bem espremeu o preço dos webphones, fazendo com que o produto comece a ser preterido pelo consumidor. A tendência, segundo especialistas, é de que o mercado brasileiro seja dividido em duas categorias de aparelhos: os smartphones e os feature phones de gama baixa. Os primeiros caminham gradativamente 2 4 | t e l e t i m e | j u l h o 2013
rumo à hegemonia nas vendas, devendo superar 50% de participação este ano, enquanto os últimos ficarão cada vez mais restritos a consumidores com orçamento mais limitado ou que desejam apenas o serviço de voz. Essa tendência está norteando a estratégia de produção dos fabricantes, assim como a elaboração do portfólio das operadoras e até a remodelação de seus planos de serviços. Os webphones viveram seu auge cerca de dois anos atrás, quando os smartphones eram um símbolo de status, mas seus preços permaneciam impeditivos para boa parte da população. Sem processadores velozes ou sistemas operacionais abertos que permitissem a instalação de aplicativos, os webphones se assemelham aos smartphones por causa de
foto: divulgação
características externas fáceis e baratas de serem copiadas, como a presença de teclado Qwerty ou de tela sensível ao toque. A experiência não era exatamente a de um smartphone, mas o design, sim. Fizeram grande sucesso no Brasil aparelhos como o Nokia C3 e o Samsung Ch@t, que também eram chamados de “messaging phones”, uma subcategoria para aqueles webphones com teclado Qwerty. As operadoras contribuíram para o sucesso desses produtos, comprando grandes volumes e promovendo ações de marketing, pois sabiam que eles funcionariam como uma porta de entrada dos assinantes pré-pagos ao consumo de dados, elevando a receita média por usuário, que vinha em queda constante no serviço de voz. Foram criadas tarifas de dados especiais para prépagos, ficando célebre o exemplo do Infinity Web, da TIM, que dá acesso ilimitado por R$ 0,50 ao dia. Os webphones reinaram entre os usuários jovens pré-pagos nos últimos anos, mas começam a perder a sua principal atratividade: o preço. Isso porque os smartphones foram se tornando cada vez mais baratos, em razão dos ganhos de escala, e também com a ajuda da Lei do Bem, que retirou a cobrança de PIS e Cofins na ponta para smartphones 3G abaixo de R$ 1.500. Agora, o preço de um smartphone Android de entrada é de R$ 329, praticamente o mesmo dos webphones. E deve cair para R$ 299 até o fim do ano, pelas previsões de Roberto Soboll, diretor de produtos
Para todos os bolsos
Q
ual smartphone cabe no bolso do seu consumidor? A pergunta tem duplo sentido: vale tanto para o preço do produto quanto, literalmente, para as dimensões físicas do aparelho. Nestes novos tempos em que os smartphones respondem por mais da metade das vendas, torna-se necessário segmentar essa categoria, para poder analisá-la melhor. Uma das maneiras de fazê-lo é pelo preço. A Samsung, por exemplo, trabalha com sete faixas de preço de smartphones, de R$ 329 até R$ 2.499. As divisões entre os dois extremos a empresa não abre. Uma nova maneira que vem ganhando força na classificação dos smartphones é pelo tamanho da sua tela. O aumento do display parece ser um caminho sem volta. Os três últimos lançamentos top de linha da Samsung demonstram isso: o SII, lançado em 2011, tem tela de 4,3 polegadas; o SIII, de 2012, tem 4,8 polegadas; e o S4, deste ano, 5 polegadas. Na Apple, o iPhone 5 ganhou tela maior que seus antecessores. A Sony apresentou no exterior recentemente o Xperia Ultra Z, com 6,4 polegadas.
“Quem muda para um smartphone não volta para um feature phone depois.” Rodrigo Vidigal, da Motorola Mobility
de telecom da Samsung, maior fabricante em atividade no Brasil. O diretor de desenvolvimento de produtos da Qualcomm, Roberto Medeiros, vai além e dispara: “a Lei do Bem foi o tiro de misericórdia nos webphones”. O preço não é o único fator a empurrar o brasileiro para as lojas em busca de smartphones. Há também uma pressão social. Especialistas entendem que o mercado no Brasil está atingindo um ponto de maturidade em que a base de usuários individuais começa a se estagnar e se acelera a modernização do parque de aparelhos. O fato de um amigo ter um smartphone influencia a decisão de compra de uma pessoa. Essa “pressão” é comum em qualquer produto que alcance uma penetração a partir de 25%. E o smartphone, no Brasil, está chegando perto disso, pois as vendas estão dobrando ano a ano. Em 2012 foram 15 milhões de unidades vendidas. A previsão para este ano da IDC é de 28 milhões. Entre as teles, a TIM projeta que dentro de dois a três anos 90% das suas vendas de handsets serão de smartphones. Contribui para isso o fato de a percepção de valor do brasileiro sobre os smartphones haver mudado. O consumidor entendeu os benefícios desse aparelho e
O aumento de tamanho, entretanto, não seguirá eternamente, senão o produto acaba virando... um tablet. O limite parece estar nas 7 polegadas. “Estamos tentando ter um melhor aproveitamento do corpo do celular, para que não fique gigantesco. Os homens querem que o aparelho caiba no bolso”, diz Bárbara Toscano, gerente de marketing de celulares da LG. Coincidentemente ou não, o tamanho da tela está crescendo junto com as especificações dos produtos. Em outras palavras: quanto maior a tela do smartphone, melhores as suas demais características (processador, câmera, memória etc). A diferença de tamanho é algo facilmente perceptível pelo consumidor. “O tamanho da tela aparece em todas as nossas pesquisas como um fator decisivo de compra”, relata Bárbara, da LG. Porém, dificilmente essa correlação entre tamanho de tela e qualidade de especificações vai durar por muito tempo. E os próprios fabricantes lembram de outros detalhes fundamentais que precisam ser levados em conta, como a resolução da imagem, a visibilidade sob a luz do sol e a durabilidade e resistência do vidro. Sem contar uma bateria que deixe tudo isso funcionando.
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serviços móveis Vendas de celulares no Brasil (Primeiro trimestre 2013)
Feature phones
cobalt88/shutterstock.com
8,7 milhões de unidades vendidas
-7% ( ) Variação em relação ao primeiro tri de 2012
smartphones
5,4 milhões de unidades vendidas
86%( ) Variação em relação ao primeiro tri de 2012
total
14,1 milhões de unidades vendidas
15%( ) Variação em relação ao primeiro tri de 2012
Fonte: IDC
está disposto a pagar a mais por isso. “Quem muda para um smartphone não volta para um feature phone depois. E isso acontece até com pessoas mais idosas, que não são tão ligadas em tecnologia”, comenta o diretor de marketing da Motorola Mobility, Rodrigo Vidigal, .
foto: divulgação
Estratégia de portfólio A mudança é percebida no portfólio dos fabricantes. Antes de listar os sinais dessa transformação, cabe explicar um outro conceito, o de feature phone. Trata-se do nome dado para os primeiros aparelhos celulares que incluíram funções multimídia, como câmera e mp3 player, cerca de dez anos atrás. São os “ancestrais” dos smartphones. Os webphones ficariam no meio do caminho entre as duas categorias. Para fins de classificação, contudo, a maioria dos fabricantes e das empresas de pesquisa inclui os webphones entre feature phones e assim está sendo
“Existe uma faixa de R$ 99 a R$ 300 que ainda é atendida pelo feature phone.” Thompson Gomes, da TIM 2 6 | t e l e t i m e | j u l h o 2013
considerado nesta matéria. Isto esclarecido, voltemos à evolução do portfólio dos fabricantes: hoje, para cada modelo de feature phone, a LG tem três de smartphone. “Um ano atrás, nossa receita era dividida meio a meio entre smartphones e feature phones. Hoje, 70% do valor em vendas é oriundo de smartphones. Nosso portfólio reflete isso”, diz Bárbara Toscano, gerente geral de marketing de celulares da LG. Em volume de unidades vendidas pela LG, os telefones inteligentes representavam 25% um ano atrás e agora já respondem por 48%. A análise do portfólio da Samsung também sinaliza nessa direção e merece destaque por se tratar do fabricante com maior diversidade de celulares no Brasil, com um portfólio de aproximadamente 50 modelos, que é praticamente trocado por completo a cada 12 meses. Soboll, da Samsung, relata que o número de modelos de feature phones que a fabricante tem hoje em catálogo é um terço do que havia um ano atrás, enquanto a variedade de smartphones cresceu três vezes no mesmo período.
Os webphones reinaram entre os usuários jovens pré-pagos nos últimos anos, mas começam a perder a sua principal atratividade: o preço. Um sinal de que o perfil médio do usuário de smartphone está mudando é a oferta de modelos Android com entrada para múltiplos SIMcards, característica demandada pelo público pré-pago e que tinha presença praticamente obrigatória nos webphones. A LG renovou toda a sua família L de smartphones ano passado lançando versões dual SIMcard. A Samsung também lançou Androids com entrada para dois chips. Inspirada no Brasil, a MediaTek desenvolveu uma tecnologia para incluir até três SIMcards em smartphones Android que usem o seu chipset. Marca Fabricantes de grande porte, com participação acima de 10% no mercado, como Samsung, LG e Nokia, não pretendem tirar os feature phones de seus catálogos por enquanto. Embora reconheçam o enfraquecimento dessa categoria, especialmente dos webphones, entendem ser importante ter opções para todo o tipo de consumidor. Por mais que os preços dos smartphones estejam caindo, ainda estão longe de chegar ao preço mínimo de um feature phone de gama baixa, hoje em R$ 99. “Existe uma faixa de R$ 99 a R$ 300 que ainda é atendida pelo
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“Sempre existirá um usuário que busca um telefone apenas para fazer e receber chamadas.”
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José Luiz Nascimento, da Huawei feature phone. Não acredito que o smartphone chegará a R$ 99 nos próximos dois ou três anos”, avalia o gerente de terminais da TIM, Thompson Gomes. Fora isso, existe uma parcela do público, embora cada vez menor, que deseja um aparelho apenas para falar. “Sempre existirá um usuário que busca um telefone apenas para fazer e receber chamadas”, diz o diretor de devices da Huawei, José Luiz Nascimento. Vale ressaltar que mesmo em mercados desenvolvidos (e com menor tributação), ainda são poucas as opções de smartphones na casa dos US$ 100. Desta forma, na prática, o mercado será dividido entre celulares para planos de dados (smartphones) e celulares para ligações de voz (feature phones de gama baixa). Isso se reflete, obviamente, na formatação dos pacotes de serviços. Uma das primeiras operadoras a entender isso foi a Claro, que no começo de julho reformulou seus planos pós-pagos criando duas famílias básicas: a Claro Online (com plano de dados) e a Claro Mobi (sem plano de dados). A expectativa é de que o segmento de smartphones seja dominado por fabricantes com marcas tradicionais, reconhecidas e admiradas pelo consumidor brasileiro. Algumas delas anteciparam esse movimento e focaram apenas em smartphones alguns anos atrás. É o caso da Sony e da Motorola Mobility. “Saímos desse segmento (de feature phones) em 2011. Isso fez com que nossa performance fosse mais tímida na época, mas agora a estratégia se mostra acertada”, comenta Joe Takata, gerente de produtos da Sony Mobile. “Enxergamos isso
Evolução do preço médio dos smartphones Região do mundo
Preço médio em 2013
Preço médio em 2017 (previsão)
Países emergentes
US$ 307
US$ 259
Países desenvolvidos
US$ 491
US$ 430
Média mundial
US$ 372
US$ 309 Fonte: IDC.
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lá atrás e já não fabricamos feature phones há algum tempo”, confirma Vidigal, da Motorola Mobility. Fabricantes com marcas menos conhecidas, como os chineses e alguns brasileiros, podem se aproveitar dessa gradativa saída dos players de maior porte do mercado de feature phones. O problema é que se trata de um segmento com margens baixas. A pequena lucratividade era compensada pela larga escala no passado, mas essa vantagem está desaparecendo conforme caem as vendas de feature phones (veja gráfico). A saída é entrar também no acirrado mercado de smartphones, competindo na categoria de entrada, com modelos mais baratos. É o que fez a brasileira Multilaser: diminuiu a quantidade de modelos de feature phones e começou a trabalhar com aparelhos Android baratos. “Este ano mexemos na linha de produtos, porque sabíamos que um pedaço da gama de feature phones ia ser tomada pelos smartphones. Retiramos os modelos mais avançados, com Wi-Fi e Edge, com preços entre R$ 399 e R$ 499, pois seriam os produtos tomados pelo smartphones”, conta Eliane Silva, gerente de produtos da Multilaser. Agora, a
A tendência é de que haja um smartphone certo para cada bolso, seja fundo ou raso, pobre ou rico. empresa restringe seus feature phones à faixa até R$ 249 e começa a trabalhar com smartphones Android entre R$ 299 e R$ 799. “Como não somos uma marca tão conhecida, nosso foco é o primeiro consumidor”, explica a executiva. O mesmo caminho é trilhado pela Alcatel One Touch, de nacionalidade taiwanesa. Até então especializada em feature phones, a empresa tomou a decisão estratégica de começar a fabricar smartphones no Brasil este ano, aproveitando os benefícios da Lei do Bem. A migração da base atual de feature phones para smartphones abre uma oportunidade enorme no Brasil para muitos fabricantes. A categoria de smartphones tende a ser subdividida em várias faixas de preço ou de acordo com suas funcionalidades. Por enquanto, as plataformas Android tendem a ser dominantes. Aguarda-se o impacto de novas plataformas baratas como Firefox OS. Há espaço para competidores de todos os portes, mas é preciso encontrar o público certo e acertar na comunicação do produto. A tendência é de que haja um smartphone certo para cada bolso, seja fundo ou raso, pobre ou rico.
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Mercado
Crescimento da TV por assinatura desacelera com ajustes nas políticas de venda e nova realidade econômica. Criatividade, agora, será a palavra de ordem
Tecnologia
Investimentos e planejamento são essenciais para operadores fazerem do IPTV uma forma de diferenciar serviços e competir com provedores online
Infraestrutura
CDNs trazem o conteúdo para perto do usuário e desempenham papel central na entrega de vídeos over-the-top
especial pking4th/shutterstock.com
iptv e serviços Os desafios e oportunidades no mercado de distribuição de vídeo, nas novas plataformas e nas tradicionais
mercado
Crise ou ajuste de rota? Setor de TV paga sofre desaceleração em 2013 por conta de ajustes nas políticas de venda e nova realidade econômica. Crescimento, agora, dependerá de mais criatividade. Samuel Possebon samuca@convergecom.com.br
H
Carsten Reisinger/shutterstock.com
á quase dez anos, as discussões sobre uma crise no mercado brasileiro de TV por assinatura eram absolutamente teóricas. Eram discussões hipotéticas sobre eventuais impactos da troca de conteúdos peer-to-peer (P2P) entre usuários; depois dos conteúdos gerados pelos próprios usuários; depois da distribuição de conteúdos de TV paga por portais de Internet; a chegada dos serviços over-the-top (OTT); o fenômeno dos cordcutters... Foram discussões relevantes conceitualmente travadas nos últimos anos, mas que na prática não tinham nenhuma implicação. Aliás, a realidade era justamente oposta à teoria. Com um mercado crescendo no bom e velho modelo tradicional de TV paga a taxas de 30% ao ano, e boa parte do fôlego vindo da nada convergente tecnologia de DTH, os novos paradigmas da geração X passaram longe de incomodar de fato a indústria. Mas a partir de meados de 2012 e, sobretudo, nesse ano de 2013, houve um elemento novo, que efetivamente fez acender uma luz amarela no mercado: uma boa dose de turbulência na economia. Como consequência, o mercado desacelerou. O fôlego de 30% ao ano já se aproxima dos 20% e deve fechar 2013 na casa dos 10% a 15%. O mercado de TV paga voltou, dez anos depois, a enfrentar uma crise? Segundo alguns dos principais executivos da indústria ouvidos por esta reportagem, não. Tampouco há sinais de céu de brigadeiro no horizonte. “Se crescíamos 30% e agora passamos para 15% ao ano, isso não é sinal de que a indústria esteja em crise. Mas é um reflexo de que a economia brasileira desacelerou”, diz Alberto Pecegueiro, diretor30 | t e l e t i m e | j u l h o 20 1 3 | e s p e c i a l i p t v e s e rv i ço s
geral da Globosat, principal programadora brasileira. Para ele, o debate agora é sobre como continuar crescendo e qual o potencial do mercado. José Felix, presidente da Net Serviços, a maior operadora brasileira, com quase seis milhões de assinantes de vídeo, crê que o que houve foi um crescimento acima do normal nos últimos anos. “Isso foi impulsionado por uma disputa de um mercado onde não havia opção por parte de duas operadoras de DTH. A desaceleração era esperada, porque a história do mercado mostra que vender TV não é simples. Uma hora é preciso lidar com churn, com inadimplência”, diz Felix. Segundo ele, a Net optou nesse período por manter uma toada mais amena, que agora começa a se acelerar justamente porque a empresa passou a explorar quase 50 cidades que, até o ano passado, não eram atendidas com a tecnologia de TV a cabo. Para ele, essa desaceleração do mercado é muito mais um “ajuste de estratégias” do que qualquer outra coisa. A opinião é confirmada, em parte, por executivos de algumas operadoras de DTH, que preferiram não se identificar. Eles apontam duas questões: um cuidado maior com o churn, que passou a ser tomado desde o ano passado, e uma dificuldade maior de argumentar em defesa dos preços dos serviços. Por trás das duas dificuldades está, inevitavelmente, a economia do Brasil. “Algumas camadas, sobretudo da classe C, sentiram mais a questão da inflação. E o endividamento fez com que as pessoas optassem por não renovar os planos quando terminava o período de fidelidade”, diz um executivo. Para Alberto Pecegueiro, a questão é o quanto o mercado ainda vai crescer, e onde. “Em dez anos, chegamos a 30% de penetração dos serviços de TV paga. Isso era inimaginável. A questão é se podemos pensar em 40%, 50% de penetração ou mais”, diz. Para ele, a chave para isso passa pela estrutura de preços dos serviços. “Hoje, a TV paga chega à
Algumas camadas sentiram mais a questão da inflação e o endividamento fez com que as pessoas optassem por não renovar os planos quando terminava o período de fidelidade.
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classe A e a boa parte da classe B1. Ainda cresce em B2 e C1. A partir daí, vai ficando mais complicado”. Na visão da Globosat, o desafio é fazer isso sem perder de vista que a TV por assinatura tem um público A1 e A2 e que não necessariamente quer abrir mão de conteúdos que não são tão atraentes para as classes C. “É um momento de testar várias alternativas, de encontrar formas criativas de expandir o serviço para quem ainda não tem”. Há quem diga que o modelo seja o de venda pré-paga, já testado algumas vezes no Brasil, sem sucesso, mas que é o que tem garantido o crescimento dos serviços na América Latina e em países como a Índia. As razões do fracasso desse modelo de venda no Brasil ainda não são bem diagnosticadas, mas, certamente, passam pela rentabilidade. O pré-pago rende menos do que a assinatura convencional. Por isso, só vale a pena apostar nesse modelo quando ele efetivamente não canibalizar os outros modelos, apontam fontes ouvidas. Outra evidência de que boa parte do crescimento do mercado se deveu a um certo excesso na disputa por assinantes foi a constatação, tornada pública pela DirecTV no final de junho, de que a Sky no Brasil reportava quase 200 mil assinantes a mais do que deveria em sua base, fruto de uma política mal feita de desconexão de clientes inadimplentes. Mais detalhes sobre o caso só serão conhecidos com o tempo, assim como suas implicações. Mas o fato é que a Sky já fez uma limpeza de pelo menos 130 mil clientes na base declarada em maio e deve fazer mais na base de junho. Já o fator “novos players”, tão alardeado desde que a legislação de TV paga mudou em 2011, teve apenas um efeito prático: a entrada da Net em cerca de cem cidades até o final do ano. A empresa acha que ainda cresce com o seu modelo tripleplay onde não estava presente. “Onde estamos entrando, estamos vendendo muito bem, mesmo sendo mercados que já estavam parcialmente ocupados pelo DTH. Pela primeira vez, estamos nos comportando como attackers nesses mercados, tirando participação dos outros”, diz Felix. Para Alberto Pecegueiro, pensar que a indústria ainda pode avançar em mais 13 milhões ou 15 milhões de domicílios, além dos 17 milhões atuais, é algo factível. “Não estou dizendo que será simples e fácil, nem que será da mesma forma como se avançou até aqui, mas é possível”, diz ele. O executivo da Globosat ressalta também que ainda é cedo para dizer se esse crescimento que o mercado ainda comporta virá dos atuais players ou se há espaço para novos. “O mercado está aí, mas não me atrevo a dizer se o market share atual será mantido”. Ele
“Se crescíamos 30% e agora passamos para 15% ao ano, isso não é sinal de que a indústria esteja em crise. Mas é um reflexo de que a economia brasileira desacelerou.” Alberto Pecegueiro, da Globosat aponta alguns modelos, como o da Meo TV, praticado pela Portugal Telecom em Portugal, como exemplos de sucesso, e reconhece que a Dish, nos EUA, é uma operadora agressiva. Para José Felix, da Net, falar em TV paga para a classe C é algo já bem perto da realidade, “ainda que não seja nada simples”. Mas ir além e pensar em um produto de TV nas classes D e E é algo muito mais distante. “Eu não me atrevo a pensar em um modelo para TV além da classe C, por enquanto. Mas vejo oportunidades na banda larga”. A Net aponta um fator conjuntural relevante. “Querendo ou não, estamos no meio de uma crise econômica, com dólar subindo, inflação mais alta e mais insegurança. Isso se reflete, sobretudo, nos nossos custos em dólar, para a construção das redes”, diz Felix. Para a operadora, um aumento expressivo da valorização da moeda norte-americana pode ter impactos sérios sobre os planos de expansão. “Não existe como construir rede sem gastar em dólar. Talvez seja a hora de mostrar para o governo que essa indústria, assim como a de celulares, precisa de alguma desoneração para equipamentos importados”, diz, referindo-se principalmente aos modems (CPEs) e set-top boxes. Do ponto de vista de conteúdo, Pecegueiro acha improvável que o custo de programação caia drasticamente. Mas ele aposta que muito do conteúdo que tem sido agregado por conta de obrigações legais terá que ser avaliado em relação ao interesse do assinante. A Globosat também prefere não avaliar os efeitos que os eventuais
“A desaceleração era esperada, porque a história do mercado mostra que vender TV não é simples. Uma hora é preciso lidar com churn, com inadimplência.” José Felix, da Net Serviços e s p e c i a l i p t v e s e rv i ço s | j u l h o 2013 | t e l e t i m e | 3 1
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mercado
investimentos em conteúdo que possam ser feitos com recursos públicos possam vir a ter no mercado. “Certamente há muito recurso disponível, mas não sabemos como isso será investido ainda”, diz, referindo-se ao cerca de R$ 1 bilhão que anualmente a Ancine recolhe como Condecine e que, em tese, deveria aplicar em financiamento à produção. Perspectivas futuras A indústria de TV paga no Brasil acabou evoluindo bastante nos últimos anos em relação a novas formas de entregar conteúdo. O sucesso da plataforma de vídeo on-demand (VOD) da Net, o Now, as plataformas de TV everywhere disponíveis (Muu, Telecine Play, HBO Go, Crackle, ESPN 360) e iniciativas on-demand, como ClaroVideo e Vivo Play, surgiram com força nos últimos dois anos. Mas não necessariamente são sucesso de público, exceto no caso do Now. “Acho que a gente caminhou mais rápido do que os próprios telespectadores esperavam”, diz Alberto Pecegueiro. José Felix comemora a aposta. “Fazer vídeo on-demand é muito caro. Proporcionalmente, talvez seja o produto mais caro de viabilizar. Quando fizemos, não tínhamos muita esperança de retorno. Era mais uma coisa para dar uma resposta ao usuário que buscava conteúdos online. Mas foi uma surpresa o sucesso do produto. Hoje eu posso dizer que um retorno é
A Sky no Brasil tinha quase 200 mil assinantes a mais do que deveria em sua base, fruto de uma política mal feita de desconexão de clientes inadimplentes. possível. Não é rápido, mas é um negócio viável”, diz José Felix, ressaltando que o serviço de VOD tem ainda o papel de agregar o hábito do consumo não-linear de conteúdos. A Net já trabalha há algum tempo em uma plataforma própria de TV everywhere, mas os indícios dados por José Felix são de que o lançamento dessa plataforma deve estar atrelado a uma inovação mais ampla na plataforma de TV paga, com a agregação de novos serviços no set-top. Sem detalhes, a Net dá a entender que deve seguir um modelo parecido com o da Comcast, com o xFinity, que mudou a interface de usuário de suas caixas, incorporou serviços conectados (widgets e aplicativos), abriu essa plataforma para vários dispositivos e integrou o modelo e as tecnologias tradicionais de vídeo a alguns serviços IP. “Não vejo porque pensar em uma rede all IP, mas alguns serviços podemos fazer, de forma híbrida”, diz Felix. Tanto Felix quanto Pecegueiro estão afinados em um discurso: o novo não pode destruir modelos de sucesso. “Não dá para mudar as janelas de conteúdo só porque é legal estar na Internet”, diz Felix, lembrando que a TV paga, no modelo tradicional, é hoje a principal responsável por pagar a conta dos produtores de canais”. Para Pecegueiro, nenhum programador tem outra opção a não ser estar junto do operador. “Qualquer novo modelo tem que respeitar essa parceria”.
Aposta IP
N
ão é de hoje que a Telefônica/Vivo coloca a maior parte de suas fichas na plataforma IP para desenvolver seu produto premium de TV por assinatura. O Vivo TV Fibra, entretanto, ainda é muito restrito, chegando a não mais do que alguns milhares de clientes. “Isso vai mudar. Mudamos a plataforma e agora temos condições de dar escala ao serviço”, diz o diretor de vídeo da Telefônica, Rafael Sgrott. Ele reitera os planos de levar o serviço para mais 15 cidades do interior de São Paulo, além da região metropolitana, já atendida. Paralelamente, a Vivo lançou o Vivo Play, um serviço de VOD similar ao desenvolvido pela Claro (o ClaroVideo), que funciona over-the-top, em múltiplas plataformas, de celulares a TVs conectadas. “Estamos com o produto desde o ano passado e aprendemos que ainda é preciso educar melhor o consumidor sobre essa oferta. Mas, uma vez que ele conhece, vira fã”. O Vivo Play não tem nenhuma relação com as outras plataformas de TV paga, ou seja, não é um benefício a quem assina o Vivo TV Fibra nem é uma plataforma de TV everywhere. “Mas estamos trabalhando nessas possibilidades de integração”, diz ele. O DTH, que hoje é o responsável pela maior parte dos cerca de 550 mil clientes de TV paga da Vivo, continua sendo visto como uma plataforma complementar, mas que deve receber uma injeção de ânimo agora. “Estamos intensificando mídia, voltamos a crescer e temos planos de expandir o serviço, com entrada de novos canais HD. O DTH da Vivo é hoje a opção mais econômica do mercado”.
“Estamos intensificando mídia, voltamos a crescer e temos planos de expandir o serviço (de DTH), com entrada de novos canais HD.” Rafael Sgrott, da Telefônica/Vivo 32 | t e l e t i m e | j u l h o 20 1 3 | e s p e c i a l i p t v e s e rv i ço s
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IPTV Segurança Wi-Fi Dados Centros de dados
MOTOROLA
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TV com pinta de Internet IPTV oferece a possibilidade de operadores diferenciar serviços, atrair clientes e competir com OTTs, mas demanda investimentos e planejamento. Sergey Nivens/shutterstock.com
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TECNOLOGIA
Leandro Sanfelice leandro@convergecom.com.br
I
mpulsionadas pelas novas condições de distribuição trazidas pela Lei 12.485/2011, que instituiu o Serviço de Acesso Condicionado (SeAC) e estabeleceu o novo marco para o setor de TV paga, operadoras brasileiras começaram a lançar em 2012 seus serviços de IPTV, tecnologia que possibilita a transmissão da programação da televisão usando a rede de dados e o protocolo de Internet. Até o momento, Vivo, Oi e GVT já lançaram suas plataformas. Unindo características da televisão e da Internet, o IPTV permite a interação entre a programação da TV, os múltiplos dispositivos móveis presentes nas casas dos assinantes, a oferta de serviços como o VOD (vídeo on-demand) e a interatividade em tempo real com redes sociais, como Facebook e Twitter. Por 34 | t e l e t i m e | j u l h o 20 1 3 | e s p e c i a l i p t v e s e rv i ço s
isso, a tecnologia é vista por operadoras e fornecedores como uma maneira de diferenciar serviços, atrair novos assinantes e competir com plataformas OTT (over-the-top, serviços de vídeo oferecido por provedores que não têm rede própria e trafegam sobre a rede de terceiros, como Netflix e YouTube). Comparado com serviços de vídeo lançados na Internet como o Netflix, o IPTV oferece a vantagem de garantir a qualidade na entrega do vídeo, pois não utiliza rede pública da Internet, mas as redes proprietárias, e, portanto, de qualidade controlada, das operadoras de telecom. “As empresas de serviços de VOD na Internet não são donas da rede de transmissão, elas oferecem conteúdo que vai trafegar nas redes das operadoras. No meu caso, eu sou o dono do ‘tubo’, e posso garantir a passagem do conteúdo de vídeo”, explica o diretor de marketing da Vivo em São Paulo, Gustavo Fonseca. Contudo, o serviço demanda investimentos na rede para suportar o tráfego de vídeo em HD, e futuramente 4K e até 8K (ultra high-definition). Além disso, com a possibilidade de usar a rede para oferecer novos features, programadores, operadoras e fornecedores ainda buscam a melhor forma de entregar conteúdo diferenciado e atrativo para o cliente. As vantagens
mais comuns nos serviços de IPTV atuais são a rápida mudança de canais, serviços de VOD, gravação de programas com possibilidade de assistir em qualquer ambiente da casa, extensão do conteúdo da TV em tablets e smartphones, conteúdo de portais de Internet na TV e interatividade com aplicativos e redes sociais. “Para investir em IPTV é preciso ter capacidade para atender assinantes simultaneamente, e a demanda só vai aumentar conforme aumenta a qualidade do vídeo”, diz o vice-presidente de inovação da Ericsson, Jesper Rhode. Para ele, o investimento em IPTV permite que as operadoras ofereçam serviços convergentes e aumentem a retenção de clientes. “Com serviços mais integrados, unindo TV, telefonia e Internet, a operadora oferece um perfil de serviço mais completo ao usuário, e isso é importante, porque cada vez que se perde um cliente é preciso fazer um investimento para compensar”, diz. A fornecedora adquiriu recentemente a plataforma de IPTV Mediaroom, da Microsoft. A aquisição garantiu à Ericsson uma participação de mais de 25% no mercado de soluções de IPTV e multitela do mundo. Mediaroom é o middleware escolhido para as plataformas de TV paga por protocolo IP nas operadoras brasileiras Vivo e Oi, além da AT&T, Deutsche Telekom, Portugal Telecom, Telefónica, Telus, Swisscom e cerca de outras 20 operadoras ao redor do mundo.
“Para investir em IPTV é preciso ter capacidade para atender assinantes simultaneamente, e a demanda só vai aumentar conforme aumenta a qualidade do vídeo.” Jesper Rhode, da Ericsson
“O principal desafio é garantir a qualidade e a integração com os outros dispositivos da casa”, diz o CTO para os mercados da América Latina da Arris, Patricio Latini. “O cliente espera ter, no mínimo, a mesma garantia na entrega do serviço que tem no cabo e no DTH”, completa. De acordo com ele, a última milha é onde as operadoras precisarão fazer mais investimentos. No caso de Oi e Vivo, a solução encontrada foi oferecer o serviço de IPTV com FTTH (fiber-to-the-home), levando fibra ótica à casa do assinante. “É um investimento alto, mas tomamos essa decisão pensando nos serviços que queremos oferecer agora e também nos que surgirão no futuro”, pondera Fonseca, da Vivo. Com a fibra, diz, leva-se para a casa do cliente também conexões de 200 Mbps e que podem evoluir para até 1 Gbps, abrindo espaço para ofertas de triple play e mais interatividade. “Conforme abrimos essa velocidade, diversos serviços vão surgir. Não faz muitos anos, 1 Mbps era considerado uma velocidade muito grande, mas novos serviços surgiram e hoje se discute até se isso é banda larga. O ‘giga’ é o novo ‘mega’”, conclui. Sobre a possibilidade de levar o conteúdo ao vivo da TV para os tablets, o diretor da Vivo diz que é preciso fechar modelos de negócios que beneficiem operadoras e programadores. “Precisamos discutir como fica isso, porque nós pagamos para os programadores de acordo com número de assinaturas. O conteúdo no tablet vai contar como um ponto adicional?”, questiona. De acordo com ele, esse tipo de negociação é comum quando se quer oferecer novos serviços. “É uma discussão foto: arquivo
A aquisição da plataforma Mediaroom, da Microsoft, deu à Ericsson uma participação de mais de 25% no mercado de soluções de IPTV e multitela do mundo.
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fotos: divulgação
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TECNOLOGIA interessante, sempre que se lança algo novo há a vontade de se beneficiar com a novidade, mas também a cautela de não perder o que já se tem. No fim, precisamos de modelos em que todos ganhem, e não onde um ganhe tirando do outro”. As negociações para oferecer conteúdo publicitário complementar e venda de produtos relacionados aos programas na segunda tela passam pelo mesmo processo. “Para nós é ótimo que um programador queira estender sua publicidade para outros dispositivos usando nossos serviços, mas, antes de tudo, a publicidade é uma receita dele”, diz. A integração entre dispositivos passa também pela evolução do Wi-Fi. “Estamos buscando evoluir nossos roteadores para oferecer uma velocidade praticamente igual à que chega pela fibra”, diz Fonseca. De acordo com Patricio Latini, a Arris está se preparando para essa demanda. “Hoje temos tecnologia de Wi-Fi que atinge velocidades muito próximas à da que chega pelo cabo. A tecnologia já está pronta e a estamos demonstrado para as operadoras”, diz. Convergência Em uma realidade na qual a programação da TV passa a ser transmitida na mesma rede e com os mesmos protocolos que os dados da Internet, os diversos dispositivos usados para prover serviço na casa dos clientes podem estar com os dias contados. De acordo com Latini, a tendência é que os serviços de banda larga e TV concentrem-se todos em um único aparelho. “Estamos
“Tecnologias como reconhecimento facial e o armazenamento na nuvem permitem que eu recomende conteúdo para cada usuário. Será uma evolução dos serviços de IPTV para um serviço mais avançado.” Hugo Marques, da Cisco 36 | t e l e t i m e | j u l h o 20 1 3 | e s p e c i a l i p t v e s e rv i ço s
“O principal desafio é garantir a qualidade e a integração com os outros dispositivos da casa.” Patricio Latini, da Arris
trabalhando em um projeto para isso. A tendência é que as casas tenham um único home gateway multimídia, capaz de gerenciar os serviços e distribuir o conteúdo para todos os dispositivos”, diz. Para o consultor de vídeo da Cisco, Hugo Marques, essa transformação, aliada a investimentos em nuvem, permitirá economia na atualização de dispositivos. “Antes, se você quisesse mudar de SD (standard definition) para HD (high definition), precisava trocar o set-top box. Agora se tiver um home gateway inteligente fazendo a distribuição, eu elimino essa necessidade”. Para ele, a evolução do serviço demandará investimento em CDN (content distribution network, veja matéria neste suplemento), redes inteligentes de distribuição de conteúdo, e armazenamento de conteúdo na nuvem. Dessa forma, diz, é possível economizar com o investimento no backbone das redes e ter maior flexibilidade para atender picos de demanda. “Pode-se armazenar o conteúdo sob demanda em nuvem e distribuí-lo conforme ele é demandado, reservando espaço para o que for ao vivo nas redes multicast. E levando o conteúdo para mais perto da demanda, é possível reduzir o investimento em rede”. Ele destacou a possibilidade de usar tecnologias de SSO (Single Sign-on), como reconhecimento facial, para identificar quem é o assinante usando o dispositivo e recomendar conteúdo. “Isso, unido a uma série de dados e ao armazenamento na nuvem, permite que eu recomende conteúdo para cada usuário. Será uma evolução dos serviços de IPTV convencionais para um serviço mais avançado”. De acordo com Patrício Latini, a evolução do serviço será gradual, dependendo, principalmente, do quanto o cliente estiver disposto a pagar pelo serviço. “Em mercados com maior poder de compra, a evolução é mais rápida. A operadora depende da disposição do cliente adquirir novos serviços, e nós da disposição da operadora para investir. Não é algo que acontecerá de uma hora para outra, como virar uma chave”, diz. “No fim, vemos que é todo um ecossistema com três pontas: fornecedor, operador e programador trabalhando para entender o que o cliente, no centro, demanda”, diz Gustavo Fonseca.
Conteúdo mais perto Para garantir a entrega de serviços de vídeo over-the-top, CDNs desempenham papel central e criam oportunidades para provedores de conteúdo e operadoras. nmedia/shutterstock.com
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infraestrutura
Bruno do Amaral bruno@convergecom.com.br
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ão faz muito tempo, assistir a vídeos pela Internet era um luxo para poucos que conseguiam uma conexão fixa mais robusta. Ainda que iniciativas rudimentares de streaming tenham sido realizadas com tecnologias da Microsoft e Real Media, a Web era basicamente um reduto de conteúdo estático. Nos últimos cinco anos, o cenário mudou completamente: a maior oferta de banda larga proporcionou um crescimento não apenas dos chamados conteúdos over-thetop (OTT) pela Internet, com destaque para Netflix e YouTube, mas também do acesso a vídeos on-demand (VOD) providos pelas operadoras e empresas de mídia. E grande parte desta proliferação dos serviços de vídeo se deve à infraestrutura de entrega de conteúdo (CDN, ou content delivery network), que tornou possível uma experiência otimizada com o armazenamento local dos conteúdos mais acessados em determinadas áreas. 38 | t e l e t i m e | j u l h o 20 1 3 | e s p e c i a l i p t v e s e rv i ço s
Na verdade, os serviços de CDN não são restritos à entrega de vídeo. A plataforma também ajuda a distribuir conteúdo estático como imagens, páginas em HTTP de bancos e sites de e-commerce. Funciona da seguinte forma: servidores situados em locais estratégicos, como data centers e pontos de troca de tráfego (PTTs), armazenam conteúdo relevante para a região para que o usuário não precise buscá-lo em servidores internacionais. No caso do vídeo, isso permite uma performance melhor do streaming, com menos tempo de buffering. A diferença do caching (parte da CDN voltada à performance da rede), no entanto, é que as empresas podem estabelecer acordos para entrega de serviços de CDN, conectando os servidores diretamente às redes que controlam o acesso final ao usuário. É o caso do YouTube, que conta com diversas parcerias para distribuição. No Brasil, o portal do Google tem investido na infraestrutura para disponibilizar canais e vídeos regionais de grande audiência, como do grupo de comédia Porta dos Fundos, do infantil Galinha Pintadinha e do Jovem Nerd, que trata de entretenimento e tecnologia. “Nos últimos dois anos, o YouTube tem participado com (a transmissão do festival de música) o Rock in Rio, sendo pela primeira vez em mobile no último ano, e com catch-up”, explica o gerente de parcerias estratégicas de desenvolvimento da empresa, Eric Mauskopf. “Nossa estratégia é reconhecer e levar o YouTube para o mais próximo dos usuários possível, e é assim que determinamos com que parceiros
conversamos, para pegar mais escala e acessos aos consumidores”, declara. Mas o princípio de rentabilidade do YouTube está em oferecer oportunidades aos provedores de conteúdo de conseguir uma monetização – claro, com uma comissão para o portal. Justamente por conta das possibilidades de entrega de conteúdos por meio das CDNs, hoje é possível que vídeos contem com propagandas localizadas. Mauskopf não revela detalhes das parcerias para distribuição de conteúdo no País, limitando-se a falar que a empresa olha “para qualquer oportunidade” para a entrega dos vídeos com melhor experiência do consumidor. Entretanto, é sabido que a companhia conta com parceria com vários provedores de serviços de CDN e com operadoras de rede para assegurar a entrega. Investimento próprio Uma dessas parcerias é com a GVT, com quem YouTube e Netflix têm contrato de peering. Ou seja, as empresas contam com um link direto ao servidor da operadora, otimizando o
“Nossa estratégia é reconhecer e levar o YouTube para o mais próximo dos usuários possível.” Eric Mauskopf, do YouTube acesso. “Temos uma rede de CDN especificamente para Internet para fazer espelho (do conteúdo) na nossa infraestrutura”, declara o diretor executivo de marketing e produtos da GVT, Ricardo Sanfelice. Mas a parceria com terceiros não significa que a estratégia de entrega de conteúdo seja baseada apenas nisso. A empresa conta com o próprio serviço OTT, o Power Music Club, que afirma realizar três milhões de streamings por dia. Sanfelice garante que isso não quer dizer que haja alguma diferenciação no acesso do usuário em favor da plataforma própria. Na visão dele, os over-the-top não são concorrência, mas
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infraestrutura “O OTT para um provedor de banda larga de altíssima velocidade é, até certo ponto, um aliado.” parceria. “O OTT para um provedor de banda larga de altíssima velocidade é, até certo ponto, um aliado. Pelo consumo disso, por essa oferta de valor, é que o consumidor percebe o valor da banda larga”, pondera. Se o conceito de serviços de rede de entrega de conteúdo vai de encontro à questão da neutralidade de rede, Sanfelice prefere não entrar no mérito. “É como um acordo de peering. Hoje é uma aliança, porque ele (o parceiro) vai ter o benefício de entregar o melhor serviço, meu consumidor terá uma experiência com mais qualidade e eu vou economizar com minha banda IP”, diz. Não que plataformas OTT sejam as únicas a utilizar os serviços. Por oferecer TV por assinatura, a companhia procura proporcionar CDNs em locais com grande demanda de vídeo on-demand (VOD). “Nas cidades onde nós operamos temos alguns nós com CDNs de vídeo, com conteúdo replicado justamente para quando o usuário for assistir ao VOD, pegando o vídeo local em vez de acessar ao conteúdo que estaria (nos servidores) em Curitiba e São Paulo”, declara. Estratégia semelhante à da Telefônica/Vivo, que investe tanto na oferta de IPTV – com a plataforma Mediaroom, que era da Microsoft e foi recentemente comprada pela Ericsson – quanto na de OTT. O conteúdo on-demand da plataforma da operadora fica disponível em ambas as tecnologias. “A convergência do IPTV e OTT é mais no backend, utilizamos isso em uma CDN”, explica o head de estratégias e produtos OTT da Telefônica Digital, Fernando Garcia. “A gente colocou pedacinhos de OTT para ser mais compatível com novas tecnologias”, diz.
“Não se trata de colocar grandes capacidades de processamento e entrega de conteúdo. A ideia é trabalhar para construir a rede tão espalhada quanto possível.” Cláudio Baumann, da Exceda/Akamai 40 | t e l e t i m e | j u l h o 20 1 3 | e s p e c i a l i p t v e s e rv i ço s
Ricardo Sanfelice, da GVT Parcerias A TIM não conta com serviços de TV paga e, até por isso mesmo, investe forte em parcerias com os operadores over-the-top. A chave dessa estratégia é o fornecimento de serviços CDN, que realiza com a tecnologia Videoscape Distribution Suite Transparent Caching (VDS-TC), da Cisco. A operadora prevê que, até 2016, 60% do tráfego total na Internet seja de vídeo, e argumenta que, com a solução VDS-TC, o impacto no crescimento do tráfego seria de 30% a 40% menor. Isso acontece porque, segundo o diretor de redes fixa e de transporte da TIM Brasil, Cícero Olivieri, cerca de 85% do tráfego de Internet está fora do País. O armazenamento local evita buscar o conteúdo em servidores internacionais, onerando a rede e provocando latência, deixando a aplicação mais lenta. “O mercado de infraestrutura para a operadora é complexo, não
As CDNs permitem uma performance melhor do streaming, com menos tempo de buffering. rentabiliza, e para distribuir conteúdo fica uma pressão grande”, explica o executivo. “Temos um produto, estruturado pela TIM Fiber, no qual podemos distribuir (conteúdo) com acordos exclusivos. A ideia é usar a CDN para isso”, afirma Olivieri. Daí a importância dos OTTs, como a Netflix, com quem a TIM firmou acordo em março deste ano para oferecer melhor qualidade de streaming e compressão de vídeo, chamada de Super HD (que mantém a resolução em Full HD, mas com maior bit-rate). Isso porque a over-the-top possui uma CDN dedicada chamada Open Connect, oferecida às operadoras gratuitamente em pontos de interconexão. No Brasil, a empresa conta com pontos privados em São Paulo nos data centers da Alog, no site em Tamboré, e da Global Crossing (Level 3), em Cotia. Na capital paulista, a interconexão é feita no PTTMetro Exchange, do Comitê Gestor de Internet (CGI.br). Além da Netflix, a TIM conta com acordos com vários provedores de conteúdo, como Globo e YouTube. Com as parcerias, a operadora pretende dar ao usuário maior garantia de qualidade para esses OTTs. “O conceito de experiência e latência começa a ser crítico. O YouTube vai ter que começar a se preocupar para fazer acordos para que as operadoras ofereçam uma latência baixa”, prevê Olivieri.
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infraestrutura
Segundo ele, essa necessidade vai crescer à medida que esses conteúdos chegarem a mais TVs conectadas. “Na televisão, o YouTube ainda é muito carente de qualidade.” Luta pelo mercado No campo dos fornecedores de serviços de CDN, a Akamai é a líder do mercado global, com 130 mil servidores no mundo. “Onde tem um provedor de Internet relevante, temos servidor”, diz o sócio da Exceda, Cláudio Baumann. A empresa é representante da Akamai no Brasil, além de outros países da América Latina e nos Estados Unidos, e tem mais de 200 clientes no País, incluindo portais com forte demanda de vídeo, como R7.com (do Grupo Record), Grupo Abril e Band. O vídeo, por sinal, é responsável por um terço do total do tráfego em CDNs no mundo da Akamai, e parte importante da estratégia da empresa, que oferece transmissões com segurança e conteúdos com proteção digital de direitos autorais (DRM). Para tanto, ela oferece soluções com serviços agregados, como o que chama de geobloco. “Determinado
A Netflix tem uma CDN dedicada chamada Open Connect, oferecida às operadoras gratuitamente em pontos de interconexão. conteúdo pode estar disponível para clientes de uma região, e, fora disso, ter o acesso bloqueado”, explica Baumann. Ainda assim, a arquitetura para a entrega do conteúdo se baseia justamente na distribuição da rede. A empresa não divulga a quantidade exata, mas garante que são “milhares de servidores no Brasil”, procurando colocar as CDNs cada vez mais próximas do usuário final. “Não se trata de colocar grandes capacidades de processamento e entrega de conteúdo. A ideia é trabalhar ao longo do tempo para construir essa rede tão espalhada quanto possível”, determina o executivo. Baumann explica que a rede de 42 | t e l e t i m e | j u l h o 20 1 3 | e s p e c i a l i p t v e s e rv i ço s
“A gente tem posição estratégica no Brasil, de acordo com a demanda, que vem crescendo mais até pelo mercado de vídeo.” Christiane Nicoletti, da Level 3 distribuição é construída com constantes trocas de informações, adaptando o tráfego de maneira dinâmica. “Os softwares conseguem montar um mapa instantâneo de toda a Internet acima dos backbones de cada provedor. São feitas medições de vários caminhos possíveis e são montados mapas de rotas óticas e capacidade de entrega em cada ponto”, conta. “Quando um cliente passa a usar os serviços, o que a solução faz é entregar a resolução do DNS para essa infraestrutura de servidores. Ele olha o IP do cliente e, em função disso, sabe qual será o servidor com melhores condições naquele momento.” Uma concorrente forte da Akamai é a Level 3, que afirma ter como diferencial o gerenciamento da infraestrutura, da qual também é fornecedora. “A gente tem toda uma rede, um backbone de alto tráfego, e um dos maiores players do mundo na área de Internet, então a gente consegue otimizar a transmissão de rotas, escolhendo as melhores para entregar qualidade para provedores de banda larga”, declara a especialista em produtos da empresa, Christiane Nicoletti. Ou seja, a gestão de rede e do data center da aplicação da CDN pode ser feita com um player só. Para atender a toda essa demanda, a Level 3 conta com 15 mil servidores no mundo. “A gente tem posição estratégica no Brasil, de acordo com a demanda, que vem crescendo mais até pelo mercado de vídeo, que aumenta”, diz. Especificamente para vídeo, a companhia disponibiliza a CDN Vivyx, com a qual atua em transmissão de eventos esportivos, como as Olimpíadas de Londres, a final do futebol americano, o Super Bowl, e a final da Copa da UEFA. Além disso, a companhia tem contrato com a Netflix, para quem disponibiliza o ponto de interconexão em seu data center em São Paulo. “É um cliente nosso há bastante tempo, principalmente com a operação norte-americana”, explica Nicholetti. O mercado de CDN tem se tornado tão relevante na estratégia das empresas que querem distribuir conteúdos (e para as empresas que oferecem infraestrutura para esses serviços) que uma tendência que se observa é a integração dos servidores de conteúdos na ponta da rede. Já existem tecnologias de BTS (base stations, que são as estações de transmissões das redes móveis) que incorporam capacidade de gerir CDNs. Ou seja, a única distância a ser percorrida pelo conteúdo, em tese, poderia ser entre a antena e o telefone celular, colocando o conteúdo o mais próximo possível do consumidor.
foto: marcelo kahn
“Estávamos criando obrigações para as empresas e daí decorrem obrigações para a Anatel. Ter uma área de competição certamente vai garantir que essas medidas possam ser efetivamente implementadas.”
44 | t e l e t i m e | j u l h o 2013
entrevista
Carlos Baigorri
Os caminhos da competição
Novo superintendente da Anatel detalha o funcionamento dos principais mecanismos competitivos e diz como a agência tentará assegurar que funcionem. Helton Posseti
helton@convergecom.com.br
C
arlos Baigorri, novo superintendente de Competição da Anatel, tem a responsabilidade de tornar competitivo o mercado de atacado, através da implementação do Plano Geral de Metas de Competição (PGMC). A superintendência também coordena o modelo de custo, que promete dar à Anatel parâmetros mais reais sobre o funcionamento do mercado para calibrar a mão regulatória da agência. Nesta entrevista, ele detalha o funcionamento dos principais mecanismos competitivos e diz como a agência tentará assegurar que funcionem. TELETIME – Qual a importância de uma área específica de competição dentro da Anatel? CARLOS BAIGORRI – A estruturação de uma área de competição torna realidade uma série de medidas que estavam previstas no trabalho da Anatel. Tanto é assim que no grupo de trabalho coordenado pela Superintendência Executiva (SUE) que culminou no Plano Geral de Metas de Competição (PGMC), a gente percebia que uma série de atividades que estavam sendo criadas ali não tinham uma área operacional na Anatel que se responsabilizasse por elas. Estávamos criando obrigações para as empresas e daí decorrem obrigações para a Anatel. Ter uma área de competição certamente vai garantir que essas medidas possam ser efetivamente implementadas. Então a principal tarefa da superintendência é tocar o PGMC? Não, essa é uma das principais. A superintendência tem três gerências, e uma delas é responsável principalmente pelo PGMC, que é a gerência de monitoramento das relações com as prestadoras. A proposta dele é estruturar a negociação do mercado de atacado que a gente entendia que, de alguma forma, não
tinha sido foco da Anatel desde a sua criação. Essa gerência é responsável por homologar as ofertas de atacado, coordenar e implementar a entidade supervisora das ofertas de atacado. A superintendência tem outra área, que é a de acompanhamento econômico. E ali eles têm a responsabilidade de fazer toda a revisão tarifária, fator X. O principal projeto deles, ao meu ver, é o modelo de custos, que a gente tem que entregar até novembro deste ano, já com alguma estimativa de custo de VU-M (interconexão para uso da rede móvel), TU-RL (interconexão da rede fixa) e EILD (exploração industrial de linha dedicada, ou link). A outra área é a de acompanhamento da ordem econômica, onde basicamente são feitas as análises de anuência prévia de transferência de controle, de fusão, incorporação, toda essa parte de acompanhamento societário. E o principal projeto que eu vejo para eles é analisar a descaracterização de PMS (Poder de Mercado Significativo). Sobre o PGMC, a previsão é de que em setembro o sistema esteja rodando, e houve uma briga entre as empresas com e sem PMS em função da inclusão dos contratos antigos nos sistemas. Isso já foi resolvido? Já foi definido. O sistema será integrado com os contratos legados. A ideia é que em setembro ele já esteja com a base de dados carregada. Talvez não seja possível até setembro integrar esse sistema de forma automatizada com o sistema de todas as empresas. Esse é um processo que vai demorar um pouco para ser feito. Ainda estamos avaliando qual o prazo razoável para fazer a integração. Até isso acontecer, ele funcionaria de forma independente? A empresa, quando for fazer o pedido (de contratação de EILD), ela faz no sistema da Anatel. E a j u l h o 2013 | t e l e t i m e | 45
entrevista empresa que está recebendo a demanda vai ter um problema porque ela não terá uma interface automatizada entre o sistema de negociação e a plataforma de provisionamento dela. Então, alguém terá de fazer essa interface. O ideal é ter isso integrado, só que integração de TI é algo bastante complicado. No começo as empresas com PMS vão ter maior dificuldade em receber essas demandas, porque os sistemas não estarão integrados, mas isso de forma alguma vai afastar as obrigações que elas têm. No PGMC também está previsto que até as operações internas têm que aparecer na plataforma. Isso só vai funcionar de forma plena com a integração, e aí a Anatel fiscaliza essa integração para ver se não tem nenhum filtro no caminho omitindo informações. Enquanto essa interface for humana, vai ter furos, vai ter assimetria de informação. A ideia é que isso seja resolvido no médio prazo. O PGMC não veio tarde? As empresas interessadas em utilizar os insumos das concessionárias já fizeram as suas redes, como as de TV por assinatura e os provedores regionais. A Anatel tentou resolver o problema do full unbundling, isso é fato. A antiga SPB (Superintendência de Serviços Públicos), o (Marcos) Baffuto era o superintendente, ele fez o Despacho 172 onde uma tabela diz o preço do unbundling, na modalidade co-location. Naquela época, talvez aqueles preços até fizessem sentido, mas os preços de varejo começaram a cair e o preço do atacado não caiu porque ele estava tabelado.
Regulamento de EILD. Como essas duas coisas vão funcionar? A grande contribuição que eu vejo do Regulamento de EILD é a discussão sobre EILD Especial (aquele que é instalado sob demanda) e Padrão (disponível independente da demanda). Disso o PGMC não fala. Além disso, tem algumas regras do regulamento de EILD sobre prazos, procedimentos, e a parte operacional da demanda e da entrega de EILD. Então, vejo que eles se complementam. Mas o regulamento de EILD também estabelece valores de referência, e nesse ponto ele entra em conflito com o PGMC. A tabela de referência foi montada com preços praticados no mercado, ela não teve essa análise de replicabilidade. Se o preço replicável do PGMC for maior do que o da tabela de referência, usaremos o do PGMC. Nosso objetivo é garantir competição, não transferência de margem de um player para o outro. A tabela de referência de EILD, e desde o começo ela é vista assim, é uma solução transitória. A solução final é o modelo de custo. Nem o PGMC é a solução final. O Decreto 4.733 prevê e cria a política pública dizendo que a EILD deve ser orientada a custos.
Sobre a venda das torres da Oi: você declarou recentemente que não vê a operação como ruim para a competição. Como está a análise dessa cisão aqui na Anatel? Esse processo já foi decidido e basicamente não cabe uma análise de anuência prévia. A Resolução 101 não prevê, no caso de autorizadas, a análise. A gente fez um despacho declarando que ela podia fazer, mas determinando que essa empresa, porque eles E a superintendência não estavam fazendo a cisão do capital reviu esse despacho? e criando outra empresa (a Sumbé), No grupo de trabalho do PGMC, a enquanto fizer parte do grupo Oi, se gente identificou que aquela medida submete ao PGMC. Você pode “A tabela de de full unbundling não tinha perguntar: mas por que no caso da referência de EILD, funcionado porque os preços não Vivo/Telefônica, quando ela vendeu e desde o começo eram replicáveis. Foi aí que surgiu o as torres, não teve isso? Porque no ela é vista assim, conceito de replicabilidade. Você tem caso ela estava vendendo as torres que garantir que o competidor tenha de fora do grupo, para uma empresa é uma solução uma margem mínima para comprar que só vende torre e não tem transitória. os insumos e competir com o dono nenhum incentivo a vender A solução final desse insumo no mercado de varejo. Inclusive, essa é a é o modelo de custo. diferenciado. Por isso que a gente colocou em análise que o Cade fez: a venda dos Nem o PGMC é a consulta pública a proposta de insumos era boa porque solução final.” metodologia de análise de representava uma desverticalização replicabilidade. Em vez de eu tabelar o da cadeia. preço, eu vou “tabelar” uma fórmula. A gente entende que se os preços de varejo oscilam, os preços de atacado Mas tem a outra venda, que envolve as torres também têm que oscilar. de telefonia fixa para uma empresa de fora. Nesse caso cabe a análise de anuência prévia, Existe uma sobreposição entre o PGMC e o porque é cisão de capital de uma concessionária. Mas 46 | t e l e t i m e | j u l h o 2013
foto: divulgação
esse processo está na área de controle de obrigações do Roberto (Pinto Martins). Ele que vai dizer, do ponto de vista da continuidade do serviço, se pode fazer aquela operação, e eu vou dizer se pode ou não pode do ponto de vista competitivo. Mas se estiver vendendo para uma empresa de fora do grupo, eu acho que não tem nada o que fazer.
A Anatel aprovou o pedido da Telefônica para fundir suas operações de telecom em um único CNPJ. Isso não dificulta o controle dos bens reversíveis? Nos condicionantes dessa operação, o Conselho determinou que fosse garantido o controle específico dos bens reversíveis. Essa é uma preocupação que o Conselho teve, no caso da Sercomtel e no caso da Telefônica, ao analisar esses processos. Eu não acho que isso dificulte a discussão sobre o que é bem reversível ou não, até porque a gente tem desde o ano passado a lista autodeclarada dos bens reversíveis. O acompanhamento continua da mesma forma. Na Itália, em função de uma oferta da Hutchison Wampoa, o órgão regulador determinou a separação estrutural da Telecom Italia. Aqui, no caso da Telefônica, o conselho optou pela separação funcional. Será que a separação estrutural não serviria para garantir melhor controle dos bens reversíveis e efetividade do PGMC? As medidas do PGMC somadas com as de outros regulamentos, como o do DSAC (Documento de Separação e Alocação de Contas), que obriga a separação contábil, mais os condicionantes da anuência dada pelo Conselho, parecem suficientes para resolver o problema competitivo. Evidentemente que a gente só vai saber na prática. A separação estrutural é o nível mais alto de separação, é uma decisão muito drástica que foi tomada em poucos casos na literatura internacional. A gente tem o caso da Inglaterra e agora o caso recente da Itália. Eu acho que é uma solução drástica e só deve ser tomada em última medida. Análise de impacto regulatório dentro da Anatel já é um consenso? O novo regimento foi claro na necessidade de que se tenha uma análise de impacto regulatório e, inclusive, definiu a Superintendência de Planejamento e Regulamentação para fazer essa análise. Não sei se
seria razoável fazer a análise de impacto regulatório mais completa possível para todos os casos. Acho que isso deveria se modular em função da complexidade do regulamento. Por exemplo, o regulamento do fator X que tem um impacto muito grande, deveria ter uma análise de impacto regulatório mais profunda possível. Já a análise de um regulamento que fala das características técnicas das antenas omnidirecionais talvez pudesse ser mais simples. E, basicamente, essa análise vai dizer qual o impacto daquela medida no mercado? Para mim, é falar qual problema você quer resolver, justificar por que é um problema, analisar uma série de formas de resolver e, dentre essas formas, definir qual é a mais adequada. Isso é uma coisa que de forma implícita sempre era feita nos informes da Anatel. Geralmente essa discussão existia não formalizada no processo. Se discutia no grupo qual a melhor solução e no final se chegava só com aquela, não se trazia no informe a discussão das possíveis formas de fazer, e aí o processo não ficava tão rico no debate. Sobre o modelo de custo, do ponto de vista formal, o que fará a Anatel quando esse trabalho estiver concluído? O modelo de custos tem sete produtos. O último produto é transformar todas as contas em regra. Ou seja, na hora que você souber que a VU-M vai ter um custo de “x”, vai definir o preço orientado a custo. Evidentemente, isso não quer dizer que ela tem que ser o custo. Depois vem uma decisão regulatória. Se a VU-M for o custo, quase ninguém vai ter incentivo a vender porque não vai ter margem de lucro. Agora, se você falar que a interconexão vai ser dez vezes o custo, você incentiva o mercado a crescer, mas sua competição vai lá para baixo, porque ninguém vai conseguir entrar nesse mercado. Aí já é uma decisão de política regulatória, sobre o que se quer para o setor uma decisão do Conselho. E no PGMC, quando fala de oferta de referência, um dos princípios é a orientação a custos. Se daqui a um ano a gente tiver como calcular o “x” do bitstream, da interconexão classe V, da interligação, do line sharing, do full unbundling, a gente pode homologar a oferta de referência a um preço amarrado no “x”, não mais usando a replicabilidade, que é amarrada no varejo. Por isso que tanto a tabela de EILD quanto a replicabilidade são soluções transitórias para o modelo de custo. j u l h o 2013 | t e l e t i m e | 47
share da telefonia móvel (acessos totais)
Outras 0,10%
Vivo 28,67%
Claro 25,01% CTBC 0,34%
Dados de mercado
Crescimento das operações móveis Consolidado Jan-Jun de 2013 Adições líquidas
tim 27,17%
Acessos 2G
Handsets 3G
Modems 3G
Oi 28,71%
Acessos M2M
Acessos 4G
Total de acessos junho/13
35.967
66.472.435
Claro
1.234.093
-5.729.563
6.536.774
87.755
303.160
CTBC
165.916
-41.746
197.452
0
10.210
0
906.884
7.250
7.250
0
0
0
0
7.250
Datora Nextel OI
120.310
0
9
120.301
0
0
120.346
470.807
-2.762.356
3.215.157
-16.285
12.901
21.390
49.708.339
57.558
4.114
0
0
53.444
0
65.858
Porto Seguro Sercomtel TIM
-4.055
-7.774
4.112
-414
0
21
65.452
1.819.117
-3.051.082
4.862.000
-49.954
22.973
35.180
72.195.067
Vivo Total Brasil
62.318
-3.531.861
2.876.962
205.011
430.680
81.526
76.199.586
3.933.314
-15.113.018
17.692.466
346.414
833.368
174.084
265.741.217
Fonte: Teletime, com base em dados da Anatel, junho/2013.
4G
No Brasil havia 174 mil conexões LTE ao final de junho. Previsão da Anatel era de que o País encerrasse 2013 com 4 milhões de acessos 4G, estimativa que se mostrou bem pouco realista.
ndo. Até 2018, re o mu des n E T 4G L os de s es
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bilhões de pesso as.
serão 180 mil 2013, hõe Em sd ea c
Tom and Kwikki/shutterstock.com
LTE deve gerar receitas globais de US$ 73,8 bilhões em 2013 e de US$ 530,5 bilhões em 2018.
Fonte: ABI Research e Anatel.
48 | t e l e t i m e | j u l h o 2013
ott
Mobile VoIP: um bilhão de usuários no mundo O uso de serviços de voz sobre IP (VoIP) providos por empresas over-the-top (OTT) em dispositivos móveis tem crescido rapidamente no mundo e tomado receita das operadoras celulares, especialmente em chamadas internacionais. Em 2012, houve crescimento de 550% no número de usuários VoIP, alcançando a marca de 640 milhões, segundo estimativas da Infonetics Research. Serão mais de um bilhão de usuários móveis OTT de serviços VoIP até o final de 2013. O Skype é líder, com 40% da base de usuários. Mas há novos players ganhando força, como Viber, Fring, KakaoTalk, Line e WeChat. Todos são oferecidos por meio de apps móveis disponíveis nas lojas de aplicativos de diversos sistemas operacionais de smartphones. O único problema é que a receita gerada pelo serviço ainda é baixa. Em 2012, calcula-se que mobile VoIP provido por OTTs gerou uma receita de US$ 7,13 por usuário no ano inteiro.
Os smartphones responderam por 40% das vendas de telefones celulares do País, em número de unidades. Um ano atrás, no mesmo período, a participação era de 21%. Fonte: GfK, jul/2013.
enquanto as de desktops caíram 68% e as de notebooks subiram 43%. Em maio de 2012, o preço médio de um tablet era de R$ 1.100. Agora gira em torno de R$ 600. 58% dos tablets vendidos no País nos cinco primeiros meses do ano custavam menos de R$ 500.
pockygallery/shutterstock.com
Com mais de 16,2 milhões de residências com TV por assinatura, o Brasil encerrou 2012 como o sétimo maior mercado de TV paga do mundo, embora o número de domicílios seja consideravelmente menor que os mais de 100 milhões de lares que têm Índia e Estados Unidos e os mais de 230 milhões da China. Ao final de 2012, havia 772 milhões de domicílios com TV paga no mundo e as receitas globais de TV por assinatura somaram US$ 184 bilhões. A América do Norte responde sozinha pela metade desse montante.
apps
8º
9º
13,0 México
14,4 Reino Unido
7º
16,1
6º
Coreia do Sul
Brasil 16,2
5º
21,8 Alemanha
4º
23,6 Rússia
2º
25,1
3º
100,2
Japão
1º
EUA
China
Fonte: GfK, jul/2013.
116,7
232,8
Os 10 maiores mercados de TV por assinatura (em milhões de domicílios)
Índia
1.540%,
rvlsoft/shutterstock.com
Em dois anos, as vendas de tablets cresceram
TV por assinatura
Brasil encerrou 2012 como sétimo mercado mundial
10º
Fonte: Digital TV Research.
Receita dobrará até 2017 A projeção é da Appnation e inclui não apenas a receita oriunda de downloads pagos e de vendas in-app, mas também de publicidade e de venda de bens físicos e serviços pelos aplicativos. Por sinal, este último item representará cerca de 75% do total.
Os maiores operadores móveis do mundo Crescimentos calculados entre março de 2012 e de 2013
A economia de aplicativos móveis vai dobrar de US$ 72 bilhões em 2013 para US$ 151 bilhões em 2017.
Rashevskyi Viacheslav/shutterstock.com
Conexões (milhões)
Crescimento anual conexões
Receita móvel anual (US$ bilhões)
Crescimento anual receita móvel
1
China Mobile
726.31
8%
90.44
6%
2
Grupo Vodafone
381.75
-
54.50
-8%
3
Grupo América Móvil
262.91
6%
34.53
9%
4
Grupo Telefónica
247.31
3%
46.84
1%
5
China Unicom
250.71
16%
21.03
17%
6
Verizon Wireless
114.45
5%
65.05
7%
7
Grupo VimpelCom
211.86
4%
19.58
-2%
8
Grupo Orange
140.20
28%
26.24
-7%
9
Grupo Bharti Airtel
259.84
7%
12.58
6%
10
AT&T Mobility
107.25
3%
59.68
4%
11
China Telecom
168.03
19%
14.792
21%
12
Deutsche Telekom
111.10
4%
33.37
-3%
13
Grupo MTN
153.53
13%
13.962
-10%
14
Grupo Telenor
145.25
-2%
10.47
3%
15
Grupo Telecom Italia
103.09
3%
16.15
-10%
16
NTT DOCOMO
61.54
2%
40.31
-17%
17
Sprint Nextel
55.21
-2%
29.15
4%
18
Grupo Sistema
106.12
-8%
10.04
-
19
Telkomsel
120.61
9%
5.56
3%
20
au (KDDI)
37.71
7%
19.65
-17%
Fonte: GSMA Intelligence. Base: 1T2013.
j u l h o 2013 | t e l e t i m e | 49
produtos&serviços Banda larga
Sobrevida ao cobre O padrão de transmissão de dados na velocidade de 1 Gbps sobre linhas de cobre da União Internacional de Telecomunicações (UIT), o G.fast, está próximo de virar realidade. A UIT aprovou no início de julho o primeiro estágio do padrão, após especificar métodos para minimizar o risco de interferência em equipamentos de radiodifusão, como rádio FM. A expectativa da entidade é que o G.fast seja aprovado no começo de 2014. A tecnologia permite, em teoria,
alcançar a velocidade gigabit em redes com distância de 250 metros do gabinete com backhaul de fibra. Atualmente, provedores que utilizam o fiber-to-the-curb (FTTC), como GVT e TIM, conseguem velocidades teóricas de 100 Mbps com redes de cobre na última milha a uma distância de 450 metros, utilizando VDSL2. O G.fast é uma evolução do VDSL2 e combina as tecnologias pair-bonding (fazendo a junção de dois pares de cobre), vectoring (eliminando o cruzamento ou interferência entre diferentes linhas VDSL2) e phantom mode (criando pares virtuais entre pares de cobre).
Billing
Solução nacional para teles pequenas O esquema de faturamento de clientes nas operadoras não é um processo simples em nenhum lugar no mundo, mas pode ser ainda mais complicado no Brasil devido às particularidades do padrão contábil e fiscal. Por isso, as plataformas de gestão de cobrança adaptadas ao País costumam ser caras, tornando-se inviáveis para players menores. A proposta da companhia brasileira Smartbill é preencher essa lacuna com o que chama de “segmento de economia de recorrência”, oferecendo uma ferramenta para flexibilizar preços, diminuir inadimplência, acompanhar recebimentos e oferecer preços que equivalem a 10% do custo de uma solução estrangeira. “Enquanto grandes empresas cobram de R$ 7 milhões a R$ 10 milhões, o nosso sai por R$ 15 mil a R$ 50 mil, e envolve tudo. Representamos 90% de economia”, garante o CEO e fundador da empresa, Mauricio Kigiela.
5 0 | t e l e t i m e | j u l h o 2013
OTT
Totalmovie usa TV ao vivo contra Netflix Em soft launch desde maio, a Totalmovie tem grandes ambições para o Brasil. O serviço de vídeos over-thetop (OTT) conta com parceria com programadores para fazer não apenas a oferta tradicional de streaming de títulos, mas também de canais de TV ao vivo pela Internet. A estratégia, ambiciosa, é de atingir os consumidores das classes C, D e E com foco na disponibilidade em dispositivos móveis (de notebooks a smartphones, passando por tablets). A ideia é ampliar o número de canais ao vivo de três para 13 no País, como já ocorre em outros países da América Latina. A Totalmovie entende que há particularidades no mercado brasileiro. Por isso mesmo, o serviço procura oferecer canais lineares, mas não da TV aberta. A intenção é focar mais em conteúdos especializados, que seriam mais para a TV paga. Atualmente, o serviço oferece streaming dos canais Rush HD, Concert Channel e MixPlay TV, todos da DLA, programadora agora controlada pela também mexicana América Móvil.
Handsets
Telefónica lança primeiro modelo com Firefox OS O Firefox OS finalmente está disponível comercialmente. O primeiro modelo com o sistema operacional da Mozilla é o ZTE Open, disponível a partir de 2 de julho na Espanha para assinantes da Telefónica ao preço de 69 euros, algo próximo a R$ 200. A operadora está oferecendo 30 euros de crédito para os pré-pagos que adquirirem o aparelho e um cartão microSD de 4 GB. Dentro de algumas semanas o produto chegará à América Latina, através das operadoras do grupo espanhol na região. É provável que a Vivo seja uma delas.
O ZTE Open, apresentado em fevereiro passado, tem 3,5 polegadas, resolução HVGA, 256 MB de RAM, 512 MB de espaço interno e câmera de 3,2 MP. Seu sistema operacional é leve, baseado em HTML5. Na prática, é como se fosse um navegador de Internet e as aplicações, páginas HTML. Este é o primeiro de uma série de aparelhos com Firefox OS que chegarão aos mercados europeu e latino-americano por meio de operadoras como Movistar, Claro, T-Mobile, dentre outras. Além da ZTE, estão comprometidos com essa plataforma fabricantes como Alcatel One Touch, Huawei e LG.
Vídeo
App do YouTube para PS3 agora envia vídeos para a TV O Google e a Sony disponibilizaram uma atualização do aplicativo do YouTube para o PlayStation 3 (PS3) que implementa a função de enviar vídeos para a TV. Trata-se de uma funcionalidade semelhante ao recurso AirPlay, da Apple: o usuário busca um vídeo pelo app de smartphone e tablets com os sistemas Android ou iOS e, clicando em um ícone de TV, envia o conteúdo para a exibição pelo console de games, desde que os dispositivos estejam conectados à mesma rede Wi-Fi. Um recurso de controle por smartphones também já estava disponível para o PS3 (além de smart TVs), mas necessitava de inserção de código numérico para parear os aparelhos.
Localização
Redes óticas
Teles poderão alugar redes para localizar pessoas desaparecidas
ALU alcança 31 Tbps em cabo submarino
A presidenta Dilma Rousseff sancionou no dia 10 de julho uma lei que permite às operadoras móveis alugar suas redes para a localização de pessoas desaparecidas. A ideia é usar as redes como um sistema integrado que possa distribuir mensagens instantaneamente e a baixo custo a qualquer pessoa no território nacional, em casos que exigem rápida mobilização.
A Alcatel-Lucent anunciou em Paris no dia 16 de julho a quebra de recorde de volume de dados transmitidos em distâncias transoceânicas em uma única fibra. A companhia francesa chegou a 31 Tbps em mais de 7,2 mil km, capacidade três vezes superior à dos cabos submarinos atuais. O feito foi possível graças a um span de 100 km, ou seja, a distância entre amplificadores mantendo-se o comprimento inteiro. Os testes ainda utilizaram técnicas de detecção de distorção de sinal e ruído com tecnologias de modulação, transmissão e processamento de sinal combinados com codificação de correção de erros. O experimento utilizou 155 lasers, cada um em frequência diferente e transportando 200 Gbps em uma rede de frequência de 50 GHz. j u l h o 2013 | t e l e t i m e | 5 1
ponto de vista
Aplicações contextuais Matias Attwell*
cartas.teletime@convergecom.com.br
foto: divulgação
É
*Diretor de Social & Mobile Media global do Terra.
fato que a adoção de dispositivos móveis lojas e plataformas móveis começam a se tornar inteligentes aumenta em todo o mundo. contextuais: com o novo iOS 7, a App Store Analistas como a Forrester preveem que até permitirá descobrir aplicações que estão sendo 2016 os usuários de Internet móvel utilizadas perto de sua localização, a cada superarão o número de internautas “fixos”. No instante; no evento Google I/O 2013, o Google entanto, os números que acompanhamos lançou novas APIs que permitem localizar com diariamente marcam o momento em que o celular precisão um usuário dentro de edifícios, e detectar será a primeira tela para Internet, cenário que pode seu tipo de atividade. chegar em 2015 na América Latina. Os preços dos Estas novas aplicações contextuais abrem dispositivos baixam e a crescente melhora do uma grande oportunidade e um grande desafio ao poder aquisitivo de setores da população, antes mesmo tempo: o problema da privacidade e a relegados, fazem com que se possa acessar dados confiança do usuário se tornam centrais. Assim, ou pacotes de conexão de baixa demanda, por dia caso desenvolvam bem as aplicações, os meios ou por quantidade de tráfego. têm grande chance de se tornar perceptivos, a Estamos diante de uma transformação que partir de entender quem é cada usuário, o que está não é só relevante por sua dimensão quantitativa, fazendo e apresentar-lhe conteúdos de forma mas também porque possui uma qualidade apropriada. Não só podemos apresentar diferenciada: os smartphones e uma nova geração informação segmentada pelo lugar onde cada de computadores “vestíveis” (smart watches, smart usuário esteja – o horóscopo de seu signo ao shoes, smart glasses) levam cada vez mais conhecer sua data de aniversário, por exemplo –, sensores (rádio, bússola, acelerômetro, giroscópio, mas também em função do que está fazendo: GPS, Wi-Fi etc.) dentro deles. uma experiência sintetizada caso o As plataformas móveis dominantes usuário esteja caminhando, e uma estão extraindo cada vez mais sentido mais imersiva se o usuário está da informação que produzem, abrindo sentado em sua casa. as portas para uma nova geração de Os meios que aproveitarem este estudos aplicações que conhecem mais o novo espaço de intimidade e que usuário e se adaptam à sua localização ganharem a confiança de seus mostram que, e contexto. usuários são os que alcançarão o em média, o Assim, apps como o assistente usuário mobile ingresso no grupo seleto de apps pessoal inteligente Google Now podem usados com regularidade, que não usa entre seis antecipar os movimentos do usuário e são muitos. Os estudos mostram e nove apps avisá-lo, na hora habitual de volta para que, em média, o usuário mobile em um período casa, quanto ele demorará a chegar pela usa entre seis e nove apps em um de 30 dias, melhor rota, dependendo do tráfego; período de 30 dias, dependendo de aplicações de “fitness” reconhecem sua idade e localização geográfica. dependendo automaticamente se o usuário está No Terra, estamos apostando ser um de sua idade correndo, caminhando ou pedalando na deles, embarcando em um caminho e localização bicicleta para registrar informações de de entender melhor nossos usuários geográfica. sua atividade física; os aplicativos a fim de oferecer conteúdos no terra, “Tinder” ou “Highlight” redefinem os personalizados, que terá seus estamos serviços de encontros e socialização, primeiros impactos ainda em 2013. apostando ser Nesse caminho, sem dúvidas, o centrando sua proposta na localização. um deles. E não só os apps, mas também as celular será protagonista.
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NÃO FIQUE FORA DE ÓRBITA!
Conheça as novidades do mercado brasileiro de satélites. ALGUNS TEMAS DE 2013: • O Presente e o Futuro do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC). • Papel do satélite no mercado de banda larga e banda X; modelo privado e modelo Telebrás. • Benefícios e beneficiados pela O3B. • Cobertura marítima para plataformas, petroleiros e outros navios. • As novas regras para a banda Ka e a estratégia da Anatel para as posições orbitais. • As mudanças no mercado de TV via satélite.
O CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE SATÉLITES REÚNE OS REPRESENTANTES DO GOVERNO E DIRIGENTES DO SETOR PARA DISCUTIR E DEBATER AS PRINCIPAIS QUESTÕES QUE ENVOLVEM O MERCADO SATELITAL.
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ponto&contraponto
Correndo atrás do rabo Cláudio Dascal
Quanto à escuta ou interceptação de voz ou de dados, depende apenas de intenção, e a proteção mais eficaz, apesar de limitada, é a criptografia. Uma forma de ão dá para evoluir, crescer, enquanto o País proteção é ter rotas alternativas para balancear o tráfego e continuar correndo erraticamente atrás do não dar de bandeja a oportunidade para vigilância ou próprio rabo. Tentando remendar no afogadilho espionagem, como é o caso desta total concentração das cada vez que é surpreendido por situações que, nossas comunicações nos Estados Unidos. A discussão de em geral, são consequência da falta de planejamento e governança da Internet mundial não altera este fato, e não estratégia de longo prazo. deve nos distrair de nossas carências e prioridades. Não é fato novo nem desconhecido que todas as Voltamos, como sempre, à questão do planejamento comunicações e conexões de dados saindo e entrando no integrado de nossas necessidades e objetivos. Este é o Brasil trafegam via Estados Unidos, mais especificamente ponto central. Temos várias iniciativas incríveis, mas, ao pela Flórida. A razão não é geopolítica. Simplesmente, há mesmo tempo, situações em que estamos na Idade da poucas conexões modernas e que suportem volumes Pedra. A fragmentação das responsabilidades, o aumento crescentes de dados, fruto da evolução das redes que só de ministérios como forma de dar foco a problemas, em transportavam voz e aos poucos evoluíram para geral sem resultado efetivo; departamentos e agências transportar também tráfego IP. regulando cada micro decisão no País; tudo isso leva a Há anos que se discute o acesso à Internet como fator uma falta de previsão, de visão e desperdício de recurso. de crescimento e de desenvolvimento. Previsões de tráfego Mas, acima de tudo, nos faz perder o bonde da história. IP de terabytes por segundo estão no radar da Anatel e dos Boas ideias são bem-vindas, mas não é só isso. planejadores de rede há anos. Estudos em reuniões da UIT Precisamos de um plano integrado, que inclua a sinalizavam há cinco anos que os indicadores de riqueza infraestrutura de rede, mas que também se preocupe hoje associados ao produto interno bruto terão uma com a sua utilização de forma integrada, otimizada em componente mais relevante associada ao termos de recursos, serviços e pessoas, volume de dados trafegado no país medido. para que a população se beneficie e o País Assim, país rico e desenvolvido estará Vamos assumir possa alçar voo sustentável, e não apenas associado à quantidade de terabytes nossa parcela de soluços. O Ministério das Comunicações trafegados e, por consequência, à troca de teve a preocupação de assegurar a responsabilidade sempre tráfego internacional decorrente de sua existência da infraestrutura de redes. e de falta de participação na economia global. O volume Escolas foram conectadas no PNBL. Os planejamento e municípios todos estarão conectados, de dados continua a crescer e continuamos estratégia. regateando investimentos para entrarmos talvez até com infraestrutura local. Mas e decididamente na era digital. os serviços de educação, saúde, governo Quando o assunto é segurança das eletrônico, professores e médicos? Fica redes, deve-se considerar sua qualidade de construção, cada coisa para um ministério, ou departamentos redundância e boa gestão e monitoramento que diferentes dentro de cada ministério, governos estaduais permitam antecipar falhas e estabelecer rotas ou prefeituras. Um plano integrado passa por uma alternativas, evitando o colapso das comunicações. reformulação de estrutura administrativa em todas as Infelizmente, a situação das nossas redes terrestres é instâncias, e de mudança de atitude, abandonando os terrível, pois muitas das rotas alternativas são cabos corporativismos arcaicos. passando pelo mesmo caminho físico, sujeitos à Vamos parar de correr atrás do rabo e vamos assumir perda total no caso de enchentes, escavadeiras a responsabilidade que nos compete. Este caso de desavisadas, queda de pontes e outras situações espionagem norte-americana não deve deixar de ser um similares. Nas redes internacionais, os cabos são alerta, mas não vamos colocar a culpa só neles. Cabe protegidos por rotas alternativas, mas sempre levando assumirmos a nossa parcela de responsabilidade e de ao Norte, em direção aos Estados Unidos. falta de planejamento e estratégia. dascal@uol.com.br
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CONHECIMENTO. REVISTA TELETIME Leitura obrigatória para o profissional de telecomunicações. Jornalismo independente e confiável, acompanhando e antecipando tendências do mercado de telecom desde 1997.
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