Revista Teletime - 171 - Novembro de 2013

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TENDÊNCIA Conectividade chega aos dispositivos de vestir, como roupas, óculos, relógios e acessórios

Ano 16 • Novembro 2013 • #171 www.teletime.com.br

REGULAMENTAÇÃO TACs são opção da Anatel para lidar com o problema das multas que nunca são pagas

5G aparece no horizonte

Tecnologia móvel de quinta geração está prevista para 2015, com velocidades de 10 Gbps, latência de 1 ms e conectividade em qualquer lugar


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editorial

Volta às origens

E

sta edição de TELETIME marca o fim de um a fazer ainda em 1996 e que desde então se longo ciclo para nós e para nossos leitores. consolidaram pela qualidade, isenção, seriedade e Após 15 anos e meio, deixaremos de editar esta qualificação dos palestrantes e da audiência. A publicação na forma impressa. TELETIME, Converge realiza mais de uma dezena de eventos ao contudo, continua onde nasceu: no mundo digital. ano nas áreas de telecomunicações, Internet, Lançamos o site e o noticiário online TELETIME News mobilidade, produção audiovisual e de conteúdos, TV por antes de apostar no meio impresso, isso no começo assinatura, TI e outros. Para 2014, teremos eventos de 1998. Fomos pioneiros nessa empreitada, e ainda melhores, sempre caracterizados pelos mesmos acertamos. Desde então, nossa parceria com o princípios que norteiam nosso jornalismo: pautas e mercado tem sido diária, e isso não mudará. Também temas relevantes formulados por profissionais estamos planejando e desenvolvendo outras formas experientes, seleção cuidadosa das fontes de de levar conteúdos a nossos leitores utilizando as informação (no caso, palestrantes e debatedores), uma tecnologias de hoje. Em breve, teremos novidades. mediação profissional e preparada e, sobretudo, um Abrir mão da publicação impressa, contudo, não foi público qualificado. uma decisão fácil, nem é algo de que nos Na primeira edição da TELETIME, a orgulhemos. Simplesmente nos curvamos matéria de capa refletia sobre o impacto à realidade do mercado: hoje, menos que a tecnologia IP teria no mercado de estamos pessoas têm condições de ler com o telefonia. Era o tipo de pauta que mirava planejando e cuidado e a atenção necessária uma um futuro ainda distante, mas desenvolvendo importante para quem procurava se publicação impressa. E, sobretudo, menos outras formas planejar para aquele novo tempo. Nesta empresas estão dispostas a investir nesse de levar produto como um canal de mídia e última edição, fazemos a mesma coisa. comunicação. A fórmula é simples: sem o A matéria de capa olha para o ainda conteúdos a suporte de uma receita de publicidade que nossos leitores distante universo da quinta geração de justifique os custos industriais no processo utilizando as serviços móveis. Outra importante de diagramação, impressão e distribuição, a reportagem analisa o mercado de tecnologias conta não fecha. Durante muitos anos, esse acessórios “vestíveis”, que expandirão o de hoje. modelo fez sentido e ajudou o mercado a universo da conectividade e da ter mais credibilidade e transparência. mobilidade. A TELETIME impressa Poucos são os setores da economia que podem dizer termina, portanto, olhando para frente, como começou. que têm uma mídia especializada séria e Não é fácil abrir mão de uma publicação que independente. Mas a exemplo do que se observa na desenvolvemos com tanto cuidado e por tanto tempo. realidade da mídia impressa em muitos outros Lamentamos que muitos leitores perderão esse canal setores, as coisas mudaram. Sobretudo na forma de informação, e a eles nos desculpamos por essa como o próprio mercado apoia essas iniciativas de decisão. Mas temos certeza de que continuaremos comunicação setorial. proporcionando ao mercado o que, modestamente, Nesse caso, nossa opção foi por mudar também e acreditamos ter proporcionado ao longo desse tempo: dedicar recursos e esforços a outras formas de levar a informação de qualidade. Muito obrigado, leitores, pela informação, e é isso o que faremos, seja pelos meios companhia na jornada até aqui. digitais, no nosso noticiário online, seja nos nossos especiais, como o Atlas Brasileiro de Telecomunicações, samuca@convergecom.com.br ou nos nossos eventos setoriais, algo que começamos

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Ano 16 • novembro2013 www.teletime.com.br

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#

Tendência

Na moda da tecnologia Nova categoria de acessórios inteligentes, os “wearable devices” trazem potencial para uma nova safra de desenvolvedores de aplicativos para relógios, pulseiras, óculos e até roupas inteiras.

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Tecnologia

Femtocells em evidência Com a regulamentação que disciplina o uso e desonera do Fistel das femto de até 1 W, operadoras já se movimentam para testar e implantar as pequenas antenas como parte da estratégia de cobertura móvel.

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Capa

Ultra banda larga de bolso Evolução natural do 3G e do 4G, a quinta geração de redes móveis deixará o usuário sempre conectado com alta velocidade. Empresas já começam a discutir como será o padrão, que ainda vai conviver com tecnologias legadas.

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Editorial 3 News 6 Bits 34 Contraponto 38 ilustração de capa: ktsdesign/shutterstock.com.

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Infraestrutura

Compartilhai os ativos Crescimento da demanda, busca pela qualidade e otimização de custos de investimentos e de operação levam empresas a compartilharem infraestrutura de backbone até o acesso.


Editor Samuel Possebon

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Editora Adjunta e Editora de Projetos Especiais Letícia Cordeiro

mercado

Bolha especulativa

Editor de Mobilidade Fernando Paiva (Rio de Janeiro)

Eventual troca no controle da Telecom Italia e possível venda da TIM Brasil interferem no planejamento das empresas e também no cenário político nacional.

Redação Bruno do Amaral e Helton Posseti (Brasília) Consultor Especial Cláudio Dascal Arte Edmur Cason (Direção de Arte); Geraldo José Nogueira (Edit. Eletrônica); Bárbara Cason (Web Designer) e Lucio Pinotti (Tráfego/Web) Departamento Comercial Cibele Tommasini (Gerente Negócios) Ivaneti Longo (Assistente) Inscrições e Assinaturas Gislaine Gaspar (Gerente) Marketing Gisella Gimenez (Gerente) Ana Paula Pascoaletto (Assistente) Presidente Rubens Glasberg Diretores Editoriais André Mermelstein Claudiney Santos Samuel Possebon (Brasília)

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TV por assinatura

Na ótica dos pequenos Oportunidades de ofertas triple-play com a Lei do Serviço de Acesso Condicionado levam provedores de Internet a oferecer TV a cabo usando tecnologias como FTTH, HFC e o serviço por satélite.

Diretor Comercial Manoel Fernandez Diretor Financeiro Otavio Jardanovski

Administração Claudia Tornelli Zegaib (Gerente) TELETIME é uma publicação mensal da Converge Comunicações. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A. Jornalista responsável Rubens Glasberg (MT 8.965) Impressão Ipsis Gráfica e Editora S.A.

fale com a gente Converge Comunicações - Rua Sergipe, 401, Conj. 603 - CEP: 01243-001 - Telefone: (11) 3138-4600 e Fax: (11) 3257-5910 São Paulo, SP. Sucursal Brasília CLN 211, Bloco D, Sala 205 - CEP 70863-540 Fone/Fax: (61) 3327-3755 - Brasília, DF.

redação teletime (+5511) 3138-4600

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Regulamentação

Contra a avalanche de multas Com Termos de Ajustamento de Conduta (TACs), nova Superintendência de Controle de Obrigações da Anatel tenta uma forma mais eficiente de a agência garantir investimentos.

PUBLICIDADE (+5511) 3138-4657

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Filipe Matos Frazao/shutterstock.com

Da redação do Teletime News www.teletime.com.br

marco civil

A neutralidade e a 4G

Rashevskyi Viacheslav/shutterstock.com

Enquanto o Congresso Nacional discute os detalhes do Marco Civil da Internet, o setor de telecomunicações procura prover os parlamentares com informações que embasem seus votos. A GSM Association (GSMA), entidade internacional que representa todo o setor de telefonia móvel, acompanha o assunto de perto, mas não apresentou ainda uma posição definitiva. Entretanto, seu diretor no Brasil, Amadeu Castro, demonstra preocupação quanto ao artigo que trata da neutralidade de rede, especialmente quanto ao efeito que poderá ter sobre a prestação de serviços nas redes de quarta geração (4G). “A GSMA, como linha geral, busca garantir que haja liberdade de inovação e criação. Dependendo de como estiver escrito (o artigo sobre neutralidade), pode haver impacto que impeça a inovação”, avalia. A preocupação se baseia no fato de que nas redes de quarta geração todo o tráfego será em protocolo IP, inclusive as chamadas de voz. Para garantir a qualidade de uma ligação de voz em uma rede de dados, é necessário dar-lhe prioridade de passagem sobre outros serviços. É assim que se pretende fazer quando for implementado o

VoLTE (Voice Over LTE). Hoje, as chamadas de voz dos assinantes com aparelhos 4G ainda trafegam à moda antiga, em redes 3G, em uma solução conhecida com CSFB (Circuit Switch Fall Back). Aplicações de telemedicina e de segurança também precisariam ter prioridade dentro da rede para funcionarem conforme o esperado. “O princípio de não discriminação entre usuários é perfeito. É preciso achar uma redação adequada e equilibrada, que não atrapalhe certas finalidades”, comenta Castro. Nem tão complicado assim Uma nova avaliação que começa a se consolidar entre especialistas das empresas de telecomunicações que acompanham o Marco Civil: a de que a redação do artigo 9 do projeto de Marco Civil em votação na Câmara no final de novembro, que trata da questão da

neutralidade, não é de todo ruim para as teles (ainda que isso não seja dito publicamente). Uma das leituras, baseada na interpretação do parágrafo 1º do artigo e seus incisos, é a de que, ao permitir a discriminação ou diferenciação de tráfego em função de “requisitos técnicos indispensáveis à prestação adequada dos serviços e aplicações”, abre-se a porta pleiteada pelas teles para serviços de VoIP, saúde, teleconferência e transmissão de vídeo que demandam capacidade diferenciada e priorização de tráfego. A única limitação que ainda permaneceria seria para uma diferenciação dinâmica, ou seja, que analisasse os pacotes de dados trafegados e, a partir dessa análise, fizesse os ajustes na rede. Ainda serão buscados ajustes para reforçar ainda mais essa leitura, mas o caminho parece mais simples do que se pintava.

tacs estratégia

Vodafone no Brasil Conforme antecipado por TELETIME News no final de setembro, a operadora móvel virtual (MVNO) Datora Mobile passa a se chamar Vodafone Brasil. “A ideia é que a empresa cubra não apenas M2M, mas também voz e dados básicos, além de outros tipos de soluções de conectividade e acordos de nível de serviço (SLA)”, declara o diretor da área de parcerias da companhia britânica, Ravinder Takkar. A MVNO tem contrato com a TIM, atuando na mesma área de cobertura da operadora no País. Os planos de voz e dados oferecidos, pelo menos em um primeiro momento, serão somente com a tecnologia 3G. A tele também fornece a infraestrutura que é utilizada para oferecer a comunicação entre máquinas (M2M). Ravinder Takkar preferiu não se comprometer ao falar sobre planos de médio e longo prazo da Vodafone no mercado nacional, limitando-se a comentar a parceria com a Datora Mobile. “O Brasil era um dos países onde não tínhamos essa capacidade para dar suporte transparente”, diz, ressaltando vantagens de poder contar com plataformas e suporte oferecidos pela matriz. “A ideia por trás disso é poder servir consumidores multinacionais pelo mundo que têm presença no Brasil, assim como multinacionais que estão no Brasil e têm interesse.”

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Acordos com a Anatel O regulamento de Termos de Ajustamento de Condutas (TACs), que permitirá às empresas trocar multas decorrentes de processos administrativos (PADOs) por acordos celebrados com a Anatel, traz algumas mudanças importantes em relação ao texto original. Uma das principais mudanças será estabelecer parâmetros para a celebração dos TACs. Eles podem ser acordos que prevejam investimentos ou acordos que prevejam compensações diretas ao consumidor. No caso dos investimentos, a Anatel deve estabelecer uma espécie de “cardápio” de opções para o mercado. Ou seja, que tipos de investimentos serão aceitos pela agência como contrapartida na celebração do acordo. Esse cardápio deve sair posteriormente ao regulamento, em um ato específico, de modo a ser atualizado permanentemente. Além de ajudar as empresas a se orientarem sobre o que propor, esse cardápio permitirá uma melhor quantificação, já que ele trará parâmetros para a relação de troca. Mas a Anatel deve estabelecer um critério importante: só serão aceitos investimentos em projetos cujo valor presente líquido (VPL) seja negativo, isto é, sem viabilidade econômica. Isso visa assegurar que as empresas não façam uso dos recursos que pagariam as multas para investir onde houver rentabilidade. Com isso, a troca da multa ajudará a cobrir esse VPL negativo.



Tendência

Apps para vestir Acessórios inteligentes conectados ao smartphone, como pulseiras, óculos e relógios, propiciam o nascimento de um novo mercado para desenvolvedores. Fernando Paiva

fernando.paiva@convergecom.com.br

Maestriadiz/Cienpies Design Cienpies Design/shutterstock.com

O

sexto sentido existe, mas não faz parte do corpo humano. Na verdade, nós vamos vesti-lo, na forma de acessórios inteligentes conectados. Essa é a expectativa de especialistas em tecnologia, como o CEO da Qualcomm, Paul Jacobs, que adota o termo “sexto sentido digital”. São relógios, pulseiras, óculos e, no futuro, roupas inteiras, que sentem por nós, conectam-se à Internet pela rede celular e se comunicam com os smartphones em nossos bolsos. Formam uma nova categoria de produtos, que em inglês estão sendo chamados de “wearable devices”, ou acessórios de vestir, em uma tradução literal. No embalo dessa novidade, surgirá um novo mercado para desenvolvedores móveis com a criação de aplicativos para esses acessórios, com a disponibilização de kits de desenvolvimento de softwares (SDKs) pelos fabricantes. E um desafio novo para empresas operadoras de rede, com uma expansão considerável na intensidade do tráfego e no número de conexões simultâneas. Depois da moda dos smartphones e dos tablets, os wearable devices representariam um novo ciclo na indústria de eletrônicos de consumo de massa, na opinião de alguns especialistas ouvidos por TELETIME. Um deles, o CEO da Flurry, Simon Khalaf, entende que esses ciclos de consumo estão ficando cada vez mais curtos: “O primeiro acessório de vestir foi o Sony Walkman, que botou a música colada ao corpo humano. Levamos 15 anos para migrar para o iPod. Depois, sete anos do iPod para o iPhone. E então, dois anos e meio para o tablet.” Ele aposta que dentro de 18 meses os wearable devices serão um produto de consumo de massa. A Juniper Research compartilha dessa visão e prevê que ao longo dos

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próximos cinco anos a receita mundial anual gerada por esses acessórios e os serviços a eles atrelados vai subir de US$ 1,4 bilhão para US$ 19 bilhões. As pioneiras a desbravar esse mercado foram as pulseiras esportivas. Conectadas via Bluetooth com o smartphone do seu dono, elas monitoram silenciosamente durante o dia inteiro a sua atividade física, contando seus passos e calculando as calorias queimadas. Algumas se propõem a analisar a qualidade do sono a partir dos movimentos da pessoa enquanto dorme. Os dados coletados se transformam em relatórios gráficos exibidos em aplicativos dentro do smartphone, para verificação a qualquer momento pelo usuário. Além de empresas novas, como Fitbit, JawBone e Misfit, esse mercado atraiu também marcas de expressão mundial, como a Nike, com a sua pulseira Fuelband. Talvez o maior desafio dos novos acessórios conectados seja mesclar na medida certa tecnologia e moda. Por serem produtos para serem vestidos, eles precisam ser bonitos e atraentes, não basta serem úteis. Isso fica claro nas pulseiras, oferecidas em cores variadas e formas arrojadas. Depois das pulseiras, a próxima categoria em foco é a de relógios conectados, ou inteligentes (smart watches). O potencial desse produto ficou nítido diante do sucesso do projeto Pebble no site de financiamento colaborativo para start-ups Kickstarter: em apenas cinco semanas, entre abril e maio de 2012, seus criadores conseguiram levantar US$ 10,27 milhões de precisamente 69.929 consumidores ávidos por terem um relógio conectado. Detalhe: o valor arrecadado foi cem vezes maior que a meta original, que era de US$ 100 mil. O sucesso do Pebble abriu os olhos das fabricantes tradicionais de smartphones. A Samsung lançou seu primeiro relógio conectado, o Gear, este ano. A Sony, por sua vez, apresentou a segunda versão do seu smart watch. E até a Qualcomm, que desenvolve


fotos: divulgação

chipsets, resolveu criar o seu, batizado de Toq, como forma de começar a desbravar essa nova fronteira. Neste caso, o objetivo é chamar a atenção de outros fabricantes para o segmento e oferecer um design de referência, em troca da venda de processadores para os produtos. Há ainda os rumores de que a Apple lançará algo como um “iWatch” em algum momento. De maneira geral, os relógios conectados funcionam como centrais de notificação para o smartphone de seus donos. Na tela do relógio, além de ver as horas, o consumidor pode acompanhar a chegada de mensagens de texto, ler e-mails, ver as chamadas recebidas ou trocar de música. A principal vantagem é não precisar tirar o smartphone do bolso tantas vezes ao dia. O Gear, da Samsung, porém, traz um elemento a mais: tem uma câmera embutida na pulseira, o que permite tirar fotos e gravar vídeos. Os arquivos são armazenados no smartphone e, a partir daí, podem ser enviados para a nuvem. Óculos conectados Em um estágio de maturidade anterior estão os óculos conectados. Seu expoente mais conhecido é o Google Glass, que ainda se encontra em fase de testes, antes do lançamento comercial. No lugar da lente, há uma pequena tela que exibe imagens por cima daquelas do mundo real. Os óculos respondem a comandos de voz, mas tem também botões em uma das hastes. Há ainda uma câmera frontal para que se possa filmar aquilo que se vê. Cerca de oito mil pessoas ao redor do mundo receberam a novidade para testar, incluindo alguns brasileiros, como Breno Masi, diretor de produtos da Movile. “Demorei três dias para me acostumar, embora o Google dissesse que levaria meia hora. As imagens ficam um pouco acima do seu olho. Tem que dar uma olhadela para cima. Não dá dor de cabeça, mas acho que estou ficando meio estrábico”, relata, em tom de brincadeira. O Google fechou parceria com uma ótica nos EUA para encomendar modelos com lentes de grau. Ao contrário das pulseiras e dos relógios, os óculos oferecem mais

“Tudo à nossa volta pode ser conectado... até uma cadeira de escritório.” Breno Masi, da Movile

“O foco precisa estar no consumidor. O problema da Internet das coisas é pensar nas coisas, não nas pessoas.” Leo Xavier, da Pontomobi

possibilidades de aplicações, especialmente envolvendo tecnologia de reconhecimento de imagem e realidade aumentada. Durante as compras em um supermercado, por exemplo, os óculos poderiam comparar os preços de um produto que o usuário está vendo a partir do reconhecimento automático da embalagem ou da leitura do código de barras. A navegação em ambientes abertos ou fechados também pode ficar mais prática dentro dos óculos, especialmente no caso de pedestres, que não precisarão mais ficar olhando para baixo para acompanhar um mapa na tela do smartphone. Há grande expectativa em torno de aplicações para suporte técnico remoto, a partir das imagens transmitidas

Ao longo dos próximos cinco anos a receita mundial anual gerada por esses acessórios e os serviços a eles atrelados vai subir de US$ 1,4 bilhão para US$ 19 bilhões. pela câmera. Quem compra um móvel para montar em casa poderia ser assessorado à distância por um técnico em um call center que estaria vendo na tela do computador exatamente o que vê o consumidor, através dos óculos. Isso pode servir também para o suporte técnico a produtos eletrônicos, como laptops e smartphones. O potencial para propósitos educacionais e de saúde é enorme. E há quem espere que os óculos sejam adotados por policiais e soldados, tanto para recebimento de informações quanto para a geração de imagens, substituindo as câmeras acopladas em capacetes. A publicidade não vai ficar de fora. Há quem preveja outdoors personalizados. Dependendo de quem olha com seus óculos conectados, é exibido um anúncio diferente. Quem estiver sem óculos verá um anúncio estanque ou simplesmente uma parede em branco. O passeio pelos corredores de um supermercado com os óculos também poderá gerar anúncios de promoções que apenas o usuário verá. n ov e m b r o 2013 | t e l e t i m e | 9


Tendência Apesar de tantas aplicações promissoras, a popularização desse produto enfrentará resistência. Quem não precisa de óculos hoje provavelmente achará desconfortável adotar um. Fora isso, a sobreposição das imagens provoca certo estranhamento de início. “O Google Glass gera muita distração. As pessoas reparavam em mim quando eu estava com ele. Não sei dizer se estavam olhando para mim por causa do Google Glass ou porque eu estava me movimentando de maneira estranha, pois seu corpo reage diferente”, relata o CEO da Flurry, outro que testou o produto. “O cérebro não está treinado para ter a visão obstruída. É como se tivesse uma mosca na sua frente: a primeira coisa que você faz é tentar removê-la. Os óculos terão mais dificuldade de se popularizar (que os relógios ou as pulseiras)”, complementa Masi, da Movile. Aplicativos Os acessórios de vestir orbitam em torno do smartphone. Este funciona como um hub, servindo de

ponte para a Internet e trocando conteúdo via Bluetooth com os wearable devices. O smartphone também é usado para o armazenamento e o processamento dos apps dos acessórios. Desta maneira, a maioria dos aplicativos criados para pulseiras, relógios e óculos é desenvolvida para o sistema operacional dos smartphones, onde ficam instalados. Tal como aconteceu com os tablets, que ganharam apps desenvolvidos especialmente para suas telas maiores, é esperado que surjam cada vez mais aplicativos desenhados para os diferentes acessórios conectados. “Definitivamente, os wearable devices vão introduzir uma nova dimensão para os desenvolvedores pensarem”, prevê Khalaf, da Flurry. Todavia, isso não acontecerá da noite para o dia. Em um primeiro estágio, a tendência é que a maioria dos fabricantes de acessórios prefira desenvolver sozinhos os aplicativos oficiais que se comunicam com seus produtos.

Os pioneiros da moda conectada Categoria

Características especiais

OS

Preço

Pulseira

Monitora passos, calorias queimadas e sono.

Android e iOS

US$ 129,95 (modelo mais completo)

Up

Pulseira

Monitora atividade física e sono. Mede quantidade horas na cama, tempo até dormir, tempo de sono leve e tempo de sono profundo. Inclui alarme silencioso.

Android e iOS

US$ 129,99

Nike+ Fuelband SE

Pulseira

Visor LED.

iOS

US$ 149

Shine

Pulseira

Núcleo pode ser acoplado a um colar ou a um broche. Bateria dura quatro meses. Resistente à água e pode ser usado para nadar.

iOS

US$ 119,95

Pebble

Relógio

Tem OS próprio (Pebble OS) e vários apps para Android.

Android e iOS

US$ 150

Cookoo

Relógio

Informa posts do Facebook e menções no Twitter.

Android (4.2.2) e iOS

US$ 129,99

Samsung Gear

Relógio

Tem câmera e microfone embutidos.

Android

R$ 1.299

Sony Smartwatch 2

Relógio

Compatível com qualquer smartphone Android 4.0 ou superior. Inclui NFC.

Android

R$ 999

FiLIP

Relógio

Tem GPS e SIMcard próprio. Voltado para o público infantil.

Android e iOS

Não divulgado. Lançamento previsto para 2014

Toq

Relógio

Tela Mirasol, que gasta menos energia e tem melhor visibilidade no sol.

Android

US$ 300

Google Glass

Óculos

Android

US$ 1.500 (preço das unidades do lote de beta teste)

Fitbit

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Tem SDK aberto para desenvolvedores. Inclui câmera. Recebe comandos de voz.


Aos poucos, começam a aparecer “Os wearable devices iniciativas de abertura de vão introduzir uma ecossistemas, por meio de interfaces nova dimensão para os de programação de aplicações (APIs) desenvolvedores pensarem.” e de SDKs para que terceiros criem Simon Khalaf, da Flurry apps para tais acessórios. Google e Nike já iniciaram essa abertura para seus óculos e sua pulseira, respectivamente. Merece destaque o massa dos novos aparelhos: “Acho o exemplo do relógio Pebble, que desde celular um apêndice chato de ser seu nascimento abriu as portas para carregado o dia inteiro: não pode desenvolvedores externos. Foram perder, deixar cair etc. Agora teremos feitos tantos títulos que já existe até o apêndice do apêndice. Acho que é a um app Android que funciona como velha lógica de se criar necessidades. um catálogo para os aplicativos É minha opinião pessoal.” destinados ao Pebble. No seu caso há Especialista em avaliação de ainda uma condição especial: o usabilidade de sites e apps móveis, relógio conta com um sistema Leandro Ginane, fundador e CEO da operacional próprio, o Pebble OS. Foursquare, DeviceLab, pondera que o uso desses acessórios só vai Yelp e outros apps móveis clássicos prometem fazer sentido se houver apps que agreguem valor no versões para o acessório. dia a dia das pessoas. “Os desenvolvedores deveriam No futuro, dependendo da escala atingida por ter como ponto de partida um problema a ser esses acessórios, é provável que surjam lojas de resolvido. Têm que pensar em algo que melhore a vida aplicativos dedicadas inteiramente àqueles de das pessoas”, diz. Xavier concorda: “Às vezes é maior sucesso. Ou pelo menos haverá seções para necessário tirar um pouco da glamourização sobre as cada um dos principais acessórios dentro das lojas tecnologias. O foco precisa estar no consumidor. O atuais. Não será algo inédito, se considerado o problema da Internet das coisas é pensar nas coisas, exemplo da Apple, que dividiu sua App Store entre não nas pessoas”. títulos para iPhone e iPad. Os wearable devices despertam ainda desafios Os apps para wearable devices tendem a replicar relacionados à privacidade e à segurança. O Google os modelos de negócios já existentes. Haverá apps Glass foi tema de intenso debate nos EUA por conta da pagos; outros gratuitos, mas com vendas in-app; e possibilidade de se gravar vídeos sem ser notado. também aqueles totalmente gratuitos, bancados por Outra questão pertinente: será permitido dirigir usando publicidade. Uma novidade talvez seja a óculos conectados? oferta de serviços de assinatura Talvez o maior atrelados ao acessório em si e seu app Futuro oficial. O primeiro exemplo é o FiLIP, um desafio dos novos Os obstáculos não impedem que se relógio conectado para crianças. Dotado sonhe com outras novidades. Muita acessórios de GPS e um SIMcard para se conectar gente aposta que em breve haverá conectados seja à rede celular, ele informa a localização mesclar na medida roupas conectadas, que vão coletar do seu portador e também funciona certa tecnologia dados sobre o nosso corpo, como como um telefone, que consegue ligar temperatura e transpiração. E a e moda. para números pré-programados conectividade não se limitará a itens do apertando um único botão. Nos EUA, o vestuário. “Tudo à nossa volta pode ser FiLIP será vendido como serviço, em uma parceria conectado e fornecer informações interessantes, até com a operadora AT&T, por meio de uma mensalidade uma cadeira de escritório: ela pode monitorar a sua cobrada na conta telefônica. No Brasil, a postura, medir seu peso, massagear suas costas... desenvolvedora paulista Intuitive Appz tem planos de Uma porta pode registrar o horário de entrada e de lançar uma pulseira para crianças que cumprirá saída de pessoas e administrar a senha da fechadura”, função similar, sendo controlada remotamente pelo imagina Masi, da Movile. smartphone dos pais. Lucas Longo, diretor do iai?, escola especializada em cursos de desenvolvimento móvel, sonha com a Ceticismo futura fusão entre biologia e computação, quando A empolgação com wearable devices não é uma poderemos ter implantes conectados dialogando com unanimidade na indústria. Leo Xavier, sócio-diretor da órgãos do corpo humano. E quem sabe um dia, em Pontomobi, uma das maiores produtoras de apps vez de óculos conectados, teremos lentes de contato móveis do Brasil, é cético em relação à adoção em conectadas? Quem viver verá as iLenses. n ov e m b r o 2013 | t e l e t i m e | 11


tecnologia

Teles prontas para implantar femtocells Anatel publicou o regulamento que disciplina o uso e desonera do Fistel para as femtocélulas de até 1 W. TIM já fechou primeiro contrato e deu início à implantação. Letícia Cordeiro e Bruno do Amaral

leticia@convergecom.com.br e bruno@convergecom.com.br

O

foto: sinclair maia/anatel

processo de regulamentação do uso de femtocélulas levou cerca de um ano, entre a elaboração da proposta, consulta e audiências públicas e, finalmente, sua publicação em 4 de novembro deste ano. O regulamento era aguardado com grande expectativa por fornecedores e teles, principalmente porque permitirá a desoneração desses equipamentos do pagamento das taxas do Fistel ao diferenciá-los das estações radiobase (ERBs) das macrocélulas. As operadoras do Serviço Móvel Pessoal (SMP) precisam pagar à Anatel R$ 1.340,80 em taxa de fiscalização de instalação (TFI) ao ativar uma nova ERB e 33% do valor da TFI (R$ 442,46) ao ano a título de taxa de fiscalização de funcionamento (TFF). Esses valores inviabilizariam economicamente a instalação dessas pequenas células, que têm como função melhorar as condições de comunicação em locais de cobertura deficitária, como ambientes confinados e zonas de sombra, e até mesmo a comunicação em locais isolados, não abrangidos pela cobertura convencional dos serviços. O regulamento que disciplina o uso das femtocells determinou a isenção do Fistel para equipamentos classificados como de radiação restrita, como roteadores Wi-Fi, que operam

“Não estamos regulando femto ou uma small cell específica, estamos estabelecendo parâmetros para a dispensa de licenciamento.” José Alexandre Novaes Bicalho, da Anatel 1 2 | t e l e t i m e | n ov e m b r o 2013

em caráter secundário em frequências licenciadas, de até 1 W de potência, e que permitam o gerenciamento remoto pela prestadora do SMP, do Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) ou do Serviço Móvel Especializado (SME). O mercado, entretanto, ainda tem dúvidas sobre como será a aplicação prática do texto. Embora o regulamento publicado não mencione expressamente que outras estações de pequeno porte de até 1 W, como micro e pico células, possam ser desoneradas, o superintendente de Planejamento e Regulamentação da Anatel, José Alexandre Novaes Bicalho, disse a esta reportagem que a desoneração poderia incluir as demais small cells. “Não estamos regulando femto ou uma small cell específica, estamos estabelecendo parâmetros para a dispensa de licenciamento e, no fim das contas, o que vai limitar a desoneração do equipamento é a potência, que será de no máximo 1 W, que é a mesma usada por roteadores Wi-Fi”, explicou. O presidente da TIM Brasil, Rodrigo Abreu, entende da mesma forma. Para ele, “com 1 W já dá para imaginar muitas aplicações”, não apenas com femtocells, mas também com outras células pequenas dentro do limite de potência. “É um assunto novo não apenas para a Anatel, mas para o mundo, é uma tecnologia relativamente recente. Há uma série de análises e esclarecimentos sobre a nova regulamentação que precisa ser feita e vamos contribuir, mas a principal característica de limitação seria mesmo a potência de 1 W”, avalia Abreu. O executivo também está otimista com relação às demais small cells. “A desoneração das de 1 W já é um primeiro passo, mas acredito que deva existir algo semelhante para patamares de 2 W a 5 W, que englobam as metrocells”. De qualquer maneira, o regulamento fala especificamente em femtocélulas, e estabelece que, além de ser de


foto: divulgação

responsabilidade da operadora a instalação e o gerenciamento dos equipamentos e proibir a cobrança dos usuários, a cobertura propiciada pelas femto não será considerada para fins de cumprimento de obrigações. Ou seja, é como se as femto não contassem como parte da rede, mas como um mero reforço de sinal onde ela já existe. Daí a dúvida sobre aplicar a norma para small e pico células também.

Fim da espera Enquanto aguardavam a definição no governo em relação à regulamentação e à política de desoneração, as operadoras testaram exaustivamente as aplicações de femto, micro e picocells e praticamente fecharam seus planejamentos para a aplicação do conceito de redes heterogêneas (HetNets), que integram essas small cells a “É um assunto novo não apenas para a redes Wi-Fi e às ERBs convencionais das macrocélulas. Anatel, mas para o mundo, é uma tecnologia Em meados de outubro, o diretor de inovação relativamente recente.” tecnológica da TIM, Janilson Bezerra, revelou que a operadora já havia concluído todos os testes técnicos com Rodrigo Abreu, da TIM equipamentos e softwares de gerenciamento, e aguardava apenas a definição da Anatel para dar inicio à implantação robusto para escoamento do tráfego. de redes heterogêneas. Mas a ideia é tentar também compensar as barreiras De fato, a TIM foi a primeira operadora a anunciar um de regulamentação na instalação de antenas comuns. “O contrato para instalação de femtocells. “Não vou entrar em licenciamento em grandes metrópoles, como Rio de muitos detalhes desse acordo, mas é um projeto que já Janeiro e São Paulo, mas que vale para qualquer grande começou, com implementações ainda pequenas. São 150 cidade do País, é de uma estratégia difícil de executar e (small cells) sendo instaladas esse ano”, revelou Abreu ao que leva muito tempo”, confessa Rodrigo Abreu. “As small ser questionado por esta reportagem durante conferência cells serão importantes para o futuro da cobertura, vão ter dos resultados financeiros do terceiro trimestre da maior velocidade de instalação”, diz. Além disso, como é companhia, em 30 de outubro. O presidente da TIM indoor, há a capacidade de ser “específico em promete que o projeto deve ser acelerado no ano que vem, necessidades de cobertura”. Considerando o Wi-Fi, a “com maior diversidade de contratos e fornecedores” e estratégia de uma “cobertura de apoio” já vem tomando “sempre com foco em áreas densas, mais populosas”. forma: entre abril e junho, a TIM ativou mais de 50 hotspots. Para garantir a melhoria da prestação do serviço As demais operadoras ainda não anunciaram móvel, a TIM tem procurado concentrar investimentos em nenhum contrato, mas isso não significa que estejam infraestrutura e a implementação das small cells muito atrás da TIM. De acordo com o presidente da começou ainda em julho para atender ao evento da Claro, Carlos Zenteno, os testes também já foram Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro. Abreu concluídos e a tele aguardava apenas a definição da explica que a TIM instalou as microcélulas em caráter Anatel para dar andamento no projeto. “Tenho inclusive experimental, antevendo a necessidade de proporcionar uma femto instalada em teste na minha casa e cada vez mais capacidade para atender à demanda de funciona perfeitamente”, disse ele. O mesmo se dá na dados. “Existe um plano em andamento com metrocell, Oi. “Já testamos e retestamos. Temos interesse para microcell e femtocell, e não podemos ampliar cobertura e capacidade e isso esquecer do offload com Wi-Fi, que não é está em linha com nossa estratégia de considerado como small cell, mas já tem otimizar cada real investido”, comenta o iniciado o roll-out de implementação”, diz. É como se as femto diretor de produtos móveis da Oi, “É uma tendência direcional, talvez ainda não contassem Roberto Guenzburger. seja cedo para dar números, mas faz Na Telefônica/Vivo, o piloto de testes como parte da rede, parte do plano de Capex para o ano que mas como um mero com as small cells com a fornecedora vem”, explica o presidente da TIM. A Alcatel-Lucent (ALU) estão indo reforço de sinal implantação se concentrará onde ela já existe. “satisfatoriamente bem” há mais de um principalmente no eixo Rio-São Paulo, ano, também apenas esperando a Daí a dúvida sobre regulação, de acordo com o diretor de porque é onde a operadora conta com uma ampla infraestrutura ótica adquirida aplicar a norma planejamento da operadora, Leonardo para small e pico com a compra da AES Atimus em 2011. Capdeville. Os testes foram realizados com células também. Assim, a empresa aproveita o backhaul “grupos internos de usuários buscando n ov e m b r o 2013 | t e l e t i m e | 13


tecnologia “Temos interesse para ampliar cobertura e capacidade e isso está em linha com nossa estratégia de otimizar cada real investido.” Roberto Guenzburger, da Oi

lugares onde havia ausência de sinal, ou havia densidade (de usuários) muito forte”, explica. No entanto, os resultados mostram que as femtos são mais alternativas do que soluções para problemas de rede. “Não existe bala de prata, não vamos espalhar milhões de femtocells, mas para casos específicos tem aplicação”, diz. “Precisamos ter conjunto de soluções, e principalmente legislação que permita o avanço da cobertura.” Segundo o diretor geral da operadora, Paulo Cesar Teixeira, a Vivo ainda não definiu os seus fornecedores de femtocells, pois aguarda a homologação dos equipamentos junto à Anatel. “Eles precisam homologar primeiro antes de nos vender”, disse Teixeira. A Telefônica/Vivo tem feito testes com ALU para a utilização de femtocells há cerca de um ano e em um contexto maior, com pequenas células outdoor como complemento na cobertura do serviço móvel, a tele prepara testes com redes auto-organizadas por software (SON, na sigla em inglês) para a coordenação desses equipamentos entre o final de 2013 e o primeiro trimestre de 2014. Capdeville explica que as small cells precisam operar junto às células macro em redes HetNets e, para isso, softwares permitem a convivência entre overlay e underlay na cobertura do sinal. Segundo Capdeville, a solução que permite essa coexistência será provida pelos mesmos fornecedores de redes com quem a Telefônica tem contrato, Ericsson e Huawei. “Vamos começar testes não só de hardware, mas de software também, integrando a rede, entre o fim deste ano e o primeiro trimestre do próximo”, garante. Lembrando que a Ericsson não tem femtocélulas em seu portfólio de serviço, optando por small e pico células. Testes para valer Após ter ficado praticamente de fora do hall de fornecedores para as redes 3G

“Tenho inclusive uma femto instalada em teste na minha casa e funciona perfeitamente.” Carlos Zenteno, da Claro 1 4 | t e l e t i m e | n ov e m b r o 2013

e ter pego apenas uma parte do contrato da Oi para 4G, a ALU aposta suas fichas nas small cells para recuperar mercado no mundo, inclusive no Brasil. A fornecedora acredita que a desoneração das femtocells poderá causar um novo alinhamento de posições entre fornecedores e operadores. Segundo Javier Falcon, presidente da ALU no Brasil, já haveria dois contratos encaminhados entre a empresa e dois operadores para provimento de small cells (femto, para cobertura indoor, e metrocélulas, para cobertura outdoor), que devem ser anunciados em breve. Entretanto, sabese que uma delas é a Telefônica/Vivo, com quem a companhia francesa possui contrato global para o fornecimento. Por outro lado, a Ericsson advoga contra as femtocells, alegando que os equipamentos tradicionais causam interferência e não permitem a coordenação com a rede legada de macrocélulas. Ironicamente, uma das principais apostas da companhia sueca é o Radio DOT System, uma

A ALU aposta suas fichas nas small cells para recuperar mercado e acredita que a desoneração das femtocells poderá causar um novo alinhamento de posições entre fornecedores e operadores. small cell do tamanho de um CD (com espessura de cerca de 10 cm) e alimentada por um cabo Ethernet, que poderia se encaixar na regulamentação da Anatel para as femto. Além de atender ao limite da potência de 1 W, o equipamento conta também com integração via software com as redes heterogêneas. O diretor de Banda Larga Móvel da Ericsson para América Latina e Caribe, Clayton Cruz, concorda com a visão mais abrangente do texto da regulamentação, englobando outros tipos de células. “Nossas small cells estão na faixa de 1 W”, garantiu. A fornecedora está participando de dois testes com operadoras, que já estão em fase final de avaliação e serão o pontapé para a implantação da rede. “São áreas densas, urbanas, casos reais. É onde você vê o valor deste tipo de solução; é teste para valer”, diz. Os testes de campo mostram usuários mais satisfeitos com o desempenho da rede, segundo Cruz. “Eles não sabem que estão usando, mas têm uma percepção melhor nesse ponto específico. E essa é a grande questão, eles não têm que saber mesmo”, conclui.



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Rápida e onipresente A tecnologia móvel de quinta geração (5G), prevista para 2015, promete velocidades de 10 Gbps. Mas sua evolução deve surgir em paralelo a outras tecnologias. Bruno do Amaral, de Tóquio* bruno@convergecom.com.br

“N

em bem chegamos ao 4G e as empresas já estão falando em 5G”. Este é o pensamento mais comum ao se falar de uma nova geração de redes, que promete velocidades de ultra banda larga em dispositivos móveis. A novidade no argumento, que um consórcio de empresas fornecedoras está agora tentando passar, é que a quinta geração será uma combinação das técnicas existentes com novas melhorias, livrando as operadoras de terem de investir novamente, de forma pesada, em infraestrutura para aumentar capacidade. Até porque o 5G não é exatamente uma nova forma de modular ou comprimir os sinais, que normalmente caracteriza as viradas entre as gerações. Trata-se essencialmente de uma melhoria na eficiência espectral, no backhaul e no core. É um avanço natural do 3G, do LTE e do LTE-Advanced, mas englobando mais elementos. Como era de se esperar, a tecnologia de quinta

1 6 | t e l e t i m e | n ov e m b r o 2013

geração promete desempenho também, como a velocidade de até 10 Gbps e a latência por volta de 1 milissegundo. O vice-presidente executivo da Sony Corp., Shoji Nemoto, chamou a atenção para a necessidade de dar vazão ao tráfego de dados. Nemoto chama as redes fixas de triplo 20 – de acordo com a fabricante japonesa, 20% das casas e pequenas empresas no mundo terão velocidade de 20 Gbps em 2020. Já as redes móveis precisarão de novas tecnologias, como o 5G. “Vai haver um crescimento também de tráfego wireless, um aumento de dez vezes a cada cinco anos”, disse ele, durante evento da Ericsson em Tóquio, no começo de novembro, acompanhado por esta reportagem. “Esta é a área em que esperamos que a cooperação entre as empresas cresça.” Desta vez, a abordagem será dinâmica. As redes precisam fluir, adaptando-se à concentração de usuários e à demanda que eles trazem. Isso permitirá aplicações que exigem respostas rápidas, como prevenção de acidentes automotivos, Internet tátil (uso de redes wireless para distribuir controles, em vez de apenas conteúdo), videogames na nuvem e processamento de vídeo via


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Internet em tempo real para realidade aumentada. A Nokia Solutions and Networks (NSN) define também como “uma experiência de serviço escalonável a qualquer hora, em qualquer lugar”. Os objetivos: mil vezes mais volume de dados móveis por área; de dez a cem vezes mais aparelhos conectados; de dez a cem vezes mais uso de dados em média por usuário; vida útil de baterias dez vezes maior com baixo consumo; e latência fim-a-fim reduzida em cinco vezes. Para pavimentar o caminho para a quinta geração, foi criado o projeto nipoeuropeu chamado de “Mobile and Wireless Communications Enablers for the Twenty-twenty Information Society” (METIS), que conta com cinco fornecedores (Alcatel-Lucent, Ericsson, Huawei, Nokia e NSN), cinco operadoras (Deutsche Telekom, NTT Docomo, Orange, Telecom Italia e Telefónica), a BMW como representante da indústria automobilística e pelo menos 13 organizações acadêmicas. O projeto tem um orçamento de 27 milhões de euros destinados à pesquisa e desenvolvimento da quinta geração de redes em um prazo de 30 meses, entre 2012 e 2015. A ideia é que a fase pré-comercial comece entre 2018 e 2019, com o roll-out para 2020 em diante.

“Vai haver um crescimento também de tráfego wireless, um aumento de dez vezes a cada cinco anos.” Shoji Nemoto, da Sony corp

janela de oportunidade”, declara. A área na qual o CPqD está concentrando esforços é a camada física da rede de acesso, especialmente a parte de ondas. “Para atuar com alta frequência, terá de estar com cabeça de radiofrequência apropriada, não pode ter alto consumo de energia e tem de suportar as tecnologias MIMO (de múltiplas antenas)”, declara o pesquisador. A empresa pretende atualizar sua plataforma de testes usada no desenvolvimento do LTE em 450 MHz com mais módulos para suportar novos algoritmos, maior capacidade de processamento e o MIMO massivo (acima de 2 x 2). A chinesa Huawei também quer contribuir e garantiu investimento de “no mínimo” US$ 600 milhões em pesquisas para tecnologia de 5G até 2018. O anúncio, feito pelo CEO da empresa, Eric Xu, não inclui investimentos para a fabricação de produtos com a tecnologia de quinta geração, apenas pesquisas em tecnologias de interface aérea. O fato é que ainda faltam definições. Nos dias 24 e 25 de abril de 2014, Nova York sediará a primeira conferência mundial sobre o tema. O Brooklyn 5G Summit, um fórum composto por empresas e acadêmicos do setor, deverá discutir os padrões de propagação dessa nova geração. De acordo com o vice-presidente sênior, CTO e diretor de tecnologia da Ericsson, Ulf Ewaldsson, a ideia é fazer o mesmo que foi feito com a terceira geração: “queremos ter uma grande discussão primeiro sobre a definição do que é o 5G”, detalha. Segundo ele, há uma colaboração ampla da indústria para definir que tecnologias serão utilizadas.

Brasil O 5G pode estar ainda em um estágio embrionário, mas isso abre uma janela de oportunidades. Aproveitando a experiência conseguida com a padronização da faixa de 450 MHz para o LTE, o CPqD brasileiro, por exemplo, está pleiteando um lugar nas pesquisas e desenvolvimento do padrão de quinta geração, que deverá ter o primeiro release aprovado pelo 3GPP no final de 2015 ou começo de 2016. “Se colocarmos uma patente nossa no padrão, isso será inestimável para nós – nunca uma empresa brasileira contribuiu efetivamente com o desenvolvimento de uma tecnologia móvel”, disse o pesquisador na área de sistemas de comunicação sem fio do CPqD Fabbryccio Cardoso. Ele explica que, A ideia é que a até a padronização, há uma forte fase préNo ar concorrência para agregar contribuições; comercial O executivo da companhia sueca então, não há garantias. comece entre explica que a quinta geração não se Cardoso diz, entretanto, que o governo brasileiro está interessado em incentivar o 2018 e 2019, com o restringe a uma tecnologia de rádio, como desenvolvimento. No começo de novembro, roll-out para era nas gerações anteriores, mas trata de com incentivo do Ministério das 2020 em diante. uma arquitetura de rede que inclui o backhaul e o core, com redes Comunicações, o CPqD promoveu um programáveis para levar comunicação de workshop em sua sede em Campinas para alta capacidade para pessoas ou máquinas (M2M). falar do tema, o que ele diz ter sido um primeiro esforço Sempre tendo como princípio básico que a conectividade para “agregar massa crítica e estabelecer parcerias”, será permanente. “Sairemos de acessos para conexões embora nenhuma tenha sido divulgada ainda. “O governo e sessões, e essas sessões vão aparecer e desaparecer; está vendo com bons olhos, está incentivando o a rede precisa poder lidar com isso.” A companhia desenvolvimento e pesquisa na área para aproveitar a n ov e m b r o 2013 | t e l e t i m e | 17


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“O 5G precisa ser uma evolução, não tem como colocar um (novo) sistema inteiro completo, precisamos evoluir.” Ulf Ewaldsson, da Ericsson

pretende, assim, levar o controle dessas sessões para as redes, que serão conscientes (Sentient Network). “As redes do futuro precisam ser conscientes, autocuráveis, e precisam estar sempre disponíveis e em qualquer lugar”. Ewaldsson chama de “horizontalização” da arquitetura de rede. Ele acredita que levará cerca de dois anos para acontecer a virtualização do core de rede, chegando primeiro a aplicações. Mas a Ericsson se preocupa também com a questão espectral, pois o 5G prevê o uso de novas frequências, em particular as ultra-altas, acima de 30 GHz, como tem sido desenvolvido pela operadora japonesa NTT Docomo. Todavia, Ewaldsson ressalta que é importante não limitar o 5G a uma frequência apenas. Os desafios de cobertura mais ampla permanecerão. “O LTE vai evoluir, vamos usar para a cobertura. As frequências ultra-altas são apenas para casos específicos, de baixo alcance, onde haverá demanda para conexão super-rápida.” O executivo da Ericsson diz que a fornecedora “trabalha forte em 5G para conseguir latência abaixo de 1 milissegundo”, embora reconheça que isso ainda não aconteceu.

“Se colocarmos uma patente nossa no padrão (5g), isso será inestimável para nós.” Fabbryccio Cardoso, do CPqD 1 8 | t e l e t i m e | n ov e m b r o 2013

Para isso, serão necessários novos terminais e antenas radiobase, embora se mantenha o core. “Isso é importante, o 5G precisa ser uma evolução, não tem como colocar um sistema inteiro completo, precisamos evoluir”, declara. Essa evolução passará pelo LTE-Advanced, uma espécie de 4,5G. A proposta da NSN é a combinação de espectros disponíveis, somando bandas não-licenciadas como a de 5 GHz e futuras ofertas de alta frequência como 60 GHz, que permitirão chegar à soma de 1,5 GHz de capacidade disponível até 2020. Pelo menos 1 GHz disso seria das bandas tradicionais e o restante com novas técnicas de compartilhamento, como o acesso compartilhado autorizado (ASA) e o acesso compartilhado coprimário, no qual procedimentos cognitivos permitem à rede dividida lidar com picos de demanda temporários para cada operadora e minimizando interferências mútuas. Em resumo, são técnicas de compartilhamento do espectro ocioso. As concentrações maiores de tráfego, inclusive, poderão ser atendidas com small cells (veja reportagem nesta edição) usando LTE em 3,5 GHz, por exemplo. Bandas UHF com novas alocações coprimárias poderão pavimentar o futuro de soluções integradas de banda larga móvel e broadcast, conceito que já vem sendo discutido na Europa. Há ainda a disponibilidade nas bandas Extremely High Frequency (EHF) de 70 GHz e 80 GHz, baseadas em tecnologias de ondas milimétricas (mmWave) e uso de maiores antenas tanto na transmissão quanto na recepção. Segundo a NSN, um sistema de área local com mmWave, baseado em TDD, consegue 50 vezes mais banda do que o LTE convencional, utilizando ainda arquitetura MIMO de multiantenas. A propagação dessas ondas milimétricas ainda é um desafio que as empresas terão de superar. Espera-se levar a tecnologia tanto para acesso quanto para backhaul. Segundo o diretor de planejamento da Telefônica/ Vivo, Leonardo Capdeville, a nova arquitetura indica a mudança para uma cobertura maior para um desenho de rede heterogênea (HetNet) que inclui atendimento em três camadas: macro e microcélulas em ambientes externos e femtocélulas e Wi-Fi em ambientes internos. O problema é que, mesmo assim, a infraestrutura não terá capacidade de escoamento sem o uso dessas bandas ultra-altas. “Há um limite, daqui a pouco cada usuário vai ter sua própria célula. É um pouco o conceito da femtocell, mas essa vai ser a realidade”, declara. É aí que começa a quinta geração de redes móveis. A ideia é que, ao contrário das


tecnologias anteriores, o 5G seja focado na concentração de uso com alta demanda, e não na cobertura mais ampla, por isso o uso de frequências acima de 6 GHz (quanto mais alta a frequência, menor o raio de alcance). Além disso, parte do 5G virá da migração para o LTE com o refarming de espectro utilizado em redes 2G e mesmo 3G. Capdeville explica que a tecnologia oferece a vantagem de aproveitar essa infraestrutura legada. “O bacana do backhaul é que ele é agnóstico; então, poderá ser usado para 3G, 4G e daí por diante”, diz. Desde que, é claro, ele esteja sendo projetado hoje em cima de redes de fibra, capazes de suportar gigantescos volumes de dados. O offload via tecnologias Wi-Fi como 802.11ad, operando na faixa de 60 GHz, poderá também ajudar. O acesso de rádio terá de ser totalmente autodefinido na rede e auto-otimizado para permitir diminuição nos investimentos operacionais. Ou seja, a própria rede decide qual a melhor tecnologia e frequência para conectar um usuário em um determinado momento e aloca os recursos necessários de banda e espectro para isso automaticamente.

“Quando é a mesma tecnologia e a mesma frequência, basta fazer um upgrade. O backhaul é exatamente igual, só precisa fazer a atualização.” Roger Solé, da TIM

pouco mais complicada. Em 700 MHz é ok, mas para 450 MHz vai exigir esforço, porque não existe nenhuma combinação prevista de banda. Tem que investigar a viabilidade técnica”, declara. “Estamos abertos a parcerias, temos interesse em atuar com outros parceiros para minimizar o custo e viabilizar a implantação da tecnologia no País.” Uma das técnicas que o CPqD espera implementar é a de múltiplas entradas e saídas para aumentar a capacidade da conexão. Cardoso explica que o comum é que sejam colocados MIMO 2 x 2 no LTE, mas que no LTE-Advanced o MIMO será de 4 x 4 até 8 x 8. “E também vai ter MIMO no uplink, pois no LTE é apenas na descida”, ressalta ele. Mesmo que a controladora Telecom Italia esteja envolvida no METIS, o diretor de marketing da TIM, Roger Solé, diz que a operadora ainda não discute o 5G no Brasil, ou mesmo LTE-Advanced. “Hoje não há nenhuma Primeiro, o avançado discussão sobre outras tecnologias, é só com o 4G Mas o 5G está muito longe de uma definição formal mesmo. O LTE-Advanced lá na frente poderia ser, mas de parâmetros e outras tecnologias estão na frente. O isso não foi discutido”, explica. Não significa que a LTE-Advanced, em especial, é uma evolução da empresa esteja despreparada na infraestrutura para a tecnologia usada no 4G atual, capaz de taxas de tecnologia de agregação de portadora. “Quando é a transmissão maiores por hertz, de mesma tecnologia e a mesma forma mais econômica. Segundo o frequência, basta fazer um upgrade. Bandas nãogrupo de padronização de tecnologias O backhaul é exatamente igual, só licenciadas como a de precisa fazer a atualização”, declara. móveis 3GPP, o LTE-Advanced 5 GHz e futuras ofertas consegue picos teóricos de Realidade muito diferente da velocidade de 3 Gbps em downlink e experimentada em alguns países da de alta frequência 1,5 Gbps em uplink graças a uma como 60 GHz permitirão Ásia. O diretor da operadora coreana eficiência espectral de até 30 bps/Hz KT Network, Yung-Ha Ji, comemora chegar à soma de e o uso de inputs múltiplos (MIMO). A 1,5 GHz de capacidade uma cobertura de banda larga com técnica também permite um LTE-Advanced ao alcance de 99% da disponível até 2020. aumento no número de usuários população na Coreia do Sul com as simultâneos. A maneira mais fácil de faixas de 1,8 GHz, 2 GHz e 2,8 GHz. levar essa capacidade é com a agregação de “Para fazer a agregação de portadora, precisa de muita portadoras, seja fazendo a multiplexação por frequência banda. Eu acredito que o maior desafio para a indústria (FDD) quanto por tempo (TDD), com cada bloco é assegurar a banda”, afirma. O executivo lembra ainda oferecendo de 1,4 MHz a 20 MHz em cinco portadoras que o TD-LTE está sendo testado na China com a faixa no máximo, chegando à banda máxima de 100 MHz. de 3,4 GHz, com resultados promissores. “O TD-LTE Conseguir uma patente no padrão do 5G não é a tem um futuro brilhante em baixa frequência, então, única frente de ataque do CPqD. Segundo Fabbryccio acreditamos que governos e agências deveriam Cardoso, a empresa está começando a trabalhar na alocar os 100 MHz à banda”, reclama. A julgar pelo padronização do LTE-Advanced com as faixas de 450 MHz, histórico do setor, é perfeitamente possível que as 700 MHz (que deverá ser colocada em leilão em 2014 no operadoras consigam isso. Brasil) e 2,6 GHz. O pesquisador confessa que ainda há * o jornalista viajou a convite da Ericsson desafios. “A agregação (de portadoras) de 450 MHz é um n ov e m b r o 2013 | t e l e t i m e | 19


fev abr mai Dia 19

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Um modelo em evolução Novas formas de otimização da infraestrutura e da rede começam a ser necessárias para atender à demanda de dados móveis. Letícia Cordeiro*

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investimento conjunto, de acordo com o diretor de rede fixa da TIM, Cícero Olivieri, é de US$ 75 milhões e o projeto contempla a cobertura de 30 pequenas e médias cidades na região entre as capitais Campo Grande, Cuiabá e Goiânia. “A maioria das competidoras não conseguia chegar a essas cidades e (o acesso) não se viabilizaria se fosse apenas uma operadora”, explicou.

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equilíbrio entre a infraestrutura como um diferencial competitivo e a elevada quantidade de investimentos necessários para sua construção é um fator constantemente avaliado pelas operadoras de telecomunicações. Em geral, em mercados ainda em desenvolvimento, onde o objetivo primordial das operadoras é ganhar base, ter infraestrutura e cobertura de serviços com qualidade é estratégico. Por outro lado, em mercados maduros, com alta penetração de serviços, o diferencial competitivo de uma operadora tende a residir no atendimento ao cliente e pacotes de serviços inovadores e, assim, o compartilhamento de infraestrutura passa a ser uma necessidade para reduzir custos de investimento (Capex) e operação (Opex). E isso tem ficado ainda mais evidente na estratégia das operadoras brasileiras, considerando-se o alto índice de endividamento dos grandes grupos europeus de telecom e a crise econômica mundial. No Brasil, algumas experiências de compartilhamento já tomaram forma, sobretudo em investimentos para construção de backbones em áreas de difícil acesso ou de pouca atratividade econômica, em que o retorno sobre o investimento se mostrou inviável para uma única operadora. Outro exemplo de compartilhamento exitoso é no cumprimento das metas de cobertura do leilão de 2,5 GHz para o 4G. Foi o caso da parceria entre TIM, Vivo e Telebras para a construção de um backbone de fibras na região Norte. O projeto foi inicializado em 2011 com o consórcio LT Amazonas e absorveu investimentos de R$ 250 milhões para a instalação de 2,1 mil km de cabos OPGW que ligarão Tucuruí (PA) a Manaus e a Macapá, passando por quatro outros municípios e cobrindo uma população de 3,7 milhões de pessoas. A TIM deverá ceder para a Telebras dois pares de fibra de cerca de 2 mil km em troca (swap) de trecho da estatal no interior do Nordeste. Experiência semelhante foi a união de TIM, GVT, Claro/ Embratel e Vivo para a construção de 2,2 mil km de fibras compartilhadas na região Centro-Oeste. O

Do backbone ao acesso O compartilhamento também foi o caminho encontrado pelas teles brasileiras para conseguir cumprir as obrigações de cobertura com 4G do leilão de 2,5 GHz em um curto espaço de tempo e com o menor impacto possível no investimento. Claro e Vivo acertaram o compartilhamento de toda a infraestrutura passiva, de torres e sites. Oi e TIM deram um passo além e partiram para o RAN sharing, o compartilhamento também dos equipamentos ativos que compõem a rede, como as próprias estações radiobase (ERBs) – os equipamentos fazem uma separação lógica da interface aérea das operadoras e cada uma utiliza seu próprio espectro de LTE. Agora, entretanto, o mercado avalia que talvez seja a hora de o País dar o próximo passo e passar a compartilhar também a infraestrutura de backhaul para ligação de ERBs com fibra e até mesmo o compartilhamento de espectro.


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O diretor de planejamento técnico da Telefônica/Vivo, Átila Araújo Branco, defende que o grupo espanhol é um grande incentivador do compartilhamento. “Trabalhamos num mercado de competição bastante maduro (Europa), onde o compartilhamento é necessidade: é preciso ser mais eficiente em custos e investimentos”, diz ele, citando o case de compartilhamento entre a Telefônica O2 e a Vodafone, no Reino Unido. No Brasil, Branco vê a mesma tendência. “Obviamente (o Brasil) não é tão maduro, ainda tem muito crescimento, e é preciso levar em consideração como fica a questão da competitividade e da gestão; mas queremos levar o compartilhamento para todos os níveis, compartilhamento ativo”, garante. Para o executivo, isso será essencial para acompanhar o nível de crescimento da demanda por dados móveis. O diretor de planejamento da operadora, Leonardo Capdeville, também admite a possibilidade de desenvolver melhor a estratégia. “Isso existe nos planos. Já fazemos compartilhamento de rede passiva, 92% de nossas torres são compartilhadas. E toda a parte de backbone foi construída de forma conjunta, ou em troca de fibra (swap)”, diz. Mas a alta taxa de compartilhamento de torres se deve ao fato de que a operadora vendeu praticamente a totalidade de suas torres para empresas de site sharing especializadas em alugar essas estruturas passivas, mantendo consigo apenas 8% dos sites. Oi e Nextel seguiram caminho semelhante, e a TIM, que até hoje mantém uma infraestrutura de torres 100% própria, está revendo o modelo para ajudar a capitalizar a controladora italiana. Já o RAN Sharing (no compartilhamento de rádio ou nos canais que são parte do baseband) pode ser mais complicado por depender se a densidade da área de cobertura justifica a implantação da técnica, já que a capacidade demanda mais espectro. Capdeville confessa que há diálogos, mas não há acordo no momento com outras operadoras, pois é preciso estudar o melhor modelo de compartilhamento, que não é necessariamente único. “Não sei se chegaria a RAN Sharing, mas o backhaul poderia ser compartilhado”, declara. A dificuldade para a Vivo fazer RAN Sharing é que suas frequências de 4G já totalizam 40 MHz, que é o limite permitido pelo edital. Um acordo com outra operadora para RAN Sharing estouraria esse limite. O diretor de inovação tecnológica da TIM, Janilson Bezerra, é também da opinião de que “os modelos existentes de compartilhamento não são aderentes a essa explosão (de dados móveis)”.

“A maioria das competidoras não conseguia chegar a essas cidades (do Centro-Oeste) e (o acesso) não se viabilizaria se fosse apenas uma operadora.” Cícero Olivieri, da TIM “Estamos em um mercado onde todos precisam de uma boa velocidade de banda larga móvel. Como somos predominantemente móvel e pela extensão do País é difícil chegar com infraestrutura fixa, o que temos de fazer é dar o próximo salto, dando continuidade ao que começamos com o compartilhamento ativo de antenas e indo para o compartilhamento de backhaul”, revela. Bezerra calcula que em média as operadoras possuem entre 12 mil e 14 mil sites atualmente e isso não conseguirá absorver o crescimento de 20 vezes o volume de tráfego nas redes móveis até 2020. “A tecnologia tem nos ajudado muito, colocando mais bits sobre hertz, mas estamos chegando próximos do limite das leis da física em termos de eficiência espectral. O próximo passo será o compartilhamento de espectro”, garante. Segundo o diretor de marketing da TIM, Roger Solé, a operadora estabelece no acordo com a Oi no qual cada uma fará a implantação da infraestrutura a ser compartilhada. “A parte de radio access está sendo feita em algumas cidades pela Oi, outras pela TIM, e a gente faz o sharing. Ou seja, o mesmo equipamento irradia nas duas frequências, e depois, conecta cada um com seu backhaul”, explica. É possível se diferenciar na estratégia, entretanto: no próprio acordo é prevista a expansão da rede de maneira individual em cidades específicas. Mas o foco agora é nos grandes centros, até pelas obrigações de cobertura impostas pela Anatel no leilão da faixa de 2,5 GHz. Solé garante que se trata de um modelo “inovador no mundo”, que está funcionando bem e que traz considerável economia. “Como ainda não é uma frequência muito usada, dá para fazer isso. É um compartilhamento de muita eficiência no uso do investimento não só

“(O Brasil) não é tão maduro, ainda tem muito crescimento, mas queremos levar o compartilhamento para todos os níveis, compartilhamento ativo.” Átila Araújo Branco, da Telefônica/Vivo n ov e m b r o 2013 | t e l e t i m e | 2 3


de antena, mas no equipamento de transmissão de rádio.” As fornecedoras Qualcomm e Nokia Solutions and Networks (NSN) vêm defendendo desde o início do ano o modelo de licenciamento de acesso compartilhado autorizado (ASA, na sigla em inglês). Funcionaria como um meiotermo entre espectro licenciado e nãolicenciado. O diretor sênior de relações governamentais da Qualcomm, Francisco Giacomini Soares, explica que seria possível, por exemplo, realizar parcerias com incumbents que detêm espectro, mas não utilizam toda a capacidade em uma determinada área ou em determinados horários, gerenciando a banda com soluções de software. “Estamos falando de ter o mesmo espectro compartilhado por várias operadoras, mas com a qualidade de serviço como se tivesse apenas uma, usando gerenciamento inteligente de interferências para

O RAN Sharing pode ser mais complicado por depender se a densidade da área de cobertura justifica a implantação da técnica, já que a capacidade demanda mais espectro. saber se toda a banda não está sendo usada, onde, e garantir a qualidade de serviço”, detalha. “Isso não tira a necessidade de se procurar mais espectro limpo, mas ajuda a usar espectros já atribuídos e sem essa briga grande entre operadoras. Apenas um software colocado nas ERBs atuais permite fazer isso”, pontua Soares. A Qualcomm tem trabalhado na Europa com a faixa de 2,3 GHz, utilizada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), alocada para o uso em small cells, com previsão de começar as primeiras operações em 2014. Sistemas de small cells no modelo ASA também estão em testes nos EUA na faixa de 3,5 GHz a 3,65 GHz. A NSN também está com um projetopiloto com o ASA na Finlândia, em parceria com operadoras e a agência reguladora daquele país, a Finnish Communications Regulatory Authority

“Vai ser preciso mais gestão e coordenação de estratégias com seus concorrentes. É preciso saber mais e compartilhar mais.” Wilson Cardoso, da NSN 2 4 | t e l e t i m e | n ov e m b r o 2013

foto: arquivo

Infraestrutura

“Estamos falando de ter o mesmo espectro compartilhado por várias operadoras, mas com a qualidade de serviço usando gerenciamento inteligente de interferências.” Francisco Giacomini Soares, da Qualcomm

(Ficora). De acordo com o CTO da NSN, Wilson Cardoso, a ideia é disponibilizar a banda de 2,3 GHz sem impactos nos terminais, com ganhos de 18% na largura de banda disponível. “Temos grandes fatores que vão influenciar o compartilhamento de espectro, como o 4G e 5G. E não podemos esquecer a agregação de bandas para trazer mais velocidades”, lembra Cardoso. Ele acredita que o próprio LTE-Advanced já “preconiza” a agregação de mais faixas de frequência: “Temos 500 mil usuários que fazem agregação de bandas em seus terminais para alcançar velocidades de até 100 Mbps na Coreia.” Ele estima que nos próximos quatro anos “teremos empresas com espectro FDD e TDD sendo compartilhados de maneira dinâmica na Europa” e que, para ter sucesso, será preciso compartilhar mais que infraestrutura. “Compartilhar é preciso. Não no sentido de necessário, mas de como você compartilha até suas estratégias. Vai ser preciso mais gestão e coordenação de estratégias com seus concorrentes. É preciso saber mais e compartilhar mais. Como casamento, para ter sucesso, precisa compartilhar muita coisa além do teto”, conclui. HetNets “E compartilhamento não é tudo. Para a quantidade de tráfego e usuários simultâneos precisamos dobrar a quantidade de antenas e ir para uma arquitetura de rede heterogêneas (HetNets), e aí o compartilhamento não é indicado”, avalia Branco, da Telefônica/Vivo. O diretor de inovação tecnológica da TIM, Janilson Bezerra concorda. Segundo ele, a contraindicação de compartilhar HetNets se dá pela alta granularidade de células com coberturas mais restritas. “São antenas muito pequenas e fica também mais difícil coincidir interesses das operadoras e gerir estratégias como a decisão de cobrir um bairro ou não, porque às vezes uma tem mais clientes ali do que a outra”, explica Bezerra. Segundo ele, hoje mais de 50% dos sites utilizados pela TIM são compartilhados. *Colaborou Bruno do Amaral



MERCADO

Jogo de interesses Especulações sobre uma eventual concentração do mercado com a venda da TIM agitam o planejamento das empresas e interferem até no cenário político para 2014. Samuel Possebon

Da mesma forma, vender a TIM pode ser a solução para resolver os problemas de dívida da própria Telecom Italia, e é aí que entra o debate atual: para a Telecom Italia, mercado de telecomunicações começa a se a TIM é um ativo estratégico, não há planos de vendê-la (a movimentar para uma possível onda de não ser por um preço irrecusável) e há planos, inclusive, de consolidações, e essa perspectiva está mexendo ampliar os investimentos para o período de 2014-2016 com os nervos e expectativas de fornecedores, para R$ 11 bilhões, fora o que será gasto em outorgas de autoridades e, obviamente, dos operadores, maiores 4G na faixa de 700 MHz. interessados nesse processo. Esse tem sido o tema das O CEO da Telecom Italia, Marco Patuano, ao anunciar “rodas de bar” setoriais durante o mês de novembro, e é o seu plano estratégico, no começo de novembro, foi que pode interferir em todo o planejamento estratégico de enfático: “Ouvi muitas vezes que no Brasil poderíamos operadores e fornecedores. E até mesmo a mudança ser fatiados. Eu falei claramente: o Brasil é um ativo ministerial prevista para janeiro pode estar sendo core (central), e nosso plano é anunciar investimentos impactada por isso. enormes no País”, declarou. Patuano reiterou que a O fator detonador dessa nova onda foram as operadora brasileira é um ativo fundamental para a movimentações sobre o controle da Telecom Italia, que empresa, e que seria necessário um preço condizente podem (destaque para o condicional) ter influência no com essa importância. “Nosso ativo core poderia ter Brasil. Por enquanto, o que se vê é um jogo de estratégias. preço: de um ativo core. Então, o Brasil é core”, disse. A grande interessada no processo é, obviamente, a Perguntado por analistas de investimento se haveria ao Telefónica, que trabalha para assumir o controle da tele menos alguma possibilidade, ele não chegou a italiana na Europa, por já ser a maior acionista da Telco, descartar completamente, mas continuou enfático: empresa que controla a Telecom Italia. Até o começo de “Nunca diga nunca, não considero séria a abordagem 2014, a Telefónica pode assumir o controle efetivo da Telco, de não haver nenhum preço; sempre há preço para o que daria a ela o poder sobre a Telecom Italia, que por tudo. Mas o preço de um core asset é um preço que sua vez controla, no Brasil, a TIM. teria de convencer eu e o board a mudar a estratégia Há duas dificuldades para essa movimentação: a que temos hoje.” primeira é que a Telefónica precisa efetivamente comprar Ao falar com investidores, a irritação do CEO com as o controle, o que passa pela resistência do governo italiano recentes especulações de uma venda da TIM foi nítida. e de mais investimentos, já que existe uma discussão Patuano deixou um recado claro para a Telefónica e sobre a oferta que deveria ser feita para os minoritários da para as agências de rating: os interesses da empresa Telecom Italia. italiana continuam. “A companhia inteira está Feito isso, surge o segundo problema: se o controle da firmemente comprometida a ter um perfil financeiro Telecom Italia for assumido pelos forte, não estamos dispostos a fazer espanhóis, haverá infração às regras coisas só para agradar alguém. atuais de controle no Brasil, já que Vivo e Queremos ser uma companhia que se o controle da TIM passariam a pertencer ao mesmo trata todos os acionistas de maneira Telecom Italia for grupo. A solução seria vender a TIM para igual”, disse. A declaração foi uma assumido pelos um terceiro, ou deixar que ela seja resposta à movimentação da espanhóis, haverá Telefónica para um aumento do capital absorvida pelas operadoras existentes, infração às regras na Telco, que despertou fortes rumores ou mudar a regra para permitir que ela atuais de controle na imprensa e no mercado e levou seja controlada pela Telefónica. no Brasil. Nenhuma das hipóteses é simples. analistas a aconselhar a venda da

samuca@convergecom.com.br

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foto: Alesio Jacona

operadora brasileira. “Respeito o uma concentração tranquilizar o mercado sobre a dívida da julgamento das agências de rating, Oi, que subiu 19,7% no terceiro trimestre entre as duas mas acredito em nossa posição”. maiores operadoras quando comparada ao mesmo período A irritação de Patuano se deve ao de 2012, fechando setembro em não é algo que o jogo de especulações das agências R$ 29,3 bilhões. Entretanto, a operadora governo vá deixar comemora: conseguiu pela primeira vez financeiras, que insistem em colocar a acontecer sem venda da TIM como uma única opção em oito trimestres registrar uma interferir. viável para aliviar a pesada dívida de tendência de queda (0,7%) em relação 28 bilhões de euros da Telecom Italia. ao trimestre imediatamente anterior. “O Mas a Telecom Itália também sinalizou controle da dívida é uma das prioridades ao mercado que pode, sim, vender a TIM caso tenha um da operadora”, assegurou o CFO da tele, Bayard Gontijo. “A bom valor por ela. Na Argentina, a empresa passou adiante liquidez disponível é mais do que suficiente para cobrir a sua operação local por quase US$ 1 bilhão. Era uma amortização da dívida até meados de 2016, sendo que empresa bem menos relevante do que a TIM, mas 60% da dívida bruta vencem após 2016”, declarou Gontijo. mostrou que não existe uma disposição de manter ativos No último trimestre, a dívida bruta ficou em R$ 34 bilhões, só pela importância estratégica. aumento de 1,4% em relação ao segundo trimestre do ano. No cronograma da empresa, serão pagos Oi R$ 1,758 bilhão ainda em 2013; R$ 4,214 bilhões em 2014; No meio desse tiroteio, a Oi, que precisa urgentemente R$ 2,755 bilhões em 2015; R$ 4,738 bilhões em 2016; e convencer o mercado a investir pelo menos R$ 5 bilhões R$ 20,588 bilhões de 2017 em diante. No total, a em uma oferta pública de novas ações, tenta capitalizar. amortização da dívida bruta entre 2013 e 2016 será de Ao longo do mês de novembro, o CEO da empresa, Zeinal R$ 13,465 bilhões. A posição de liquidez da companhia é Bava, que tem como um de seus principais atributos o de R$ 12,715 bilhões. bom diálogo com o mercado financeiro, declarou mais de Uma das medidas para garantir essa liquidez é cortar uma vez a disposição da Oi de comprar ativos no futuro. É investimentos. No terceiro trimestre o Capex caiu mais de claramente uma jogada para dar à sua oferta de ações 20%, por exemplo, e deve ser assim até o final do ano e uma perspectiva futura mais interessante, porque na atual em 2014. situação financeira da Oi qualquer endividamento está fora Enquanto isso, a TIM também se capitalizou, com a de cogitação. perspectiva de buscar junto ao BNDES nada menos do que Existe também um componente político em jogo. O R$ 5,7 bilhões, em um empréstimo já aprovado. E a Vivo, governo observa com muito cuidado e receio o que poderá que também não teve um resultado dos melhores no acontecer. Chamou a atenção do mercado o encontro terceiro trimestre, começa a perceber que o melhor entre a presidenta Dilma Rousseff e o presidente mundial caminho para crescer talvez seja comprar o concorrente, da Telefónica, Cesar Alierta, no final de setembro, em Nova em vez de brigar com ele. Uma fonte qualificada dentro do grupo diz que, no longo York, o que suscitou especulações de que o governo prazo, essa seria uma boa alternativa. “Ter três competidores aceitaria uma fusão entre TIM e Vivo. Mas não é bem por aí. fortes é melhor do que ter quatro, onde só dois estão O próprio ministro Paulo Bernardo, que deseja continuar saudáveis”. É uma posição que parte da premissa de que a como ministro das Comunicações na hipótese de uma Oi seguirá debilitada pela sua situação financeira e de que a reforma ministerial em dezembro ou janeiro, fia-se na sua situação da TIM, hoje uma operadora sem dívidas e com capacidade de gerir esse eventual problema. Uma resultados expressivos, poderá se concentração entre as duas maiores deteriorar caso o controlador passe a operadoras de celular, ou mesmo a venda demandar mais dividendos, o que deixaria da TIM para os concorrentes, não é apenas Vivo e Claro “fortes”. exatamente algo que o governo vá deixar O xadrez está armado. Por acontecer sem interferir, ainda mais em um enquanto, há muito mais especulações ano eleitoral. e manipulações do que fatos em Soma-se a isso o fato de que a fusão questão, mas o ambiente promete entre Oi e Portugal Telecom pode não dar esquentar em 2014. certo, caso o mercado não responda com a disposição de colocar o tanto de dinheiro que Zeinal Bava está planejando ter dos investidores. Se essa operação não “o brasil é um ativo acontecer, a situação da Oi, que já é crítica, ‘core’ e nosso plano é pode ficar ainda mais complicada. anunciar investimentos No anúncio dos resultados do terceiro enormes no país.” trimestre, que ainda não mostraram uma Marco patuano, da telecom italia forte reação positiva ao “fator Z”, o foco foi n ov e m b r o 2013 | t e l e t i m e | 2 7


TV por Assinatura

Os novos players

Oleksiy Mark/shutterstock.com

Provedores que atuam no interior lançam serviço de TV por assinatura para se manter competitivos frente aos pacotes triple play das grandes operadoras.

Leandro Sanfelice

leandro@convergecom.com.br

A

abertura promovida pela Lei 12.485 de 2011, a Lei do Serviço de Acesso Condicionado (SeAC), que permitiu que empresas de telecomunicações oferecessem serviço de TV por assinatura e pacotes triple play, está mudando o perfil dos provedores de Internet que atuam no interior do País. Antes focados apenas no serviço de dados, passaram a enxergar na possibilidade de oferecer TV paga para seus assinantes uma oportunidade de tornar seus pacotes mais atraentes e competir com as grandes empresas de telecomunicações. Contando, em sua maioria, com alguns milhares de assinantes e menos recursos que as operadoras tradicionais de TV por assinatura, os provedores de Internet (ISPs) precisaram investir na atualização da rede, na construção de headends e na negociação de conteúdo com programadores, território até então desconhecido pelo setor.

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Já inseridos no mercado de Internet banda larga, e enfrentando uma crescente demanda por redes capazes de oferecer velocidades de conexão cada vez mais rápidas, muitos dos ISPs optam por aproveitar a infraestrutura usada na entrega desse serviço para oferecer TV por assinatura. Para isso, precisam atualizar a rede, investindo em fiber-to-the-home (FTTH) ou rede híbrida de fibra e cabo coaxial (HFC), dependendo do tamanho da operação e das expectativas de expansão do serviço. No caso das empresas que optaram pelo FTTH, a aposta é mais alta. Elas contam com a possibilidade de se diferenciar da concorrência ao integrar Internet em altíssima velocidade com a oferta de serviços de IPTV puros, que permitem maior interatividade, soluções de


foto: divulgação

TV Everywhere e VOD com qualidade de destacam pelo interesse em conteúdo Já inseridos no entrega garantida. Além disso, o FTTH mercado de Internet em múltiplas telas e canais HD. “Eles lhes permite entregar todo o conteúdo banda larga, muitos demandam bastante conteúdo para HD disponível hoje e também o que for entregas em tablets e smartphones. dos provedores Como geralmente contam com uma disponibilizado nos próximos anos sem optam por se preocupar com espaço na rede. infraestrutura mais atual, com mais aproveitar a Contudo, é preciso um número maior capacidade de entrega, buscam mais infraestrutura de assinantes para compensar o alto canais HD também. É comum custo do investimento. usada na entrega fecharem grades com grande Como opção ao serviço entregue desse serviço para quantidade de canais em HD”, diz. por fibra ou cabo, há a possibilidade de Contudo, a grande quantidade de oferecer TV por oferecer o serviço via DTH, inclusive obrigações de carregamento de canais assinatura. como representante de uma marca presentes nos contratos com os única compartilhada por diversos ISPs. programadores tem feito com que Exemplo desse tipo de modelo é o serviço anunciado alguns desses provedores optem por não carregar recentemente pela Unotel em parceria com a Nagra. A canais que são comuns nas grades das grandes empresa contratou a Media Networks para distribuir o operadoras. “Temos visto isso, sim. Quando percebem sinal por satélite e está negociando um pacote de que há uma grande quantidade de travas nos canais único para ser entregue por todos os contratos, exigindo o carregamento de diversos canais provedores que ofertarem o serviço. O ISP pode optar em conjunto, alguns provedores têm optado por não ainda por combinar essa oferta com o serviço fechar com o programador, que acaba ficando de fora oferecido por meio da rede. Nesse caso, o DTH do pacote”, explica Jucius. surge como opção para chegar a clientes em áreas mais remotas, onde o investimento em fibra ou Investimento e infraestrutura cabo não é viável. A Life, provedora de serviço de Internet com cerca A negociação de conteúdo com programadores de dez mil assinantes no interior paulista, está entre configura outro desafio para os provedores. A as empresas que optaram por investir em redes FTTH. necessidade de entregar conteúdo sem grande apelo A provedora lançará seu serviço de TV por assinatura com o público para ter acesso aos principais canais no final de janeiro de 2014. O serviço será ofertado dificulta as negociações. Para os provedores, pagar por inicialmente para todas as regiões das cidades canais pouco populares representa um gasto paulistas de Pompeia, Garça e Ocauçu, e para 60% da desnecessário em meio a investimentos já extensos, e população de Marília. pode refletir no preço final do produto. O serviço será distribuído no modelo IPTV, aproveitando a infraestrutura já instalada nas cidades. Mercado em movimento De acordo com o diretor comercial da empresa, Luis De acordo com Alex Jucius, diretor geral da NeoTV, Eduardo Dias, a Life planeja expandir a fibra, junto com associação responsável por negociar conteúdo para o serviço de TV paga, para toda a cidade de Marília operadores independentes de TV por assinatura e ainda em 2014 e tem como meta atingir 20 mil Internet, o número de provedores que se associaram assinantes de TV por assinatura e 22 mil de banda ao grupo com objetivo de iniciar uma operação própria larga até o ano de 2017. Ainda segundo Dias, a de TV por assinatura cresceu nos empresa investiu cerca de R$ 4,4 últimos dois anos, após a abertura de milhões no último ano com a mercado proporcionada pela expansão da rede de fibra para aprovação da Lei do SeAC. “Desde a viabilizar a oferta do serviço de IPTV. “O abertura do mercado aumentou muito projeto todo, incluindo a construção do a busca por informação pelos ISPs. headend, demandou investimentos de Eles querem se associar e buscam orientação na negociação de conteúdo”, diz. Hoje, mais de 40% dos “Desde a abertura do 145 associados da NeoTV são provedores de Internet. Só no último mercado aumentou muito a ano, o número de associados do grupo busca por informação pelos cresceu mais de 60%, sendo que 60% ISPs. Eles querem se associar desses membros entrantes são ISPs. e buscam orientação na Ainda de acordo com Jucius, no negociação de conteúdo.” que diz respeito à busca de conteúdo, Alex Jucius, da NeoTV os ISPs que se associaram à Neo TV se n ov e m b r o 2013 | t e l e t i m e | 2 9


“A longo prazo, o FTTH é a resposta para a crescente demanda por altas taxas de velocidade. Contudo, não é uma solução financeiramente ideal no momento. Assim, torna-se mais viável o HFC.” Alexandre Silva, da G2 Netsul

foto: divulgação

TV por Assinatura maior por fibra”. Entretanto, ele não descarta a possibilidade de usar o DTH para entregar TV por assinatura nessas regiões. “Não fechamos com ninguém por causa do nosso timing. A oferta da Unotel ainda não está completamente fechada e já estamos lançando o serviço, esse timing para gente é muito importante. Contudo, se aparecerem boas ofertas, bem formatadas, é possível no futuro”, explica o executivo.

mais de R$ 10 milhões”, diz. Complementaridade Segundo Dias, a Life oferecerá A Sumicity está planejando o cerca de 80 canais no plano básico e lançamento de seu serviço de TV por 146 no pacote mais avançado, assinatura para janeiro de 2014. A incluindo 39 canais de música, além empresa, que provê serviço de Internet de conteúdo em VOD e aplicativos promovendo para cerca de 18 mil assinantes, oferecerá o serviço interatividade com redes sociais. No pacote mais de TV inicialmente nas cidades de Além Paraíba, em avançado, serão distribuídos mais de 25 canais em Minas Gerais, e Carmo, Sumidouro, Guapimirim e parte HD. A grade contará com canais das principais de Teresópolis, no Rio de Janeiro. A empresa também programadoras do mercado, com exceção da HBO. “O investiu em FTTH para entregar um serviço com que tiver de conteúdo HD poderemos colocar. Inclusive tecnologia IPTV, com set-top boxes da Homecast e vamos oferecer alguns canais em HD também nos tecnologia de acesso condicionado da Conax. Nas pacotes básicos, e não apenas nos pacotes mais regiões mais afastadas, onde entrega Internet via caros. Planejamos também incentivar a criação de rádio, a empresa levará o serviço via DTH, com a conteúdo local, com cidades e instituições, como marca da Unotel. diferencial”. A grade de canais será diferente nos serviços de O principal desafio encontrado no desenvolvimento IPTV e DTH. Isso ocorre porque, onde levar o serviço de do projeto, diz, foi o custo do capital e a falta de linhas IPTV, a própria empresa, com ajuda da Neo TV, negocia apropriadas no BNDES. “Não existem linhas com custo a contratação dos canais com as programadoras. Já de capital adequado para os provedores. Além disso, no caso do DTH, a Unotel negocia uma grade de não aceitam rede como garantia do pagamento, o que canais que será usada por todos que ofertarem o para mim é uma falta de visão, e os interlocutores serviço. Além disso, a oferta por DTH deverá ser trocam o tempo todo. Nos países que passaram por lançada apenas em março e não contará com esse processo houve apoio para os provedores, e não serviços de VOD e interatividade. vemos isso aqui”, diz. Nas cidades onde entregará serviço por IPTV, a Ele criticou também o modelo de negociação de maior parte da operação da Sumicity utilizava cabos conteúdo adotado pelas programadoras. “Em uma de par trançado (UTP) para oferecer serviço de Internet. época de Internet onde o usuário pode assistir o que De acordo com seu diretor geral, Vicente Sérgio da quiser como quiser, é anacrônico Silva Gomes, para viabilizar o serviço a engessar o pacote e querer obrigar a empresa vem investindo na migração operadora a fazer o cliente pagar por para fibra há pouco mais de um ano, um conteúdo que não vai ver. Isso só e está concluindo a construção de Como opção ao encarece o serviço”, argumenta. um headend na cidade de Carmo. “É serviço entregue um investimento muito grande, mas Dos 10 mil clientes da Life, 8,5 mil já foram migrados para fibra. Os 1,5 por fibra ou cabo, há que permitirá oferecer o melhor mil restantes, explica Luis, fazem a possibilidade de conteúdo. O que chegar de conteúdo parte da base atendida com rádio, em oferecer o serviço em HD nós podemos distribuir. regiões mais remotas. Para ele, é Também freamos o crescimento da via DTH, inclusive possível que esse grupo de assinantes empresa em 2012 para evitar que a como representante base de assinantes crescesse em seja atendido por fibra em breve. “É de uma marca única cima de uma tecnologia ultrapassada caro, o investimento é muito alto. Mas compartilhada por que precisaria migrar com custos”, as pessoas estão dispostas a pagar. O diversos ISPs. que vemos é uma demanda cada vez disse Gomes. 30 | t e l e t i m e | n ov e m b r o 2013



TV por Assinatura A empresa planeja cobrir toda a cidade de Teresópolis com estrutura para FTTH até o final de 2014 e concluir a migração de toda sua base de assinantes atendidos com cabos UTP em dois anos. “Onde não conseguirmos migrar para fibra, deixaremos de oferecer os serviços”, revela. De acordo com o executivo, a grade que será lançada com o serviço de IPTV contará com canais de quase todas as principais programadoras. A exceção é a Globosat, maior programadora do País. Segundo Vicente, a Globosat exigia que os canais HD fossem oferecidos apenas no pacote avançado, contrariando o desejo da Sumicity de oferecê-los no básico. “É uma vantagem que nós temos, com a infraestrutura que construímos podemos levar todos os canais disponíveis em HD para nossos clientes. Não poder fazer isso no pacote básico, eliminaria uma vantagem competitiva nossa”, explica.

“O FTTH demanda um investimento muito grande, mas que permitirá oferecer o melhor conteúdo. O que chegar de conteúdo em HD nós podemos distribuir.” Vicente Gomes, da Sumicity

para implantação de redes HFC. Hoje podemos chegar com velocidades de 10 Mbps a 300 Mbps aos assinantes residenciais com nossa tecnologia e infraestrutura”. Além disso, nenhuma das ofertas para atuar como representante de DTH teria agradado a empresa. “Outro fator determinante foi não visualizar nenhuma proposta viável para ser representante de uma operadora DTH e optar pela implantação de headend de TV próprio que, apesar do elevado custo, proporciona a mudança na filosofia e foco da empresa. A G2, antes provedor de Internet, agora tornou-se uma operadora de TV por assinatura com sinal 100% digital”, diz. A opção pelo HFC, explica, surgiu de uma comparação feita pela empresa entre os custos e HFC benefícios de cada tecnologia. “A longo prazo, o Atuando em 65 cidades do interior do Rio Grande FTTH é a resposta para a crescente demanda por altas do Sul e Santa Catarina, e uma base de sete mil taxas de velocidade. Contudo, não é uma solução assinantes no serviço de Internet, a G2 Netsul optou técnica e financeiramente ideal no momento. por investir na construção de uma rede HFC para O custo de implementação, sobretudo por conta entrega do seu serviço de TV por assinatura, que será de mão de obra, é muito alto. Assim, torna-se lançado em dezembro nas cidades de Flores da mais viável o HFC”. Cunha, Gramado e Canela, estando disponível para Para competir com as grandes operadoras, a G2 cerca de 60% da população desses municípios já no Netsul aposta na capacidade de oferecer uma grande seu lançamento. O serviço contará com dois pacotes, quantidade de canais HD e Internet com alta um com cerca de 50 e outro com cerca de cem velocidade. “Para evitarmos ou minimizarmos a canais, além de serviço de VOD entregue em um concorrência com as grandes teles e operadoras de modelo over-the-top. DTH, focamos na qualidade do atendimento, oferta de De acordo com o sócio diretor da G2 Netsul, conteúdo local de TV, conteúdo de TV 100% digital com Alexandre Silva, a rede atual tem capacidade para grande numero de canais HD e, principalmente, altas atender até 10 mil assinantes, e a expectativa é contar taxas de velocidade de conexão à Internet”, avalia Silva. com 3 mil clientes no serviço de TV paga em um Entre os desafios encontrados no desenvolvimento prazo de 18 meses. “Isso é muito recente, nossa do projeto de TV por assinatura da G2 outorga de SeAC foi expedida este ano. Netsul, ele destaca a falta de mão de Dentro do nosso modelo de negócio é obra qualificada, a demora na inviável colocar cabo em um número grande de cidades. Com o tempo O ISP pode combinar liberação de outorgas pela Anatel, os iremos expandir esse serviço”, diz. o DTH com o serviço custos de locação dos postes de Segundo ele, a demanda dos oferecido por meio energia e a escolha de fornecedores. assinantes por conexões mais rápidas da rede. Nesse caso, “Por se tratar de um setor ainda restrito e direcionado a grandes fez com que a G2 Netsul, que atuava o satélite surge operadoras de TV por assinatura, a oferecendo Internet por como opção para maioria dos equipamentos é radiofrequência aberta, investisse na chegar a clientes em importada e ainda há um numero construção da rede. “A demanda por áreas mais remotas. reduzido de fornecedores.” altas velocidades foi determinante 32 | t e l e t i m e | n ov e m b r o 2013



algar

outras

1,74%

8,98%

embratel

0,85%

tim

0,29%

gvt

10,86%

telefônica/vivo

Dados de mercado

banda larga fixa Penetração

19,02%

net serviços

sercomtel

27,83%

0,51%

oi

29,93%

Fonte: Anatel. Base: ago/2013.

Market Share

ACESSOS POR 100 DOMICÍLIOS 40 a 135 20 a 40 10 a 20 5 a 10 Até 5

(363) (923) (1.260) (1.233) (1.782)

Acessos 6.591.025 6.128.588 4.188.839 2.391.227 382.651 187.249 112.045 63.441 1.977.267 22.022.332

Oi Net Serviços Telefônica/Vivo GVT Algar Embratel Sercomtel TIM Outras TOTAL

Fonte: Anatel. Base: ago/2013.

vivo tv

3,24%

Obs.: As áreas plotadas representam o território total dos municípios atendidos, e não apenas o perímetro urbano. Os números entre parênteses indicam o total de municípios por faixa.

outras

1,4%

sim tv

Blue Interactive

0,90%

claro tv

0,38%

20,05% ctbc tv

Fonte: Anatel. Base: ago/2013.

tv por assinatura Penetração

0,74% sky

cabo telecom

30,19%

0,28% gvt

3,37% net fortaleza

rca tv

0,39%

0,31%

oi tv

5,24%

nossa tv

0,56%

net serviços

32,94%

Fonte: Anatel. Base: set/2013.

Market Share

ACESSOS POR 100 DOMICÍLIOS 30 a 120 15 a 30 10 a 15 6 a 10 3 a 6 1 a 3 Menos de 1

(354) (705) (586) (997) (1.301) (1.445) (177)

Obs.: As áreas plotadas representam o território total dos municípios atendidos, e não apenas o perímetro urbano. Os números entre parênteses indicam o total de municípios por faixa. Fonte: Anatel. Base: set/2013.

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Net Serviços Sky Claro TV Oi TV GVT Vivo TV Blue Interactive / Viacabo Algar / CTBC TV NossaTV RCA TV Sim TV Net Fortaleza (Videomar) Cabo Telecom Outras TOTAL

Acessos 5.734.303 5.255.154 3.489.668 911.566 586.862 564.771 157.215 128.177 97.894 68.010 65.773 54.732 49.006 243.634 17.406.765 Fonte: Anatel. Base: set/2013.



regulamentação

Círculo vicioso ou virtuoso? Helton Posseti

helton@convergecom.com.br

A

Anatel carrega o incômodo título de ser a agência que mais aplica multas sobre os seus regulados e que menos consegue fazer com que essas multas sejam efetivamente pagas. Quem diz isso é o Tribunal de Contas da União. Daí se conclui que as multas têm se mostrado um recurso ineficiente para desencorajar as empresas que não cumprem os regulamentos da agência. Ao contrário, fica a impressão de que as empresas preferem ser multadas e arcar com o custo de recorrer indefinidamente a realizar os investimentos necessários para resolver o problema. O caminho para que a Anatel saia desse círculo vicioso, no entendimento da agência, é a celebração dos Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), matéria que ficará sob a responsabilidade da nova Superintendência de Controle de Obrigações (SCO), comandada por Roberto Pinto Martins. A agência terá um regulamento sobre os TACs, cuja proposta está sendo analisada pelo Conselho Diretor, sob a relatoria do conselheiro Rodrigo Zerbone, mas é inevitável não se ter a sensação de que o regulamento está muito atrasado. Isso porque um dos condicionantes colocados pela própria Anatel para a Oi por ocasião da compra da Brasil Telecom foi que a companhia formulasse uma proposta de TAC que resolvesse todos os processos relacionados às obrigações de universalização e de qualidade. Isso foi em 2008. Depois de várias idas e vindas dentro do Conselho Diretor, a agência resolveu que não aprovaria essa proposta e nem qualquer outra sem antes aprovar um regulamento sobre o assunto. “Qualquer empresa pode fazer uma proposta de TAC. O que a gente está dizendo é que qualquer proposta de TAC será levada adiante com a aprovação do regulamento. Eu acho que é um instrumento importante que as empresas poderão utilizar para resolver as suas

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Aksenenko Olga/shutterstock.com

Diante da ineficiência das multas, nova Superintendência de Controle de Obrigações quer garantir investimentos com os Termos de Ajustamento de Conduta (TAC).

pendências em termos de compromissos regulatórios que, por uma razão ou outra, estão sendo descumpridas. Acho que é uma bela oportunidade tratar desse assunto via TAC. É assim que os outros órgãos fazem. Não haveria razão de a gente não fazer assim também”, afirma o superintendente Roberto Pinto Martins. Os acordos são vistos como uma importante ferramenta para que os órgãos reguladores possam resolver problemas sistêmicos. No caso das telecomunicações, por exemplo, a Anatel tem inúmeros processos sobre a comercialização de cartões indutivos com valor acima do permitido. Esse é um caso típico que poderia ser resolvido através de um TAC, embora a agência tenha sofrido duras críticas do Ministério Público por permitir que os TACs sejam usados para “sanar” multas já aplicadas.


foto: Sinclair Maia/Anatel/divulgação

A Superintendência de Controle de “(O TAC) é um instrumento Obrigações estima que haja dentro da importante que as empresas agência um total de aproximadamente poderão utilizar para resolver 12 mil processos de descumprimentos de as suas pendências que, por obrigações (Pados) – muitos com cerca de uma razão ou outra, estão dez anos. Desses, a maior parte, 9 mil, é de sendo descumpridas.” responsabilidade da Superintendência de Fiscalização, que assumiu os processos de Roberto Pinto Martins, da Anatel “óbice à fiscalização” – que é quando por algum motivo a empresa impede ou não por serviços, basicamente a SCO dificulta o trabalho do fiscal. Nesses casos, está responsável pelo o valor dos Pados é bem baixo. Os TACs acompanhamento e controle das foram desenhados para atacar a outra obrigações das empresas de todos os ponta dos processos: aqueles com multas serviços, seja prestado em regime altas, mas com menor volume de público ou privado. É um espectro processos dentro da agência. amplo de assuntos a acompanhar. A “Cada Pado deveria ter o compromisso análise dos pedidos de dispensa de carregamento de da empresa em resolver o problema e não ficar aí todo canais na TV por assinatura, por exemplo, também está ano com Pado sobre o mesmo assunto. Acho que isso com a SCO, assim como a elaboração de regulamento que gerou esse volume grande. Não são muitos para cálculo das multas em conjunto com a assuntos. Tem muitos Pados sobre o mesmo tema”, Superintendência de Planejamento e Regulamentação afirma o superintendente. (SPR). A SCO também é responsável por acompanhar o A superintendência tem procurado juntar os processos cumprimento das obrigações dos editais. sobre o mesmo tema e tratá-los conjuntamente. Outra Aliás, para o superintendente Roberto Pinto Martins – frente para tentar “racionalizar” os Pados dentro da Anatel que era o chefe da antiga Superintendência de Serviços foi a aprovação dos regulamentos de qualidade da banda Públicos (SPB) – um dos grandes benefícios da nova larga, seja fixa ou móvel. Segundo o superintendente estrutura é que ela permite unificar o entendimento da Roberto Pinto Martins, a ideia é acompanhar o desempenho agência sobre assuntos similares. “Antes a SPB poderia dar das prestadoras mensalmente, como está sendo feito, um entendimento, a Superintendência de Serviços mas a sanção será feita de uma vez só. Privados (SPV) podia dar outro, e a Superintendência de “Ninguém vai ficar abrindo um Pado todo mês, então a Comunicação de Massa (SCM) outro e você ter coisas gente está acompanhando e no final do ano você faz uma parecidas com tratamentos diferentes”, afirma. síntese de tudo isso e abre um único Pado para tratar Um exemplo claro dessa divergência era na desse tema. Você vai acompanhando ao longo do ano, se metodologia de multas. Como cada área tinha a sua você perceber que coisa está muito distorcida, podemos metodologia, frequentemente as multas aplicadas pela soltar uma cautelar ou algo parecido”, explica Martins. Anatel eram diferentes para casos semelhantes. “Hoje não O superintendente analisa que, no futuro, a Anatel há mais essa possibilidade. Para casos similares, a poderá ter um regulamento único para tratar da metodologia é a mesma. Não é prudente tratar casos qualidade de todos os serviços. Segundo ele, há parecidos de forma diferente”, afirma ele. peculiaridades entre os diferentes serviços, mas há É claro que há alguns temas que acabam sendo muitas questões comuns, de forma que, na sua visão, o tocados por duas superintendências. próximo passo seria consolidar todas as A elaboração de regulamentos, por metas em um único regulamento. é tarefa da SPR, mas ela faz Isto está sendo pensado para uma fica a impressão de exemplo, isso em parceria com a outra área futura revisão dos regulamentos de que as empresas afeta ao tema. No caso dos bens qualidade da banda larga. “A banda larga preferem ser reversíveis, por exemplo, todo o tem que medir de um jeito, a telefonia de multadas e arcar acompanhamento é feito pela outro, mas não significa que isso tem que SCO, mas o regulamento é de ficar de forma isolada. Por exemplo, se com o custo responsabilidade da SPR. alguém está captando a informação de de recorrer “Dentro de uma superintendência você forma equivocada, eu não preciso dar um indefinidamente a fazia de tudo: regulação, controle, Pado etc. tratamento diferente para banda larga, TV realizarem os Quase que uma superintendência era por assinatura etc.”. investimentos uma pequena Anatel. Tinha um pouco de necessários tudo. Agora, as superintendências têm um Nova estrutura para resolver trabalho mais concentrado, mais Dentro da nova estrutura da Anatel, o problema. específico”, conclui ele. que agora está dividida por processos e n ov e m b r o 2013 | t e l e t i m e | 3 7


ponto&contraponto

Nostalgia pelo fim de uma etapa A nossa tarefa sempre foi a de alertar para eventuais contradições, daí o nome de nossa coluna: Ponto e Contraponto. E um dos maiores problemas com muita nostalgia que encerramos este ciclo de que temos é a volatilidade das regras em todos os mais de 15 anos na TELETIME. Uma revista setores, o que contamina a capacidade de planejar e impressa que acompanhou a evolução da fazer investimentos de longo prazo, inclusive do tecnologia, sempre se reinventando. Chega a hora, próprio governo. Não é ainda o caso do setor de contudo, de abandonar o meio impresso. telecomunicações, que tem regras mais consolidadas, Foi para mim uma experiência incrível participar deste mas que não está imune aos interesses políticos projeto, que teve um papel importante na evolução das de curto prazo. telecomunicações brasileiras neste período. Nosso objetivo Algo que sempre insistimos ao longo destes anos, e foi sempre de abrir a janela para o mundo e fazer com que ainda não vemos inserido na cultura empresarial e que os nossos profissionais, vivendo afastados dos centros de governo, é a necessidade de um planejamento, com que determinam a evolução da tecnologia moderna de estratégias claras e duradouras. Tecnologia exige uma telecomunicações, pudessem ter uma oportunidade de visão de longo prazo e, principalmente, continuidade. algum contato com as tendências e soluções sendo Envolve universidades, centros de pesquisa, adotadas mundo afora, e pudessem, assim, participar planejamento tributário, vontade política e adequação mais ativamente do planejamento e implantação das das regras, bem como sua proteção e continuidade. redes no Brasil. Foi um fator importante nos primeiros Improvisos e puxadinhos não vão nunca levar a momentos após a privatização, quando saímos de um resultados duradouros. Mudar a cultura política e mundo protegido para o impacto direto com grupos tecnológica do País pode envolver uma missão de pelo internacionais, que estavam interessados em trazer para menos uma geração e o legado que podemos deixar é cá as mais modernas soluções de redes e tecnologias lançar as bases para que isto possa ocorrer. Nunca é para acelerar a universalização do serviço fixo e também demais aprender com o desenvolvimento da Coreia do para os primeiros passos da telefonia móvel. Sul, possível graças à um planejamento plurianual que Sempre procuramos manter esta visão de que o já é seguido há mais de uma década. Brasil deveria estar inserido no mundo, e a esperança Desculpem-me se mesmo neste último número de que seriamos não apenas seguidores, mas impresso da TELETIME eu não resisto a este tom também poderíamos puxar para cá algum segmento cáustico, mas creio que assim estarei ajudando a de inovação ou liderança tecnológica, coisa que pensarmos em como “sair da caixa”, pensar novo e infelizmente ficou muito aquém de nossos desejos. As pensar diferente, pois se continuarmos andando em amarras brasileiras foram, e ainda são, muito mais círculos ou para trás, será cada vez mais difícil fortes do que a criatividade. Os interesses políticos de acharmos uma saída. Agradeço a vocês leitores fiéis ao curto prazo se sobrepõem ao longo de toda esta jornada. Mantivemos a interesse coletivo e nacional. A Agradeço a todos vocês da equipe educação deixa a desejar e há um da TELETIME, aos de agora e os que esperança de que distanciamento entre universidades e seríamos não apenas nos acompanharam em outras fases as realidades de mercado e do mundo desta jornada, em particular ao meu seguidores, mas empresarial. A visão do País é ainda também poderíamos amigo Rubens, a oportunidade de voltada para o emprego industrial e não poder colaborar neste importante puxar para cá algum projeto, fazendo parte desta equipe para a inovação e desenvolvimento tecnológico, que levaria a uma maior segmento de inovação durante estes anos todos. ou liderança e mais duradoura inserção no Espero poder ainda contribuir nas tecnológica. mercado mundial. próximas etapas que certamente virão. Cláudio Dascal

dascal@uol.com.br

É

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