televisão, cinema e mídias eletrônicas
ano 23_#246_abr2014
A TV REPENSA SEU PAPEL Congresso da NAB reflete sobre o futuro do broadcast no mundo digital. A pergunta é como ser relevante no ambiente multiplataforma.
REGULAMENTAÇÃO Emissoras regionais terão dificuldade para cumprir as novas obrigações de legenda oculta com qualidade
POLÍTICA Emissoras educativas temem ser prejudicadas com a falta de canais no leilão de 700 MHz
Novo SES-10 na 67° Oeste
Cobertura de alta potência em banda Ku para as Américas Agendado para a segunda metade de 2016, o novo satélite SES-10 substituirá os atuais AMC-3 e AMC-4, além de proporcionar aumento de capacidade sobre a América Latina. O SES-10 foi desenhado para suportar diversas aplicações e terá cobertura privilegiada na América do Sul, Brasil, México, América Central e Caribe. Saiba mais:
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ELA VIVA esteve este mês em três grandes eventos internacionais. Fomos à NAB, em Las Vegas, maior encontro da indústria de broadcast dos EUA, que acompanhamos há 20 anos ininterruptamente. Estivemos novamente no MipTV, em Cannes, um dos principais mercados globais de conteúdos. E visitamos pela primeira vez o Cable Congress, em Amsterdã, o evento anual das empresas europeias de TV por assinatura. São eventos muito diferentes, cada um com seu mercado: emissoras abertas, produtores de conteúdo e TV por assinatura. Mas em todos há uma linha em comum, o debate sobre a futura configuração da indústria, seja na ponta da produção, seja na distribuição. Na NAB, como mostra nossa matéria de capa, a preocupação é com o futuro da TV aberta, que depende fundamentalmente das frequências que os governos do mundo todo estão hoje alocando, em maior ou menor escala, para outros serviços de telecomunicações. A questão é como convencer a sociedade da relevância deste serviço perante outros que estão em pleno crescimento, como a Internet móvel. Há o forte argumento da robustez: mesmo em situações extremas o rádio e a TV continuam funcionando. Todos sabemos que é muito comum o telefone ou a Internet “caírem” mesmo em dias comuns. Já o rádio e a TV permanecem ativos mesmo durante catástrofes naturais. Também como veículo de publicidade, pelo menos no Brasil, a TV ainda tem uma capacidade incomparável. Resta saber se estas características serão suficientes para manter a relevância do serviço. A própria Globo, maior broadcaster brasileiro, como se vê em outra matéria desta edição, vem mexendo gradualmente no timão de seu transatlântico, buscando se aproximar da linguagem e do ritmo das mídias digitais. Alguns conteúdos como desenhos e filmes claramente migrarão cada vez mais para o cabo ou plataformas on-demand. São estas plataformas, por sua vez, que preocupam os operadores de TV paga, como mostrou o evento na Holanda. “Se o mercado de distribuição fosse substituído do modelo atual por um modelo OTT imediatamente, toda a indústria de conteúdo entraria em colapso", disse um dos painelistas. E esta indústria do conteúdo aplaude por um lado as plataformas digitais, e por outro negocia com cautela com estes provedores. As grandes estrelas do MipTV foram YouTube, Amazon e Twitter, mas quem paga a conta do evento (e dos estúdios) ainda são as emissoras tradicionais. Vale a leitura destas matérias nesta e na próxima edição. Não trazem respostas, mas mostram que as dúvidas são globais, e que o mercado vai aos poucos migrando e adaptando seus modelos. Continuaremos acompanhando, sempre in loco, estes movimentos.
capa: editoria de arte cvg sobre fotos de Rob Wilson/ Maxx-Studio/ photowings/shutterstock.com
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(índice ) 14
radiodifusão
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scanner figuras televisão
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Estados Unidos começam a trabalhar em um novo padrão de TV digital
Globo busca a audiência jovem e acostumada a diversas fontes de conteúdo
política
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Licitação da faixa de 700 MHz tira da radiodifusão pública a reserva dos canais de 60 a 69
regulamentação 24
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Emissoras regionais encontram dificuldade para atender às exigências de legendas ocultas
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TV por assinatura
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Unotel lança serviço de TV paga baseado em DTH para provedores de Internet
evento
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Cable Congress aponta preocupações com o futuro da TV por assinatura
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making of artigo
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Sabrina Nudeliman Wagon propõe incentivo destinado à comercialização de obras audiovisuais
case
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TV Pinguim leva série de animação para os canais norte-americanos Sprout e NBC
upgrade agenda Acompanhe as notícias mais recentes do mercado
telavivanews www.telaviva.com.br 4
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Força local A Oi vai aumentar de 13 para 43 o número de emissoras afiliadas da Rede Globo distribuídas a seus assinantes graças a um acordo assinado entre as duas companhias e à utilização do novo satélite SES-6. Com isso, a Oi se tornará o DTH com maior quantidade de canais da Globo. Em todas as praças em que o sinal das afiliadas estiver em HD, ele estará disponível em alta-definição no line-up da OiTV. Essas 43 emissoras Globo abrangem 3 mil municípios e 39,4 milhões de famílias, ou 60% dos lares no Brasil. Em aproximadamente 2 mil desses municípios, que somam 13 milhões de domicílios, a Oi será o único serviço de TV por assinatura com o sinal da Globo. Os assinantes assistirão apenas o canal relativo à sua região. Zeinal Bava, presidente da Oi, explicou que a perda de base no
segundo semestre do ano passado foi parte da estratégia da Oi para crescer já no novo satélite. A tendência é de uma retomada forte no ritmo de expansão esse ano, sobretudo na oferta combinada com banda larga e telefone nas cidades em que essa oferta conjunta não está disponível por nenhum competidor.
A estratégia da OiTV tem um potencial muito agressivo. As demais operadoras de DTH que têm o sinal Globo não incluem o sinal HD no satélite, por falta de capacidade (espaço). A Claro hdtv, por exemplo, só deverá ter um novo satélite no final do ano ou começo de 2015. A Sky, só em 2016, e a GVT TV também está limitada até que um novo Intelsat seja lançado no ano que vem. Paralelamente, a Oi renovou dezenas de contratos de distribuição com canais da Globosat e de programadoras associadas, como Rede Telecine, NBC/Universal, Canal Brasil, Playboy do Brasil, Canal Futura, canais de rádio e áudio do sistema Globo de Rádio, além de serviços over-the-top (OTT), como Muu e Philos, e canais de vídeo on-demand (VOD). Os novos contratos têm validade até 2021, o que é um período de renovação contratual bastante longo para padrões do mercado de TV paga. Os contratos também foram negociados com a G2C, assim como os sinais da Globo.
Troca de comando
Projetos online
A GW de São Paulo foi comprada dos antigos sócios (Woile Guimarães, Luiz Gonzalez e Wianey Pinheiro) por cinco funcionários. Cláudio Carvalho, Denise Cristianini, Elias Angico, Márcia Nepomuceno e Nelson Marques assumiram a produtora na capital paulista, e toda a sua infraestrutura, em dezembro do ano passado, após oito meses de negociações. Agora, começam a se apresentar ao mercado com algumas mudanças. Em primeiro lugar, a produtora deixa de trabalhar com marketing político, uma vocação dos sócios anteriores. A ideia é concentrar esforços em duas frentes: a criação e produção de conteúdos para televisão, e a parceria com outras produtoras, em diversos modelos de negócios, sempre calcados no uso da infraestrutura e serviços da GW. Segundo os sócios, a estrutura - que inclui quatro estúdios (já equipados), diversas ilhas de edição e escritórios está à disposição do mercado para locação e para projetos de coprodução. Além da estrutura física, a produtora também conta com equipe técnica de estúdio e profissionais de edição. Hoje a produtora, localizada no bairro da Barra Funda, abriga parte da equipe da MTV em suas salas e é usada para a produção dos programas “Saia Justa” e “Marília Gabriela Entrevista”, do GNT, e “Coletivation”, da MTV, entre outros.
O canal GNT, da Globosat, lançou um site para receber projetos de produtoras e estreitar a relação com o mercado independente. A ideia é dar às produtoras a oportunidade de apresentar seus projetos de forma mais estruturada à equipe do canal através do link globosat.com.br/produtoras. Os critérios de análise para a seleção serão, segundo o canal: originalidade, aspectos artísticos e adequação ao público, qualificação técnica da equipe, capacidade gerencial e desempenho da produtora. Na etapa inicial também serão avaliadas e selecionadas produções de conteúdos brasileiros independentes, gênero ficção, que irão compor o projeto de programação a ser aplicado no Prodav 2 (Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Audiovisual Brasileiro).
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Tashatuvango/shutterstock.com
( xxxxxxxxx) Brian A Jackson/shutterstock.com
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Split A Harris Broadcast foi dividida em duas novas empresas: Imagine Communications e GatesAir. A primeira atuará junto ao mercado de mídia e entretenimento fornecendo soluções IP, software, nuvem e TV everywhere, com uma arquitetura visando a monetização de conteúdos multiscreen. Já a GatesAir assumirá o outro braço da Harris Broadcast: radiodifusão, sonora e televisiva, com foco, sobretudo, em transmissão digital.
Robert Bakish, da Viacom
Só IP
Estrelado A Viacom está lançando no Brasil o canal Paramount, com conteúdos vindos principalmente do estúdio americano, propriedade da empresa. Segundo Robert Bakish, CEO da Viacom Internacional Media Networks, e Sofia Ioannou, managing director, o canal básico terá versões HD e SD e a programação composta principalmente por filmes do acervo do estúdio e alguns lançamentos mais recentes. Um diferencial do canal, diz Bakish, é o fato da Paramount ser proprietária dos direitos de grande parte do conteúdo, o que permite logo de saída uma possibilidade de exploração desses conteúdos em plataformas não-lineares e de TV everywhere. “Isso é importante. Nossa pesquisa global mostrou que 90% das pessoas ainda veem TV linear, então ter o canal é fundamental, mas cada domicílio tem hoje de sete a oito dispositivos móveis, e 40% das pessoas assistem vídeos nesses devices também”, diz o executivo, que falou com TELA VIVA no Rio Content Market. O canal já foi lançado na Espanha, Rússia, França, Romênia e Hungria, e chega agora ao Brasil e ao restante da América Latina. O executivo reafirmou a importância do Brasil no mercado internacional. A Viacom deve produzir 500 horas de conteúdo no país em 2014. “Não por causa das cotas, mas porque nossa filosofia é sempre combinar o global com o local”, diz. Ajuda também o fato do país ter uma grande população jovem, target principal do grupo.
Núcleo novo A Maria Farinha Filmes lançou durante o RioContentMarket o núcleo Maria Farinha Familia, uma parceria com a TV Cultura e a TV Rá Tim Bum. A parceria prevê a cessão de direitos de documentários e series para TV. Ainda em 2014, a Maria Farinha Filmes lançará dois documentários, dentro do Núcleo Família. O “Tarja Branca” investiga a importância do “espirito lúdico” no universo adulto. Já a produção “Território do Brincar” abordará o ato de brincar em uma pesquisa de dois anos feita por todo o Brasil.
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A GVT começou a realizar testes para o lançamento de uma operação de TV por assinatura full IP sobre redes GPON de fibra até a casa do usuário (FTTH). “O número de instalações de IPTV puro ainda é pequeno, apenas para teste mesmo, mas a ideia é que lancemos a operação full IP ainda esse ano”, revela o vice-presidente de marketing e vendas da GVT, Daniel Neiva. O executivo explica que o full IPTV está sendo considerado apenas onde a GVT tem rede FTTH com GPON, onde a rede tem velocidades acima de 150 Mbps, como em alguns bairros de São Paulo. “Começamos com uma oferta híbrida de DTH (para canais lineares) e IPTV (conteúdos on-demand e interatividade), depois partimos para o satélite puro e agora para full IPTV. É a evolução natural da nossa estratégia”, avalia Neiva. Além disso, o IPTV está sendo usado também como um backup para eventuais falhas na distribuição dos canais lineares via satélite. “O satélite está sujeito às vezes a uma degradação ou mesmo perda de sinal por condições climáticas, como uma chuva forte. Mas na nossa TV híbrida há um backup via IP. Quando há queda de sinal, a plataforma identifica e em questão de segundos passa a entregar o Daniel Neiva, da GVT canal que o assinante estava assistindo por IP”, explica. A diversificação da estratégia de TV paga da GVT já mostra resultados concretos. De acordo com Neiva, os acessos híbridos ainda dominam a base da operadora, mas o DTH puro, sem conectividade IP, já chega perto dos 20% das conexões de TV por assinatura. De acordo com dados da Anatel relativos a janeiro deste ano, a GVT chegou a 701,5 mil acessos de TV por assinatura, um crescimento de 55,35% em relação a janeiro de 2013 (451,6 mil) e de 1.151% frente aos 56,069 mil conexões de janeiro de 2012. a b r 2 0 1 4
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Estreia policial
É o bicho A Código Solar Produções assinou acordo com o canal CineBrasilTV para a realização da série “Pantanal – Patrimônio Natural Mundial”, de 15 capítulos de 24 minutos, para exibição ainda em 2014. A equipe da produtora passou uma temporada de três meses na região, com 85% das imagens gravadas no Estado do Mato Grosso do Sul e 15% no Estado do Mato Grosso. No mesmo CineBrasilTV estreou no dia 1º/4 a série “Expedição Karajá”, também da Código Solar, com a mesma duração. A série é uma reedição do primeiro longa-metragem do cineasta Marcelo de Paula, justamente sobre os índios Karajás, habitantes da Reserva Indígena da Ilha do Bananal, no Tocantins.
Segunda tela
Foto: divulgação
de repórteres. Conforme noticiado por TELA VIVA News em janeiro, a Band aproveitará a nova temporada do “CQC” para lançar um aplicativo de conteúdo para dispositivos móveis e segunda tela. Diferente do que aconteceu em experiências anteriores com aplicativos para o programa “Quem Fica em Pé” e para a transmissão da Copa das Confederações, o novo app terá conteúdo de todos “CQC”: Band lança app para a nova temporada. os programas produzidos pelo grupo. rão avaliar a qualidade de reportagens, De acordo com Eliane votar em perfis de celebridades que Leme, diretora executiva do Portal da frequentarem o programa, retuitar fraBand, ses ditas pelos apresentadores e o app reunirá conteúdo de segunda comentar o programa por meio do tela sincronizados com a transmissão Twitter. O objetivo, explica Leme, é que da TV, vídeos sob demanda, informaesse conteúdo alimente a programação ção sobre a programação do canal e ao vivo. “Queremos gerar um diálogo. transmissão de programas ao vivo. Ele O telespectador receberá feedback da será lançado para as plataformas iOS, sua interação através do aplicativo e Android e Windows Phone. poderá interferir e participar do proO “CQC” será a primeira atração a grama. O apresentador usará as avaliater conteúdo de segunda tela, compleções feitas por meio dos dispositivos mentar e sincronizado com o programóveis para conversar com o público”, ma ao vivo, com patrocínio do disse. Windows. No aplicativo, usuários pode-
A sétima temporada do programa “CQC” traz novos quadros, apresenta mudanças em seu time de apresentadores e repórteres e estreia o aplicativo de segunda tela e conteúdo para dispositivos móveis da Band, que também trará vídeos e informações de todos os programas do grupo. O programa traz uma série de quadros novos para intensificar a cobertura das eleições e da Copa do Mundo. Entre as novidades estão “Torcedor Vip”, no qual torcedores organizados abordarão celebridades em situações engraçadas e constrangedoras, “Os Picaretas”, que denunciará truques usados por estelionatários com ajuda de uma câmera escondida, “#Sem Filtro”, onde crianças comentarão as principais notícias, vídeos e virais da semana, e “Elefante Branco”, que mostrará obras públicas que demandaram grades investimentos e encontram-se abandonadas. O programa também traz mudanças em seu elenco de apresentadores e repórteres. Dani Calabresa se junta a Marcelo Tas e Marco Luque na bancada de apresentadores, enquanto Naty Graciano substitui Monica Iozzi no time 8
Estreou este mês a primeira série policial do Multishow, “Acerto de Contas”, da Morena Filmes. Dirigida por José Joffily, criada e protagonizada por Silvio Guidane, a série foi uma das 12 contempladas do Programa de Investimento Automático Reembolsável para TV da RioFilme em 2013. A série é a quarta selecionada pelo programa a estrear. Em 2013 foram ao ar “Gaby Estrella”, no canal Gloob, e “De volta Pra Pista”, no canal GNT, e em março de 2014 estreou “Arte Brasileira”, também no GNT. Os demais projetos contemplados têm previsão de lançamento até o fim de 2014.
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Piu-piu
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tuites sobre o outro programa. Segundo o diretor geral do Twitter Brasil, Guilherme A televisão é o principal driver do Ribemboim, a empresa identifiTwitter. Foi a mensagem que a direcou quatro principais motivos ção da rede social no Brasil deixou em pelos quais as pessoas usam a seu primeiro encontro com a imprenplataforma. sa, no início de abril. Segundo pesquisa feita no As principais inovações do ano passado, 70% dos tuiteiros Twitter e seu foco na venda de publiusa a ferramenta para consumo cidade estão relacionados ao conteúde informações. Isso fez com que do de TV. Por isso, a rede vem o Twitter se aproximasse de pordesenvolvendo ferramentas para tais e agências para estimular a facilitar o uso do Twitter como postagem de notícias, e os links segunda tela, como forma de interapara estas empresas cresceram ção com o conteúdo do vídeo. 50% no ano. Uma destas ferramentas é uma Outro uso comum é o acomespécie de sala de bate-papo relacio- Guilherme Ribemboim, diretor geral do Twitter Brasil panhamento de personalidades, nada à programação de TV. Ao invés hábito de 67% dos usuários. A empresa fez um esforço de de seguir apenas os comentários de seus verificação de autenticidade e convite a personalidades para contatos, o usuário poderá entrar na “sala” de um deterpostarem mais, inclusive a própria presidenta Dilma e o jogaminado programa e acompanhar tudo o que é dito sobre dor Neymar. ele, seja pelos outros usuários, pela produção do programa O acompanhamento de eventos ao vivo é hábito de 70% ou pelos artistas. dos tuiteiros. E, finalmente, acompanhar a programação da A ferramenta também dará recomendações sobre o que TV é algo que 60% dos usuários costumam fazer. está em evidência na rede, os programas mais comentados, Em um ano de operação no Brasil, o Twitter viu sua base para que o usuário possa passar a acompanhá-los. de usuários em dispositivos móveis crescer de 40% para Outra ferramenta é uma camada interativa que rodará na 64,7%. As razões, segundo Ribemboim, são o crescimento da própria TV (nos set-top boxes das operadoras de TV paga), base de smartphones, o fortalecimento da segunda tela e as na qual o usuário pode acompanhar na tela o que está sendo parcerias feitas com Claro, TIM e Oi para oferecer acesso tuitado sobre o programa que está vendo. O sistema é sensígratuito à plataforma. vel ao contexto, e ao mudar de canal o usuário começa a ver
Ampliação
Misto quente
A TV Sorocaba, afiliada do SBT, anunciou a implantação do canal digital na cidade de São Roque (SP), município de 84 mil habitantes. A cidade é a terceira a receber o sinal digital com qualidade HD na área de cobertura da emissora, que abrange 28 municípios, totalizando cerca de 2,4 milhões de habitantes. A TV Sorocaba poderá ser vista no canal 35. O sinal digital está sendo testado pela emissora desde o começo de março, e será lançado oficialmente em evento com transmissão ao vivo no dia 16 de abril. O Sistema Vanguarda de Comunicação foi fundado pelo empresário e jornalista Salomão Pavlovsky (1924-1997), em 1957. O grupo é composto pelas Rádios Vanguarda AM e FM, e pela TV Sorocaba.
O canal GloboNews exibirá e coproduzirá documentários em parceria com a Globo Filmes e produtoras independentes. O primeiro filme lançado pela parceria é “Sobral - O homem que não tinha preço”, da diretora Paula Fiuza. O documentário resgata a memória do jurista Sobral Pinto, que desafiou a ditadura. Paula Fiuza, diretora do filme e neta de Sobral, idealizou o documentário a partir da descoberta de arquivos secretos de áudio do Superior Tribunal Militar. As gravações registram defesas de presos políticos na ditadura. A voz que mais se ouve nas gravações é a de Sobral Pinto. Em comunicado, a Globo disse que a nova janela de exibição no canal visa aproximar o público dos documentários que são realizados no país. Segundo o grupo, esses filmes têm pouca oportunidade no circuito de exibição e combinam com a programação da GloboNews. T e l a
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“Sobral”: documentário é parceria entre Globo Filmes e Globo News.
Outros documentários já fazem parte do catálogo desta parceria, entre eles “Histórias de Arcanjo - Um documentário sobre Tim Lopes”, “Setenta”, “Menino 23” e “5 Vezes Chico - o velho e sua gente”. •
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Talento na Disney
Alta definição A TV Tambaú, afiliada do SBT na Paraíba, adquiriu uma solução de última geração para integração da infraestrutura de banda básica para produção e transmissão de seus canais de televisão aberta. Com isso a emissora prevê para ainda este ano a transição completa para a alta definição (HDTV). O objetivo da plataforma é não apenas de melhorar a qualidade da transmissão, mas também de melhorar os processos de produção e exibição, aumentando a eficiência da emissora. O investimento contempla melhorias e ampliação em toda a infraestrutura de broadcast, como matriz de áudio e vídeo (Grass Valley Concerto) totalmente redundante e com sistema de controle via IP (Grass Valley Prelude), modulares para distribuição e processamento de sinais de áudio e vídeo analógicos e digitais (Grass Valley Gecko), solução completa de controle mestre (Grass Valley Maestro) com pacote de branding para grafismo e com total redundância nos dois canais, ampla solução de monitoração através de display broadcast, e sistema de multiviewer integrado com matriz para monitorar os canais de exibição. Também foi escolhido o novo sistema de intercomunicação da RTS com solução de matriz de intercomunicação para comunicação ponto-a-ponto e com dois sistemas de party-line para operação dos estúdios. Outro aspecto importante da reengenharia de infraestrutura de banda básica é a implementação de ferramentas de controle e medição (Tektronix e Orban, entres outras) e de processadores de áudio e vídeo multiformato para correção e ajuste dos sinais tanto na fase de contribuição e geração quanto na parte de exibição e transmissão. O projeto todo foi contratado em regime de turn-key com a AD Digital, responsável por toda a implantação. 10
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O Disney Channel estreia em maio a série nacional "Que Talento!". Trata-se da primeira série de ficção realizada e criada no Brasil, em coprodução com a Cinefilm. Com duas temporadas contratadas, a série já conta com os 26 episódios produzidos. O enredo se passa na Barulho Talents, uma agência de talentos instalada na garagem da casa de Champ, primo de Mayra (Mayra Arduini), a vocalista da promissora banda College 11, que também conta com o músico Bruno (Bruno Martini). Mayra e Bruno têm contrato com a Disney Records. Para permitir a exportação da série, que viajará, a princípio, para os países da América Latina, as músicas dos jovens foram graDaniel Caselli e Juliana Vonlanten (ao centro) vadas em inglês. orientam os protagonistas Mayra e Bruno Para realizar a série, a Cinelive "fechou" os estúdios da Locall, na Rua Caravelas em São Paulo. Além da agência, foram criados diversos outros cenários, como a escola onde os jovens estudam, a casa de um dos jovens, a garagem onde costumam se reunir. Para manter todos os integrantes unidos e divulgar as notícias da empresa, a Barulho Talents usa uma plataforma digital onde realiza um bate-papo ao vivo com os jovens do grupo. O canal de comunicação também divulga suas histórias, aventuras e desventuras. André Rodrigues assina o roteiro. A direção é de Juliana Vonlanten e Daniel Caselli. A série usou recursos do Fundo Setorial do Audiovisual e cumpre cota de conteúdo nacional na programação do canal.
Nova marca A Martinelli Filmes mudou de nome e de foco. A produtora de Sergio Martinelli passou a se chamar Il Vagabondo Entertainment e a prestar serviços de desenvolvimento de conteúdo para terceiros, além de gerenciar alguns “Vampirock”, um dos projetos da Il Vagabondo. projetos próprios. Segundo Martinelli, sua empresa era muito associada à animação, gênero do qual foi um dos precursores no Brasil, mas hoje atua também em outros gêneros, como séries. A Il Vagabondo atua desde o desenvolvimento e formatação de conteúdos até a inscrição e gestão dos projetos junto à Ancine e outros mecanismos. Entre os projetos em andamento estão hoje a série “X-Coração”, da gaúcha Cartunaria, para a TV Brasil, e o longa “Sapo Xulé”, coprodução da própria Il Vagabondo com a Vera Cruz.
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CC
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Conteúdo educativo
Leandro Azevedo e Bruno Daga
A Discovery Networks Brasil contratou Leandro Azevedo e Bruno Daga para os cargos de gerente de contas e executivo de contas, respectivamente. Azevedo trabalhou durante dez anos na área de mídia, com passagens pelas agências Euro RSCG, Ogilvy, NBS, Young & Rubicam e Dentsu. Daga acumula 14 anos de experiência na área de atendimento de contas, com passagem pelas agências W/Brasil, Traffic Marketing Esportivo, Salem Digital, Torke, e ID/LewLara TBWA.
Programação e criação A Discovery anunciou também a chegada de novos profissionais em suas áreas de programação e criação de conteúdos. A programadora contratou Lívia Ghelli e Eduardo Bragança para os cargos de diretora de programação e gerente sênior de criação, respectivamente. Ambos Lívia Ghelli estão baseados em São Paulo e se reportam a Monica Pimentel, vice-presidente de conteúdo da rede Discovery no Brasil. Com 13 anos de experiência em televisão, Lívia vai comandar a área de programação dos canais Discovery, Discovery Kids, Discovery Home & Health, Animal Planet, TLC e Investigação Discovery. Eduardo Bragança acumula Eduardo Bragança 14 anos de experiência em criação e chega à Discovery após dois anos como criativo sênior da Havas Worldwide.
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O Grupo de Mídia de São Paulo apresentou sua nova diretoria. Daniel Chalfon, publicitário de 39 anos, assumirá a presidência. Ele começou a carreira na McCann-Erickson, passou pela DM9DDB e pelo Zipnet. Em 2004 se tornou sócio da MPM, que em 2010 se uniu à Loducca, onde hoje é sócio e vice-presidente de mídia. Nos últimos Daniel Chalfon quatro anos esteve no comando da divisão de conhecimento do Grupo de Mídia, onde desenvolveu projetos de formação e certificação de novos profissionais.
A Viacom International Media Networks The Americas nomeou María Iregui como brand manager e vice-presidente sênior de programação e produção para a MTV Latinoamérica. Ela supervisionará o conteúdo e a estratégia criativa da marca na região. Iregui substitui Fernando Gastón, que anteriormente exercia a função de gerente de marca para a MTV Latinoamérica e o canal Tr3s e deixou a companhia por motivos María Iregui pessoais. María Badillo, vice-presidente de programação e produção para o Tr3s será responsável pela supervisão do canal hispânico nos Estados Unidos. Ambas se reportam a Sofía Ioannou, diretora geral da VIMN The Americas.
A Dinamo Filmes contratou Claudio Tolentino, que retorna à equipe de atendimento da produtora comandada por Dimitria Cardoso e da qual também fazem parte Vandréia Ribeiro e Flávia Caparelli. Ele atuará na prospecção de novos negócios e con- Claudio Tolentino dução de trabalhos internos. Tolentino já trabalhou na ÁudioBoutique e no ano passado atuou no atendimento da produtora Piloto. •
Nova direção
Liderança latina
Retorno
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José Araripe Cavalcante Junior foi nomeado diretor-geral do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb) em substituição ao cineasta Pola Ribeiro. Nascido em Ilhéus, José Araripe Júnior é cineasta, roteirista, diretor e artista plástico. Antes de assumir a direção geral do Irdeb, atuava na instituição como diretor de Programação e José Araripe Conteúdos da Televisão Educativa da Bahia. Foi gerente do Centro Técnico Audiovisual do Ministério da Cultura, gerente executivo de Conteúdo e gerente do Núcleo de Programas Especiais da TV Brasil/RJ, da EBC (Empresa Brasil de Comunicação).
Novas Mídias Daniel Zanardi assumiu o atendimento e a prospecção de novos negócios da produtora TV Profissional, com sede no Rio de Janeiro. O profissional vem da O2 Filmes, onde atuava no núcleo digital. Na TV Profissional, Zanardi será responsável pelo desenvolvimento de produtos de conteúdo e branded content para novas midias.
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Publicidade internacional
Promoção global
A BossaNovaFilms contratou Ceci Berroja Albiz para comandar as produções internacionais da área de publicidade junto ao sócio e produtor executivo Edu Tibiriçá. A profissional assume a posição com a missão de gerir as solicitações das agências e produtoras estrangeiras e ampliar a atuação dos diretores internacionais que filmam com exclusividade no Brasil pela BossaNovaFilms. A publicitá- Ceci Berroja Albiz ria argentina atua com produção audiovisual há quinze anos, e já passou pelas produtoras Peluca Films, Cuatro Cabezas, Landia e Argentina Cine.
Amora Mautner, José Luiz Villamarim e Mauro Mendonça Filho foram anunicados como diretores de núcleo da Globo. Segundo a emissora, a promoção é resultado “dos inúmeros trabalhos de sucesso realizados pelos diretores gerais”. Os três têm em suas trajetórias novelas, séries e programas, inclusive com indicações ao International Emmy Awards.
Digital A agência GhFly anunciou a contratação da publicitária Chrystina Mundt, especialista em mídia de performance. A profissional atuará com planejamento e gestão de grandes contas de varejo. Mundt tem experiência em contas de varejo b2b e b2c e chega à GhFly para desenvolver campanhas digitais para clientes de diferentes segmentos e em diversas mídias.
Satélites
Negócios em expansão
Karim Michel Sabbagh assumiu o cargo de presidente e CEO da operadora de satélites SES. A decisão de substituir Romain Bausch no comando da empresa após 19 anos foi tomada em junho do ano passado, quando Bausch informou o desejo de deixar a posição. Sabbagh já atuava na empresa como membro do conselho administrativo da SES desde 2011 e, após deixar esse cargo, atuou como “CEO designado” desde setembro. René Steichen assumiu o cargo de presidente do conselho de administração da empresa e François Tesch e Jean-Paul Zens serão os vice-presidentes. Porém, por conta dos requisitos de idade do estatuto da SES, Steichen terá de deixar a posição até o final deste ano. Quem assumirá o cargo de presidente do conselho será justamente o ex-CEO Romain Bausch.
Representação internacional
Aitor Throup
Aitor Throup entrou para o casting de diretores de cena da produtora francesa Partizan, representada no Brasil com exclusividade pela Zohar Cinema. De nacionalidade argentina, o profissional atua como fashion designer e diretor de arte e leva para os filmes publicitários sua característica de criar uma linguagem visual própria para cada projeto.
Anunciantes João Campos, vice-presidente de sorvetes e alimentos da Unilever, foi eleito como novo presidente da Associação Brasileira de Anunciantes (ABA). Em assembleia, a associação elegeu, além da presidência, outros cargos de liderança que compõem a Diretoria Nacional e Conselho Superior. Andréa Rolim, gerente geral da Yum! Brands, atuará como 1ª vice-presidente.
Aquisição e reformulação
Monitoramento e redes sociais
A AMC Networks anunciou mudanças na diretoria executiva da Chellomedia, comprada da Liberty Global. A AMC Networks completou a aquisição no mês passado. Eduardo Zulueta, diretor geral da Chello Multicanal, expande sua atuação para incluir supervisão da Chello Latin America. Seu tempo será dividido entre os escritórios da Chello Multicanal em Madrid e Chello Latin America em Miami e Buenos Aires. Alejandro Harrison, anteriormente CEO de Chello Latin America, foi nomeado Presidente de Desenvolvimento de Negócios para AMCN Chellomedia. Suas responsabilidades incluem expandir o conteúdo da AMCN Chellomedia para novos territórios e novas plataformas, além de identificar oportunidades de M&A (Fusões e Aquisições). Ele seguirá baseado em Buenos Aires.
A Ipsos Brasil contratou Flávio Ferrari para assumir o cargo de diretor da Ipsos Media CT, especializada em mídia, conteúdo e tecnologia. Graduado em engenharia de produção, atua na área de mídia e comunicação há mais de 30 anos, tendo passado por Ibope, Sevendots e Lintas. Ele se reportará para Alexandre de Saint-Léon, CEO da Ipsos Brasil. Em comunicado, Saint-Léon disse que a empresa contratou Ferrari por sua experiência com redes sociais e monitoramento de TV digital. Flávio Ferrari T e l a
O publicitário Rodrigo Nhan Silveira é o novo gerente de negócios do grupo Box Brazil, respondendo ao diretor comercial da programadora, Sidney Esposito. Com 11 anos de experiência em canais de televisão aberta e fechada (TV Gazeta e Globosat), o executivo chega com a missão de desenvolver estratégias de venda e novos negócios para os quatro canais de TV do grupo: Music Rodrigo Nhan Box Brazil, Prime Box Brazil, Travel Box Brazil e Fashion TV Brazil. O grupo, com sede em Porto Alegre, acaba de abrir suas operações em São Paulo, e mantém base de atuação no Rio de Janeiro.
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Fernando Lauterjung, de Las Vegas
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Novo padrão, de novo
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FOTOs: divulgação
s Estados Unidos foram o primeiro país a desenvolver um padrão de TV digital, em 1987. Naquele momento, fabricantes de televisores e de equipamentos profissionais, radiodifusores e governo previam que a alta definição chegaria em algum momento. A TV aberta não poderia deixar de abrigar a tecnologia, sob pena de ficar defasada em relação às plataformas concorrentes. Os debates durante a edição de 2014 do evento anual da National Association of Broadcasters, a NAB, que aconteceu no início de abril, deixaram claro que aquele cenário voltou. Desta vez, no entanto, a radiodifusão se vê diante da chegada do Ultra HDTV e espera também conquistar outras armas para disputar a atenção do espectador em um ambiente com muito mais oferta de conteúdo audiovisual. Na abertura do evento, Gordon Smith, presidente e CEO da NAB, cobrou um plano de desenvolvimento do setor por parte do governo, pediu regras menos rígidas para a TV aberta e apontou a migração para um novo padrão como fundamental para manter a relevância de TV aberta. Smith foi duro ao afirmar que o governo norte-americano trata a radiodifusão conforme lhe convém. “Por um lado, o governo pode nos tratar como se fôssemos dinossauros e faz o possível para encorajar emissoras de TV a saírem 14
editoria de arte cvg sobre fotos de Rob Wilson/ Maxx-Studio/ photowings/shutterstock.com
Nos EUA, broadcasters, fornecedores e governo começam a trabalhar em um novo padrão de TV digital, capaz de transmitir conteúdo Ultra HD e municiar a TV aberta para manter relevância na mídia online.
do negócio. Por outro lado, a FCC (órgão regulador das comunicações nos Estados Unidos) diz que nós somos tão importantes e poderosos que duas emissoras de TV não podem dividir publicidade no mesmo mercado, enquanto diversos operadores de cabo, satélite e telecom podem”, disse. O presidente da NAB se referia ao leilão de frequências em curso nos Estados Unidos para liberar
“Para seguir se adaptando e respondendo às demandas dos consumidores, a televisão deve seriamente considerar os desafios e as oportunidades de migrar para um novo padrão.” Gordon Smith, da NAB
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espectro para serviços de dados móveis, e à recente regra imposta pela FCC que proíbe a venda casada de publicidade para dois canais de televisão em uma mesma localidade. “Qual é a visão (do governo)? Muito poderosos ou irrelevantes?, completou. O chairman da FCC, Tom Wheeler, respondeu à provocação de Smith no dia seguinte. Segundo o regulador, proibir a venda casada de publicidade para mais de um canal de televisão não é defender uma opinião sobre competitividade no setor, mas uma ordem do Congresso Americano, no sentido de manter a pluralidade de opiniões e limitar a propriedade cruzada na mídia. No final da cerimônia de abertura, Smith conduziu uma entrevista com o
controlador da Univision, Haim Saban. A Univision é a maior rede de TV em espanhol dos Estados Unidos e a quinta maior rede do país, independente do idioma. O bilionário egípcio/israelense/americano também atacou a forma como o governo vê o setor de televisão nos Estados Unidos. Segundo ele, a sigla FCC (Federal Communication Commision) significa Friendly Cable Commission, ou comissão amigável ao cabo. Em relação à evolução da TV aberta, Saban foi enfático: sem um novo padrão, a radiodifusão está seriamente ameaçada de extinção. Este padrão, diz, é fundamental para que a televisão “não fique presa no século 20”, permitindo a distribuição para todos os dispositivos e plataformas.
Haim Saban, da Univision
Segundo Gordon Smith, “para seguir se adaptando e respondendo às demandas dos consumidores, a televisão deve seriamente considerar os desafios e as oportunidades de migrar para um novo padrão. Isto proporcionaria às emissoras a flexibilidade e a eficiência que elas precisam para inovar, para melhor atender aos espectadores, e competir em um mundo móvel e encontrar novas fontes de receitas”. Os desafios não são poucos. O novo padrão não será retrocompatível com a versão atual do ATSC, demandando, portanto, uma nova transição no país. No ano passado, o então chairman da FCC, Julius Genachowski, destacou no evento em Las Vegas que, desta vez, não há espectro disponível para realizar uma transição com transmissão simultânea em dois padrões, como aconteceu na transição da TV analógica para a digital. Este ano, o atual chairman da FCC não mencionou o problema de espectro em seu discurso. Wheeler disse apenas que a FCC estará pronta para o padrão quando o padrão estiver pronto e pediu para os broadcasters trabalharem em conjunto com o governo nesta transição. Ele lembrou que o ATSC 3.0 deixará um
enorme legado de equipamentos de recepção e transmissão. “Todos nós passamos por uma transição de padrão de TV. Sabemos a magnitude desta transição. Governo e setor precisam trabalhar nisto em conjunto”, completou. Inovação Na abertura do evento, Smith questionou porque a FCC não criou um plano de incentivo à radiodifusão. Segundo ele, nos últimos cinco anos, o foco do governo federal está na banda larga. “O governo investiu vários milhões de dólares e um ano do tempo e dos esforços da FCC para produzir um National Broadband Plan – um roadmap para investimento e inovação para as indústrias do cabo e wireless. Mas a FCC vem regulando o broadcast como se o mundo estivesse parado no anos 1970”, disse. “Por que não há esforços em incentivar inovação e investimentos no broadcasting para garantir que nosso negócio continue a ser líder global, ao lado das nossas indústrias de broadband?”, continuou. Ele desenhou um rascunho do que seria o plano de incentivo à radiodifusão, apontando que o setor poderia desempenhar outros papeis para a população. “Por causa da força de nossa arquitetura, e o poder de nossas ondas de rádio, estações locais
Versão brasileira
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FOTO: arquivo
ATSC 3.0 O Advanced Television Systems Committee, responsável pelo desenvolvimento do padrão de TV digital usado nos Estados Unidos, apresentou no evento em Las Vegas algumas das evoluções que a TV americana deve ter com o ATSC 3.0. O padrão está em fase inicial de desenvolvimento. No ano passado, o comitê fez um convite aberto para que se enviassem sugestões sobre a camada física do padrão. Segundo o ATSC, a nova versão, que deve ser adotada nos Estados Unidos na próxima década, permitirá transmitir conteúdo UHDTV (3840 x 2160 a 60 quadros por segundo), adotando codecs mais avançados que os em uso atualmente. Além disso, deve permitir trabalhar de forma integrada a transmissão aberta pelo ar e o envio de conteúdo pela Internet, trazendo ferramentas de interatividade e vídeo sob demanda (total, pela Internet, ou através da prégravação de conteúdos enviados pelo ar e gravados no televisor do usuário). O ATSC também estuda incluir no padrão ferramentas que permitam a medição de audiência de forma mais eficaz.
“Um novo padrão é fundamental para que a televisão não fique presa no século XX.”
Fernando Bittencourt, da Globo
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ara a Globo, eventos ao vivo são o que garantirá o futuro da radiodifusão. Em um painel promovido pela Cisco no evento, Fernando Bittencourt, diretor geral de tecnologia da emissora, admitiu que o público está, cada vez mais, assistindo conteúdo sob demanda. “Mas para a radiodifusão, eu acho que o futuro é a programação ao vivo. Não acredito que os filmes estarão no prime time em cinco ou dez anos. As pessoas assistirão isso sob demanda”, disse. Para a adoção do 4k, Bittencourt acha que a oferta de tecnologia profissional ainda não está desenvolvida para colocar uma operação em funcionamento. Segundo ele, tecnologias de IP e de TI também serão fundamentais. Ele destacou que a Globo já começa a enfrentar esse desafio, com os testes em 4k que fará na Copa do Mundo este ano. Segundo Bittencourt hoje o mercado conta com fornecedores específicos para o broadcast, e outros para TI e IP. “Nós precisamos criar um terceiro cenário, onde a combinação de TI e broadcast garantirão a confiabilidade que a radiodifusão está acostumada a ter”, disse.
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( capa ) “Todos nós passamos por uma transição de padrão de TV. Sabemos que não é trivial. Sabemos a magnitude desta transição.”
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são, muitas vezes, o único meio de comunicação disponível durante desastres naturais”, disse. Por isso, pregou a remoção de barreiras, principalmente competitivas, para a inclusão de chips FM em telefones móveis. Além disso, pediu maior atenção ao papel que a TV móvel e o sistema de alerta de emergências podem ter na preservação da segurança da população. “O National Broadcast Plan potencializaria a arquitetura de um para muitos. Este ponto é crucial, pois a banda larga móvel é falha quando se trata de vídeo”, disse. “Se os consumidores querem acesso a grandes eventos ao vivo, o broadcasting precisa ser parte da solução. E se a Comissão está preocupada com competição, ela vai estudar como o broadcasting pode ser um elemento competitivo à indústria de cabo e wireless”. Segundo Wheeler, o chairman da FCC, tal plano precisa ser ordenado e financiado pelo Congresso, da mesma forma que aconteceu com o National Broadband Plan e o plano de digitalização da TV. “Se o Congresso ordenar, garanto que executaremos bem a missão”, completou. Puxão de orelha Para a FCC, o broadcast tem, sim, um futuro promissor, mas precisa reagir ao novo cenário da mídia. Tom Wheeler diz que o mercado precisa se adaptar à nova realidade da mídia e da distribuição de conteúdo. Segundo ele, a radiodifusão tem receio de se adaptar às mudanças no mercado, buscando auxilio sempre na regulação. “As empresas de cabo não se esconderam atrás da regulação, elas se reinventaram como empresas de telecomunicações. Quando as empresas de broadcast vão se tornar empresas de mídia digital? Eu não vejo isso acontecendo”, disse a uma sala lotada de radiodifusores. “Vocês têm os dois 16
Tom Wheeler, da FCC
mais importantes bens para competir no meio digital: o conteúdo, sobretudo o conteúdo local, e a habilidade de promovê-lo”, completou. Wheeler vendeu em seu discurso as oportunidades que a Internet livre traz, inclusive aos radiodifusores. Segundo ele, muitos empresários do setor deixaram de levar seus conteúdos para os dispositivos móveis no passado, pois não achavam justo pagar às operadoras móveis. Agora, diz, podem levar seus conteúdos a qualquer dispositivo, sem a necessidade de pagar a algum operador por isso. Segundo o chairman da FCC, um terço dos americanos já afirma assistir online notícias produzidas originalmente para a TV. “Vocês têm hoje a oportunidade de alargar a competitividade entre serviços over-the-tops, oferecendo o que só vocês têm, o conteúdo local”, disse. “A Internet livre transformará as emissoras de TV locais em empresas locais de mídia digital. Nenhuma operadora de cabo terá o poder de barrar os seus conteúdos.” Outra oportunidade apontada pelo regulador é o leilão de frequências em curso nos Estados Unidos. Para ele, os grupos regionais poderão levantar capital para investir na transição para grupos de mídia digital. “O leilão consiste em uma maravilhosa oportunidade financeira. O compartilhamento de espectro permitirá que as emissoras mantenham o seu negócio, mas com mais poder de investimento. Isso permitirá manter os
Evento global O NAB Show recebeu 93,85 mil visitantes. Segundo a organização do evento, 26 mil visitantes internacionais vieram de 159 países ao evento. O NAB Show foi coberto por aproximadamente 1,5 mil jornalistas. Aproximadamente 1,6 mil brasileiros acompanharam os debates e os lançamentos da feira.
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canais no ar, inclusive manter o status de must carry”, completou. A charada do ovo A adoção em massa do 4k, ou Ultra HDTV, em qualquer plataforma, enfrenta agora o dilema do ovo e da galinha. A indústria fabricante sabe que a oferta de conteúdo é fundamental para massificar a tecnologia, mas também concorda que sem uma base mínima instalada, não há sentido criar e distribuir conteúdos em Ultra HD. “Claramente, para consumir Ultra HDTV, você começa por uma tela”, disse John Taylor, da LG. Já para o produtor e distribuidor de conteúdo, falta um bom modelo de monetização que justifique o investimento. Vale destacar, o 4k tem uma definição quatro vezes maior que a HDTV, com muito mais profundidade de cor, o que exige um investimento gigantesco em redes, pelo menos até que os encoders disponíveis no mercado tenham capacidade de condensar essa informação toda na mesma largura de banda usada pelo conteúdo em HD. Esse investimento começa nas redes internas das estruturas de produção e finalização de conteúdo, e vai até as redes de distribuição, seja Internet, cabo, satélite ou mesmo TV aberta pelo ar. “A questão é o modelo de negócios. Nós temos que ter certeza que há uma possibilidade de retorno antes de fazer o investimento”, explicou Vince Roberts, da Disney ABC TV Group. Além da oferta de equipamentos e de conteúdo, o consumidor precisa ainda ser informado sobre a nova tecnologia. Uma pesquisa da CEA (Consumer Electronics Association), aponta que 30% das pessoas que nunca assistiram conteúdo em 4k estão interessados em comprar uma TV com esta tecnologia. O número sobe para 70% quando a amostra é de pessoas que já tiveram contato com conteúdo em 4k. “As pessoas dizem que a qualidade de imagem não é tão importante e que o HD já é o suficiente, até assistirem Ultra HD”, disse Brian Marwalter, da CEA.
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RÁDIO TEXTO® TV TEXTO® STENOVOICE® MOBILOAD® AD® -AUDIODESCRIÇÃO
INICIAM AS NEGOCIAÇÕES COM OS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO E DO RIO GRANDE DO SUL PARA TREINAMENTO DE ESTENOTIPISTAS COM O SISTEMA TAC - TRANSCRIÇÃO ASSISTIDA POR COMPUTADOR. CRIADO O CTEI – CENTRO DE TREINAMENTO DE ESTENOTIPIA INFORMATIZADA DO TJSP. APRESENTAÇÃO DO TRIBUNAL DO FUTURO AO DR. MÁRIO COVAS, ENTÃO GOVERNADOR DO ESTADO DE SP, AO PRESIDENTE DO TJSP E AO ASSESSOR DA PRESIDÊNCIA. TV GLOBO CONTRATA A STENO PARA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE CLOSED CAPTION PARA O PRIMEIRO JORNAL DO PAÍS COM LEGENDA OCULTA, O JORNAL NACIONAL. A STENO DESENVOLVE A TEORIA DA ESTENOTIPIA NA LÍNGUA ESPANHOLA PARA SER UTILIZADA NA ARGENTINA, CHILE E ESTADOS UNIDOS. INICIA-SE O PROCESSO DE FORMATAÇÃO DA NORMA DA ABNT PARA A ACESSIBILIDADE. SBT APRESENTA O TELETON, PELA PRIMEIRA VEZ, COM CLOSED CAPTION. TV CULTURA E TV CÂMARA FEDERAL INICIAM TRANSMISSÃO COM CLOSED CAPTION. TV RECORD INICIA TRANSMISSÃO COM CLOSED CAPTION NO JORNAL DA RECORD. COMEÇA A SER DESENVOLVIDO O PRIMEIRO ‘ASP’ (PROVEDOR DE APLICATIVOS E SERVIÇOS) PARA TRANSCRIÇÃO DE ÁUDIOS/VÍDEOS VIA INTERNET: STENOVOICE®. SENADO FEDERAL COMEÇA A UTILIZAR A ESTENOTIPIA PARA FAZER AS TRANSCRIÇÕES DE TODAS AS COMISSÕES PERMANENTES E CPIs. STENO DESENVOLVE O PRIMEIRO RÁDIO PARA DEFICIENTES AUDITIVOS: RÁDIO TEXTO. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO MATO GROSSO DO SUL COMEÇA A UTILIZAR O STENOVOICE®, ÚNICO ‘ASP’ NA AMÉRICA LATINA E O 4º NO MUNDO. TV BANDEIRANTES: TRANSMISSÃO DO MISS BRASIL COM CLOSED CAPTION PARA TODA A COMUNIDADE. CANDIDATA DEFICIENTE AUDITIVA FICA EM SEGUNDO LUGAR. MTV, REDE TV E TV ASSEMBLEIA DO CEARÁ INICIAM SUAS TRANSMISSÕES COM CLOSED CAPTION. STENOVOICE® COMEÇA A SER TESTADO NOS EUA. CLOSED CAPTION DA COPA DO MUNDO PARA A ESPN AMERICANA (CANAL EM PORTUGUÊS). STENO FAZ O PRIMEIRO COMERCIAL COM AUDIODESCRIÇÃO PARA A NATURA NO BRASIL. TV CÂMARA FEDERAL E NBR INICIAM OS TESTES PARA TV TEXTO. MINISTÉRIO PÚBLICO DE SÃO PAULO E POLÍCIA CIENTÍFICA UTILIZAM O STENOVOICE® PARA TRANSCRIÇÃO DE ESCUTAS TELEFÔNICAS. APRESENTAÇÃO NA FEIRA DA REATECH DO SISTEMA PIONEIRO MOBI LOAD®: QUE PERMITE ACOMPANHAR O TEXTO INDIVIDUALMENTE EM QUALQUER POLTRONA DO AUDITÓRIO, EM TEMPO REAL, EM QUALQUER IDIOMA.
20 ANOS DE HISTÓRIA
E contamos pra todo mundo ver e ouvir Pioneira em Closed Caption (ao vivo) e Audiodescrição no País, a Steno do Brasil tem orgulho de trazer em sua história as marcas que o tempo não pode apagar. São 20 anos de desenvolvimento e aplicações voltados principalmente para as pessoas com deficiência, tornando-se uma empresa singular, em seu constante compromisso com a acessibilidade. Venha fazer parte desta história. E veja o mundo com outros olhos.
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2014
CLOSED CAPTION NO FÓRUM MUNDIAL DE DIREITOS HUMANOS 2013 (EM 3 LÍNGUAS) E NO SIMPÓSIO SOBRE INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO 2014, AMBOS COM LEGENDA EM TEMPO REAL.
www.steno.com.br
( televisão)
André Mermelstein*
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Gigante em deslocamento Globo sai da “zona de conforto” e busca se arriscar mais, atrás de uma audiência jovem e acostumada a diversas fontes de conteúdo.
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ovimento. Foi com essa palavra que o diretor-geral da Globo, Carlos Henrique Schroder abriu sua fala na apresentação da programação 2014 no evento vem_aí, no início de abril. Em entrevista, no dia seguinte, ele explicou um pouco mais que movimento é este, e passa pela disposição da Globo em assumir riscos maiores na produção de conteúdos, testando formatos e narrativas. “Temos incentivado um ambiente criativo mais ousado”, disse. “Hoje as novidades surgem rapidamente, de todos os lados. Temos que sempre surpreender o público, nos aproximarmos dele, abrir opções”, concluiu. Ele conta que a Globo passou de 12 produções originais no prime time no ano passado para 16 este ano (apenas novos formatos, excluídas as novelas). Entram na chamada linha de shows, o horário seguinte ao “sanduíche” novela, jornal, novela. Para que sejam acomodadas na grade, as temporadas ficaram mais curtas. Uma das inovações é nas séries com episódios semanais, como a recente “A Teia”. “O brasileiro está acostumado à trama diária (novela) ou ao semanal sem um arco de continuidade, como as sitcoms. Este formato, de séries com episódios que se encerram em si, mas também com um arco que continua pela temporada inteira, é uma novidade e 18
estamos experimentando com o público”, diz Schroder. “Já temos a fidelização diária, queremos também fidelizar por dia da semana”. Para reforçar esse movimento, a Globo criou quatro fóruns que se reúnem regularmente apenas para gerar ideias, sem funções operacionais. São fóruns de
Empresa faturou R$ 14,63 bilhões em 2013
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Globo Comunicação e Participações faturou no ano passado R$ 14,63 bilhões, conforme balanço publicado no final de março. Trata-se de um crescimento de 13,15% em relação a 2012, quando o grupo faturou R$ 12,71 bilhões. O lucro líquido consolidado, no entanto, caiu 17,76%, de R$ 2,95 bilhões, em 2012, para R$ 2,5 bilhões em 2013. O balanço aponta aumento nos custo de vendas, publicidade e serviços, saltando de R$ 6,93 bilhões em 2012, para R$ 7,75 bilhões em 2013. A queda no lucro se deve a outro fator. O resultado operacional de 2013 foi maior do que o de 2012 em 25%. No entanto, em 2013, as receitas financeiras líquidas foram menores e as despesas com imposto de renda cresceram em 34% (de R$ 937 milhões em 2012 para R$ 1,259 bilhão em 2013). Com isso, o lucro líquido caiu. A Globo Comunicação e Participações compreende as diversas empresas geridas pelo grupo, incluindo as emissoras de TV aberta, portais, TV por assinatura, jornais, rádios e revistas. O grupo não detalha o faturamento por empresa ou segmento.
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humor, séries, variedades e formatos, este último com o objetivo de desenvolver formatos originais que possam ser depois explorados. Será criado ainda um quinto fórum para debater as novelas. O objetivo destes fóruns, explica, é buscar entender o que o público quer ver e como atender a estas demandas. Os fóruns têm inclusive autonomia para encomendar pesquisas. E reúnem apenas as cabeças da área criativa da empresa, sem interferência do departamento comercial. Múltipla A Globo deve produzir cada vez mais conteúdos para outras plataformas além da TV aberta. Já está coproduzindo com a Globosat a série “Animal”, e também deve produzir este ano mais conteúdos específicos para a Internet. Eventualmente, alguns destes produtos podem chegar à grade da emissora. Schroder, garante no entanto que, embora acompanhe atentamente e até mesmo produza para as outras mídias, o foco principal da Globo é e será por muito tempo a TV aberta. “É a nossa prioridade. O resto é como você acompanha o movimento, mas (a TV aberta) ainda terá vida longa. Ela tem uma relevância absurda na vida das pessoas”, afirmou. Quanto à produção independente, o executivo diz estar aberto a qualquer situação de mercado, desde que o produto seja bom. A Globo vem trazendo nomes fortes da produção independente
“Hoje as novidades surgem rapidamente, de todos os lados. Temos que sempre surpreender o público.”
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para criar dentro de casa, como fez com João Daniel Tikhomiroff (Mixer), que dirigiu o último especial de Roberto Carlos, e fará agora com Fernando Meirelles, que dirigirá a série “Felizes para Sempre”. Como marca da mudança, a Globo apresentou no vem_aí sua nova marca, que perdeu o cinza metálico e passou a ser branca, com cores vivas e em movimento. A emissora apresentou no evento os destaques da sua programação em 2014, com as novelas “Meu Pedacinho de Chão”, “Geração Brasil” e o remake “O Rebu”. A série “A Grande Família” chega à sua última temporada. “Pé na Cova” e “Tapas e Beijos” também continuam na grade em 2014. Novidades A grade da Globo também ganhou novos programas. “SuperStar” é o novo reality musical que revelará ao público grupos musicais de todo o Brasil. Com um formato israelense (da Keshet DCP), a atração tem a participação do público, que vota em tempo real a favor de sua banda favorita por meio de um aplicativo de smartphone. O programa no entanto apresentou defeitos no aplicativo, desenvolvido pela também israelense Screenz, em suas primeiras semanas. “Tá no Ar: a TV na TV” é o novo programa de humor. Marcelo Adnet e Marcius Melhem apresentam o programa que usa a própria linguagem da TV para brincar com as situações do cotidiano. Além de assinar a redação final, a dupla compõe o elenco ao lado de Carol Portes, Danton Mello, Georgiana Goes, Luana Martau, Marcio Vito, Maurício Rizzo, Renata Gaspar e Welder Rodrigues. “O Caçador” é um drama criminal de um caçador de
Carlos Henrique Schroder, diretor geral da Globo
plataforma de relacionamento da emissora com o público por diversos canais. Emissora que mais investiu na transição para o digital desde a implantação do ISDB-T no Brasil, em 2007, a Globo diz não saber se haverá o desligamento do sinal analógico (switch-off) em alguma cidade já em 2015, prazo estipulado pelo Ministério das Comunicações para o início do processo. Perguntado por este noticiário, Schroder lembra que até a Copa a rede deverá ter 70% de cobertura no sistema digital, mas que não existe informação sobre o número de pessoas que estão efetivamente captando o sinal, nem oficial e nem levantada pela própria emissora, que não fez nenhuma pesquisa para saber o alcance deste sinal. Ele disse ainda que estão acompanhando de perto os testes de interferência dos sinais de DTV com os de celular 4G, que estão sendo feitos paralelamente pelas teles e pelas emissoras. Pelo tom da conversa, infere-se que é considerada muito baixa a possibilidade de qualquer desligamento analógico no curto prazo.
recompensas injustiçado que busca comprovar a sua inocência. O seriado é estrelado por Cauã Reymond e conta com os atores Cleo Pires, Alejandro Claveaux, Jackson Antunes, Ailton Graça e Nanda Costa, é uma criação de Marçal Aquino, Fernando Bonassi e José Alvarenga, com redação final de Marçal e Bonassi, direção de José Alvarenga e codireção de Heitor Dhalia.
Emissora diz “não saber” se haverá desligamento do sinal analógico em alguma cidade já em 2015, como previsto pelo governo. Os três programas estrearam este mês. Outra nova série é “A Segunda Dama”, prevista para estrear no dia 15 de maio. A produção é protagonizada por Heloísa Perissé, que interpreta duas irmãs gêmeas que, após anos sem saber o paradeiro uma da outra, se reencontram e trocam suas identidades. Também novas tecnologias, com aplicativos de segunda tela, começarão a aparecer na Copa do Mundo. Será criada ainda a “Conversa Globo”,
*Colaborou Fernando Lauterjung
Globo testa plataforma OTT em Minas
A
Globo vem oferecendo há alguns meses, em fase de teste, uma plataforma de vídeo on-demand por assinatura (SVOD) em Minas Gerais. O serviço globo.tv + (lê-se Globo TV Mais) foi anunciado sem muito alarde, apenas pela Internet e apenas dentro do Estado, mas a emissora planeja em breve lançá-lo nacionalmente. Segundo Carlos Henrique Schroder, a plataforma contém todo o conteúdo da programação da TV Globo, exceto os que não são de propriedade da emissora, como filmes e séries internacionais. Por uma assinatura de R$ 12,90, o usuário tem acesso via web ao catch-up (recuperação de programas perdidos) com três horas de atraso, no caso das novelas, e apenas uma hora no caso dos jornalísticos. O assinante também tem acesso ilimitado a uma biblioteca de programas mais antigos. Os programas são exibidos da mesma forma em que foram ao ar, ou seja, com todos os breaks comerciais, e o “sinal” nacional, sem participação da afiliada local.
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( política)
Helton Posseti, de Brasília
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Aperto espectral Licitação da faixa de 700 MHz retira da radiodifusão pública a reserva dos canais de 60 a 69. Emissoras alegam que não terão espaço para crescer.
Tratamento diferenciado Além de terem perdido a reserva de canais, as emissoras do campo público se queixam que as emissoras comerciais gozam de tratamento privilegiado no processo de replanejamento de canais. Pedro Ozório, presidente da Abepec (associação das emissoras públicas e culturais), argumenta que as reuniões de replanejamento aconteceram em diversas cidades diferentes e, por questões financeiras e
“Qual é o compromisso do ministro: vai deixar sem a TV Brasil em Campinas? Eu acho que não. Eu acho que ele (ministro) vai arrumar um canal para ter a TV Brasil.” Nelson Breve, da EBC
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logísticas, as emissoras públicas não puderam estar presentes em todas elas. “Foram agendadas, por exemplo, seis reuniões em quatro Estados diferentes com um intervalo de seis dias entre um encontro e outro. Essa prática impossibilita que emissoras de radiodifusão pública, educativas e universitárias consigam se agendar e viabilizar financeiramente a participação nos debates. Aquelas que não participam correm o risco de perder a concessão do canal”, afirmou o presidente da entidade em ofício encaminhado ao Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional. Patrícia nega que haja tratamento diferenciado. Ela argumenta que todos os canais existentes serão alocados do 14 ao 51, sejam eles públicos ou comerciais. “Onde não tem para o comercial também não tem para o público. As públicas pedem novos canais onde já está congestionado”, argumenta ela. A “esperança” da radiodifusão em relação a novas faixas que garantam a sua expansão onde hoje não há espaço é no chamado VHF alto – faixa que vai dos canais 7 a 13. O Minicom está realizando testes para comprovar a viabilidade da transmissão digital nessa faixa, mas já se sabe que a transmissão para os celulares (1-Seg) dificilmente será possível na faixa. Mesmo assim, de acordo com o coordenador geral do grupo de trabalho de TV Digital do Minicom, João FOTO: divulgação
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está no Minicom ter colocado no meio do 700 MHz os canais públicos. O que fica é a total falta de política pública”, afirma Gustavo Gindre, também do Intervozes. A secretária de comunicação eletrônica do Ministério das Comunicações, Patrícia Ávila, explica que neste momento não dá para dizer se haverá ou não espaço para esses canais, assim como para a expansão dos atuais canais do campo público e também privado. Segunda ela, o Minicom terá esse quadro com o fim do trabalho de replanejamento. De qualquer forma, preliminarmente o Minicom afirma que em 4 mil municípios não há problema de congestionamento de espectro. A questão é que os pedidos da radiodifusão para novos canais, seja do campo público ou não, estão concentrados no eixo Rio-São Paulo, justamente onde se encontram os municípios onde o espectro está mais congestionado.
ra inevitável a grita do setor de radiodifusão contra a licitação da faixa de 700 MHz, já que a faixa que será licitada para as operadoras de telecomunicações é justamente o espaço ocupado hoje pela TV aberta. Mas talvez o segmento que ficou mais descontente tenha sido o da radiodifusão pública. E a razão é simples. Uma portaria do Minicom de 2010 reserva os canais de 60 a 69 para esse segmento. Com a licitação da faixa e a migração de toda a radiodifusão para o bloco de 14 a 51, ficou impossível garantir a reserva de canais para a radiodifusão pública. Para as entidades que militam nesse campo o fim da reserva foi um golpe duro. “O fortalecimento do sistema público passa sim pela reserva de canais. Precisa de uma ação afirmativa para garantir a expansão do sistema público”, resume Jonas Valente, membro do coletivo Intervozes. O Minicom e a Anatel têm afirmado que todos os canais existentes hoje terão espaço no bloco de 14 a 51. O problema é que o próprio governo federal previu a criação de outros canais do campo público no decreto que criou o sistema de TV digital brasileiro e, como eles não foram implementados ainda, não se sabe se haverá espaço para todos. Esse é o caso do Canal da Cultura e do Canal da Educação, por exemplo. “A destinação (da faixa de 700 MHz para as teles) em si não chega a ser um problema, porque essa tem sido a postura de outros países. O problema
Paulo Andrade, algumas emissoras optaram por irem para o VHF alto, mesmo sem a confirmação (pelo menos do Minicom) de que a transmissão digital funciona bem na faixa. Segundo ele, essa foi a opção, por exemplo, da Globo em Minas Gerais. “Eu não tenho dúvida de que vai funcionar. E essa faixa é boa porque dá maior cobertura”, afirma ele. Política nacional A dificuldade de espectro para a radiodifusão pública seria superada se houvesse uma Política Nacional de Radiodifusão Pública. Pelo menos essa é a ideia do presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Nelson Breve. Com uma política nacional o governo daria as diretrizes para que os diversos órgãos pudessem trabalhar de forma coordenada. “É como se todos estivéssemos em um barco oval e cada um remando para um lado sem sair do lugar”, afirma ele. A política nacional também seria uma diretriz para a Anatel no trabalho de replanejamento. “Se houvesse uma política seria mais simples. Como não há, fica-se ao sabor das pressões e de quem tem mais força. Infelizmente a força de pressão de quem tem o poder econômico é maior”, afirma ele. Breve explica que pediu ao Minicom a consignação para todos os canais previstos no decreto de TV digital, ou seja, Canal da Cidadania, Canal da Educação, Canal da Cultura e Canal do Poder Executivo, que já é administrado hoje pela EBC. O ministério, entretanto, está devolvendo todos esses processos, porque o entendimento é de que o Canal da Cultura é de responsabilidade do Ministério da Cultura e o da Educação de responsabilidade do Ministério da Educação, que aliás, já está em tratativas com o Minicom para implementá-lo. “No caso da Educação e Cultura nós não somos os detentores originais da
“Onde não há espaço para o comercial também não há para o público. As públicas pedem novos canais onde já está congestionado.”
O Canal da Cidadania permite cinco faixas de programação, sendo uma para o poder público estadual, uma para o poder público municipal e as outras três para transmissões comunitárias, que deverão ser produzidas por associações locais. No caso da Bahia, Ribeiro explica que a prefeitura de Salvador ainda não mostrou interesse em utilizar o sistema e as associações locais que deverão operar as demais faixas serão selecionadas por edital do Minicom que ainda não saiu. “Eu costumo dizer que o governo não sabe fazer comunicação, só sabe fazer propaganda. O Canal da Cidadania não é um canal para fazer propaganda, e sim para os governos fazerem gestão. É um instrumento poderosíssimo de gestão”, afirma ele. De acordo com o Ministério das Comunicações, até fevereiro foram feitos 166 pedidos de canal da cidadania, sendo que 43% deles são para a região Centro-Oeste – sendo que 16 já estão em processo de designação de canal. De acordo com Patrícia Ávila, o pedido do Irdeb foi o único aprovado até agora justamente porque não vai utilizar um novo canal. Os demais pedidos deverão ser outorgados a partir de abril, quando a Anatel deve concluir o replanejamento. Com as duas faixas de programação disponíveis para serem operadas por associações locais, o Canal da Cidadania representa uma oportunidade para que as TVs comunitárias, criadas pela antiga Lei do Cabo, possam ser exibidas também na TV aberta. O que é certo é que, mais uma vez, por falta de espectro alguns municípios não terão o Canal da Cidadania.
Patrícia Ávila, do Minicom
consignação, segundo o entendimento deles”, explica. Breve afirma que há um compromisso do ministro Paulo Bernardo (Comunicações) de garantir pelo menos um canal à EBC onde há congestionamento de espectro. Em tese, é possível reduzir a potência dos outros canais existentes e outros arranjos técnicos para viabilizar um novo canal mesmo em um espectro congestionado. “Qual é o compromisso do ministro: vai deixar sem a TV Brasil em Campinas? Eu acho que não. Eu acho que ele vai arrumar um canal para ter a TV Brasil”, afirma ele. Canal da Cidadania Pelo menos um canal daqueles previstos no decreto da TV digital começa a sair do papel, o Canal da Cidadania. A primeira consignação será operada pelo Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb). Na verdade, o Minicom autorizou o Irdeb, que já opera a TV Educativa no estado, a se multiprogramar como Canal da Cidadania. De acordo com Pola Ribeiro, ex-diretor-geral do Irdeb (antes do fechamento desta edição Pola foi substituído pelo cineasta José Araripe Cavalcanti), por enquanto, a programação que está sendo veiculada é baseada no acervo da TV Educativa. A programação definitiva do canal será definida por um grupo de trabalho montado pelo Irdeb, que vai levar uma proposta à secretaria de comunicação do Estado. Segundo ele, a ideia é que o governo possa incluir o canal da cidadania no seu orçamento anual de modo a garantir a sustentabilidade do projeto. “A conceituação do canal é de responsabilidade da secretaria de comunicação, que faria conosco um contrato para gerir o canal”, explica ele.
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Desafios da acessibilidade Lei que regulamenta a oferta de legendas ocultas avança rumo às 24 horas de programação, mas emissoras regionais encontram dificuldade para atender às exigências em períodos curtos de programação local.
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Angela Waye/shutterstock.com
portaria 310 de junho de 2006 do Ministério das Comunicações, que regulamenta a quantidade de horas de programação com o recurso de legendas ocultas (closed caption) que deve ser exibida diariamente pelas emissoras, prevê um aumento gradual da utilização do recurso até chegar a 24 horas da programação das emissoras em junho de 2017. O objetivo das regras é tornar a programação da televisão aberta acessível a deficientes auditivos. Segundo dados do IBGE, o Brasil conta com cerca de 10 milhões de surdos. Além de garantir que esse público tenha acesso a informação e entretenimento, o recurso também permite que a programação seja assistida por pessoas em consultórios, restaurantes, lojas e outros ambientes onde não é possível utilizar o som. Em 2014, a partir do dia 28 de abril, a lei prevê que emissoras passem a veicular 16 horas de programação com o recurso, entre 6h e 2h. Com essa quantidade de horas, a obrigatoriedade de utilização da legenda oculta passará a atingir a programação local. Para as emissoras regionais e até mesmo para as empresas que prestam serviço de legenda oculta, esse cenário representa um desafio: é preciso montar toda uma operação, comprar equipamentos e contratar profissionais para atender períodos relativamente pequenos de programação - geralmente, alguns blocos de jornalismo local. Com
isso, entidades do mercado e afiliadas têm questionado a viabilidade da regulamentação estabelecida em 2006 com a qualidade exigida pelas normas da ABNT. Em teoria, as geradoras poderiam optar por softwares de reconhecimento de voz, contratação de empresas que prestam serviço de estenotipia ou produzir as legendas previamente, quando o material for gravado. Contudo, as normas definidas pela ABNT estabelecem uma precisão ortográfica mínima de 98% e delay máximo de 4 segundos. Entre os métodos disponíveis para prover a legenda closed caption, apenas a estenografia aproximase dos índices de qualidade exigidos. O método, no entanto, exige um estenotipista, profissional raro no país e de formação demorada. 24
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Demanda Como a programação regional geralmente jornalismo - de todas as emissoras costuma ser veiculada no mesmo horário, seria preciso um estenotipista dedicado a cada canal. “Vejo algo muito difícil hoje (atender a demanda das afiliadas). No futuro certamente serão atendidas, porque estamos formando profissionais com cursos que oferecemos. Hoje é difícil, primeiro porque as programações locais seguem a rede os horários são sempre os mesmos, ou seja, a emissora “X” tem 20 afiliadas com jornal local às 7h00. Precisaríamos de 20 estenotipistas para trabalhar nesse jornal, que geralmente não passa de meia-hora, alguns são de 15 minutos”, explica Maria Teresa Bucci, diretora operacional da STN Caption.
“Para a empresa, “Em uma emissora com 20 financeiramente seria ótimo, mas o afiliadas, precisaríamos de que fazemos com estes profissionais 20 estenotipistas para no restante do dia? Lógico que trabalhar nesse jornal, que tentamos enquadrá-los em outras geralmente não passa de emissoras, mas certamente nesse meia hora. O que fazer com horário já estamos servindo a rede o profissional no restante com outros profissionais. Daí a do dia?” dificuldade”, conclui a diretora. Maria Teresa, da STN Caption Ela explica que a formação de estenotipistas é demorada. O tecnologia e recursos, mas profissional utiliza um equipamento para os pequenos é especial para digitar e registrar o simplesmente impossível. Não áudio da TV em tempo real. Além de há como arrecadar recursos para passar num curso teórico e prático isso”, diz. que dura cerca de um ano, é preciso Para Antonik, levar em conta as que ele tenha anos de prática para diferentes realidades das emissoras atingir o nível necessário para lidar nacionais seria o passo mais importante com programação ao vivo. “O ao para que a regulamentação pudesse ser vivo é o top da profissão. Apenas cumprida. “Não é possível comparar alguns dos alunos que formamos recursos de emissoras na capital paulista atingem esse nível”, explica. e emissoras no Acre. Ao estabelecer as Atualmente, diz ela, a empresa normas de quantidade e qualidade, seria forma cerca de 20 profissionais por preciso considerar o tamanho da ano. “A demanda é tanta que garantimos a contratação de todos nossos alunos”, diz. Na avaliação do diretor-geral da Abert, Luis Roberto Antonik, não será possível cumprir as normas estabelecidas pela portaria com a qualidade demandada pela ABNT. emissora e a economia da região”. Além “Não tem como cumprir aquilo disso, ele defende uma revisão nos estabelecido em 2006. Do jeito que índices de qualidade, delay máximo e está, é impraticável. São parâmetros quantidade de horas com closed caption estabelecidos de forma exigidas. “É preciso ter índices irresponsável. Nenhum outro lugar comparáveis ao de outros países onde o no mundo prevê a utilização do recurso é exigido. Também é preciso recurso em 24 horas de rever a questão da carga horária diária. programação e nem regras tão Não é possível oferecer em 24 horas da rígidas de qualidade”, avalia. “As programação”, conclui. transmissões de conteúdo regional, Ele compara a legislação brasileira geralmente jornalismo, ocorrem com a de outros países. Nos quase que simultaneamente. E é EUA, por exemplo, o governo preciso que seja digitado subsidia o serviço. Na (estenotipia). Os índices atingidos Espanha, o atraso permitido é com reconhecimento de voz ficam de 8 segundos. “No Canadá muito abaixo do que é exigido”, temos um bom exemplo. Para explica o diretor. As emissoras pequenas “Não tem como cumprir. São serão as mais afetadas pelo parâmetros estabelecidos de forma avanço da regulamentação, irresponsável. Nenhum outro lugar no diz ele. “As grandes estão mundo prevê a utilização do recurso em situação mais em 24 horas de programação.” confortável em relação a Luis Roberto Antonik, da Abert
FOTO: divulgação
a transmissão em inglês tolera atraso de até 6 segundos e exige taxa de 95% de acerto nos programas ao vivo. Para a língua francesa, as regras indicam tolerância de até 5 segundos para a sincronia da legenda oculta e taxa de 85% de acerto nos programas ao vivo. Isso porque a língua francesa, assim como a portuguesa, é mais complexa”. Qualidade Já para Wagner Médici, presidente da Steno do Brasil, a qualidade é essencial na entrega da legenda oculta. Ele acredita, no entanto, que será preciso mais tempo para as empresas locais se adaptarem à lei. “Deveríamos levar uma proposta para o Ministério das Comunicações solicitando um prazo maior para as empresas se adequarem, para que elas tenham tempo de atender novas demandas com qualidade, especialmente no que diz respeito às emissoras regionais. Legenda sem qualidade perde sua finalidade”, diz. “Deveríamos ter discutido este assunto há oito anos. Não faltaram tentativas da nossa parte em busca de profissionalização para prestação de serviços junto às emissoras. Desde que começamos a trabalhar com esta tecnologia, há 20 anos, tentamos oferecer treinamentos gratuitos através do Senac, Sebrae, Etecs, colégios, faculdades, órgãos governamentais, como Ministério da Educação, e várias associações. Tudo sem sucesso. Agora temos que correr atrás do tempo perdido, mas para isso precisa haver um entendimento entre todas as partes envolvidas: Abert, Ministério das Comunicações e prestadores de serviços”, conclui o executivo.
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Para a abert, as emissoras pequenas serão prejudicadas pela regulamentação.
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as emissoras regionais se preparam para começar a oferecer legenda oculta no dia 28 de abril.
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estaduais. O que vai acontecer agora é que precisaremos gerar o CC também em alguns programas do interior de maneira a atender as 16 horas. Para isso, precisaremos produzir com closed caption nas locais de Joinville e Blumenau, que têm mais tempo de programação local”, diz. Já para atender à lei em outras regiões, conforme a regulamentação avança rumo às 24 horas de programação com legenda oculta em 2017, o grupo também está testando software de reconhecimento de voz. “A verdade é que nenhum, no momento, ofereceu a qualidade que julgamos necessária. Existem muito poucos em português e a legislação atual no Brasil é rígida, exigindo 98% de qualidade”. Uma opção para melhorar os níveis de acerto do recurso de reconhecimento de voz é adotar um locutor padrão para repetir o que os apresentadores falam e contar com um corretor manual. “Ainda assim não é perfeito, e demanda investimentos altos. Pelo menos dois turnos de profissionais, fora a infraestrutura”, diz. Fini diz que é do interesse do grupo atender ao público que demanda o recurso do closed caption. Ele ressalta, no entanto, que a legislação atual contempla exigências apenas para o serviço de TV aberta. Na opinião do executivo, isso não faz sentido em um mundo com ofertas de mídia cada vez mais diversas. “Vivemos em um mundo com muita oferta de mídia presente em nossas casas, e essa legislação contempla muito mais a TV aberta que todos os outros tipos de mídia. Entendemos a necessidade de atender o público, e isso é de nosso interesse. Mas é preciso haver harmonização para não criar desigualdades competitivas com outros serviços”, conclui. FOTOs: divulgação
Como solução para “Deveríamos levar uma proposta para o lidar com os custos Minicom solicitando um prazo maior envolvidos na prestação para as empresas se adequarem, do serviço, ele sugere a especialmente no que diz respeito às oferta de publicidade no emissoras regionais. Legenda sem closed caption. “Em qualidade perde sua finalidade.” outros países, como Wagner Médici, da Steno do Brasil Estados Unidos, essa é uma opção. Há um público enorme que só tem acesso à programação de qualidade exigidos diluindo com esse recurso, há espaço as falhas do recurso de para explorar isso para obter reconhecimento de voz no total receita”, argumenta. da programação, cuja maior parte vem da cabeça de rede. Correndo atrás “Hoje temos só o que o SBT manda Enquanto reguladores, para a gente. O serviço de estenotipia associações e fornecedores discutem mostrou um custo muito elevado, fora da a viabilidade da norma, as emissoras nossa realidade. Estamos testando um regionais se preparam para começar novo software que nos foi apresentado na a oferecer legenda oculta no dia 28 NAB e teremos que colocar na ponta do de abril, como previsto pela lei. Sem lápis se, junto com a programação da estenotipistas disponíveis para todas, elas precisam combinar outras técnicas com a programação oferecida pela cabeça de rede, que geralmente conta com o serviço de estenotipia, com a utilização de outros recursos, ainda que esses não atinjam os níveis de qualidade exigidos pela ABNT. cabeça de rede, conseguimos atender a “Provisoriamente, porque creio norma. É um teste que teremos que que daqui a alguns anos estejamos fazer”, diz o profissional. atendendo, podem tentar atender se Já a RBS TV, afiliada da Globo no Sul, aproveitando do teleprompter e do que atua nos estados de Rio Grande do recurso de reconhecimento de voz, Sul e Santa Catarina com 18 emissoras para os jornais e programas ao vivo, locais, optará por utilizar a estenotipia e o off line para os gravados. Não nas regionais com maior quantidade de me vem outra alternativa”, diz programação local, e que serão incluídas Teresa, da STN Caption. nas normas a partir do dia 28. Segundo Alan Ferreira Carvalho, Contudo, conforme a regulamentação coordenador técnico da TV Alterosa, avança para as 24 horas de programação, filial do SBT em Minas Gerais com Carlos Fini, diretor de tecnologia do emissoras em Belo grupo, admite a necessidade Horizonte, Divinópolis, de procurar outras soluções. Juiz de Fora e Varginha, “Até essa virada (em 28 de o grupo encontra abril) já produzíamos com dificuldades para atender closed caption para os sinais à lei. Com o serviço de estenotipia descartado devido ao seu custo “Precisaremos gerar o elevado, o grupo aposta CC também em alguns em novos softwares de programas do interior de voz. Na interpretação do maneira a atender as grupo, será possível 16 horas.” chegar próximo aos 98% Carlos Fini, da RBS
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Novo no pedaço
Unotel lança seu serviço de TV paga Ion, baseado em DTH e com programação e marca única nacionais, para ser distribuído por provedores de Internet. provedores que o adotarem. “Mas o operador poderá oferecer combos junto com Internet e telefonia. Isso dará espaço para ele fazer suas próprias combinações, reduzindo sua margem de lucro em um dos serviços”, disse Peciauskas. O provedor poderá utilizar sua rede de Internet para entregar serviços de VOD (vídeo on-demand) no modelo overthe-top (OTT), complementando o sinal linear enviado pelo DTH. Outra opção é investir na construção de um headend próprio para retransmitir o sinal do satélite. Nesse caso, o provedor tem a possibilidade de adicionar conteúdo regional a sua grade de programação e explorar a publicidade local. Programação Ainda em fase de negociação com as maiores programadoras, a Unotel quer utilizar a quantidade de canais HD em seus pacotes de programação como diferencial competitivo. “Em junho, quando lançarmos o serviço, pretendemos ser a opção com mais canais HD tanto no pacote de entrada quanto no pacote final”, disse Peciauskas. A empresa apresentou opções de pacotes que variam do mini básico com 27 canais pagos, dos quais dez são HD, pelo preço sugerido de R$ 69,90, até o pacote premium com 160 canais pagos, com 50 deles em HD, pelo preço sugerido de R$ 249,90. Os canais abertos não serão transmitidos via DTH. O set-top box utilizado pela
“O operador poderá oferecer combos junto com Internet e telefonia. Isso dará espaço para ele fazer suas próprias combinações, reduzindo sua margem de lucro em um dos serviços .” Alessandro Peciauskas, da Unotel
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empresa contará com receptor terrestre digital para exibir a programação aberta. Em cidades onde o sinal ainda é analógico, o cliente precisará sintonizá-los com uma antena própria. Em seu lançamento, o produto não trará conteúdo on-demand. De acordo com o presidente da Unotel, Ornaldo Ferreira Neto, a empresa planeja uma plataforma VOD no futuro. “Precisamos ganhar escala em número de assinantes para negociarmos esse conteúdo”, disse. Fornecedores A Unotel contratou os serviços de transmissão por satélite da Media Networks, e set-top boxes da Kaon, com recepção para sinal viasatélite e IP. O middleware será o Open TV 5, da Nagra. A caixa desenvolvida pela Kaon para a Unotel traz duas conexões satelitais, duas conexões terrestre ISDB-T e uma interface IP, que será responsável pelo acesso da caixa à Internet Além disso, o equipamento poderá gravar até quatro canais simultâneos – dois do sinal digital terrestre e dois via satélite. Com a compra e instalação de HDs, o cliente poderá armazenar o conteúdo gravado. Futuramente, os operadores que contarem com o serviço poderão oferecer serviços OTT e VOD via IP. As caixas serão produzidas em Manaus, e a Unotel contará com cinco centros de distribuição no País para entregar o produto para seus clientes. FOTO: divulgação
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Unotel apresentou em março seu serviço de TV por assinatura destinado a provedores de Internet (ISPs). Chamado Ion, o serviço entrará em atividade em junho, e será comercializado por cerca de 150 ISPs que já assinaram contrato com a Unotel em mais de 20 estados. De acordo com o presidente da empresa, Orlando Ferreira Neto, foram investidos R$ 60 milhões. A empresa espera contar com 450 ISPs comercializando o serviço até dezembro deste ano, e atingir uma base de 300 mil assinantes nos próximos 12 meses. Apesar de começar a ser vendido em junho, o Ion começará a ser divulgado com campanhas nacionais apenas em agosto. O serviço de TV por assinatura da Unotel será distribuído via DTH em todo o território brasileiro, e poderá ser comercializado por até três provedores diferentes em cada região. “Algumas regiões terão apenas um provedor, e outras podem ter até três. Depende do tamanho da população do local”, explicou Alessandro Peciauskas, diretor de programação e produtos da empresa. De acordo com ele, a Unotel atua negociando programação e infraestrutura que será utilizada pelos provedores. “Com isso, oferecemos ganhos de escala, que significa poder de negociação, principalmente com os programadores”. Além de contar com uma marca única em todo o País, o serviço também oferecerá a mesma programação, uma campanha institucional única e preços dos pacotes iguais para todos os
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cobertura
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Samuel Possebon, de Amsterdã
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Mundos iguais Mercado de TV por assinatura da Europa guarda muitas semelhanças com o brasileiro, e as preocupações com o futuro da indústria são as mesmas.
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mercado de TV paga na Europa guarda similaridades com o brasileiro. Primeiro, porque concorre com radiodifusores muito fortes, ainda que na Europa a maior parte dessas emissoras sejam estatais. Outra característica é a forte presença das operadoras de DTH, que cobrem a maior parte da população. Uma terceira característica é a predominância das incumbents de telecomunicações nas redes de acesso. Mas as semelhanças param por aí. Na Europa, sobretudo no leste europeu, ainda é a quantidade de pequenas e médias operadoras que não se consolidaram. No caso da Polônia, são quase 700 empresas. Segundo a Cable Europe, associação que representa os operadores no continente, operam mais de 6 mil empresas de TV a cabo e DTH. Há uma pergunta comum aos operadores de TV do mundo: o que será do mercado com o crescimento da banda larga e dos serviços de vídeo OTT? É a discussão de fundo no Brasil, EUA, Europa, Ásia... TELA VIVA acompanhou, em março, o Cable Congress, principal congresso de operadoras europeias, realizado em Amsterdã, e colheu algumas impressões dos operadores. O receio de que os modelos tradicionais sejam alterados é grande. Hoje a TV por assinatura tem um modelo sólido e rentável, em que provedores de conteúdos distribuem seus canais aos assinantes por meio das operadoras. Mas a banda larga permitiu o corte desse intermediário e a inclusão de um novo
O futuro da TV paga com o crescimento do OTT é a discussão de fundo no Brasil, EUA, Europa e Ásia.
intermediário, que não precisa investir em rede, atendimento, instalação e por isso cobra mais barato. Netflix e similares são a sombra das operadoras tradicionais. Risco conceitual Mas é preciso colocar essa ameaça na correta perspectiva: a indústria de TV paga é muito maior e gera muito mais receitas do que os provedores OTT. Por exemplo: o mercado de provedores OTT de vídeo nos EUA era de US$ 5 bilhões em receitas em 2012. Já o mercado de provedores tradicionais é muito maior, da ordem de US$ 94 bilhões. Em 2017, segundo as projeções da consultoria IHS, os provedores OTT de vídeo terão US$ 9 bilhões em receitas, contra cerca de US$ 105 bilhões dos tradicionais. "É uma diferença substancial. Se o mercado de distribuição fosse substituído do modelo atual pelo OTT imediatamente, a indústria de conteúdo entraria em colapso", diz Guy Bisson, diretor de TV da IHS. Para Bruce Tuchman, presidente dos canais AMC/Sundance Global, o problema 28
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da Netflix e outros modelos OTT não é o risco, mas é criar a ilusão de que é possível pagar pouco por bons conteúdos. "O modelo de conteúdos premium por um preço baixo é irreal. O risco é educarmos as pessoas para uma realidade que não é sustentável." Um novo desafio que tem preocupado os provedores de banda larga europeus é o crescente volume de streamings de vídeo ao vivo que estão surgindo. O sinal de alerta surgiu nos últimos anos com o crescimento exponencial do tráfego gerado por sites como o Twitch (que transmite partidas de videogame ao vivo) e Tweetcast (para transmissões ao vivo via Twitter). A pressão decorre do fato de que, além de uma grande quantidade de usuários assistindo aos vídeos, o que gera demanda de tráfego no downstream, existe um volume grande de usuários transmitindo conteúdos, o que gera uma grande pressão no upstream. Esse tráfego é diferente do
compartilhamento de vídeos e fotos em redes sociais ou no YouTube, pois são fluxos de dados mais longos e permanentes. Segundo Dan Sahar, cofundador e diretor de TV da Qwilt, empresa que desenvolve plataformas para transmissões ao vivo pela Internet, esse tipo de tráfego será responsável por fazer com que o volume de vídeo no total de tráfego pela Internet passe de 70% hoje para mais de 90% nos próximos dois anos. “O que o Twitch fez com a Internet nos últimos meses é tão relevante quanto o que o YouTube ou Netflix fizeram. O volume de pessoas transmitindo conteúdos ao vivo por longos períodos cresce de forma assustadora”, disse ele. O Twitch já gera mais tráfego de vídeo do que serviços como Amazon, Hulu ou Facebook. Netflix, YouTube e Apple, que geram tráfego de downstream, ainda são os ofensores da rede. Conta dividida Mas se no passado operadores de telecomunicações e cabo estavam sozinhos no discurso de que precisariam, em algum momento, passar a cobrar dos provedores de conteúdos para poder viabilizar os investimentos na infraestrutura que daria suporte ao crescente tráfego de banda larga, tudo indica que agora esse começa a ser um movimento de duas mãos. Para grandes provedores de conteúdo, como Netflix, Amazon, YouTube e outros, assegurar uma boa qualidade de distribuição se trona essencial para o sucesso de seus negócios. Um exemplo é o acordo que a Virgin Media, operadora de cabo do Reino Unido, fez com a Netflix. Segundo informou Tom Mockridge, CEO da operadora, tratase de um acordo de revenue share com a Netflix, em que as duas partes ganham. Mockridge é categórico: "sem banda larga não tem aplicativo", disse ele. "O consumidor
“O mercado de conteúdos OTT está se tornando cada vez mais competitivo, e os próprios provedores de conteúdo estão demandando mais qualidade das redes.” Guy Bisson, da IHS
que está pagando para ter uma melhor banda espera ter um serviço melhor, e isso não tem nada a ver com a neutralidade, que é manter a rede aberta", disse ele. Guy Bisson, diretor de TV da consultoria IHS, também fez uma avaliação interessante. “O mercado de conteúdos OTT está se tornando cada vez mais competitivo, e os próprios provedores de conteúdo estão demandando mais qualidade das redes”. A Virgin Media não tem medo de abrir suas redes a outros provedores OTT. Hoje, apenas Netflix e YouTube estão em seus settops TiVo, mas há planos de colocar outros conteúdos. "O nosso cliente quer, não vejo razão para não fazer", diz Mockridge. Na análise da Virgin Media, não existe risco de canibalização porque assim como operadores de cabo enfrentam pressões de custo de programação, os provedores OTT também sentirão essa pressão. "Tenho certeza que nenhum detentor de conteúdo vai dar de graça um conteúdo que tem grande demanda”, diz. Sem regulação Nos últimos anos, tem sido um discurso comum aos operadores de TV paga pedirem mais regulação e condições regulatórias menos assimétricas de competição com os operadores OTT. Mas os operadores de cabo europeus adotaram um discurso diferente. Eles não querem nenhum tipo de controle ou intervenção governamental nesse mercado. “Achamos que quanto menos
“Os serviços precisarão cada vez mais de acordos para instalar CDNs (Content Delivery Networks), deep caching, conexões seguras. Uma regulação leve facilita serviços e modelos inovadores.” Manuel Kohnstamm, da Cable Europe
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regular, melhor”, disse Manuel Kohnstamm, presidente da Cable Europe e VP regulatório da Liberty Global Europe, a maior operadora do continente. Ele explica que o crescimento do mercado OTT parte de uma demanda real dos consumidores e que não adianta lutar contra isso. “Existe uma oportunidade. Os serviços precisarão cada vez mais de acordos para instalar CDNs (Content Delivery Networks), deep caching, conexões seguras. Uma regulação leve facilita serviços e modelos inovadores”, diz. É mais ou menos o que a Comcast, maior operadora de cabo dos EUA, fez recentemente com a Netflix. "Não sabemos detalhes do acordo, mas posso assegurar de que não é algo inédito, a não ser pelo tamanho das duas. Empresas de TV paga, banda larga, telcos, todos estão o tempo todo fazendo acordos semelhantes com provedores de conteúdos OTT", admitiu Kohnstamm. Ele diz que nos últimos anos houve poucos casos de conflitos ou abusos que exigissem intervenção regulatória. "Mais de 95% dos acordos de peering (troca de tráfego) funcionam sem o menor problema com esses provedores OTT, e os casos de serviços bloqueados são raros. Não é interesse de nenhum operador de bloquear serviços", disse. A Cable Europe tem se destacado nas negociações com reguladores europeus sobre a neutralidade e regulação da Internet. O argumento do cabo é no sentido de deixar o mercado livre para que a competição tenha espaço para prosperar. "Hoje 75% das conexões de banda larga de nova geração (acima de 30 Mbps) são viabilizadas por redes de TV a cabo na Europa. Queremos o crescimento de uma infraestrutura alternativa e competitiva, e estamos forçando as incumbents a se mexer para oferecer os mesmos serviços", diz ele.
( making of )
Lizandra de Almeida
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Avatares da Seleção
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omo reunir jogadores da Seleção Brasileira, o técnico Luiz Felipe Scolari, Pelé e clientes da empresa para gravar um filme às vésperas da Copa do Mundo? Só a computação gráfica salva! Na nova campanha da Vivo, patrocinadora da Seleção Brasileira de Futebol desde 2005, clientes entram no mundo virtual para participar da intimidade dos jogadores e do técnico. Todos se tornam avatares e protagonizam várias cenas bem humoradas. A produção começou com a pesquisa dos clientes. “Tínhamos que encontrar clientes da Vivo que estivessem dispostos a participar e nunca tivessem feito nada parecido com um comercial. Não podiam ser atores”, explica Nando Cohen, um dos diretores. Essas pessoas foram filmadas para as cenas iniciais do filme e depois, junto com os jogadores David Luiz, Bernard e Hulk, e com o técnico Felipão e Pelé, viraram animações 3D. Na Vetor Zero/Lobo, o software base de computação gráfica é o Maya e também o Houdini. Mas muitas vezes a própria equipe de programação da produtora desenvolve softwares e plug-ins para resolver os problemas que aparecem. “Nem sempre o software de prateleira tem o recurso que precisamos para uma solução específica. Hoje temos muitas ferramentas proprietárias, como é o caso do sistema que simula multidão, por exemplo. Nesse filme, usamos para construir a plateia do estádio”, explica Mateus de Paula Santos, também diretor do filme. A equipe também desenvolveu um software para animar o esqueleto dos personagens, a estrutura que está por trás do acabamento em 3D. A produtora já trabalha com a
Vivo há alguns anos e aos poucos vai aperfeiçoando os personagens. “Há alguns anos, fizemos um filme com personagens em 3D para mostrar a fusão de Vivo e Telefônica. Desde então, os personagens estão mais fiéis, mais realistas, mais ricos em detalhes”, diz Nando Cohen. Segundo os diretores, a senhora que chuta um pênalti e com a bola vai seu chinelo é a que ficou mais parecida com a cliente real. As animações foram aprovadas pelas pessoas, assim como as cenas, que os colocam em situações engraçadas. Os cachinhos de David Luiz, por exemplo, são alisados. Hulk, todo fortão, carrega um ônibus. Bernard é mais baixinho. E o técnico Felipão está sempre sendo provocado. A produção consumiu três meses, com a participação de mais de 40 profissionais só para a computação gráfica. A trilha sonora foi composta pela banda carioca Monobloco. A campanha continua nas redes sociais, com várias ações digitais na plataforma www.euvivoesporte.com.br. Lá, os torcedores podem criar seus próprios avatares, com a primeira interface visual 3D e navegação baseada em games, integrada ao Facebook. 30
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Clientes da Vivo se tornam avatares e protagonizam cenas bem humoradas.
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ficha técnica Agência DM9DDB Cliente Telefônica Brasil S.A. Direção de criação Marco Versolato Direção de arte Marcos Mattos Redação Felipe Gall Produção Vetor Zero/Lobo Direção Mateus de Paula Santos, Nando Cohen e Fernando Sanches Fotografia JR Junior Direção de CG Fábio Shigemura Produção executiva Alberto Lopes e Sergio Salles Montagem Simone Piccolo Finalização Equipe Vetor Zero/Lobo Trilha Sonora Zeeg2 Voz e percussão Monobloco
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m filme da internet, para a internet – é o que resume a ação criada pela Propeg da Bahia para incentivar a doação de órgãos e apoiar o trabalho da ATX - Associação de Pacientes Transplantados da Bahia. A intenção é informar e ampliar a quantidade de doadores de órgãos, já que atualmente cerca de 4 mil pessoas aguardam um transplante no Estado da Bahia. Uma sequência de cenas chocantes e reais de acidentes aparentemente muito graves – mas dos quais as vítimas parecem ter saído ilesas – chamam a atenção para o conceito da campanha, “Dê uma segunda chance”. Assim como as pessoas que escaparam por um triz e parecem ter “nascido de novo”, a doação de órgãos também pode ser uma segunda chance para todas essas pessoas na fila dos transplantes. Segundo a diretora de criação Ana Luísa Almeida, a ideia era criar um filme totalmente voltado para a internet. “Então fomos procurar no próprio ambiente da web imagens que pudessem retratar o conceito da campanha, de que ‘todo mundo pode ter uma segunda chance’”, explica. “Percebemos que vídeos com imagens de pessoas que
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Por um triz
Cenas chocantes e reais de acidentes chamam atenção para a doação de órgãos.
sobreviviam a acidentes já faziam bastante sucesso na net. E essas imagens caíam como uma luva para o nosso conceito.” A equipe da agência pesquisou as melhores imagens em sites nacionais e estrangeiros, em geral feitas por câmeras de segurança ou flagrantes registrados por pessoas comuns. “O critério foi escolher as mais impressionantes”, diz Ana Luisa. De forma bem crua, as imagens praticamente não passaram por nenhum tratamento e realmente mostram acidentes muito impactantes. A trilha sonora foi criada
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especificamente para o comercial, que é exibido pelo canal da ATX no YouTube. ficha técnica Agência Cliente Direção de criação Criação Atendimento Produtora Trilha
Propeg ATX - Associação de Pacientes Transplantados da Bahia Ana Luisa Almeida e Fabiano Ribeiro Ana Luisa Almeida, Fabiano Ribeiro, Lenilson Lima Michele Estevez e Vitor Barros Nove 90 Ritmika
(artigo ) Sabrina Nudeliman Wagon*
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De importador para exportador de conteúdos
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área de pesquisa e desenvolvimento de uma indústria farmacêutica acredita que um novo produto para varíola mudará o mundo. Milhões são investidos e finalmente chega-se à formula de um produto inovador e criativo. Chegou o momento de envolver a produção! De um dia para o outro, máquinas são adquiridas, funcionários contratados e a produção das cápsulas se inicia. Milhões de cápsulas são fabricadas, embaladas em diversos idiomas e uma verba é alocada em publicidade. O processo todo leva de dez a vinte anos. Com o produto pronto, é feita a apresentação ao diretor de vendas, que desconhecia o projeto. Está tudo pronto para a comercialização. Todos estão ansiosos para ouvir como serão as vendas na Ásia. “Caros colegas”, diz o diretor de vendas, “a varíola foi erradicada no mundo todo há mais de 30 anos de acordo com a Organização Mundial da Saúde”. Momento Como disposto pelo BNDES, o Brasil, mercado consumidor de entretenimento em crescimento, deveria passar de sétimo mercado importador de audiovisual no mundo para sétimo mercado exportador. O objetivo está expresso no plano de diretrizes e metas da Ancine e no Procult, que enfatiza ampliar a competitividade do conteúdo brasileiro no País e no exterior. Exportamos novelas produzidas pelos canais abertos. Para que haja incremento da entrada de divisas, devemos contar com a produção independente. O momento é propício para a mudança de paradigma. Esta é a situação atual: - Aumento do volume e diversidade de mecanismos de financiamento e
* Cofundadora e CEO da Elo Company, distribuidora e agência de vendas brasileira. 32
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investimento (incluindo automáticos). - Crescimento da demanda interna com entrada da classe C no mercado consumidor. - Aumento de canais de distribuição: vídeo on-demand, novas tecnologias de oferta de conteúdo em meios de transporte e cinema digital. - Mudança significativa do cenário da TV por assinatura no Brasil com entrada das telcos, novos canais e cota de conteúdo nacional (com a promessa de equilibrar as forças do mercado e reduzir a participação de grupos de mídia verticalizados). - Interesse internacional pelo Brasil, não somente pelos eventos esportivos, mas por sua posição econômica e relevância no cenário político internacional. - Demanda internacional por aquisição de conteúdo devido à crise econômica em diversos territórios, reforçando a aquisição em detrimento da produção (mais cara). O momento é favorável e os órgãos competentes entendem ser a exportação uma questão de extrema importância. Vale ressaltar iniciativas que gerarão ótimos resultados: - Procult para coproduções internacionais de animação. - Editais de fomento a obras de coprodução. - Apoio a iniciativas exportadoras como Cinema do Brasil e ABPI-TV. - Apoio de custo de logística para ida a mercados internacionais. Utilizando a metodologia de “benchmark” (ou comparação com melhores práticas) e desconsiderando o mercado americano (neste caso um outlier), para sermos o sétimo pais exportador precisaríamos ter: - Uma massa de Canadá, no que
se refere a produção infantil. - Uma pitada de França para longas-metragens de ficção. - Um recheio de Israel no que se refere a formatos e remake. - E, quem sabe, uma calda de documentários ingleses. Essa seria minha receita! Vale ainda ressaltar que temos uma população de mais de três vezes a França e aproximadamente 30 vezes Israel. Contamos com uma demanda interna muito superior e possibilidade de amortização de custos de produção no mercado local e lucratividade ainda maior por meio de vendas internacionais. Não cabe aqui uma análise detalhada de forças competitivas dos diversos segmentos do audiovisual e das políticas públicas dos países considerados. Destaco apenas algo que conheço - a figura do agente de vendas na exportação de conteúdo. O agente de vendas no mercado internacional é o maior responsável pelo ROI (retorno sob investimento) de qualquer produção. Para diferenciação, o distribuidor é o responsável pela janela de cinema, em especial em um território único (pode atuar nas vendas para outras mídias em seu território visando reduzir o risco advindo do investimento em cópia e marketing/ promoção do filme). Um mercado sem agentes de vendas envolvidos desde o início do processo resulta em aberrações, como o exemplo fictício sobre a indústria farmacêutica. O agente de vendas em mercados maduros é envolvido desde o início do processo e responsável por: - Estruturação do financiamento do projeto. - Acompanhamento da produção, orçamento, roteiro e talentos. - Análise de ROI do produto no mercado global. - Marketing no mercado (B2B) e vendas. - Decisão de termos de cada venda e operacional. - Desdobramentos e parcerias.
vendas/exportação. Outras sugestões são: - Financiamento de produções voltadas para TV (séries, formatos e documentários) via agente de vendas, que analisaria o ROI internacional (com a produtora e similar ao Prodecine 02). - Mecanismos automáticos para coprodução internacional. - Estruturação de gap finance via agente de vendas ou de adiantamento de produção. - Prêmio adicional de renda e de qualidade para exportação. - Linhas de financiamento de dublagem / legendagem. Finalmente, reitero que mecanismos de financiamento que não envolvem rentabilidade e que têm como critério a experimentação artística devem ser mantidos, assim como em indústrias mais maduras. Considerei apenas a premissa de melhoria de exportações nacionais – critério exclusivamente relacionado à performance comercial, mas que não descarta a experimentação artística. Por exemplo, o longa de animação de Alê Abreu “Menino e o Mundo”, com trilha premiada e falado numa língua inventada, tem feito uma boa carreira de exportação. Ainda em fase de festivais e com diversas premiações, a Elo comercializou o filme para distribuição em cinema e outras mídias em territórios como EUA/Canadá (exibição em cinema no EUA), Dinamarca, Franca/Bélgica, além de negociações avançadas com mais quatro territórios europeus (para distribuição em cinema). Temos tudo para galgar a sétima posição no ranking de exportação, muito foi realizado e gerará resultados. A dica é a análise de políticas públicas dos países que lideram a lista para chegarmos a esta posição com maior brevidade.
E então, como isso funciona em mercados lideres de exportação? Como fica nosso exemplo farmacêutico? A área de vendas (ou agente de vendas) demanda do departamento de P&D (roteiristas/desenvolvedores) projetos de novos medicamentos para obesidade, mal que se alastra por todo o mundo. A partir daí a relação é constante entre ambos, com apresentações de resultados preliminares e testes de aceitação/demanda, concorrência e regulamentação. O departamento de produção é envolvido para análise de custo de produção e cronograma. A área de vendas analisa a estratégia de pricing, modelo de financiamento da produção e retorno sobre o investimento. A partir daí, a produção se inicia, tendo sempre as três áreas envolvidas no processo.
O agente de vendas no mercado internacional é o principal responsável pelo retorno sobre o investimento.
Modelo A análise de melhores práticas sugere que, além de identificar benchmarks, analisemos as estratégias adotadas por estes países exportadores. Hoje existe uma carência de políticas públicas aplicadas aos segmentos de maior potencial exportador, destacando-se: - Séries de animação: maior retorno sob investimento dentre todos os gêneros no Canadá. - Documentários e séries documentais chamadas de blue chips e com alto valor de produção. Nossas políticas públicas têm reconhecido de forma bastante coerente e eficiente a figura do distribuidor de cinema de longa-metragem de ficção e os resultados recentes são claros. A sugestão é aplicar os diversos mecanismos para distribuição de cinema, mas com foco em exportação e vendas. Um exemplo claro existente no mercado europeu é o suporte automático, similar ao Prêmio Adicional de Renda/Qualidade, mas a ser investido em mínimo garantido e “release costs” (cópias e distribuição internacional), que utiliza como parâmetro
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TV Pinguim fechou acordo para levar a produção, com o título internacional de “Earth to Luna”, para os Estados Unidos. O programa irá ao ar diariamente no Sprout, canal pago comprado pela NBC, e na própria NBC.
A animação tem crianças em idade pré-escolar como seu público alvo.
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muito desafiador. O objetivo é mostrar como o aprendizado pode acontecer com a observação do dia a dia”, diz Rozzino. Assim como “Peixonauta”, produção da TV Pinguim vendida para mais de 80 países, “O Show da Luna” também começa a atrair o interesse do mercado internacional antes mesmo do seu lançamento. Em abril, a empresa anunciou acordo com a NBC para levar a produção, com o título internacional de “Earth to Luna”, para os Estados Unidos. O programa irá ao ar diariamente no Sprout, canal pago
m junho a TV Pinguim concluirá a produção dos primeiros 26 episódios da série “O Show da Luna”. A animação tem crianças em idade pré-escolar como seu público alvo, e abordará o universo das ciências de maneira lúdica, incentivando a curiosidade das crianças. De acordo com Ricardo Rozzino, sócio da TV Pinguim e produtor executivo de “O Show de Luna”, o projeto começou a ser concebido em 2011, e entrou em produção em 2013. Os roteiros de mais 26 episódios já estão sendo produzidos. “O conceito do projeto foi desenvolvido pela Celia (Catunda) e pelo Kiko (Mistrorigo). Queremos apresentar ciência para crianças. Um conceito interessante, mas
No Brasil, “O Show da Luna” será transmitido pela TV Brasil, em sinal aberto, e Discovery Kids, na TV paga. 34
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comprado pela NBC, e na própria NBC, nos finais de semana em sinal aberto. Também nos Estados Unidos, a atração será exibida em espanhol no Discovery Família. De acordo com Rozzino, a empresa já negocia a venda da produção com canais do Canadá, Europa e Ásia. No Brasil, “O Show da Luna” será transmitido pela TV Brasil, em sinal aberto, e Discovery Kids, na TV paga. Segundo Rozzino, o contato com empresas internacionais ocorre, principalmente, em eventos. “Também realizamos missões internacionais, com agenda e reuniões marcadas independentemente. Mas o principal são os festivais. Estar presente nos eventos, como Kidscreen e MipTV é
fundamental. A negociação com o próprio Sprout começou em um desses eventos”, diz. De acordo com ele, a experiência adquirida após as vendas de “Peixonauta” também ajuda na negociação. “Serve como uma credencial para nós com os canais. “Peixonauta” ainda está vendendo, foi algo pioneiro no Brasil. Agora, já conhecemos melhor o caminho. Iremos oferecer “O Show da Luna” de forma mais direcionada, e esperamos expandir de maneira mais rápida”. Investimento Segundo Rozzino, a produção dos primeiros 26 episódios de “O Show da Luna” demandou 11 meses de trabalho, com orçamento total de R$ 3 milhões, dos quais R$ 1,9 milhão veio do Fundo Setorial do Audiovisual. O projeto contou também com recursos do Discovery Kids, do BNDES e da própria produtora. Os direitos da
Sinopse: Luna é uma garota de 5 anos apaixonada por ciências. Para Luna, a Terra é um laboratório gigante e ela mergulha em cada nova experiência com energia e entusiasmo. A garota não sossega até conseguir responder a pergunta: “Por que isso está acontecendo?”
na O Show da Lu
Animação ato rm Fo Kiko Mistrorigo Celia Catunda e TV Pinguim Direção Produção Ricardo Rozzino vo da Produtor Executi Marcela Catun a ro mr tei ro uja Ab de é o dr çã An Dire Trilha Sonora
produção pertencem 100% à TV Pinguim. A segunda parte, também com 26 episódios, demandará investimentos de mais R$ 3 milhões, de acordo com o produtor. A produtora ainda está
buscando os recursos para essa fase da produção. No momento, contam com valores vindos da Discovery, do BNDES e negociam um investimento de pré-compra com a TV Brasil. Leandro Sanfelice
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( upgrade )
Fernando Lauterjung
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Codificação de duas mãos
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Módulo de transcodificação digital suporta canais com multiperfis e multiformato.
m novo módulo de transcodificação digital foi lançado pela Appear TV. O High-Channel Density, MultiFormat SD/HD & Multiscreen Universal Transcoder Module foi desenvolvido para broadcast e redes IP, fornecendo suporte para canais com multiperfis e multiformato. O equipamento transcodifica de qualquer formato para qualquer formato, suportando até quatro perfis full HD, ou ainda 16 SD por módulo, assim como o áudio associado aos canais. A arquitetura modular da solução permite que vários módulos transcodificadores sejam operados a partir de um quadro com quatro RUs (unidades de rack), com capacidade para suportar 64 perfis HD, ou até 256 SD.
Monitor de áudio touch é adequado ao uso profissional em fluxos de trabalho de menor porte ou secundários.
Áudio com toque
Gravadores PIX oferecem portas 3G- SDI e HDMI e podem gravar em várias taxas de dados.
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RTW - fornecedora de medidores audiovisuais e dispositivos de monitoramento para broadcast, produção e pós-produção - lançou um novo monitor de áudio compacto com tela touch, o TM3-Primus. A nova unidade de mesa é um dispositivo que ocupa espaço mínimo e inclui interfaces analógicas e digitais de áudio diretamente no hardware, bem como uma tela sensível ao toque de 4,3 polegadas para permitir uma operação independente. Voltado para produtores de música e multimídia, o equipamento pode ser usado como uma unidade desktop, com portas de áudio analógica e digital. No modo híbrido USB avançado, ele permite visualizar em sua tela um ponto de medição de uma estação de trabalho de áudio digital (através de um plug-in específico). Ultra-compacto, o monitor é adequado ao uso profissional em fluxos de trabalho de menor porte ou secundários para a radiodifusão, música e gravação de voz e edição de vídeo. Além disso, ele oferece uma nova solução de qualidade para uso nãocomercial de rádio em ambientes pequenos ou podcasting. 36
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Gravação redundante
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s gravadores PIX 270i e PIX 250i foram apresentados pela Sound Devices, fornecedora de equipamentos de áudio e vídeo para produção. Ambos podem substituir decks de fitas e discos em produções de vídeo que usam várias fontes, incluindo a gravação ao vivo de esportes e eventos. Os gravadores oferecem as vantagens da gravação sem fita, baseada em arquivo, com a capacidade de acessar e transferir arquivos de alta qualidade através da Ethernet. Ambas as unidades gravam em formato pronto para edição Apple ProRes ou Avid DNxHD e permitem a gravação simultânea em vários discos-rígidos, para redundância (até quatro unidades no PIX 270i e duas unidades no 250i). Os gravadores oferecem portas 3G- SDI e HDMI e podem gravar em várias taxas de dados. Os produtos podem ser conectados através da Ethernet para a gravação e reprodução simultânea agrupados, criando uma solução escalável de bom custo-benefício que atende às necessidades de gravação multi-câmera. O servidor web embutido, oferece transporte baseado em browser. Qualquer número de unidades pode ser agrupado e controlado como um único sistema a partir de qualquer hardware ou o painel de controle embutido baseado na web.
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5 Wimbledon Shorts - Festival Internacional de Curtas de Wimbledon, Wimbledon, Inglaterra. E-mail: info@wimbledonshorts.com. Web: www.wimbledonshorts.com/
11 a 17 St Tropez International Film Festival, Nice, França. Web: sttropezinternationalfilmfestival.com 14 a 24 Festival de Cannes, Cannes, França. Web: www.festival-cannes.com/. Tel: +33 (0) 1 53 59 61 00
9 a 11 Festival Internacional de Cinema de Portsmouth, Portsmouth, Inglaterra. E-mail: mail@portsmouthfilmfest.co.uk. Web: www.portsmouthfilmfest.co.uk/
31 a 10/6 13ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, Florianópolis, SC. E-mail: luizalins@mostradecinemainfantil.com.br. Tel: (48) 3232-5996. Web: www.mostradecinemainfantil.com.br/
21 a 29 25° Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo Curta Kinoforum. E-mail: info@kinoforum.org. Web: www.kinoforum.org.br/ 28 a 3/9 13º Festival Internacional de Cinema Nueva Mirada para a Infância e a Juventude, Argentina. Web: www.nuevamirada.com. E-mail: presidencia@nuevamirada.com 29 a 7/9 Festival de Cinema Latinoamericano de Vancouver, Canadá. Web: www.vlaff.org/
SETEMBRO
4 e 5 15° Congresso LatinoAmericano de Satélites, Rio de Janeiro, RJ. E-mail: inscricoes@convergecom.com.br. Web: convergecom.com.br/portal/ eventos/satelites/ 9 e 10 58° Painel Telebrasil, Brasília, DF. E-mail: inscricoes@convergecom.com.br
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15° Fórum Brasil de Televisão, São Paulo, SP. inscricoes@convergecom.com.br forumbrasiltv.com.br/
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Maior encontro do setor de TV por assinatura e banda larga da América Latina. Reúne operadores de TV por assinatura e banda larga, empresas de telecomunicações, produtores e programadoras de conteúdo, empresas de tecnologia e provedores de internet para debater as pautas urgentes do setor.
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