Revista Tela Viva - 227 - Junho 2012

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televisão, cinema e mídias eletrônicas

ano 21_#227_jun2012

especial produção nacional

prontos para avançar Ancine publica regulamentos finais da nova lei de TV por assinatura. Canais e produtores já trabalham em projetos para as novas grades. Cotas passam a valer em setembro. RADIODIFUSÃO Paulo Bernardo reabre o debate sobre o novo marco legal da comunicação eletrônica

INTERNACIONAL Operadoras reunidas na Cable 2012 reagem ao over-the-top com novos modelos de serviço


O primeiro canal HD dedicado ao cinema independente brasileiro. Longas, curtas, médias, documentários e mini-séries. Exclusivamente conteúdos produzidos nos últimos 12 anos.

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Os filmes brasileiros de maior destaque você assiste na Sessão Prime Box, sempre às 22h. Filmes em destaque: Olga, Memórias Póstumas, Lavoura Arcaica, Extremo Sul, Cartola, O Preço da Paz, Estamira, A Alma Roqueira de Noel, Mãe e Filha, entre outros.

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+ Cinema com Rubens Ewald Filho Com a estreia prevista para os próximos meses, o programa irá destacar a qualidade da nova safra da produção para cinema, TV e Internet brasileira e trazer aspectos incomuns dos bastidores do mercado audiovisual, festivais e estreias de filmes nacionais.

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Box Brazil - Programadora Brasileira Independente Multiplataforma A BOX BRAZIL é a primeira programadora independente multiplataforma, 100% brasileira, dedicada à exibição, distribuição e difusão de conteúdo audiovisual nacional, na TV, Celular, Mobile, Internet e TVs Conectadas.

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inalmente foram publicadas as normas que faltavam para o pleno funcionamento da Lei 12.485, anunciadas pelo presidente da Ancine, Manoel Rangel, na abertura do Fórum Brasil de Televisão, promovido no início de junho por TELA VIVA. A Ancine demonstrou no regulamento, editado através de duas instruções normativas, que escutou as manifestações do setor. A norma é bastante equilibrada e deve ajudar a cumprir um dos maiores objetivos da lei, o fortalecimento da produção nacional. Alguns produtores esperavam critérios mais rígidos, como a proibição de reality shows e concertos musicais e uma limitação mais explícita das reprises, para efeito do cumprimento de cotas. A Ancine mostrou moderação e “facilitou” um pouco a vida das programadoras, ao permitir os realities, desde que produzidos com formatos de propriedade nacional, os shows musicais, desde que em canais que tenham tradicionalmente este perfil, e ao “liberar” o número de reapresentações de um programa consideradas válidas para o cumprimento das cotas. A agência ressaltou que eventuais abusos nestas práticas podem levar à publicação de normas mais rigorosas no futuro. Esta flexibilidade favorece a todos. Não seria desejável um engessamento das regras de cumprimento das cotas de programação nacional e independente, que por si só já representam uma grande carga de responsabilidade para os canais. A Ancine deu um voto de confiança às programadoras, que certamente se manterão dentro do esperado, mesmo porque não querem degradar sua grade de programação com reprises infinitas e programas de baixa qualidade. O resultado também é fruto de um entendimento de que nem todos os canais são iguais. Não se pode exigir de canais que não tenham este perfil que invistam somente em séries de ficção ou séries animadas. Há canais nos quais uma produção de caráter musical, um reality de moda, gastronomia, ecologia ou artes tem mais coerência que uma programação de longas-metragens nacionais. Além disso, se queremos criar uma indústria de produção para a TV, temos que produzir de tudo: longas, curtas, séries, mas também programas de auditório, documentários, humorísticos, shows musicais etc. Outra promessa da Ancine, feita no anúncio das normas, é a simplificação do processo de aprovação de projetos, uma das maiores demandas do setor. Rangel afirmou que o prazo máximo será de 20 dias, causando admiração e ceticismo na plateia. Também espera-se para ver se e como serão aplicados, efetivamente, os milionários recursos da nova Condecine, recolhida pelas empresas de telecom, que podem alavancar toda esta nova demanda por produção nacional. Dedicamos boa parte desta edição ao tema da produção nacional na TV por assinatura, com matérias nas quais ouvimos boa parte dos programadores e diversos produtores. O clima de belicosidade e desconfiança que havia durante a discussão da lei parece ter se dispersado e todos se mostram confiantes e dispostos a trabalhar juntos. O relógio começa a girar em setembro, quando as cotas passam a ser contadas.

André Mermelstein

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capa: editoria de arte converge. fotos: Slavoljub Pantelic / Andresr / Shutterstock.com

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O Brasil cresceu, com a garra do seu povo, com a esperança que está no ar e com a alegria de cada brasileiro, com soluções originais que abrem caminho para o futuro do planeta. Futuro onde produzir e preservar se integram. Hoje, o Brasil é respeitado porque inclui e

Banco de imagens do Ministério do Turismo.

melhora a vida das pessoas e protege o meio ambiente.


O Brasil reafirma, com orgulho, o compromisso com a sustentabilidade do seu desenvolvimento e defesa do meio ambiente. Rio+20: o grande encontro mundial do desenvolvimento sustentável, em busca de melhores caminhos para o crescimento econômico, com inclusão social e proteção ambiental. Rio+20: crescer, incluir, proteger. Para mais informações, acesse: www.rio20.gov.br. Participe.



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(índice ) 17

especial produção nacional

Produção

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Regulamentação

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Programação

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Galeria

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Mercado

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Produtores e programadores buscam modelo de trabalho para o cumprimento das cotas Lei 12.485 abre espaço nos canais e traz financiamento para a produção independente

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Canais nacionais devem ampliar a distribuição e repensar suas ofertas de conteúdo

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Veja quem esteve e o que aconteceu no 13º Fórum Brasil de Televisão Canais internacionais preparam-se para preencher a grade com conteúdo nacional

( cartas)

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Capa Parabéns à revista Tela Viva que há duas décadas tem sido a principal fonte de infomação do setor audiovisual no País. Espero mesmo que em algumas edições possamos ler de verdade muitas daquelas manchetes ainda imaginárias. Muitos anos de vida! Maurício Ribeiro, São Paulo, SP

Scanner Figuras Radiodifusão

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Internacional

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Audiência Making Of Case

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Upgrade Agenda

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Paulo Bernardo reabre o debate sobre o marco legal das comunicações NCTA Cable 2012 debate como a TV paga e o OTT podem conviver no mercado

Felicitações à equipe de Tela Viva, leitura obrigatória para quem quer desbravar o mundo do cinema e da televisão. É impressionante ver a evolução do setor em 20 anos e com certeza vai evoluir mais e mais nos anos que estão por vir. Espero poder acompanhar tudo por aqui. Solange Azevedo, Rio de Janeiro, RJ

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Documentário ambiental integra a programação da Rio+20

Tela Viva edita as cartas recebidas, para adequá-las a este espaço, procurando manter a máxima fidelidade ao seu conteúdo. Envie suas críticas, comentários e sugestões para cartas.telaviva@convergecom.com.br

Acompanhe as notícias mais recentes do mercado

telavivanews www.telaviva.com.br 8

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FOTOs: divulgação

Técnico no iPad O Cartola FC, fantasy game do SporTV, está disponível também para iPads. O jogo já contava com aplicativos para iPhone e Android. Apenas na primeira rodada do Brasileirão 2012 foram criados mais de um milhão de times. Para as próximas rodadas, o game terá novidades. O usuário poderá escolher um patrocinador para a sua camisa, com a possibilidade de participar da liga desta marca. Além disso, sempre antes de cada rodada do Brasileiro, haverá um programa na Internet com especialistas que darão dicas para os usuários escalarem seus times e terem sucesso no jogo.

“Desconectados”, da gaúcha Cubo Filmes, é a primeira produção original do Sundaytv.

Original O Sundaytv, serviço de video on-demand do Terra, estreou em junho sua primeira produção original, a websérie “Desconectados”, que o usuário pode ver gratuitamente. A série de dez episódios de dez minutos foi produzida pela gaúcha Cubo Filmes e conta a história de um grupo de estudantes de artes plásticas de vinte e poucos anos em busca da identidade artística e pessoal. A iniciativa faz parte da estratégia do Sundaytv de oferecer produtos inéditos, além de produções nacionais e independentes que são vistas apenas em mostras ou festivais. “O formato de conteúdo ainda é um formato muito offline. O nosso objetivo ao trazer este tipo de conteúdo é fazer com que as pessoas comecem a entrar no serviço e saibam que podem consumir outros tipos de conteúdo. Queremos aos poucos mudar o conceito de que só há produção americana”, explica Pedro Rolla, diretor de produtos de mídia do Terra. Outros conteúdos originais devem ser oferecidos gratuitamente. Para julho, está prevista a estreia de uma nova websérie, “Bipolar”. Também no mês que vem, o Sundaytv deve estrear o novo longa-metragem de Carlos Gerbase, “Menos que Nada”, simultaneamente ao cinema e de forma gratuita. O executivo

explica que os modelos de negócio são bastante flexíveis. No caso do longa, o Terra entrou no projeto desde um começo, com apoio e recursos. “Tudo depende muito da visão do produtor. A gente ainda vem de um mercado em que as pessoas primeiro pensam na TV, e se não dá certo tentam levar para a web. Talvez em alguns anos teremos mais gente produzindo para Internet e celular do que para a TV. Os orçamentos serão adaptados também”, observa Rolla. A concepção da websérie “Desconectados” é da produtora Cubo Filmes, de Claudio Fagundes. Ele conta que a série já havia sido desenvolvida e filmada pela produtora quando a equipe do Terra conheceu o projeto, inclusive com material extra sobre os personagens porque a produtora queria testar a linguagem de conteúdo para a web. Além de atuar na produtora, Fagundes é professor da Unisinos, onde ministra a matéria novas mídias e estuda a linguagem da Internet. Cada episódio teve orçamento de R$ 15 mil a R$ 20 mil, financiados com editais regionais e recursos da própria produtora. Além da estreia no Brasil, a websérie “Desconectados” poderá ser vista a partir de agosto nos países da América Latina onde o Terra atua.

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Leyla Fernandes, da Apro, e Rogério Bellini, da Apex, assinam a renovação do convênio da Filmbrazil.

Dez anos A Apro e a Apex renovaram o convênio do projeto setorial Filmbrazil. O programa, que tem o objetivo de promover junto ao mercado internacional os serviços de produção de obras audiovisuais e publicitárias no Brasil, receberá no biênio 2012-2014 R$ 4,5 milhões em investimentos. Somente em 2011, o Filmbrazil atraiu ao País trabalhos que movimentaram US$ 11,5 milhões com obras publicitárias estrangeiras. Em comparação com 2010, houve um crescimento de 53% de produções internacionais O projeto Filmbrazil completa dez anos em 2012 e desde 2005 tem parceria com a Apex. O evento internacional mais importante para o projeto é o Festival Internacional de Criatividade de Cannes, que aconteceu em junho. A Apro organizou o Lounge Filmbrazil e destacou a nova campanha do projeto, a “Braziloscope: Open Your Eyes”, criada pela Agência Zebra de Luxe. O espaço da Filmbrazil no evento contou com a participação do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), que ofereceu degustação de frutas típicas, do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e da marca brasileira de cosmético Sol de Janeiro.

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Para brasileirinhos O Gloob, canal infantil da Globosat, estreou em junho com atrações nacionais na grade de programação. A série de live action “Os Detetives do Prédio Azul”, da Conspiração, é a primeira produção desenvolvida especialmente para o canal. O roteiro é de Flávia Lins e Silva e a direção é de André Pellenz. Outro programa nacional é a série “Caco e Dado”, que mistura live action com animação, com imagens da fauna brasileira captadas pelos cinegrafistas Lawrence Wahba e Haroldo Palo Jr. A produção é da BossaNovaFilms. O Gloob estreou na Net, (no canal 30 SD e 557 HD); na Sky (no 287 HD); na Claro TV (no 94 SD); na Vivo TV cabo (no 22 SD e no 322 HD); na GVT (no 32 HD); na OI TV (no 87 SD); e na CTBC cabo (no 35 SD e no 235 HD).

“Caco e Dado”, da BossaNovaFilms, é uma das atrações nacionais do canal Gloob.

Para contar história

Conspiração produziu documentário sobre os 70 anos da Vale com filmagens em dez países.

A Conspiração produziu o filme institucional “Nossa História”, que marca os 70 anos da Vale. Os marcos da empresa são contados pela voz de seus empregados ao redor do mundo, o que exigiu filmagens em dez países, depoimentos em 12 idiomas e mais de 150 personagens captados. O resultado final, de 26 minutos, foi exibido no inicio de junho, no Cine Odeon, no Centro de Rio de Janeiro, em quatro sessões para convidados, empregados e ex-empregados da empresa. Com direção de Daniel Lieff, a produção durou oito meses, envolvendo uma equipe de 70 pessoas da produtora. Todo o trabalho de pesquisa de conteúdo, roteiros, produção e finalização foi feito pela Corp, o núcleo de conteúdo corporativo e para marcas e empresas da Conspiração.


( scanner) Pequenos conscientes mecanismos para garantir O Goethe-Institut de um diálogo fluído e um interBuenos Aires convidou cinco câmbio permanente entre canais latino-americanos para todos os envolvidos. O instirealizar uma microssérie tuto ainda assumiu funções sobre os pequenos problemas específicas de tradução, ecológicos que mobilizam a dublagem e transcodificação. vida das crianças e as pequeAldana Duhalde (Argentina) e nas soluções que elas criaram Beth Carmona (Brasil), recopara melhorar a vida do planhecidas especialistas latinoneta. “Senha Verde” é uma -americanas, acompanharam coprodução entre Colômbia e supervisionaram o projeto (señalcolombia), Argentina “Senha Verde” é uma série infantil sobre meio ambiente desde o seu princípio, garan(Canal Paka Paka), Uruguai coproduzida por cinco países latinoamericanos. tindo coerência e identidade, (Tevé Ciudad), Brasil (TV em apoio permanente aos produtores. O projeto também Brasil) e Venezuela (Vale TV). Os canais assumiram a tem um site: www.senha.com.br. responsabilidade de produção das eco-histórias a partir dos seus respectivos países. O Goethe-Institut criou

FOTO: Kiko Cabral

Novos canais

Jasser Rossetto, Lúcia Merten, Michele Ruaro e Álvaro Beck, da Farofa Filmes.

Filial paulistana A gaúcha Farofa Filmes, dos sócios Álvaro Beck, Michele Ruaro e Jasser Rossetto, comemora dez anos com a abertura de uma filial em São Paulo. A base paulistana é inaugurada com Lúcia Merten no comando do atendimento. Formada em publicidade e propaganda, ela iniciou carreira em 2001, como atendimento e, desde então, passou por produtoras, agências e anunciantes.

A Discovery Networks anunciou que a partir do dia 9 de julho, o canal Liv muda de nome e identidade visual para tornar-se o Investigação Discovery, canal de entretenimento com foco em suspense, crime e investigação. Permanecem na grade de canal as séries policiais “Hawaii Five-O” e “Blue Blood” e as séries de crime e suspense “Dexter” e “Prision Break”. Serão incorporadas à programação histórias reais que têm o suspense como elemento principal, contadas por especialistas, testemunhas e familiares e revividas com a ajuda de reconstituições cênicas.

Entre os programas do gênero estão “Amor Assassino”, que já é exibido atualmente, “Pecados Mortais”, “Suspeitos Insólitos”, “Dementes”, “Mentes Criminosas”, “A Sangue Frio” e “O Perigo Vive ao Lado”, entre outros. O canal também continuará exibindo filmes diariamente. A programadora também lançará a versão HD do Investigação Discovery a partir de 31 de agosto. Outro canal que terá versão em alta definição é o Discovery Home & Health, a partir de 1º de julho. A programação de ambos será a mesma dos canais em definição padrão.

De regional para regional Um grupo de sócios da EPTV, de São Paulo, adquiriu 33% das ações da Rede Bahia. Na nova composição societária do grupo de mídia baiano estão a EPTV, a família Antonio Carlos Magalhães Júnior (33%) e a família Luis Eduardo Magalhães Filho (33%). A Rede Bahia é o maior grupo de comunicação do Norte e Nordeste com seis emissoras de televisão afiliadas à Rede Globo, nas cidades de Salvador, Barreiras, Vitória da Conquista, Juazeiro, Feira de Santana e Itabuna. Além disso, o grupo possui quatro rádios FM, um jornal impresso, portais de internet, produtora de vídeo e empresa de eventos. 12

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“Pecados Mortais”, atração do Liv que continuará a ser exibida no novo canal, o Investigação Discovery, com foco em suspense, crime e investigação.

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FOTO: Marcelo Kahn

O sonho brasileiro Um ano e meio após a chegada ao Brasil, a Zodiak Media começa a colher bons resultados, na avaliação de Nicola Drago, CEO da companhia para a América Latina. O grupo já emplacou formatos em três redes de TV aberta (Record, SBT e Globo) e aposta no desenvolvimento da televisão brasileira. As restrições da Lei 12.485, que regula o mercado de TV paga, em relação aos formatos importados para o cumprimento das cotas na de programação na TV por assinatura não deve abalar os negócios da Zodiak no País. “Vai ser mais difícil entregar conteúNicola Drago, CEO do para o prime time na TV por assinatura, da Zodiak Media para AL, acredita no mas na TV aberta nossos negócios permaneprogresso dos negócios cem inalterados”, observa Drago. “Eu entencom a TV aberta. do a lei, acredito que no longo prazo ela terá bons impactos”. Drago conta que o grupo planeja trazer formatos digitais ao Brasil e que também acredita no potencial do branded content aqui, principalmente no espaço online. Para a América Latina, a Zodiak tem escritórios no Brasil, na Colômbia, no Peru e em Miami. De acordo com Drago, a Colômbia está um pouco mais avançada em produção independente.

Guadalupe Filmes produziu comerciais para os 400 anos de São Luís.

São João A Guadalupe Filmes produziu filme que celebra o aniversário de 400 anos de São Luís, capital do Maranhão. A ação, idealizada pelo núcleo de criação da Secretaria de Comunicação do Governo do Estado do Maranhão, com o mote “A história que toda capital gostaria de ter”, retrata a essência dos habitantes e as particularidades culturais da cidade. A produtora também realizou um segundo comercial, que retrata a tradição de São Luis num dos maiores arraiais do Brasil: o São João do Maranhão. Marcelo Nepomuceno sócio e diretor de cena da Guadalupe Filmes, que produziu os comerciais da campanha, teve como principal desafio a reprodução fiel do festejo.


( scanner) Nacionais fortes

“A Arte do Atado”, atração da FishTV.

Pescaria em alta definição Em 29 de junho, data que celebra o dia do pescador, estreou na Internet a FishTV, canal com programação exclusiva voltada para o esporte. Desde o dia 14, alguns vídeos já foram publicados no site da FishTV, dando início à primeira fase do canal. Dividido em cinco fases, o lançamento contará com um total de 35 programas (sete a cada fase) e mais de 840 minutos semanais de programação. Com sede em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, a FishTV conta com mais de 70 profissionais – dentre jornalistas, pescadores, biólogos, cinegrafistas e outros – para produzir conteúdo sobre o que há de melhor no mundo da pesca, esporte que tem crescido cada vez mais no País (em 2011, foram emitidas mais de 280 mil licenças de pesca). Assim, a FishTV procura levar as informações mais importantes para este público, além de fomentar novos pescadores esportivos. Buscando atender às cotas estabelecidas pela Lei 12.485/2011, a FishTV apresenta-se também como uma produtora de conteúdo qualificado, e planeja uma expansão para além da Internet. Com negociações para veicular seu conteúdo em alguns canais, a produtora também pensa em lançar seu próprio canal após as cinco fases de lançamento, quando já terá uma grade de programação consolidada.

O Informe Anual da Superintendência de Acompanhamento de Mercado da Ancine revelou crescimento entre 2009 e 2011, com o número de ingressos vendidos ao ano saltando de 112 milhões para quase 144 milhões (28%). A renda total passou de aproximadamente R$ 970 milhões em 2009 para R$ 1,44 bilhão em 2011. As distribuidoras nacionais se destacam. Entre 2009 e 2011, as internacionais apresentaram um aumento de 21% no número de ingressos vendidos, enquanto as nacionais passaram de 26 milhões para quase 40 milhões de ingressos anuais, acima de 50% no período. Considerando apenas os filmes brasileiros, a participação das distribuidoras brasileiras na venda de ingressos dobrou, passando de 35% do total em 2009 para 60% em 2010, e 70% em 2011. Um dos fatores responsáveis pelo crescimento foi a criação de duas modalidades de fomento direto à distribuição: a linha C do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), voltada à aquisição de longas independentes, que contou, em 2011, com R$ 25 milhões; e o Prêmio Adicional de Renda (PAR), que contou com quase R$ 2,2 milhões para distribuição em 2011. O estudo aponta ainda que as cinco companhias internacionais que atuaram no Brasil em 2011 lançaram 98 títulos, entre os quais dez brasileiros. A Paramount/Universal, com 28 filmes lançados, superou os 30 milhões de ingressos vendidos em 2011, que correspondem a mais de 20% do total. Em seguida vieram a Fox, a Sony e a Warner. A Paris Filmes, primeira colocada entre as nacionais, teve a 5ª maior bilheteria acumulada do ano, com o lançamento de 23 títulos (sendo três brasileiros), entre os quais “A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1”, maior bilheteria do ano. A maior distribuidora exclusiva de filmes brasileiros, em termos de resultados de bilheteria, foi a Downtown, com nove títulos lançados (sendo quatro em parceria com a Riofilme e um em parceria com a Paris) e cerca de 6,6 milhões de ingressos vendidos. Bilheteria A performance dos títulos brasileiros é positiva na comparação entre 2009 e 2011. Mas houve uma queda em relação em a 2010. Em 2009, foram vendidos 16,092 milhões de ingressos. Em 2010 foram 25,687 milhões, contra 17,869 milhões em 2011. A queda em 2011 pode ser explicada pela performance de "Tropa de Elite 2" no ano anterior.

O som da Coca-Cola A Coca-Cola lança, em parceria com a LG, um aplicativo que dá acesso à programação da Coca-Cola FM por meio das TVs LG Cinema 3D Smart TV. Com o aplicativo, será possível acompanhar as preferências musicais da multiplataforma, com 24 horas contínuas de música. Desenvolvido para a Coca-Cola pela Kappamakki Digital e pela HXD, o app traz nove programas para entreter os ouvintes. São eles: PlayList, Batalha, Big Coke, Coca-Cola Hits, Coca-Cola Classics, Balada, Fã Clube, A Voz do Brasil e o Pensando Diferente. A grade contempla ainda oito programas informativos diários: “Razões”, “Tweets”, “Vida Verde”, “Boas Notícias”, “Ideias”, “TTs”, “Positivo” e “Na Lata”, incluindo informações sobre shows, eventos, ecologia, sustentabilidade, responsabilidade social, saúde, Coca-cola desenvolveu aplicativo para a SmarTV da esportes, redes sociais, além de trazer humor. LG que dá acesso à programação da rádio da marca. 14

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( figuras) Licenciamento

Conteúdo

FotoS: DIVULGAÇÃO

A Discovery Communications conta com novo diretor de licenciamento para a América Latina. Trata-se de George Sonoda (ex-Warner Bros. Consumer Products, Twentieth Century Fox Theatrical e Hasbro), que se reportará a Nicolas Bonard, vice-presidente sênior da Discovery Enterprises International (DEI). George Sonoda Com base em São Paulo, o executivo liderará equipe composta por Marco Guzmán, gerente de licenciamento para o México, Caribe e América Central, que estará no México, e por Giannina Vergara, gerente de licenciamento para a América do Sul, baseada em Miami.

A Mixer anuncia mudanças na direção da sua área de conteúdo. A partir deste mês, a executiva Eliane Ferreira passa a coordenar toda a área como diretora de Conteúdo e Negócios.A mudança faz parte do plano de negócios da empresa para os próximos anos, que contempla o processo de profissionalização e posicionamento para atender às demandas do mercado. Eliane tem passagens pela Sony Pictures e é produtora executiva na Mixer há seis anos.

Presidência

Corporativo A Conspiração anuncia a contratação de Ricardo Oda, que assume as funções de produtor e coordenador xxecutivo em São Paulo da Corp, o núcleo de conteúdo corporativo da produtora. Oda foi content manager na Hungry Man Brasil em 2011. Antes, trabalhou como atendimento em agências como DM9 e Loducca, participando do start up da Telefônica e da GVT no país. Atuou no planejamento institucional do grupo Ink e foi produtor executivo na Academia de Filmes, realizando projetos para canais de TV abertos e fechados, como Band, Multishow, GNT, Boomerang, Turner e Sony.

Comercial Com vistas ao mercado que se abre com a entrada em vigora da Lei 12.485, a produtora Medialand contratou para a área comercial Laura Fazoli, vinda da distribuidora Elo. A executiva será o contato entre Medialand e as programadoras no que diz respeito aos licenciamentos da produtora, que tem 30 produções sendo tocadas simultaneamente. Laura é jornalista, já fez trabalhos como produtora para o GNT e Record e na Elo passou os últimos dois anos na área comercial, onde trabalhou diretamente com programadoras e Fox e A&E, atuando, ainda, na comercialização internacional de filmes nacionais como “Olga”, “O Homem que Copiava”, “Budapeste” e os longas da cineasta Tata Amaral.

Eduardo Sirotsky Melzer

Sócios Os diretores Gabriel Nóbrega e Guto Terni tornaram-se sócios da produtora Vetor Zero/Lobo, juntando-se a Alberto Lopes, Sérgio Salles, Alceu Baptistão, Nando Cohen e Matheus de Paula Santos. Os dois jovens talentos já trabalhavam com a casa desde 2009, por meio de acordo operacional com o estúdio Animatorio, fundado por eles juntamente com Paulo Gustavo Santiago e Hugo Takahashi. Agora, Nobrega e Terni deixam o Animatorio para se dedicar inteiramente aos projetos da produtora. O Animatorio segue em sociedade de Santiago e Takahashi, focado em projetos de conteúdo.

Programação e conteúdos José Araripe Jr. deixou o cargo de gerente executivo de conteúdos e gerente de programas especiais da TV Brasil, onde estava desde 2008, para assumir a direção de programação e conteúdos da TVE Bahia. Sua função no novo cargo é a criação de novos conteúdos para a fase de expansão que a direção do Instituto de Radiodifusão da Bahia (IRDEB) vislumbra para o processo de digitalização.

Dupla A Mood anuncia duas contratações para o time de atendimento. Gabriel Valença (ex-Africa) é o novo diretor de atendimento da agência e ficará responsável pelas contas dos bancos BTG Pactual e PanAmericano. Lino Fortes Já Lino Fortes chega à equipe como supervisor da conta do Grupo CCR. O profissional tem passagens pela PeraltaStrawberryFrog e Grey Brasil. Gabriel Valença 16

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Eduardo Sirotsky Melzer, vice-presidente do Grupo RBS, assumirá a presidência executiva do grupo a partir do dia 3 de julho, em substituição a Nelson Sirotsky. Nelson se dedicará exclusivamente ao cargo de presidente do Conselho de Administração do Grupo, atividade que acumulará com a liderança do Comitê Editorial das empresas da RBS.

Estratégia A Dínamo Filmes anuncia a chegada de três novos profissionais para integrar sua equipe. Doca Sander chega para comandar áreas estratégicas da produtora. Com 20 anos de experiência na produção de filmes, a profissional liderará uma série de mudanças para melhorar os processos na produtora, a começar pelo atendimento, que recebe duas novas profissionais: Tatiana Nascimento e Tatiana Cinelli. •

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especial produção nacional Com a entrada em vigor de todos os dispositivos da Lei 12.485/11, TELA VIVA preparou este especial, para o qual foram ouvidos representantes tanto dos canais nacionais e internacionais quanto produtores independentes, a maior parte presente ao 13º Fórum Brasil de Televisão, promovido pela revista em junho e que serviu de base de lançamento da nova regulamentação. A partir de setembro, começam a valer as cotas de conteúdo nacional, tanto as de programação (programas nacionais dentro dos canais) quanto as de empacotamento (canais nacionais dentro dos pacotes das operadoras). Quando estiverem em pleno cumprimento, estas cotas garantirão 3h30 semanais de conteúdos nacionais em horário nobre por canal. No primeiro ano de vigência da lei a cota é de 1h10 por semana, e no segundo ano, de 2h20. A lei também prevê no primeiro ano um canal nacional a cada nove canais do pacote. No segundo ano, um a cada seis canais, e um terço de canais nacionais em cada pacote de programação a partir do terceiro ano, com parte deste conteúdo vindo de canais e produtores independentes. A lei também prevê o recolhimento da Condecine por empresas de telecomunicações, o que já vem gerando um volume inédito de recursos para a produção audiovisual nacional. A hora é de trabalhar. Passado o calor dos debates, os players começam a falar concretamente na seleção e realização de projetos. Nos próximos meses, continuaremos acompanhando a evolução deste mercado, bem como as complicações que podem surgir durante o processo.

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especial produção nacional

( produção)

Ana Carolina Barbosa

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Em busca dos modelos FOTOS: marcelo kahn

É unanimidade entre produtores independentes que a Lei 12.485 traz novas perspectivas e proporciona um dos melhores momentos para a atividade no País. No entanto, é preciso encontrar modelos que se adaptem à demanda e ao ritmo da indústria.

Debate sobre a nova realidade da produção com Paulo Schmidt (Ink), Carla Ponte (Discovery), Daniel Conti (Glitz), Daniela Mignani (GNT), Silvia Elias (Turner) e Roberto Martha ( Viacom).

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á algum tempo, produtores independentes de todo o País vinham se preparando para a aprovação da Lei 12.485, que define novas regras para o setor de TV por assinatura, estabelecendo cotas de programação nacional. Isso aconteceu no ano passado, mas, alguns pontos essenciais para os rumos da atividade ainda estavam pendentes. Os esclarecimentos, importantes para o início da operação da lei, vieram com a publicação pela Ancine das Instruções Normativas 100 e 101 no Diário Oficial da União e do diretor-presidente da agência, Manoel Rangel, que no mesmo dia encarou uma plateia entusiasmada e ávida por informação no 13º Fórum Brasil de Televisão, evento organizado pela Converge Comunicações (que edita TELA

VIVA), em São Paulo. “Pela primeira vez, haverá demanda real por obras audiovisuais independentes. Será uma demanda de mil horas anuais de conteúdo inédito quando a lei estiver em pleno vigor”, observou Rangel. Os canais internacionais deverão exibir conteúdo nacional em mais da metade da sua grade de programação considerada horário nobre (período compreendido entre as 18h e 24h). A estimativa da agência é que até setembro de 2012 os canais estejam cumprindo as cotas de programação nacional. Ficou definido que programas de realidade podem cumprir cota, inclusive reality shows, desde que o formato seja nacional. As obras nacionais poderão ser utilizadas no decorrer de um ano e cumprir cota em outra programadora depois. Não foi estabelecido um limite para reprises. No primeiro momento, a agência optou por confiar no “bom senso” dos programadores. Para 18

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auxiliar a viabilizar estas produções, a linha B do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), destinada à produção de conteúdo para televisão conta com R$ 55 milhões, além dos R$ 400 milhões oriundos da nova Condecine e incorporados ao fundo para execução de projetos ainda em 2012. A agência quer trabalhar em programas específicos para estimular regiões menos desenvolvidas e promete mais agilidade nos processos. Ainda sob o impacto das inúmeras informações que precisavam ser assimiladas, produtores e programadores participaram de um painel sobre programação no Fórum e chegaram à conclusão de que precisarão criar novos modelos de negócio e fluxo de trabalho diante do aumento da demanda por programação nacional. “Precisamos criar


modelos em que o produtor e programadores fechem esta conta. Tem um corpo de investimento e renúncias, as nossas verbas de produção e também existe o anunciante”, falou Roberto Martha, diretor de produção da Viacom. Ele contou que a programadora pretende criar um canal online para facilitar a recepção de projetos, o que não anulará o encontro presencial com produtores. A Turner também criou uma área especialmente para analisar as propostas de produção. Para Carla Ponte, diretora de produção da Discovery, o maior desafio é que o mercado consiga enxergar a produção de TV como um negócio. “Se não tiver resultado, não vai para a frente. Temos que construir esta mentalidade”, disse. Preparados para o negócio Do lado da produção, Paulo Schmidt, presidente do Grupo Ink, disse que também vem se estruturando para atender à demanda. Para ele, o mercado tem muitos profissionais criativos, mas ainda é necessário investir em infraestrutura. Schmidt acredita que com a demanda gerada pela lei, algumas produtoras devem começar a ter núcleos voltados para o conteúdo de TV e que o cenário criará condições para que grandes e pequenas produtoras possam trabalhar em parceria, como já acontece com o cinema. Schmidt acredita também que algumas produtoras acabarão fechando pacotes de programação para tornar a produção mais viável. “Mas isso também enfraquece a criatividade”, pondera. Outra tendência do mercado neste momento, segundo Schmidt, é a procura por produto pronto para ser reciclado. Denise Gomes, sócia e produtora executiva da área de entretenimento e branded content da BossaNovaFilms, também destaca o bom momento para a

maior colocada nestes produtos que vão cumprir cota”, avalia Denise. Para ela, um dos pontos cruciais da nova lei é que os canais terão que planejar com antecedência e desenvolver pilotos para seguir os padrões de qualidade. O intercâmbio com profissionais de mercados mais desenvolvidos deve ser mais frequente e positivo, de acordo com a produtora. “Para alguns segmentos e mercados vamos trazer profissionais mais experientes de outros mercados. Isso só vai melhorar e capacitar esta indústria. Vai permitir com que a gente crie, aumente a nossa qualidade em alguns segmentos e se relacione com novos mercados, o que garante que a indústria fique aquecida a médio e longo prazo”, diz Denise. Para atender à demanda com entrega de qualidade, a BossaNovaFilms investe em uma equipe de produção otimizada, estruturada em núcleos criativos em torno de determinados talentos. Luiz Vilaça, por exemplo, encabeça o núcleo de séries de ficção. Kátia Lund liderará os projetos de entretenimento e Lawrence Wahba,

Paulo Schmidt, sócio do Grupo Ink, prevê trabalhos em parceria entre grandes e pequenas no novo cenário.

aquisição de conteúdos prontos. A produtora vendeu recentemente a série “Caco e Dado” para o Gloob, canal infantil recém-lançado pela Globosat. Trata-se de uma série que mistura live action e animação com imagens da fauna brasileira captadas pelos cinegrafistas Lawrence Wahba e Haroldo Palo Jr. Denise conta que vários canais têm procurado a produtora para adquirir produtos já prontos que possam entrar imediatamente na grade

Programadores organizam-se para receber, analisar e viabilizar propostas, enquanto produtores investem em suas equipes e talentos para entregar com qualidade. para o cumprimento das cotas. O Globosat HD também adquiriu um documentário inédito sobre a Mata Atlântica. A produtora está produzindo três documentários especiais com recursos do ICMS de São Paulo e pretende levá-los ao mercado prontos para a aquisição. Além dos produtos prontos, que estão tendo boa saída, a BossaNovaFilms também está desenvolvendo alguns projetos com canais, como é o caso das séries “Reino Animal”, com a Globo Internacional e com a Fox International, e de “Meu Duplo”, com a Turner e com o Canal Futura. “Houve uma energia

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os de natureza. “Acredito muito nas séries de ficção porque elas resolvem o problema de grade dos canais e fidelizam a audiência. É bom para otimizar a produção, exige uma equipe afinada”, ressalta a produtora. Conquista da tela e da credibilidade Denise acredita que com o aumento da demanda também será possível aumentar o número de coproduções entre produtoras brasileiras. “É saudável para o crescimento da indústria. Tem 19

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( produção)

“Reino Animal”, projeto da BossaNovaFilms desenvolvido em parceria com a Fox International e a Globo Internacional. “Houve uma energia maior colocada nestes produtos que vão cumprir cota”, avalia Denise Gomes.

Para produtoras do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, a lei auxiliará na formação de parcerias com grandes produtoras e visibilidade da produção regional. FOTO: Juan Guerra

muito talento sem estrutura”, observa Denise, lembrando que as leis regionais precisam ser aprimoradas para que as parcerias sejam bem sucedidas. César Kiss, sócio e produtor da Mandra Filmes, produtora de Goiânia especializada em animação, acredita que a nova lei e a preocupação que existiu em fixar alguns mecanismos para o desenvolvimento regional, como os 30% dos recursos do FSA que devem ser usados em produções do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, podem abrir possibilidades de formar novas parcerias com produtoras do Sul e Sudeste, por exemplo. Segundo o produtor, apesar da capacidade e qualidade de produção, existe uma falta de credibilidade. “Participamos de feiras e eventos com nosso produto e as pessoas sempre perguntam pela parceria. É medo de não produzir a tempo”, afirma. Para Kiss, o cenário deve mudar com os incentivos federais e também com os regionais, já que a Secretaria de Cultura do Estado de Goiás deve também desenvolver linhas específicas para coproduções entre estados. Hoje, a Mandra Filmes tem três projetos de série de

Hugo Janeba e João Daniel, da Mixer: expectativa de crescimento entre 30% e 40% neste ano.

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animação, sendo o mais completo deles “Guito e Lino”, que foi selecionado no Animacultura, projeto de séries de animação da Fundação Padre Anchieta, de São Paulo. Cássio Tavernard, produtor de animação de Belém, criador da série de animação “Turma da Pororoca”, sobre a fauna aquática da Amazônia, destaca que o conteúdo regional pode ajudar a quebrar imagens estereotipadas e biótipos equivocados que a televisão costuma retratar. Para ele, além do incentivo garantido pela lei, um trunfo dos produtores da região é não ter muita concorrência na hora de levar os projetos às empresas que atuam na região. Ele conseguiu recursos vindos da verba de marketing da Vale para um dos 13 episódios da primeira temporada da série. Investimento de longo prazo Preparando-se para um cenário bastante competitivo desde 2009, Pedro Buarque de Hollanda, diretorpresidente da Conspiração Filmes, acredita que é agora há uma oportunidade grande para consolidar o núcleo de TV. “A gente tem investido forte há alguns anos. A expectativa é que continue crescendo muito. É um modelo diferente da publicidade e do cinema”, observa. Para ele, só vai conseguir entrar no jogo quem conseguir entrar na lógica da televisão. “A receita dos canais deve aumentar e repercutir na produção. Eles terão que competir entre si. A gente considera ter um modelo, uma equipe contratada por ano e conseguir viabilizar vários custos”, diz Buarque de Hollanda. O diretor da Conspiração explica que a produtora investiu em formação de equipe para ter capacidade de produzir em volume. Ele aposta na dramaturgia, conta que a produtora está começando a desenvolver formatos e a formar um departamento para a animação. Outra aposta é nos spin offs de alguns dos 24 longas-metragens que


a Conspiração tem no portfólio, como aconteceu com “Mulher invisível”, que foi ao ar pela Globo. “Alguns destes filmes podem virar série. Isso vai acontecer. Uma história já testada tem mais chance de dar certo”, explica. Hoje, a produtora tem 35 projetos em desenvolvimento e produção, entre eles a nova temporada da série “Viver para Contar”, do Discovery Channel; a sitcom “Nossa Vida de Vampiro” e o reality show “Vai Dançar?”, com o Multishow; a nova temporada da série infantil “Detetives do Prédio Azul”, para o canal Gloob e a série de animação inspirada no longa-metragem “Eu e Meu Guarda-Chuva”, em negociação final com dois canais. A Mixer é outra produtora que vem se preparando há bastante tempo e investindo em talentos para este cenário, desde 2003. O crescimento estimado, segundo Hugo Janeba, CEO da produtora é entre 30% e 40%. Segundo João Daniel Tikhomiroff, executive chairman da produtora, o mercado de conteúdo já estava aquecido antes da aprovação da lei, com os

Conspiração tem 35 projetos em desenvolvimento e produção, entre eles a série “Detetives do Prédio Azul”, para o canal Gloob.

canais produzindo atrações nacionais para cativar o público. O diferencial agora deve ser o volume. “Escala é a palavra de ordem. Você tem que buscar o máximo possível de recursos humanos e equipamentos para criar escala. O fundamental é a não perda da qualidade”, observa Tikhomiroff. Para produzir para a Discovery, por exemplo, a produtora tem uma equipe específica

para aliar qualidade, prazo de entrega e custo acessível. Atualmente, a produtora desenvolve programas para a Fox, HBO e Discovery. “Não tem lei que pare de pé se o espectador não gostar. O grande desafio para a indústria é desenvolver a forma brasileira de entregar sucesso”, conclui Janeba.

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organização


especial produção nacional

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Fernando Lauterjung*

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Nova janela; dinheiro novo Com a publicação e regulamentação da Lei 12.485/11, conteúdo nacional ganha garantia de espaço na TV por assinatura e novos recursos para financiar a produção.

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FOTO: ique esteves

este mês de junho, a Ancine, com um atraso de três meses, publicou a regulamentação da Lei 12.485/11 - que cria o Serviço de Acesso Condicionado e estabelece cotas de programação e de conteúdo no novo serviço. Além disso, no final de maio, a agência divulgou a continuidade da linha de investimento em produção para televisão do Fundo Setorial do Audiovisual e suas novas regras. Com isso, o setor de produção de conteúdo para TV passa a ter uma relação diferente com a programação de TV, bem como acesso a mais recursos públicos para o financiamento da produção. Segundo Manoel Rangel, presidente da Ancine, a Lei 12.485/11, mesmo antes de sua regulamentação, já provocou uma reorganização no setor de TV por assinatura. Durante o Fórum Brasil de Televisão, ele afirmou que a agência acompanha os esforços dos agentes para se adaptarem à nova lei e ao regulamento, antes mesmo de sua publicação. “Sei que a chegada da lei provocou profundo rearranjo no dia a dia dos agentes econômicos. Alguns ficaram muito assustados - e contaram para todo mundo como ficaram assustados. Mas a maior parte das empresas se lançou com entusiasmo ao rearranjo”, disse Rangel. O presidente da Ancine estima que mil horas adicionais de programação serão produzidas por ano com os efeitos da nova lei. Em relação à regulamentação, as Instruções Normativas 100 e 101 trazem algumas novidades em relação às minutas colocadas

Filmes nacionais como “E aí, comeu?” devem ser mais presentes nos canais pagos.

anteriormente em consulta pública e amplamente divulgadas, principalmente por TELA VIVA. Nas audiências públicas realizadas pela agência para receber contribuições às minutas, o tema que gerou manifestações mais acaloradas foi a flexibilização a na forma como a agência analisaria a existência de “preponderância nas deliberações sociais”, entre empresas programadoras e operadoras. A agência alegava que buscava uma sinergia maior com a Lei das S/A na definição de indício de controle. Na prática, isto faz com que programadoras como Globosat e Band sejam consideradas programadoras brasileiras independentes, desde que não seja para o canal dedicado exclusivamente a obra audiovisual nacional independente. Pela regra editada pela Ancine, um dos indícios de preponderância passa a ser a

para a ancine, a lei do Seac já provocou uma reorganização no setor de tv por assinatura 22

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“previsão, em estatuto, contrato social ou acordo de acionistas, de poder de veto em matéria ou deliberação que trate das atividades de empacotamento ou programação referentes a canais de programação brasileiros”. Também passa a contar como indicativo de preponderância e, portanto, controle, o “voto em separado a que se refere o inciso III do art. 16 da Lei 6.404/1976”. As mudanças objetivam assegurar que empresas que tenham poder de veto sobre empresas distribuidoras em matérias de empacotamento sejam consideradas coligadas entre si. No entanto, não alteram o status de independente das duas maiores programadoras nacionais. Na consulta pública, a agência questionava como deveria ser tratada a reprise de programa para efeito de cumprimento de cota de conteúdo nacional e independente nos canais. Foram apresentadas duas propostas: permitir reprises durante


determinado período (por exemplo, seria permitido reprisar à vontade durante três meses) ou permitir apenas um número de reprises, sem determinar um prazo para isso. Neste ponto, a Ancine optou por flexibilizar, sendo que a IN 100 não disciplina de maneira específica as reprises para cumprimento de cota de conteúdo nacional nos canais. Trata-se de uma demanda das programadoras de TV. No entanto, esclarece Manoel Rangel, pode ser criado um regulamento específico, caso se faça necessário. “Nossa expectativa é a de que o mercado encontre o caminho sozinho e aja segundo o bom-senso”, afirmou. Além disso, as obras poderão ser usadas para cumprimento de cota em outra programadora (que não aquela onde estreou), um ano após sua exploração pelo canal original. A ideia, explica o presidente da Ancine, é criar um mercado de conteúdos de acervo, dando maior sobrevida às produções no mercado interno. Entre os formatos que poderão ser usados para cumprimento de cota de conteúdo a Ancine incluiu programas de variedade. Contudo, assim como no caso de reality show, o direito do formato também deve ser de produtora independente brasileira. Shows musicais também poderão cumprir cota, mas apenas nos canais “declaradamente” musicais. Para este tipo de canal a mudança é importante, principalmente no início da vigência das regras, quando as programadoras ainda não devem ter programas inéditos e dependerão de conteúdo de acervo para cumprir as cotas. Em relação à obrigação de constituir uma empresa no Brasil, por parte das programadoras estrangeiras, Rangel destacou que a regra foi flexibilizada. Agora, a empresa pode ser uma empresa estrangeira autorizada a trabalhar localmente. Há ainda dúvidas, por parte de alguns agentes do setor, se essa flexibilização realmente ajuda,

“O Fundo Setorial do Audiovisual é hoje o principal instrumento de financiamento do setor e a maior ferramenta de desenvolvimento.”

do Audiovisual. Segundo ele, já foram destinados R$ 55 milhões à produção de conteúdo e o FSA deve contar com novas linhas para o setor no segundo semestre. “Precisamos produzir mais obras, em maior escala e mais agilidade, em todo o território nacional”, disse Rangel. Em meados de maio, o Ministério da Cultura e a Ancine anunciaram a replicação das quatro linhas do Fundo Setorial do Audiovisual que fomentam projetos de produção e distribuição de longas-metragens e produção de séries de televisão. As grandes novidades são o volume de recursos recorde, a ampliação de recursos para produção de programas de TV, a adoção de um modelo de análise e seleção de projetos por fluxo contínuo e o credenciamento do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul para a operação das linhas de investimento. Para Manoel Rangel, “o Fundo Setorial do Audiovisual é hoje o principal instrumento de financiamento do setor e a maior ferramenta de desenvolvimento”. O fundo começa, explica ele, a gerar algum recurso a partir de seu investimento. Dos R$ 12 milhões aplicados em quatro longasmetragens no último ano, o FSA recebeu 30% de retorno. Para a produção de conteúdo televisivo, a mais importante é a

Manoel Rangel, da Ancine

ou se ela poderia criar complicações burocráticas ainda maiores, e ainda impedir as programadoras de se beneficiarem dos incentivos do Artigo 39 da MP 2.228/01 e do Artigo 3ºA da Lei do Audiovisual. Novos recursos Segundo Manoel Rangel, a nova Condecine, criada pela Lei do Serviço de Acesso Condicionado, já arrecadou R$ 819 milhões. Destaque-se que a Lei 12.485/11 agregou à lista de fatos geradores da cobrança da contribuição a “prestação de serviços que se utilizem de meios que possam, efetiva ou potencialmente, distribuir conteúdos audiovisuais”. Isso inclui praticamente qualquer serviço de telecomunicações, o que fez com que empresas de celular passassem a contribuir, e a incidência é similar ao Fistel, ou seja, vale para cada linha ativada no país. Para permitir essa contribuição ao audiovisual, o Fistel teve uma redução proporcional. A Condecine deve ser recolhida anualmente, até o dia 31 de março, para os serviços licenciados até o dia 31 de dezembro do ano anterior. Segundo Rangel, houve uma “plena adesão da maior parte dos agentes”. Do valor arrecadado, R$ 400 milhões já foram incorporados ao Fundo Setorial

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( fomento ) Linha B do FSA. Voltada exclusivamente ao investimento na produção de obras para televisão aberta e fechada, contará com R$ 55 milhões disponíveis e passa a ser executada em fluxo contínuo, ou seja, os projetos serão analisados à medida que forem apresentados ao fundo, sem a realização de concursos. Com isso, a Ancine espera permitir que emissoras e programadoras planejem melhor suas grades de programação. “Esperamos que a linha possa contribuir com as obrigações criadas pela Lei 12.485”, disse Rangel. Outra novidade é que a linha destinada à produção de conteúdo para TV passa a aceitar a apresentação de propostas de documentários com duração mínima de 52 minutos, além dos projetos de obras seriadas. Também foram suavizadas as exigências para participar desta linha. Agora, os canais não precisam ter um contrato com o produtor para que ele possa pleitear recursos, bastando uma carta de anuência das regras do FSA. As outras linhas, voltadas à produção, distribuição e comercialização de longas-metragens, são destinadas ao conteúdo cinematográfico. Isto não impede, no entanto, que a TV por assinatura busque estes conteúdos. Pelo contrário, há uma expectativa de que o cinema seja o maior beneficiado das cotas na TV por assinatura. Segundo Sergio Sá Leitão, presidente da RioFilme, que também falou no Fórum Brasil de Televisão, “o cinema brasileiro na TV por assinatura está circunscrito a um gueto”, lembrando que praticamente todos os filmes estão em único canal, o Canal Brasil. As cotas de conteúdo nacional criadas pela Lei 12.485/11 devem aumentar a demanda por filmes nacionais no horário nobre, aponta ele. “Devemos ter 2,3 mil exibições ao ano de filmes brasileiros na TV paga”, conta. Em 2010, o número foi de 908 exibições. Estas linhas do FSA investirão R$ 90 milhões em 2012 diretamente

“Devemos ter 2,3 mil exibições de filmes brasileiros na TV paga.” Sergio Sá Leitão, da RioFilme

na produção de longas; e R$ 50 milhões através de distribuidoras independentes brasileiras, que devem aplicar os recursos na aquisição de direitos de exploração de longa-metragem nos diversos segmentos de mercado, visando a sua distribuição. Por fim, R$ 10 milhões serão investidos em operações de investimento na comercialização de longa-metragem nas salas de cinema. Oura novidade é que o FSA deve ser mais dinâmico em 2012. Além de passar a trabalhar por fluxo contínuo, serão adotadas ferramentas para filtrar projetos e pré-qualificar apenas os mais maduros para a defesa oral. Com isso, o comitê gestor do fundo deve trabalhar com um prazo de três meses para analisar e decidir sobre a contratação de um projeto. Após este período, os selecionados devem assinar contratos em até um mês, recebendo os recursos até dez dias após a assinatura. O comitê é formado por três funcionários de carreira da Ancine e três funcionários de carreira do BRDE. Novas linhas Questionado sobre as novas linhas do Fundo Setorial do Audiovisual, o presidente da Ancine adiantou que 26

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entre as prioridades deve estar uma ação para a regionalização da produção, com programa completo que deve ir muito além da concessão de recursos para produção, incluindo programas de formação e desenvolvimento. Outro ponto caro à agência reguladora é o desenvolvimento de projetos e criação de roteiros. O Prodav, Programa de Desenvolvimento do Audiovisual, deve contar com linhas abordando estes pontos, mobilizando emissoras, programadoras, universidades e governos estaduais. Neste sentido, podem ser criadas linhas seguindo duas modalidades de atuação: uma linha para estimular criadores e roteiros, e outra destinada à estruturação de departamentos criativos nas empresas. Manoel Rangel apontou a necessidade de um trabalho mais próximo entre canais de TV e produtores independentes. Para ele, serão necessárias adaptações nas produtoras e nas programadoras e no modelo de trabalho para garantir a criação de conteúdo em conjunto. “A relação deve existir durante todo o desenvolvimento da obra, passando por sua execução e lançamento”, explica. A agência cogita a criação de modelos automáticos de fomento, com recursos sendo disponibilizados às produtoras e programadoras de acordo com o desempenho das empresas. “O apoio automático deve funcionar ao lado de apoios seletivos, que são necessários para possibilitar que aqueles que ainda não atingiram determinado nível de desempenho possam chegar lá”, explicou Manoel Rangel. Outra forma de apoio que a Ancine estuda é levar à televisão o modelo de fomento adotado com distribuidoras de cinema. Ou seja, os próprios canais (nacionais) poderiam buscar recursos, desde que para investimento em produção independente. *Colaborou Samuel Possebon





especial produção nacional

(programação)

Edianez Parente

c a r t a s . t e l a v i v a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Um lugar ao sol para os independentes Canais e programadoras que se qualificam com conteúdo nacional para as cotas da nova lei da TV por assinatura enfim vislumbram maior distribuição.

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Tatiana Popova/shutterstock.com

uem já passou por um longo período de espera com uma senha na mão para ser atendido conhece bem a sensação. Com a publicação pela Ancine das instruções normativas que regulamentam os dispositivos da Lei 12.485/2011 sobre programação e empacotamento da TV por assinatura, as pequenas programadoras e canais nacionais independentes que se qualificam nas cotas de conteúdo sentem que chegou a sua vez. Ao menos agora, após anos na fila, podem ser atendidos. É o caso do canal Cinebrasil TV - idealizado e presidido por Tereza Trautman - , desde 2004 credenciado no Ministério da Cultura como canal de produção nacional independente nacional. À época, o canal chegou a ter quase 500 mil assinantes, número que hoje está pela metade. Tereza lamenta que, na década passada, quando da aprovação pelo Cade da fusão entre Sky e DirecTV no Brasil, diferentemente do que ocorreu no mercado norte-americano, não tenha ficado estabelecida a obrigatoriedade de carregamento de canais independentes de conteúdo nacional. O Cinebrasil TV ressentiu-se de que tanto nesta fusão, quanto nas posteriores (entre Net e Vivax, e também com a aquisição da TVA pela Telefônica), não houvesse espaço determinado para a produção local independente.

FOTOS: daniel ducci

Assim, para Tereza, agora a nova legislação é vista com alento: “Se não fosse essa nova lei, o brasileiro passaria a falar inglês na TV por assinatura”. O Cinebrasil TV atualmente também está com sinal sem codificação no satélite, atendendo, de acordo com Tereza, a pedidos dos antenistas, e estima-se que seja acessado por 1,5 milhão de domicílios com parabólicas. Seu status é de canal básico, de entrada, já qualificado como canal da cota de canal nacional com conteúdo independente, por

“Se não fosse essa nova lei, o brasileiro passaria a falar inglês na TV por assinatura.” Tereza Trautman, do Cinebrasil TV

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ter 12 horas diárias de produção nacional independente, sendo três delas em horário nobre. “As instruções normativas da Ancine foram muito felizes, porque o conteúdo poderá ser veiculado em todas as janelas, além do canal propriamente dito – seja por VOD, PPV, na TV aberta, nos canais públicos e institucionais”. Desta forma, argumenta Tereza, o produtor que já tem algum conteúdo vislumbra muitas possibilidades de negociação, já que trabalha com programação segmentada. No canal, há diferentes formas de participação para quem quer produzir: “O desenvolvimento da produção independente é o nosso objetivo”, diz Tereza Trautman. Toda a grade do Cinebrasil TV é formada por produções independentes: curtas e longasmetragens, documentários, além de novas faixas, como por exemplo a “Cennarium”, voltada às peças teatrais, que ganham espaço na TV por meio de gravações especiais. Quem conta é Mauro Garcia, diretor de programação do canal. Ele também espera que os produtores cheguem com novos projetos ao Cinebrasil TV. A expectativa é que, com os recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), ampliem-se mais as possibilidades de produção.


Clima e sustentabilidade Bastante único no mercado nacional, a TV Climatempo, um canal que batalha por seu espaço no mercado desde 1999, também conseguiu sobreviver a duras penas num ambiente sem reservas aos programadores independentes. Atualmente, são 2 milhões de assinantes do canal por meio da Sky, mas o canal também está em mais 30 operadoras (inclusive na Net Serviços) com sua programação. Mesmo sem distribuição massiva na indústria, a TV Climatempo já nos seus primórdios contribuiu para o nocaute local de um player de peso no mercado. Com conteúdo relevante, próprio e totalmente customizado ao público brasileiro, o canal fez com que um entrante no País, o The Weather Channel, desistisse na primeira metade da década passada de disputar seu espaço por aqui. O que não é pouca coisa. Mais recentemente, a Climatempo aproveitou para se reposicionar, não se colocando mais somente como um canal de previsão meteorológica, mas

“O nosso negócio é um nicho que queremos valorizar e estar com ampla distribuição.”

tornado mais valorizada para a sociedade brasileira, da mesma forma que é valorizada pela população de Estados Unidos e Europa. “As portas antes (da lei) estavam sempre fechadas. Dezenas de vezes, levei ‘não’ como resposta. Agora, com toda a questão da ciência ambiental, o nosso negócio é um nicho que queremos valorizar e estar com ampla distribuição”, afirma Carlos Magno.

Carlos Magno, do Climatempo

também como um espaço voltado ao meio ambiente, tipo de conteúdo que se valoriza na área de produção audiovisual. “Desde 2007”, explica Carlos Magno, presidente da TV Climatempo, “nos reposicionamos como um canal para a educação ambiental, compondo nossa grade com programas de produtores independentes”. O canal também está certificado como programadora de conteúdo nacional, tendo mais da metade de sua grade a cargo da produção independente. De acordo com Magno, agora, com a Lei 12.485, vem a chance de o canal deixar de ser o “patinho feio” do mercado para se tornar “um cisne”. Com muita produção gráfica, a TV Climatempo passa a se interessar por programas de temas ligados à proteção do meio ambiente e sustentabilidade, agricultura, turismo, esportes nãoconvencionais de terra, água e ar, de cultura, saúde e também de bem-estar. Para Carlos Magno, este é o momento de grande oportunidade para crescer como canal especializado no nicho, uma vez que esse tipo de informação tem se

Comportamento jovem A trajetória de canal nacional independente vinha difícil até mesmo para quem tinha como parceiro um player internacional com a força da Turner International do Brasil. O Woohoo, de comportamento jovem e esportes radicais, já nasceu com espírito e conteúdo independente. Há seis anos o canal voltado aos esportes radicais integra o portfólio da programadora, que o representa comercialmente. Mesmo assim, o Woohoo não passa atualmente de 1,2 milhão de assinantes - ou menos de 10% da base pagante total do mercado -, figurando em operações como Oi, Embratel e GVT. Mas o canal ainda tem muito a crescer na visão da Turner, que o distribui. “Por ser um canal agora

Band lançará canal de artes O Grupo Bandeirantes, que já tem o BandSports e BandNews – ambos, pelos seu gêneros, não se enquadram na qualificação da lei para efeito da cota de produção nacional -, planeja o lançamento de um novo canal, com programação totalmente dedicada às artes. Trata-se do Arte1, que deve entrar no ar no segundo semestre, já adaptado às exigências de programação da 12.485, segundo o diretor do canal, Rogério Gallo. Ele diz que o horário nobre terá 50% de sua programação dedicada à produção nacional, dos quais 50% serão produzidos por produtoras independentes. “Refizemos nosso business plan para nos adequamos à lei”, afirma. A proposta do canal é falar sobre todas as modalidades artísticas sem parecer erudito. “Com o movimento de acesso das novas classes, não queremos que seja um canal para iniciados”, disse. Para se adequar à lei, o canal reduziu a equipe interna e, consequentemente, a produção em casa dos programas fixos da grade. Assim, Gallo também pretende contratar produtoras independentes para parcerias na realização desses programas, geralmente semanais e temáticos, com uma hora de duração.

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Ele também afirmou que está interessado em acervos de imagens de projetos que não tenham sido finalizados, podendo oferecer modalidades diferentes de parcerias, como por exemplo edição. O canal será lançado simultaneamente com o Instituto Arte 1, voltado para o fomento a jovens artistas. Gallo explicou que parte da receita do canal será aplicada ao Instituto, que também será fonte de conteúdo. A produção do canal será em HD, mas também serão transmitidos programas no sistema convencional, já que a demanda inicial para preencher uma grade de 24 horas é muito grande. Gallo afirmou que o pitching deve ser lançado no segundo semestre, bem como o canal em si, mas ainda não existe uma data oficial. É importante notar que o Grupo Bandeirantes controla uma operação de TV por assinatura – a Sim TV. Portanto, as canais do grupo não devem ser considerados independentes pela Ancine. (Lizandra de Almeida)

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“O Woohoo, por ter um conteúdo primordialmente nacional, só acrescenta à nossa grade de programação.”

qualificado para a questão das cotas nacionais, achamos que ele deve chegar a uns 50% ou 60% do mercado nacional nos próximos três anos”, afirma Antony Doyle, vicepresidente regional da Turner no Brasil. Ele admite que ainda há muito o que a aprender. Dentro do próprio portfólio da Turner, há canais voltados ao público jovem, como o Boomerang, mas Doyle acredita que não se configura em competição dentro da própria casa: “Tratam-se de canais que se complementam, não se canibalizam. O Woohoo, por ter um conteúdo primordialmente nacional, só acrescenta à nossa grade de programação”, diz. A Turner define como sendo de parceria sua relação com o canal, que inicialmente fora pensado para ser distribuído em toda a América Latina, mas que atualmente tem como foco somente o mercado brasileiro. De acordo com a programadora, para se viabilizar um canal assim, é necessário haver um forte equilíbrio de custos e receitas. “O canal consegue produzir de uma forma extremamente eficiente”, afirma, lembrando que, ao se pensar num canal internacional, não poderia ser apenas produzido localmente o Rio de Janeiro, o que elevaria demais seus custos. De uma forma geral, já que ainda o momento é de estudos sobre os impactos da nova legislação na empresa, Anthony Doyle afirma que chegam novos desafios para a Turner. “Contudo, ao mesmo, tempo ficamos felizes que a lei traga benefícios para empresas parceiras”, arremata.

Antony Doyle, da Turner

qualificados para as cotas de conteúdo local. “Ela já nasceu para o conteúdo audiovisual brasileiro, não só para conteúdo de cinema, mas também de turismo, entretenimento, moda. E já trabalhamos com o conceito de multiplataforma”. Quem explica é o presidente da programadora, Cícero Aragón, complementando que o foco da empresa programadora não é produção própria: “O que nos interessa é fomentar a produção nacional”. Aliás, todos os canais da BoxBrazil (PrimeBox, MusicBox e TravelBox) têm como vocação a produção nacional

Brasil em 2014 e 2016. É onde, por meio do canal TravelBox, a programadora vê uma grande oportunidade. “Pelo nosso momento, pela lei, pela vendas dos pacotes de viagem, os operadores têm recebido bem esta proposta para a sua grade”, diz Aragón. O canal MusicBox será totalmente dedicado à música nacional, nicho que é visto pela programadora como uma lacuna no mercado de canais da TV paga. Sua grade estará aberta a todos os sons. O PrimeBox, para filmes, também é mais uma janela para a produção de cinema brasileiro. Ainda, como novidade, a BoxBrazil está retomando a marca Fashion TV, e pretende relançar o

boxbrazil deve trazer o fashion tv de volta ao mercado brasileiro e acrescentar produção nacional independente, e estão sendo formatados para atender às disposições da nova legislação quanto à qualificação para o efeito das cotas de conteúdo. A sede da empresa é em Porto Alegre (RS) e já há entre os clientes da programadora operadoras como a Viacabo e a TVN. Ainda, a BoxBrazil é fornecedora de conteúdo de VOD para a GVT. Para esta modalidade de serviço, a programadora também busca e oferece produção nacional independente, em modelo de negócios com remuneração em revenue share. O presidente da BoxBrazilTV relata que o atual momento é de demanda por conteúdo pronto para todos os canais; porém, ele sente haver uma maior carência de atrações de viagem e turismo, por conta dos próximos grandes eventos esportivos no

FOTO: daniel ducci

Brasil com Z Mesmo escrevendo Brasil com z - porque acredita na exportação do seu conteúdo -, a caçula do mercado BoxBrazil já se apresenta como maior programadora nacional independente, com um grupo de canais

FOTO: marcelo kahn

( programação)

“O que nos interessa é fomentar a produção nacional.” Cícero Aragón, da BoxBrazil

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canal no mercado nacional em setembro próximo. O Fashion TV, canal europeu dedicado à moda e estilo, teve encerrado no início de 2011 seu contrato de representação com a Turner, que o substituiu pelo canal próprio Glitz. Cícero Aragón diz que o canal de moda terá um novo posicionamento. “Continuaremos com algum conteúdo internacional natural do brand, mas vamos ampliar muito o conceito de moda, abordando o mundo empresarial do setor, as tendências etc”. Ele destaca que a produção nacional independente é que irá abastecer a programadora com este conteúdo. Assim, um renovado Fashion TV, com públicoalvo dos 18 aos 40 anos, nas classes A/B/C, também quer se qualificar nas cotas nacionais. O que a Box Brazil busca agora para todos os seus canais é conteúdo pronto, e espera ter projetos maduros, com financiamento e que sejam multiplataforma e midiáticos.


Toda Arte e toda cultura, a toda hora no SESCTV ARTES VISUAIS A arte contemporânea brasileira apresentada por seus próprios autores. Produção: Documenta Video Brasil

DANÇA CONTEMPORÂNEA

As principais companhias do País em espetáculos, entrevistas e making of. Produção: Pipoca Cinevideo

INSTRUMENTAL SESC BRASIL A diversidade da música instrumental em shows exclusivos. Produção: Canal I Produções

TEATRO E CIRCUNSTÂNCIA O teatro contemporâneo: companhias, propostas, diretores, perspectivas. Produção: Amilcar Claro Produções

SALA DE CINEMA A produção cinematográfica abordada e discutida por produtores, diretores, técnicos e atores. Produção: Plateau Produções O SESCTV é credenciado pelo Ministério da Cultura como canal de programação composto exclusivamente por obras cinematográficas e audiovisuais brasileiras de produção independente. O sinal é distribuído gratuitamente às operadoras e o canal não veicula anúncios publicitários. @sesctv

sesctv.org.br

youtube.com/sesctv


(galeria )

Rogério Brandão, da TV Brasil.

Painel sobre o mercado internacional com Alejandra Moreno (TV Globo), Ottoni Fernandes (TV Brasil), Ernesto Ramirez (Comarex, México), Maria Victoria Romano (PakaPaka, Argentina) e Karen Michael (Arte, França).

Érico da Silveira, da TV Escola. Canal público lançou edital para a produção de séries e documentários no valor de R$ 3 milhões.

Daniela Pfeiffer, do Senac, apresentou workshop sobre produção executiva de TV.

Kiko Mistrorigo (TV Pinguim), Reynaldo Marchezini (Flamma) e David Diesendruk (Redibra) debateram o mercado de licenciamento de produtos.

João Mesquita, da rede Telecine

Guilherme Zattar, do Multishow.

Antonio Ricardo e Ricardo Bocão, do Woohoo

Zico Góes, da MTV

As exigências de dublagem, legendagem e audiodescrição foram tema de painel com Mauro Garcia (CinebrasilTV), Paulo Barata (Universal), João Worcman (Synapse) e Marcelo Camargo (Drei Marc).

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André Saddy, do Canal Brasil


Carla Affonso (Zodiak) e Fernanda Telles (FremantleMedia) falaram sobre tendências em formatos e programação. Sessão realizada em parceria com o ComKids debateu a sustentabilidade da produção infantil na TV. Participaram Marcos Bitelli, advogado, Paul Jackson, da Media Smart (Inglaterra), Rafael Sampaio, da ABA, Cecília Mendonça, da Disney (Argentina), Rodrigo Olaio, da Mono3D, e Geraldo Leite, da Singular.

Andrea Barata Ribeiro, da O2

Debora Ivanov, da Gullane

As oportunidades de networking entre produtoras e canais foram um dos destaques do evento.

Pitching Cartoon Network / Fórum Brasil Juliano Enrico e Zé Brandão

O Cartoon Network exibiu no Fórum Brasil de TV 2012 o piloto inédito de “Irmão do Jorel”, primeira série animada que o canal produzirá na América Latina. O filme foi apresentado pelo criador, Juliano Enrico, e pelo produtor Zé Brandão, da Copa Studios. O projeto foi o vencedor do Pitching Cartoon Network / Fórum Brasil de 2009. Na edição deste ano do pitching o vencedor foi o projeto “Cartoon.Job”, da Split Filmes, que recebeu o prêmio de desenvolvimento no valor de R$ 50 mil, oferecido pelo canal.

Paulo Franco, da Fox.

A produção transmídia foi tema de painel internacional com Nuno Bernardo (beActive, Portugal), Ricardo Mucci (Umana) e Adam Siegel (roteirista, EUA).

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Jurados e vencedores do Pitching Cartoon Network / Fórum Brasil 2012: Anthony Doyle (Turner), Marcus Fernandes (TV Cultura), Victor Canela e Jonas Brandão (Split Filmes), Daniela Vieira (Turner) e Sergio Sá Leitão (RioFilme).

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especial produção nacional

( mercado )

Lizandra de Almeida

c a r t a s . t e l a v i v a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Será que vai? Para se adaptar à lei que cria cotas de programação nacional nos canais de TV por assinatura, as programadoras estrangeiras no Brasil estão investindo em coproduções e aquisições.

O

FOTO: divulgação

s canais estrangeiros serão os grandes afetados pela Lei 12.485/2011, que cria o Serviço de Acesso Condicionado, mas aparentemente estão encarando a mudança com boa vontade. De um lado, há canais que já vêm se preocupando em atender às exigências da nova lei de programação da TV por assinatura desde que ela começou a ser discutida. Muitos já coproduzem e exibem produções independentes há alguns anos. De outro, estão as empresas que agora começam a se preocupar, recorrendo principalmente a aquisições. Mas todas garantem que estarão preparadas quando a lei entrar em vigor, em setembro próximo. Durante o Fórum Brasil de Televisão, realizado nos dias 4 e 5 de junho, uma amostra de executivos dessas empresas apresentou suas demandas de programação nas sessões 30 Minutos. E comentaram o que estão planejando para se adaptar à lei. As empresas apostam que, em longo prazo, a lei trará um bom retorno em termos de público. A recente onda de dublagens em alguns dos principais canais foi apontada, por exemplo, como um sintoma da mudança no perfil do público, que prefere ouvir sua própria língua e também se identifica com produções nacionais. A Fox, já uma

“A Vida de Rafinha Bastos”, produção da Mixer, está na grade do canal FX, da Fox.

FOTOs: daniel ducci

veterana no uso desse recurso em seriados e filmes, parece estar preparada. A empresa oferece, no Brasil, os canais Fox, FX, National Geographic, Fox Life e Bem Simples, além de seus desdobramentos em HD e do Fox Sports, inaugurado este ano. Segundo Paulo Franco, vice-presidente de programação e conteúdo dos canais, a empresa exibiu 250 horas de programação brasileira inédita em 2011 e pretende expandir esse número até chegar a mil horas em 2014. A empresa já produziu e exibiu, em parceria com a Moonshot Produções, duas temporadas do seriado

“Estamos nos propondo a encontrar uma identidade, para que a produção brasileira possa conviver com a produção de Hollywood.” Paulo Barata, do Universal Channel

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policial “9mm”, por exemplo, e já tem outros seriados em produção para estreia em 2012. O modelo funcionou e agora a empresa tem 15 projetos em desenvolvimento e produção, com 14 produtoras diferentes. E também desenvolve outros tipos de parcerias. O canal Bem Simples, por exemplo, focado em estilo de vida, tem quase toda sua programação produzida em Porto Alegre, pela Zeppelin Filmes. O Fox Sports é uma parceria com a Casablanca, que fornece a estrutura de transmissão ao vivo dos eventos esportivos. O Fox Life, que até agora só exibia programação estrangeira, está produzindo a franquia nacional do reality show “Man versus Food”. A equipe de programação do Universal Channel, por sua vez, precisou quebrar a cabeça para manter a coerência de sua programação e ainda assim se


adequar à lei. A saída foi desenvolver programetes e interprogramas de humor e informação sobre bastidores da produção audiovisual. “Nosso foco são as superproduções de Hollywood. Um episódio de ‘House’ custa US$ 5 milhões. A atriz de ‘Law & Order’ que interpreta a policial Olivia Benson ganha US$ 400 mil por episódio. Seria uma covardia tentar produzir algo parecido aqui. Então, tudo que não queremos é um House brasileiro, ou um ‘Law & Order’ brasileiro”, afirmou Paulo Barata, diretor do canal, em sua apresentação no Fórum Brasil. A Universal é uma sociedade entre Studio Universal, CBS e Paramount e, no Brasil, também tem a Globosat como sócia. “Também não queremos programação adolescente, para

“Teremos um caminho mais formal de submissão de projetos, mas não queremos fazer pitching.”

desenvolvimento. A Universal tem trabalhado com a contratação direta de produtoras, que recebem verba de desenvolvimento para produzir um piloto que é Roberto Martha, da Viacom homologado ou não pela filial brasileira e pela matriz. Uma vez não concorrer com o aprovado, o projeto recebe Multishow, nem feminina, que autorização para continuar. é o filão do GNT. Estamos nos Barata apresentou duas séries propondo a encontrar uma que já estão em produção. A identidade, para que a primeira é uma animação da produção brasileira possa conviver com 2DLab, com direção de Andrés a produção de Hollywood.” Lieban, que mostra o que acontece O canal já exibia o programa quando o diretor grita “Corta!”. “What’s On”, com informações sobre Mostra os bastidores das filmagens bastidores de blockbusters norteconduzidas por um diretor cheio de manias e vontades, e uma fox pretende exibir até mil horas de programação nacional em 2014 equipe que está sempre correndo em americanos, e produção da carioca ritmo de gincana para satisfazer YFilmes, desde 2004. Agora está seus pedidos. expandindo sua parceria A outra série é “What’s Off”, com produtoras e diversificando que Paulo Barata define como “um a programação. stand-up mockumentary”. Conta as Oito projetos estão em peripécias de um diretor de

Caminho das pedras Saiba o que os canais estão procurando e como enviar seu projeto. Universal Channel – O interesse pode ser manifestado pelo e-mail universalprojetos@uc.tv.br. O canal envia um documento com a orientação sobre como apresentar projetos. Uma vez por mês, a equipe de programação se reúne para analisar projetos e sugerir o desenvolvimento de alguns. Segundo Paulo Barata, são bem-vindos, por exemplo, pílulas de 3’ que reunidas possam se transformar em episódios de 22’. Canais Fox – A Fox aposta em projetos que possam ser exportados para outros países. Os canais Bem Simples e Fox Sports não estão abertos a novos programas no momento, exceto a licenciamentos pontuais. Os canais Fox e FX são especializados em ficção, com séries e filmes. O Fox visa a um público mais jovem e mais feminino, enquanto o FX é voltado para um público mais masculino. Ambos estão abertos a séries de ficção de todos os gêneros, mas para 2013 a ideia é produzir séries de comédia. O NatGeo, que trabalha com séries documentais, está querendo atrair mais público jovem e feminino, então procura séries com maior quantidade de episódios, para fidelizar os espectadores. O Fox Life começou a produzir pela primeira vez no Brasil e para completar sua cota está aberto da licenciamentos. Não existe um sistema de contratação único, a negociação é projeto a projeto. Viacom – Para o canal VH1, que tem como coluna vertebral a música, a rede quer programas como reality shows, programas de entrevista e novos formatos, que relacionem música a temas da cultura pop como comportamento, moda, entretenimento e gastronomia. Documentários e ficção, porém, não interessam agora, pois já há outras produções no formato em andamento. Shows musicais, que agora são considerados T e l a

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produção independente pela lei, também são bem-vindos. Entretanto, o canal não trabalha com música regional ou segmentada. O canal Comedy Central, focado no humor, quer séries, animações para o público adulto e programas de entrevistas e viagens. Não está interessado, porém, em sitcom ou filmes, exceto produtos prontos que possam ser licenciados. Séries de animação são o foco da Nickelodeon. Por enquanto, o contato é direto, mas a empresa está criando um canal específico para a apresentação de projetos. History, A&E e Bio – A princípio, não se interessam por conteúdos com linguagem antiga e/ou acadêmica ou ficção. Para o A&E, a busca é maior pelos chamados docu-realities, séries sobre investigação de crimes, séries baseadas em fatos reais ou em pessoas com vidas interessantes. Mas não há interesse em temas considerados “futilidades”, como vidas de celebridades ou reality shows de confinamento. O History também privilegia conteúdos com base em histórias brasileiras e latinoamericanas, e especiais sobre temas impactantes e altamente relevantes sobre diferentes momentos da História. O valor de aquisição de programas do gênero com uma hora de duração, por exemplo, pode variar de 5 mil a 10 mil - nas moedas dólar ou real, a depender do caso. ESPN – É parceira da Petrobras no projeto Esporte & Cidadania, que envolve educação para o esporte, investimentos em esporte de alto rendimento e resgate audiovisual da memória do esporte brasileiro. Estava previsto para 25 de junho o lançamento do segundo edital do projeto, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. O canal também se interessa por programas jornalísticos de esportes, além de trabalhar com o licenciamento de conteúdos. j u n 2 0 1 2

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“Adoraríamos fazer parte de um pacote mais acessível de canais, o que nos levaria a pensar na possibilidade de abrir uma janela em português.”

publicidade que quer se tornar diretor de cinema e se leva a sério demais. O personagem então faz o programa - do qual é produtor, diretor, roteirista e câmera - para contar suas histórias. A produção é da Púcaro Filmes, do Rio de Janeiro. A Viacom - que tem os canais Nickelodeon, VH1 e Comedy Central - também já investiu em produção independente e hoje está ampliando essa participação. Roberto Martha, diretor de produção da empresa, disse aos produtores que o projeto precisa ser diferente de tudo que já tenha sido visto, pois estão em busca de ideias originais. Positivo em relação à nova lei, ele afirmou que a equipe de seleção de projetos foi ampliada para dar vazão à quantidade de projetos recebidos. Neste momento, a Viacom passa por um processo de organização em relação à produção independente, disse, já que as parcerias devem aumentar a partir do ano que vem. “Teremos um caminho mais formal de submissão de projetos, mas não queremos fazer pitching. Achamos que é muito reativo e que a TV precisa ser mais viva.” Para dar conta das cotas este ano, os canais vão recorrer ao acervo e talvez a aquisições pontuais, explicou Martha. Em termos de modelos de negócios, a Viacom utiliza especialmente o Artigo 39 da MP 2.228/01. “Gostamos que o parceiro traga parte dos recursos e somos muito flexíveis em termos de janelas, prazo, fontes de financiamento”, acrescentou. Em relação ao uso de recursos do Fundo Setorial do Audiovisual, Martha afirmou que a rede já teve experiências com ele, por exemplo no projeto “Julie e os Fantasmas”, coprodução

FOTOs: daniel ducci

( mercado)

Svea Kroner, do DW

com a Mixer e a Bandeirantes, mas que tudo depende do tamanho do projeto. “Em alguns casos, o investimento mínimo do canal não compensa.” Livia Miceli e Fernando Giantaglia, dos canais History, A&E e Bio, também apresentaram suas demandas (veja no box Caminho das pedras). A princípio, também vão contar com reprises e aquisições para garantir sua adaptação à lei. Mais produção, mesmo sem obrigatoriedade Até os canais que não estão necessariamente obrigados a cumprir a nova lei começam a se movimentar, atrás de mais público. Por fazer parte do pacote de emissoras étnicas, o canal

que participou do Fórum Brasil, há um mercado potencial que pode ser atingido. “Adoraríamos fazer parte de um pacote mais acessível de canais, o que nos levaria a pensar na possibilidade de abrir uma janela em português”, explicou. Por ser um canal esportivo, a ESPN também não está sujeita à lei. Mas a parceria em produções independentes para o público brasileiro já é uma realidade, que geralmente esgota os recursos que o canal tem disponíveis pelo Artigo 3ºA da Lei do Audiovisual. Atualmente, são cerca de 35 horas de produções inéditas por semana, sem contar a transmissão de eventos esportivos, que é um dos pontos fortes da emissora. Justamente por serem especializados em jornalismo esportivo, os canais contam com equipe fixa e também são

até mesmo canais que não precisam cumprir cotas, como a espn, estão investindo em conteúdo nacional alemão Deutsche Welle é um deles. Atualmente, o canal é voltado principalmente para quem está interessado em ouvir o idioma alemão, então a dublagem não é uma opção. O Brasil recebe a programação que é gerada em inglês e alemão para os Estados Unidos, mas em fevereiro de 2012 a DW lançou um canal específico para a América Latina, com 20 horas diárias de programação em espanhol. Alguns programas já são produzidos na Alemanha em língua portuguesa. Para Svea Kroner, executiva do canal

Fernando Giantaglia, do History, A&E e Bio: reprises e aquisições garantirão o cumprimento da lei em um primeiro momento.

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contratadas produtoras para realizar os programas da grade. Desde 2009, foram investidos R$ 2,5 milhões em coproduções de documentários e séries. Segundo a diretora do canal Renata Netto, os recursos são insuficientes para a quantidade de projetos interessantes que recebe - para 2012, todo o montante está comprometido. O interesse de outras unidades mundiais pela programação brasileira está motivando o investimento direto da matriz norteamericana com recursos não incentivados. Um desses projetos é a série de seis episódios e um documentário de 52 minutos “Hei de torcer”, produzido pela Terra Vermelha, sobre os pequenos clubes cariocas de futebol.


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( radiodifusão)

Mitos e fantasmas Radiodifusores e governo se preparam para discutir um novo marco legal. Minicom quer incluir o novo mercado de comunicações eletrônicas, "que não pode ser chamado de radiodifusão, nem de telecomunicações".

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FOTOS: divulgação

Congresso Brasileiro de Radiodifusão, realizado pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), entre 19 e 21 de junho, abriu espaço para uma discussão sobre as políticas que regem o setor. Com a (nova) promessa de elaboração de um marco legal das comunicações, a associação, sem sutilezas, abriu o evento fazendo uma demonstração de sua força política. A 26ª edição do encontro setorial marcou a comemoração dos 50 anos da associação de radiodifusores. Seu presidente, Emanuel Carneiro, preferiu não discorrer sobre o projeto de decreto que deve substituir o Regulamento de Radiodifusão e nem sobre a discussão em torno de um novo marco legal para o setor na abertura. Ao invés disto, lembrou o momento histórico da criação da Abert, quando, em 1962, um grupo de empresários do setor se reuniu para derrubar os vetos do então presidente João Goulart ao recém aprovado Código Brasileiro de Telecomunicações. "O Brasil vivia um momento de instabilidade institucional, radicalização política e crise econômica e financeira. Naquele ambiente conturbado, o Congresso Nacional aprovou o Código Brasileiro de Telecomunicações. O texto encaminhado ao presidente João Goulart recebeu 52 vetos e o setor de radiodifusão se mobilizou contra os vetos presidenciais", disse Carneiro. A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão "já surgia vitoriosa, pois todos vetos do

“Uma lei geral deve estar voltada a regulamentar os artigos constitucionais relativos à comunicação eletrônica, a modernizar as regras provadamente defasadas e a possibilitar o tratamento à convergência tecnológica. Não deve tratar de jornalismo. Não deve se aplicar a jornais e a revistas.” Paulo Bernardo, ministro das Comunicações

presidente Goulart foram rejeitados". Segundo Emanuel Carneiro, desde então a Abert "mantém constante vigilância na liberdade de imprensa e também de expressão comercial". "A primeira, é sinônimo da democracia, e a segunda, essencial para a independência dos veículos de comunicação", disse. Ele recordou ainda a participação da 40

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associação na elaboração da Constituição de 1988, "quando se estabeleceu a distinção elementar entre radiodifusão e telecomunicações" e foram definidas as características da radiodifusão, "os direitos, os meios, as responsabilidades e as garantias da nossa atividade". Ainda na abertura, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, foi o único a mencionar o futuro decreto que renovará as normas relativas à licitação de rádio e televisão, "que é um avanço enorme". Segundo ele, no entanto, "é preciso fazer muito mais". Afirmando que "temos que fazer uma regulação melhor do setor", Bernardo disse que isso não é incompatível com a liberdade de expressão. "A modernização do marco regulatório das comunicações no Brasil tem que


ser feita levando em consideração o princípio maior, que é a liberdade de expressão", disse. Convidado também a fazer uma palestra sobre "regulação e liberdade de expressão", Bernardo pôde discorrer mais sobre como encaminhará o debate em torno de um novo marco regulatório para as comunicações eletrônicas. Ele lembrou que há um descompasso entre as regras existentes e a realidade da comunicação digital e que as transformações do setor têm ocorrido de forma muito mais rápida do que a capacidade de se debater e aprimorar os instrumentos regulatórios. Para que esse debate ande, conclamou a própria Abert a se mobilizar em torno da construção de um "ambiente jurídico moderno e estável para a radiodifusão". O ministro das Comunicações não deixou de mencionar os pontos da comunicação que nunca foram regulados, em parte, por pressão dos próprios radiodifusores, mas acenou com a discussão sobre temas que são bandeiras levantadas pela radiodifusão há alguns anos. Para Bernardo, há um novo mercado que não pode ser chamado de radiodifusão, nem de telecomunicações, mas de comunicações eletrônicas. Essa nova realidade, explica, coloca as tradicionais empresas jornalísticas, bem como as emissoras de rádio e televisão, em competição cada vez mais direta com conglomerados de porte global. "Nossa legislação está muito aquém deste fenômeno relativamente novo", disse, lembrando que o regulamento de rádio e televisão completa 50 anos em poucos meses. Sem deixar de lembrar que os artigos da Constituição no capítulo da comunicação que tratam da produção regional e independente ainda não foram regulamentados, o ministro citou alguns exemplos do que deve ser debatido na construção do novo marco legal. "Há grande assimetria no tratamento dado entre

os serviços de radiodifusão e telecomunicações, outorgados e regulados sob regimes distintos, apesar de disputarem mercados semelhantes e estarem cada vez mais parecidos para o grande público", disse. Outro ponto levantado por Bernardo é a regra que obriga que empresas jornalísticas sejam controladas por capital brasileiro. Segundo ele, falta resposta se a regra deve valer também para a Internet.

estamos falando de questões estruturais, que já foram objeto de debates técnicos e tiveram minutas de projetos de leis gerais nos governos dos dois presidentes que antecederam a presidenta Dilma Rousseff", completou. Bernardo disse ainda que não se deve confundir o debate da regulamentação setorial com o debate sobre jornalismo, ou o

Segundo o ministro Paulo Bernardo, o Ministério das Comunicações está "bastante defasado do ponto de vista tecnológico em termos de gestão”. Também questionou se as empresas que vendem conteúdos online e em TVs conectadas devem ser submetidas a regras semelhantes às da TV paga ou da radiodifusão. As questões estratégicas, disse o ministro das Comunicações, são o que deve ser feito para que o audiovisual brasileiro continue a ser produzido e veiculado em um mercado onde a infraestrutura está na mão de grandes empresas multinacionais, bem como a maneira de garantir a livre circulação de conteúdos e a liberdade de informação em um mercado que tende à concentração.

comportamento dos meios de comunicações, nem com as críticas que diferentes setores da sociedade fazem sobre o conteúdo dos meios de comunicação. "Uma lei geral deve estar voltada a regulamentar os artigos constitucionais relativos à comunicação eletrônica, a modernizar as regras provadamente defasadas e a possibilitar o tratamento à convergência tecnológica. Não deve tratar de jornalismo. Não deve se aplicar a jornais e a revistas", disse, arrancando manifestações de apoio da plateia. "Recentemente temos lido e ouvido o falso alerta de que qualquer debate em torno de um marco regulatório para as comunicações representaria uma séria ameaça à liberdade de imprensa e mascararia a intenção de se 'controlar a mídia'. Tais afirmações carecem de fundamentos nas práticas cotidianas e nos princípios mais caros do governo Dilma Rousseff, que nunca interferiu nas atividades da imprensa e sempre defendeu a liberdade de expressão", disse. "Abominamos a censura. Sabemos que o pleno exercício das liberdades individuais vai muito além da não interferência do Estado nas atividades

Liberdade de imprensa "Para termos diálogo sério e produtivo, devemos deixar de lado alguns mitos que não encontram qualquer fundamento na realidade", disse Paulo Bernardo. "Não podemos ser guiados por motivos políticos e partidários, nem ficar subordinados à conjuntura política do momento. Afinal,

“A Abert mantém constante vigilância na liberdade de imprensa e também de expressão comercial. A primeira, é sinônimo da democracia, e a segunda, essencial para a independência dos veículos de comunicação.” Emanuel Carneiro, da Abert

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( radiodifusão) jornalísticas", completou. Aparentemente, o discurso de Bernardo surtiu o efeito desejado. Em nota divulgada ao final do evento, Emanuel Carneiro comemorou "a garantia do governo, através do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, de que o novo marco legal da comunicação eletrônica será fruto de diálogo com toda a sociedade e que seu conteúdo respeitará os princípios de liberdade de expressão e de imprensa, sem impor qualquer tipo de controle sobre os veículos de comunicação no país".

Minicom e Anatel assinaram acordo de cooperação técnica, que passa à agência a análise de processos técnicos de engenharia de radiodifusão.

Entrave burocrático Outro tema que pautou o evento, assim como aconteceu em sua edição anterior, em 2010, foi o entrave burocrático para processos de outorgas de radiodifusão. Segundo a secretária executiva substituta Elisa Peixoto, 46.586 processos estão sendo analisados no Ministério das Comunicações em 2012. Em 2010, havia 49,2 mil e, neste período, mais de 22 mil novos processos chegaram ao Minicom. Segundo ela, portanto, há capacidade de análise dos processos que chegam ao ministério, o problema é lidar com o passivo. Segundo o ministro Paulo Bernardo, o Ministério das

Comunicações está "bastante defasado do ponto de vista tecnológico em termos de gestão". "Fiquei surpreso de ver que tem casos em que o Estado brasileiro leva oito ou dez anos para dar uma resposta e solução para um determinado processo", disse. Bernardo destacou mudanças que estão sendo implementadas no ministério para agilizar os processos de outorga, com uma simplificação "dentro do que a lei permite". Segundo ele, o Minicom está começando um trabalho, com apoio, inclusive financeiro, da Abert, para fazer a informatização dos processos. "Queremos, em curto espaço de tempo, e com apoio das assessorias que estamos contratando,

eliminar tanto quanto o possível o processo em papel, fazendo com que as entradas dos processos aconteçam de forma eletrônica". Ele citou casos de emissoras que têm mais de um processo tramitando paralelamente, de forma independente. Uma das metas é tratar os processos paralelos de uma mesma emissora conjuntamente. Outra novidade que deve surtir um efeito positivo na análise dos processos parados no Minicom é um acordo de cooperação técnica firmado com a Anatel. Pelo acordo, a agência, por delegação, passará a fazer a análise de processos técnicos de engenharia referentes à fase de pós-outorga dos serviços de radiodifusão. O instrumento foi apontado como fundamental para acelerar a rotina das renovações de concessão. No evento, o ministro Paulo Bernardo afirmou que a agência reguladora está melhor equipada de pessoal para lidar com questões de engenharia. Com isto, o Minicom se desfaz de parte do processo burocrático que atravanca a análise de processos de outorgas de radiodifusão. Bernardo voltou a citar as medidas já tomadas no ministério para dar maior agilidade no fluxo de processos e de outras que devem ser editadas em breve, já amplamente noticiados. Fernando Lauterjung

dividendo digital O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, afirmou durante o Congresso Brasileiro de Radiodifusão que o ministério prepara um plano para garantir que a transição para a TV digital ocorra dentro dos prazos previstos. Diversos radiodifusores ouvidos por TELA VIVA já apontaram a inviabilidade técnica de se fazer a transição no prazo, que se encerra em 2016. Para eles, além dos custos para a radiodifusão, há também uma questão industrial, já que a produção de televisores não seria suficiente para substituir o parque instalado de receptores analógicos. Sobre o dividendo digital, a Globo já manifestou interesse em manter o espectro liberado com o desligamento da TV analógica para garantir a regionalização da televisão. Um estudo da SET (Sociedade de Engenharia de Televisão) apresentado no evento revela que não há espaço para dividendo digital em São Paulo, em digital algumas áreas de grande ocupação do espectro pelas emissoras de TV como Campinas/Sorocaba, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Bauru. O estudo identificou a necessidade de quatro canais para as emissoras de grande porte na região de Campinas/Sorocaba, Ribeirão Preto, São José do Rio

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Preto e Bauru, áreas onde o espectro está mais congestionado. Considerando que existem seis emissoras de grande porte já seriam necessários 24 canais em cada uma das regiões. Soma-se a esse número os canais para as emissoras de pequeno e médio porte e as estações independentes. Segundo o estudo, conduzido pelos consultores da SET André Cintra e Teresa Mondino, o número de canais digitais necessários para a operação das emissoras existentes hoje nessa região já ocuparia quase que a totalidade do espectro de 700 MHz. Na área de Campinas/Sorocaba, a mais crítica, dos 45 canais disponíveis a demanda atual ocuparia 43. Em Ribeirão Preto, 39 canais; Bauru, 38 e São José do Rio Preto, 39. O estudo surpreendeu até o setor de radiodifusão, que não imaginava tal nível de ocupação. “Isso mostra a necessidade de otimizar para garantir que o setor não se auto-interfira, sem nem falar em banda larga”, disse André Cintra em palestra no 26º Congresso da Abert. O executivo lembra que também deverão ser acomodados os canais obrigatórios, como TV Câmara, TV Senado etc.

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Fernando Lauterjung e Helton Possetti

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cobertura

( internacional)

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Samuel Possebon, de Boston

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Resposta eficiente Mercado de TV paga vence o medo dos provedores over-the-top e responde na mesma moeda. Mas as mudanças de modelo estão longe de terminar, como mostram os debates da Cable 2012.

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FOTOS: the cable show/divulgação

um lugar comum dizer que, no mundo das telecomunicações, tendências e estratégias mudam rapidamente. Mas a realidade insiste em reforçar o clichê. Se há um ano havia um pavor generalizado no mercado de TV por assinatura dos EUA sobre o impacto que os serviços de vídeo over-the-top teriam sobre as plataformas tradicionais, este ano o medo parece ter ficado para trás. Não que os serviços over-the-top tenham fracassado. O que aconteceu é que as plataformas tradicionais encontraram rapidamente formas de responder a essa mudança, e se os resultados ainda não apareceram efetivamente, existe forte esperança de que eles logo aparecerão. Este é o resumo que se pode fazer do clima da NCTA Cable 2012, o maior evento de TV por assinatura dos EUA, realizado em maio, em Boston. Em 2011, o mesmo evento tinha um vilão citado em nove de cada dez palestras: Netflix. Era o símbolo, pelo menos para as operadoras de cabo, de tudo aquilo que destruiria seus modelos de negócio. Este ano, o principal provedor de vídeo over-the-top já não era mais um bicho-papão. Seja porque os resultados econômicos e operacionais da Netflix não têm se mostrado tão promissores quanto no passado, seja porque as operadoras conseguiram responder com outras estratégias. Pat Esser, CEO da Cox (terceira maior operadora de cabo dos EUA, com quase cinco milhões de clientes), optou por definir a Netflix como um “frienemy” (amigo e

Cable 2012: corte de assinaturas começa a ser levado a sério.

inimigo ao mesmo tempo). “Ao mesmo tempo em que ela disputa comigo no conteúdo, também impulsiona minha base de banda larga. Hoje 40% de meus usuários de banda larga têm Netflix e dão importância a isso”, contou. A própria Netflix reconhece seu papel dúbio para a indústria de TV por assinatura. “Não acho que sejamos necessariamente bons nem ruins para a indústria. Estamos apenas mudando os modelos”, disse Ted Sarandos, VP de conteúdo. Além da mudança de negócios, parece haver alguns efeitos novos resultantes da Michael Powell, presidente da NCTA: há espaço para os serviços pela Internet competirem.

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migração dos conteúdos para uma plataforma over-the-top. A começar com uma óbvia redução da audiência dos mesmos conteúdos nos canais lineares. “É preciso agora contar essa audiência das novas plataformas para mostrar que existe oportunidade na publicidade também ali, caso contrário isso trará custos para as plataformas tradicionais”, diz o CEO da Cox. O primeiro canal que efetivamente sentiu esse impacto foi o infantil Nickelodeon, um dos mais ativos na distribuição over-the-top. Ele perdeu audiência em 2011 nas plataformas tradicionais, ao mesmo tempo em que canais


cujos conteúdos não estão na Netflix, como o Cartoon, cresceram. Ao serem ameaçadas pelas plataformas OTT, as operadoras de cabo (e também as teles Verizon e AT&T, que operam TV paga nos EUA) responderam de duas maneiras: com opções que já estavam na mesa, como a ampliação significativa das bibliotecas e serviços de vídeo sob demanda (VOD); e com novas soluções, como as plataformas de TV everywhere. Nesse caso, o conceito por trás é muito próximo das plataformas overthe-top, ou seja, distribuir o conteúdo pela Internet. A diferença é que um serviço de TV everywhere é complementar ao serviço tradicional, e exige que o usuário seja autenticado a partir de uma base de clientes que assinam TV paga. “O conceito de TV everywhere nos animou muito desde que o lançamos. O sucesso do Netflix provou que as pessoas queriam os conteúdos on-demand. Fizemos essa inovação mais rapidamente do que qualquer outra inovação na história da indústria, e estamos vendo isso andar rápido no mundo todo”, diz Jeff Bewkes, CEO da programadora Time Warner. “O desafio da TV everywhere não é simples. E para isso dar certo, é preciso trabalhar em conjunto, mesmo que seja com seu competidor, para ter uma plataforma comum e que seja entendida pelo usuário”, diz Chase Carey, CEO da News Corp, controladora de canais como Fox. Para ele, não importa mais se as pessoas assistem TV fora da casa. “O importante é a conveniência, e cada plataforma tem as suas vantagens”. Cable cutters Estas respostas podem evitar uma migração massiva das plataformas tradicionais para as novas, mas não impedem que algumas pessoas decidam abdicar do vídeo entregue pelos meios convencionais para ficarem apenas com os conteúdos entregues pela Internet. É o que nos EUA se passou a chamar de “cable

Fechamento da sessão geral do painel da indústria no Cable Show 2012. Da esquerda para a direita: Piers Morgan, da CNN; Jeffrey Bewkes, da Time Warner; Chase Carey, da News Corporation; Pat Esser, da Cox Communications e Ted Sarandos, da Netflix.

cutters”, um fenômeno negado pelas operadoras nos primeiros sinais (quase sempre atribuído mais à queda no número de residências do que a pessoas que optavam por ter apenas um serviço overthe-top), mas que agora começa a ser levado a sério nos EUA. Estima-se que esse ano cerca de 200 mil a um milhão de domicílios, no total, deixem de ter TV por assinatura nos EUA até aqui. É pouco se comparado à massa de mais de 105 milhões de lares com TV paga nos EUA, o que significa uma penetração superior a 90% no total de domicílios, mas é um indicativo importante. Até 2016, as estimativas apontam para a perda líquida de mais de um milhão de domicílios com TV paga no modelo tradicional por ano. Michael Powell, presidente da NCTA (a associação das operadoras de cabo dos EUA) e ex-presidente da FCC, foi o encarregado de oficializar o fenômeno em seu discurso de abertura da Cable 2012. “Vivemos um período de inovação. As operadoras de TV a cabo lidam hoje com novos dispositivos, integrados com a Internet e com modelos de negócio diferentes. Há mais competição, cada vez mais intensa e saudável. As teles são agressivas, as operadoras de satélite seguem na briga tentando convencer as pessoas a se livrarem do cabo. E há espaço para serviços por Internet passarem a competir, complementando o modelo

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existente, e mesmo para que alguns assinantes desistam da TV a cabo tradicional”, disse ele. Para Peter Stern, principal executivo de estratégia da Time Warner Cable, existe ainda uma questão a ser explorada: por quê 8 milhões dos 25 milhões de usuários da Netflix não são assinantes de TV a cabo. “Existe alguma coisa ai, talvez uma oportunidade”. Para ele, a migração dos serviços para plataformas IP é uma realidade, e “a resposta das operadoras em uma nova política de empacotamento é crítica para evitar a perda de mercado com os cable cutters. Quando isso for uma ameaça concreta, já será tarde”. O impacto econômico dos “cable cutters” sobre a indústria de TV paga ainda é algo a ser medido, mas algumas coisas já são certas: isso não ameaça a indústria de programação, que continuará vendendo conteúdo, qualquer que seja a forma de entrega. Para Jeff Bewcas, da Time Warner, as futuras gerações podem não querer ter o conteúdo em uma grande tela de TV, porque “não importa onde assistam, continua sendo TV.” Ele lembra que o jogo das “big screen” ainda não está terminado e que muita coisa pode mudar com a inovação que deve ser trazida por empresas como Apple e Samsung. 45

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( internacional) FOTO: the cable show/divulgação

Conteúdo em alta De qualquer forma, o programador ganha. David Zaslav, CEO da Discovery, é um dos executivos da indústria de conteúdo que não tem vergonha de comemorar esse momento. “Somos agnósticos sobre a tecnologia. Só temos que decidir o formato que vamos entregar, se longos formatos ou formatos curtos; como vamos entregar; e o quantos vamos cobrar”, diz. “De fato, esse é o melhor momento da indústria de conteúdos”, afirma Zaslav. Mas ao mesmo tempo em que os modelos de negócio vão se alterando, também começa uma nova fase de adaptação tecnológica, e um dos pilares da indústria de TV paga, em qualquer tecnologia, é o set-top box. Trata-se de um elemento fundamental da tecnologia de entrega de vídeo pelas plataformas tradicionais. É o ponto de relacionamento entre o consumidor e o produto, e também um dos principais custos operacionais das operadoras. Mas o que acontece no momento em que as interfaces de tornam cada vez mais over-the-top? “Acho que nossos parceiros Cisco e Motorola não vão ficar muito felizes com o que eu tenho a dizer. Nossa velha plataforma de vídeo funcionou bem por muito tempo, mas o futuro está em plataformas IP. Nosso objetivo é ter vídeo em qualquer

Glenn Britt, da Time Warner (esq.), com David Zaslav, da Discovery Communications: “o futuro está na plataforma IP”.

dispositivo conectado, com smartTVs, consoles de jogos, boxes, e tudo isso está em IP. Temos que estar onde as pessoas querem”, disse Glen Britt, CEO da Time Warner Cable, a segunda maior operadora dos EUA, ao responder a uma pergunta sobre o fim dos set-tops. Uma explicação um pouco mais detalhada veio de Peter Stern, principal executivo de estratégia da Time Warner Cable. “Há anos os operadores de cabo investem bilhões em infraestrutura e em set-tops para viabilizar seus negócios. As redes estão aí, e eu não vejo a hora de me livrar desse investimento em caixas para poder me focar no que realmente interessa, que é oferecer um bom serviço ao consumidor”, disse ele. Segundo Stern, a experiência com os set-tops é quase

Presença marcante Chamou a atenção de programadores e fornecedores durante a Cable 2012 a forte presença da Oi. A empresa estava presente com seu presidente Francisco Valim, o COO James Meaney, diretor de produtos e varejo da operadora, além de Ariel Dascal, responsável pelo DTH da empresa, e Marco Dyodi Takahashi, responsável pelo projeto de fibra e IPTV. A expectativa do mercado é de que a Oi esse ano tenha um forte crescimento na oferta de serviços de vídeo. O que mais chama a atenção são os números citados: há quem diga que a Oi esteja se planejando para chegar a um milhão de clientes ao final do ano. Também chama a atenção a construção de um uplink center e um headend próprio no Rio (até hoje a Oi optava por utilizar a estrutura da Media Networks, da Telefônica). De outro lado, chamou a atenção dos programadores e fornecedores presentes ao evento a ausência de equipes da Vivo/Telefônica. A operadora não tem sinalizado a disposição de crescer em TV paga. Ao contrário, a empresa até estaria conformada com uma redução de base, aguardando para pegar a onda da distribuição de conteúdos over-the-top e a oferta de serviços por meio de sua rede de fibra que está sendo construída.

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sempre frustrante para o usuário, pois complica a interação com a TV, adiciona mais um controle e tira a liberdade de conexão entre os aparelhos. Mas nem tudo é tão simples para os operadores de cabo. Tony Werner, CTO da Comcast, lembra que o set-top ainda é um elemento importante porque dá ao operador algum controle na interface. “Com o set-top, conseguimos garantir um guia de programação funcional, conseguimos agregar serviços que ainda não estão disponíveis nas TVs conectadas e assegurar que nossos serviços serão prioritários. Se dependêssemos apenas do menu das TVs conectadas, por exemplo, quem garante que não ficaríamos nos últimos ícones?”, provocou. Para ele, é natural a migração dos serviços de cabo para outras plataformas e a adoção de aplicativos como interface com o usuário em lugar de caixas específicas, mas o modelo tradicional ainda teria muito a oferecer. Futuro incerto O presidente da Net Serviços, José Felix, presente ao evento, chamou a atenção para um momento importante vivido pela indústria de cabo nos EUA: o de decidir pela forma como os conteúdos e serviços serão convertidos para IP e poderão funcionar de maneira transparente em múltiplos dispositivos. “O problema não é como fazer. É que existem muitas opções sobre como fazer e ainda não está claro qual delas vai prevalecer”. Ele compara esse momento àquele em que as operadoras de TV por assinatura precisavam digitalizar suas redes para conseguir ampliar a quantidade de canais e acomodarem os serviços de banda larga. Algumas inovações tecnológicas que há algum tempo já vêm sendo discutidas no ambiente das telecomunicações, como padronizar as plataformas de software dos set-tops com HTML5, começam a virar padrão entre os fabricantes de set-tops de TV paga. A ideia por trás disso é permitir


“Existem muitas opções sobre como converter conteúdo e serviços para IP e ainda não está claro qual delas vai prevalecer.”

Já a Microsoft tem como principal produto o Mediaroom, que se utiliza do hardware do XBox, originalmente pensado como um console de games, mas que a cada dia se torna mais relevante para o consumo de mídia. Segundo Gerard Kunkel, media strategy advisor da Microsoft e da plataforma XBox, hoje o consumo de conteúdos de mídia já está “eclipsando” o uso para jogos no XBox Live, rede online dos usuários do console. É por esta rede que os conteúdos são distribuídos. Segundo Kunkel, existem cerca de 60 milhões de consoles XBox no mundo, dos quais cerca de 40 milhões estão conectados à rede XBox Live. É importante notar que esse crescimento no consumo de mídia está acontecendo em paralelo com um crescimento no consumo de games, diz Gerard Kunkel. “Nossos usuários consomem, pelo XBox Live, 84 horas de conteúdos de mídia por mês. Nos EUA, segundo a Nielsen, a audiência média de TV é de 150 horas por mês”, exemplificou o executivo. foto: divulgação

uma diversificação na elaboração de aplicativos e a migração dos conteúdos entre plataformas como smartphones e tablets, que também utilizam HTML5, por exemplo. Plataformas como Google TV e o Mediaroom, da Microsoft (já utilizado nos serviços de IPTV da Oi e Telefônica), também começam a movimentar o mercado de TV a cabo, ainda que nem Google, nem Microsoft, manifestem planos de competir diretamente com as operadoras de TV paga. Segundo Mário Queiroz, vicepresidente do Google responsável pelo desenvolvimento da Google TV, a plataforma (que provavelmente chegará ao Brasil no segundo semestre) deve continuar focada em busca e agregação de conteúdos de diferentes provedores. Ou seja, ser um serviço de busca de vídeo e organização desses conteúdos, disponíveis em múltiplas plataformas, para o usuário. A Google TV aposta que a renovação anual de cerca de cem milhões de televisores todos os anos será importante para impulsionar a plataforma, que deve começar a vir embarcada em muitos desses aparelhos. Sem dar números, Queiroz

José Felix, da Net

não negou a estimativa dada pelo chairman da empresa, Eric Schmidt, de que a ideia do Google é estar em metade das TVs conectadas fabricadas no mundo. A estimativa foi lembrada pelo moderador da sessão. “É uma plataforma de software, baseada em Android. É aberta e compatível entre diferentes dispositivos, e por isso acreditamos que ela rapidamente estará em muitos dos televisores fabricados pelos nossos parceiros”, diz ele. Entre os desafios, ele coloca, está a adaptação aos processadores utilizados nos aparelhos de TV e algumas questões específicas referentes ao processamento de vídeo. “O Android foi desenvolvido originalmente para dispositivos móveis, e lidar com o processamento de vídeo por horas ininterruptamente, com alta definição, tem alguns desafios”, disse Queiroz, que participou do desenvolvimento do Android também.

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(audiência - TV paga)

Alcance no ringue

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de audiência de duas horas e 49 minutos. Nesta faixa de público, ocuparam as primeiras posições do ranking de alcance os canais Cartoon Network, o Disney Channel e o Discovery Kids. O primeiro lugar teve alcance diário médio de 16,85 % e tempo médio diário de audiência de uma hora e 14 minutos. O segundo lugar apresentou alcance diário médio de 14,49 % e tempo médio diário de audiência de uma hora e cinco minutos. O Discovery Kids teve alcance diário médio de 13,96 % e tempo médio diário de audiência de uma hora e 11 minutos. O levantamento do Ibope Mídia considera as praças Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Distrito Federal, Florianópolis e Campinas.

Foto: divulgação

Sportv transmitiu no mês de abril, ao vivo, o UFC 145, que aconteceu no dia 21. No evento, o americano Jon Jones defendeu o cinturão no combate contra Rashad Evans, pela categoria pesos meio-pesados. Para divulgar o evento, o Sportv lançou no Facebook um game de palpites para as lutas do card principal e como seriam as vitórias (nocaute, pontos ou finalização). O canal foi o que teve o maior alcance no ranking entre o público adulto naquele mês, ao passar o Multishow, registrando alcance diário médio de 9,29% e tempo médio diário de audiência de quase 39 minutos. Na sequência, o Multishow aparece com 8,79 % de alcance diário médio e tempo médio diário de audiência de quase 18 minutos, seguido do TNT, com

UFC 145 foi transmitido ao vivo no dia 21 de abril. alcance médio e tempo médio diário de audiência de 8,64 % e aproximadamente 27 minutos, respectivamente. Segundo os dados do Ibope Mídia, os canais pagos tiveram alcance diário médio de 44,45 % e tempo médio diário de audiência de duas horas e 25 minutos entre o público com mais de 18 anos. Junto ao público de 4 a 17 anos, os canais pagos tiveram alcance diário médio de 46,75 % e tempo médio diário

Fernando Lauterjung

Alcance* e Tempo Médio Diário – abril 2012

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 44,45 5.688,17 02:25:21 9,29 1.188,73 00:38:44 8,79 1.124,53 00:17:50 8,64 1.105,04 00:26:58 8,43 1.078,74 00:29:56 8,35 1.068,51 00:30:22 7,33 938,48 00:44:54 7,30 934,24 00:23:04 7,09 907,63 00:28:41 6,75 863,14 00:57:39 6,49 830,50 00:28:47 6,04 773,04 00:20:09 6,03 771,68 00:25:00 5,63 720,85 00:21:47 5,56 711,53 00:25:58 5,40 691,10 00:20:38 5,35 684,44 00:38:30 5,04 645,31 00:16:23 4,97 636,17 00:24:23 4,56 584,10 00:32:26 4,29 548,49 00:26:27

Total canais pagos Cartoon Network Disney Channel Discovery Kids Nickelodeon Fox Megapix TNT Multishow Sportv Disney XD Space Telecine Pipoca Viva Discovery Channel FX Universal Channel Boomerang Warner Channel Sportv 2 National Geographic

(Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio 46,75 1.582,76 02:49:39 16,85 570,56 01:14:05 14,49 490,47 01:05:02 13,96 472,56 01:11:15 10,61 359,02 00:52:39 9,72 328,96 00:39:05 7,70 260,62 00:37:53 7,52 254,68 00:27:06 7,31 247,64 00:22:50 5,95 201,56 00:22:55 5,01 169,66 00:51:09 4,78 161,85 00:25:42 4,24 143,45 00:37:21 4,20 142,21 00:20:03 3,99 134,94 00:20:36 3,96 133,90 00:27:14 3,95 133,75 00:18:42 3,86 130,56 00:28:18 3,83 129,63 00:17:33 3,72 125,77 00:16:10 3,52 119,19 00:19:01

*Alcance é a porcentagem de indivíduos de um “target” que estiveram expostos por pelo menos um minuto a um determinado programa ou faixa horária.

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**Universo 3.385.700 indivíduos Fonte: IBOPE Media Workstation – Tabela Minuto a Minuto – Abril/2012

Total canais pagos Sportv Multishow TNT Fox Megapix Cartoon Network Viva Globo News Discovery Kids Space Sportv 2 Universal Channel National Geographic Warner Channel Discovery Channel Disney Channel GNT FX Telecine Pipoca Telecine Action

De 4 a 17 anos**

(Das 6h às 5h59)

**Universo 12.796.500 indivíduos

Acima de 18 anos**


( making of )

Ana Carolina Barbosa

a n a c a r o l i n a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Ambientes radicais

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departamento de arte da Globosat e a produtora Vetor Zero/Lobo tinham um desafio para desenvolver as vinhetas do Canal Off. Como o conteúdo do canal é voltado para esportes radicais, mas de forma muito mais ligada ao estilo de vida do que à competição, as peças conceituais precisavam transmitir esta sensação e estar alinhadas à assinatura (Sonhe, Explore, Descubra) e seus pilares (ação, adrenalina e natureza). Guto Terni, diretor criativo da Vetor Zero/Lobo, conta que a ideia da equipe para transmitir estas sensações foi imaginar os ambientes onde a prática destes esportes acontecem. “Tínhamos água, terra, ar e espaço urbano”, explica o diretor. A partir daí, a proposta era usar uma mistura de técnicas 3D com efeitos de composição na execução do filme. “Buscamos o que poderia representar os ambientes de forma abstrata, mas supergráfica”, diz Terni. A equipe teve que fazer diversas experimentações para chegar ao efeito desejado para cada ambiente. “A gente tem que testar e criar uma ferramenta para fazer cada filme. Às vezes, a pré-produção é mais difícil do que a produção”, observa o diretor. Foram dois meses de produção e muito trabalho no departamento de Research & Development da produtora para chegar ao resultado final das quatro vinhetas de dez segundos cada uma. Para a vinheta da água, foi usado um software de simulação de líquido para produzir uma onda em 3D realista interpretada de forma gráfica com as linhas. O software Houdini foi usado na vinheta do ar. A equipe construiu o efeito de partículas espalhadas pelo vento, que formam desenhos. Na vinheta da terra, foi preciso

construir uma moto em 3D para que ela fizesse um rastro de terra. A moto foi apagada e apenas os rastros foram deixados. Para o cenário urbano, o diretor usou um cenário cheio de prédios e um personagem fazendo parkour. A silhueta foi recortada e o rastro foi aproveitado para o filme. Segundo o diretor, os filmes da terra e do ar foram os mais trabalhosos. “É difícil porque tem muita partícula. O cálculo de render e da dinâmica é mais demorado”, ressalta Terni. Todas as vinhetas terminam com a formação da palavra Off. ficha técnica Cliente: Produtora: Diretor Criativo: Produtor Executivo: Atendimento: Diretor de Produção: Style Frames:

As vinhetas com grande número de partículas, como a da terra, foram mais trabalhosas para o render.

Canal Off - Globosat Vetor Zero/Lobo Guto Terni Alberto Lopes e Sérgio Salles Camila L. Carrieri Loic Francois Marie Dubois Fabio Acorsi, Serginho Dimi e Fabiana Serpa

Filme Água CG Supervisor: Realflow artist: Houdini artist: Rendering: Finalização:

Guilherme Rizzo Cristian Lucas Cassio Homa Guto Terni Fabio Acorsi

Filme Ar CG Supervisor: Particle FX: Houdini Artist: Rendering: Finalização:

Guilherme Rizzo Rogério Miyagi Fernando Magalhães Guilherme Rizzo Fabio Acorsi

Filme Terra Houdini Artist: Cassio Homa Rendering: Cassio Homa Finalização: Fabio Acorsi e Rafael Martinelli Filme Urbano Houdini Artist: Fernando Magalhães Maya Artist: Rogério Miyagi Rendering: Rogério Miyagi Finalização: Fabio Acorsi e Rafael Martinelli

A silhueta de um esportista praticando parkour foi recortada para deixar apenas os rastros na vinheta do cenário urbano.

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( case )

Amazônia Eterna Documentário que integrou a programação da Rio+20 leva espectador para dentro da floresta para conhecer novas formas de produção sustentável.

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FOTOs: divulgação

ara discutir a sustentabilidade econômica da Floresta Amazônica, a Giros Produções e a Agência Tudo trabalharam juntas e investiram dois anos na concepção do documentário “Amazônia Eterna”, dirigido por Belisario Franca. A pesquisa foi fundamental para garantir que o projeto estivesse amarrado a ponto de conseguir captar recursos com certa facilidade. “Trabalhamos no argumento até estressar o assunto”, explica Maurício Magalhães, da Agência Tudo, que desenvolve projetos de comunicação integrada. “Selecionamos inicialmente 70 projetos em andamento na Amazônia até chegar aos nove que compõem o filme”, conta o diretor Belisario Franca. A Giros Produções tem um longo currículo de documentários e projetos ligados às áreas de cultura e meio-ambiente. Por isso, a intenção era ir além do entretenimento, com um projeto que tivesse relevância social. Em vez de retratar os problemas, como tantos outros documentários e programas de TV, a ideia era apresentar, de maneira crítica, projetos que apresentam soluções que pudessem ser reproduzidas em outros locais. Todos os casos levantados inicialmente foram pesquisados e avaliados segundo sua importância para a região, diversidade de temas e abordagens. E todos tinham de ter certificação ambiental. “Mais do que um documentário sobre meioambiente, este é um documentário sobre novos modelos econômicos, tecnológicos e ecológicos”, afirma Magalhães. “Toda a economia está passando por uma revisão de

Foram selecionados inicialmente 70 projetos em andamento na Amazônia até chegar aos nove que compõem o filme.

modelos de produção e queríamos trazer essa discussão com projetos reais, que funcionam e podem ser reproduzidos em escala.” Depois de chegar ao argumento final, a equipe de captação fez a lição de casa: pesquisou grandes companhias que tivessem a preocupação com o meio

Narrativa sensorial O orçamento do projeto previa recursos técnicos suficientes para captar a natureza de maneira grandiosa. Foram usados 450 quilos de equipamento, dignos de um longa-metragem de ficção: três câmeras, incluindo uma subaquática, equipamentos de iluminação, maquinária e som, acessórios para escalada, barracas, redes, cobertores e muito mais. A equipe contou com mais de 60 profissionais, desde a pesquisa até a finalização. A produção consumiu 16 semanas, em três etapas de produção, ao longo de 2011. “Quisemos gravar paisagens diferentes, então fomos na cheia e na vazante, em julho, setembro e novembro. São imagens únicas no planeta”, afirma o diretor. Foram visitados cinco estados (Amazonas, Pará, Mato Grosso, Amapá e Rio de Janeiro) e 15 municípios. “Usamos todos os tipos de avião possíveis, além de barcos e muitos outros meios de transporte”, diz Franca. A concepção estética do filme procurou criar um ambiente

a vale interessou-se pelo projeto e financiou a produção com recursos incentivados ambiente incluída no texto de sua missão empresarial. “Queríamos o patrocínio de empresas que tivessem aderência à causa e listamos cerca de 20, nesse primeiro momento”, explica Maurício Magalhães. A sorte estava do lado deles. Uma das primeiras empresas contatadas foi a Vale, que não só se interessou pelo projeto como tinha recursos disponíveis para investimento. A empresa então recorreu à Lei do Audiovisual e entrou com a verba necessária para a produção. 50

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sensorial, como se o espectador estivesse na própria floresta. “Quisemos capturar a pessoa pela mão e levá-la para dentro da floresta. A câmera entra e sai do rio, sobe nas árvores. Ouvimos a chuva e todo o ambiente sonoro, os animais, as pessoas. Temos a cena da queda de uma árvore, por exemplo, com todo o ruído, é impressionante. Ao mesmo tempo em que o filme trata de assuntos


FOTOs: Mario Franca

importantes, também consegue fazer com que quem não conhece a região se sinta nela”, afirma Franca. “Toda a rede fluvial da Amazônia é interligada e o filme consegue mostrar essa organicidade e tira partido disso. A Amazônia é basicamente água.” Além das imagens locais das pessoas ligadas aos projetos abordados e da floresta, o documentário traz depoimentos de economistas, ambientalistas e pesquisadores, como Bertha Becker, da UFRJ; José Aldemir de Oliveira, reitor da Universidade do Estado do Amazonas; Paulo Moutinho, diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), entre outros. Entre os projetos, estão iniciativas ligadas a artesanato, educação, pesca, agricultura sustentável de hortaliças e frutas, política antidesmatamento, comércio solidário, produção de celulose e

Amazônia Eterna

Sinopse: “Amazônia Eterna” discute a sustentabilidade econômica da Floresta Amazônica, apresentando de maneira crítica projetos que mostram soluções que podem ser reproduzidos em outros locais.

documentário, 86’, 2012 Formato Belisario Franca Direção Belisario Franca e a Mott Yan , Lenti ca Bian Roteiro Paula Gago e Francisco Frondizi Pesquisa Gustavo Hadba, ABC Direção de fotografia s e Agência Tudo uçõe Prod Giros Empresas produtoras

pesquisas ambientais. O filme foi selecionado para integrar a programação da Conferência Rio+20. A ideia é que ele percorra o circuito

internacional de festivais até o final de 2012, para chegar às telas dos cinemas brasileiros em 2013. Lizandra de Almeida


( upgrade )

Fernando Lauterjung

f e r n a n d o @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Áudio ampliado

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FOTOs: divulgação

Leader Instruments anunciou atender às necessidades específicas do uma expansão para o conjunto usuário. Sinal de amplitudes, vetor, de recursos de áudio de seu dados, barras de cor e a programação LV5770 Multi-Monitor. A placa de áudio podem ser vistos individualmente ou no opcional agora incorpora medição de modo quad-split no monitor LCD intensidade, análise de tempo de lipintegrado XGA de 6,3 polegadas. Os sync e monitoração de som surround. quadros de vídeo podem ser capturados Esses novos recursos dobram o número manualmente ou com base em detecção de recursos de áudio disponíveis de erro automatizada. atualmente para o equipamento, que já Uma interface Ethernet pode ser suporta 16 canais AES/EBU de áudio usada para controlar o LV5770 Com uma placa de áudio opcional, LV5770 agora incorpora medição de intensidade, análise de tempo embutido, avaliação e decodificação de remotamente através de Telnet, detectar de lip-sync e monitoração de som surround. Dolby Audio, bem como conversão de erros do sistema remoto através de oito canais para analógico. SNMP, enviar arquivos via FTP ou O monitor é um analisador compacto de sinal broadcast realizar outras operações a partir de um PC conectado. O com suporte a formatos de sinal 3G, HD dual-link, HD-SDI e conector de controle remoto pode ser usado para carregar SD-SDI. Seu desenho modular permite customização para presets, mudar o sinal de entrada, e transmitir os logs de erro.

Codificação nas nuvens

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iCR Unified QC faz o controle de qualidade unificado para operações de ingestão e transcodificação de conteúdo.

Qualidade à prova

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AmberFin apresentou na NAB, que aconteceu em abril, uma nova solução de controle de qualidade unificado para operações de ingestão e transcodificação de conteúdo. Chamado iCR Unified QC, a abordagem para controle de qualidade em mídia combina diversas ferramentas de controle de banda durante o processo de ingestão por fita, controle de qualidade em arquivos pós-ingestão, e controle de qualidade feito por um operador global, incluindo anotação e marcações. A AmberFin vem trabalhando para ampliar o número de sistemas de terceiros suportados, como VidCheck (VidChecker), Tektronix (Ceriphy) e Metaglue (MXFixer). A possibilidade de escolha de fornecedor mais alargada garante a integração do iCR Unified QC dentro dos fluxos de trabalho existentes com mais facilidade. Além disso, a opção de integrar vários sistemas de terceiros dentro iCR Unified QC permite ao usuário comparar e contrastar as medições dos diferentes sistemas, aumentando a confiança geral na qualidade de seus arquivos de mídia.

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s produtos mais recentes da Haivision agora terão recursos para streaming over-the-top (OTT), bem como a possibilidade de conectar, em um clique, aos seus serviços de HyperStream (de transcodificação em nuvem) e CDN (conectividade). O HyperStream unifica, simplifica e automatiza o processo de transcodificação em nuvem na Amazon EC2, com conectividade para a rede de distribuição global Akamai HD. Os produtos da fabricante agora são capazes de conectar-se diretamente à HyperStream Live, software as a service (SaaS) da Haivision para entrega de mídia na Internet. Com o HyperStream, os usuários podem tirar proveito da transcodificação em nuvem para usar a banda de uplink com mais eficiência, oferecendo o streaming de alta qualidade em Flash, HLS, e para dispositivos IOS. Um dos equipamentos que passa a trabalhar com os serviços HyperStream é o codificador de streaming HD de vídeo H.264 Makito. Uma atualização gratuita será disponibilizada, dando-lhe a funcionalidade HyperStream. Além disso, a Haivision fará atualizações OTT ao codificador H.264 Barracuda SD, ao sistema de vídeo Furnace IP, e à ferramenta de stream e gravação Viper. Codificador Makito recebe atualização gratuita para suportar serviço HyperStream.

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23 a 31 23º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, São Paulo, SP. Tel.: (11)

Tel.: (613) 232-6315. E-mail: info@animationfestival.ca. Web: www.animationfestival.ca

SETEMBRO

4 a 6 Andina Link 2012, San

27 a 11/10 Festival do Rio, Rio de

Pedro Sula, Honduras. E-mail: contacto@andinalink.com. Web: www.andinalink.com

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OUTUBRO

14 a 23 14º Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG. Web: www.festcurtasbh.com.br

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Único evento de satélites da América Latina para debater os temas mais importantes do setor. Satélites 2012, Royal Tulip, Rio de Janeiro, RJ. Tel.: (11) 3138-4660. E-mail: info@convergecom.com.br. Web: www.convergeeventos.com.br

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SP. E-mail: info@mostra.org. Web: www.mostra.org

19 a 23 Ottawa International Animation Festival, Ottawa, Canadá.

3034-5538. E-mail: spshort@kinoforum. org. Web: www.kinoforum.org

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25 a 28 BRAFFTv 2012, Toronto,

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31 a 7/12 American Film Market, Santa Monica, EUA.

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NOVEMBRO

8 a 11 Mipcom, Cannes, França. Web: www.mipworld.com

Plata, Argentina. Tel.: (54 11) 4383-5115. E-mail: info@mardelplatafilmfest.com.

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5 a 13 26º Festival Internacional de Cine de Mar del Plata, Mar del


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